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VIDA E OBRA
TRADUZIR-SE (do livro "Na Vertigem do Dia", 1980, ed. José Olympio)
NASCE O POETA (do livro "Muitas Vozes", 1999, ed. José Olympio)
APRENDIZADO (Do livro "Barulhos", 1987, ed. José Olympio)
MEU POVO, MEU POEMA (do livro "Dentro da Noite Veloz", 1975, ed. José Olympio)
CANTADA (idem)
Aprendizado
Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
A vida é um aprendizado. Aprendemos na alegria e na dor. Tudo nos faz aprender que mentiras,
desculpas e ilusões não têm lugar, não deveriam ter lugar, são um tipo de corrupção.
O “avesso ardente” da alegria, das experiências positivas e entusiasmantes, é a consciência do
muito a se fazer.
A verdade da vida: a vida só consome o que a alimenta. Isto é, aprendendo com todas as
experiências, damos sentido à vida.
BIOGRAFIA DE FERREIRA GULLAR
Infância e Adolescência
Ferreira Gullar nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930. Iniciou seus estudos
em sua cidade natal. Com 13 anos passou a se dedicar à poesia. Ingressou na Escola Técnica São
Luís, onde queria aprender uma profissão.
Com 18 anos, Ferreira Gullar desistiu da Escola Técnica e começou a assinar “Ferreira Gullar” e
publicou seu primeiro livro de poesias, intitulado "Um Pouco Acima do Chão". Em 1951 mudou-se
para o Rio de Janeiro, onde atuou como revisor de textos da revista O Cruzeiro.
Poesia Concreta
Ferreira Gullar iniciou sua obra sob os princípios da poesia concreta. Em 1954 escreveu a "A Luta
Corporal", livro que prenunciava a Poesia Concreta.
Em 1956, depois de participar da primeira exposição de Poesia Concreta, realizada em São Paulo,
organizou e liderou o grupo "Neoconcreto", no qual participaram Lígia Clark e Hélio Oiticica.
No começo dos anos 60, Ferreira Gullar já havia rompido com as vanguardas, numa luta para
construir uma expressão própria, entrando em contato com os problemas sociais que assolavam
o país. Passou a fazer uma poesia de denúncia social. É de 1968, “Por Você, Por Mim”, longo poema
sobre o Vietnã.
Exílio
Ferreira Gullar presidia o Centro Popular de Cultura, quando em 1964, veio o golpe militar. Filiado
ao PC e um dos fundadores do grupo Opinião, após a edição do Ato Institucional n.º 5, em 1969,
foi preso junto com intelectuais e músicos, como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Em 1971, mudou-se para Paris. Morou em seguida no Chile, Peru e Argentina.
Exilado por cinco anos, publicou duas obras muito importantes: “Dentro da Noite Veloz” (1975) e
"Poema Sujo" (1976) obras que representam a solução dos problemas vividos por todos os
intelectuais do período, que viram seus ideais populistas serem sufocados pela revolução de 1964.
Em 1977 é absolvido pelo STF e retorna ao Brasil.
Últimos Anos
No dia 9 de outubro de 2014, Ferreira Gullar foi eleito para a cadeira n.º 37 da Academia Brasileira
de Letras. Em dezembro desse mesmo ano realizou a exposição "A Revelação do Avesso" onde
apresentou 30 quadros feitos a partir de colagens com papel colorido, que foram produzidas como
passatempo. A mostra foi acompanhada por um livro com fotos da coleção completa e também
com poemas do autor.
Ferreira Gullar faleceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de dezembro de 2016.