Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
a) As ideias centrais da reforma são estas: é necessária, urgente e precisa de ter sucesso
e qualidade. Necessária. Nos últimas trinta anos quase tudo mudou: o país passou de
uma ditadura para um regime democrático, de uma economia protegida para uma
economia de mercado, de um país isolado para um Estado membro de pleno direito da
União Europeia, de uma moeda nacional, o escudo, para a moeda única europeia — o
Euro. Só a Administração Pública continua, em pleno século XXI, com a mesma
estrutura, modelo e regras vindas do século XIX. Urgente. É necessária uma
Administração Pública flexível, eficiente e rápida a decidir, essencial para o cidadão e
determinante para a economia — em cada dia que passa, o país corre o risco de perder a
batalha da competitividade, à escala europeia e global, com os próprios parceiros
europeus que têm, de um modo geral, administrações públicas mais eficientes. Apenas
Boa Leitura
este reparo: não sendo a vertente financeira a razão fundamental desta reforma, a
verdade é que Portugal é dos países da União Europeia que mais recursos gasta na sua
Administração Pública, sem que os resultados correspondentes sejam visíveis, em
termos de eficiência e eficácia. Deve ter sucesso. A Administração Pública, por um
lado, deve estar, com verdade, ao serviço dos cidadãos e estes devem vê-la, não como
algo que complica e dificulta as suas vidas, mas como algo que simplifica e apoia,
alguém que é amigo da economia, do investidor, não se pode continuar a falar da
Administração Pública como de um calvário por que tem de passar; por outro, deve ter
em atenção os próprios funcionários públicos e todos aqueles que têm a grande honra de
servir o Estado, pois são as primeiras vítimas de uma Administração Pública ineficiente,
de regras obsoletas, de estruturas ultrapassadas, de leis anquilosadas, de um modelo
desajustado aos dias de hoje — uma boa Administração Pública, moderna, eficiente e
rápida a decidir, estimula e motiva o funcionário, dá-lhe outra realização pessoal e
profissional, outro estatuto de maior prestígio, respeito e credibilidade. Deve ter
qualidade — para bem servir o cidadão, apoiar a economia e as empresas, mobilizar
energias, motivar os agentes do Estado e gerar competitividade; mais ainda, qualidade
que reclame uma gestão por objectivos e apresente resultados, que exija avaliações, quer
dos funcionários, quer dos dirigentes, quer dos serviços; que requeira uma nova
organização, crie condições de liderança aos dirigentes e aposte na formação e na
qualificação dos recursos humanos.
Boa Leitura
iniciativa privada, a iniciativa da sociedade civil, pois ela pode, em algumas
áreas ou actividades, ser mais eficaz do que o próprio Estado: ao Estado o que é
do Estado; menos Estado para haver melhor Estado. É a filosofia subjacente a
um Estado moderno: as funções de regulação e de fiscalização assumem
crescente importância; a descentralização, a desconcentração e a gestão por parte
de entidades não estatais cada vez mais são factores de progresso e de melhoria
da qualidade dos serviços a prestar, contribuindo ainda para uma mais saudável
relação Estado cidadão; — funções inúteis que não fazem qualquer sentido.
Trata-se afinal de encurtar o Estado central, torná-lo mais pequeno, mais eficaz
para melhor prosseguir as suas funções essenciais, acautelando sobretudo as
funções reguladoras e fiscalizadoras e os direitos adquiridos dos funcionários.
Boa Leitura
Assim, o Estatuto dos Dirigentes, a rever, deve consagrar claramente a definição das
funções e competências dos dirigentes; a gestão por objectivos; a criação de cursos de
formação específica, condição obrigatória para o exercício do cargo; a eliminação dos
concursos burocratizados, substituindo-os por um processo de selecção simples que
assegure a isenção e a transparência na escolha; a avaliação do desempenho dos
dirigentes em função dos resultados obtidos, como condição necessária para a
renovação das respectivas comissões de serviço e o estabelecimento de níveis
diferenciados entre as várias Direcções-Gerais, em razão da sua complexidade e
responsabilidade.
Boa Leitura
de actividades dos serviços de programas próprios e específicos de formação dos seus
funcionários, que correspondam às suas necessidades. Por outro lado, a valorização da
polivalência e da disponibilidade para a mobilidade profissional, devem constituir uma
regra, pois sem ela faltará uma das condições essenciais de sucesso da reforma: a
mudança na vida profissional e a transferência inter-serviços deve ser encarada como
uma medida racional de gestão e, para os funcionários, uma nova oportunidade de
valorização pessoal — uma Administração rígida, sem mobilidade interna, não caminha
no sentido de uma Administração moderna.
— por via não legislativa, impondo uma nova cultura e uma nova atitude da
Administração perante o cidadão — a Administração existe para servir e ser útil aos
cidadãos e estes têm de sentir que podem confiar na sua Administração; — por via
legislativa, impondo um conjunto de medidas necessárias que coloquem o poder de
decisão mais próximo do cidadão, que simplifiquem procedimentos e formalidades, que
obriguem à prestação pública de contas por parte da Administração, que assegurem o
princípio da responsabilidade do Estado e da sua Administração perante os cidadãos.
Boa Leitura
disponibilizará o acesso aos serviços públicos interactivos em qualquer momento e em
qualquer local, de forma simples e segura; — definição do sistema de
interoperabilidade, que será composto por mecanismos que permitem comunicar entre
os vários agentes utilizadores e prestadores dos serviços públicos — cidadãos,
empresas, funcionários públicos e entidades da Administração Pública; —
racionalização de custos de comunicação, que contribuirá para a redução estrutural da
despesa pública, definindo um modelo para as comunicações na Administração Pública;
e) Calendário de implementação
— Desinteresse por parte dos responsáveis; oposição por parte das forças políticas
contrárias; falta de coragem ou vontade política; por isso nada mais avisado do que
estabelecer um calendário de execução e a nomeação de uma equipa para o seu
acompanhamento.
Boa Leitura