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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUES
Exame Normal: Trabalho de pesquisa (Ensaio Bibliográfico)

A ORTOGRAFIA

Rubaini

Lichinga aos, 05 de Maio de 2020


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Titulo: A ORTOGRAFIA

1. Introdução
O presente estudo visa abordar aspectos relacionados a Ortografia. O autor KATO
(2005, p. 17-19), em defesa da ideia de que a ortografia portuguesa é essencialmente
fonêmica, elenca cinco motivações que explicam seu ponto de vista. Neste contexto Por
outro lado, um domínio deficiente da ortografia reflecte-se na própria relação com a
escrita, ainda durante a escolaridade e para além dela. Os problemas de ortografia
tornam-se visíveis na superfície textual, pelo que, quando são numerosos, tendem a
marcar o texto e a própria escrita do aluno.
Tendo em conta estes aspectos, se a competência compositiva pode ser considerada a
competência fundamental da aprendizagem da escrita, a competência ortográfica deve
encontrar também o seu lugar no ensino-aprendizagem.
Por tanto os erros cometidos no registro das palavras não são randômicos, mas refletem
tanto a lógica utilizada pela criança como o desconhecimento de princípios ortográficos
e, portanto, não representam falta de memorização da grafia correta das palavras.

2. Fundamentação teórica
2.1. A Ortografia
2.1.1. O sistema ortográfico do português
É nesse estágio do processo de aquisição que a criança é capaz de aprender regras
relacionadas ao sistema ortográfico da sua língua.
Segundo KATO (2002), ao escrever sobre a natureza da ortografia do português, afirma
que, embora a primeira intenção fosse a de fazer um alfabeto de natureza fonética, o
fato de toda a língua mudar, impediu que a escrita tivesse uma natureza estritamente
fonética. Segundo a autora, na verdade, a natureza da ortografia é essencialmente
fonêmica, isto é, a escrita procura representar aquilo que é funcionalmente significativo.
Ainda o autor, mostra que nossa escrita tem diferentes motivações: fonêmica, fonêmica
e fonética, fonética, lexical e diacrônica.
1- A motivação fonêmica é observada quando uma mesma letra apresenta mais de
uma realização fonética de um mesmo fonema3 como, por exemplo, na palavra
casa: o primeiro /a/ é pronunciado como [a] e o segundo como [].
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2- A motivação fonêmica e fonética é observada quando um fonema só tem uma


realização possível, como, por exemplo, o /b/ e grande parte das consoantes do
nosso sistema.
3- A motivação fonética é observada quando a escolha ortográfica é foneticamente
motivada como, por exemplo, no uso do ‘m’ antes de ‘p’ e ‘b’. Nesse caso, a
motivação é preponderantemente fonética uma vez que /m/, /p/ e /b/ são
bilabiais.
4- A motivação lexical leva em consideração a motivação histórica e a família da
palavra como, por exemplo, a grafia do ‘c’ nas palavras, ‘medicina’, ‘medicar’.
E, por fim, a motivação diacrônica é observada quando só podemos explicar a
grafia da palavra se recorremos à história da língua. Esses casos exemplificam
bem as chamadas regras arbitrárias.
Desse modo, a partir de estudos como os de KATO (2002), LEMLE (2002), MORAIS
(2005b), MIRANDA (2005), dentre outros, pode-se concluir que a ortografia possui
diversas facetas que devem ser consideradas pela criança, pois suas regras não são da
mesma natureza e envolvem diferentes competências para sua aprendizagem.

2.1.2. Propostas para análise dos erros ortográficos


A proposta de LEMLE (2002) tem sido uma importante referência para os estudos
relacionados à ortografia do português. Ao analisar a relação que se estabelece entre o
sistema fonológico e o ortográfico, a autora caracteriza três tipos de correspondências
entre letras e fonemas:
 Correspondências biunívocas, nas quais cada fonema corresponde a uma letra e
cada letra corresponde a um fonema;
 Correspondências de um para mais de um, determinadas pela posição, nas quais
cada letra tem um som em uma dada posição, cada som corresponde a uma letra
em uma determinada posição; e
 Relações de concorrência, nas quais existe mais de uma letra para um mesmo
som.
A análise de erros proposta por CARRAHER (1986) fundamenta-se na idéia segundo a
qual os erros de ortografia cometidos pelas crianças refletem um vínculo estabelecido
com a escrita alfabética, visto que a criança acredita em uma correspondência biunívoca
entre letra e som.
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2.1.3. Classificação dos erros de escrita


A categorização proposta por GUIMARÃES (2005) para a classificação dos erros
ortográficos, são importantes para que se possa observar o ponto de vista do aluno, pois
revelam parte da motivação subjacente ao erro de escrita encontrado nas suas produções
textuais. Devo salientar também que, além disso, os estudos dessas autoras permitem
definir algumas etapas e hipóteses da aquisição da escrita ortográfica as quais, se
compreendidas, podem servir como auxílio para o professor que trabalha com a
ortografia, tanto no planejamento como na execução das suas intervenções pedagógicas.

2.1.4. Tipo de erro


2.1.4.1. Erros relacionados à motivação fonética
São os erros que as crianças cometem, em fase inicial de escolarização, por
estabelecerem uma relação direta entre os sons e os grafemas, ou seja, as crianças
escrevem conforme “falam”, estabelecendo para cada letra um valor sonoro, o que se
traduz em grafias para as palavras ´descobriu’ e ‘embora’ como ‘discubriu’ e ‘imbora’.
Segundo CARRAHER (1986), os erros de motivação fonética serão mais freqüentes
quanto maior for a diferença entre a variedade lingüística falada pela criança e a forma
escrita.

2.1.4.2. Erros relacionados à motivação fonológica


Nesse caso, os erros relacionam-se tanto a aspectos segmentais como prosódicos7. São
considerados erros segmentais aqueles relacionados às trocas /p/- /b/, /t/-/d/, /f/-/v/, por
exemplo. Esses erros decorrem do fato de os sons serem muito parecidos, ou seja, o
modo e o ponto de articulação para a produção de cada um desses pares é exatamente o
mesmo, exceto pela vibração ou não das cordas vocais, o que os torna diferentes é
apenas o valor do traço [sonoro].
Para CARRAHER (1986), os erros relacionados à grafia das sílabas de estruturas
complexas são freqüentes no início do processo de aquisição da escrita e tendem a
diminuir na medida em que a criança percebe as diferentes estruturas silábicas.
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Conclusão
Poranto conclui-se que tendo em conta os diversos aspectos referidos, a aprendizagem
da ortografia pode mobilizar estratégias baseadas nas regras de conversão som-grafema,
em articulação com o desenvolvimento da capacidade de operar com os sons de uma
língua, e estratégias baseadas na construção de uma representação directa da ortografia
da palavra, no léxico mental do sujeito.
Deste modo a ligação entre o trabalho sobre o sistema fonológico e o contacto com as
próprias formas escritas das palavras pode proporcionar um apoio mútuo entre as duas
vertentes, levando à constituição do léxico ortográfico, ou seja, ao conhecimento
memorizado da forma ortográfica das palavras.
Por fim este nível revela o carácter convencional da escrita constituindo parte
importante da escrita formal a ortografia incide sobre os detalhes específicos dos
contratos linguísticos gerais impostos pela escrita – na forma logográfica, silábica ou
alfabética – através de regras e de pequenas variações pelo modo como as unidades
gráficas se ligam às unidades lingüísticas.

Referências bibliográficas
CARRAHER, T. (1986). Explorações sobre o desenvolvimento da ortografia do
Português. Isto se aprende com o Ciclo Básico. Projeto Ipê. Secretaria da Educação.
São Paulo: SE/CENP.
GUIMARÃES, M.R. (2005). Um estudo sobre a aquisição da ortografia nas séries
iniciais. Dissertação (Mestrado em Educação). – Faculdade de Educação, UFPel,
Pelotas.
KATO, M. (2002). No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. 7a. ed. São
Paulo: Ática. 93p.
LEMLE, M. (2002). Guia teórico do alfabetizador. 15a. ed. São Paulo: Ática. 72p.
MIRANDA, A. SILVA, M. & MEDINA, S. (2005). O sistema ortográfico do
português e sua aquisição. Linguagem e Cidadania (Revista Eletrônica). UFSM, Santa
Maria, v. 16.
MORAIS, A.G. (2005). (org.). O aprendizado da ortografia. Belo Horizonte:
Autêntica. 139p.

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