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GUIA VALOR INVESTE

PARA INVESTIDORES INICIANTES

ARROZ COM FEIJÃO


PARA QUEM QUER COMEÇAR A INVESTIR,
MAS AINDA NÃO ENTENDE QUASE NADA
DESTE ASSUNTO
SUMÁRIO

Introdução
Saia da Corrida dos Ratos 1

Capítulo 1
Ah, se seu bolso falasse... 4

Capítulo 2
Colocando o dinheiro pra malhar 8

Capítulo 3
O que é renda fixa? 15

Capítulo 4
O que é Tesouro Direto? 22

Capítulo 5
O QUE SÃO FUNDOS DE INVESTIMENTOS? 31

Capítulo 6
O que são ações? 37

Capítulo 7
Renda fixa ou variável, eis a questão! 42

Capítulo 8
O que é previdência privada? 46

Capítulo 9
Quais riscos eu corro ao investir? 52
1 INTRODUÇÃO

Saia@ekif[lZXf
da Corrida
dos Ratos

V ocê já ouviu falar da “corrida dos ratos”? Não, não é uma com-
petição em que as pessoas levam seus hamsters para ver quem
cruza mais rápido a linha de chegada. A “corrida dos ratos” é um con-
ceito geralmente usado para descrever o excesso de trabalho, quan-
do alguém trabalha muito para, no fim, conseguir uma recompensa:
o salário. Já viu um ratinho em uma roda daquelas de gaiola? Ele cor-
re, corre, corre, mas não sai do lugar. Esse é um conceito populariza-
do pelo livro “Pai Rico, Pai Pobre”, do americano Robert Kiyosaki.

Nenhum problema em trabalhar, pelo contrário. Esta é a energia que


2 INTRODUÇÃO Saia da Corrida dos Ratos

move nossa economia. O problema é que muitas pessoas vivem


para trabalhar e não trabalham para viver. Ou seja, acordam cedo,
passam horas no batente, aceitam fazer horas extras e até trabalhar
no fim de semana e para quê? Pagar os boletos! Quanto mais você
ganha, mais aumenta os gastos e mais preso aos boletos fica.

Nem sempre essas pessoas gostam do que fazem, mas elas não con-
seguem sair porque não têm dinheiro guardado e investido num vo-
lume suficiente para se sustentar até conseguir um novo emprego ou
montar um negócio próprio. Nesse ritmo, tem gente que fica até doen-
te porque não encontra mais satisfação no trabalho e não tem tempo
para aproveitar a família, os filhos, o(a) namorado(a) ou os amigos.

E como escapar do ciclo sem fim da corrida dos ratos?


Robert Kiyosaki responde no livro: “fazendo o seu dinheiro traba-
lhar pra você”. O que ele quis dizer com isso? Uma das saídas seria
trabalhar pra você mesmo(a), seja abrindo uma empresa ou como
autônomo(a). É claro que nem todo mundo consegue ou nem quer
gerenciar algo próprio, prefere ser funcionário(a). Então, para esse
segundo grupo de pessoas ele apresenta a alternativa: fazer seu di-
nheiro render, investir parte do que ganha e receber rendimentos. É
aí que podemos te ajudar.

Assim como começar uma dieta ou se engajar em uma atividade física


diária, poupar é um exercício que exige conhecimento e esforço. Com
dinheiro em mãos – ou na conta bancária – é hora de escolher os me-
lhores investimentos para você alcançar seus objetivos, que pode ser
comprar um novo celular, trocar de carro, viajar pra a Itália, fazer um
MBA ou adquirir uma casa. Aos poucos, você pode conquistar as coisas
3 INTRODUÇÃO Saia da Corrida dos Ratos

que quer e se planejar para atingir a sua liberdade financeira. Aprenda


neste e-book o que você precisa saber para dar os primeiros passos
nesta jornada de começar a poupar e investir.
4 capítulo 1

:Xg(
Ah, se seu bolso
falasse...

E le diria umas verdades que nem todo mundo quer ouvir, não é
mesmo? Se você é do tipo que acredita que o que os olhos não
veem o bolso não sente, vamos repensar isso aí. Desde que começa-
mos a usar mais o dinheiro de plástico (cartões) do que o de papel,
perdemos um pouco a noção do que gastamos de verdade. É aí que
mora o perigo. Nem sabemos quais são os nossos “ralos”, aqueles
lugares pra onde vão uma boa parte do dinheiro sem nem perceber-
mos. O cartão de crédito é uma ferramenta interessante de gestão
financeira, mas se não for usado com parcimônia pode trazer muita
dor de cabeça.

ZXg)
5 capítulo 1 Ah, se seu bolso falasse...

O primeiro passo pra quem quer investir é encarar o espelho. Se per-


gunte: você está gastando mais ou menos do que ganha? E não vale
considerar a renda bruta, tem que ser a líquida, ou seja, só o dinheiro
que vai pra sua conta. Se está sobrando algum dinheiro, excelente. Se
não, hora de rever os gastos e cortar o que der. Se não der MESMO
pra reduzir as despesas, você precisa arranjar um jeito de aumentar
as receitas.

Algumas dicas rápidas pra você economizar


e ganhar mais dinheiro:

Passando a faca

• Troque a TV a cabo por um streaming de assinatura (exemplo: Netflix)

• Faça plano família de aplicativos, como de música e filmes (rache a conta)

• Mude o plano de celular (sempre dá para conseguir um desconto)

• Tente renegociar o aluguel e condomínio

• Troque o táxi pelo Uber (e outros aplicativos de transporte)

• Troque o Uber pelo ônibus/metrô (também vale uma caminhada!)

• Seja sincero(a) sobre a academia. Se você não tiver indo, cancele. Uma
alternativa é comprar aulas avulsas ou usar aplicativos para exercício.

Bufunfa a mais

• Faça trabalhos pontuais (freelancer)

• Passeie com o cachorro do vizinho

• Hospede alguém na sua casa


• Seja motorista de aplicativo nas horas vagas

• Coloque seus dotes culinários para trabalhar e faça quitutes para vender

• Venda roupas, móveis, eletrônicos que não estiver mais usando. Exis-
tem vários sites e também brechós e feiras especializados.
6 capítulo 1 Ah, se seu bolso falasse...

Mas, se você não faz ideia de quanto gasta nem se sobra alguma
coisa, isso sim é preocupante. A organização das contas é a base pra
uma vida financeira saudável. Já têm até aplicativos hoje em dia que
te ajudam a fazer isso de forma automática, como o GuiaBolso. Se
preferir pegar os extratos todos (não vá esquecer da fatura de cartão
de crédito que está pra vencer) não tem problema. O importante é
fazer esse balanço e entender se está conseguindo economizar.

Os economistas divergem sobre quanto precisamos poupar por mês,


mas, de uma forma geral, o recomendado é entre 10% e 30% do que
você ganha. Se você é do tipo que não pode ver o saldo positivo na
conta que já sai se sentindo rico ou rica, vamos te ensinar um truque:
programe a transferência automática de parte do dindin pra pou-
pança no dia em que receber o salário. “O que os olhos não veem,
as mãos não sentem vontade de comprar”, sacou?! Pense que, pode
não parecer, mas esse é um dos melhores investimentos que você
está fazendo em você mesmo(a). É o que vai te permitir gastar lá na
frente com coisas mais caras e que te deixarão muito feliz.

Aí, com esse dinheiro reservado, você pode gastar o restante com o
que bem entender. Se quiser morar em um lugar top e ficar o fim de
semana em casa, pode. Se preferir gastar em viagens, conhecendo
várias cidades, pode também. Se optar por ir a restaurantes concei-
tuados, comer e beber bem, por que não? É claro que sabemos bem
que nosso dia a dia exige que tenhamos dinheiro para o transporte, o
supermercado, os estudos, as contas de casa, restaurantes e celular,
para citar alguns. Então, o ideal é que você distribua o que sobrou (o
seu orçamento mensal) nessas caixinhas de gastos.
7 capítulo 1 Ah, se seu bolso falasse...

Se eu puder te dar um único conselho (além de filtro solar) é: tenha


cuidado ao usar o cartão de crédito. É muito fácil se desorganizar
se começar a parcelar tudo o que compra. O risco de chegar no fim
do mês sem ter dinheiro suficiente pra pagar a parcela cheia é gran-
de. Se pagar só o mínimo, vai pagar um juro de 280% ao ano (absur-
do, não é?). O economista-chefe do birô de crédito Serasa Experian,
Luiz Rabi, recomenda que você não comprometa mais do que 20% de
sua renda com financiamentos.

“Ah, mas e se eu já tenho dinheiro guardado pra investir, por que eu


tenho que fazer tudo isso?”, você pode estar se perguntando. Ora
pois, porque se você conseguir se organizar para poupar mais, terá
ainda mais dinheiro para investir todo mês e vai ficando cada vez
mais fácil atingir seus objetivos financeiros. Faz sentido, não?! Agora,
mão na massa. Veja como aplicar seu dinheiro.
:Xg(
8 capítulo 2

ZXg)
Colocando o dinheiro
pra malhar

O s fisiculturistas são conhecidos pelos volumosos músculos. Pra


chegar no resultado ideal, porém, eles precisam ir à academia
e puxar ferro todo dia. Com o tempo e o esforço constante, vão fi-
cando cada vez mais bombados. Com seu dinheiro é a mesma lógica.
Ele precisa ser colocado pra malhar, senão, vai continuar pra sempre
minguadinho. Dito isso, mãos à obra (ou aos pesinhos):

Pirâmide de objetivos financeiros


Não sei se você já ouviu falar da Pirâmide de Maslow, famosa no
curso de Marketing e Publicidade. Então, essa pirâmide, conhecida
9 capítulo 2 Colocando o dinheiro pra malhar

também como Teoria das Necessidades Humanas, separa o que são


as necessidades básicas dos seres humanos das complementares e
superficiais. Dê uma olhada:

criatividade, talento,
REALIZAÇÕES
PESSOAIS desenvolvimento pessoal

reconhecimento,
ESTIMA
status, autoestima

amor, amizade,
SOCIAL família, comunidade

segurança da família,
SEGURANÇA do corpo, da propriedade

comida, água,
FISIOLOGIA abrigo, sono

Assim como a Pirâmide de Maslow, você deve priorizar seus investi-


mentos para atender a diferentes objetivos. Em teoria, a base da sua
pirâmide de investimento deve ser uma reserva de emergência — ou
seja, o dinheiro que precisa guardar para um caso de um imprevisto
ou um período de desemprego.

Depois disso, é hora de investir pra conquistar seus objetivos finan-


ceiros. O dinheiro que for juntando além do mínimo da reserva você
poderá investir em ativos que rendam mais que a poupança, como
papéis de renda fixa (vou te explicar o que são mais pra frente). É com
10 capítulo 2 Colocando o dinheiro pra malhar

esse dinheiro que você vai fazer sua viagem dos sonhos, trocar de car-
ro, comprar um novo celular, realizar o sonho da casa própria e se
aposentar. Se você tiver um perfil mais arrojado, daquele tipo que topa
arriscar um pouco mais para acelerar os planos, pode colocar uma pe-
quena parcela do seu patrimônio em aplicações de renda variável.

Pirâmide das prioridades financeiras

DINHEIRO Parte do patrimônio que pode ser


PARA aplicada em ativos mais arriscados
ARRISCAR para acelerar os ganhos

Dinheiro em aplicações com risco


INVESTIMENTOS médio para você conquistar sonhos,
PARA REALIZAR como comprar novo celular, trocar
de carro, viajar, sair da casa dos
OBJETIVOS
pais, estudar fora e se aposentar

Colchão para eventos


RESERVA DE inesperados, como
EMERGÊNCIA desemprego ou
problema de saúde

Hora de investir
Dinheiro pra emergência: essa grana é aquela que, se você precisar
resgatar, tem que ser fácil e rápido. A poupança, por exemplo, é uma
aplicação que você pode sacar a qualquer momento.

O resgate de um título público, vendido pelo Tesouro Direto, pode


demorar algumas horas, mas em no máximo um dia útil já pinga o
11 capítulo 2 Colocando o dinheiro pra malhar

dinheiro na conta. São, portanto, aplicações mais indicadas para esse


dinheiro de emergência. Os títulos do Tesouro são, inclusive, mais
indicados do que a poupança porque rendem mais.

Os economistas recomendam, inclusive, que este seja seu primeiro


objetivo financeiro e que você tenha neste colchão entre 3 a 6 salários
(já descontados os impostos). Este seria um dinheiro razoável pra te
sustentar caso perca o emprego ou tenha um problema de saúde.

Mas, muitíssima atenção: tem muita gente que vai deixando o dinhei-
ro na poupança por medo de precisar e junta mais do que o ideal
(acima de 6 salários). Isso também não é bom porque você perde a
oportunidade de fazer parte deste dinheiro render mais, e sem per-
der a segurança.

Tem aplicações seguras, como alguns papéis de renda fixa, que são
inclusive garantidas por um fundo, o FGC (Fundo Garantidor de Cré-
ditos), caso a instituição financeira tenha problemas ou até peça fa-
lência. Esse é o caso de papéis como o CDB (Certificado de Depósito
Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito
do Agronegócio). No caso da LCI e da LCA, você não paga imposto de
renda. Se der algo errado, você recebe seu dinheiro de volta, no limi-
te de até R$ 250 mil reais por CPF por instituição financeira.

Dinheiro pra render: depois que você fez o colchão de segurança (a


tal da reserva de emergência), é hora de por o seu dinheiro pra ma-
lhar mais pesado, ainda que não no nível dos fisiculturistas. Nesses
casos, os títulos de renda fixa são os mais recomendados porque,
com o próprio nome diz, te darão uma previsão de quanto você pode
12 capítulo 2 Colocando o dinheiro pra malhar

ganhar de rendimento. Além dos que eu já citei ali em cima (CDB e


LCA), estão neste grupo os títulos vendidos pelo Tesouro Direto, as
debêntures (dívidas de empresas), os CRIs (Certificados de Recebíveis
Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas), entre
outros. Fique tranquilo(a) que temos um capítulo só para te explicar
isso melhor.

Dinheiro pra ousar: com a queda da taxa básica de juros (Selic), os


papéis de renda fixa passaram a render menos e, por isso, muita gen-
te migrou uma parte do patrimônio para investimentos de renda va-
riável, que podem dar rentabilidade acima de dois dígitos, mas são
mais arriscados – inclusive, você pode perder tudo que investiu ou
uma boa parte. Eles exigem mais estômago, mas podem acelerar a
realização dos planos.

Deu pra entender? Agora, hora de montar sua pirâmide de priorida-


des financeiras para começar a investir!

LEIA TAMBÉM
> Poupança: como surgiu e quanto rende?
> Tirar dinheiro da poupança a qualquer momento tem um preço. Entenda

Tempo importa
Uma coisa super importante na hora de investir é pensar quanto tem-
po você pode deixar seu dinheiro trabalhar pra você. Assim como o
fisiculturista ficará mais malhado a cada ano que se dedicar ao espor-
te, seu dinheiro também ficará mais musculoso quanto mais ele se
dedicar à malhação.
13 capítulo 2 Colocando o dinheiro pra malhar

Mas, atenção: você pode dividir o dinheiro em várias caixinhas de


investimentos que podem ter prazos distintos. Isso dependerá de
quais são seus objetivos pra aquela grana. O que você quer conquis-
tar em até dois anos? E em até cinco anos? E em dez ou mais anos?
Escreva no papel seus objetivos, seus sonhos.

Vou te dar um exemplo de como você pode fazer essa divisão:

Quais são meus sonhos?


Em até dois anos (curto prazo)
✓ Comprar um novo celular
✓ Viajar nas próximas férias
✓ Sair da casa dos meus pais
✓ Fazer uma festa de aniversário
pro meu filho

Em até cinco anos (médio prazo)


✓ Fazer uma pós-graduação
✓ Mochilão na Europa e Ásia
✓ Abrir um negócio próprio
✓ Morar fora do país
✓ Trocar o carro

Em dez anos ou mais (longo prazo)


✓ Fazer uma reserva pra faculdade
do meu filho
✓ Comprar uma casa
✓ Aposentadoria (Liberdade financeira!)

Por que isso é importante? Agrupar seus objetivos por prazo vai te
dar uma noção de quais investimentos são mais recomendados para
cada um dos seus planos. Se você planeja fazer uma viagem de férias
ainda este ano, deixar o dinheiro aplicado em um investimento que
só vence daqui a dois anos não faz sentido. Se você resgatar antes,
pode deixar de ganhar uma boa grana do rendimento ou até ter di-
14 capítulo 2 Colocando o dinheiro pra malhar

ficuldade pra resgatar. Agora, se você já quer começar a poupar pra


aposentadoria, pode investir em aplicações mais longas. Cada obje-
tivo financeiro (ou um conjunto deles) pode ter uma estratégia de
investimento mais adequada, personalizada. Nos próximos capítulos
vamos explicar um pouco mais sobre os principais tipos de investi-
mentos e para quem são mais indicados.
15 capítulo 3

:Xg* O que é
Renda Fixa?
Conheça as principais modalidades dessa categoria
de investimentos mais conservadora

S e você gosta de colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranqui-


lamente, sem precisar se preocupar em como foi o desempenho
das suas aplicações naquele dia, a renda fixa pode ser para você.

Como o próprio nome diz, os investimentos em renda fixa são aque-


les que têm rentabilidade previsível, ou o mais previsível possível,
para ser exato na definição.
16 capítulo 3 O que é Renda Fixa?

Ou seja, você tem uma boa ideia - não certeza absoluta, ok? - de quan-
to seu dinheiro vai render em determinado período.

Justamente por essa característica, essas aplicações costumam ser


procuradas por investidores mais conservadores e para formação de
reserva de emergência.

Resumindo: quem não quer correr o risco de perder o sono, o valor


aplicado e sair no prejuízo deve ter seus recursos, ou uma grande
parte deles, na boa e velha renda fixa.

O outro lado da moeda, claro, é que as expectativas de retornos não


costumam ser tão grandes no longo prazo.

Muita gente pode emitir títulos de renda fixa: governo, bancos e até
empresas. Na prática, quando o investidor compra um desses títulos
ele está emprestando dinheiro para alguma dessas instituições.

Ou seja, renda fixa não passa de um empréstimo em que você (in-


vestidor/credor) empresta grana para uma outra parte, esperando
receber aquele dinheiro de volta, mais juros.

No caso do Tesouro Direto, o governo usa os valores para financiar


a dívida pública ou fazer investimentos. Já as empresas privadas po-
dem emitir títulos para pagar dívidas, fazer investimentos em expan-
são ou alocar em grandes projetos que levarão algum tempo para
trazer lucros, como uma hidrelétrica, por exemplo.
17 capítulo 3 O que é Renda Fixa?

Seu dinheiro multiplicando


Lembra que eu te falei que a rentabilidade é prevista, mas não ab-
solutamente garantida? Isso acontece porque há várias formas de
você ser remunerado.

Alguns títulos de renda fixa têm rentabilidade prefixada, ou seja, quan-


do a porcentagem de rendimento total é informada no momento da
aplicação. Independentemente das oscilações no mercado, você vai
receber os juros prometidos se ficar com o título até o vencimento
(desconsiderando aqui, o risco de calote).

A rentabilidade também pode ser pós-fixada, quando a remuneração


está atrelada à taxa Selic ou a uma porcentagem do rendimento do
CDI no período. Nesse caso você tem apenas uma previsão de quan-
to vai receber.

O que você precisa ter em mente quando entra numa aplicação pós-
fixada é que, se durante o período de investimento a taxa Selic cair
muito, a sua rentabilidade também será menor (ainda que sempre
positiva em termos absolutos). O mesmo vale para um choque da
taxa básica de juros para cima. O seu ganho empina pra cima da mes-
ma forma.

Alguns títulos pagam uma taxa de juros prefixada mais a inflação


(IPCA) acumulada em determinado período. Como não se conhece a
inflação futura no momento do investimento, você só saberá o valor
a ser recebido também no futuro. A garantia aqui é que será sempre
alguma coisa acima da própria inflação, não importando de quanto
ela seja. Isso quer dizer que você não perde poder de compra.
18 capítulo 3 O que é Renda Fixa?

Principais tipos de investimentos em renda fixa


Os investimentos em renda fixa possuem perfis de riscos diferentes,
que dependerão da instituição que emitir o título, e alguns deles contam
com uma espécie de seguro: o FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

Na maior parte dos casos, há cobrança de imposto de renda sobre os


lucros e a alíquota descontada diminui ao longo do tempo investido.
Alguns títulos são isentos de tributação, mas não tem almoço grátis,
eles são mais arriscados.
Conheça os investimentos em renda fixa mais populares

>> Tesouro Direto


Títulos emitidos pelo governo federal e sem proteção do FGC. Você
terá que pagar imposto de renda sobre os lucros conforme o período
aplicado e de taxa de custódia de 0,25% ao ano sobre o montante
total investido.

O valor é descontado automaticamente pela B3, a bolsa de valores


brasileira, responsável pela custódia e liquidação dos títulos.

Quem é apressado paga mais. Resgates em até 30 dias após a aplica-


ção em títulos de renda fixa pagam ainda IOF (Imposto sobre Opera-
ções Financeiras). A tabela é regressiva e vai de 96% a 3%.

Uma boa notícia: a maior parte das corretoras e bancos que cobra-
va taxa de administração sobre os títulos de Tesouro Direto passou
a isentar os investidores dessa cobrança. Nada como a concorrência,
não é mesmo?
Gostou de Tesouro Direto? Saiba mais aqui.
19 capítulo 3 O que é Renda Fixa?

>> CDB (Certificado de Depósito Bancário)


A sigla parece difícil, mas é uma dos tipos de renda fixa mais ofere-
cidos pelos bancos. Quem investe em CDB está, na prática, empres-
tando dinheiro parauma instituição financeira. A rentabilidade desse
tipo de ativo está atrelado ao CDI, que, por sua vez, acompanha a
taxa básica de juros, a famosa Selic.

Os rendimentos têm desconto de imposto de renda de acordo com


o período de investimento. Não se esqueça de ficar de olho na saúde
financeira do banco que você pretende comprar CDB. Entenda mais
na matéria: Tudo o que você deve saber sobre CDB.

Há bancos e bancos e a história já mostrou que:


1 - eles podem quebrar;
2 - quando eles quebram, seu dinheiro poder ir a reboque.

Apesar dos CDBs dos bancos grandes serem, em teoria, menos arris-
cados, eles pagam menos. Um estudo feito pelo site de comparação
de investimentos Yubb para o Valor Investe mostra que no início de
abril os CDBs de bancos grandes estavam pagando em média 87,50%
do CDI contra 113% de instituições de pequeno e médio portes. A
comparação foi feita considerando um investimento de R$10 mil e
papéis com vencimento em dois anos.

Atenção! Se o resgate ocorrer em até 30 dias após a aplicação, é des-


contado IOF regressivo, que varia de 96% até 3% sobre o lucro.

Para entender qual CDB investir, acesse nossa matéria: CDB de ban-
co grande ou médio; veja os prós e contras.
20 capítulo 3 O que é Renda Fixa?

Vale ressaltar que para aumentar seus ganhos em renda fixa o ideal
é não ter pressa para pegar o dinheiro, certo?
Gostou de CDB? Saiba mais aqui.

>> LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito Agro-


negócio)
Também emitidos por bancos, elas funcionam de forma semelhante
(mas não igual) ao CDB. Uma diferença é que instituição que capta
dinheiro com esse instrumento precisa usar os recursos aplicados
para dar crédito aos setores imobiliário e do agronegócio, respecti-
vamente.

Como existe essa destinação carimbada, de se financiar setores que


o governo quer incentivar, os títulos tem uma vantagem tributária.
Os ganhos de quem aplica são isentos de imposto de renda e tam-
bém não existe o IOF no primeiro mês.
Assim como os CDBs, essas aplicações têm o “seguro calote”, ou seja,
a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Gostou de LCI e LCA? Saiba mais aqui.

>> CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) e CRA (Certificado


de Recebíveis do Agronegócio)
Esses papéis respeitam a mesma lógica tributária das “primas” LCI e
LCA. Mas não são emitidos pelos bancos, e sim por empresas securi-
tizadoras de recebíveis imobiliários e agrícolas. O objetivo é captar re-
cursos para financiar atividades desses setores e por isso tem incen-
tivos fiscais. A principal diferença é a natureza do risco de crédito.

Se ao comprar LCI e LCA você corre o risco de crédito do banco, e ain-


21 capítulo 3 O que é Renda Fixa?

da conta com garantia do FGC, no caso de CRI e CRA você deve estar
preocupado com os recebíveis que dão lastro aos papéis. Ou seja, se
os devedores, na ponta, são bons ou maus pagadores. Em troca do
risco aparentemente maior, esses papéis costumam embutir taxas de
retorno superiores. Tem que fazer conta para ver se vale a pena.
Gostou de CRI e CRA? Saiba mais aqui.

>> Debêntures
Emitidas por empresas, privadas ou públicas, para o financiamento
de suas atividades, como investimentos em expansão do negócio,
construção de uma nova fábrica, aquisição de uma empresa ou até,
no caso das de infraestrutura, construção de pontes, estradas e usi-
nas. Esses ativos não tem proteção do FGC, mas, as debêntures do
tipo incentivadas (de empresas de infraestrutura) isentam o investi-
dor do pagamento do imposto de renda.
Gostou de debêntures? Saiba mais aqui.
22 capítulo 4

:Xg+

O que é
Tesouro Direto?

V ocê cansou de ganhar duas balinhas jujubas com o dinheiro na


poupança? A gente entende e, mais, dá para ter ganhos melho-
res e com um risco ainda baixo. Foi esse cenário que levou muita
gente a sair da velha poupança e ir para o Tesouro Direto. Apesar de
muito falado, ainda há dúvidas sobre o que é, como funciona, o que
come (amanhã no Globo Repórter!!!!), quais os riscos, e para quem é
mais indicado o investimento no Tesouro Direto.
:Xg*
O que é o programa?
O Tesouro Direto é um programa de venda de títulos públicos a pesso-
23 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

as físicas pela internet. Foi criado pelo Tesouro Nacional, que é quem
emite os títulos públicos, em parceria com a B3 (antiga BM&FBovespa),
a bolsa de valores brasileira, responsável pela custódia e liquidação
das operações.

Os títulos públicos são papéis de dívida que o governo (Tesouro)


emite para financiar suas atividades, que são muitas. Na prática, ao
comprar um desses papéis, você empresta dinheiro para o governo
brasileiro em troca de uma remuneração no futuro. O plano de quem
empresta — neste caso, você — é receber o valor original empresta-
do mais os juros.

É uma operação comum no mundo todo. Mas o Brasil é um dos paí-


ses que pagam os juros mais altos para quem topa comprar esses
títulos. É considerado um investimento de baixo risco porque, em te-
oria, você só não recebe o combinado se o governo federal der um
calote. Não que isso não possa acontecer. Mas, se o próprio governo
não tiver dinheiro — que ele mesmo emite — para honrar os seus
compromissos, é porque a coisa está feia. Antes de um cenário des-
ses, as empresas já — e os bancos — já teriam ido pro vinagre.

Até 2002, antes de ser lançado o programa, as pessoas físicas só con-


seguiam investir indiretamente em títulos públicos, ou seja, por meio
de fundos DI e de renda fixa, que por sua vez, compravam esses pa-
péis. No entanto, muitos desses fundos ainda cobravam taxas de ad-
ministração salgadas, o que afastava o investidor. Por isso, o Tesouro
resolveu criar um programa para vender diretamente para as pesso-
as, reduzindo as taxas para o investidor.
24 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

Para quem é mais indicado investir no Tesouro Direto?


O investimento no Tesouro Direto pode ser uma boa pedida para
qualquer pessoa: você, sua mãe, seu pai, seu filho. Mas ele é bastante
indicado para aqueles que estão começando a diversificar suas apli-
cações, por serem fáceis de comprar e vender e terem baixo risco.
Como investimento mínimo é baixo (apenas R$ 30), pode ser uma op-
ção para qualquer pessoa que hoje esteja guardando aquele dinheiri-
nho a mais na poupança ou no colchão (ai meus Deus!!!!) e queira um
rendimento um pouco maior.

Os mais velhos podem ter boas lembranças. Mas a poupança Bame-


rindus já acabou e, portanto, não continua mais numa boa. Especial-
mente depois da mudança de regra em 2012. Para quem carregar os
títulos até a data de vencimento, o Tesouro sempre renderá mais do
que a caderneta e, por isso, é uma boa alternativa para quem procu-
ra, além de segurança e liquidez, uma rentabilidade maior.

Alguns títulos à venda no Tesouro Direto são recomendados exata-


mente para as pessoas que não têm estômago pra ver o seu dinheiro
subir e descer, como se estivesse numa montanha russa. O dinheiro
aplicado na maior parte das opções disponíveis no Tesouro — nós
lhe ajudaremos a apontar quais — costuma navegar em águas cal-
mas, com pequenos solavancos, vez ou outra. Mas dificilmente algo
que te jogue pra fora do bote.

LEIA TAMBÉM
> Tirar dinheiro da poupança a qualquer momento tem um preço?
> Aplicar no mercado financeiro ou fazer faculdade?
25 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

Quais os tipos de títulos do Tesouro?


Os títulos públicos emitidos pelo Tesouro e vendidos a pessoas físicas
variam conforme o rendimento contratado com o investidor. Basica-
mente, esses títulos se dividem em três tipos: Prefixado, Pós-fixado
indexado na Selic e Pós-fixado indexado na IPCA.

Prefixados: são títulos que pagam um juro definido antes da aplica-


ção. Quando falamos juros, neste caso, nos referimos a um número
específico: 8% ao ano, 10,3%, ao ano, 15,7% ao ano. Ou seja, o inves-
tidor sabe exatamente quanto vai ganhar no vencimento do título. Se
aplicou R$ 1.000 em um título prefixado que promete rendimento de
10% ao ano, depois de 12 meses esse papel vai ter rendido R$ 100 e
o investimento saltou para R$ 1.100, ainda sem considerar a mordida
do Leão (Imposto de Renda). Mas atenção: os títulos prefixados va-
riam conforme a data de vencimento e, quanto mais distante, maior
risco envolvido para quem tiver que sacar antes do prazo previsto.

Eles são indicados para quem acredita que a taxa de juros (a Selic)
irá cair ou ficar em níveis estáveis, enquanto os seus títulos ficam ali,
bonitinhos, rendendo a mesma taxa que tinha sido combinada ini-
cialmente. Você pode encontrá-los com os nomes Tesouro Prefixado
(antes chamado de LTN) e Tesouro Prefixado com Juros Semestrais
(antes chamado de NTN-F). Vamos combinar que ficou muito mais
fácil entender o que é cada papel sem aquela sopa de letrinhas, que
não queria dizer muita coisa para os mortais como a gente.

Pós-fixados: não existe apenas um tipo de título público pós-fixado.


Hoje, o Tesouro vende dois tipos, os que acompanham a taxa bási-
ca de juros (Selic) e os que são atrelados à inflação (IPCA). A principal
26 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

característica do título pós-fixado é que o investidor não sabe exata-


mente qual será seu rendimento no fim da vida do título, justamente
porque seu indexador é variável.

Exemplo: um papel que depende da Selic pode render menos se o


Banco Central baixar a Selic. Por isso, o investidor que deveria comprar
esse tipo de ativo é aquele que acredita que a Selic vai subir, por exem-
plo. Mesmo pertencendo à turma dos pós-fixados, esses dois títulos
(indexado na Selic e indexado no IPCA) são bem distintos: eles se com-
portam de maneira diferente, têm riscos diferentes e são indicados
para pessoas e situações diferentes. Vamos te explicar as diferenças
entre cada um deles agora. Continue lendo.

Tesouro Selic: Por estar colado na taxa básica definida pelo Banco
Central, o título Tesouro Selic (conhecido antigamente por LFT ou Le-
tra Financeira do Tesouro) é considerado o título mais conservador
entre os oferecidos pelo Tesouro. Comprando esse título, o investi-
dor nunca perderá o principal investido, mesmo que tenha que sacar
o dinheiro antes do vencimento.

A cada dia, o valor investido cresce um pouquinho. Se a Selic acumu-


lada no período de um ano for de 8%, o investidor sai com 8% de re-
torno antes da cobrança do Imposto de Renda. Se a Selic for de 12%,
os mesmos 12% vão para o bolso do investidor.

Essa é a aplicação mais recomendada para a parte do dinheiro que


podemos ter que sacar no curtíssimo prazo em caso de emergência,
ou se você acredita que a tendência é de alta da Selic. O problema é
se a taxa básica cair ou ficar baixinha durante o período de investi-
27 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

mento, porque aí o retorno também cai junto.

Uma ótima notícia é que o Tesouro mudou em abril deste ano a regra
de desconto pra quem saca antes do vencimento. Antes, havia uma
diferença de 0,04% ao ano entre o preço que o Tesouro paga pelo
título que compra e o que vende no seu site. Essa diferença, chama-
da de spread, é descontada do rendimento de quem decide resgatar
antes do vencimento e, em alguns casos, estava fazendo o Tesouro
Selic render menos do que a poupança (principalmente em quem
resgatava em até seis meses) ! Por isso o governo resolveu se mexer
(para incentivar o povo a sair da poupança e investir em títulos públi-
cos, claro). Então, baixou esse spread de 0,04% para 0,01% ao ano.

Tesouro IPCA+ : Esse título, antigamente conhecido como NTN-B


Principal, tem um modelo de remunerar o investidor diferente. Uma
parte da remuneração contratada é a inflação, medida pelo IPCA,
acumulada no período. Se o IPCA, for de 2%, 2% de correção. Se salta
para 20%, é esse índice que vai corrigir a aplicação. Mas além da in-
flação, esse título também remunera o comprador com uma taxa de
juros prefixada acima do IPCA.

Nos últimos anos, esse “extra” oscilou perto de 5% ao ano. Atualmen-


te, está um pouco mais baixa. No cardápio do Tesouro, você pode
encontrá-los com os nomes de Tesouro IPCA+ (antes chamado de
NTN-B Principal), Tesouro IPCA com Juros Semestrais (antes chama-
do de NTN-B).

É um dos títulos mais arriscados porque pode oscilar bastante duran-


te sua vida. É comum encontrar títulos com prazo de vencimento bem
28 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

longos, às vezes mais de 10, 20 ou até 30 anos. O problema é que se


você resgatar antes, pode até perder dinheiro. Por isso, se você acha
que pode resgatar antes da hora, essa não é a melhor opção.

Para entender a característica e diferenças dos títulos públicos e deci-


dir qual é mais adequado para seu perfil, leia nosso post ‘Na sopa de
letrinhas do Tesouro Direto, qual a melhor opção?’

Quais os riscos de se investir no Tesouro Direto?


É consenso no mercado que o investimento em títulos públicos é uma
modalidade de baixo risco de crédito, mesmo não tendo a garantia do
FGC (Fundo Garantidor de Créditos), como outros investimentos têm.
Num pequeno resumo, o FGC é uma entidade privada que garante
depósitos bancários - seja de conta corrente ou de aplicações. Mas
por maior que seja, assim como qualquer modelo de seguro, o FGC
não se sustenta se todos os bancos quebrarem ao mesmo tempo.

Já os títulos do Tesouro são pagos em reais e, na pior das hipóteses,


se o governo tiver algum problema financeiro, pode colocar a sua
maquininha de emitir moeda pra funcionar e, assim, conseguir saldar
suas dívidas. Essa medida, claro, se não for feita de maneira controla-
da, pode ter impacto inflacionário relevante e o dinheiro emitido não
valer muita coisa.

Mesmo assim, há dois fatores jogando a favor do Tesouro Direto. O


primeiro é que, nesse cenário mais caótico de inflação em disparada,
seu dinheiro não estará mais protegido na poupança. O segundo é
que o título do tipo Tesouro IPCA te protege até mesmo do risco de
uma forte oscilação de preços.
29 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

Em todos os casos, é bom ficar claro que o nível de risco também


depende de qual título público você escolher comprar e por quanto
tempo vai carregá-lo na carteira. Se você resgatar antes do ven-
cimento, por exemplo, pode ter alguma surpresa negativa no
rendimento em algumas modalidades. Se o tempo que você preten-
de ficar com o dinheiro coincidir com o prazo do título, melhor — o
risco de surpresas é quase nulo. A explicação é simples: existem
diferentes tipos de risco, que não apenas o de calote. Entenda me-
lhor os riscos de cada título público do Tesouro em “Quais riscos eu
corro ao investir no Tesouro Direto”.

Posso resgatar a qualquer momento meu investimento?


Sim! Até 2015, quem quisesse vender o papel antes do vencimento,
só tinha um dia na semana para fazer o pedido. Agora, o Tesouro
garante a recompra dos títulos de quem quer vender todo santo
dia. Dia útil, porque santo também descansa. Se você pedir para res-
gatar a grana entre 9h30 e 18h, o preço é o do dia. Se só conseguir
depois das 18h ou no fim de semana e feriados, o preço que eles vão
levar em consideração é o da primeira hora do dia útil seguinte. Mas,
vale dizer que das 5h às 9h30 o sistema não funciona, porque está
em manutenção (ninguém é de ferro, não é?)

Outra coisa importante para quem tem pressa em pegar o dinheiro:


nem sempre as coisas são rápidas e pode ser que o valor demore um
dia útil para cair na sua conta. Então, não se esqueça de considerar
isso. O que você também não pode esquecer é que, se for apressadi-
nho e quiser resgatar antes do vencimento, você pode não receber o
que esperava porque os títulos oscilam. E, infelizmente, tem ainda o
desconto do bendito (pra não falar outra coisa) Imposto de Renda.
30 capítulo 4 O que é Tesouro Direto?

Agora que você já entendeu o que é Tesouro Direto, para qual perfil
de investidor ele é mais indicado e quais os títulos públicos que po-
dem ser comprados, pode já começar a investir. Veja nosso “Passo
a passo para investir no Tesouro Direto”. Lá explicamos como você
pode começar agora mesmo a investir no Tesouro.
31 capítulo 5

O que são fundos de


investimentos?
Entenda como funcionam esses produtos
e se eles servem pra você

V ocê provavelmente já ouviu alguém te sugerindo investir em fun-


dos de investimentos, certo? Na prática, esses ativos são uma
forma de investir em várias coisas ao mesmo tempo. Funciona como
um pacote que pode reunir ações, títulos de renda fixa, moedas e
outros ativos.

Dentro do pacote, pode ter só uma classe de ativos ou várias diferen-


tes, no caso, por exemplo, dos chamados fundos multimercado.
32 capítulo 5 o que são fundos de investimentos?

C omo invisto em fundos ?


Por meio da sua conta no banco ou em uma corretora, você pode
comprar um pedacinho desse fundos, chamado de cota.

Conforme os ativos que compõem o fundo se valorizam ou desvalo-


rizam, você ganha ou perde dinheiro.

G estor, administrador e distrib uidor dos fundos


Quem escolhe os ativos que entram naquele fundo é uma figura cha-
mada de gestor. Ele traça a estratégia e escolhe o que vai colocar
nesse pacote. Ele decide quais ativos vão entrar na carteira de inves-
timentos e quando comprá-los e vendê-los.

Em tese, ele é um profissional que conhece com profundidade o


mercado financeiro e sabe a dinâmica dos ativos tanto de renda fixa
quanto de renda variável.

Além do gestor, o fundo também tem o administrador, que é empre-


sa que, como o nome diz, administra o fundo, cuidando de tudo que
ele precisa pra continuar funcionando.

O administrador faz as atividades de tesouraria do fundo. É ele


quem, por exemplo, contrata um auditor independente, que deve
ser registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão que
regulamenta a indústria de fundos e as companhias listadas na bol-
sa), para auditar anualmente as demonstrações contábeis do fundo.

O distribuidor do fundo é aquele que vende as cotas dos fundos para


os investidores. As corretoras e os bancos, por exemplo.
33 capítulo 5 o que são fundos de investimentos?

Quanto custa para investir em um fundo ?


Quando você investe em um fundo, paga uma taxa de administra-
ção, que é um porcentual fixo, que incide sobre o dinheiro que você
tem aplicado lá.

Então, se você tem R$ 10 mil e a taxa de administração é de 2%, você


vai pagar R$ 200 por ano de taxa de administração para o gestor.
Mas não precisa imprimir nenhum boleto pra fazer esse pagamento.
A taxa de administração é descontada automaticamente do recurso
que está no fundo.

Alguns fundos também pagam uma espécie de bônus para o gestor,


dependendo de quanto ele conseguir de ganho para o investidor – a
chamada taxa de performance. Se o fundo rende mais do que um
determinado indicador ou referência (benchmark para os íntimos),
como o Ibovespa (o índice de ações mais conhecido no Brasil) e ou o
CDI, o gestor coloca no bolso um ganho extra.

Por exemplo: se o fundo tem uma taxa de performance de 2% se o


retorno exceder 120% do CDI e o fundo tiver uma rentabilidade de
130% do CDI, esse gestor terá direito a 2% sobre os 10% de ganhos
acima do indicador.

Geralmente, a taxa de performance é descontada a cada seis meses,


um ano ou até em períodos maiores. Em tese, não faz sentido pagar
uma taxa de performance no curto prazo (períodos de um mês, por
exemplo), já que o importante é o gestor se mostrar um bom profis-
sional num período maior de tempo. Afinal de contas, sacadas pon-
tuais ou até mesmo uma dose de sorte neste ou naquele momento
34 capítulo 5 o que são fundos de investimentos?

não formam um gestor competente.

Alguns produtos, como os fundos de previdência, cobram também a


chamada “taxa de carregamento”, que é paga pelo cotista quando ele
entra no fundo ou quando ele resgata o dinheiro. Ela é uma porcen-
tagem, que pode ser beeeeem salgada, chegando a até 5% sobre o
valor que você aplicou ou está resgatando.

Por ter esse custo extra (taxa de administração e mais taxa de carrega-
mento), você precisa estar convicto que aquele dinheiro é para a sua
aposentadoria. Do contrário, estará pagando caro demais para aplicar
um dinheiro que poderia estar em qualquer outro tipo de fundo de
investimento, sem você ter que pagar a tal taxa de carregamento.

Mordida do leão
Você acha que acabaram os custos? Não, infelizmente!!! O governo
também quer a parcela dele em cima da sua alegria de ter ganhos
sobre o que aplicou. O imposto de renda em fundos também é co-
nhecido como come-cotas, que é a antecipação do recolhimento do
IR que há nos fundos.

Esse sistema recolhe, a cada semestre e de forma automática, uma


porcentagem referente ao imposto de renda. Isso acontece duas ve-
zes no ano: no último dia de maio e de novembro.

O porcentual que é recolhido depende do tempo de aplicação. Nas


aplicações de até 180 dias, a alíquota é de 22,5%. É, puxado mesmo!!!
De 181 a 360 dias, 20%; de 361 a 720 dias, 17,5% e acima de 721 dias,
15%. Além do IR, você também pode precisar pagar o Imposto sobre
35 capítulo 5 o que são fundos de investimentos?

Operações Financeiras (IOF), no seu fundo.

Mas isso só se você deixar o dinheiro nele por menos de 30 dias. E,


assim como a alíquota do imposto de renda, a do IOF é regressiva.
Se você ficar apenas um dia no fundo, paga, por exemplo, um IOF de
96% sobre a rentabilidade. E no 29º dia (véspera da isenção), no en-
tanto, paga apenas 3%.

LEIA TAMBÉM
> Quais os tipos de fundos de investimento?
> Veja como escolher um fundo de investimento

Riscos
Os fundos de investimento trazem ganhos, mas também possuem
riscos. Os principais são:

• Risco de mercado: está relacionado ao sobe e desce dos ativos.


Pode ser que você invista em um fundo de ações e esses papéis
caiam, por exemplo. Em última instância, você pode sair com menos
do que investiu.

Aliás, esse conceito, apesar de básico, muitas vezes é ignorado pelo


investidor. Investimento não significa que você sempre ganhará
algo, muito ou pouco. Você pode sim sair com menos do que investiu,
especialmente em produtos com maiores chances de sobe e desce.

• Risco de crédito: Se o seu fundo compra títulos de dívida privada,


como debêntures ou CDBs (Certificados de Depósito Bancário), há o
risco da empresa ou do banco emissor te dar o calote, que nada mais
36 capítulo 5 o que são fundos de investimentos?

é do que o risco de crédito no seu grau máximo.

• Risco de liquidez: que é quando você não consegue sair daquela


aplicação porque não há ninguém que queira comprar. Na maior par-
te dos fundos, o gestor te garante a “liquidez” necessária para você
sair do fundo. Esse risco existe uma probabilidade maior de acon-
tecer em fundos que compram ativos com menor liquidez, como as
debêntures ou papéis de longuíssimo prazo.

Aí ocorre um efeito em cascata: o gestor não encontra comprador


para os papéis que há no fundo, consequentemente, não consegue
te dar o dinheiro para você sair do fundo. No entanto, novamente,
esse risco é mais raro de acontecer.

• Risco operacional e risco legal: por fim, existem os riscos em re-


lação ao próprio fundo. A gestora do seu fundo pode quebrar, pode
estar envolvida envolvida em algum escândalo financeiro ou até mes-
mo a administradora da carteira pode estar fazendo a guarda (co-
nhecida como custódia) errada dos ativos.

Por esses e por outros motivos, antes de investir, é importante fazer


uma pesquisa não apenas do fundo aonde você pretende investir.
Gaste um tempo também pesquisando sobre o gestor, o administra-
dor e a idoneidade dessas empresas.
37 capítulo 6

O que
são ações?
:Xg,

A ação de uma empresa subiu, a de outra despencou, a bolsa isso,


aquilo, coisa e tal... Mas que sobe e desce todo é esse? E como
ganhar dinheiro com ele?

Se você, como milhões de brasileiros, não tem a mínima ideia de


como funciona esse mercado, hoje isso vai mudar.

Confira abaixo uma série de perguntas e respostas com o essencial


pra você parar de boiar no assunto e, quem sabe, começar a planejar
seus investimentos em ações:
38 capítulo 6 O que são ações?

1. O que são ações?


São como os pedacinhos de uma empresa. Quando alguém compra
o papel de uma companhia – outro nome dado para as ações – vira
dono daquela pequena parte, e passa a ser sócio minoritário.

2. Onde ações são vendidas?


Na bolsa de valores. No Brasil, é na B3, a antiga BM&FBovespa. Em-
presas de capital aberto, ou seja, listadas na bolsa, vendem ações para
financiar as próprias atividades. Para comprar uma ação, você contra-
ta os serviços de uma corretora, e ela executa o pedido feito por você
pelo sistema da bolsa, que reúne compradores e vendedores.

3. Como se ganha dinheiro com ações?


Os retornos positivos acontecem quando você compra uma ação, ela
se valoriza e é revendida. Por exemplo, se você compra por R$ 10
e revende por R$ 15, seu retorno é a diferença de R$ 5. Do mesmo
modo, se uma ação comprada por R$ 10 reais ficar R$ 5 mais barata,
você perde esses R$ 5 em caso de revenda.

4. O que faz o preço de uma ação subir ou descer?


A mesma lei da oferta e da procura, implacável com bananas, se apli-
ca às ações. Pense, por exemplo, numa feira livre. Se mais bananas
começam a ser ofertadas, a tendência é que fiquem mais baratas. E
se alguma praga faz o número de bananas à venda cair, elas tendem
a ficar mais caras.

Com as ações não é tão diferente. Digamos que um presidente de


empresa vá preso, um exemplo bem brasileiro. Quem tem ações des-
sa companhia começa a vender seus papéis rapidamente. O aumen-
39 capítulo 6 O que são ações?

to da oferta dessas ações, a exemplo do que acontece com bananas


e qualquer produto ou serviço, puxa os preços para baixo.

O inverso também vale: se a empresa que se tem ações anuncia me-


lhora nos lucros, lançamentos de produtos inovadores ou investi-
mentos promissores, sobe a procura por elas, logo, a oferta diminui.
E a escassez na ponta de venda empurra os preços para cima.

5. Tem outro jeito de ganhar dinheiro com ações?


Se for uma ação do tipo ordinária (ON), que dá direito a voto em as-
sembleia de acionistas, o investidor tem direito ao chamado tag along,
ou direito de venda conjunta. Explicando: se o acionista majoritário
da empresa vender sua ações para um novo controlador, esse novo
controlador é obrigado a fazer uma oferta de compra dos papéis dos
minoritários, que decidem se vendem ou não. Por quanto? Por entre
80% e 100% do valor pago por papel aos majoritários, a depender do
que esteja definido no Estatuto Social.

Já outro tipo de ação é a preferencial (PN). Quem tem ela não vota na
assembleia, mas tem preferência no pagamento dos dividendos - ou
seja, recebe antes dos outros acionistas a parte do lucro da empresa
que for distribuída aos acionistas.

6. Quais os custos de investir em ações?


Basicamente são dois: corretagem e taxa de custódia.
A taxa de corretagem é o custo cobrado pela corretora por vender
e comprar ações, e boa parte das corretoras oferece dois tipos de
planos. A corretagem fixa, em que você paga o mesmo independen-
temente do valor transacionado. E a variável, como o nome sugere, é
40 capítulo 6 O que são ações?

atrelada ao valor das transações.

A taxa de custódia pode ser cobrada mensalmente para guardar as


suas ações. Esta segunda é parecida com a taxa de manutenção de
conta-corrente do banco, e muitas corretoras não cobram mais. En-
tão, vale pesquisar com calma antes de escolher a sua.

Já dos impostos, talvez você não consiga fugir, não... A Receita Federal
tributa em 15% ganhos de capital com ações. Agora, se você vender só
até R$ 20 mil por mês, tranquilo: não precisa pagar nada. Fica isento.

7. Investir em ações é para qualquer um?


Pesquisa recente de economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
mostra como é difícil viver da compra e venda diária de ações. De
pouco mais de 1.500 day-traders (aqueles investidores que ficam
comprando e vendendo ações todos os dias) que operaram por mais
de 300 pregões da bolsa, apenas 13 – isso mesmo, só 13 pessoas –
conseguiram lucro médio diário acima de 300 reais. Nada menos que
91% tiveram prejuízo.

Para não jogar seu dinheiro fora com ações é preciso conhecer bem
como esse mercado funciona. Entenda um pouco melhor quais as
duas principais maneiras como os analistas avaliam as ações antes
de investir: Análise fundamentalista X técnica - qual a melhor estraté-
gia para investir.

Se esse não for o seu caso, não significa que esse mercado não seja
para você. Antes de entrar nessa, pesquise. Você sabe como estão as
contas da empresa? E o setor do qual ela faz parte, como andam as
41 capítulo 6 O que são ações?

coisas? As turbulências da política podem atrapalhar alguma coisa? O


cenário internacional é favorável?

Essas são algumas das influências mais comuns, mas são vários os
eventos que podem afetar os rendimentos de uma ação. Por isso, em
caso de dúvida, pesquise bastante e, principalmente, não deixe de
recorrer a algum especialista. Seu dinheiro agradece!
42 capítulo 7 :Xg.

:Xg-
Renda fixa ou variável,
eis a questão!

N ão sei se você tem algum parente ou amigo que trabalha em


uma loja de roupas ou calçado. Se você já perguntou pra ele
ou pra ela quanto ganha, certamente a resposta vai ser um fixo mais
uma comissão. Este é o tipo mais comum de remuneração de pesso-
as na área comercial.

A tal da comissão vai depender das vendas do mês e, como nem todo
mês é bom, essa parte do salário varia. Mas, o que isso tem a ver com
investimento em renda fixa e renda variável? A lógica é bem parecida
‘ora pois’.
43 capítulo 7 Renda fixa ou variável, eis a questão!

Renda fixa
A renda fixa não tem fixa no nome à toa. É um investimento que você
já sabe o que vai ganhar na hora que contratar (não totalmente,
mas depois eu explico). É o salário que está registrado na carteira de
trabalho e pinga na conta todo mês (no caso dos investimentos, no ven-
cimento do papel). A renda variável é justamente a que não dá para
prever quanto será. Um dia, mês ou ano pode ser ruim, outro bom,
outro muito muito muito incrível e outro péssimo. É, como o nome
também já diz, variável. A diferença maior entre essas duas classes de
investimentos é a forma de remuneração e o risco embutido neles.

Os investimentos mais populares de renda fixa são: caderneta de


poupança, os fundo DI e de renda fixa, título público, LCI, LCA e CDB.
Você consegue prever o rendimento do título se ficar, claro, com ele
até a data do vencimento. Muitas das aplicações em renda fixa são
títulos de dívida - o investidor faz um empréstimo a quem emitiu (o
governo, o banco, a empresa).

Os investimentos de renda fixa têm ainda duas subdivisões: os papéis


que são prefixados e os pós-fixados. Mais confusão, eu sei, mas saber
isso é importante na hora de decidir em qual investimento apostar. E
não é tão complicado assim.

Os prefixados são aqueles títulos que a taxa de remuneração (o juro


por este empréstimo) é fixada na hora da assinatura do contrato. Se
você precisa saber exatamente quanto terá de dinheiro e de rendi-
mento na hora que o papel vencer, é uma boa pedida. Depois de
aplicar, é esquecer e deixar render a grana.
44 capítulo 7 Renda fixa ou variável, eis a questão!

Já os títulos pós-fixados vão pagar o juro para o investidor depen-


dendo de como um índice (ou indexador, como o mercado gosta de
chamar) se comportar. Por isso que eu disse lá em cima que nem
todos os investimentos em renda fixa significa saber o quanto vai
ganhar já no ato da aplicação.

É o caso de alguns títulos públicos, por exemplo, que vão pagar de


acordo com o valor da taxa de juros, a Selic, ou a inflação (IPCA). Os
CDBs, por sua vez, são dívidas de bancos. Eles emitem, vendem pra
pessoa física e geralmente pagam um rendimento atrelado ao CDI
(este nominho você ainda vai ouvir bastante), um índice que os ban-
cos usam como base para emprestar dinheiro uns para os outros.

LEIA TAMBÉM
> Consórcio é a pior “aplicação” que você pode fazer
> Passo a passo para comprar no Tesouro Direto

Renda variável
Do lado da renda variável, as ações (aquelas que são negociadas em
bolsa de valores e caem ou sobem todo dia) são as mais conhecidas.
Mas há também os fundos multimercados, que mesclam vários ti-
pos de investimento em uma cesta só e os fundos imobiliários, que
compram também vários ativos físicos, como prédios ou terrenos. O
dólar é um investimento variável, assim como o ouro.

Até a casa própria é considerada um investimento de renda variável,


sabia? Afinal de contas, você não sabe por quanto exatamente conse-
guirá vender, e nem se vai ganhar ou perder dinheiro. Nem todo mun-
do se liga disso, mas é um investimento arriscado (pode acontecer um
45 capítulo 7 Renda fixa ou variável, eis a questão!

monte de fatalidades com ele), é de baixíssima liquidez (tem gente que


está há anos tentando vender a casa e não consegue) e tem ainda o
risco de mercado, que depende de como está indo a economia.

Quais os riscos que eu corro?


Além do modelo de remuneração, as aplicações de renda fixa e variá-
vel são diferentes também nos riscos. Os primeiros são mais seguros,
ou seja, você corre menos risco de perder o dinheiro que investiu ou
de não ganhar alguma remuneração. Alguns papéis – os emitidos por
bancos – têm até uma proteção extra. Se o banco quebrar, um san-
to protetor chamado FGC (Fundo Garantidor de Créditos) assume a
bronca e deposita todo o dinheiro de quem tiver investimento de até
R$ 250 mil por CPF, em cada instituição.

Já a renda variável pode ser igual futebol, uma caixinha de surpresas.


Você pode sim perder tudo ou muito perto disso. É um mundo mais
instável, mas, obviamente, que pode te dar retornos bem maiores
também. Não dá pra ter tudo na vida, não é?

Última dica: faça como todo bom investidor e pesquise antes de in-
vestir em algo. Entenda os riscos que pode correr e pense com muito
carinho e afinco quanto você pode perder antes de apertar o botão
do play.

Conheça os riscos que estão embutidos nos investimentos no último


capítulo sobre isso.
46 capítulo 8

O que
:Xg.é previdência
privada?

E stá com medo da crise da Previdência Social? Conheça a alternati-


va para quem não quer depender das aposentadorias pagas pelo
governo para pagar as contas na velhice

Além da Previdência Social, aquela em crise e que não sai das manche-
tes nos últimos anos – ninguém aguenta mais! – existe outra. Menos
badalada, é verdade, mas a previdência privada pode ser a sua chance
de não depender do governo para pagar as suas contas na velhice.

O outro nome dela é previdência complementar, por ajudar a com-

:Xg-
47 capítulo 8 O que é previdência privada?

por a renda, muitas vezes minguada, de quem se aposenta pela Pre-


vidência Social. Nada mais é que uma poupança feita ao longo da
vida para quando não houver mais a renda do trabalho.

Se você tem 20 ou 30 anos e acha que previdência é coisa de velho,


deixe disso para não reclamar depois, e de bolsos vazios. É bom você
começar a pensar em investir para a sua velhice. Até porque o gover-
no irá bancar uma pequena parte de todas as suas despesas.

Ok, está em crise.... Mas o que é previdência?


No ritmo que as coisas vão, não demora muito para o nome da pre-
vidência complementar mudar para previdência principal. A possibili-
dade de você conseguir manter o seu poder aquisitivo na velhice con-
fortável sem ela é muito baixa. O governo não tem mais dinheiro
suficiente para bancar os últimos dias de todos os brasileiros - e
ponto final.

Importante: ao contrário das contribuições feitas para a Previdência


Social, você define o valor da sua contribuição e pode desistir e fazer
o resgate antes do prazo combinado. A carência mínima dos produtos
de previdência complementar, na maior parte dos casos, é de 60 dias.

O dinheiro poupado é administrado por instituições financeiras, como


bancos, seguradoras e corretoras. Em geral, os planos de previdência
privada oferecem, além de rendimentos futuros, proteção contra uma
série de riscos, como morte, acidentes, doenças e invalidez.

A previdência privada pode ser aberta ou fechada. Se aberta, qual-


quer um pode participar de planos individuais ou coletivos. Se fecha-
48 capítulo 8 O que é previdência privada?

da, apenas grupos de trabalhadores de uma empresa ou associação


de classe.

Mas as diferenças entre os planos não param aí. Olha quanta coisa
você precisa saber só para se aposentar! Antes de aderir a algum de-
les, você deve entender desde a largada quais os custos envolvidos em
cada tipo de plano, para não reclamar quando for tarde demais. Até
porque os erros nesse tipo de aplicação costumam sair caro, já que in-
cidem sobre um grande volume de dinheiro que você juntou durante
vários anos ou décadas.

De olho na mordida do leão


Para fazer um plano de previdência privada você precisa tomar, antes
de tudo, duas decisões: qual o produto (VGBL ou PGBL) e qual o mo-
delo de tributação (tabela de impostos regressiva ou progressiva). Falei
grego? Calma, vou te explicar:

Basicamente, existem dois produtos de previdência complementar


aberta: o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Ge-
rador de Benefício Livre). Essa sopa de letrinhas assusta? Olha, susto
mesmo você pode ter sem entender como funciona a tributação em
cada um desses planos.

A principal diferença entre o PGBL e o VGBL está na tributação. Mas es-


pecificamente em como você declara seu imposto de renda. Entenda:

No caso do PGBL, você pode descontar o valor das contribuições na


declaração do Imposto de Renda, com limite de 12% da renda bruta
anual. É mais indicado para quem declara pelo modelo completo e é
49 capítulo 8 O que é previdência privada?

tributado direto na fonte.

Já o VGBL é indicado para quem faz a declaração simplificada ou


não é tributado na fonte, caso dos autônomos. A tributação acontece
apenas sobre os ganhos de capital, ou seja, sobre os rendimentos que
você teve em cima do dinheiro que você aplicou.

Você acha que acabaram as explicações? Não! Além de escolher entre


PGBL ou VGBL, é importante saber ainda qual a tabela de impostos
que incidirá sobre o seu investimento: se regressiva ou progressiva.

modelo de tributação

Tabela regressiva
PRAZO DE INVESTIMENTO ALÍQUOTA IR

Até 2 anos 35%

2 a 4 anos 30%

4 a 6 anos 25%

6 a 8 anos 20%

8 a 10 anos 15%

Acima de 10 anos 10%

Tabela progressiva
R$ / Mês ALÍQUOTA IR

Até 1.903,98 Isento

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5%

De 2.826,66 até 3.751,05 15%

De 3.751,06 até 4.664,68 22,5%


Fonte: Valor Investe
50 capítulo 8 O que é previdência privada?

No caso da tabela progressiva, quanto mais você investe, mais você


paga. A tributação regressiva, como você pode ver na tabela acima,
é mais salgada no começo das contribuições e vai ficando mais su-
ave gradativamente. Começa com 35% até de 2 anos de aplicação,
alcançando o piso de 10% a partir de 10 anos. Se você deseja fazer
o resgate depois de uma década que começou a contribuir, esse é o
modelo de tributação ideal.

LEIA TAMBÉM
> Reforma da Previdência: o que você tem a ver com isso?

Fim dos custos?


Ainda não. Há duas taxas que podem ser cobradas num plano de pre-
vidência privada que você precisa conhecer. A primeira é a taxa de ad-
ministração (essa existe em quase todos os tipos de fundos de inves-
timentos). A segunda, a taxa de carregamento, que existe apenas nos
produtos de previdência privada.

A de administração é uma espécie de recompensa paga ao gestor do


fundo por cuidar do seu dinheiro. Incide sobre o montante total aplica-
do e é cobrada anualmente. Essa taxa é um percentual fixo (2%, 3% ao
ano, por exemplo) e incide sobre o valor total que você tem no fundo.
Já a taxa de carregamento serve para bancar os custos da gestão de
suas aplicações. Pode ser cobrada por quem administra a sua previ-
dência privada de três formas: quando você adere ao plano, a cada
nova contribuição feita, ou na hora do resgate do dinheiro.

Por isso, não cometa o erro de usar um produto de previdência como


um fundo de investimento comum. Nos PGBLs e VGBLs você terá que
51 capítulo 8 O que é previdência privada?

pagar essa taxa de carregamento, mas nos demais fundos (DI, renda,
ações, multimercados etc) não.

Além disso, antes de entrar para um plano, pesquise pela menor


taxa de administração e de carregamento. Com o objetivo de fisgar
o cliente, algumas instituições, inclusive, fazem “promoções”, tirando
a taxa de carregamento, o que é um excelente negócio pra você.

Quanto eu vou ganhar?


Agora sim, fim dos custos! Ufa! Vamos para a parte boa: quanto será
que rende uma previdência privada? Aí depende.

Existem diferentes perfis de fundos e você precisa ver qual se encai-


xa melhor pra você. Lembre-se, no entanto, que, se você não está
prestes a se aposentar, esta é a hora de tomar mais risco, para
tentar obter mais retorno. Se você tem 25, 30 anos, aplica num fundo
de previdência, e pretende se aposentar aos 75 anos, você tem um
intervalo de 50 anos para diluir esse risco, portanto, vale a pena.

Mas, se você não consegue nem ouvir falar em perdas, mesmo que
momentâneas, existem PGBLs ou VGBLs que ficam 100% em títulos
públicos super conservadores, que acompanham par e passo a taxa
Selic. Existem outros um pouco mais arrojados, que aplicam entre
20% e 30% em ações. E, por fim, há os mais arriscados ainda, que
aplicam quase a totalidade do patrimônio do fundo em bolsa.

Tudo depende do seu perfil de risco, mas, risco você não toma com o
dinheiro que quer comprar um apartamento no ano que vem e sim
com a grana que vai garantir uma boa velhice, daqui meio século.
52 capítulo 9

Quais riscos eu corro


ao investir?

J á dizia o austríaco Peter Drucker, considerado o ‘pai’ da adminis-


tração moderna: “Existe o risco que você não pode jamais correr, e
existe o risco que você não pode deixar de correr”. Você pode até não
conhecer o sujeito, mas não dá para negar que ele tinha um bocado
de razão quando falou isso. Viver é um risco por si só e, quando se
fala em investir seu rico e suado dinheirinho, é preciso ficar atento ao
que está em jogo antes de aplicar.

É claro que há investimentos mais arriscados, como ações, e outros


menos, como títulos do Tesouro Direto. Mas todos eles têm alguma
53 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

chance de dar dor de cabeça. Por quê? Porque existe mais de um tipo
de risco e quase ninguém explica isso. Mas a gente te ajuda.

Tipos de risco que todo investidor corre


São cinco os principais tipos de risco: de mercado, de liquidez, de cré-
dito, operacional e legal.

Risco de Crédito
Sabe quando você empresta o dinheiro para o seu primo e ele some
do mapa e te dá o calote? Pois então, este é o risco de crédito. Está li-
gado à capacidade de pagamento da instituição na qual você investiu
ou vai investir. Você já deve ter ouvido falar de algum banco, correto-
ra ou outra instituição financeira que faliu, não?

Nestes casos, quem tiver investimentos na poupança ou em títulos


de renda fixa como CDB, LCI e LCA, por exemplo, está a salvo. Isso
porque esses ativos estão sob a benção do Fundo Garantidor de Cré-
dito, o famoso FGC. Lógico, há limites: R$ 250 mil por CPF por institui-
ção financeira.

Outras aplicações, como o Tesouro ou fundos de investimento não têm


essa proteção. No caso do Tesouro, o risco de crédito é considerado
baixo porque quem emite é o próprio Tesouro Nacional para financiar
o governo e a chance de o todo-poderoso dar calote é bem baixa.

Já os fundos de investimento e as debêntures, um tipo de título de


dívida emitido por empresas, o risco é maior. Os fundos têm um
agravante: às vezes compram papéis de vários emissores (na maior
parte das vezes de empresas) para diversificar o investimento. Por
54 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

isso, acompanhe de perto onde o gestor do fundo está colocando


seu dinheiro. Para avaliar se a debênture é muito arriscada, uma dica
é ver a nota de crédito (conhecida como rating), que as grandes com-
panhias geralmente possuem, e que é dada por uma agência inde-
pendente de classificação de risco.

Risco de Mercado
Imagine que você mora em um bairro que vai ganhar uma estação
de metrô ou um parque. A chance de essa notícia começar a mudar
os preços cobrados pelos imóveis da região no entorno é alta. Agora,
imagine que a prefeitura resolva desapropriar uma área próxima à
sua casa para construir uma estação de energia elétrica ou aterro
sanitário. O risco disso fazer sua casa se desvalorizar é maior, não? O
risco de mercado funciona desta forma.

É o risco de notícias ou outros fatores externos influenciarem preços


e taxas que estão diretamente relacionados a seu investimento. Uma
notícia pode influenciar - para o bem ou para o mal - o valor de uma
empresa (preço da ação ou até valor de mercado), de um índice (IPCA,
Selic, CDI, etc.) ou uma moeda (real, dólar, euro, libra).

Com o sobe e desce dos ativos, pode ser que, por exemplo, os papéis
que estão dentro da carteira do seu fundo de ações caiam. Em última
instância, você pode sair com menos do que investiu. Esse conceito,
apesar de básico, muitas vezes é ignorado pelo investidor. Investi-
mento não significa que você sempre ganhará algo, muito ou pouco.
Você pode perder dinheiro, especialmente em produtos com maio-
res chances de sobe e desce.
55 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

Todos os tipos de investimento têm algum grau de risco de mercado.


O risco aqui é ganhar menos do que poderia ter recebido ou até per-
der dinheiro.

Diferentemente do risco de crédito, que você consegue medir, anali-


sando a vida da empresa que está emitindo o papel, por exemplo, o
de mercado é bem mais imprevisível, pois depende de fatores políti-
cos e econômicos que muitas vezes nos pegam de calças curtas. Se o
presidente da República fala algo que o mercado desaprova, as ações
das empresas costumam cair e o dólar subir. E você investidor não
tem muito como prever isso e nem como se proteger.

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> Você sabe o que são ações?

Risco de Liquidez
Você já tentou vender um imóvel? Se sim, possivelmente sentiu na
pele a dificuldade de fechar o contrato e receber o dinheiro. Pode
levar anos até que consiga vender, não é mesmo?

Agora, outra pergunta: você já tentou transferir dinheiro da poupan-


ça para sua conta corrente para cobrir algum rombo ou já prevendo
algum gasto? Na mesma hora já cai, não? Esses são dois exemplos
extremos do risco de liquidez. É uma Ferrari versus um Gol (Volkswa-
gen). Quantas Ferraris uma concessionária vende por dia? E quantos
Gols? Qual é mais fácil de revender?

A poupança é um investimento muito mais líquido do que imóvel por-


56 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

que é bem mais fácil aplicar e resgatar. Alguns ativos têm diferentes
riscos de liquidez até entre eles mesmos. Exemplo: ações. As ações de
empresas que estão associadas ao principal índice da bolsa de valores,
o Ibovespa, têm muito mais liquidez do que quem não está no índice
porque tem mais gente no mercado querendo comprar ou vender.

Na maior parte dos fundos, o gestor te garante a “liquidez” necessária


para você sair do fundo. Esse risco existe uma probabilidade maior de
acontecer em fundos que compram ativos com menor liquidez, como
as debêntures ou papéis de longuíssimo prazo. Aí ocorre um efeito
em cascata: o gestor não encontra comprador para os papéis que há
no fundo, consequentemente, não consegue te dar o dinheiro para
você sair do fundo. No entanto, esse risco é mais raro de acontecer.

Outra coisa a se observar é o vencimento. Têm investimentos que


não permitem que você resgate antes do vencimento. Outros até to-
pam, mas vão te descontar impostos e taxas que podem minar seu
rendimento.

Quanto mais tempo você ficar “preso” no investimento, maior risco


de liquidez pode ter.

Risco Operacional
Infelizmente, nenhuma empresa está ilesa de fraudes ou erros não in-
tencionais. Com gestoras e administradoras de recursos é a mesma
coisa. A gestora do seu fundo pode quebrar, pode estar envolvida em
algum escândalo financeiro, o sistema pode não funcionar ou até mes-
mo a administradora da carteira pode estar fazendo a guarda (conhe-
cida como custódia) errada dos ativos. Tem até aqueles casos de gente
57 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

que digita um zero a mais na hora de comprar ou vender um papel,


não é? Estes problemas estão dentro do chamado risco operacional.
Por esses e por outros motivos, antes de investir, é importante fazer
uma pesquisa não apenas do fundo aonde você pretende investir,
mas também investigando sobre o gestor, o administrador e a ido-
neidade dessas empresas.

No Brasil, as agências reguladoras da indústria de investimento até


desenvolveram uma forma de tentar proteger o investidor destes
problemas. Nos fundos de investimento, por exemplo, as atividades
são divididas entre o gestor, o custodiante e o administrador. Assim,
ninguém tem poder único sobre tudo.

Gestor: é quem monta a estratégia de investimento do fundo e com-


pra/vende ativos.
Custodiante: é o guardião do seu dinheiro, aquele que fica com ele
enquanto você não resgatá-lo e depois te entrega quando quiser.
Administrador: é o responsável-mor pelo funcionamento do fundo,
ou seja, quem controla os prestadores de serviços (gestor, custodian-
te e auditor) e divulga o boletim sobre rendimento e valor das cotas.

Mas nem todos os ativos têm essa estrutura, então, vale investigar
direito na mão de quem vai deixar seu dinheiro.

Risco Legal
O legal é o risco de contrato não ser honrado. É mais comum quando
envolve instituições financeiras de procedência duvidosa que, depois,
se mostram fraudulentas ou aqueles famosos casos de pirâmides fi-
nanceiras.
58 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

O jeito de evitar esse risco é aplicar em instituições financeiras que


você já conheça ou que têm credibilidade no mercado. Se mesmo as-
sim, uma proposta de uma instituição que você não conhece parecer
bem atrativa, pesquise nos sites da B3 (Corretoras certificadas), CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) ou BC (Banco Central) se aquela
empresa é habilitada para captar investimento.

Um investimento pode ter um baixo risco de liquidez, ou seja, você


consegue resgatar o dinheiro lá investido relativamente rápido, mas
estará mais exposto aos movimentos das taxas de juros, e, por isso,
ter um risco de mercado mais alto. Portanto, escapar de um tipo de
risco não significa que você irá se livrar dos outros.

Em resumo....

Alguns investimentos são mais arriscados, como ações, e outros


menos, como títulos do Tesouro, mas todos eles têm alguma chance
de dar dor de cabeça, especialmente porque não existe apenas um
tipo de risco

Risco de crédito: Está ligado à capacidade da instituição na qual você


investiu ou vai investir te pagar o devido. No caso do Tesouro Direto, o
risco é do governo brasileiro não pagar, no CDB, é do banco dar o calo-
te, e das debêntures, da própria empresa emissora ter problemas.

Risco de Mercado: Está ligado ao risco de oscilações nos preços e


comportamentos do mercado e seus indicadores, como commodi-
ties, ações, taxa de juros e variação cambial. É um risco de volatilida-
de e depende muito de condições externas (política e economia).
59 capítulo 9 Quais riscos eu corro ao investir?

Risco de Liquidez: Está ligado à facilidade ou dificuldade de você


converter um ativo financeiro em dinheiro sem perder o valor. Um
imóvel, por exemplo, pode demorar anos até ser vendido (menos lí-
quido), já a poupança, o resgate cai na mesma hora (mais líquido).

Risco Operacional: Está relacionado à possíveis falhas no processo


de investimento, seja na aplicação, na custódia ou liquidação de uma
operação. Pode envolver falha humana sem intenção, de algum equi-
pamento ou até fraudes.

Risco Legal: É o risco do contrato não ser honrado. É mais comum


quando envolve instituições financeiras de procedência duvidosa
que, depois, se mostram fraudulentas ou aqueles famosos casos de
pirâmides financeiras.

Por que é bom conhecer os tipos de risco?


Como o próprio Drucker diz, mesmo sabendo dos riscos, tem investi-
dor que topa aplicar em algo mais complexo e perigoso porque tem
uma chance de ganhar mais do que em ativos mais seguros.

O importante, no fim, é saber onde está pisando e quanto de risco


pode correr (quanto pode perder). Este é um dos mandamentos para
todo bom investidor seguir. Se não, corre um risco adicional: de errar
a mão e ficar mais pobre e não mais rico (#ninguémmerece). Fique
atento(a)!
E lab oração

Equipe

Naiara Bertão
Weruska Goeking
Rafael Gregorio
Nathalia Larghi
Gustavo Ferreira
Isabel Filgueiras

Organização: Naiara Bertão


Edição: Daniele Camba e Fernando Torres

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