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Paternidade Final PDF
Paternidade Final PDF
Coordenação editorial
Zahidé Lupinacci Muzart
Conselho editorial
Dominique Fougeyrollas (IRISSO/CNRS) Maria Dolores Perez Murillo (U. de Cádiz)
Dominique Fougeyrollas (IRISSO/CNRS) Maria Luiza Femenias (U. La Plata)
Elisete Schwade (UFRN) Miguel Vale de Almeida (ICSTE)
Eulalia Perez Sedeño (CSIC) Paola Bacchetta (UCB)
Jules Falquet (U.ParisVII) Suely Gomes Costa (UFF)
Kazuko Takemura (Ochanomizu U.) Yonissa Wadi (UNIOESTE)
Luiz Mello (UFG)
Revisão
Gerusa Bondan
Capa
Gracco Bonetti
Sobre foto de Mônica Holden (monicaholdenphotos@yahoo.com.br)
Sem título. 2009.
Técnica: Fotografia digital
Álbum: Portas, Cód. de portfólio: B 03
MÔNICA HOLDEN
Artista plástica, fotógrafa e designer.
Nasceu e vive na cidade do Rio de Janeiro.
Começou a fotografar aos 12 anos. E, desde então, a fotografia sempre esteve presente em sua vida. Há 25
anos trabalha com design gráfico, moda e comunicação visual. Hoje se dedica preferencialmente a fotografar
temas abstratos, composições geométricas, formas orgânicas... Cores e texturas...
Sites: http://www.flickr.com/photos/monicaholden/
http://www.monicaholdenphotos.weebly.com
Projeto gráfico e editoração
Rita Motta
CDU 613.88
Editora Mulheres
Rua Joe Collaço, 430
88035-200 Florianópolis, SC
Fone/Fax: (048) 3233-2164
editoramulheres@floripa.com.br
www.editoramulheres.com.br
sumário
Apresentação................................................................................................. 7
Maria Juracy Filgueiras Toneli, Benedito Medrado, Zeidi Araújo Trindade, Jorge Lyra
PARTE 1
C on t e x t u a l i z a çã o e v isib ilid a d e
Autoras/Autores....................................................................................... 211
APÊNDICE
Roteiro da entrevista estruturada com as mães adolescentes............ 217
apresentação
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o pai está esperando ?
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PA RT E 1
Contextualização
e visibilidade
paternidades e políticas de saúde
no contexto da gravidez na
adolescência
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Paternidades e políticas de saúde no contexto da gravidez na adolescência
1 Em 2011 uma leitura particular sobre este Plano foi desenvolvida por Medrado,
Lyra, Valente, Azevedo e Noca.
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Paternidades e políticas de saúde no contexto da gravidez na adolescência
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Paternidades e políticas de saúde no contexto da gravidez na adolescência
Assim, temos como pano de fundo a exclusão dos pais nos ser-
viços obstétricos e pediátricos. A motivação e desejo dos pais de se
envolverem com os bebês são frustrados pela negligência e mesmo
rejeição à sua presença, num descompasso entre as ações de saúde e
o incremento da paternidade (ARILHA, 1999; LYRA-DA-FONSECA,
1997, 1998).
Em relação a isso, Lawrence Rhein et al (1997, apud LEVANDO-
WSKI & PICCININI, 2002) indicam que os obstáculos e dificuldades
encontradas pelos pais adolescentes para o envolvimento com seus
filhos podem diminuir a intensidade de suas aspirações paternas. Ca-
bral (2003) chama a atenção para a necessidade de se incluir a dimen-
são masculina como um elemento valioso na saúde reprodutiva, de
modo complementar às abordagens da saúde coletiva e de sua ênfase
nas repercussões biopsicossociais da gravidez na adolescência.
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Referências
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Paternidades e políticas de saúde no contexto da gravidez na adolescência
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literatura científica sobre gravidez
na adolescência como dispositivo
de produção de paternidades
Benedito Medrado
Jorge Lyra
Maria Juracy Filgueiras Toneli
Zeidi Araújo Trindade
Márcio Valente
Túlio Quirino
Michael Machado
Dara Felipe
Ludmila de Oliveira
Luiza Gomes Dantas
Maria Camila da Silva
Symone Gondim
1 Embora tenhamos incluído ao levantamento três textos (dissertações) dos anos no-
venta em virtude da escassez de trabalhos de Mestrado, mas, em especial, pela
relevância destes trabalhos ao campo de pesquisa sobre paternidade e paternidade
na adolescência.
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Tipo de
Fonte Informações
produção
Site: www.scielo.br
Site:http://regional.bvsalud.org/php/index.php
2 Como o Lilacs é uma base que registra trabalhos da América Latina e Caribe, após
cada pesquisa foi realizada uma seleção de idioma, já que a maior parte da produ-
ção está em Espanhol.
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Licença Paternidade
Parentesco paterno estabelecido entre um Licença por Paternidade
Paternidade
homem e uma criança. Licença-Paternidade
Paternidade Responsável
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(*) No caso das dissertações, optamos por incluir também trabalhos publicados antes
de 2000, considerando o número reduzido de trabalhos (apenas três dissertações),
mas, em especial, em razão da relevância dos textos ao campo de pesquisa sobre
paternidade na adolescência e paternidade.6
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Literatura científica sobre gravidez na adolescência
4. Textos localizados
Tipo de produção
Ano de publicação Artigos Dissertações Teses Total
1997 - 2 - 2
1998 - 1 - 1
2000 1 - - 1
2001 2 - - 2
2002 1 - - 1
2003 2 - - 2
2004 - 1 - 1
2005 1 - 2 3
2006 2 3 - 5
2007 2 - 2 4
2008 1 1 - 2
2009 - 1 - 1
TOTAL 12 9 4 25
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TIPO DE PRODUÇÃO
ESTADO ARTIGO DISSERTAÇÃO TESE TOTAL
SP 5 3 2 10
SC 2 1 1 4
BA 2 - - 2
RS 1 1 - 22
PA - 1 1 1
PE - 1 - 1
ES 1 - - 1
RJ 1 - - 1
CE - 1 - 1
PR - 1 - 1
TOTAL 12 9 4 25
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TIPO DE PRODUÇÃO
ESTADO
ARTIGO DISSERTAÇÃO TESE TOTAL
PESQUISADO
SP 3 2 - 5
SC 2 1 - 3
BA 2 - - 2
RS 2 1 1 4
PA - 1 1 2
PE - 1 - 1
ES 1 - - 1
RJ 2 - - 2
CE - 1 - 1
PR - 1 - 1
MT 1 - 1 2
MS 1 - 1 2
MG - 1 - 1
TOTAL 14 9 4 25 (*)
(*) A diferença no total se deve ao fato de um artigo versar sobre mais 2 estados além
daquele em que o trabalho foi publicado.
9 Porém, o termo “efeito” pode causar confusões, haja vista que sugira relações de
causalidade e linearidade, o que, nestas páginas, não é utilizado para enfatizar pro-
posta semelhante. Pelo contrário. O termo “efeito” é referido para reconhecer dois
posicionamentos: (a) o discurso não descreve estados de coisas, sentimentos, valo-
res morais ou comportamentos, mas os prescreve, isto é, produz efeitos: estados,
sentimentos, valores e comportamentos (AUSTIN, 1990). Todavia, (b) o discurso
não pode saber completamente o que está fazendo, dada sua própria condição
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polissêmica, nem mesmo controla seus efeitos (PINTO, 2009; Foucault, 2008).
Assim, não podem ser previstos nem estão associados a uma consciência trans-
histórica que os planejou.
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TIPO DE PRODUÇÃO
CAMPOS DO SABER ARTIGO DISSERTAÇÃO TESE TOTAL
Ciências da Saúde (*) 5 2 1 8
Psicologia 4 2 - 6
Enfermagem 3 1 2 6
Antropologia - 1 1 2
Psicologia Social - 2 - 2
Serviço Social - 1 - 1
TOTAL 12 9 4 25 (*)
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4. Algumas considerações
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Referências
AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer. Porto Alegre: Artes Mé-
dicas, 1990.
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dialogando sobre família, gravidez e
paternidade com mães adolescentes em
recife/pe, florianópolis/sc e vitória/
es: números como dispositivos de
intervenção em políticas públicas
Benedito Medrado
Jorge Lyra
Mariana Azevedo
Maria Juracy Filgueiras Toneli
Zeidi Araújo Trindade
Túlio Quirino
Dara Felipe
Celestino Galvão Neto
Márcio Valente
Michael Machado
Ludmila de Oliveira
Luiza Dantas
Maria Camila da Silva
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Dialogando sobre família, gravidez e paternidade com mães adolescentes
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8. Sobre opiniões;
9. Sobre direitos;
10. Opiniões finais.
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3. Sobre o treinamento
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4.1 Participantes
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20 Segundo o art. 1520 do Código Civil, para evitar imposição de pena criminal ou em
caso de gravidez, os menores de 16 anos poderão casar-se e, consequentemente,
conquistar a emancipação. Esse casamento passará por necessária decisão judicial.
Isso significa que a concessão dos pais não basta. Quando o sujeito possui entre
16 e 18 anos, a simples concessão, registrada em cartório, de ambos os pais, ou
de apenas um deles quando da falta do outro, serve à emancipação. No caso de
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uma menina de 14 anos, por motivos bastante razoáveis inclusive, faz-se neces-
sária decisão judicial. É de se lembrar que, segundo o Código Penal, presume-se
violência e, portanto, estupro, se a vítima não é maior de 14 anos. Seria muitíssimo
importante conhecer a idade do pai da criança. Caso ele seja maior de idade, ou
seja, tenha 18 anos ou mais, ele cometeu um crime. Esse crime é “perdoável” com
o casamento, mediante a referida decisão judicial. Sendo o pai maior de idade ou
não, casando com ele ou não, a menina de 14 anos que engravidou pode sofrer o
aborto legal previsto no inciso II do art. 128 do Código Penal. Como, nesses casos, a
violência é pressuposta, para todos os efeitos legais ela sofreu um estupro. Porque
ela é incapaz, o aborto legal requer o consentimento de seu representante legal.
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por vezes, solicitaram-nos, com certo tom de segredo, a não dizer quem
havia indicado, revelando de certo modo um cuidado em manter o
anonimato da pessoa que indicou, aparentemente, para não se confi-
gurar como fofoca. Dessa forma, essa não pareceu ser uma experiência
sobre a qual se “fala em público”.
Na supervisão de campo, foi possível também acompanhar o tra-
balho dos/as pesquisadores/as, considerando-os como parte da confi-
guração do campo-tema e como interlocutores diretos das entrevista-
das, copartícipes da interanimação dialógica que gerou as respostas e,
portanto, em certa medida, coautores das respostas formuladas. Neste
sentido, chamou-nos a atenção, por exemplo, a necessidade que uma
das supervisoras teve de insistir com os/as pesquisadores/as para não
emitirem nenhuma opinião sobre gravidez na adolescência com os pro-
fissionais com os quais tivessem contato, muito menos com as próprias
adolescentes e seus familiares, especialmente antes da realização da
entrevista [...] naqueles momentos em que buscamos ser mais simpáti-
cos. No início das entrevistas, por exemplo, um dos pesquisadores ten-
dia a sinalizar concordância com comentários de algumas profissionais
de saúde ou mulheres adultas da comunidade que indicaram possíveis
entrevistadas. Esses comentários incluíam desde “Oh, coitada, essa foi
mãe muito cedo, perdeu a juventude”; ou então “essa outra tá acabada,
nem parece ter 15 anos”. Em alguns casos, orientamos os pesquisado-
res/as, após a entrevista ou no final do trabalho de campo, a fazerem
orientações/esclarecimentos, tendo por base material sócio-educativo
produzido pelo Instituto PAPAI.
Em Florianópolis, todas as cinco unidades de saúde que com-
põem a Regional de Saúde Centro foram visitadas, tendo sido direcio-
nadas duas entrevistadoras para cada unidade. Inicialmente, foi feito
contato com as agentes comunitárias de saúde para que estas auxi-
liassem na identificação das mães. Procuramos também informações
sobre atividades no local que envolvessem direta ou indiretamente as
mães, para que o acesso fosse facilitado. Com exceção da unidade do
Monte Serrat, onde foram realizadas 25 entrevistas, a circulação nos
postos em geral era baixa. Sendo assim, a maioria das aplicações se deu
nos domicílios (38), por intermédio das agentes de saúde. Depois que
o acesso às mães pelas unidades ficou mais restrito, partimos para ou-
tros espaços, como creches, centros comunitários, entre outros, o que
permitiu atingir o número necessário de entrevistas realizadas.
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6. Sínteses de análise
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e a mais velha com 19 anos, na qual a idade com maior incidência foi
de 15 anos. No que diz respeito às três cidades, as mulheres informa-
ram ter em média 15,98 anos. Em Recife, a idade que mais se repetiu foi
16 anos; em Vitória, a média de idade foi de 16,46, sendo que a idade
que mais se repetiu foi 15 anos; e em Florianópolis a média de idade
informada foi de 16,32 anos, tendo como 15 anos a idade mais citada
pelas entrevistadas.
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referiu como classe média ou baixa nas três cidades. Cabe destacar, no
entanto, que em Recife os valores se invertem: entre as mães, a maioria
afirma ser de classe média, enquanto que os pais, na maior parte, se-
riam de classe baixa, o que não acontece em Vitória e Florianópolis, em
que tanto as mães, quanto os pais, em sua maioria, são referidos como
classe média, embora não demonstrem grande diferença percentual
daquelas que mencionaram ser de classe baixa.
No tocante à renda, chama-nos a atenção o fato de em Recife e
Vitória a renda mensal da mãe ser maior que a renda do pai, sendo
a diferença de R$46 em Recife e R$255 em Vitória. Em Florianópolis
ocorre o contrário, sendo a renda dos pais que aparece como maior,
com R$161 a mais que a das mães. Outro aspecto relevante aqui é a
variação desta renda por cidade pesquisada, destacando-se as diferen-
ças regionais. Há, no geral, uma diferença considerável entre as rendas
médias tanto das mães quanto dos pais nas três cidades, sendo Reci-
fe a que possui a menor média (R$550 entre os pais) e Florianópolis
(R$1341 entre os pais) a maior, correspondendo esta última a mais que
o dobro da primeira.
Foi perguntado às entrevistadas se o pai assumiu seu filho. Nas
três cidades, 90% ou mais das entrevistadas responderam que sim.
Mais precisamente, temos: 91,2% em Recife, 93,3% em Vitória e 90%
em Florianópolis.
Segundo as entrevistadas, 24,7% dos pais de Vitória, 27% de
Florianópolis e 28,4% de Recife também engravidaram outra mulher,
sendo que em mais de 70% dos casos nas três cidades apenas uma
outra mulher. O percentual daqueles que engravidaram outras duas
mulheres fica entre 10% e 15% nas três cidades.
Algumas considerações
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Referências
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PA RT E 2
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mulheres não obtêm renda ou obtêm renda inferior à dos homens, elas
cuidam da casa e das crianças e vice-versa (Polatnick, 1973-1974). A
dupla jornada de trabalho das mulheres também é frequentemente denun-
ciada e constatada por pesquisas (Pleck, 1985; Hochschild, 1989),
assim como a reprodução é vista como associada às mulheres e como
argumento para a dominação masculina (Rubin, 1993; Vance, 1984).
De qualquer forma, algumas pesquisas demonstram que, quando os pais
mantêm um contato mais próximo, mais afetivo/amoroso com seus filhos
homens, estes tendem a desenvolver atitudes menos estereotipadas com
relação ao gênero – quando adolescentes e adultos (Hardesty, Wemk
& Morgan, 1995; Williams, Radin & Allegro, 1992).
O nascimento de um filho, além da responsabilidade – conside-
rada consequência direta da paternidade –, implica a incorporação de
novos papéis, geralmente caracterizados pela seriedade e pela maturi-
dade que levam o homem a assumir e a cumprir a função de provedor
(Tronchin & Tsunechiro, 2006). Para quebrar a ideia dominante
de que cabe ao homem a virilidade e de que participar ativa e afetiva-
mente nos cuidados diários dos filhos significa a perda da masculini-
dade, o pai precisa poder contar com a esposa ou com outras pessoas
para envolvê-lo nessas práticas, apoiando sua participação (Tron-
chin & Tsunechiro, 2006).
Segundo Vânia Bustamante (2005), alguns estudos mostram que,
para os homens, as mulheres continuam sendo as principais cuidado-
ras dos filhos, mas esse dado varia muito em função do país, da classe
social e da idade dos participantes. Assim, na Inglaterra e na Grécia,
constatou-se que os homens desejavam aprender a ser pais mais pró-
ximos dos filhos. Já na América Latina, principalmente nas camadas
populares, os homens entendiam os cuidados físicos como próprios da
mulher. É importante assinalar que, em diversos países, os pais mais
jovens se mostraram mais dispostos a se envolver nos cuidados corpo-
rais dos filhos (Bustamente, 2005).
Teóricos de gênero atualmente sugerem que a família está passan-
do por significativas mudanças com abundância de diferentes forma-
ções familiares, assim como distintas normas sendo encontradas e acei-
tas como legítimas e desejáveis. Isso inclui parceiros que não coabitam,
pais que não coabitam, casais homossexuais e o crescente número de
filhos sem laços de sangue (Haywood & Mac an Ghaill, 2003).
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Renda
Bairro
Idade
N.º Estado
tado
Profissão Atividade
de civil
Ensino Atendente de
1 24 Centro 3000 08 Sim Solteiro
Médio empresa
2 24 1900 04 Ensino Vigilante Sim União
Ensino
Assistente
3 23 Centro 1800 03 Médio Sim União
financeiro
Completo
Ensino
Porteiro,
7 27 Centro 700 4 Médio Sim Solteiro
segurança
Completo
Religião Cor
praticante filhos pai pela 1a. vez
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Discussão
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adesão ainda tímida aos serviços de saúde nas UBS, identificamos que
os pais não percebem demandas de saúde que justifiquem a procura
pela unidade ou, em alguns casos, preferem ir à policlínica pela rapi-
dez no atendimento.
Estudos sobre masculinidade no campo da saúde nos ajudam a
compreender a baixa procura pelos serviços de saúde por parte dos
homens, de uma forma geral. Segundo Ricardo Meirelles e Alexandre
Hohl, os serviços de saúde são considerados pelos homens, assim como
pelas políticas públicas, como “destinados às mulheres e às crianças”
(2009, p. 900).
Esta questão aparece com mais evidência nos questionários respon-
didos por 100 mães e/ou gestantes em Florianópolis, na primeira etapa
da pesquisa, onde apenas 13 disseram que o serviço de saúde solicitou
a presença do pai da criança, enquanto que 91% afirmaram que não são
oferecidas atividades destinadas aos pais. Quando são realizadas, foram
mencionadas palestra (1) e reuniões (3). Destas mães, duas afirmaram que
o pai compareceu às atividades. Ainda que o Ministério da Saúde tenha
criado a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem no SUS,
em 2009, as práticas dos serviços de saúde ainda não parecem considerá-
lo como usuário, principalmente, no contexto da gravidez.
Adriano Nascimento e Ingrid Gianórdoli-Nascimento (2011), a
partir de uma revisão bibliográfica sobre o tema, enumeram três pos-
síveis aspectos que podem justificar tal ausência: 1) receio de que a
procura pelo serviço seja percebida socialmente como fraqueza e vul-
nerabilidade; 2) identificação dos serviços de saúde como um espaço
caracteristicamente feminino; e 3) a procura por serviços apenas se jus-
tifica em casos de emergência ou impossibilidade de suportar a dor.
Também Romeu Gomes, Elaine Nascimento e Fábio Araújo
(2007) afirmam que a procura pelos serviços de saúde por parte dos
homens está relacionada à compreensão que eles possuem do que é
ser homem, geralmente definida a partir do oposto das características
e práticas femininas. A busca pelo atendimento da policlínica, por sua
vez, contraria a organização da rede de saúde, que tem como porta de
entrada a atenção primária e não a secundária, assim como denuncia
possíveis demandas desses pais de caráter emergencial e curativo.
Apesar de identificarmos a baixa procura dos pais pelos servi-
ços de saúde, o principal motivo para recorrerem à unidade básica é
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não percebam, a não inclusão do pai reforça o lugar deste como ape-
nas provedor familiar. Sendo assim, os profissionais terminam contri-
buindo, mesmo que indiretamente, para que haja ausência paterna nos
serviços de saúde.
Sobre a avaliação dos serviços oferecidos na unidade básica de
saúde, a maioria dos pais tece avaliações positivas, principalmente devi-
do à rapidez no serviço e também por causa do interesse da equipe para
com a criança. Contudo, alguns avaliaram negativamente esses serviços,
utilizando como argumentos a demora para serem atendidos. Parece
existir uma crença compartilhada socialmente sobre a demora nos aten-
dimentos públicos de saúde e se considerarmos o contexto masculino de
trabalho, podemos compreender a preferência pela policlínica, uma vez
que se o pai estiver empregado e for acompanhar o filho às consultas,
ele corre o risco de ser demitido. Contudo, para que haja uma melhor
compreensão das expectativas sobre os serviços de saúde e a respeito
da construção de uma realidade negociada com os usuários, devemos
considerar três níveis de expressão da realidade, como propõe Denise
Oliveira (2011): a) o universo real ou as condições concretas vivenciadas
pelos atores envolvidos; b) o universo simbólico ou representacional ex-
pressado por meio das práticas de adesão ou não aos serviços propostos,
por exemplo; e, por fim, c) a realidade idealizada, que se refere a um
plano de julgamento qualitativo ideal elaborado pelos sujeitos.
Percebe-se que a motivação e o desejo dos pais de se envolverem
com os bebês muitas vezes são frustrados pela negligência e mesmo
rejeição à sua presença, num descompasso entre as ações de saúde e
o incremento da paternidade participante (Arilha, 1999; LYRA DA
Fonseca, 1998; Marcondes, 1999).
Aqui se registra a importância do envolvimento paterno não
apenas como uma forma de dar suporte à mãe, mas como um direito
do pai de estar envolvido no desenvolvimento da criança, já antes de
seu nascimento. Esse contato inicial pode ser significativo para a cria-
ção do vínculo entre o pai e a criança. Deve-se atentar para os novos
arranjos na dinâmica familiar, bem como para as atribuições paternas e
maternas, de modo a favorecer uma participação mais ativa do homem
no ambiente doméstico e no cuidado dos filhos.
A necessidade da participação mais atuante do homem no cui-
dado dos filhos é colocada sob dois aspectos: como um dever, no qual
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Considerações finais
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Referências
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Entrevistando pais e profissionais da saúde
FOX, Greer L. & MURRY, Velma. Gender and families: feminist per-
spectives and family research. Journal of Marriage and the Family, 62,
2000, p. 1160-1172.
HAWKINS, Alan J. & BELSKY, Jay. The role of the father involvement
in personality change in men across the transition to parenthood. Family
Relations, 38, 1989, p. 378-384.
119
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HOCHSCHILD, Arlie. The second shift: working parents and the revo-
lution home. New York: Viking, 1989.
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o pai está esperando ?
RUBIN, Gayle. Thinking sex: notes for a radical theory of the politics
of sexuality. In: ABELOVE, Henry.; BARALE, Michele A. & ALPERIN,
David M. (eds.). The lesbian and gay studies reader. Nova York: Rutledge,
1993, p. 3-44.
122
Entrevistando pais e profissionais da saúde
SNAREY, John. How fathers care for the next generation: a four-decade
study. Cambridge: Harvard University Press, 1993.
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paternidade: pequeno balanço de
uma década de pesquisa
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Considerações finais
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Referências
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a atenção à mãe adolescente e ao
seu companheiro: a perspectiva dos
profissionais de uma unidade básica
de saúde de vitória/es
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Referências
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a paternidade adulta no contexto
da maternidade adolescente:
contribuições para a construção
de políticas públicas no campo da
saúde coletiva
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uma forma geral, os pais não percebem demandas de saúde que jus-
tifiquem a procura por apoio na unidade. Sendo assim, a paternidade
também parece não gerar, para esses pais, demandas de saúde. Esses
resultados corroboram os dados da pesquisa realizada por Corrêa e
Ferriani (2009) que indicam que os pais não sabem como os serviços de
saúde podem contribuir para o exercício da paternidade. Alguns pais
alegaram que não vão à UBS devido à lentidão no atendimento, o que
os leva à procura pelos serviços de média complexidade.
Estudos sobre masculinidade ajudam a ter uma primeira com-
preensão sobre a baixa procura pelos serviços de saúde por parte dos
homens, de uma forma geral. Segundo Meireles e Hohl, os serviços
de saúde são considerados pelos homens, assim como pelas políticas
públicas, como “como destinados às mulheres e às crianças” (2009, p.
900). Nascimento e Gianórdoli-Nascimento (2011), a partir de uma re-
visão bibliográfica sobre o tema, enumeram três possíveis fatores que
podem justificar tal prática: 1) receio de que a procura pelo serviço
seja percebida socialmente como fraqueza e vulnerabilidade; 2) iden-
tificação dos serviços de saúde como um espaço caracteristicamente
feminino e 3) a procura por serviços apenas em casos de emergência ou
impossibilidade de suportar a dor. Para Gomes, Nascimento e Araújo
(2007), a procura pelos serviços de saúde por parte dos homens está re-
lacionada à compreensão que eles possuem do que é ser homem, geral-
mente definida a partir do oposto das características e práticas femini-
nas. Além dos fatores acima apresentados, não se pode desconsiderar
um dado concreto que faz parte da vida de vários pais, principalmente
os pais adultos: as limitações impostas pelo horário de trabalho. Não
existem serviços que ocorram em horários alternativos e também não é
possível para muitos pais se ausentarem de seus locais de trabalho.
Apesar de identificarmos a baixa utilização dos serviços de saú-
de, verificamos que o principal motivo para os pais recorrerem à uni-
dade de saúde é a busca por atendimento pediátrico para seus filhos.
Os demais motivos apresentados pelos pais que afirmam ir à unidade
(raramente ou frequentemente) dizem respeito ao acompanhamento
nas consultas de pré-natal, realização de exames e orientações sobre o
reconhecimento de paternidade. Entre os motivos acima apresentados,
apenas um não se relaciona diretamente como demanda paterna: a re-
alização de exames. Tendo em vista esses resultados, identifica-se que
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saúde devem pensar em como inserir este pai nos serviços ofertados.
Embora os profissionais não percebam, a não inclusão do pai reforça o
papel deste apenas como provedor familiar e os profissionais acabam
contribuindo, mesmo que indireta e inconscientemente, para a ausên-
cia paterna nos serviços de saúde.
Sobre a avaliação dos serviços oferecidos na unidade básica de
saúde, a maioria dos pais tece avaliações positivas, principalmente de-
vido à rapidez no serviço e ao interesse da equipe pela criança. Con-
tudo, dois pais avaliaram negativamente, utilizando uma justificativa
oposta: a demora para serem atendidos. Parece existir aqui uma crença
compartilhada socialmente sobre a demora nos atendimentos públicos
de saúde e, se considerarmos o contexto masculino de trabalho, pode-
se compreender a preferência pelos serviços de média complexidade.
Contudo, para que haja melhor compreensão das expectativas sobre
os serviços de saúde e sobre a possibilidade de construção de uma
realidade negocida com os usuários, devem-se considerar três níveis
de expressão da realidade, como propõe Oliveira (2011): o universo
real ou as condições concretas vivenciadas pelos atores envolvidos; o
universo simbólico ou representacional expressado por meio das prá-
ticas de adesão ou não aos serviços propostos e, por fim, a realidade
idealizada, que se refere a um plano de julgamento qualitativo ideal
elaborado pelos sujeitos.
À guisa de conclusão
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Referências
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paternidades no cotidiano de
uma unidade de saúde em recife:
traços, curvas e sombras em redes
heterogêneas
Benedito Medrado
Jorge Lyra
Luiza Gomes Dantas
Márcio Valente
Túlio Quirino
Michael Machado
Dara Felipe
Ludmila de Oliveira
Maria Camila da Silva
Symone Gondim
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paternidades no cotidiano de uma unidade de saúde em recife
1 Segundo Andrea Caprara e Lucyla Paes Landim (2008, p. 369), “o diário de campo
é o instrumento básico para o pesquisador que está fazendo uma etnografia. É um
documento pessoal e nele inscrevemos observações, experiências, sentimentos [...]
a função deste instrumento, que é de registrar, de modo mais fiel e detalhado pos-
sível, cada ida ao campo”.
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paternidades no cotidiano de uma unidade de saúde em recife
2 Para Foucault (1995, p. 243), “aquilo que define uma relação de poder é um modo
de ação que não age direta e imediatamente sobre os outros, mas que age sobre sua
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própria ação. Uma ação sobre a ação, sobre ações eventuais, ou atuais, futuras ou
presentes. [...] Ele [o poder] opera sobre o campo de possibilidade onde se inscre-
ve o comportamento dos sujeitos ativos; ele incita, induz, desvia, facilita ou torna
mais difícil, amplia ou limita, torna mais ou menos provável; no limite, ele coage
ou impede absolutamente, mas é sempre uma maneira de agir sobre um ou vários
sujeitos ativos, e o quanto eles agem ou são suscetíveis de agir. Uma ação sobre
ações”. As palavras do autor desencadeiam pensamentos sobre o uso da corrente
enquanto instrumento que incita um dentro e fora, inscreve o campo de possibi-
lidade das ações das pessoas. Pensamos sobre os homens na Unidade de Saúde,
em especial, aos poucos pais que encontramos naqueles lugares: que campos de
possibilidade as ações deles estão inscritas que os incitam a não estarem ou para
estarem naquele lugar?
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paternidades no cotidiano de uma unidade de saúde em recife
3 No total, são cinco homens (um dentista, três vigias e um Agente Comunitário de Saú-
de-ACS) e 31 mulheres (três médicas, três enfermeiras, três auxiliares de enfermagem,
15 Agentes Comunitárias de Saúde-ACS, uma dentista, duas auxiliares de saúde bu-
cal-ASB, uma agente administrativo, uma recepcionista e duas auxiliares de limpeza).
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Aproximações de análise
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Acho! Inclusive elas ficam muito diferentes quando eles tão, elas
ficam mais felizes, e ficam o tempo todo querendo mostrar ‘olha
o coração do bebê!’, não sei o que... É como se eles tivessem dan-
do importância maior àquela gravidez;já teve uma que o marido
vinha toda a consulta, assim, sagradamente, quando eu o via na
recepção, já tinha que providenciar mais uma cadeira porque ele
está junto. E quando o bebê nasceu ele tá aqui até hoje, todo mês
ele vem com o bebê e ela junto! Já vem a família toda! Eh, mas
não é o mais comum... e elas ficam super orgulhosas quando os
companheiros tão juntos, elas fazem questão e pedem: ‘Ó, o meu
marido tá aí, posso pedir pra ele entrar?’... “Pode! Com certeza!
É um direito seu! Leve ele pra fazer o ultrassom!”... Aí elas: ‘Mas
ele num pode, ele trabalha!’ [sic].
Em outro momento, ela insiste que “os que vêm pela primeira
vez dificilmente voltam” e ressalta várias vezes que trata-se de “um
caso extra”, que “é raro”. Porém, quando perguntamos sobre o acom-
panhamento de crianças já nascidas, se lembra:
Tem outro caso que a mãe voltou a trabalhar e o pai é quem traz
todo mês (...) é um marido bem atencioso, ele vem com o celular
na mão e tudo o que eu pergunto a ele, ele fica ligando pra es-
posa pra... pra poder responder [risos], mas pelo menos ele vem,
né? [sic].
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Curvas de (in)visibilidade
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6 Vale ressaltar que os cartazes aqui descritos eram em sua maioria assinados pelo
Ministério da Saúde.
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Linhas de fuga
Todo pré-natal, todo mês eu tava lá, e todo mês era um Raio X que
a gente tirava. Raio X não né, a ultrassom. Todo mês a ultrassom,
todo mês a gente levava pra médica. Sempre fazia o acompanha-
mento, tamanho da barriga, escutar o bebê, fazer tudo [sic].
7 Nome fictício.
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paternidades no cotidiano de uma unidade de saúde em recife
eu ia com ela, acompanhava ela, junto com ela, fazia as perguntas, coisas
que ela não sabia eu perguntava a ela”, diz ele. Segundo Carlos, ele nun-
ca deixou de ir a uma consulta sequer com a mulher, antes e depois do
nascimento do filho. Quando perguntado em relação ao atendimento,
Carlos diz que depende se souberem que ele é o pai ou não: “já aconte-
ceu dela tá só conversando olhando pra mulher, né, no caso pra mãe. Aí
olhando, olhando, olhando, olhando e eu do lado. Ai eu disse “eu acho
que ela não sabe quem é, que eu sou o pai não””.
O parto, ele diz que, apesar da vontade, não pôde assistir:
Foi, no parto eu não pude entrar não, por causa que tava faltando
os materiais, as roupas necessárias pra entrar, tava faltando [...]
Eu até disse “mas rapaz, né lei, a pessoa, o pai entrar?”, ai ela
disse “oia, eu sei que é lei, explicou que a lei era de 2005, ou foi
95, disse que podia entrar, só que não tava com o material [sic].
Considerações finais
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8 O Ministério da Saúde, área Técnica de Saúde da Mulher, desde 2004 passou a uti-
lizar a expressão ‘planejamento reprodutivo’ em substituição à expressão ‘planeja-
mento familiar’ com vistas a englobar as diversas e diferentes experiências da vida
reprodutiva e sexual das pessoas, pois em muitos casos elas não estão planejando
constituir famílias quando buscam exercer seus direitos sexuais e direitos reprodu-
tivos (BRASIL, 2004).
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Referências
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autoras/autores
Benedito Medrado
Doutor em Psicologia Social pela PUC/SP, é docente dos cursos
de Graduação e Pós-Graduação em Psicologia da UFPE e um dos
fundadores do Instituto Papai. É o atual cocoordenador do Núcleo
de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (cadastrado no CNPq
desde 1998), pesquisador do CNPq, presidente da Associação Bra-
sileira de Psicologia Social (ABRAPSO) e secretário geral da Rede
Brasileira de Homens pela Equidade de Gênero (RHEG).
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Jorge Lyra
Doutor em Saúde Pública pelo CPqAM/NESC/Fiocruz e Mestre
em Psicologia Social pela PUC/SP, é docente do Departamento
de Psicologia da UFPE e também um dos fundadores do Insti-
tuto PAPAI. Cocoordenador do Grupo de Pesquisas em Gênero
e Masculinidades (Gema/UFPE), é membro do comitê de éti-
ca em pesquisa do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (CI-
SAM/Universidade de Pernambuco – UPE), vice-coordenador
do grupo de trabalho sobre gênero e saúde da Rede Feminista
Norte-Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre Mulher e Relações
de Gênero-REDOR, bem como membro do Comitê Consultivo/
BVS-Adolec/Bireme-OMS/OPAS do Ministério da Saúde.
Ludmila de Oliveira
Estudante do curso de Graduação em Psicologia da Universida-
de Federal de Pernambuco, é integrante do Núcleo de Pesqui-
sas em Gênero e Masculinidades (GEMA/UFPE). Associada da
Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), partici-
pa voluntariamente do Programa de Iniciação Científica PIBIC/
CNPq 2011/2012.
Luiza Dantas
Estudante do curso de Graduação em Psicologia da Universida-
de Federal de Pernambuco, é integrante do Núcleo de Pesquisas
em Gênero e Masculinidades (GEMA/UFPE). É também asso-
ciada da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) e
bolsista de Iniciação Científica – CNPq.
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Autoras/Autores
Mariana Azevedo
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Per-
nambuco, onde atualmente cursa Mestrado em Sociologia no
Programa de Pós-Graduação de Sociologia. Integra o Grupo de
Estudos em Gênero e Masculinidades e o Grupo de Estudos sobre
Epistemologia feminista na UFPE. Faz parte, desde 2005, do corpo
pedagógico da Organização Não Governamental Instituto Papai.
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Symone Gondim
Estudante do Curso de Graduação em Psicologia da Universida-
de Federal de Pernambuco, é integrante do Núcleo de Pesquisas
em Gênero e Masculinidades (GEMA/UFPE). Associada da As-
sociação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), é bolsista do
Programa de Iniciação Científica PIBIC/UFPE/CNPq.
216
Autoras/Autores
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A P Ê N DI CE
Ro t e i r o d a entrevista
es tr u tu r a d a com a s mã e s
a d o l e s ce n te s
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Apêndice
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Apêndice
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Apêndice
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Apêndice
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o pai está esperando ?
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Apêndice
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o pai está esperando ?
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Apêndice
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o pai está esperando ?
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Apêndice
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Apêndice
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Apêndice
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Recomendamos a reprodução, total ou parcial, desta obra,
desde que não haja fins de lucro e que seja citada a fonte.
Licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.pt
Projeto gráfico: Rita Motta
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