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Engenharia e Ambiente.
Agradeço primeiramente à Deus, que ilumina meus dias na busca de conhecimento e superação.
Às minhas irmãs, Gertrudes Melú e Felicidade pelo sempre apoio incondicional, confiança e
incentivo.
Agradeço à minha família, por acreditarem em mim e pelo entendimento nos momentos
ausentes.
Este trabalho possui como temática principal analisar os problemas da urbanização desordenada
e procurar entender como a sustentabilidade pode vir a ser a solução para as principais questões
da actualidade. Para tanto, partiu-se de um estudo histórico e sociológico, enfatizando as
transformações ocorridas no planeta nos últimos três seculos, em decorrência do
desenvolvimento industrial e do rápido crescimento das cidades. Através dessa pesquisa
demonstrou-se o surgimento da questão ambiental e como ela vem nas últimas décadas,
ganhando importância nas discussões internacionais. Também é abordado o surgimento das
expressões de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, seus significados e aplicabilidade.
Alem de abordar a evolução da visão Moçambicana sobre o meio ambiente, são observados dois
instrumentos a disposição dos gestores públicos para o planeamento urbano sustentável: o plano
Director e o Estatuto das cidades. Nessa perspectiva é apresentado o novo desafio imposto as
cidades, o de crescerem de forma sustentável, utilizando-se dos recursos naturais disponíveis,
sem colocar em risco o uso pelas futuras gerações. A origem do seu planeamento urbano, suas
etapas, o surgimento da preocupação ambiental e a consolidação da imagem de “cidades
sustentáveis e ecológicas” são alguns pontos dessa pesquisa. Finalmente, são elencadas e
discutidas as principais iniciativas em sustentabilidade ambiental desenvolvidos no âmbito da
cidade capital, visando demonstrar como a experiencia da “cidade capital sustentável” pode
servir de inspiração para projetos similares em qualquer outra cidade em Moçambique ou no
mundo.
This work has as main theme to analyze the problems of disordered urbanization and try to
understand how sustainability can become the solution to the main issues of today. To this end, a
historical and sociological study was started, emphasizing the transformations that occurred on
the planet in the last three centuries, due to industrial development and the rapid growth of cities.
Through this research, the emergence of the environmental issue and how it has come in recent
decades has been demonstrated, gaining importance in international discussions. It is also
addressed the emergence of expressions of sustainability and sustainable development, their
meanings and applicability. In order to address the evolution of the Mozambican vision on the
environment, two instruments are observed at the disposal of public managers for sustainable
urban planning: the Master plan and the Statute of cities. In this perspective, the new challenge
imposed on cities is presented, that of growing sustainably, using the available natural resources,
without endangering the use by future generations. The origin of its urban planning, its stages,
the emergence of environmental concern and the consolidation of the image of "sustainable and
ecological cities" are some points of this research. Finally, the main initiatives in environmental
sustainability developed within the capital city are listed and discussed, in order to demonstrate
how the experience of the "sustainable capital city" can serve as inspiration for similar projects in
any other city in Mozambique or in the world.
1.INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2.REVISÃO LITERÁRIA ........................................................................................................ 3
2.1. URBANISMO SUSTENTÁVEL ..................................................................................... 3
2.2. O ESPAÇO URBANO E AS POLITICAS DE PLANEAMENTO URBANO .................. 5
2.3. BREVES CONCEITUALIZAÇÕES ................................................................................ 7
2.3.1. Planeamento................................................................................................................... 7
2.3.2. Planeamento urbano e territorial.................................................................................... 7
2.3.3. Desenho urbano ............................................................................................................. 7
2.3.4. Cidades sustentáveis ...................................................................................................... 8
2.4. CONTEXTO URBANO..................................................................................................... 8
2.4.1. Fatores de sustentação urbana ....................................................................................... 8
2.4.2. Processo de planejamento urbano sustentável ............................................................... 8
2.5. CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA EM MOÇAMBIQUE VERSUS
URBANIZAÇÃO ....................................................................................................................... 9
2.6. O MODELO DE SUSTENTABILIDADE: CIDADE DISPERSA VERSUS CIDADE
COMPACTA (SILVA E ROMERO, 2010).............................................................................. 10
2.7. TRAÇADO E PARCELAMENTO .................................................................................... 15
2.8. PRINCÍPIOS SUSTENTÁVEIS ASSOCIADOS À MORFOLOGIA URBANA ............ 17
2.9. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ............................................................... 19
2.9.1. Monitoramento das cidades sustentáveis .................................................................... 19
3. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 21
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 22
O MEIO AMBIENTE E O PLANEAMENTO URBANO
1.INTRODUÇÃO
O ambiente natural tem sido modelado ao longo da evolução do homem e sua consequente
antropização do espaço. A harmonia do homem com a natureza foi rompida devido ao
crescimento desordenado e sem planejamento, posteriormente agravada do mercado imobiliário
e as consequências da densificação e expansão urbana, e isto gerou a desqualificação de certos
espaços urbanos, bem como o comprometimento do meio natural. O modelo social capitalista é
um dos fatores que tem perpetuado esta situação, pois este passou a usar a natureza de maneira
predatória, comprometendo os recursos naturais e gerando estruturas e resíduos que podem vir a
colocar em risco à sobrevivência equilibrada do ser humano, e sua existência.
Assim sendo, este trabalho versa sobre algumas questões atinentes à arquitetura e ao urbanismo
dentro da ótica da sustentabilidade, buscando interpretar as diversas escalas urbanas e seus
sistemas, as teorias dessas novas práticas de planejamento e o entendimento aplicado nos
conceitos de morfologia existentes. Nesse sentido ainda, a presente pesquisa tem por base a
sustentabilidade urbana e suas ferramentas potenciais aplicadas para a cidade, como alternativa e
nova condição para a urbanização atendendo em simultâneo as questões ambientais.
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1.1 OBJECTIVOS
1.1.1. GERAIS
Compreender o meio ambiente e o planeamento urbano
1.1.2. ESPECÍFICOS
Falar do urbanismo sustentável;
Caracterizar o espaço urbano e as políticas de planeamento;
Dar breves conceitualizações;
Enquadrar o meio ambiente e o planeamento urbano no contexto urbano;
Tecer considerações inerentes ao crescimento da população urbana em
Moçambique versus urbanização;
Falar do modelo de sustentabilidade: cidade dispersa versus cidade compacta
(Silva e Romero, 2010);
Explicar as técnicas de traçado;
Debruçar em torno dos princípios sustentáveis associados à morfologia urbana;
Dar a conhecer os indicadores de sustentabilidade; e
Descrever o monitoramento das cidades sustentáveis.
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2.REVISÃO LITERÁRIA
2.1. URBANISMO SUSTENTÁVEL
2.1.1. Conceito e definições
O conceito de sustentabilidade foi criado por Lester Brown no início da década de 80 no
Worldwach Institute1. Foi definido que “uma sociedade sustentável é aquela capaz de satisfazer
suas necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”. Alguns
anos depois foi utilizado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, através
do Relatório Brundtland de 1986, a mesma definição para apresentar a noção de
desenvolvimento sustentável.
O movimento surge basicamente como resposta ao incontido crescimento dos subúrbios nos
Estados Unidos, espécie de grandes urbanizações que, sem ser cidade ou campo, tampouco
conseguem definir um caráter próprio entre esses extremos que lhes dê um sentido de lugar. Os
subúrbios norte-americanos, fato que ocorre também nas cidades satélites que crescem nas
imediações das grandes cidades venezuelanas, carecem de uma adequada mescla de funções que
permita a um grupo significativo de seus habitantes trabalhar e desenvolver outras atividades
sociais em sua própria vizinhança. As pessoas dependem excessivamente de seus automóveis
privados, porque o transporte público, quando existe, é insuficiente ou não está adequadamente
ligado à rede urbana para acessar facilmente.
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Segundo RUANO (2000), o Urbanismo Sustentável é uma nova disciplina que articulam
múltiplas e complexas variáveis e incorpora uma aproximação sistêmica ao desenho urbano com
uma visão integrada e unificada, trazendo como consequência, a superação da divisão clássica do
urbanismo tradicional e seus critérios formais e estilísticos. A partir desse novo paradigma deve-
se estabelecer uma relação dialética entre o planeamento urbano e o desenho urbano.
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Defendendo um outro conceito dessa linha, GIRARDET (2003) afirma que cidades ecológicas
são aquelas que apresentam um metabolismo circular, onde tudo é planejado e reaproveitado
como um ciclo, onde existe a consciência ambiental dos gestores e dos cidadãos.
De acordo com CAPRA (2002), a chave para se implantar comunidades humanas sustentáveis
é observar os ecossistemas naturais, ou melhor, compreender como eles se organizam a fim de
maximizar sua duração e empregar este conhecimento na construção de assentamentos humanos
duradouros. O diagnóstico para intervenções futuras deve-se basear em princípios ecológicos de
organização, comum a todos ecossistemas os quais desenvolveram para sustentar a teia da vida -
a compreensão sistêmica da vida.
Uma vez estabelecidos certos princípios, eles não se modificam em função de culturas, hábitos,
estilos ou modismos. No entanto, a forma na qual devemos aplicá-los, depende de cada bio
região com seus aspectos físicos (geologia real, topografia e ecologia), culturais e
socioeconômicos. E, assim como o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental,
tradicionalmente é traduzido em normas, neste tema específico podem ser traduzidos em
princípios de sustentabilidade aplicados ao desenho urbano.
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Neste sentido, o planeamento visa orientar a tomada de decisões numa administração pública
garantindo o desenvolvimento econômico e social do município, sua sustentabilidade ambiental e
o favorecimento da inclusão social da população.
Do ponto de vista legal, o estatuto das cidades estabelece directrizes para o planeamento e
desenvolvimento urbano, sendo considerado um marco referencial da trajectória da reforma
urbana que entre os principais instrumentos estão os planos diretores.
Segundo SANTOS (1988) o espaço deve ser considerado como um conjunto indissociável de
que participa, de um lado, certo arranjo de objectos geográficos, objectos naturais e objectos
sociais, e de outro, a vida que os preenche e os anima, a sociedade em movimento. O conteúdo
da sociedade não é (os objectos geográficos), e cada forma encerra uma fracção do conteúdo. O
espaço por conseguinte, é isto: um conjunto de formas contendo cada qual fracções da sociedade
em movimento. As formas tem um papel na realização social.
De acordo com CARLOS (2007) o processo de produção de analise especial da cidade revela a
indissociabilidade entre espaço e sociedade, na medida em que as relações sociais se
materializam em um território real e concreto, assim ao produzir sua vida, a sociedade
produz/reproduz o espaço através da pratica sócio-espacial.
O fenómeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo esta,
exactamente, na transformação qualitativa e quantitativa do espaço habitado. (SANTOS, op.cit)
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O planeamento urbano é uma actividade que remete sempre para o futuro. É uma forma que os
homens tem de tentar prever a evolução de um fenómeno ou de um processo, e a partir deste
conhecimento, procurar se precaver contra problemas e dificuldades, ou ainda aproveitar melhor
possíveis benefícios.
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Nos gráficos acima é possível observar o rápido crescimento da população urbana Moçambicana
ocorrida até o ano passado (2019). Tomando em consideração o ano da independência de
Moçambique (1975), que se obtém fazendo-se uma interpolação pois o valor encontra-se
exactamente entre 1970 e 1980, a população era de 459,0425 habitantes nas zonas urbanas. Ate
2019 a população sobe 7 vezes.
As populações rurais se viram obrigadas a migrar para as cidades em busca de trabalho, renda e
acesso a bens, serviços e equipamentos urbanos, já que o campo não oferecia mais condições de
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Segundo SILVA (1997) a urbanização gera problemas enormes, deteriora o ambiente urbano,
provoca a desorganização social, com carência de habitação, desemprego, problemas de higiene
e de saneamento básico. Modifica a utilização do solo e transforma a paisagem urbana. A
solução desses problemas obtém-se pela intervenção do poder público, procura transformar o
meio ambiente e criar novas formas urbanas. Dá-se, então a urbanização, processo deliberado de
correção da urbanização, ou na criação artificial de núcleos urbanos.
O processo de urbanização gera impactos ambientais e sociais que poderiam ser evitados ou
minimizados mediante um planeamento urbano. Na maioria das vezes o crescimento das cidades
se dá de forma desordenada, ausente de infra-estrutura e propiciando aos habitantes condições
mínimas de vida.
O urbanismo atual das cidades é considerado disperso e gera problemas ambientais, face ao
espalhamento da malha urbana sobre a paisagem natural, eliminado florestas, se apropriando dos
recursos naturais, aumentando a demanda por consumo e energia, produzindo resíduos em
excesso como resultados do modelo de consumo. A dispersão urbana exige intenso uso de
veículos para transporte de mercadorias e pessoas (em âmbito local, urbano, regional, nacional e
internacional) que acarretam a poluição do ar através da emissão de gases provenientes de
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combustíveis fósseis nos diversos meios e redes de transporte, bem como da impermeabilização
do solo decorrentes da pavimentação excessiva, que além de exercer sérios danos ao ciclo
hidrológico, proporciona enchentes face à deficitária infraestrutura urbana, bem como impacta o
clima urbano de forma considerável.
Como movimento urbano alternativo a esse panorama, discussões são postas sobre a realidade
vigente das cidades, questionando e propondo modelos urbanos que correspondam às novas
necessidades ambientais e de qualidade sustentável. Sobre essa lógica de compacidade,
ROGERS (2001) propõe a redução das distâncias urbanas como incentivo ao caminhar do
pedestre ou ao uso de bicicletas. ACSELRAD (2004) por sua vez, propõe, além da compactação
urbana, a descentralização dos serviços, partindo das áreas centrais para as periferias, o que
promoveria um espaço urbano menos segregado e mais igualitário. Para o autor, é vital a
inclusão das áreas periféricas na cidade formal, estabelecendo a distribuição dos serviços e
equipamentos urbanos, integrando centro e periferia, bem como o público e o privado. Porém, o
autor toca na questão da necessidade de controle demográfico paralela às mudanças no processo
de gestão urbana.
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pedestre e bicicleta, sobrepõe funções e induz à diversidade. Fonte: ROGERS, 2001 por SILVA
e ROMERO, 2010
Tabela 1 - Comparação dos modelos de cidade difusa e compacta desde o marco da unidade
sistema entorno: pressão sobre os sistemas de suporte por exploração. Fonte: RUEDA, 1991 por
SILVA e ROMERO, 2010.
Tabela 2 - Comparação dos modelos de cidade difusa e compacta: pressão sobre os sistemas de
suporte por impacto. Fonte: RUEDA, 1999 por SILVA e ROMERO, 2010.
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As conexões no sistema urbano das cidades difusas se realizam através das redes viárias, as quais
promovem a dispersão urbana, pois se transformam em um verdadeiro estruturador do território.
O produto desse formato urbano é um espaço segregado que separa socialmente a população no
território disperso. Esta imposição de transporte e locomoção em grandes distâncias implica em
inúmeros transtornos: congestionamentos, emissão de gases, ruídos, acidentes e aumento do
tempo no transporte de pessoas, serviços, materiais e mercadorias. As soluções para a crescente
demanda urbana consistem no aumento do sistema viário, agravando com isto a dispersão
territorial e o consumo de energia.
O modelo de cidade compacta oferece uma forma estrutural de utilização do subsolo urbano,
facilita a ordenação pela proximidade e pela sua maior regularidade formal. O transporte público
pode ser mais racional e eficiente, reduz o número de carros e libera o tráfego das ruas. Este
modelo melhora a paisagem urbana e o espaço público e, ao mesmo tempo, não causa tantos
impactos como os observados nas cidades difusas. (SILVA e ROMERO, 2010.)
Ainda segundo Rueda, a análise da diversidade que permite a ideia do mix e das densidades de
usos e funções nas trocas de informação em um espaço concreto verifica que os portadores de
informação nas cidades difusas são homogêneos, limitadas e lineares, enquanto que nas
compactas o número de portadores de informação é elevado e diversificado. Assim, “(...)
aumentar a diversidade é impregnar à cidade de oportunidades, trocas de informação, a
diversidade gera estabilidade oferecendo condições de fluxo”.
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Figura 4 - Mapa figura-fundo, ferramenta de identificação das relações entre domínios público e
privado. Fonte: Arquivo pessoal, 2007.
Para PANERAI, o parcelamento das quadras está intrinsecamente ligado à questão fundiária e
formação dos lotes. A parcela não é um terreno a ser ocupado de quaisquer maneiras, mas uma
unidade de solo urbano organizado a partir da rua, elemento básico deste estudo. A observação
dos grafos nos possibilita identificar os limites das propriedades e a implantação dos edifícios. A
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Figura 6 - Mapa figura-fundo, ferramenta de identificação das relações entre domínios público e
privado. Fonte: Arquivo pessoal, 2007.
Paisagem e, assim como nos ecossistemas, fazem parte de um sistema integrado onde tudo é
interligado e reaproveitado - como um ciclo. Tudo que sai do sistema de produção deve ser
reaproveitado, através de sistemas circulares de água, esgoto, energia e alimentos, reduzindo o
impacto sobre o meio ambiente e aumentando o rendimento geral da comunidade.
Explorando a cidade como um organismo vivo, REGISTER (2002) faz uma analogia da
anatomia da cidade com a anatomia humana. As ruas, redes de água, esgoto, drenagem e gás
funcionam como o Sistema Circulatório, a arquitetura com seus elementos verticais funciona
como apoio, similar ao Sistema Esquelético, os alimentos e os combustíveis funcionam como o
Sistema Digestivo, que transformam a energia armazenada. Os sistemas de tratamento de água
ou compostagem funcionam com um Sistema de Filtragem e Reciclagem e, os lixos
incineradores e saídas de esgotos atuam como o Sistema de Excreção. Este tratamento pode ser
interessante para efeitos de educação ambiental da população, mas para o urbanismo o
desempenho das atividades tem que estar associado à morfologia, no lugar ou sítio em que cada
cidade está implantada.
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A anatomia do habitat construído é essencial para suavizar ou conectar cada uma dos
condicionantes do desenvolvimento de uma cidade. Funciona como um organismo que move a
maior parte da riqueza e consumo e organiza as tecnologias para maximizar trocas e minimizar
deslocamentos. A qualidade e o conteúdo das trocas no meio ambiente são determinados pelo
espaço urbano por meio da forma física e arranjo de suas partes num entendimento sistêmico.
O desenho das ruas, ou mais precisamente, a morfologia urbana é o elemento estruturador dessa
anatomia. Entretanto, se as ruas forem projetadas visando o máximo de aproveitamento da
mobilidade humana, a morfologia torna-se menos importante, pois pedestres exigem menos
infraestrutura. Torna-se inevitável, porém, associar o layout às estratégias de redução de impacto
dos sistemas de infraestrutura, uma vez que esses sistemas constituem um meio de ligação
significativa (subterrânea) entre a cidade e o meio natural. Cabe ao projetista então uma série de
estratégias ou princípios associados à morfologia para assegurar a sustentabilidade ambiental.
No entanto, até chegar a forma ideal para essas “Eco cidades”, que dependem essencialmente do
local em que estão inseridas, é imprescindível estabelecer alguns princípios norteadores para a
sua construção.
Existem autores que já estabeleceram alguns princípios tais como: Paolo Soleri na década de 60
para a construção de Arcosanti, Bill Mollisson com os princípios da Permacultura nos anos 70,
Paul Downton para Ecopolis em 1998, Willian Mc Donough Associates para a Feira Mundial de
Hanover em 2000, etc.
Os princípios para Ecópolis do australiano Paul Downton de 1997 são uma evolução dos
princípios da Permacultura para o desenho de cidades. Tais princípios são apontados por
REGISTER (2002): restaurar terras degradadas, adequar-se a bio-região, desenvolvimento
equilibrado, conter a expansão urbana (criar cidades compactas), otimizar o desempenho
energético, contribuir para a economia, proporcionar saúde e segurança, instaurar um sentido de
comunidade, promover a equidade social, respeitar a história, enriquecer a paisagem cultural e
curar a Biosfera.
DAUNCEY (2001) coloca que existem alguns princípios que podem orientar a implantação e
recuperação de comunidades com impactos significantes e de longo alcance no seu
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Na verdade esses princípios não podem ser relevantes para todo empreendimento local, mas eles
formam uma estrutura sistêmica e integrada que nos ajudam a entender o potencial para
implantar assentamentos urbanos sustentáveis, que precisam ser considerados.
Segundo ROMERO (2002), cada escala é capaz de identificar diferentes tipos de estrutura
ambiental, por meio de sua vulnerabilidade e alternativas de uso, assim como, os níveis de
degradação ambiental, os aspectos de diversidade ambiental, de socioeconômica, de estética e de
cultura. Para a autora, são quatro as escalas de análise: a grande dimensão das estruturas urbanas,
a escala intermediária da área, as dimensões específicas do lugar e do edifício.
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3. CONCLUSÃO
A presente pesquisa buscou compreender os cenários e as respectivas condicionantes e
configurações urbanas, a partir de então, demonstrar caminhos alternativos para um urbanismo
sustentável factível em âmbito nacional. A partir de um repertório teórico e de análises correlatas
de cidades, teorias, conceitos e formas de planeamento e gestão urbana, compreendeu-se que
alguns preceitos urbanísticos recorrentes podem ser aplicados às cidades Moçambicanas, com o
intuito de torná-las menos impactantes ao meio e ao sistema-entorno, promovendo-se ainda a
qualidade de vida, melhor saúde ambiental e a coesão social, entre outros benefícios urbanísticos
possíveis.
Não só, mas como também o planeamento urbano assegura que os planos de uso do solo,
desenvolvimento de serviços básicos e o planeamento da infra-estrutura sejam geograficamente
conectados e com implementação coordenada podendo combinar assim, planeamento e desenho
com mecanismos de financiamento apoiados em regras e regulamentações apropriadas.
Também, um bom desenho urbano contribui para a sustentabilidade, habitabilidade e potencial
económico de uma cidade. Promove cidades compactas e controla e espraiamento urbano,
desenvolvendo estratégias de densificação progressivas e integradas, com quantidade suficiente.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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urbanas. 2ª edição. Rio de Janeiro, Ed. Lamparina, 2009.
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A duração das cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. Rio de Janeiro:
DP&A, 2001.
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indicadores de sustentabilidade urbana / Elena Florissi. Recife: O Autor, 2009.
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Paranoá: cadernos de arquitetura e urbanismo da FAU-UnB. Ano 6, n. 4
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10. RUEDA, Salvador Palenzuela. Modelos e Indicadores para Ciudades más Sostenibles:
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