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Anais do Congresso Brasileiro de

Patologia das Construções - CBPAT


2018
Abril de 2018
ISSN 000-0000

ANÁLISE DA VIDA ÚTIL DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS

CLARISSA.SOUZA ANA FLÁVIA. CRUZ


Engenharia Civil, mestranda PROAC Engenheira Civil, mestranda PROAC
Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora
Juiz de Fora/ MG; Brasil Juiz de Fora/ MG; Brasil
clarissajf@yahoo.com.br ana.cruz@engenharia.ufjf.br

BELAYNE.MARCHI MARIA TERESA. BARBOSA


Engenheira Civil, mestranda PROAC Professora, D.Sc.
Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF/ Construção Civil
Juiz de Fora/ MG; Brasil Juiz de Fora/ MG; Brasil
belaynez@hotmail.com teresa.barbosa@engenharia.ufjf.br

RESUMO

Considerando os impactos ambientais e econômicos que os materiais e componentes empregados na


construção civil podem causar durante seu ciclo de vida, o aumento da vida útil destes inserindo-os no
conceito de desenvolvimento sustentável torna-se imperioso. A durabilidade não é uma qualidade intrínseca
de um material, mudanças nos detalhes do processo que proporcionem maior proteção ao componente
contra os fatores de degradação podem aumentar a sua vida útil sem alterar significativamente a carga
ambiental total. Podemos considerar esses aspectos como uma questão muito mais baseada em
conhecimento do que em recurso pois é possível aumentar a vida útil sem aumentar o impacto ambiental
durante a fase de produção. Atualmente a indústria da construção não apresenta um nível de
sustentabilidade coerente com sua importância de consumo na economia do pais. Nesse contexto esse
trabalho visa analisar a durabilidade durante o ciclo de vida de materiais ditos “ecoeficiente” e/ou “ecológico”
buscando-se descrever interação da vida útil no ciclo de vida. Para tanto empregou-se uma pesquisa
exploratoria por meio de levantamentos bibliograficos de dados qualitativos visando proporcionar maior
familiaridade com o problema em estudo. Esse trabalho auxilia, portanto, as tomadas de decisões para o
setor da construção civil baseado tanto no aspecto ambientais (durabilidade do material) quanto nos
aspectos econômicos (custo do ciclo de vida).
Palavras-chave: Construção civil. Ciclo de vida. Durabilidade. Materiais sustentáveis

ABSTRACT

Considering the environmental and economic impacts that materials and components used in construction
can cause during their life cycle, increasing their useful life by inserting them into the concept of sustainable
development becomes imperative. Durability is not an intrinsic quality of a material, changes in process
details that provide greater protection to the component against degradation factors can increase its useful
life without significantly changing the overall environmental load. We can consider these aspects as a much
more knowledge-based issue than in resource as it is possible to increase the useful life without increasing
the environmental impact during the production phase. Currently the construction industry does not present a
level of sustainability consistent with its importance of consumption in the economy of the country. In this
context, this work aims to analyze the durability during the life cycle of "ecoefficient" and / or "ecological"
materials, aiming to obtain minimum guidelines that guarantee the increase of the useful life at a competitive
cost. In order to do so, an exploratory research was carried out through bibliographical research of qualitative
data in order to provide greater coupling with the problem under study. This work therefore helps decision
making for the construction sector based on both the environmental (durability of the material) and economic
(life cycle cost) aspects.
Keywords: Construction. Life cycle. Durability. Sustainable Materials

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente a Sustentabilidade é um termo utilizado para designar o bom uso dos recursos naturais no
planeta e está relacionado constantemente com aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da
sociedade humana. Alcançar a sustentabilidade implica em caminhar rumo ao desenvolvimento sustentável,
porém a abordagem do combate às causas da insustentabilidade parece não avançar no mesmo ritmo. A
Sustentabilidade propõe-se a ser um meio de esculpir a sociedade, de tal forma que os seus membros e as
suas economias preencham necessidades no presente, e ao mesmo tempo preservando a biodiversidade e
os ecossistemas naturais.

Dessa forma, com o intuito de atender a proposta de sustentabilidade as empresas e a sociedade precisam
cuidar da extração dos recursos naturais não-renováveis, através de uma adequada administração, que
considere também os ecossistemas envolvidos e inclua sua capacidade de reabilitação, conciliando uma
relação benéfica junto ao meio-ambiente. Portanto, a questão chave para as empresas, é: Como definir e
aplicar estratégias para garantir seu desenvolvimento sustentável? Nesta concepção, devido ao fato dos
problemas ambientais estarem associados à produção industrial, torna-se necessário laborar e aplicar
conceitos de ecoeficiência.

A inserção de praticas de ecoeficiencia e uma maneira de ultrapassar o desempenho da concorrencia e se


adequar as exigencias futuras, produtos ecoeficientes são aqueles feitos para ajudarem o consumidor a usar
menos recursos naturais portanto para ecoeficiencia ser atingida é necessario que três conceitos basicos
sejam aplicados: a redução de consumo de recursos naturais,redução de impactos na natureza e aumento
da produtividade agregando valor ao produto (BCSD Portugal, 2004).Desta maneira atuações simples
podem ser realizadas para promover a inplantação da ecoeficiencia como maximizar os recursos
renovaveis, extensão do ciclo de vida do prodtudo prolongando a durabilidade do mesmo e Intensificação da
reciclagem de materiais agregando valor aos bens e serviços.

Portanto a implementação da ecoeficiencia é benefica devido a otimização dos processos trazendo


economia de recursos redução de impactos e custos,cooperação entre as empresas para revalorizar os
subprodutos e residuos mirando o disperdicio zero,produtos com maior rentabilidade e
funcionalidade,mercados mais sustentavéis com o avanço das inovações e utilização de benchmark
(WBCSD ,1998). Além das vantagens citadas que beneficiaram o setor privado ,a ecoeficiencia pode apoiar
os governos a conceber uma estrategia nacional para desenvolvimento sustentavel, sendo assim a
economia e a qualidade de vida continuaram a crescer enquanto a utilização dos recusros naturais e a
poluição diminuirão.

Assim, a gestão ambiental assume novas caracteristicas tornando-se pro ativa e não mais reativa,
localizando conveniências, a interação e a interdisciplinidade e não mais resaltando temas isolados.
Contudo,faz-se necessario a utilização de o máximo de instrumentos tecnicos de controle e monitoramento
ambiental, além do desenvolvimento e estabelecimento de uma larga base de conhecimento sobre meio
ambiente e recursos naturais .

Durante a avaliação da ecoeficiência de um material mede-se impactos ambientais deste, do berço ao


túmulo, fazendo uso do procedimento conhecido como Análise do ciclo de vida (ACV) que foi empregada
pela primeira vez nos EUA, avaliando recursos requisitados para emissões e produção de resíduos
causados por diferentes pacotes de bebidas sendo realizada pela empresa Midwest Research Institute para
a Coca-Cola Company em 1969 (HUNTet al, 1996).

A análise do ciclo de vida (ACV), apesar de ser ampla e até mesmo complexa, pode ser considerada uma
das mais apropriadas, pois através desta ferramentas podemos coletar dados e interpretar resultados
buscando soluções para problemas ambientais globais, uma vez que inclui todas as etapas do ciclo de vida
HINZ,2008).

A aplicação da ACV foi regulamentada internacionalmente em 1996 sob ISO14040, detalhes adicionais
relativos aos métodos são fornecidos nas normas complementares: ISO 14041, ISO 14042 e ISO 14043, em
relação às várias fases da ACV (NBR 14040, 2001). Algumas das maiores desvantagens da ACV é a

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depedencia de uma grande disponibilidade de tempo,implicando grandes quantidades de dados sobre os
impactos ambientais dos materiais para todas as fases da vida ciclo (TORGAL,2011).

Para que se dê início a avaliação de ciclo de vida (ACV) faz-se necessarios caracterizar as etapas descritas
no fluxograma ilustrado pela Figura 1, especificando todos os fluxos de material e energia que entram e
saem do sistema. O diagrama simplificado exemplifica os principais fases do ciclo de vida do produto. O
primeiro passo é a aquisição de matéria prima (extração de recursos naturais) (1). No segunda fase a
matéria prima é processada para obtenção dos materiais ou peças de, por exemplo, plástico ou cimento e
estes materiais já processados são então transformados em produtos, no estágio de manufatura do produto
(2). Depois destas etapas, ocorre a embalagem e o transporte, que podem ou não ser de responsabilidade
do fabricante (3), o uso (4) e o descarte ou a reciclagem (5) (RIBEIRO ,2003).

Figura 1 – Fluxo do processo d e análise do ciclo de vida (ACV).

Fonte: Ribeiro,2003

A analise do cicclo de vida, portanto propõe uma análise bastante complexa, com muitas variáveis. Por tal
motivo, há uma estrutura formal, dividida em etapas. Segundo Ribeiro (2003), para a realização de uma
avaliação do ciclo de vida de um produto precisamos definir os objetivos,limites de estudo e unidade
funcional;realizar um inventario de entradas e saidas de energia e materiais relevantes para o sistema e
finalmente avaliar os impactos devidos às emissões identificadas e ao consumo de recursos naturais e
interpreta os resultados da avaliação de impacto com a finalidade de implantar melhorias no produto ou no
processo.

O ultimo estagio da ACV, vide Figura 1 ,usualmente não considerado pelo fabricante, mas será no futuro
abordado devido à expansão das atividades envolvendo leasing e devolução ao mesmo .O segundo e o
terceiro estágios são vistos como aqueles onde haverá a maior responsabilidade ambiental da indústria,
mas a visão crescente dentro e fora das corporações consiste num produto ambientalmente responsável
minimizando seus impactos ambientais em todos os seus cinco estágios.(RIBEIRO ,2003).

O ciclo de vida ajuda na tomada de decisão muitas vezes produto aparentemente barato a médio prazo
pode ter altos custos de gerenciamento e manutenção. Ao contrário, pode ser que, quando considerarmos
todo o ciclo de vida, materiais com emissões significativas de CO2, como concreto, podem ver suas
emissões reduzidas dando-lhes uma segunda vida como um material de preenchimento em infraestrutura,
com um duplo efeito. Portanto, é fundamental aplicar a visão do ciclo de vida e levar em conta os custos
econômicos e ambientais ao identificar a tecnologia mais ecoeficiente (BRIBIÁN et al, 2011)

Devido a consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável, a durabilidade passou a ser enxergada


de uma nova forma, pois o aumento na vida útil é uma forma direta na diminuição do impacto ambiental, o
que possibilitou o surgimento de novas pesquisas na área indicando que a durabilidade e a previsão de vida
útil têm dimensões ambientais muito importantes (JONH,2016). Portanto aumentar a durabilidade dos
materiais é uma opção para desvincular o consumo do desenvolvimento e reduzir as cargas
ambientais,esse objetivo pode ser alcançado estudando e analisando a influencia da durabilidade no ciclo
de vida de modo que garantam o aumento da vida útil a um custo competitivo.

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Esse trabalho aborda a importância da ligação entre a vida útil e a durabilidade dos materiais dentro da
analise do ciclo de vida, considerando que na sociedade atual que vivemos os produtos têm uma vida útil
limitada e saber quanto tempo vai durar um produto pode ajudar a programar a amortização,contabilizar os
possivéis reparos e evitar a obsolescência da empresas que incentivam um aumento do consumo atual
atráves do controle da vida util do produto gerando maior lucro. Portanto, o objetivo deste trabalho é
fortalecer o enfoque da sustentabilidade ambiental. Assim sendo, procura-se analisar os itens durabilidade,
vida util e análise do ciclo de vida (ACV).

O procedimento metodologico consite numa pesquisa exploratoria através de levantamentos bibliograficos


com dados qualitativos visando proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito e construir hipóteses, abordando análises e exemplos que estimulem a compreensão.Uma vez
estabelecida a base, o campo recém-explorado, obteremos mais informações atraves de uma investigação
descritiva, definida como tentativas de explorar e explicar ao fornecer informações adicionais sobre um
assunto, preenchendo as partes em falta e expandindo nossa compreensão.

2. ECOEFICÊNCIA DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

2.1 Considerações Iniciais

A integração dos aspectos: ambiental, econômico e social possibilitam relacionar competitividade e


desenvolvimento sustentável, que se utiliza da ecoeficiência como ferramenta. A ecoeficiência refere-se
inserção do produto no mercado a preços competitivos satisfazendo as necessidades humanas atuais e
futuras, enquanto ocorre a redução da intensidade de recursos e impactos ecológicos em todo o ciclo de
vida (ELCOCK, 2007).

Os produtos ditos ecoeficentes passaram a receber rótulos ambientais evidenciando que o produto possui
padrões ambientais certificados por entidades regulamentadoras (TORGAL, 2011). Os programas de
rotulagem cresceram rapidamente entre os países da OCDE (Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) que os utilizam como instrumento para políticas ambientais e para incentivo
de mudanças nos padrões de consumo e produção. A rotulagem pode ser vista como um meio de
comunicação do mercado com o consumidor (vide tabela1).

Tabela 1 – Tipo de Rotulagem


Tipo de
Norma ISO Descrição:
Rotulagem
Esta Norma relaciona princípios e procedimentos para o
desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental
(Rótulos ecológicos certificados), são programas
Tipo I NBR ISO 14024 independentes e voluntários baseado em critérios para atribuir
rótulos aos produtos permitindo relacionar produtos da mesma
categoria com base no desempenho ambiental em
consideração ao ciclo de vida procedido
Esta Norma especifica os requisitos para auto declarações
ambientais, São declarações desenvolvidas pelos fabricantes,
Tipo II NBR ISO 14021 importadores ou distribuidores de modo a comunicar
informação sobre um único aspecto ambiental dos seus
produtos ou serviços.
Esta Norma informa declarações ambientais de produtos EPD,
disponibilizam informação normalizada de LCA sobre um
produto ou serviço, através de diagramas que apresentam um
Tipo III NBR ISO 14025
conjunto de indicadores ambientais relevantes (aquecimento
global, consumo de recursos, produção de resíduos, entre
outros), acompanhado de uma interpretação da informação
(Fonte: adapatado Lemos e Barros,2006)

Salienta-se que as rotulagem do tipo III também conhecidas como EPD (Environmental Product Declaration)
são um relatório que contém informações quantitativas de impactos ambientais associados a um
determinado produto ou processo, baseado na metodologia de avaliação de ciclo de vida. Pode-se obter as
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seguintes informações a cerca das categorias de impactos ambientais: os recursos não renovavéis e
renovavéis, aquecimento global, distruição da camada de ozonio, acidificação, formação de oxidantes
fotoquimicos, eutrofização. Logo, os EPD possuim a vantagem de fornecer informações sobre o
desempenho ambiental dos produtos,estimular a oferta e procura dos produtos com menor impacto
ambiental ao longo do ciclo de vida,induzir melhoria no perfil ambiental do produto. (BRAGANÇA,2011).

Os indicadores de sustentabilidade das certificações devem refletir as alterações nos atributos de


produtividade, resiliência, estabilidade e eqüidade. Devemos ressaltar que não existe indicadores
universais, mas sim que cada sistema, dependendo de suas categorias e elementos específicos, assim
como dos descritores relacionados, terá seu próprio conjunto de indicadores.Os indicadores devem ser
eficientes e não exaustivos. Um critério geral para a seleção de indicadores é que estes devem ser capazes
não apenas de sinalizar a existência de uma degradação no sistema mas, também, de advertir sobre
eventuais perturbações potenciais.

No que se refere a industria de cimento, trata-se de um modelo, responsável por 5% das emissões de CO2
no mundo, a produção global de cimento pode se tornar mais sustentável graças à pesquisa científica e a
inovações tecnológicas baseadas nos estudos do ciclo de vida. No Brasil, a participação da indústria
cimenteira nas emissões de CO2 é metade da média mundial, cerca de 2,6%. Para cada tonelada de
cimento produzida no Brasil são emitidos 600 kg de CO2, o que está abaixo da média mundial, de cerca de
900 kg por tonelada, mas ainda representa um desafio se considerarmos que a produção precisa ser
incrementada diante das diversas demandas pelo produto. Apesar das variações ao longo do tempo, há um
decréscimo de 1% das emissões ao ano (ALMEIDA,2012).

Atualmente algumas empresa produtoras de cimento realizam a analise do ciclo de vida dos seus produtos,
através da certificadora EPD (Environmental Product Declaration), que através da ACV estimativas dos
impactos ambientais por fases e em totalidade. Por exemplo, para o cimento Portkand: CP II E 40, CP III-40
RS, CP V-ARI, na análise do ACV adotou-se uma PCR (Regras de Categoria de Produto) estas regras
estabelecem os pré-requisitos metodológicos e específicos para estimar e relatar os impactos ambientais de
ciclo de vida de um produto na forma de declarações ambientais de produto.O PCR utilizado utilizou um
ciclo dividido em três categorias (fornecimento de materia prima, transporte e processos) as categorias
também foram subdividas em estagios como mostra figura 2.

Figura 2 – Estagios do ciclo de vida do PCR.

(fonte: Environmental Product Declaration,2016)

Desse modo podemos verificar que o ACV preocupa-se com a preservação ambiental aliada ao
desenvolvimento tecnológico e tem como função transformar os fluxos de materiais de forma cíclica e
ecológica, de modo a englobar desde a captação dos recursos naturais até o descarte final (HINZ, 2007).

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A figura 3 avalia o potencial de aquecimento global pelas emissões de CO2 realizado por cada produto
cimenticios CP II E 40, CP III-40 RS, CP V-ARI. Nota-se que o CP III e CPIV possuim um emissão de CO2
no processo produtivo muito menor. O consumo total e o impacto ambiental são reduzido
consideravelmente para os cimentos com adições.

Figura 3 – Comparativo de Emissão de CO2 de cimento .

(fonte: Environmental Product Declaration,2016)

Salienta-se que a análise do ciclo de vida tornou-se uma ferramenta de apoio à decisão usada pelos
fabricantes, fornecedores, clientes, decisões políticos e outros interessados (JESWANI et al., 2010). A
montagem de uma fábrica de cimentos no estado de Rondônia localizada a 20 quilômetros do centro da
capital Porto Velho exemplifica bem ações tomadas observando-se o ciclo de vida do produto,a fábrica que
geraria grande problemas, seja escassez local de matéria prima para produção do cimento seja pelo custo
de transporte do cimento das fábricas já estabelecidas e em operação até a unidade de consumo. Para
otimizar os efeitos produz-se sinteticamente argila calcinada que reduz as emissões de CO2.

Outro material construtivo amplamente dessiminado é o concreto usinado; estima-se que anualmente são
consumidas 11 bilhões de toneladas de concreto, segundo a Federación Iberoamericana de Hormigón
Premesclado (FIHP), aproximadamente, um consumo médio de 1,9 tonelada de concreto/ habitante/ ano,
valor inferior apenas ao consumo de água. No Brasil, o concreto que sai de centrais dosadoras gira em
torno de 30 milhões de metros cúbicos (PEDROSO,2009). A EPD fornece também fornece informações
sobre a certificações de produção de concreto usinado, vide tabela 2 (a unidade avaliada é 1m3 de
concreto).

Tabela 2– Impactos ambientais da produção do concreto


Matéria prima /
Parâmetros Unidades
Fabricação
Potencial de aquecimento global Kg-CO2-eq. 2,17E+02
Potencial de depleção da camada de ozônio estratosférico Kg-R11-eq. 8,36E-09
Potencial de acidificação da água Kg-SO2-eq. 7,81E-01
Potencial de eutrofização Kg-PO43-eq. 7,82E-02
Potencial de formação de oxidantes fotoquímicos de ozônio troposférico 5,66E-02
Kg-ethene-eq.
Potencial de depleção abiótica para recursos não fósseis Kg-Sb-eq. 7,60E-04
Potencial de depleção abiótica para recursos fósseis MJ 1,44E-03
Energia primária não renovável como transportadora de energia MJ 1,44E+03
Uso total de recursos de energia primária não renováveis MJ 1,44E+03
Uso de material secundário [kg] Kg 1,36E+01
Uso de combustíveis secundários não renováveis [MJ] MJ 3,54E+02
Uso de água fresca líquida m3 1,58E-03
(fonte: adaptado EPD-Miistura pronta de concreto,2014)
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Seja qual for o produto examinado, a durabilidade está relacionada com as tecnologias e processos de
produção e com o consumidor considerando as decisões que também tem relação ao fim de vida do
produto. A influência do comportamento do consumidor sobre a durabilidade do produto é decisivo, na
medida em que o produto é usado pode comprometer ou limitar a vida útil do mesmo, em comparação com
o que é esperado pelo produtor. (De Saxce et al., 2012).

2.2 Vida útil dos materiais

Pode-se descrever a durabilidade como a capacidade do material ou componenete desempenhar sua


função ao longo do tempo, considerando uso e manutenção adequada .Com essa definição é possível
perceber que não existe uma relação específica entre a natureza do material e/ ou produto e a sua
durabilidade, pois as condições que o caracterizam estão ligadas às condições de exposição que podem
determinar os mecanismos pelos quais ocorre a degradação dos materiais.

Dentro deste sistema existem fatores que precisam ser considerados para avaliar completamente os
potenciais benefícios da durabilidade prolongada do produto, incluindo limites práticos a partir dos atuais
métodos de fabricação, implicações de custos das mudanças nos materiais, componentes e fabricação para
ampliar a vida, taxas de inovação que poderiam prolongar a vida de produtos obsoletos e ineficientes e
mudanças no hábito de compra dos consumidores, bem como suas expectativas sobre o desempenho para
diferentes tipos de produto. (IRALDO,2017)

O aumento da durabilidade é uma opção para desvincular o consumo do desenvolvimento e abreviar as


cargas ambientais, é também uma forma de aumentar a vida útil dos produtos o que resulta em uma
diminuição de consumo de matérias primas e reduz a quantidade de resíduos (JOHN et al,2016). Vale
ressaltar uma comum confusão entre os conceitos de durabilidade e vida útil. Na verdade a vida útil é
quantificação da durabilidade, essa por sua vez pode ser considerada como o tempo em que o material se
comporta de forma significativa, desempenhando adequadamente sua função.

Devido à crescente preocupação com a durabilidade têm surgido inúmeros documentos que exploram a
utilização de métodos para a previsão da vida útil. Apesar dos muitos esforços feitos nesta área e dos vários
temas abordados serem cada vez mais específicos, o seu conteúdo parece ser bastante geral, sem bases
suficientes de aplicação. Em diversos estudos constata-se que a previsão de durabilidade e vida útil está
sujeita a muitas variáveis e, por isso, não pode ser uma ciência exata. Os resultados devem ser tratados
como uma indicação do que será a vida útil, quando se tem em consideração os fatores e circunstâncias
reais que influenciam a durabilidade e vida útil.

Segundo Hovde (2004) os principais métodos utilizados para a estimativa da vida útil podem possuir três
abordagens diferentes,a saber: a primeira, baseada no método determinísticos (estudo dos fatores de
degradação que afetam os elementos estudados, na compreensão dos seus mecanismos de atuação e na
sua quantificação traduzida em funções de degradação); a segunda (define a probabilidade de ocorrência
de uma mudança de estado do elemento, procurando descrever a evolução da degradação e as respectivas
incertezas decorrentes dos períodos de tempo considerados; e por fim, os métodos de engenharia surgem
de forma a conciliar as vantagens dos métodos anteriores. (SANTOS,2010)

Estes métodos são de fácil compreensão, mas são alvo de várias críticas quanto à simplicidade com que
abordam fenômenos complexos, como é o caso de degradação. Apesar de promissores, estes métodos
ainda não têm uma grande aplicabilidade, pois seus dados são bastante complexos, necessitarem de
grande quantidade de informação para serem confiáveis e ainda possui grande dependência do trabalho de
campo.

Dentro deste contexto, observa-se que a vida útil não tem sido analisada dentro do ciclo de vida, por
exemplo, no estudo da influência da vida útil para postes de madeira e de concreto. Os resultados da ACV
analisados juntamente com a aplicação do método determinístico, auxilia na tomada de decisão na
especificação dos materiais, por exemplo, postes de madeira possuem uma vida útil estimada em 15 anos
enquanto que os postes postes de concreto em 25 anos, se considerar a variabilidade dos valores de vida
útil estimados na ACV, observa-se que os impactos ambientais variam proporcionalmente. Por exemplo,
caso os postes durarem mais tempo, será necessária uma taxa menor de substituição, portanto menos
recursos serão consumidos e consequentemente os impactos ambientais serão reduzidos (SOUSA, 2014).

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Segundo Sousa (2014), os resultados quantitativos da ACV sofreram uma variação em função do parâmetro
tempo de vida útil de até 50%, influenciados por determinadas situações especificadas,portanto conclui que
para desenvolver uma avaliação de ciclo de vida, o valor do tempo de vida útil mais condizente com a
realidade é imprescindível. Observou-se que os potenciais impactos ambientais dos postes podem ser
reduzidos ou aumentados numa proporção que depende do tempo de vida útil atribuído para estas
estruturas. Desta maneira, o prolongamento do tempo de vida útil dos postes, por fatores como qualidade
do material, adequações de projeto, manutenção periódica entre outros, é uma forma efetiva de redução
dos impactos ambientais (FANTINI,2012).

3. ESTUDO DA DURABILIDADE DO PRODUTO SUSTENTAVÉL

Muitas são as formas de se buscar o desenvolvimento sustentável. Atingi-lo implica promover ações
sinérgicas. Trabalhar a sustentabilidade dos materiais constitui desenvolver produtos adequados aos usos a
que serão submetidos; que proporcionem ao ser humano um ambiente saudável, confortável, seguro,
confiável e durável e que, portanto, atendam às necessidades e anseios da sociedade com relação à
qualidade de vida. Durante sua utilização, os produtos devem proporcionar facilidade de manutenção e
economia de gastos, a vida de um produto deve ser prolongada e, no término de sua utilidade, a
possibilidade de reuso dos materiais e componentes e sua correta destinação devem estar previstos.

A busca por um modelo sustentável levou a uma percepção mundial da importância de destinar maior
empenho em prol de questões voltadas à sustentabilidade de uma maneira geral. Aliando a consciência à
tecnologia, ao planejamento de técnicas e aos estudos científicos. Nesse sentido,o desenvolvimento
sustentável deve encontrar uma medida adequada entre o crescimento econômico e a conservação dos
recursos naturais, mediante o uso equilibrado dos recursos no presente e futuro, ou seja, para que o
desenvolvimento seja sustentável,deve ser não apenas economicamente eficiente,mas também
ecologicamente prudente e socialmente desejável (ROMEIRO, 2012). A sustentabilidade não é estática,
mas dinâmica. A partir disto, o conceito de sustentabilidade é apresentado a partir de oito dimensões social,
cultural, ecológica, ambiental, territorial, econômica, política (nacional e internacional), vide Tabela 3.

Tabela 3– Dimensões de Sustentabilidade


Item Descrição:
Objetiva alcançar um patamar razoável de homogeneidade social, com
Social distribuição de renda justa, emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida
decente e igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.
Expressa a preservação e a divulgação da história das tradições e dos valores
regionais, bem como acompanhamento de suas transformações; incentiva a
Cultural
valorização das culturas tradicionais, divulgação da história da cidade, garantia de
oportunidades de acesso a informação.
Está relacionada à preservação do potencial do capital natural na sua produção
Ecológica
de recursos renováveis e à limitação do uso dos recursos não renováveis;
(Ambiental)
respeita e realça a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.
Refere-se a configurações urbanas e rurais balanceadas, melhoria do ambiente
Territorial urbano, superação das disparidades inter-regionais e estratégias de
desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis.
Significa a aplicação eficiente de recursos naturais em um mercado competitivo,
Econômica no qual as distorções no mercado que devem ser corrigidas pela
internacionalização de custos ambientais e/ou reformas fiscais.
Democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos,
Política
desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional,
(Nacional)
em parceria com todos os empreendedores e um nível razoável de coesão social.
Essa dimensão tem estreita relação com o trabalho incessante da ONU,
Política tencionando a defesa e a prevenção de guerras, em busca da paz e na promoção
(Internacional) da cooperação científica e tecnológica entre os países, assim como a
manutenção do sistema internacional financeiros e de negócios
(fonte: adaptado SACHS,2014)

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Estas dimensões refletem o desenvolvimento dentro de uma nova proposta, como uma estratégia
alternativa à ordem econômica internacional, enfatizando a importância de modelos locais baseados em
tecnologias apropriadas, em particular para as zonas rurais, buscando reduzir a dependência técnica e
cultural (JACOBI, 1999).

Nesse contexto, a especificação correta dos materiais é cercada de critérios técnicos e de extrema
importância, uma vez que desde sua produção até seu descarte causam vários impactos que envolvem
tanto a sociedade quando o meio ambiente. A afirmação que tais materiais são melhores, ou que provocam
menos impacto, é prematura e parcial, sendo necessária não só a avaliação às características físicas e
químicas do material como também uma análise integrada do projeto, da região no qual será implementada,
da mão de obra disponível e tantos outros fatores.

A eficiência dos materiais está ligada à sua perda técnica e na buscar uma forma de reduzi-la passa a ser
uma tarefa árdua de alguns pesquisadores. Aumentar a eficiência significa aumentar a sua vida útil técnica
e reduzir seu custo de operação. O aumento da vida útil técnica dos materiais com aumento da sua
eficiência nem sempre resulta no aumento da sua vida útil econômica, pois o aumento da eficiência é
sempre acompanhado de utilização de materiais de melhor qualidade e na introdução de nova tecnologia na
fabricação desse equipamento, aumentando o custo de capital inicial, ou seja, o custo com aquisição do
equipamento.

A obsolescência é também um problema de vida útil, a mesma não é decorrente de um processo de


degradação mas, sim de mudanças nas exigências do utilizador. Considerando como a vida útil de serviço
definida socialmente,não é possível estimar as mudanças sociais que irão ocorrer a longo prazo, não se
pode controlar a durabilidade perante a obsolescência. Contudo podem ser minimizadas as ações
ambientais relativas à obsolescência, fazendo com que os componentes que se podem tornar antiquados
com maior facilidade sejam facilmente substituídos.

Atualmente precisamos nos preoculpar mais com a durabilidade dos materiais do que com a resistência, e
premente alterar esta situação, pois com pequenos investimentos nas fases de conceção pode-se aumentar
o ciclo de vida. A durabilidade dos materiais consiste numa caractristica que abrange diversas dimensoes
da sustentabilidade, atingimos socialmente quando o produto duravél gera acesso aos recursos e consumo
consciente na comunidade e, posteriormente, sua extensão de vida gera preservação e divulgação da
história trabalhando a dimensão cultural. Pode considerar que a dimensão ecológica e abordada pela
durabilidade como uma opção para desvincular o consumo do desenvolvimento e abreviar as cargas
ambientais, outro dimensão importante que a durabilidade trabalha e a econômica onde a sustentabilidade
seria alcançada pela racionalização econômica com aplicação eficiente de recursos natura.

4. CONCLUSÕES

A escolha correta dos materiais é cercada de critérios técnicos e de extrema importância, uma vez que
desde sua produção até seu descarte causam vários impactos que envolvem tanto a sociedade quando o
meio ambiente. A afirmação que tais materiais são melhores, ou que provocam menos impacto, é prematura
e parcial, sendo necessária não só a avaliação às características físicas e químicas do material como
também uma análise integrada do processo, da região no qual a será implementada, da mão de obra
disponível e tantas outras.

Atualmente podemos encontrar no mercado alguns produtos que se alto intitulam mais sustentavéis do que
os convencionais,contudo alguns deles podem não ter vantagens em relação aos produtos convencionais e
os rotulos estarem sendo usado apenas com objetivo de potencializar a venda.Portanto é fundamental
proceder a avalição da sustentabilidade de modo a indentificar aquelas que realmente iram potencializar o
futuro.

Os indicadores utilizados para monitorar o sistema ao longo do tempo devem ser avaliados quanto a sua
eficiência.Deve-se definir níveis máximos e mínimos para os indicadores individuais, de acordo com a
capacidade de suporte do sistema, bem como atribuir-lhes pesos na formulação de indicadores compostos,
de acordo com o seu grau de importância para cada indicador. Isto se deve, comumente, à existência de
vários indicadores por atributo, característica ou dimensão de sustentabilidade.

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Pode-se concluir que mesmo diante de muitos avanços quanto aos conhecimentos da durabilidade de
materiais, assim como, novas formas de identificar a vida útil, muitos estudos ainda devem ser realizados
para que ocorra o aperfeiçoamento da analise do ciclo de vida e novas metodologias de aplição.Podemos
considerar também que o material atinge o fim da sua vida útil quando deixa de desempenhar
adequadamente as funções que lhe foram previamente exigidas, devido a alterações no desempenho
requerido em relação à utilização destinada. Uma vez que o desempenho requerido é de difícil
quantificação, a definição do fim de vida útil é complexa.

A interação da vida útil no ciclo de vida seria uma ferramenta util se fosse possível definir com bastante
precisão parâmetros de incerteza adequados e ajustados a cada material, tendo em consideração o
contexto em que se insere e usando bases de dados confiáveis. Como tal, mais estudos devem ser feitos,
de modo a obter parâmetros de incerteza associados e ajustados a cada elemento de modo a analisar a
viabilidade da sua aplicação para obter uma boa estimativa de vida útil de materiais, sistemas ou
componentes.

A aplicação deste princípio, se melhor estudada e bem implementada, poderá contribuir para diminuir o
risco de incerteza associado à atribuição do valor de vida útil para qualquer material, definindo uma margem
de erro ajustada a cada caso, permitindo, assim, aos agentes intervenientes no processo construtivo e
proprietários tomar opções mais conscientes durante as fases de produção, com uma maior segurança nas
suas escolhas.

Na ACV, muitos dos dados utilizados não são integralmente representativos da realidade brasileira, pois
foram adaptados de base de dados estrangeiras, sem que houvesse uma análise minuciosa de sua origem,
qualidade e representatividade. Para a compatibilidade do inventário nacional referente aos materiais,
necessita-se de um banco de dados que satisfaça as condições locais. No momento, são utilizados
processos provenientes principalmente da Europa, Ásia e América do Norte. Com isso, diferenças na
tecnologia e nos próprios materiais podem surgir.

Durante a pesquisa observei que existem diversos websites que realizam alguns tipos de cálculos de ACV
gratuitamente , como o OpenLCA e o LCA Calculator. Essa é uma ferramenta interessante para todos que
estão interessados em descobrir o quanto impactam o meio ambiente, e identificar maneiras de diminuir
esse impacto com algumas mudanças de hábitos, o que chama atenção é que por existirem ferramentas
gratuitas mostra que o estudo segue avançando.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FAPEMIG pelo apoio financeiro para participação do evento.

5. REFERÊNCIAS

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MANUTENÇÃO X MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM DIFERENTES SISTEMAS


CONSTRUTIVOS NO BRASIL

ANA FLÁVIA. CRUZ CLARISSA. SOUZA


Engenharia Civil, mestranda PROAC Engenheira Civil, mestranda PROAC
Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora
Juiz de Fora/ MG; Brasil Juiz de Fora/ MG; Brasil
ana.cruz@engenharia.ufjf.br clarissajf@yahoo.com.br

BELAYNE.MARCHI MARIA TERESA. BARBOSA


Engenheira Civil, mestranda PROAC Professora, D.Sc.
Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF/ Construção Civil
Juiz de Fora/ MG; Brasil Juiz de Fora/ MG; Brasil
belaynez@hotmail.com teresa.barbosa@engenharia.ufjf.br

RESUMO

A busca crescente pelo desenvolvimento de tecnologias e culturas construtivas para a construção de


habitação social, com otimização da produção e consequente redução de custo, motivou a realização deste
trabalho. O estudo propõe apresentar os sistemas construtivos empregados na construção civil no Brasil e
identificar os fatores passíveis de manutenção corretiva, em cada sistema construtivo avaliado, com
enfoque nas manifestações patológicas por eles apresentadas. Para seu desenvolvimento, a pesquisa conta
com uma revisão bibliográfica acerca de três sistemas construtivos utilizados no país: convencional
(composto por estrutura de concreto armado e alvenaria de vedação), light steel frame e alvenaria
estrutural. Para cada sistema construtivo, será abordada a técnica utilizada para sua execução e as
vantagens e desvantagens de cada um deles, em relação a aspectos técnicos, econômicos, sociais e
ambientais. Por fim, por meio de pesquisa bibliográfica, busca-se relatar quais as manifestações patológicas
mais recorrentes nesses sistemas, ocasionadas por erros de projeto e/ou execução, são passíveis de
manutenção corretiva durante a vida útil da edificação e elaborar um comparativo entre manifestações
patológicas incidentes em cada um desses sistemas. Espera-se apresentar parâmetros que auxiliem na
escolha do sistema construtivo a ser utilizado em novas construções e facilitar a elaboração de um
programa de manutenção para novos empreendimentos, evitando, assim, custos elevados na fase de uso e
operação e o aparecimento de patologias, que são, eventualmente, ônus transferidos ao usuário final.
Palavras-Chave: Habitação social; Sistemas Construtivos; Manutenção.

ABSTRACT

The increasing search for the development of technologies and constructive cultures for the construction of
social housing, with optimization of production and consequent reduction of cost, motivated the
accomplishment of this work. The study proposes to present the constructive systems used in civil
construction in Brazil and identify the factors that can be correctively maintained in each constructive system
evaluated, focusing on the pathological manifestations presented by them. For its development, the research
relies on a bibliographical review about three construction systems used in the country: conventional
(composed of reinforced concrete structure and masonry of fence), light steel frame and structural masonry.
For each construction system, it will be approached the technique used for its execution and the advantages
and disadvantages of each of them, in relation to technical, economic, social and environmental aspects.
Finally, through a bibliographical research, it is sought to report which pathological manifestations most
recurrent in these systems, caused by errors of design and / or execution, are subject to corrective
maintenance during the useful life of the building and to compile a comparison between pathological
manifestations incidents in each of these systems. It is hoped to present parameters that help in the choice
of the construction system to be used in new constructions and to facilitate the elaboration of a maintenance
program for new enterprises, avoiding, therefore, high costs in the phase of use and operation and the
appearance of pathologies, that are, eventually, charges transferred to the end user.
Keywords: Social housing; Constructive Systems; Maintenance.

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1. INTRODUÇÃO

A habitação social, de acordo com Abiko (1995), tem a principal função de abrigo, com o objetivo de
proteger o ser humano das intempéries. Desse modo, a habitação é vista como um ativo valioso para a
sociedade. Promover os serviços de manutenção preventiva nas edificações a fim de prolongar sua vida útil
a um custo acessível se torna tarefa imprescindível para manter o valor e a qualidade dos
empreendimentos. (GOMIDE, 2011).

Atualmente, é crescente a preocupação com a conservação dos edifícios, que exerce importante papel no
ciclo de vida do empreendimento. Pesquisas têm sido realizadas com enfoque no desempenho, que é um
elemento central da gestão de manutenção, segundo Zhu et al. (2002). O conceito de desempenho muito se
relaciona como a forma com que a edificação se comporta em uso mediante a algumas condições, sendo
assim, a NBR 15.575 (ABNT, 2013) objetiva assegurar o atendimento das expectativas dos usuários das
edificações durante uma vida útil, bem como o cumprimento de funções técnicas e socioeconômicas do
empreendimento; ressaltando a importância de atividades de manutenção de edifício.

Cumpre esclarecer que a norma de desempenho fortalece o fato de que “é necessário a realização integral
das ações de manutenção pelo usuário”, destacando que se este não realizar a manutenção indicada corre-
se o risco de a vida útil de projeto não ser atingida (POSSAN E DEMOLINER, 2017). No Brasil, a
manutenção é, na maioria das vezes, feita de forma corretiva, retificando defeitos e manifestações
patológicas encontradas nas edificações, enquanto deveria ser elaborado um programa de manutenção
para os empreendimentos, de modo que sejam feitas manutenções periódicas nas diferentes partes das
edificações.

Como mencionado anteriormente, o desenvolvimento de novas técnicas e culturas construtivas tem


impulsionado o setor da construção civil, de modo que novos sistemas construtivos têm sido explorados,
objetivando atingir o caráter sustentável de novas construções, tanto em aspectos ambientais, sociais e
econômicos. Portanto, conforme mencionado por Silva (2002), numa avaliação de sistemas construtivos,
não se deve analisar apenas os custos envolvidos no processo, como também outros fatores que tendem a
potencializa-lo, incluindo os custos de manutenção.

Sendo assim, a escolha do melhor sistema construtivo para a materialização de cada empreendimento
depende de inúmeros fatores. Mateus (2004) aponta os principais fatores a serem considerados na escolha
do sistema construtivo empregado e destaca que a durabilidade dessas soluções é um fator que influencia
fortemente nessa escolha, além da análise de custos globais, ou seja, custo inicial, de operação, de
manutenção, de demolição, considerando toda a vida útil do empreendimento.

Esse trabalho busca apresentar alguns sistemas construtivos aplicados na construção civil no Brasil, com
enfoque nos sistemas construtivos mais empregados em edificações habitacionais de interesse social. A
partir daí, busca-se identificar os fatores passíveis de manutenção corretiva em cada sistema construtivo
avaliado, com destaque para as diferentes manifestações patológicas em cada um deles. Por fim, é
apresentado um comparativo entre manifestações patológicas desenvolvidas em cada um desses sistemas.

Neste contexto esse trabalho se divide em três partes: primeiramente, foi efetuada uma revisão bibliográfica
buscando-se uma recapitulação dos conceitos fundamentais que asseguram a durabilidade das edificações;
a seguir, apresentou-se os sistemas construtivos avaliados (convencional, o light steel frame e alvenaria
estrutural) quanto à técnica empregada, suas vantagens e desvantagens. E posteriormenete foi realizada
uma análise comparativa entre os sistemas estudados e as manifestações patológicas mais recorrentes em
cada um deles, originadas por erros de projeto e/ou execução. Espera-se, por meio desta pesquisa, obter
parâmetros que auxiliem na escolha do sistema construtivo a ser utilizado em novas construções e facilitar a
elaboração de um programa de manutenção para novos empreendimentos, bem como promover um
direcionamento para pesquisas futuras.

2. MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS

A manutenção de edificações é um tema cuja importância vem superando, gradualmente, a cultura de


entendimento do processo construtivo limitado até o momento em que a edificação é entregue ao usuário e
inicia-se seu uso. A NBR 5674 (ABNT, 2012) estabelece requisitos para a gestão do sistema de

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manutenção de uma edificação, que deve incluir meios para preservar suas características originais e
prevenir a perda de desempenho gerada pela degradação de seus sistemas e componentes.

A manutenção de empreendimentos deve ter suas rotinas consideradas desde a fase de concepção dos
empreendimentos. De acordo com Junior (2015), devem ser considerados o projeto para manutenção (que
se desenvolve na fase de projeto, desde sua concepção, desenvolvimento e detalhamento, considerando o
conjunto de posturas a serem tomadas que contribuam para o aumento do grau de manutenibilidade) e o
projeto da manutenção (que, contempla a fase de construção e de operação e uso, prevendo definições de
programas, procedimentos e periodicidade de serviços de manutenção, vistorias, reparos e substituições).

Segundo Pinto e Nascif (2012), a manutenção pode ser classificada como (vide figura 1):

i) Manutenção preventiva que obedece a um plano de manutenção, com intervalos bem definidos,
reduzindo ou evitando falhas e quedas de desempenho;

ii) Manutenção preditiva está baseada no estado do sistema construtivo e é a atuação realizada com
base em uma modificação de parâmetro de condição ou desempenho, com acompanhamento
permanente dos sistemas. Ela permite uma análise mais confiável das instalações em
funcionamento. Seu objetivo é de prevenir falhas no sistema, por meio de acompanhamento
permanente e rotineiro de diversos parâmetros. Nesse tipo de manutenção, procura-se não
fazer intervenções, somente quando necessário;

iii) Manutenção detectiva, que é a atividade ligada à capacidade de detectar e pode ser considerada
como a atuação em sistemas construtivos com o objetivo de identificar falhas ocultas ou não
perceptíveis à operação ou à equipe de manutenção;

iv) Manutenção corretiva, por sua vez, foco desta pesquisa, é aquela responsável pela correção de
alguma falha ou redução de performance esperada para um sistema. Ela atua em um sistema
construtivo com defeito ou desempenho diferente do esperado. Portanto, para que exista a
manutenção corretiva, é necessária a ocorrência de uma das seguintes condições: a ocorrência
de falha de um sistema construtivo ou deficiência de desempenho de um sistema construtivo,
em que não haja colapso de seu funcionamento, apenas redução de eficiência.

Figura 1 – Tipos de manutenção

Fonte: Pinto e Nascif, 2012.

A manutenção corretiva, como visto na figura 1, pode, ainda, entre planejada e não planejada, ou seja,
quando a correção de falhas do sistema construtivo é feita de modo aleatório com características de
atuação de manutenção em fatos conhecidos e esperados, porém, sem haver tempo para preparação do
serviço, logo resulta em custos maiores ou quando a atividade de correção de desempenho de um sistema
construtivo por decisão do próprio usuário, por acompanhamento preditivo ou por operação antes que o
sistema construtivo sofra colapso.

3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS MAIS EMPREGADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

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3.2.1 Sistema construtivo convencional

Como visto em Pizzo e Vasques (2017), o sistema convencional, de concreto armado, é formado por vigas,
pilares, lajes de concreto, com vãos preenchidos por alvenaria cerâmica de vedação. Nesses sistemas, as
paredes são conhecidas como não portantes, uma vez que o peso da estrutura se distribui entre pilares,
vigas, lajes e se transmite às fundações. Para a construção de vigas, pilares e lajes, são utilizadas formas
de madeiras e aço estrutural. Nas paredes de blocos cerâmicos são embutidas as instalações hidráulicas e
elétricas. A seguir, efetua-se a etapa de revestimento, com aplicação de chapisco, massa grossa (emboço)
e massa fina (reboco). A partir daí, é feita a pintura das vedações verticais. A tabela 1, apresenta um
levantamento das principais vantagens e desvantagens desse sistema construtivo, segundo Alves (2015) e
Gomes e Lacerda (2014).

Tabela 1 – Vantagens e desvantagens do sistema convencional.


Principais vantagens Principais desvantagens
Boa estanqueidade à água; Sistema artesanal;
Boa resistência ao fogo; Ineficácia produtiva, por atividades que não
agregam valor;
Durabilidade; Produção lenta;
Facilidade de produção (no próprio canteiro de Baixo nível de industrialização;
obras);
Custo reduzido; Elevado índice de perdas;
Boa inércia térmica; Sistema “pesado”;
Método tradicional; Geração de despedícios e RCD;
Boa aceitação pelos usuários. Incidência de manifestações patológicas.
Fonte: O autor, 2017.

3.2.2 Light Steel Frame

Os sistemas construtivos leves chamados Light Steel Frame são, segundo Meirelles et al. (2012), uma
adaptação dos sistemas em madeira wood frame para o aço. A estrutura do steel frame é composta por
paredes portantes, uma plataforma de piso, travamentos e contraventamentos e da estrutura de telhado. O
sistema é composto por diversos elementos individuais ligados entre si, passando a funcionar como um
conjunto (entre eles: fundação, isolamento termo-acústico, fechamento interno e externo, instalações
elétricas e hidráulicas) resistindo às cargas solicitadas na edificação que dão forma final à edificação, não
apresentando restrições arquitetônicas (GOMES E LACERDA, 2014).

No sistema steel frame, a estrutura de aço, junto às placas, sejam de OSB, placas cimentícias ou placas de
gesso, utilizadas para fechamento, constituem os painéis que podem ser estruturais ou não estruturais.
Esse sistema aplica técnicas dos sistemas industrializados. A estrutura se remete ao sistema plataforma e é
realizada com perfis formados a frio ou dobrados a frio, produzidos a partir de chapas finas. O perfil pode
ser cortado ou furado, sem perder sua proteção contra a corrosão, por serem perfis galvanizados. Em geral
os montantes são perfis em U enrijecido e as guias de base, superior e travamento em U com alturas mais
usuais de 90; 140; 200; 250; 300 mm e largura 40 mm; 38 mm (MEIRELLES et al. 2012). Alves (2015),
Mateus (2004), Gomes e Lacerda (2014) e Silva et al. (2014) definem as principais vantagens e
desvantagens do sistema light steel frame, como mostrado na tabela 2.

Tabela 2 – Vantagens e desvantagens do light steel frame


Principais vantagens Principais desvantagens
Menor peso de construção/ volume construído; Fraca inércia térmica (em climas com grandes
amplitudes térmicas);
Sistema industrializado minimizando resíduos Custo mais elevado;
em obra;
Maior controle das etapas do processo Não existem dados quanto a seu
construtivo; comportamento a longo prazo;
Emprego mão de obra qualificada; Capacidade estrutural de até 05 pavimentos;
Rapidez de execução. Incidência de manifestações patológicas.
Fonte: O autor, 2017.

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3.2.3 Alvenaria Estrutural

As alvenarias estruturais são, também, denominadas portantes ou autoportantes. Elas funcionam como
elemento estrutural, transmitindo as cargas da edificação para as fundações. A normalização brasileira
(NBR 10837:1989) estabelece que as paredes com função estrutural deverão ser executadas com blocos
vazados de concreto com furos na vertical, espessura mínima de 14 cm e esbeltez máxima igual a 20.
(NBR-10837. Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto). Figueiró (2009) aponta as
principais vantagens e desvantagens desse sistema construtivo, conforme ilustrado na tabela 3.

Tabela 3 – Vantagens e desvantagens da alvenaria estrutural


Principais vantagens Principais desvantagens
Economia de fôrmas, que passam a ser Limitação na adaptação da arquitetura após a
utilizadas apenas nas lajes; construção;
Redução de desperdícios de materiais e mão de Interferência entre projetos de arquitetura,
obra; estrutural e de instalações, de modo que eles
devem ser realizados de forma simultânea e
integrada;
Redução mão de obra (carpinteiros, etc...); Utilização de mão de obra qualificada;

Flexibilidade na execução da obra. Incidência de manifestações patológicas.


Fonte: O autor, 2017.

Tauil e Nese (2010) estabelecem que as alvenarias podem ser não armadas (são constituídas pela união de
blocos e argamassa, sem aplicação de graute), parcialmente armadas (são constituídas pela união de
blocos e argamassa, sendo utilizada armadura para absorver os esforços em algumas partes das paredes,
sendo as outras partes calculadas como alvenaria não armada) ou armadas (compostas pela união de
blocos, argamassa, graute e armadura).

4. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM CADA SISTEMA CONSTRUTIVO

São inúmeros os fatores que interferem na escolha do melhor sistema construtivo a ser utilizado em cada
edificação, como durabilidade, custos envolvidos e manutenção esperada. Entretanto, independente da
escolha do sistema construtivo a ser empregado, todos eles estão passíveis a erros e falhas de projeto e
execução. É fundamental a busca por equipes de projeto mais integradas, a fim de evitar possíveis falhas
futuras nas construções. Apesar disso, sabe-se que essas ocorrências são frequentes na construção civil,
resultando em manifestações patológicas que geram intervenções e manutenção corretiva, como forma de
tratamento.

Pretende-se, destacar, para cada sistema construtivo estudado, as manifestações patológicas mais
recorrentes e suas causas, com foco nos erros de projeto e/ou execução que possam originar essas
ocorrências. É importante conhecermos, também, as ações corretivas indicadas para tratamento de cada
tipo de manifestação patológica.

4.1 Sistema construtivo convencional

No sistema construtivo convencional, é comum o aparecimento de manifestações patológicas, com


destaque para aquelas relacionadas à presença de umidade. Castro e Martins (2014) caracterizam as
origens da umidade presente nas edificações: trazidas durante a construção, por capilaridade, por chuva,
trazida por vazamentos e por condensação. Segundo eles, as principais manifestações patológicas
associadas à presença de umidade são a eflorescência, bolor e descolamento de revestimento com
empolamento.

O desenvolvimento de trincas e fissuras, também, muito comum nesse tipo de sistema construtivo, possui
diferentes causas possíveis, como movimentação térmica, sobrecarga, retração, alterações químicas de
materiais, além da ausência de elementos construtivos, como vergas, contravergas, cobrimento deficiente
de concreto e movimentações higroscópicas. Gonçalves (2015) aponta que a posição das fissuras nos
elementos estruturais, sua abertura, trajetória e espaçamento podem indicar suas possíveis causas.
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Um levantamento das principais manifestações patológicas nas estruturas de concreto armado e no sistema
construtivo, de modo geral, foi feito na tabela 4, a partir de Castro e Martins (2014), Gonçalves (2015) e
Queiroz et al. (2017).

Tabela 4 – Manifestações patológicas, causas e tratamento no sistema convencional


Manifestação Causas comuns Tratamento
patológica
Eflorescência Teor de sais junto a umidade durante Limpeza da superfície com
reações pode depositar- se na superfície solução diluída de ácido
muriático
Bolor Provocação de manchas devido a presença Eliminação da infiltração da
de umidade em regiões de baixa insolação umidade, remoção da superfície
com alteração e reparo do
revestimento
Descolamento com Infiltração; hidratação retardada do óxido Retirada de todo reboco
empolamento de magnésio da cal desprendido; execução de novo
reboco
Fissuras por retração Cura malfeita do concreto Uso de selante
hidráulica
Fissuras por variação Desconsideração do efeito na fase de Uso de selante
de temperatura projeto
Fissuras por flexão Subdimensionamento da estrutura; Uso de selante
deficiência de materiais empregados;
alteração de uso
Fissuras por Armadura insuficiente Uso de selante
cisalhamento
Fissuras por torção Desconsideração do efeito da torção em Uso de selante
projeto
Corrosão de armaduras Má execução das peças estruturais, Limpeza rigorosa, de
concreto com resistência inadequada, preferência com jato e
ambiente agressivo, proteção insuficiente, apicotamento de todo o
manutenção inadequada ou inexistente e concreto solto e fissurado;
presença de cloretos análise criteriosa da possível
redução de seção transversal
das armaduras atacadas;
reconstrução do cobrimento das
armaduras
Desagregação do Ataque químico expansivo de produtos Recomposição com argamassa;
concreto inerentes ao concreto; baixa resistência do graute ou concreto ou cimento
concreto
Fonte: O autor, 2017.

4.2 Light Steel Frame

As manifestações patológicas mais recorrentes nesse sistema construtivo envolvem o processo de


corrosão, fissuração e surgimento de trincas. De acordo com Silva (2012), a corrosão é um fenômeno
natural observado em todos os elementos metálicos de uma edificação como caixilhos, armaduras,
estruturas e ferragens em geral. Para minimizar seus efeitos, é importante adotar mecanismos de proteção.

Em relação ao processo de fissuração, Campos (2010) aponta que pequenas dilatações e movimentações
térmicas da estrutura são comuns no sistema Light Steel Frame e podem ser minimizadas por meio de um
projeto de contraventamento adequado. Podem ser utilizados, por exemplo, contraventamento em X ou com
uso de treliças na junção dos paineis metálicos. Um sistema de contraventamento adequado pode minimizar
a propagação de trincas nas edificações.
A tabela 5 indica as ocorrências de manifestações patológicas nesse sistema construtivo, baseado em
Castro (1999) e Campos (2010).
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Tabela 5 – Manifestações patológicas, causas e tratamento no Light Steel Frame


Manifestação Causas comuns Tratamento
patológica
Corrosão uniforme Exposição direta do aço carbono a um Limpeza superficial com
ambiente agressivo, agravada por erros de jateamento e pintura. Em caso
projeto, como: ausência de furos de de maior comprometimento,
drenagem para passagem de água e deve ser feito também reforço
ocorrência de cavidades e frestas ou substituição de elementos
danificados
Corrosão em frestas Exposição contínua a um eletrólito, nas Limpeza superficial, com
localizadas regiões de ligações, de contato com não- eliminação de umidade no
metais e de depósito de sujeira ou produtos interior da fresta, aplicação de
de corrosão selante e revestimento protetor.
Pode haver reforço e/ou
substituição do elemento
Descascamentos de Falta de especificação de revestimentos Colocação de revestimento
pintura em banheiros cerâmicos ou impermeáveis em áreas cerâmico
molhadas

Trincas em paredes e Falta de tratamento de juntas Tratamento de juntas com


tetos nas emendas de selante, fita telada e massa
placas cimentícia
Trincas próximas ao Dilatação e movimentação natural Uso de juntas de dilatação nas
teto quinas entre teto e parede
Trincas no meio de Erro de instalação de placas. Instalação de Uso de placas desencontradas
paredes placas deve ser desencontrada, ou tratamento específico para
desalinhando-se as juntas e evitando a cada caso
propagação de trincas
Trincas no meio dos Forro submetido a sobrecarga não prevista Reforço da região
tetos
Danificação dos Falta de detalhamento e especificação de Utilização de rodapés de maior
rodapés das paredes revestimentos, associada à presença de altura e impermeáveis
umidade

Trincas e infiltrações na Falta de detalhamento e de prescrição de Instalação de cantoneiras


interface das esquadrias cantoneiras metálicas nas quinas metálicas
Marca da estrutura nas Condensação de água na superfície da Prescrição de fita neopreme
paredes estrutura, devido à grande amplitude e/ou barreira de vapor
térmica, sendo absorvida pela placa de
gesso
Fonte: O autor, 2017.

4.3 Alvenaria Estrutural

De acordo com Queiroz et al. (2017), as principais manifestações patológicas que ocorrem em alvenaria
estrutural estão vinculadas ao processo de fissuração, eflorescência e infiltração. A formação de fissuras
pode, também nesse sistema, ter origem em falhas de projeto e execução de obras. Sua formação interfere
na estética, durabilidade e até mesmo nas características estruturais da construção. Elas podem ter
diferentes configurações, sendo verticais, horizontais e inclinadas. Essa configuração varia com a causa da
ocorrência, sendo fundamental, portanto, seu correto diagnóstico para realização de intervenção adequada
em cada caso.

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Queiroz et al. (2017) faz uma abordagem das principais ocorrências de manifestações patológicas em
alvenaria estrutural, com destaque para as três ocorrências citadas acima, como pode ser visto na tabela 6.

Tabela 6 – Manifestações patológicas, causas e tratamento em Alvenaria Estrutural


Manifestação Causas comuns Tratamento
patológica
Fissuração por retração Problemas nos materiais, assentamento Preenchimento das fissuras e
de argamassa de inadequado ou resistência da argamassa aplicação de argamassa
revestimento armada
Fissuração por retração Restrições de movimentação, com Utilização de telas metálicas e
da parede aparecimento de tensões e fissuras jateamento de argamassa
resistente
Fissuração por Falta de elementos capazes de distribuir a Reforço da região com
sobrecarga concentração de tensão no entorno nas grauteamento
aberturas de esquadrias
Fissuração por Sobrecarga de compressão em alvenarias Preenchimento das fissuras e
problemas de com boa aderência entre bloco e aplicação de argamassa
resistência à tração argamassa gera rompimento dos armada
elementos por tração
Fissuração por Reações químicas entre componentes da Remoção da região degradada
expansão da argamassa ou entre argamassa e substrato e aplicação de resina expansiva
argamassa de provocam a expansão da argamassa o
assentamento impedida de movimentar-se gera as
fissuras
Eflorescência Teor de sais junto a umidade durante Limpeza da superfície com
reações pode depositar- se na superfície solução diluída de ácido
muriático, enxaguando logo
após
Bolor Provocação de manchas devido a presença Eliminação da infiltração da
de umidade em regiões de baixa insolação umidade, remoção da superfície
com alteração e reparo do
revestimento
Fonte: Queiroz et al., 2017 (adaptado pelo autor).

4.4 Análise comparativa entre os sistemas construtivos e as manifestações patológicas

Busca-se, nessa fase, realizar um comparativo entre as principais manifestações patológicas incidentes em
cada sistema construtivo, como forma de mapear sua ocorrência, conforme tabela 7.

Tabela 7 – Incidência de manifestações patológicas por sistema construtivo


Manifestação patológica/ sistema Convencional Light Steel Alvenaria
construtivo Frame Estrutural*
Fissuras e trincas
Corrosão
Desagregação do concreto
Eflorescência
Bolor
Descolamento de revestimento

Legenda
Incidência significativa
Incidência pouco significativa

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5. CONCLUSÕES

Com base nos dados apresentados, de acordo com os autores referenciados, há um indício de maior
incidência de manifestações patológicas no sistema construtivo convencional, seguido dos demais (light
steel frame e alvenaria estrutural). Observa-se, desse modo, que, independentemente do sistema
construtivo escolhido para determinada construção, cada um deles apresenta vantagens e desvantagens
em relação à ocorrência de manifestações patológicas nas edificações.

Dentre as manifestações patológicas desenvolvidas em cada sistema construtivo estudado pelos autores
referenciados, o processo de formação de fissuras e trincas é comum em todos eles, com causas variadas,
de acordo com a técnica construtiva desenvolvida. Algumas manifestações patológicas são muito
particulares de um sistema construtivo específico, como a ocorrência das marcas dos perfis metálicos do
light steel frame nas paredes.

Observa-se, no método tradicional, um elevado ínidce de manifestações patológicas, onde constata-se que,
apesar de todo o empenho na melhoria da qualificação da indústria da construção civil, há muito por se
fazer.

Logo, essa pesquisa oferece um parâmetro para escolha de um sistema construtivo a ser empregado em
novas construções, com base na incidência de manifestações patológicas. Apesar disso, a escolha do
melhor sistema construtivo a ser empregado depende de uma série de fatores e deve ser feita analisando-
se cada empreendimento. Espera-se que, por meio desses resultados, seja possível a obtenção de
parâmetros para a elaboração de um programa de manutenção para novos empreendimentos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a FAPEMIG pelo apoio financeiro que possibilitou a participação no evento.

6. REFERÊNCIAS

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Departamento de Engenharia de Construção Civil, São Paulo, 1995.

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Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 10837:1989 – Cálculo de alvenaria estrutural de
blocos vazados de concreto.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 5674:2012 – Manutenção de edifícios –


Requisitos para o sistema de gestão de manutenção.

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Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2010.

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SMART HIGWAY: UMA BREVE REVISÃO DAS RODOVIAS INTELIGENTES QUANTO


SUA VIDA ÚTIL

BELAYNE. MARCHI CLARISSA. SOUZA


Engenheira Civil, mestranda PROAC Engenheira Civil, mestranda PROAC
Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora
Juiz de Fora/ MG; Brasil Juiz de Fora/ MG; Brasil
belaynez@hotmail.com clarissajf@yahoo.com.br

ANA FLÁVIA. CRUZ MARIA TERESA. BARBOSA


Engenheira Civil, mestranda PROAC Professora, D.Sc.
Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF/ Construção Civil
Juiz de Fora/ MG; Brasil Juiz de Fora/ MG; Brasil
ana.cruz@engenharia.ufjf.br teresa.barbosa@engenharia.ufjf.br

RESUMO

O transporte rodoviário no Brasil é o principal sistema logístico do país, contando com uma rede
aproximada de 1.610.076 km de estradas e rodovias por onde 56% das cargas movimentadas no território
brasileiro se deslocam. Após o advento da Rio +20, tornou-se necessária a implementação e o
fortalecimento de soluções e tecnologias verdes que visem assegurar a durabilidade nesse tipo de sistema
de transporte. A tendência para o futuro são rodovias “inteligentes” que contribuem de maneira mais incisiva
para o desenvolvimento sustentável. Dessa forma o objetivo desse trabalho é avaliar a durabilidade e a vida
útil das tecnologias inovadoras incorporadas no Sistemas Inteligentes de Transporte. O estudo baseia-se
numa revisão bibliográfica acerca dos materiais empregados nos sistemas inteligentes para posterior
análise da vida útil dos mesmos. Espera-se que este trabalho possa contribuir na definição do sistema mais
viável e com maior durabilidade nas diferentes regiões brasileiras.

Palavras-chave: Durabilidade. Sistemas Inteligentes de Transportes. Rodovias inteligentes.

ABSTRACT

The road transport in Brazil is the main logistics system in the country, with an approximate network of 751
km of highways where 56% of the cargo moved in the Brazilian territory. After the advent of Rio + 20, it
became necessary to implement green solutions and technologies to ensure durability in this type of
transportation system. The trend for the future is "smart" roads that contribute most strong to sustainable
development. Thus the objective of this work is to evaluate the durability and useful life of the innovative
technologies incorporated in the Intelligent Transport Systems (ITS). The study is based on a bibliographical
review about the materials used in the ITS for later analysis of their life cycle. It is hoped that this work may
contribute to the definition of the most viable and durable system in the different Brazilian regions.

Keywords: Durability. Intelligent Transport System. Smart highway.

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1. INTRODUÇÃO:

Há décadas vem se debatendo sobre o futuro dos veículos automotores e, atualmente, busca-se adequar o
seu desenvolvimento nas “soluções verdes”. Entretanto verifica-se que pouco se discuti em prol de resultam
em vários pontos negativos para o meio ambiente, como por exemplo, poluição, ruídos, alto índice de
acidentes, alto custo de manutenção e uma infra estrutura por vezes, ineficaz. Considerando essas
questões, torna-se cada vez mais necessário a implementação e fortalecimento de soluções e tecnologias
que visem assegurar um sistema de transporte mais eficaz. Além disso, as rodovias devem acompanhar no
mesmo ritmo, as mudanças tecnológicas dos veículos do futuro. Assim, no setor rodoviário vislumbra-se
nesse século, as rodovias “inteligentes” que contribuirão de maneira mais incisiva para o desenvolvimento
sustentável.

O termo “cidades inteligentes” tem sido cada vez mais, relacionado ao emprego eficiente de Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs), como uma ferramenta para melhorar a infraestrutura e serviços da
cidade e consequentemente trazendo melhor qualidade de vida (GAMA et al., 2012). A Holanda, foi o
primeiro pais europeu a projetar rodovias inteligentes, e desde abril de 2014, na cidade de Oss, foi
implantado um sistema ao longo da rodovia, as chamadas “Glowing Lines”, que emite luz proveniente da
energia solar absorvida durante o dia, denominada de “N329 – A Estrada do Futuro”. Em 2016, a França
inaugurou a primeira estrada solar do mundo. Em Tourouvre, uma cidade de 5 mil habitantes, já conta com
rodovia pavimentada com 30.000 metros quadrados de painéis solares que fornecem energia para
iluminação pública.

Outros exemplos de rodovias com materiais inovadores, como o pavimento permeável estão presentes em
paises como EUA Japão, Suécia, França entre outros. No Brasil, apesar de pouco utilizados, desde 2010
pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) desenvolveram um novo tipo
de pavimento poroso para a absorção e retenção das águas da chuva, reduzindo os riscos de enchentes.
Testes foram realizados com sucesso em estacionamentos da universidade e shopping Centers. Em
Curitiba, também é possível encontra-los aplicados no Parque Barigui, um dos principais pontos turísticos
da cidade. Também estão começando a surgir no Brasil pavimentos com ação fotocatalítica, uma
tecnologia promissora para o combate à poluição do ar em grandes cidades. Testes foram feitos em 2 vias
de Florianópolis além de São Paulo, onde foi realizada a primeira obra pública com material fotocatalítico,
na rua 7 de abril. Nesse contexto, as Smart Higway terão também papeis fundamentais na melhoria e
modernização dos sistemas urbanos, e poderão possibilitar para a população uma mobilidade mais
adequada.

Nesse cenário, toda inovação tecnológica presente nas rodovias do futuro, vem acompanhados por
materiais inteligentes, como pisos drenantes, concretos fotocatalíticos, placas fotovoltaicas, dentro outros. O
estudo da estrutura é realizado em função do material, assim como a capacidade de adaptação nas mais
diversas aplicações onde estarão inseridas as smart Higway, fator primordial para avaliar a durabilidade e a
vida útil dos materiais empregados nos pavimentos rodoviários. Assim sendo, um material pode se
considerar inteligente, se ele atender e se adaptar para a finalidade na qual foi inserido, o que
consequentemente permitirá maior conforto, segurança, estabilidade aos usuários nas estradas.

O maior desafio em questão é saber se esses novos materiais que estão surgindo, se ajustam dentro do
conceito atual de desenvolvimento sustentável, se os materiais são ecoeficientes e contribuem de maneira
significativa para o seu ciclo de vida (do berço ao túmulo). Desse modo, o objetivo essencial deste trabalho
consiste na avaliação dos materiais utilizados quanto sua durabilidade e a vida útil incorporadas nos
sistemas de transporte, considerando as variáveis relacionadas aos intempéries que possam intervir ao
desgaste e deterioração ao longo do tempo. Para o efeito, pretende-se através de pesquisa bibliográfica,
fazer uma análise comparativa da durabilidade e vida útil entre as novas tecnologias que estão sendo
difundidas dentro desse conceito de rodovias inteligentes e a tecnologia atual usada considerando o
desenvolvimento sustentável.

Em resumo, a questão de pesquisa do trabalho é analisar os materiais usados nas novas rodovias, as então
ditas como rodovias inteligentes, que utilizam destes materiais no intuito de atender padrões sustentáveis
para as obras e comparar tais materiais com os utilizados (convencionais) no intuito de avaliar a
durabilidade e a vida útil das tecnologias inovadoras incorporadas no Sistemas Inteligentes.

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Após a categorização dos sistemas inteligentes de rodovias que consistirá de uma introdução aos principais
grupos de tecnologias e seus envolvimentos em relação às vias e aos usuários, lista-se seus benefícios e
suas aplicações de uma maneira geral. Em seguida procurou-se analisar os itens durabilidade e vida útil
considerando analise do ciclo de vida (ACV). Posteriormente, contrapõe-se as tecnologias utilizadas de
cada grupo implantados por diversos países e seus benefícios em relação aos atuais sistemas de rodovias.

2. SMART HIGWAY

2.1 Considerações Iniciais

Ao se fazer uma escolha por um determinado material, deve-se considerar sua degradação em condições
de uso e manutenção de acordo com o meio que estará exposto. A durabilidade de um material é expressa
em termos de vida útil esperada, sendo, portanto, a capacidade de um material em suportar deteriorizações
causadas por todos os fatores externos no ambiente, que influencia no desempenho do material, enquanto
que a vida útil é o período de tempo após a instalação do material em que ele continuará mantendo suas
propriedades a valores mínimos aceitáveis (CARLSSON, 2004)
Com o paradigma do desenvolvimento sustentável a durabilidade ganhou uma nova dimensão, pois a
ampliação da vida útil é uma forma efetiva de redução do impacto ambiental; ou seja; a durabilidade e a
previsão de vida útil assumem dimensões ambientais relevantes (JOHN et al., 2001). Portanto, ao se
aumentar a durabilidade dos materiais, estamos consequentemente reduzindo as cargas ambientais, que
por sua vez influencia diretamente no ciclo de vida e garante o aumento da vida útil.

A ligação entre a vida útil e a durabilidade dos materiais, incluindo o seu ciclo de vida, se torna importante
para estimar o tempo que o produto vai durar, se ele é viável, contabilizando os possíveis reparos em sua
manutenção, e não apenas lançar novos materiais no mercado, sem se preocupar com o que fazer depois
que sua vida útil terminar. Muitos são os benefícios divulgados por empresas que querem implantar
materiais ecoeficientes, mas pouco se é abordado os fatores externos que podem comprometer sua
durabilidade, como por exemplo estar exposto a uma área de elevada agressividade ambiental.

Segundo Hodve (2004), existem três abordagens diferentes para estimar a vida útil de um material, a saber:
o método determinístico (baseado no estudo dos fatores de degradação que afetam os elementos
estudados, na compreensão dos seus mecanismos de atuação e na sua quantificação traduzida em funções
de degradação), o probabilístico (define qual é a probabilidade de ocorrer uma mudança de estado do
elemento, descrevendo a evolução da degradação, junto das incertezas decorrentes do tempo considerado
e método da engenharia (que é uma conciliação das vantagens dos dois métodos anteriores, tornando-o um
método mais simples) (SANTOS, 2010).

2.2 Rodovia Fotovoltaica

Os painés solares, também conhecidos como células fotovoltaicas, foram desenvolvidos no intuito de gerar
energia através da captação da luz do sol. Para isso o sistema é formado por um conjunto de painéis
individuais de células fotovoltaicas que usam semicondutores para absorver a luz e criar um fluxo de
elétrons que ao se movimentar gerando corrente elétrica. Altamente difundido, suas aplicações vem
crescendo, e por gerar energia renovável limpa chega como solução sustentável em rodovias, ou seja,
conta com uma infraestrutura moderna aliada a energia inteligente. As rodovias solares são compostas por
painés com três camadas, a superior constituída de vidro texturizado de alta resistência, a intermediária
usada para coletar energia e, por último, a placa que distribui toda captação de luz solar armazenada.
(CRAVO, 2014).

Além da função de gerar energia, as rodovias contam também com luzes de LED, que funcionam como
sinais de segurança emitidos para alertar aos condutores sobre possíveis acidentes nas rodovias,
congestionamentos, neblina, sinalização, dentre outros. As células fotovoltaicas, também, podem
transportar cabos de fibra óptica para televisão, comunicação e internet de alta velocidade, permitindo que
áreas rurais estejam conectadas contribuindo, inclusive, para uma despoluição visual envolvendo um
emaranhado de fios ao longo da rodovia (AZONANO, 2007). Ademais, com o advento do carro elétrico, as

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rodovias solares também os auxiliariam para permanecerem carregados em pontos estratégicos nas
estações da estrada, conforme se verifica em Normandia, região localizada no noroeste da França, onde foi
instalada a primeira estrada solar do mundo em 2016.

Apesar de muitos serem os pontos positivos dos painéis solares, alguns questionamentos sobre sua
durabilidade são questionáveis como, por exemplo, a agressividade ambiental o qual o painel está inserido;
a segurança para o usuário (decorrente, por exemplo, do derramamento de óleo na pista ou acidente de
trânsito que ocasione algum dano a estrutura danificando painel (is) solar(es)). Outra desvantagem se refere
ao fato que os painéis solares sobre as estradas, não podem coletar energia da mesma forma se
estivessem posicionados formando ângulo, como ocorre em outras ocasiões, no telhado de uma casa por
exemplo.

As empresas fabricantes do painel solar destacam a necessidade de instalação de um tipo de vidro auto-
limpante para manter a superfície livre de sujeira e óleo. Há também a questão quando os dias estiverem
nublados, ou instalados em regiões onde não há grande incidência de luz solar. Mesmo em dias
ensolarados, a tecnologia atual de energia solar é muito ineficiente, a maioria dos painéis solares converte
cerca de 14% da energia disponível em eletricidade (GEORGE, 2009). Em 2015, pesquisadores da PUC do
Rio grande do Sul desenvolveram placas de captação de energia solar mais eficientes que a média mundial,
a custos menores, de 14% para 15,4% , quase se igualando as melhores placas solares comercializadas no
mundo, que convertem cerca de 16%. A tabela 1 apresenta resumidamente as características dessa tipo de
tecnologia passível ser empregada em rodovias.

Tabela 1 – Análise comparativa das rodovias fotovoltaicas.


Ítens Comparativos Placas Fotovoltaicas Pavimento Fotovoltaico

Compostos por células solares, conjunto de painéis individuais de células


constituídas por materiais fotovoltaicas, com três camadas, sendo a
Materiais utilizados
semicondutores, normalmente o superior composta por vidro texturizado de
sílicio e o arsenieto de gálio alta resistência
Vida útil (com
25 a 30 anos 30 anos
manutenção)
Em épocas de pouca chuva,
recomenda-se a limpeza da vidro auto-limpante mantendo a superfície
Manutenção
superfície com um pano úmido e livre de sujeira e óleo
detergente neutro
Encapsuladas com vidro resistente,
reforçado com camadas de plástico. 3 camadas, fabricados com um material de
Posteriormente, todo o conjunto é alta resistência (vidro temperado) para
Estrutura
reforçada pela formação de um suportar o peso dos veículos que trafegam
quadro externo com alumínio o dia todo
metálico.
Placa absorve a maior parte das tensões e
Distribuição de
- as distribui sobre uma área relativamente
Tensões
maior
(Fonte: Elaborada pelo autor)

A preocupação com o ruído tem vindo a crescer lado a lado com a mudança da mentalidade acerca da
valorização da saúde e do bem estar, a poluição sonora é considerada hoje um dos agentes mais
agressivos à qualidade de vida dos seres humanos, e uma prova disso é que o ruído é o impacto ambiental
do qual resultam mais queixas por parte da população. Caso o mesmo não for tomado em conta e,
devidamente controlada, será responsável por graves consequências na saúde e nas relações sociais das
populações afetadas (RIBEIRO, 2009).

Neste contexto, outra tendência inovadora que tem vindo a ser cada vez mais discutida e estudada, é a
aplicação de painéis fotovoltaicos ao longo das vias de comunicação, que funcionam como barreiras de
proteção contra o ruído. A utilização de painéis fotovoltaicos traduz-se normalmente em barreiras sonoras

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do tipo refletoras. No entanto, é possível a aplicação de algum tipo de fibra com capacidade de absorção
acústica em simultâneo com o painel, conferindo a barreira capacidades de absorção.

Há também a possibilidade de aplicação de painéis fotovoltaicos em barreiras sonoras já existentes,


servindo estas ao seu suporte, ou integradas em projetos de novas barreiras. Neste último caso, poderá
proceder-se à pré-fabricação dos painéis e subestruturas, traduzindo-se em grandes ganhos econômicos.
Os painéis poderão ser aplicados diretamente no terreno, formando a totalidade da barreira, ou aplicados
sobre muros de concreto armado. Este último caso é geralmente o mais utilizado, pois permite a proteção
dos painéis dos os agressores viários, conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1 – Painel fotovoltaico em barreira sonora.

(Fonte: Adaptado de Ribeiro, 2009)

Os painéis fotovoltaicos são direcionados de forma a ser potencializada a exposição solar a que serão
sujeitos, no entanto, quando aplicados a barreiras sonoras, terão que percorrer as curvaturas seguidas pela
via em questão; este fato poderá implicar o não correto aproveitamento dos painéis, deixando de ser
interessante a sua aplicação. Assim, dever-se-á proceder à instalação de barreiras que utilizem estes
painéis, apenas nos trechos da via perpendiculares à linha da direção de exposição solar máxima, ou com
pequenos desvios dos mesmos.

E, finalmente, salienta-se que os painéis fotovoltaicos são naturalmente mais caros que qualquer outro tipo
de painel utilizado em barreiras sonoras. Assim, apesar dos ganhos inerentes à produção de energia
elétrica, poderão também significar elevados custos de manutenção (RIBEIRO, 2009).

2.3 Energia Eólica

Seguindo a linha das tecnologias limpas, aquelas que não queimam combustível fóssil para gerar energia, a
energia eólica insere-se na Smart Higway. O sistema consiste em gerar energia aproveitando o
deslocamento do ar provocado pela passagem dos veículos na estrada (DE JONG, 2015). Diversas
categorias de geração de energia eólica nas rodovias podem ser aplicadas, uma delas é um projeto de um
estudante americano que propôs o seguinte modelo: a instalação é feita colocando duas turbinas eólicas
horizontalmente nas armações de aço onde geralmente estão instalados a sinalização ao longo da rodovia,
vide figura 2. Os geradores eólicos seriam movidos pelo vento produzido pela turbulência dos carros
passando, gerando assim energia, que poderá ser utilizada na própria estrada, ou auxiliar comunidades em
seu entorno (CHAPA, 2007).

Figura 2 – Instalação de turbinas ao longo de rodovias.

(Fonte: adaptado de Fonte: https://inhabitat.com/student-designs-highway-power)

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No mesmo segmento, outra inovação é o poste de iluminação híbrido, 100% alimentado por energias eólica
e solar. Os modelos são feitos em aço, de 12 a 18 metros de altura e há presença de uma hélice no topo do
poste (vide figura 3). São duas fontes de energia alimentando-se ao mesmo tempo, 2 placas acopladas com
células solares, que recebem raios ultravioletas e infravermelhos, gerando energia elétrica, que será
armazenada em uma bateria afixada a peça. Com o mesmo intuito, as hélices no topo funcionam como
geradores de energia eólica através do deslocamento do vento. Cada poste pode abastecer outros três ao
mesmo o tempo, e com os dois sistemas funcionando paralelamente, sua autonomia chega até 70 horas, o
que significa que uma vez abastecido, mesmo na ausência de vento e sol, ele é capaz de manter as
lampadas acesas.
Figura 3 – Poste de iluminação híbrido.

(Fonte: Adaptado de Ribeiro ,2009)


2.4 Pavimentos Permeáveis

Os pavimentos permeáveis ou drenantes (vide figura 4), favorecem a disposição e a preservação da água
da chuva pois, numa mistura de concreto com um elevado índice de vazios, que o torna permeável à ação
das águas de chuva e, consequentemente, reduz a espessura da lâmina d’água sobre a superfície.
Originalmente desenvolvidos para resolver aspectos relativos à segurança, os revestimentos asfálticos
drenantes apresentaram uma boa capacidade de redução dos ruídos provenientes do tráfego de veículos,
reduzindo o impacto ambiental sofrido pela vizinhança das rodovias e vias urbanas (OLIVEIRA, 2003).

Figura 4 – Esquema de pavimento permeável

(Fonte: adaptado de Fonte: http://www.flowstobay.org)

Esses pavimentos podem ser de asfalto ou de concreto, em ambos não existem o agregado fino, o asfalto
tem agregados com vazios de 40% e o concreto com 17%. Os pavimentos podem, também, de pedras
britadas ou de grama adensada em estruturas de concreto ou de PVC, vide figura 5.

O sistema de pavimento permeável é útil por diferentes razões, a saber: o piso drenante é composto de
grandes materiais de concreto, pedra ou materiais altamente resistentes, equipados com um sistema de
filtração que permite a formação de uma espécie de grade, favorecendo a filtração da água da chuva. O

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grau de permeabilidade destes sistemas está intimamente relacionado a várias variáveis: o sistema de
colocação do solo, a camada superior do piso, o estado subjacente do piso, que permitem a filtragem da
água no solo, favorecendo sua dispersão.

Figura 5 – Pavimento Permeável.

(Fonte: Adaptado de https://www.aecweb.com.br)

Os pavimentos de blocos de concreto são muito eficazes na remoção de poluição do escoamento, ao


contrário dos tanques de atenuação. Os poluentes podem ou permanecem na superfície (particularmente
com gradientes zero) ou podem ser depositados nas camadas de pavimento subjacentes, onde muitos dos
poluentes são filtrados, presos ou degradados ao longo do tempo. Na Europa pesquisas realizadas
demonstram a eficácia de pavimentos permeáveis na redução da poluição. Eles podem, por exemplo,
remover entre 60% e 95% dos sólidos suspensos totais e de 70% a 90% de hidrocarbonetos (DELATTE,
2014).

É considerado um piso ecológico de alta eficiência possuindo funcionalidade estética diferenciada, e é


sustentável, possui alta aderência (antiderrapantes), alta resistência ao atrito, gera menos barulho quando
utilizado por veículos, se comparado a outros materiais como asfalto ou calçamento, além de ser uma opção
segura, pois possui partes com o sistema antiderrapante. Outra qualidade a seu favor é o preço, é barato
para comprar, instalar e realizar a manutenção. A tabela 2 apresenta uma análise comparativa entre os
pavimentos rígidos e os permeáveis.

Tabela 2 – Análise comparativa entre os pavimentos rígidos e os permeáveis.

Itens Comparativos Pavimentos Rígidos Pavimentos Drenantes

A camada superior (o revestimento asfáltico) é


O concreto é feito de materiais
composta de forma similar às convencionais,
locais, misturado a frio,
Materiais utilizados mas com
consumindo, geralmente,
retirada de fração de areia fina (graduação
energia elétrica
aberta) da mistura dos agregados do pavimento.
Vida útil (com
25 a 30 anos 20 anos
manuntenção)
Pouca necessidade de Não requerem tecnologia sofisticada, porém
Manutenção manutenção e ações mais exige manutenção frequente para evitar o
simples entupimento dos poros
Menos camadas,
Com mais camadas e uma mistura com um
Estrutura consequentemente menor
elevado índice de vazios
espessura
Reação com Pouco suscetíveis a reações Pouco suscetíveis a reações químicas, mas
produtos quimicos químicas e à contaminação pode levar contaminação pro solo
Melhores características de
Pavimento permeável, não permite acumular
Drenagem drenagem superficial: escoa
poças, reduzindo as inundações e a erosão
melhor a água superficial
(Fonte: Elaborada pelo autor)

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2.5 Pavimentos de blocos de concreto fotocatalítico

Como uma estratégia pra minimizar o efeito dessa poluição oriunda dos veículos automotores, estudos vem
utilizando a nanotecnologia na produção de materiais, com a incorporação de novas propriedades que
aumentam o seu desempenho, a sua funcionalidade e a sua durabilidade (CORTEZ, 2008). Em rodovias, a
tecnologia propicia um aumento no desempenho do revestimento, propiciando materiais mais resistentes à
deformação permanente, ao desgaste, menos sujeito à variação térmica e apresenta também menos dano
por umidade envelhecimento. Seu sistema é constituído por processos oxidativos avançados, pela
fotocatalise heterogênea que utiliza semicondutores como o dióxido de titânio (TiO2), sua incorporação em
combinação com o cimento Portland gera materiais com propriedades fotocatalíticas, ou seja, uma matriz de
cimento capaz de capturar e degradar poluentes atmosféricos como os óxidos de nitrogênio (NOx ) (MELO
et al., 2011).

O sistema funciona basicamente pelo processo de fotodegradação de poluentes atmosféricos, baseado nas
propriedades do semicondutor TiO2. Com a da incidência da radiação solar UV sobre a camada superior do
pavimento fotocatalítico, radicais hidroxila são produzidos, que por sua vez degradam os óxidos de
nitrogênio (NOx) por reações químicas de oxirredução, conforme ilustrado na figura 6. O resultado da
reação são íons de nitrato (NO3) que são fixados na superfície do pavimento em forma de sal, que
posteriormente serão removidos pela água de chuva e reaproveitados pelas plantas como nutrientes em sua
absorção (MELO et al., 2011)

Figura 6 – Pavimento de Concreto com Incorporação Semicondutor.

(Fonte: Adaptado de http://ciclovivo.com.br)

Os resultados obtidos com os revestimentos fotocatalíticos, segundo Carneiro 2013, mostraram que se pode
ter uma taxa de conversão do poluente (NOx) de até 95 %, dependendo do tipo e porcentagem de dióxido
de titânio incorporado. Neste contexto abordado, o pavimento rígido de dupla camada fotocatalítico, pode
ser considerado uma relevante tecnologia para contribuir com a minimização dos poluentes atmosféricos
emitidos pelas fontes móveis de poluição

Atualmente é um dos métodos mais estudados para o combate da poluição do ar em grandes cidades
(Omia, Bruxelas, Paris, Bergamo, Hong Kong). Também faz parte do plano de revitalização da Ponte
Sarajevo, que passa por cima da Avenida Meridiana próximo a Barcelona, Espanha. No Brasil, foi feita a
primeira obra pública com material fotocatalítico, na Rua Sete de Abril, em São Paulo. Entretanto, a malha
rodoviária brasileira, de forma geral, é formada em sua maioria por pavimentos com revestimento asfáltico.
Os pavimentos rígidos, com placas de concreto de cimento Portland, possuem uma representatividade
muito inferior (SANTOS, 2011).
A tabela 3 apresenta uma análise comparativa do pavimento rígido tradicional e o fotocatalítico

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Tabela 3 – Análise comparativa entre pavimento rígido tradicional e fotocatalítico.
Ítens Comparativos Pavimentos Rígidos Pavimento Fotocatalítico
O concreto é feito de materiais
locais, misturado a frio, Incorporação de dióxido de titânio (TiO2) em
Materiais utilizados
consumindo, geralmente, combinação com o cimento Portland
energia elétrica
Vida útil (com
25 a 30 anos 30 anos
manutenção)
Pouca necessidade de Mesmo do pavimento rígido, com o
Manutenção manutenção e ações mais benefício e serem autolimpantes reduzido o
simples custo de limpeza e manutenção.
As mesmas do pavimento rígido, com
Menos camadas,
acréscimo de uma camada incorporada com
Estrutura consequentemente menor
TiO2 com espessura média de 3mm a
espessura
10mm
Placa absorve a maior parte das
Distribuição de
tensões e as distribui sobre uma As mesmas do pavimento rígido
Tensões
área relativamente maior
Baseado no processo de catálise induzida
Reação com produtos Pouco suscetíveis a reações
por uma reação fotoquímica e eliminando
quimicos químicas e à contaminação
parte da poluição de óxidos de nitrogênio.
Pavimento permeável, pois ele atua como
Melhores características de
catalisador nas reações de degradação e
Drenagem drenagem superficial: escoa
melhoramento do escoamento da água
melhor a água superficial
superficial
(Fonte: Elaborada pelo autor)

3. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS SMART HIGWAY X DURABILIDADE

A tabela 4 apresenta uma análise comparativa entre os principais indicadores de qualidade dos sistemas de
rodovias apresentadas. Adotou-se uma escala comparativa de 1 a 3, sendo 1 o sistema menos favorável em
relação aos demais na propriedade analisada e 3 o mais favorável, entre os diversos sistemas e
considerando a propriedade analisada.

Tabela 4 – Análise comparativa entre os pavimentos


Convencional
Propriedades Fotovoltaica Eólica Permeável Fotocatalítico
Asfalto Concreto

Custo Implantação 3 2 1 2 1 2

Vida Útil 2 3 2 3 1 3

Durabilidade (com
serviços de 2 3 2 3 1 3
manutenção)
Sustentabilidade

Ambientais 2 3 3 2 1 2
Indicadores de

Econômicos 1 3 3 1 3 2

Sociais 1 2 3 1 2 2

(Fonte: Elaborada pelo autor)

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Analisando a tabela 4 constata-se que as rodovias fotovoltáica, fotocatalítica, eólica e de Concreto são as
que possuem maior durabilidade e vida útil. Apesar da rodovia permeável não está na lista das mais
duráveis, possui uma durabilidade mediana, seus indicadores de sustentabilidade ambiental, econômico e
social são mais elevado, com custo de implantação baixíssimo sendo, portanto, a mais indicada se
considerar os preceitos que regem o desenvolvimento sustentável.

Cabe mencionar que quando os pavimentos drenantes, inadequadamente instalados ou quando ocorrer
deficiência nos serviços de manutenção, terá sua vida útil comprometida. Além disso, um fato importante
chama atenção, por ser poroso, ele carreia não somente água; há um risco de contaminação dos aquíferos
se houver algum derramamento químico na pista causado por algum acidente, devendo ser instalado longe
de barragens de abastecimento de água.

As diferentes estruturas de pavimento requerem diferentes políticas de manutenção, e referem-se a todas


as ações implementadas ao longo de sua vida útil, com objetivo de manter o pavimento em determinado
nível de qualidade, ou manter a qualidade do pavimento com um determinado nível limite de degradação.

Com o intuito de prolongar a vida útil do pavimento, ações preventivas devem ser tomadas como a
conservação periódica e a restauração, destacando-se manutenção preditiva e avaliação das propriedades
requeridas quando a durabilidade, vide tabela 5, que apresenta um resumo de ensaios não destrutivos mais
divulgados na construção civil.

Tabela 5 – Ensaios não destrutivos passíveis a serem aplicados nas rodovias inteligentes
ENSAIO PRINCÍPIO VANTAGENS LIMITAÇÕES
Exame visual Realizado com ou sem ajuda de Custos baixos; É necessário
aparelhos óticos, ferramentas de Avaliação rápida das experiência;
medida, registros fotográficos. condições. Avaliação primária
limitada às
superfícies das
Pulso A amplitude e a frequência das Fácil execução; edificações.
É necessária
Ultrassônico ondas introduzidas são Baixo custo. treinamento para uso
modificadas pela presença de do equipamento e alto
NBR NM 58/ fissuras, objeto e seções que nível de especialização
1996 tenham diferentes impedâncias para a interpretação
acústicas. dos resultados.

Gamagrafia Os raios gama são emitidos de Os equipamentos são Fontes de raios gama
uma fonte, penetram na facilmente são perigosos para a
British superfície e saem no lado transportáveis; segurança e saúde;
Standard oposto sendo gravados. Custo elevado. Necessita de acesso
Institution aos dois lados.
(1986)

Termografia Uso de frequências de Para grandes áreas; Requer treinamento e alto


infravermelha infravermelho. Custo elevado. nível de especialização
para interpretar os
British resultados.
Standard
Institution
(1986)

Fibra ótica Consiste no uso de fibras óticas Conexão de câmera Equipamento de alto custo.
flexíveis, lentes e sistemas de fotográfica e permite
British iluminação. visões
Standard multidirecionais.
Institution
(1986)
(Fonte: Elaborada pelo autor)

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A conservação tem por objetivo corrigir certas deficiências do pavimento, à medida que elas vão
aparecendo, na maioria dos casos de modo pontual. A restauração compreende um conjunto de ações a
executar em certos períodos da vida do pavimento, com objetivo de recuperar certas características
(estruturais e/ou funcionais), ou apenas para reduzir a taxa de degradação do pavimento.

As estimativas da vida útil do pavimento podem fornecer importantes subsídios para a seleção de uma das
alternativas, mesmo que não haja um consenso sobre qual estrutura de pavimento é mais adequada, pois
cada sistema possui suas variáveis, junto com a análise dos pontos positivos e negativos, é possível efetuar
uma análise comparativa entre as alternativas o que muito auxiliará na especificação do mesmo.

Apesar das placas solares serem grandes indicadores de pavimentos sustentáveis, não existem pesquisas
que demonstram a destinação dos painéis quando sua vida útil terminar, visto que esse material não tem
como ser reaproveitado, e portanto, não está inserido dentro do ciclo de vida do conceito desenvolvimento
sustentável.

Os resultados obtidos com os revestimentos fotocatalíticos produzidos, segundo Carneiro 2013, mostraram
que se pode ter uma taxa de conversão do poluente (NOx) de até 95 %, dependendo do tipo e porcentagem
de dióxido de titânio incorporado. Neste contexto abordado, o pavimento rígido de dupla camada
fotocatalítico, pode ser considerado uma relevante tecnologia para contribuir com a minimização dos
poluentes atmosféricos emitidos pelas fontes móveis de poluição. (CARNEIRO et al., 2013)

As rodovias eólicas também tiveram alto índice de sustentbilidade ambiental, social e econômico, mas tem
a desvantagem de necessitar da ação do vento, tornando difícil a integração da sua produção em rodovias
como pouco tráfego, ou muito congestionadas, além disso, onde o vento é produzido pelo deslocamento
dos veículos, o impacto sonoro é alto, e pode afastar animais da região, incomodar comunidades próximas,
além de impacto visual elevado.

4. CONCLUSÃO

Diariamente milhares de veículos se deslocam com objetivos múltiplos, seja para transporte de pessoas, ou
de cargas, atualmente o principal desafio que o setor rodoviário enfrenta passa por encontrar o equilibrio
entre conciliar os veículos cada vez mais modernos que surgem dia a dia, com as rodovias nem tão
tecnológicas assim. As novas tecnologias que estão surgindo são altamente importantes e se faz
extremamente necessária, principalmente num ambiente totalmente precário como o sistema de transporte
rodoviário. Portanto, a busca de novos materiais revela a importancia e a necessidade de interligacao da
industria de pavimentação em termos de efeitos reais e potenciais, com o desenvolvimento sustentavel.
Além disso, a utilização de materiais mais duraveis significa uma vida util maior e um menor consumo de
recursos. Torna-se por isso indispensavel perceber quais medidas devem obrigatoriamente ser tomadas
para que seja elevada sua durabilidade.

Em termos gerais, é necessario que o pais consolide uma mudanca nas trajetorias ambiental, social e
econômica no sentido da sustentabilidade, incentivando as empresas e pesquisadores a pensar em
desenvolver produtos que sejam mais sustentaveis não só durante sua vida útil, mas também após o seu
término, reciclando e renovando os materiais desenvolvidos.

Para que realmente as rodovias seja uma realidade sustentavel é necessario que diversos intervenientes
atuem nesse sentido. Cabe a comunidade cientifica esse importante papel na disseminacao dos novos
materiais que possam contribuir para as SMART HIGWAY, de forma que políticas de incentivo possam ser
criadas no intuito de orientar os fabricantes a considerar a analise do ciclo de vida como base dos seus
desenvolvimentos, no sentido de solucoes que não comprometam a geração futura. É preciso sim investir
em novos materiais, mas considerando as qualidades ambientais incorporadas no produto de modo que
condicione o desemprenho ambiental, social e econômico na totalidade do seu ciclo de vida.

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AGRADECIMENTO

Os autores agradecem a FAPEMIG pelo apoio financeiro que possibilitou a participação no evento.

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rodoviários com capacidade fotocatalítica. 7o Congresso Rodoviário Português, p. 1–10, 2013.

CHAPA, J. Student Design Turns Highways Into Wind Farms. Inhabitat, 2007.

CORTEZ, O. A. Síntese e caracterização de ligas Fe-Ni nanoestruturadas. Rio de Janeiro: PUC-


Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008.

CRAVO, L. DA S. Geração de Energia nos Pavimentos Rodoviários. Coimbra: UCPT - Universidade de


Coimbra, 2014.

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DELATTE, N. Concrete pavement design, construction, and performance. 2. ed. London: Taylor &
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MELO, J. V. S. DE et al. Pavimento de blocos de concreto fotocatalítico. Téchne, 2011.

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RIBEIRO, N. M. P. BARREIRAS SONORAS EM ALTA. [s.l.] Faculdade de Engenharia da Universidade do


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construção. p. 149, 2010.

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