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Como ser um melhor professor de ensino à distância

10 Princípios e Práticas Essenciais

1.

Compareça na aula

Um bom professor nunca deixa os seus alunos entregues a si próprios. Acompanha-


os, explicando, orientando, fazendo perguntas, dando exemplos, respondendo a
dúvidas. Um bom professor chega à sala um pouco antes e fica um pouco depois
da aula com aqueles alunos que precisam de uma explicação extra.

No ensino online deve estabelecer um horário para envolver os alunos ativamente.

o Faça uma publicação semanal para dar uma ideia do que vai abordar,
para recapitular o que foi feito na semana anterior ou para ambas as
situações.
o Responda às perguntas feitas num fórum ou enviadas por email.
o Assegure momentos de contacto com os alunos, de acordo com um
horário estipulado, por marcação prévia ou de outra forma.
o Produza um pequeno vídeo para clarificar determinados assuntos de
uma aula.
o Dê feedback aos alunos sobre o trabalho realizado, atempadamente.
o Converse com os alunos por videoconferência.

Se estiver presente nas aulas em linha, a probabilidade de os seus alunos também


estarem é maior.

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________________________________________________________________Raquel Ramos
2.

Seja você próprio

A maior parte dos professores gosta de ensinar presencialmente porque pode


interagir com os alunos, mostrar a sua paixão pelo que ensina e alguns até apreciam
o lado performativo de estar em palco. Alguns de nós, quando estão na sala de aula,
são bem diferentes das pessoas que conversam na sala de professores. Utilizam o
humor, fazem pausas, gesticulam.

Nas aulas à distância parte desta forma de comunicar perde-se. A solução não
reside em facultar um vídeo connosco a dar uma aula, porque a energia física perde-
se utilizando esse meio. Pelo contrário, é necessário encontrar outras formas de ser
autêntico:

o Ao escrever, ao dar mini aulas, ao dar instruções, ao responder a perguntas,


pode escrever de forma carinhosa. Em vez de escrever: «Alguns de vós não
realizaram os questionários que disponibilizei na semana passada. Se
continuarem assim, não irão passar», opte por: «Obrigada pelo tempo que
dedicaram a esta disciplina, apesar do trabalho que têm tido. Só uma
chamada de atenção: verifiquem se já realizaram todos os questionários! Se
tiverem algum problema, por favor, contactem-me. Estou disponível para
ajudar. Obrigada».
o Muitas vezes a distância entre o professor e o aluno afeta a comunicação.
Seja humano. Por exemplo, no fim de um instrumento de avaliação, deve
escrever: «Se tiveres alguma pergunta sobre o que te é pedido para fazeres,
lembra-te que estou deste lado para te ajudar» em vez de: «Perguntas?
Coloca-as no fórum Perguntas e Respostas».

Gravar-se a si próprio é outra forma de mostrar a sua autenticidade aos alunos


(não me refiro a vídeos a dar aulas). Pode começar com coisas muito simples,
como gravar as instruções de um exercício. Os alunos vão apreciar ver o seu
rosto e ouvir a sua voz. Não se preocupe se o vídeo não ficar com uma qualidade
ideal. Afinal de contas, na sala de aulas, as coisas também não correm sempre
da melhor forma. Mostre que é uma pessoa autêntica.

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3.
Ponha-se no lugar dos alunos

Os seus alunos não estão perto de si como quando estão na sala de aula. A
maior parte está sozinho, sem apoio e é normal que se sinta isolado. Como é
que os pode ajudar? Antecipando o que estão a sentir e fazendo uma boa
planificação.
Imagine que é o aluno e está do outro lado a realizar a tarefa que lhe solicitou.
Saia da sua própria cabeça – onde tudo está claro e faz sentido – e questione-
se: As instruções estão suficientemente claras? Incluí os critérios de avaliação
da tarefa? Exemplifiquei o que pretendo com este projeto?
O melhor é pedir a um colega para verificar se a aula está clara. Os alunos
devem perceber claramente o que lhes estamos a ensinar e ter conhecimento
dos resultados que esperamos.

4.
Organize os conteúdos de modo a poderem ser acedidos de
forma intuitiva

Tente pensar como um aluno quando está a organizar os materiais. Muitas


vezes, os alunos sentem-se confusos e frustrados porque não conseguem
encontrar os materiais ou organizar as atividades. A sequência dos conteúdos e
das atividades de aprendizagem deve ser metódica, sistemática e intencional.
Como não está presente para dar explicações, é necessário que tudo esteja bem
estruturado:
o Se utilizar uma plataforma de ensino à distância, ative a função de aluno
e verifique como tudo funciona.
o Está claro onde os materiais e as atividades estão colocados? Quando
for possível, dê instruções claras, como: «Clique aqui para submeter o
trabalho».
o Seja equilibrado na quantidade de acessos que solicita ao aluno. Os
alunos deviam conseguir aceder aos conteúdos, à avaliação e ás
atividades de aprendizagem sem estarem constantemente a clicar em
hiperligações.

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5.
Acrescente recursos visuais

O ensino à distância está a associado a um lado cinzento, aborrecido e pouco apelativo.


Os seres humanos gostam de estar em sítios agradáveis; o aspeto dos lugares e dos
recursos tem influência na forma como aprendemos. Ao escolher os recursos visuais,
analise os sites, estude o design dos livros e das revistas.

Não é necessário ser um especialista em design, basta dedicar alguma atenção a esta
questão. Os recursos têm muito texto? Dê um espaçamento entre os parágrafos,
incorpore imagens sugestivas, inclua vídeos de pequenas dimensões, novos sites,
recursos da biblioteca. Certifique-se de que os recursos são atrativos mas apropriados.

6.

Explique claramente o que pretende

Como não está na sala de aula não vai poder clarificar o que pretende com determinada
tarefa. Por isso, é necessário clarificar o melhor possível, mas não caia na situação
oposta, ou seja, não escreva páginas e páginas de explicações. Isso não vai ajudar os
alunos, mas dispersá-los. Opte, antes, por fazer isto:

o Escreva as instruções como se estivesse a conversar com o aluno, não como se


ele fosse ler um manual.
o Produza um vídeo de dois minutos para explicar melhor alguns aspetos de uma
tarefa.
o Forneça rubricas (matrizes de avaliação das tarefas).
o Partilhe o trabalho de um aluno que teve melhor nota, como exemplo.

7.

Desenvolva atividades de aprendizagem «em andaime»

Quando está a dar aulas fisicamente, está sempre a exemplificar. Por exemplo, ao
demonstrar como se resolve uma equação, explica o processo de reflexão. Quando
partilha exemplos e analogias, mostra como faz a conexão de conceitos para uma

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compreensão mais profunda. Explica – passo a passo – para ajudar os alunos a ter um
bom desempenho nos testes, nos projetos ou noutro tipo de tarefas.

Nas aulas online é mais difícil desenvolver este tipo de ensino, ou seja, este processo
de gestão das tarefas, transformando as tarefas mais difíceis em várias tarefas mais
simples. No ensino à distância, o professor também precisa de ser criativo:

o Imagine que vai solicitar aos alunos que apresentem o resultado do seu trabalho
de investigação em formato vídeo. Nas semanas anteriores, os alunos devem
familiarizar-se com a ferramenta que vão utilizar, fazendo um vídeo de dois
minutos com uma apresentação à turma.
o Se vai trabalhar numa plataforma, certifique-se que os alunos sabem enviar
mensagens, pedindo-lhes para fazerem uma pergunta sobre um determinado
conteúdo, por exemplo.
o Durante a primeira semana de ensino à distância, peça aos alunos um PDF dos
seus trabalhos escritos à mão. Este exercício vai ajudá-los a transformar uma
fotografia no seu telemóvel num ficheiro PDF e a enviar um ficheiro na
plataforma.
o No início de um módulo, peça aos alunos para utilizarem ferramentas gratuitas
para fazer mapas concetuais sobre o que já sabem. Depois, no fim de cada
módulo, solicite-lhes que elaborem um mapa concetual com o resumo do que
aprenderam.

Encontre sempre formas de transformar tarefas mais complexas em várias tarefas


simples e dê feedback aos alunos, de modo a que estes possam melhorar ao
realizarem a tarefa seguinte.

8.

Dê exemplos

Tal como no ensino presencial, no ensino à distância os exemplos são cruciais para
que os alunos compreendam bem o que se está a ensinar. Entre outras opções,
experimente estas:

o Procure vídeos que explicam a matéria de uma outra forma.

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o Grave a explicação de outro professor para que os alunos possam ouvir uma
outra pessoa a falar do assunto.
o Tente arranjar forma de os alunos explicarem a matéria uns aos outros.

Quantos exemplos deve fornecer? Tantos quantos for possível.

9.

Transforme a aula num local convidativo

Pergunte-se a si próprio: Gostaria de assistir às minhas aulas online? Procuro comunicar


com os meus alunos da mesma forma que o fazia presencialmente?

Sinceramente, a maior de nós dirá que o ensino presencial é muito mais interessante.
O mesmo é válido para os alunos.

Quando ensina presencialmente, faz muitas coisas para ajudar os alunos a sentirem-se
confortáveis: cumprimenta-os, sorri, mantém o contacto visual, responde a perguntas.
Enfim, recorre a uma série de estratégias para manter um ambiente agradável. Aplique
esses princípios também no ensino à distância. Os alunos gostarão de estar nas suas
aulas online se:

o Utilizar recursos visuais, recursos multimédia e ferramentas interativas.


o Organizar as suas aulas de modo a que fluam sem dificuldade.
o Transmitir uma atitude positiva.
o Se for compreensivo em relação ao trabalho que os alunos estão a ter por
estarem a aprender online.
o Respeitar o tempo e o envolvimento deles, estando presente e envolvido
também.

10.

Empenhe-se numa melhoria contínua

Uma característica dos bons professores é quererem fazer sempre melhor. Traga esse
zelo para as aulas online, do mesmo modo que o leva para as aulas presenciais. Invista
tempo e energia em formação sobre ensino à distância. Mesmo pequenos esforços têm
grande impacto.

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Aqui estão algumas coisas que pode fazer:

o Participe em workshops oferecidos pelas entidades educativas/centros de


formação.
o Junte-se a grupos de discussão com os seus colegas.
o Subscreva newsletters sobre esta temática.
o Explore outras estratégias.

Adaptado de: How to be a better online teacher, de Flower Darby. In:


https://www.chronicle.com/interactives/advice-online-teaching

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