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Ana Carolina Ribeiro Rosa – Extensivo Medicina Morumbi – 11/04/2020

A corrupção e a passividade do brasileiro

Modelo Unb- Dissertativo expositivo-argumentativo

O mecanismo da política nacional

Ao se ponderar a respeito do “Jeitinho Brasileiro” percebemos a capacidade de


contornar situações, recorrendo a manobras não especificamente legais, a fim de se
esquivar de problemas. Com raízes culturais que remontam à colonização do Brasil, o
jeitinho pode ser relacionado à corrupção que assola a país, ou seja, as heranças
culturais da história do país corroboram para a manutenção do sistema político
corrupto.

A priori, desde os tempos coloniais a corrupção se encontra instalada no país, Mem


de Sá, terceiro governador geral da colônia portuguesa, teria enriquecido ilicitamente,
como aponta a historiadora brasileira Adriana Romeiro, analisando documentos
arquivados nas bibliotecas do Brasil, Portugal e Espanha, encontrou provas que a
corrupção, entendida na época como tráfico de influência, nepotismo, favorecimento
próprio e abuso de autoridade, estava presente na alta sociedade da época.
Certamente o bordão “rouba, mas faz” do ex-deputado estadual Paulo Salim Maluf,
caracteriza a herança de tal atividade, uma vez que a população aceita passivamente,
e até mesmo apoia, políticos roubam da população, explicitamente, mas  são vistos
como benfeitoras pessoas que ajudam suas comunidades.

Por conseguinte, a série brasileira produzida pela empresa de streaming Netflix, O


Mecanismo, obra de ficção inspirada livremente em eventos reais, a série exemplifica
a engrenagem da política nacional através de investigações sobre alegações de
corrupção em empresas de petróleo e construção, estatais e privadas, no Brasil,
operação conhecida como Lava Jato. Depreende-se, assim, que a corrupção faz parte
da sociedade como um todo, atravessando  todas as camadas sociais e sendo
fortalecida pela passividade da maior parte dos cidadãos. Em virtude da herança
cultural e das investigações de lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e mal uso
do cargo além das propinas presentes em todos os níveis de governo, a série fortalece
a visão de uma democracia sustentada por práticas ilegais, na qual cidadãos
honestos, ou seja que não compactuam com as práticas ilegítimas, são repreendidos e
podem sofrer com consequências em âmbito profissional e pessoal quando resistem
ao sistema, um exemplo na série, e o delegado federal Marco Ruffo, personagem que
retrata de modo fictício o delegado Gerson Machado que também sofreu retaliações
na vida real.

 A ancestralidade da base da esquematização do Estado acarreta o estado de inércia


dos habitantes do território brasileiro a frente da corrupção. Se a massa populacional
não exercer seu direito de democracia, na qual a vontade do povo é soberana, a
corrupção não deixará de ser uma realidade brasileira. 
Proposta de Redação

Texto I

A corrupção no brasil também é bancada por nós!

(Mauricio Alvarez da Silva)

Estamos novamente em meio a um turbilhão de escândalos públicos, o que tem sido uma
situação constante desde a época em que éramos uma simples colônia. Como diz o adágio
popular vivemos na “casa da mãe Joana”.

No entanto, a questão da corrupção no Brasil é muito mais profunda. Acredito que apenas
uma pequena parte dos casos seja descoberta e venha a público. Imagino que grande parcela
fique escondida nas entranhas públicas. Temos a corrupção política, a corrupção de servidores
e de cidadãos desonestos. A corrupção sempre tem dois lados, um corrompendo e outro
sendo corrompido.

É nítido que a máquina pública está comprometida. Desde criança escutamos falar sobre a tal
da corrupção, agora vemos, todo dia, ao vivo e a cores na TV.

Na esfera política houve e há muito apadrinhamento para se obter a dita governabilidade.


Não importa os interesses da sociedade, desde que os interesses pessoais e partidários sejam
atendidos, com isso vem a briga pela distribuição de cargos públicos, comissionamentos e
outras benesses. Isto ocorre em todos os níveis de governo (municipal, estadual e federal),
afinal é preciso acomodar todos os camaradas.

Se pararmos para pensar, no final das contas, mesmo que inconscientemente, somos nós que
financiamos toda essa corrupção. Os corruptos visam o dinheiro público, que em última análise
é o seu dinheiro e o meu dinheiro, que disponibilizamos para a manutenção da sociedade.

Na medida em que os recursos destinados a financiar hospitais, escolas, saneamento básico e


outras necessidades primárias são desviados, debaixo de nossos narizes, e não tomamos
qualquer atitude, também temos nossa parcela de culpa, por uma simples questão de
omissão.

Todo mês a arrecadação tributária bate recordes, o governo encosta os contribuintes na


parede e suga a maior parcela dos seus recursos e tudo isso para quê? Para vermos que o
nosso dinheiro está sendo desviado, utilizado para manter um gigantesco cabide de empregos,
manter o inchaço da máquina pública ou aplicado em obras fúteis, enfim, uma grande parcela
escoando pelo ralo. (...)

Falta-nos esse poder de mobilização e indignação, afinal quem manda neste país é o povo
brasileiro, sua vontade é soberana e cabe aos ocupantes dos cargos públicos nos representar
e, sobretudo, nos respeitar.

A situação pode, sim, ser mudada. Desde que você e eu nos manifestemos abertamente, pois
nossa manifestação, quando multiplicada, gerará a necessária mudança da opinião pública
sobre o assunto. Sinta-se à vontade para utilizar ou compartilhar este artigo com seus amigos e
colegas, e peça-os para manifestarem também em blogs, twitters e outros meios, enviando
cópia para deputados, senadores e outras autoridades.

Texto II

“No Brasil, corrupção é forma de gestão, é sistema político”, diz Jabor

Esta crise vem do atraso brasileiro. Quem a provoca é a resistência daqueles que vivem da
precariedade de nossas instituições, aqueles que vivem nos buracos da lei, como os ratos. O
Ministério Público com Janot e o juiz Sérgio Moro não estão provocando crise alguma, mas
uma mutação histórica. Mesmo que acabe em pizza, nunca mais o país será o mesmo.

Isso porque aqui a corrupção não é apenas um malfeito, um "pecado" de ladrões, mas uma
forma de gestão, um sistema político que contamina os órgãos públicos, deformando qualquer
hipótese de crescimento e governança.
Está vindo à luz um Brasil que estava oculto debaixo da terra e dos esgotos. A maldita herança
que Lula deixou abriu as portas para esse desmanche do país. Há 12 anos a ordem ainda é:
"Façam o que quiserem com o Estado, desde que me apoiem".

E assim se criou o pior cenário para o Brasil: uma frente única da esquerda incompetente com
a mais arcaica direita feudal. O perigo que a Lava Jato corre não são as investidas do ambicioso
trator Eduardo Cunha. Não. Perigosas são as artimanhas sutis, armadas para tentar que o STJ
anule as investigações.

No Brasil fala-se muito em democracia para não exercê-la. Mas Janot e os procuradores estão
mostrando que a verdadeira democracia é: "Todos os homens são iguais perante a lei".

A partir dos textos motivadores, e tomando-os unicamente como motivadores, escreva um


texto dissertativo expositivo argumentativo que verse acerca do seguinte tema: A corrupção e
a passividade do brasileiro. Seu texto deverá ter, no máximo, 30 linhas e ser escrito segundo a
norma culta da língua portuguesa.

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