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DOENÇAS REUMATOLÓGICAS

Doenças Reumáticas

Para quase todos, ao se falar emreumatismo, a referência encontrada é um estado de dificuldades


típicas dos idosos.

Esta idéia é tão difundida quanto falsa: as doenças reumáticas não são exclusividade de uma deter-
minada faixa etária e abrangem um número muito grande de afecções, com causas muito diversifica-
das.

O termo reumatismo, a rigor, não trata de uma doença em particular, mas de um grande número de-
las, todas atuantes no sistema músculo-esquelético. Este é o sistema que dá a sustentação (ossos) e
mobilidade (músculos) ao nosso corpo.

Sua estrutura é muito complexa, pois é composto por mais de 230 ossos e cerca de 639 músculos,
que desempenham funções variadas, como proteger órgãos vitais (crânio e costelas), sustentar-nos
na posição ereta e permitir atos como andar, pegar, pular etc. Ao movimentarem-se os ossos e os
músculos usam as articulações que, ao mesmo tempo em que os prendem na posição correta, permi-
tem que executem os movimentos mais variados.

Cada articulação de nosso corpo, além de ossos e músculos, tem outros componentes de grande im-
portância, como as cartilagens (que funcionam como amortecedores, não deixando que os ossos se
atritem e desgastem); os tendões (que ligam os músculos aos ossos); os ligamentos (que mantêm o
conjunto no lugar); as bainhas musculares (que cobrem tendões e músculos e evitam o atrito ao se
movimentarem); e as bursas (bolsas de líquido que ajudam a proteção e estabilização de algumas
articulações). Cada um destes elementos desempenha uma função e o bom funcionamento do con-
junto depende de todos.

O nosso sistema de sustentação e movimento é um fascinante produto de milhões de anos de evolu-


ção dos seres vivos, desde as suas formas mais simples até a complexidade e variedade atuais. Sob
o ponto de vista de sua eficiência, é o mecanismo perfeito para as atividades e necessidades huma-
nas, realizando seu trabalho com gasto mínimo de energia.

E mesmo a realização de movimentos simples, como abrir e fechar a mão, implica a atividade de de-
zenas de ossos, músculos, cartilagens, tendões e ligamentos trabalhando coordenados, de forma
quase automática.

As doenças reumáticas são inflamações (crônicas ou não) em um ou mais componentes de uma arti-
culação, gerando dores e incapacidade temporária ou permanente para sua movimentação ade-
quada.

A inflamação é uma reação benéfica ao organismo na qual esta busca se proteger de uma agressão
qualquer, seja de bactéria, vírus ou traumatismo, que (em média) em sete dias recupera as funções
normais. Esta reação benéfica se torna um problema quando não há possibilidade de controle do
agente inflamatório ou quando há um desequilíbrio no sistema imunológico, tornando-a impossível de
ser controlada pelos medicamentos atuais.

Existem mais de 100 tipos diferentes de doenças que podem ser classificadas como reumáticas. Es-
tas doenças podem atacar pessoas em qualquer idade.

Os tipos mais comuns de reumatismo, no Brasil, são a artrite, a artrose, a tendinite, a gota, as dores
na coluna e a osteoporose.

As doenças reumáticas são basicamente inflamatórias, mas a doença considerada reumática mais
complicada é de caráter degenerativo e se chama osteo-artrose, uma degeneração das cartilagens
que existem nas articulações e evitam o contato direto entre os ossos em movimento.

A osteoporose, também, é uma doença importante, e apresenta a redução de massa óssea, resul-
tante da perda de cálcio em algumas mulheres, após a menopausa.

No Brasil existem cerca de 15 milhões de pessoas sofrendo de algum tipo de doença reumática, prin-
cipalmente a artrose e o reumatismo das partes moles.

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A artrose ou reumatismo degenerativo é mais comum nas pessoas com mais de 50 anos, mas pode
surgir em jovens devido à obesidade ou a atividades profissionais. Sua principal característica é a de-
generação das cartilagens, provocando dor e enrijecimento das articulações.

O reumatismo nas partes moles atinge músculos e tendões e é mais comum em pessoas adultas. Em
geral, resulta de traumas provocados por esforços excessivos ou repetitivos.

As doenças reumáticas são um grande problema de saúde pública no Brasil. São a segunda maior
causa de afastamento temporário do trabalho e a terceira causa de aposentadorias precoces por in-
validez, perdendo apenas para as doenças cardíacas e mentais; isto, porque apenas um pequeno nú-
mero de doenças reumáticas pode ser curada, como a tendo-sinovite, provocada por esforço repeti-
tivo, a qual regride na medida em que a pessoa deixa de fazer a atividade que a provocou.

No entanto, em sua grande maioria, as doenças reumáticas podem ser controladas, permitindo uma
vida normal, excetuando-se uma minoria que leva a deformidades, pois podem atingir a coluna, enri-
jecendo-a, provocando paralisias e redução da capacidade de trabalho.

As doenças reumáticas não apenas podem incapacitar para o trabalho, como podem piorar muito a
qualidade de vida de seus portadores, provocando dores e dificuldades nas tarefas domésticas e nas
práticas esportivas.

O Que Está em Discussão

Evitar o surgimento de doenças reumáticas implica adquirir — e quanto mais cedo melhor — a cons-
ciência de que, por mais fantástico que seja o desempenho de nosso sistema músculo-esquelético,
ele se desenvolveu dentro de condições ambientais diversas daquelas em que o homem urbano se
encontra.

As cidades surgiram há não mais de cinco mil anos, e nossa formação corporal teve (pelo menos) um
milhão de anos de desenvolvimento prévio. O homem primitivo caminhava e se exercitava natural-
mente na sua busca de alimento e proteção contra os predadores, e toda nossa conformação corpo-
ral está adaptada a este exercitar constante da musculatura.

As condições vigentes nas cidades, atualmente, com seu sistema de transportes e formas de trabalho
sedentárias, exigem pouco ou nenhum exercício corporal no dia-a-dia de seus habitantes. Isto implica
a necessidade de exercícios corporais e atenção constante no processo de trabalho, evitando postu-
ras inadequadas ou esforços excessivos ou repetitivos.

Algumas dicas simples: caminhar utilizando o calçado adequado é o melhor exercício para prevenir
os diversos tipos de doenças reumáticas; para quem trabalha sentado: manter uma postura correta e,
de tempos em tempos, fazer relaxamento muscular e exercícios de alongamento; nas atividades que
implicam esforços repetitivos, relaxar e alongar os músculos a intervalos regulares; evitar esforços
excessivos e, ao levantar pesos, manter a coluna ereta.

O descanso também é importante, pois ao dormir recuperamos a energia despendida e relaxamos o


conjunto da musculatura. Por isso, é recomendável não usar colchões muito moles e travesseiros
muito baixos ou altos demais, o que pode provocar vários problemas de coluna.

Nas doenças reumáticas, o diagnóstico precoce é de extrema importância. É necessário ficar atento
e, ao notar qualquer inchaço e/ou dores em articulações ou coluna, procurar os serviços de saúde.
Muitos casos, mesmo aqueles considerados dos mais graves, podem ser curados ou controlados se
tratados desde o início.

Estes cuidados com o corpo (exercícios regulares, boa postura ao trabalhar, boas condições de des-
canso) são suficientes para prevenir a quase totalidade das doenças reumáticas, e não somente elas,
pois são cuidados que, aliados a uma alimentação adequada, garantem boa saúde ao longo de toda
a vida.

Doenças Reumáticas

As doenças reumáticas são, nos países desenvolvidos, o grupo de enfermidades mais frequente no
ser humano. A incapacidade funcional e laboral que geram tem um forte impacto económico-social.

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O que são doenças reumáticas?

São doenças e alterações funcionais do sistema musculoesquelético de causa não traumática.

Há mais de uma centena de doenças reumáticas, cada qual com vários subtipos, onde se incluem as
doenças inflamatórias do sistema musculoesquelético, do tecido conjuntivo e dos vasos, as doenças
degenerativas das articulações periféricas e da coluna vertebral, as doenças metabólicas ósseas e
articulares, as alterações dos tecidos moles periarticulares e as doenças de outros órgãos e/ou siste-
mas relacionadas com as anteriores.

As doenças reumáticas podem ser agudas, recorrentes ou crónicas e atingem pessoas de todas as
idades. As mulheres, sobretudo a partir dos 65 anos, são quem mais sofre com as doenças reumáti-
cas.

Como se manifestam?

As formas mais comuns de manifestação das doenças reumáticas são a dor, a tumefação e a limita-
ção da mobilidade.

Quais são as principais doenças reumáticas?

Osteoartrose

Raquialgias (dores na coluna vertebral)

Doenças reumáticas periarticulares, incluindo as lesões musculoesqueléticas ligadas ao trabalho

Osteoporose

Fibromialgia

Artropatias microcristalinas

Artrite reumatoide

Espondilartropatias

Doenças reumáticas sistémicas

Artrites idiopáticas (com causa desconhecida) juvenis.

Todas estas doenças constam do Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas – Circular Nor-
mativa n.º 12/DGCG de 02.07.2004 – Adobe Acrobat – 649 Kb.

Quais são os fatores de risco das doenças reumáticas?

Cada doença tem fatores de risco específicos. Há algumas patologias relacionadas com a prática de
atividade laboral, de desporto e mesmo de lazer.

Alguns fatores de risco são comuns:

- Idade

- Obesidade

- Tabagismo

- Ingestão de bebidas alcoólicas em excesso

- Ingestão de fármacos.

Como se tratam as doenças reumáticas?

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Os tratamentos apresentam terapêuticas diversificadas e, frequentemente, visam reduzir a dor e a in-


capacidade e melhorar o bem-estar e a qualidade de vida do doente.

Doenças Reumáticas

Existem centenas de doenças reumáticas que ocorrem mais frequentemente em adultos, mas que
podem também aparecer em crianças.

A maioria das doenças reumáticas envolve principalmente as articulações, tendões, músculos ou os-
sos, e são acompanhadas de dores. Há doenças reumáticas que são provocadas por inflamação dos
vasos (vasculites) e pode haver formas de reumatismo sem dor.

Um grande número de doentes reumáticos não tem doença grave (ex. a maioria dos doentes com os-
teoartrose) e podem ser seguidos apenas pelo seu médico de família.

Há doenças, (ex. fibromialgia) que embora não sejem graves exigem uma equipa multidisciplinar trei-
nada (reumatologista, fisiatra, técnicos de medicina física e de reabilitação, nutricionista, psicólogos,
etc.), para que o seu tratamento seja eficaz. O seu diagnóstico nem sempre é fácil, pois pode acom-
panhar outras doenças mais graves, ou mesmo porque o quadro clínico de outras doenças se pode
assemelhar ao da fibromialgia.

As conectivites, cujos exemplos mais conhecidos são a artrite reumatóide e o lúpus eritematoso sisté-
mico, se não forem tratadas corretamente podem levar a complicações sistémicas graves e grandes
incapacidades. Se diagnosticadas e tratadas o mais cedo possível pelo reumatologista e com os me-
dicamentos disponíveis hoje em dia é possível que os doentes exerçam as suas atividades da vida
diária e uma vida perto do normal.

Da mesma forma, qualquer artrite inicial deve ser enviada com a máxima rapidez ao reumatologista,
para que o diagnóstico e o tratamento adequados sejam efetuados nos primeiros meses da doença.
É importante que tenhamos sempre presente que o reumatologista serve mais para evitar a incapaci-
dade dos doentes do que para efetuar os relatórios com que o doente se pode reformar.

Há doenças reumáticas extremamente graves (ex. vasculites) que exigem um tratamento urgente por
vezes com internamento hospitalar, pois poderá estar em causa um envolvimento de órgão (ex. cére-
bro ou rim) ou mesmo a própria vida. Felizmente que são muito raras e se tratadas corretamente po-
derão ter um bom prognóstico.

É importante salientar que mesmo nos doentes reumáticos com grandes incapacidades e deficiên-
cias, resultado de um tratamento tardio ou não resposta à terapêutica, é sempre possível com uma
equipa multidisciplinar e cuidados integrados de saúde melhorar significativamente a qualidade de
vida destes doentes.

Doenças Reumáticas: Quem deve tratá-las?

Osteoartrose médico de família,reumatologista, ortopedista (cirurgia)

Fibromialgia equipa multidisciplinar liderada pelo reumatologista

Lombalgia médico de família, reumatologista

Tendinites médico de família; às vezes reumatologista, fisiatra

Artrite reumatóide logo desde o início pelo reumatologista

Artrites iniciais logo desde o incício pelo reumatologista

Lúpus Eritematoso Sistémico reumatologista, medicina interna

Sindroma de Sjögren reumatologista, oftalmologista

Vasculites (ex. D. de Behçet) reumatologista urgente, (outras especialidades às vezes)

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Espondilite Anquilosante reumatologista,fisiatra

Artrite com infecção reumatologista, infecciologista, ortopedia

Doenças reumáticas da criança reumatologista pediátrico, pediatra

Doenças ósseas (osteoporose) reumatologista, médico de família, ginecologista, endocrinolo-


gista

Doenças ósseas (D. de Paget) reumatologista

Gota úrica, condrocalcinose reumatologista

Pessoas que são fisicamente ativas, são mais saudáveis e vivem por mais tempo, quando compara-
das àquelas inativas. Isto é verdade para todos, mas especialmente para aquelas com reumatismo.

Os benefícios do exercício físico são bastante conhecidos de todos, mas existem alguns que se mos-
traram extremamente importantes para os pacientes reumáticos. A artrite é uma das maiores causas
de limitação da atividade física e, a inatividade pode piorar a doença, criando um círculo vicioso, que
vai complicando cada vez mais o quadro, dificultando a melhora.

Muitas das pessoas que têm artrite estão fora de forma, são mais fracas, com menos flexibilidade,
sentindo mais dor que o necessário, devido principalmente às complicações da inatividade.

Dor, rigidez, fadiga e o medo de piorar, podem fazer com que o paciente reaja contra o exercício. No
entanto, para o reumático, um programa de exercício apropriado é extremamente importante e saudá-
vel.

Que tipos de exercício são úteis e seguros?

Trabalhos mostram que muitas pessoas com artrite podem participar seguramente de programas de
exercício regulares, procurando alcançar uma melhor condição aeróbica, aumento da força muscular,
da resistência e flexibilidade, facilitando tarefas do dia a dia, como caminhar, se abaixar, cuidar dos
afazeres domésticos. Há três tipos principais de exercícios, cada com um papel na melhora da saúde,
aptidão e, reduzindo a incapacidade e a dor relacionada à patologia.

Alongamentos: são exercícios suaves, que praticados diariamente, promovem uma melhora da quali-
dade muscular, aumento da flexibilidade e, se feito corretamente, reduzem as lesões provocadas pelo
esforço do dia a dia. São a base de qualquer programa de reabilitação.

Condicionamento Muscular (força e resistência): estes são mais vigorosos que o anterior e, normal-
mente executado em dias alternados. Eles são indicados para um aumento da quantidade e quali-
dade do músculo, trabalhando com cargas e resistências crescentes.

Exige controle estrito de um técnico especializado, como um professor de educação física, além do
médico, é claro.

Condicionamento Aeróbico: estes incluem atividades que usam os músculos do corpo de modo rít-
mico e repetitivo, melhorando coração, pulmão e função muscular. Também é o tipo de exercício que
tem benefícios para o controle do peso, humor e saúde geral.

Exemplos deste tipo de exercícios são: caminhar, dançar, natação, hidroginástica ou ginástica aeró-
bica (sempre de baixo impacto), andar de bicicleta, etc.

Você sabia? Um método grosseiro de analisar se seu ritmo no exercício está correto é o de falar en-
quanto caminha, por exemplo. Isto não poderá provocar falta de ar. Não esqueça que é fundamental
ir ao médico antes de iniciar qualquer tipo de exercício, somente ele poderá afirmar qual o melhor
para o seu caso e, o ritmo indicado.

As recomendações atuais para atividade uma atividade física indicam que 30 minutos de atividade
aeróbia, moderada, 05 vezes na semana, são suficiente para manutenção de um estado saudável.

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Alguns trabalhos demonstram que para pacientes reumáticos este período pode ser divido em 03 de
10 minutos com o mesmo benefício.

Como escolher o melhor programa de exercício?

Um programa de exercício para uma pessoa com artrite inclui alongamento, fortalecimento muscular
e atividades aeróbicas.

O conteúdo e a progressão deste programa, depende de necessidades individuais e das incapacida-


des existentes. Os programas de exercícios de maior funcionamento serão aqueles onde a relação do
reumatologista X paciente é mais intensa, pois a confiança é primordial para quebra das barreiras do
medo da dor.

O termo reumatismo popularmente está relacionado a dores musculares e a doenças ósseas e articu-
lares.

Com a denominação de doença reumática considera-se as seguintes moléstias: artrose, artrite, tendi-
nite, bursite, gota e arterite.

A doença reumática é uma doença caracteristicamente crônica, que tem longos períodos de melhora
e significativos períodos de piora.

A sua causa não é bem conhecida, mas está relacionada à imunidade, isto é, ao nosso sistema de
defesa, que por razões pouco conhecidas passa a agredir o próprio organismo.

O diagnóstico da doença reumática não é simples e envolve: a história dos sintomas, o exame físico,
exames de laboratório e radiografias. Frequentemente as manifestações reumáticas se confundem
com outras doenças.

O paciente com doença de Parkinson que apresenta dificuldade à movimentação pode confundir seus
sintomas com o reumatismo; e também, as alterações devidas a uma flebite que provoca dores no
membro comprometido, podem ser mal interpretadas como sendo reumáticas.

Dor, a movimentação de uma articulação, inchaço localizado, calor e vermelhidão locais são muito
característicos de reumatismo.

No tratamento das doenças reumáticas destacam-se a aspirina, a cortisona e os antiinflamatórios não


hormonais (aspirina, dometacina, naproxeno, piroxican, etc).

Em algumas situações são usados medicamentos imunossupressores, isto é, substâncias que inibem
as defesas do organismo (ciclofosfamida, azatioprina, metotrexato).

Além dos medicamentos, o reumatismo se beneficia com procedimentos tipo repouso, calor, exercí-
cios, hidroterapia, massagens, ultra-som, estimulação elétrica, acupuntura, etc.

Algumas vezes há necessidade de se somar a psicoterapia ao tratamento.

Cada tipo de doença reumática apresenta aspectos clínicos e terapêuticos diferentes, sendo funda-
mental analisar cada um deles separadamente. A dor é o principal sintoma do reumatismo.

O Que e a Doença Reumática?

O termo reumatismo, embora consagrado, não é um termo adequado para denominar um grande nú-
mero de diferentes doenças que tem em comum o comprometimento do sistema músculo-esquelé-
tico, ou seja, ossos, cartilagem, estruturas peri-articulares (localizadas próximas às articulações, ten-
dões, ligamentos, fáscias, etc) e/ou de músculos.

Ao contrário do que ocorre com doenças cardíacas, neurológicas ou gastrintestinais, que podem ser
definidas como doenças que acometem determinado órgão ou sistema, o conceito de que as doenças
reumáticas são as doenças que acometem o sistema osteo-articular nem sempre é correto, pois, mui-
tos pacientes com doenças reumáticas podem não apresentar queixas articulares, ósseas ou compro-
metimento de tecidos peri-articulares, mais sim de órgãos diversos, como rins, coração, pulmões,
pele e etc.

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As causas, tratamentos e consequências das diversas doenças reumáticas podem ser muito diferen-
tes, razão pelo qual se torna importante saber qual a doença de cada paciente, ao invés de simples-
mente classificar como tendo uma doença reumática.

Os termos “reumatismo” ou “doença reumática”, na realidade, nada significam, pois não são diagnós-
ticos. O reumatologista é o médico especialista capacitado e treinado e que e deve ser procurado
para identificar e diagnósticar qual doença que o paciente tem.

Quando alguém diz que tem artrite significa apenas que tem inflamação da articulação, que pode ser
evidenciado por dor, edema (inchaço) e calor na junta.

A artrite é uma manifestação comum à maioria das doenças reumáticas que comprometem as articu-
lações. Portanto, artrite não é um diagnóstico. O paciente deve procurar saber o diagnóstico exato de
sua doença e não se satisfazer com o diagnóstico de “reumatismo”, “doença reumática” ou de “ar-
trite”.

Muitas dessas doenças são de evolução crônica e necessitam tratamento prolongado, mas a evolu-
ção e o prognóstico são muito variáveis, de doença para doença e de paciente para paciente, assim
ao contrário do que se diz popularmente não é uma “doença de velho”, mas sim pode também acon-
tecer em qualquer idade, inclusive em crianças recém-nascidas.

Como o tratamento dependerá do tipo de doença e do paciente em si, o diagnóstico correto e o trata-
mento adequado é fundamental, para um prognóstico mais favorável.

O diagnóstico precoce (“o quanto antes”) é de suma importância para um a boa evolução da doença,
evitando complicações que podem incapacitar o paciente de forma definitiva. Por isso, a busca do es-
pecialista é essencial.

Apenas para facilitar didaticamente a compreensão, poderemos classificar as doenças reumáticas, de


acordo com os mecanismos de lesão ou localização preferencial da doença em:

Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo

Doenças que cursam com inflamação do tecido conjuntivo e que estão relacionadas aos distúrbios do
sistema imunológico, que passam a reagir contra uma célula, tecido ou outro antígeno do próprio or-
ganismo:

Lúpus Eritematoso Sistêmico

a) Artrite Reumatóide

b) Esclerose Sistêmica

c) Doença Muscular Inflamatória (Polimiosite e Dermatomiosite)

d) Síndrome de Sjögren

e) Policondrite Recidivante

f) Doença Mista do Tecido Conjuntivo (Doença de Sharp)

g) Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide

Vasculites Sistêmicas

Arterite De Takayasu;

a) Granulomatose de Wegener;

b) Arterite Temporal;

c) Doença de Behçet;

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DOENÇAS REUMATOLÓGICAS

Espondiloartropatias

Doença inflamatória da coluna vertebral podendo ou não causar artrite em articulações periféricas e
inflamação em outros órgãos como o olho.

Espondilite Anquilosante

a) Síndrome de Reiter

b) Espondiloartropatia da Psoríase

c) Espondiloartropatia das Doenças Inflamatórias Intestinais

d) Espondiloartropatias Reativas

Doenças Osteometabólicas

Doença que afetam principalmente os ossos.

Osteoporose

a) Osteomalácea

b) Doença de Paget

c) Hiperparatiroidismo

Doenças Articulares Degenerativas

Doenças degenerativas que afetam as articulações.

Osteoartrose Primária

a) Osteoartrose Secundária (secundária a acromegalia, fraturas, má formação da articulação e ossos,


etc.)

Artropatias Microcristalinas

Doenças articulares causadas por microcristais.

Gota

a) Condrocalcinose

b) Artrite por hidroxiapatita

c) Artrite por outros microcristais

Artropatias Reativas

Doenças reumáticas associadas a processos infecciosos.

Artrites Infecciosas (infecção dentro da articulação)

a) Osteomielite (infecção no osso)

b) Artrite Reativa (artrite secundária a processo infeccioso localizado em outros locais Ex: Chlamídia,
Viroses, Amidalite e etc.)

c) Febre Reumática

d) Doença de Lyme

Reumatismos Extra-articulares

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DOENÇAS REUMATOLÓGICAS

Doenças que acometem estruturas próximas às articulações, mas não afetam a articulação propria-
mente dita.

Fibromialgia

a) Dor Miofascial

b) Tendinites (de ombro, de extensores e flexores dos dedos, etc.)

c) Bursites (do ombro, do trocanter, etc)

d) Esporões do calcâneo

e) Fasceíte Plantar

f) Epicondilite

Artrites Intermitentes

Febre Familiar do Mediterrâneo

a) Reumatismo Palindrômico

b) Hidrartrose Intermitente

Artropatias secundárias a outras doenças não reumáticas

Queixas osteo-articulares que podem ocorrer na evolução de outras doenças.

Diabetes mellitus

a) Hipotiroidismo

b) Hiperteiroidismo

c) Tumores (ósseos, articulares, tecidos peri-articulares)

“Apesar de apresentarem alguns sintomas semelhantes, como a dor nas articulações, cada tipo de
doença reumática tem características próprias”

Responsáveis por alterações e inflamações nas juntas, as doenças reumáticas que evoluem com ar-
trite acometem homens e mulheres de todas as idades, comprometendo a realização de tarefas sim-
ples, como segurar um copo ou pentear o cabelo. Entre essas doenças destacam-se a artrite reuma-
tóide, a osteoartrite e a gota.

Apesar de apresentarem alguns sintomas semelhantes, como a dor nas articulações, cada tipo de do-
ença reumática tem características próprias. De acordo com a médica reumatologista Evelin Golden-
berg, o diagnóstico correto e precoce é muito importante para o adequado controle dessas doenças.

No entanto, muitas vezes, a demora para começar o tratamento está justamente associada à falta de
conhecimento, até mesmo por médicos de outras especialidades que não estão habituados com a
forma de apresentação dessas patologias.

Acompanhe as dicas da especialista para detectar e tratar a doença:

Artrite Reumatóide

O que é?

A doença caracteriza-se por intensa inflamação nas juntas, principalmente das mãos, pés, provocada
por uma reação auto-imune do próprio organismo contra as articulações. A inflamação persistente
destrói progressivamente a cartilagem e os ossos, causando dor, deformidades e limitando os movi-
mentos.

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DOENÇAS REUMATOLÓGICAS

Atinge cerca de 1% da população mundial e a prevalência aumenta com a idade, podendo chegar até
a 5% em mulheres com mais de 55 anos. Mulheres são mais frequentemente afetadas do que os ho-
mens.

No Brasil, estima-se que cerca de 1,5 milhão de pessoas seja acometida pela doença, na maioria mu-
lheres em idade economicamente ativa – entre 30 e 50 anos. Especialistas alertam também que o nú-
mero de pessoas atingidas pela artrite reumatóide deve aumentar expressivamente nos próximos
anos com o envelhecimento da população.

Sintomas

Em geral, o paciente sente as juntas rígidas como se estivesse “enferrujado” ao acordar pela manhã
e está rigidez articular pode durar mais de uma hora. Fadiga inexplicável, inchaço e vermelhidão das
articulações, principalmente das mãos, são outros sinais observados.

Prevenção

Como não se conhece as causas da doença, não existe uma forma específica para prevenir a artrite.
No entanto, especialistas acreditam que o problema tenha origem genética.

A artrite reumatóide não é hereditária nem contagiosa, mas estudos recentes mostram que a pre-
sença de alguns genes que regulam o sistema imunológico pode estar relacionada a maior suscetibili-
dade ao desenvolvimento da doença.

Tratamento

Apesar da artrite reumatóide não ter cura, as eficiências das novas terapias têm cooperado para uma
melhor qualidade de vida dos pacientes.

De acordo com a gravidade, a doença pode ser tratada com analgésicos, anti-inflamatórios hormo-
nais e não-hormonais, drogas anti-reumáticas modificadoras da doença (DMARDs) e medicamentos
biológicos.

Osteoartrite: o famoso “Bico de Papagaio”

O que é?

A osteoartrite ou osteoartrose, conhecida popularmente como “Bico de Papagaio”, é uma doença crô-
nica degenerativa que destrói a cartilagem das juntas, gerando dor e limitação dos movimentos. É a
mais comum das doenças reumáticas e estima-se que cerca de 15% da população mundial seja afe-
tada pelo problema, principalmente pessoas com mais de 50 anos.

Diferentemente da artrite reumatóide, a osteoartrite pode ser causada por vários fatores, entre eles
traumas, fraturas, excesso de peso, sedentarismo ou desarranjos da própria articulação.

Sintomas

Geralmente aparecem após os 50 anos de idade. Dor nas juntas durante ou após os movimentos é o
primeiro sinal, podendo ser acompanhada de inchaço, rigidez no início do movimento, estalos, sensa-
ção de instabilidade ao andar e menor flexibilidade nas articulações afetadas, atrapalhando o porta-
dor a exercer as atividades do dia-a-dia.

Prevenção

Manter um peso ideal, praticar exercícios físicos de baixo impacto, diminuir, ou de preferência, sus-
pender o tabagismo e o consumo de álcool pode ajudar a prevenir a doença.

Tratamento

O problema pode ser tratado com analgésicos e anti-inflamatórios, mas só um médico pode dizer qual
a melhor terapia. Fisioterapia e exercícios físicos também ajudam no controle da doença. Em alguns
casos é necessária intervenção cirúrgica.

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Gota

O que é?

A gota é caracterizada pelo depósito de ácido úrico nas articulações, causando episódios de artrite. A
doença provoca dor intensa e, na maioria dos casos, afeta a articulação do dedão do pé. Estima-se
que 2% da população mundial sofram de gota, que geralmente acomete pessoas com mais de 35
anos, especialmente os homens.

Sintomas

A primeira manifestação da doença dura de 3 a 4 dias e desaparece em seguida. É caracterizada


pelo início súbito e agudo de dor localizada, começando normalmente pelo dedão do pé e depois su-
bindo pela perna. Outra característica da doença é a formação de tofos e deposito de ácido úrico em-
baixo da pele.

Prevenção

A melhor medida é evitar o aumento de ácido úrico no organismo, regulando a prática de exercícios
físicos e a obesidade, assim como consumo de álcool e controle da dieta.

Tratamento

Além dos medicamentos que eliminam o ácido úrico, o tratamento é feito com medidas preventivas
como a alta ingestão de líquidos, além de dieta rica em carboidrato e com pouca proteína e gordura.

A doença reumática (DR) é uma complicação não supurativa (auto-imune) de uma infecção da orofa-
ringe pelo streptococcus b-hemolítico do grupo A de Lancefield, em um hospedeiro susceptível; mais
frequente na faixa etária de 5-l5 anos.

A infecção de garganta pode ter manifestações sistêmicas, ser leve, atípica ou mesmo assintomática.
Cerca de 30%-70% das sequelas reumáticas não têm relatos de infecção prévia. As infecções cutâ-
neas pelo streptococcus B-hemolítico não causam DR, pois são nefritogênicos, podendo causar sín-
drome nefrítica, por glomerulonefrite aguda. A DR ainda constitui um sério problema de saúde pú-
blica. Cerca de 30 milhões de pessoas são atingidas pela doença em todo o mundo.

Em países do primeiro mundo a prevalência da doença vem diminuindo face a melhoria das condi-
ções socioeconômica culturais, uso mais frequente de antibióticos para infecções respiratórias e
queda da disseminação das estreptococcias.

Patogenia

Os streptococcus do grupo A contêm antígenos que são imunologicamente transreativos com o tecido
cardíaco humano (tropomiosina). A infecção estreptocóccica das vias aéreas superiores estimula a
produção de vários anticorpos que interagem com o tecido conectivo humano (auto-anticorpos) e ini-
cia uma resposta inflamatória sistêmica. Após um período de latência de 1-4 semanas, o hospedeiro
não tratado desenvolve sinais e sintomas da DR aguda.

Dos sinais maiores, a artrite é o mais frequente e mais importante no diagnóstico, a cardite, quando
presente, assume grande relevância na abordagem diagnóstico-terapêutica por deixar sequelas e
evolução, às vezes, graves. Das manifestações menores, a febre, artralgia, leucocitose e provas de
atividade inflamatória são as mais frequentes. Existe semelhança antigênica entre os componentes
do streptococcus e os tecidos humanos.

Há evidências de reatividade cruzada entre a proteína M e a tropomiosina, entre o carboidrato C e gli-


coproteínas do endotélio valvular, entre membrana protoplástica e sarcolema miocárdico, núcleo cau-
dado talâmico e subtalâmico e entre ácido hialurômico da cápsula da bactéria e tecido das articula-
ções.

Há estudos mostrando que a estreptolisina O seria um mediador não antigênico dessas reações
10,12. Ela destruiria as membranas celulares com degranulação de lisossomas dos fagócitos, promo-
vendo as reações inflamatórias e citotóxicas 10,12,13. Recentemente, isolou-se de portadores de DR

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uma proteína celular denominada 883 (+), um marcador de risco para a doença, que tem sido isolada
de ±75% dos portadores de DR e em 18% – 25% dos não reumáticos 11-15. Os indivíduos susceptí-
veis são não-secretores na saliva para IgA (sistema ABH); assim, haveria facilitação para o strepto-
coccus aderir-se à membrana celular do hospedeiro 7. O HLA B5(+) seria a constituição antigênica
mais vulnerável para a doença. Estes indivíduos têm redução de C1q, C3e C4 no tecido articular 9-
17.

Esta conformação antigênica propiciaria a interação entre os antígenos da bactéria e os linfócitos B e


T via região IR e Dr do HLA. Os indivíduos com DR apresentam diminuição dos linfócitos T8 (supres-
sores) e aumento dos T4 (helpers) 12,14. Com isto haveria eclosão de “clones proibidos” com lesão
celular em vasos, coração e articulações. Na histologia da cardite reumática há macrófogos, linfócitos
B, linfócitos T e mastócitos com relação TH/TS >2,0.

A classificação e o exame ultraestrutural do streptococcus com base nas variações de aminoácidos


da proteína M são essenciais para o entendimento da patogênese da DR. A camada mais externa é
composta de ácido hialurônico, camada que confere à bactéria sua aparência mucóide quando ela é
cultivada em agar-sólido 15,17. O ácido hialurônico dá ao streptococcus a capacidade de resistir a
fagocitose, sendo, portanto, um fator de virulência, além de ser antigênico 6,7. A 2ª camada da pa-
rede celular contém a proteína M, talvez o principal antígeno da bactéria. Constitui-se de módulos de
sete aminoácidos repetidos que se assemelham com as proteínas do tecido humano, como tropomio-
sina, miosina e vimentina. Esta homologia molecular propiciaria reações cruzadas imune-humoral e
celular em indivíduos geneticamente susceptíveis.

Os mecanismos de respostas humoral e celular têm sido demonstrados através de exacerbação de


respostas a testes cutâneos de hipersensibilidade tardia aos antígenos da bactéria com aumento li-
near com a incidência da doença até a adolescência 13. Guilherme e Kalil em estudo recente docu-
mentaram que epitopes da proteína M e frações de proteínas de miócitos cardíacos e válvula aórtica
normais são reconhecidos simultaneamente por linfócitos T infiltrantes (CD+). Estas células, capazes
de duplo reconhecimento, sugerem mecanismo de reação de hipersensibilidade retardada, como me-
diador de lesões cardíacas 16.

De acordo com a proteína M, os streptococcus podem ser divididos em pelo menos 80 sorotipos ca-
pazes de causar infecções no ser humano. Na gênese da doença, além de antígenos bacterianos e
do hospedeiro, outros fatores como ambientais, socioeconômicos são também primordiais. Dos siste-
mas genéticos estudados o HLA classe II é o que tem forte associação com DR. Diversas etnias e
alelos dos antígenos HLA-Dr foram estudadas 18-20.

A imunidade conferida por um anticorpo anti-M protege contra reinfeção homóloga, mas não contra
reinfecção heteróloga de outros sorotipos de proteína M. A proteína M, a exemplo do ácido hialurô-
nico, é um fator de virulência, fortemente antigênica e tem propriedade anti-fagocitose. Ela bloqueia a
produção de C3 impedindo a ativação do complemento via alternada, que normalmente permite a op-
sonização dos streptococcus grupo A, facilitando a fagocitose. Trabalhos recentes têm provado que
há dois grupos distintos de proteínas M. No grupo I, as moléculas da proteína M compartilham um
grupo antigênico que contém sequência repetida de peptídeos em sua superfície detectada, na maio-
ria dos sorotipos de streptococcus que causam DR. Este grupo tem certos epitopes (determinantes
antigênicos) semelhantes ao tecido cardíaco humano, como miosina e proteínas da membrana sarco-
lêmica.

No grupo II, estão as proteínas M que não tendo esta sequência repetida de peptídeos, produzem o
fator de opacidade sérica e não causam DR. A 3ª camada contém carboidratos. São substâncias es-
pecíficas de grupos, dividindo os streptococcus em grupos A, B, C, D, etc. Os principais carboidratos
desta camada são a N-acetilglicosamina e a ramnose, tendo importantes propriedades antigênicas
gerando auto-anticorpos que reagem contra as glicoproteínas da superfície celular valvular 6,12,15.

A 4ª camada da parede celular é composta de mucopeptídeo, rica em peptideoglicans, cuja síntese é


impedida pela ação de antibióticos betalactâmicos, a exemplo das penicilinas e cefalosporinas 10,12.
A camada mais interna da parede celular é a membrana protoplástica, um complexo de lipoproteína
altamente antigênico 15.

No estudo da susceptibilidade genética foi analisado o DNA pela técnica southern blot onde se detec-
tou um fragmento denominado alogenotopo taq1/Dr beta 13,81 kb, positivo em 83,3% dos pacientes

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vs 34% de controles 21. Este fragmento se inter-relaciona com os antígenos Dr2 e Dr53. Conforme
estudos em diversas populações (americanos, árabes, caucasóides e mulatos brasileiros) o antígeno
Dr53 constitui marcador de susceptibilidade para a doença 22. Enfim, a parede celular do streptococ-
cus compartilha vários determinantes antigênicos com o tecido cardíaco humano, núcleo caudado,
músculos lisos, vasos e membranas basal glomerular, constituindo as incógnitas da patogênese e
morbidade da DR.

Anatomia Patológica

A anatomia patológica da DR mostra lesões inflamatórias exsudativas e proliferativas dos tecidos


conjuntivos, em particular em pequenos vasos (perivascular) e coração 17. A doença tem tropismo
particular pelo coração.

Existe uma verdadeira pancardite (endocárdio, miocárdio e pericárdio). A marca típica da agressão ao
coração é o corpúsculo ou nódulo de Aschoff. Constitui um granuloma submiliar patognomônico da
DR, forma massa verrucosa, com material eosinofílico, com células em paliçada. O comprometimento
é anular, cuspal e cordonal, com formação de fibrose, cicatrização e encurtamento dos folhetos valvu-
lares. Na valva mitral tem predileção pelo folheto posterior.

Existe controversa se as células de Aschoff (miócitos de Anitschkow, células em olho de coruja) são
miócitos ou são de origem intersticial. Estas células podem persistir na fase crônica (estenose mitral)
17,23,24. A endocardite reumática caracteriza-se por uma vasculite verrucosa com edema e deformi-
dade do tecido valvular com espessamento fibroso e fusão das comissuras valvares, levando a graus
variados de insuficiência (regurgitação) ou estenose 15,25.

As válvulas mais atingidas são mitral e aorta, raramente a tricúspide, quase nunca a pulmonar. A peri-
cardite reumática consiste de inflamação das camadas do pericárdio e derrame. A constrição e o tam-
ponamento são extremamente raros 23,25.

Coréia

A coréia decorre de uma arterite do sistema nervoso central com degeneração celular perivascular,
hemorragias e petéquias, sobretudo nos núcleos denteado e subtalâmico 19,20.

Artrite

Existe edema, infiltrado de polimorfonucleares e monócitos nas estruturas peri e articulares. À exce-
ção da artropatia de Jaccoud, sequela deformante das articulações metacarpofalangeanas em surtos
reumáticos recorrentes, o acometimento articular nunca deixa sequela 19,20.

Pleurite

Em cerca de 50% dos casos existem graus variáveis de acometimento pulmonar com pleurite, pneu-
monite e derrame serofibrinoso com líquido amarelo pálido com aumento de polimorfonucleares 23-
33.

Em casos de cardite severa pode surgir pneumonite mais séria com nódulos hemorrágicos (nódulos
de Masson) tipo pequenos infartos (+ pulmão esquerdo) com hemorragia alveolar, edema fibrinoso,
necrose alveolar e até formação de membrana hialina 20-23.

Lesão renal

Estudos histológicos in vivo e post-mortem tem documentado lesão renal na DR 25. Estas lesões são
glomerulonefrite difusa ou proliferativa e nefrite crônica, que são diferentes da nefrite pós-estreptocó-
cica e raramente tem repercussões clínicas 29.

Quadro clínico

Critérios de Jones

Os critérios de Jones são utilizados apenas como um guia para o diagnóstico, já que há outras doen-
ças que podem preencher estes critérios. Há também os casos atípicos de DR que podem não satis-
fazer esses critérios. É necessário bom senso para utilizá-los adequadamente.

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Critérios maiores

Poliartrite

É o critério mais frequente, mas que traz muitas dificuldades de interpretação já que há diversas do-
enças inflamatórias ou constitucionais (drepanocitose, leucoses na infância, endocardite infecciosa
(EI)) que se manifestam com artrite e poderão ter provas positivas de atividade inflamatória da fase
aguda. O mais importante é reconhecer a presença da artrite, diferindo-a da artralgia (dor articular ).
Na artrite, há presença de sinais e sintomas flogísticos, como aumento do volume articular, eritema,
impotência funcional, dor à palpação. A dor ou a sensibilidades dolorosas isoladas não são suficien-
tes para o diagnóstico de artrite 6,15.

O curso clássico de artrite da DR sem tratamento é o seguinte: cerca de 1 a 5 (média de 2-3) sema-
nas após a infecção estreptocócica da orofaringe, surge a artrite em uma ou várias articulações, ge-
ralmente nos membros inferiores. A inflamação de uma articulação atinge o máximo de gravidade em
12 a 24h, permanecendo assim pelos próximos dois a seis dias. A artrite dessa articulação começa a
melhorar enquanto surge artrite em outra articulação, seguido o mesmo padrão de evolução, caracte-
rizando a artrite migratória.

Frequentemente, há superposição de artrite em outra articulação, enquanto a primeira ainda está


ativa, caracterizando a artrite rapidamente aditiva. A artrite pode migrar ou ser rapidamente aditiva
por um período de poucos dias ou de algumas semanas.

Em 2/3 dos casos, o surto só é severo na 1ª semana, enquanto no restante, permanece assim por
duas a três semanas. A partir daí, pode seguir um curso mais leve por uma ou duas semanas. Rara-
mente há casos em que os sintomas duram mais de quatro semanas, mesmo sem uso de antiinflama-
tórios (ácido acetilsalicílico) 6,10,29.

A artrite costuma ser muito dolorosa à deambulação, em grau desproporcional ao observado no


exame físico. Outra importante característica da artrite é sua resposta rápida aos antiinflamatórios
não hormonais (salicilatos, ácido acetilsalicilício). Após 24-36h do início dessa terapêutica, os pacien-
tes praticamente estão assintomáticos e os sinais objetivos de artrite cessam em menos de cinco
dias. Na falta desse tipo de resposta deve-se colocar em dúvida o diagnóstico de DR.

Embora os critérios de Jones levam em conta a presença de artrite em dois ou mais articulações, a
DR pode afetar apenas uma e, se os antiinflamatórios forem introduzidos precocemente, o padrão de
poliartrite migratória poderá não ser verificado.

É importante diagnóstico diferencial a poliartrite reativa pós-estreptocócica ou secundária a qualquer


IVAS ou virose sistêmica (hepatite, rubéola, etc). A artrite reativa pós-estreptocócica costuma ter
curso prolongado, é simétrica, não migratória, pouca responsiva aos salicilatos, sem outras manifes-
tações. Há trabalhos mostrando cardite após artrite reativa, sendo, portanto, este epifenômeno da es-
treptococcia um fator de risco para o desenvolvimento de DR com envolvimento cardíaco 25,34, 35.

Cardite

Na maioria dos casos existe uma pancardite (endocárdio, miocárdio, pericárdio). Caracteriza-se por
taquicardia, ritmo de galope por B-3, sopros de regurgitação (mitral ou aórtico), cardiomegalia, e ou-
tros sinais e sintomas de insuficiência cardíaca (IC). O ecodoppler é exame de grande importância,
podendo mostrar, mesmo com ausculta cardíaca normal, sinais de valvulite (regurgitação). A miocar-
dite ou pericardite isolada é muito rara 23,28.

Sopros na cardite reumática

Holossistólico apical, sussurrante, de alta tonalidade, com irradiação axilar. O diagnóstico diferencial
seria com click sistólico de prolapso de valva mitral, sopro sistólico funcional pulmonar ou aórtico, so-
pro sistólico de Still (de baixa tonalidade, auscultado em borda esternal esquerda), sopro sistólico de
comunicação interatrial ou interventricular com shunt E®D, cardiopatia congênita com regurgitação
mitral e cardiomiopatia hipertrófica.

A presença de sopro diastólico na cardite reumática deve-se a:regurgitação mitral severa com acentu-
ação de galope por B-3, dilatação ventricular esquerda , valvulite mitral, anormalidade de musculatura

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papilar propiciando regurgitação mitral. Um sopro diastólico em focos de base (aórtico) pode ser aus-
cultado após a B-2, é sussurrante e se deve à regurgitação aórtica (rara). O diagnóstico diferencial
neste caso seria com valva aórtica bicúspide que, além do sopro, tem quase sempre um click de eje-
ção em ápex e borda esternal esquerda 19,23,33.

Miocardite

A miocardite caracteriza-se por taquicardia acentuada precoce, sopros sistólico ou diastólico, cardio-
megalia em radiografia de tórax, IC leve ou severa e regurgitação mitral e/ou aórtica. Miocardite sem
valvulite raramente constitui manifestação de DR 23,28.

Pericardite

Caracteriza-se por dor torácica, bulhas abafadas, derrame (ao ecocardiograma), raramente existe
tamponamento cardíaco 25.

Coréia – (coréia de Sydenhan)

Geralmente, não apresenta dificuldades diagnósticas por serem manifestações bastante característi-
cas, entretanto, deve-se procurar afastar a possibilidade de ser lúpus eritematoso sistêmico (LES)
que também pode apresentar sintomas coréicos, como primeiras manifestações. Caracteriza-se por
movimentos involuntários sem finalidade, fraqueza muscular e labilidade emocional, pode ser tardia,
uni ou bilateral.

Os principais diagnósticos diferenciais da coréia são: tiques, atetose, histeria, hipercinesia, LES, do-
ença de Wilson, reação a drogas (metoclorpramida, haloperidoal) e coréia de Huntington (senil), tu-
mores cerebrais e encefalites 15,20.

Nódulos Subcutâneos

Estes sinais maiores estão presentes nos casos com cardite e, portanto, nessa eventualidade, não
trazem problemas no diagnóstico diferencial, são firmes, indolores, têm preferência por superfícies
extensoras, como cotovelos, joelhos, pulsos, região occiptal 29,32.

Eritema Marginado

O eritema marginado tem centro pálido, não acomete a face, é transitório e migratório, pode ser re-
produzido por aplicação de calor local, não é pruriginoso e clareia sob pressão. Geralmente indica
pior prognóstico (cardite), são raros, tendo predileção por eminências ósseas 29,33-37 .

Critério Menores

Artralgia, febre baixa e precoce (<39o) , provas de atividade inflamatória elevadas (VHS, proteína C
reativa, mucoproteínas), antecedentes de DR. PR aumentado no ECG. São bastante inespecíficos e
devem ser interpretados com cautela, pois estão presentes na maioria das doenças inflamatórias,
vásculo-colagenoses, infecciosas e outras afecções constitucionais. Na coréia isolada, as provas de
atividade inflamatória podem ser normais. A presença de vários critérios menores isolados não faz
diagnóstico de DR 33-39.

Evidência De Infecção Estreptocócica

Uma alta percentagem de pacientes (30%-70%) não tem história precedente de infecção de vias aé-
reas superiores e a cultura é frequentemente negativa para o streptococcus beta-hemolítico do grupo
A.

A presença de títulos elevados de antiestreptolisina O (ASO) deve ser analisada com cuidado, pois
denota apenas uma infecção estreptocócica prévia, fato comum em crianças na fase escolar e, por-
tanto, inespecífica para o diagnóstico na ausência de critérios maiores.

Além disso, nem todo paciente com DR apresenta títulos elevados de ASO na vigência do surto reu-
mático. Vinte e cinco por cento dos pacientes até dois meses de evolução e 40% com coréia isolada
podem apresentar ASO negativa. O exame deve ser repetido semanalmente na suspeição clínica da
doença. Muitas crianças podem ter outras doenças (virais e bacterianas) com ASO elevada 1,5,6.

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Manifestações que ajudam no diagnóstico: dor abdominal, taquicardia durante o sono, taquicardia
desproporcional á febre (dissociação febre/temperatura), mal-estar, anemia, epistaxe, dor precordial,
sudorese. Estes sinais e sintomas não constituem critérios diagnósticos e só adquirem valor em pre-
sença dos critérios maiores e menores de Jones.

Exceções aos critérios de Jones: coréia isolada, cardite reumática insidiosa, recorrência de DR
(mesmo sem sinais maiores). A presença de uma dessas condições, mesmo isolada, afastada outras
causas, constitui critério de DR.

Diagnóstico Diferencial

Os mais importantes são: endocardite infecciosa; anemias hemolíticas – anemia falciforme; leucoses
– leucemia linfoblástica aguda; vásculo-colagenoses: LES; artrite reumatóide juvenil; púrpura de He-
noch-Schonlein; bacteremias ou septicemia com artralgias; artrite gonocócica (acomete articulações e
tecidos periarticulares, entesemopatia); artrites (artralgias) reacionais pós-viroses; artrite reacional a
drogas; tuberculose ósteo-articular; doença do soro; cardite por yersina enterocolítica; cardite por ví-
rus.

A EI por ter acometimento sistêmico com febre, artralgias, provas de atividade inflamatória positivas e
acometimento cardíaco (taquicardia, sopros) simula muito a DR 25. Neste caso as hemoculturas seri-
adas para isolamento do agente infeccioso e ecocardiograma para detecção de vegetações são exa-
mes decisivos no diagnóstico.

A cardite viral ou por yersinia enterocolítica constituem outros diagnósticos diferenciais muito difíceis.
Ambas provocam artrite, lesões cardíacas com sopros em tudo mimetizando a DR. As demais condi-
ções têm marcadores sorológicos (colagenoses) ou bioquímicos e hematológicos (anemia falciforme)
específicos e não mostram grande dificuldade diagnóstica.

Constitui erro comum a administração de AINH (salicilatos) e corticóides antes de se estabelecer o


diagnóstico definitivo de quadro articular agudo. Estes medicamentos podem mascarar o diagnóstico
e alterar as provas de atividade inflamatória, trazendo dificuldade na profilaxia secundária da doença
25,37,38.

Laboratório

Não existe um marcador bioquímico ou sorológico específico para DR. Os exames são adicionais à
clínica e ajudam a confirmar o diagnóstico 37.

Hemograma

Pode haver leococitose leve com pequeno desvio para esquerda e anemia normocítica e normocrô-
nica leve. A presença de leucocitose expressiva deve levantar a suspeita de outras doenças como
artrite infecciosa. Leucocitose severa com atipias é comum nas leucoses, nas quais o mielograma é
exame diagnóstico definitivo.

A velocidade de hemossedimentação estará elevada em proporção à gravidade da doença 24. A VHS


é exame de grande valor diagnóstico. A presença de artrite com VHS normal praticamente exclui a
possibilidade de DR. Poderá estar normal ou baixa em doenças concomitantes como hepatopatia, IC,
uso de antiinflamatórios não hormonais (salicilatos) e corticosteróides. Na anemia está elevada 27,38.

Proteína C reativa (PCR)

Altera precocemente na DR, tendo meia vida curta. Constitui evidência de atividade inflamatória bas-
tante inespecífica. Não se altera com uso de antiinflamatórios e é útil em casos de recorrências 27,38.

Mucroproteínas

Mostram-se positivas em quase 100% dos pacientes com DR, permanecendo assim em toda a evolu-
ção da doença 25. Todavia, mostram-se positivas em outras condições como injeções repetidas de
penicilina, insuficiência renal avançada, EI, noplasias, doença linforreticular (leucoses) e tuberculose
ativa.

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Proteínas Séricas

Na eletroforese das proteínas, podemos ter albumina diminuída, aumento da alfa2 e gamaglobulina.
Destas, a alfa2 globulnia tem meia vida mais longa e serve com critério de cura.

Anticorpos contra antígenos estreptocócicos

A antiestreptolisina O, anti-hialuronidase, anti-estreptoquinase e anti-desoxirribunuclease B (anti-


DNASE B) são os principais Ac formados pelo hospedeiro contra os constituintes do streptococcus
32,39. A ASO mostra-se positiva em mais de 70% dos casos de surto reumático agudo 38,39. Seu
pico máximo (15 dias) coincide com o quadro articular agudo e é a prova de estreptococcia prévia 39.

Na coréia isolada, que pode se manifestar tardiamente, a ASO pode ser normal (positividade em
torno de 20%) 39. Neste caso a anti-DNASE B mostra-se de melhor acurácia diagnóstica, pois tem
meia vida mais longa (positividade em torno de 40%) 39. Título normal de ASO: £ 240 em adultos,
£333 em crianças. Na DR geralmente aumenta duas ou mais vezes o valor normal. A presença de
dois anticorpos positivos tem uma sensibilidade de 95% para DR.

Cultura de Garganta

Os streptococcus podem ser isolados da garganta na vigência de infecção ativa. Todavia, a cultura
positiva pode também ocorrer no portador crônico que faça uma faringite viral 39, tornando-se útil na
tipagem da bactéria causadora da infecção ou na distinção das faringites virais e bacterianas. Tem
valor limitado, uma vez que o streptococcus é um patógeno natural da cavidade oral 39. Na vigência
de DR ativa (artrite) somente 25% dos pacientes têm cultura positiva.

Teste de Detecção Antigênica

A pesquisa de antígenos estreptocócicos no sangue é de execução fácil e rápida, mas se mostra de


pouco valor prático, pois não distingue a infecção ativa do estado de portador crônico, têm alta espe-
cificidade e baixa sensibilidade (± 25%) 25,29. Cobre, ceruloplasmina – podem estar elevados na co-
réia.

Urinálise

Pode apresentar cilindrúria, albuminúria.

Eletrocardiograma

Pode-se ter taquicardia, bloqueio atrioventricular de 1o grau (aumento do intervalo PR), distúrbios de
condução intraventricular (aumento QRS), alterações de repolarização ventricular e aumento do QTc
(preditor de cardite mais grave) 33.

Radiologia do tórax

Na radiografia do tórax pode-se ter cardiomegalia e congestão pulmonar 34.

Ecocardiografia

Exame de grande sensibilidade no diagnóstico de cardite subclínica, podendo identificar desde uma
valvulite até a extensão e gravidade de outras lesões como miocardite e envolvimento pericárdico 27-
34. O exame com a técnica Doppler ou com mapeamento de fluxo a cores é de grande valor nos ca-
sos onde a ausculta cardíaca é duvidosa ou com sopros discretos. Uma simples regurgitação mitral
ou aórtica em um paciente, previamente saudável, é um critério seguro de comprometimento cardíaco
27,34.

Cintilografia

Na cintilografia miocárdica, o radiofármaco mais utilizado é o gálio-67. É considerada positiva quando


há presença de captação do radioisótopo. Soares Jr 28, em estudo no INCOR-SP, abrangendo 36
pacientes com cardite reumática, detectou 31 casos com cintilografia positiva, sendo que, 25 mostra-
ram histopatologia positiva e seis negativas. As cinco cintilografias negativas tiveram também histopa-
tologia negativa. Feitos na fase crônica da doença (inatividade reumática) os exames tiveram a

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mesma correlação cintilografia negativa/histopatologia negativa. A cintilografia com gálio-67, portanto,


é exame de grande acurácia não só em detectar o processo inflamatório miocárdico como também
um referencial para biópsia endomiocárdica que é considerada positiva pela presença de infiltrado lin-
focitário. Ambos os exames complementam-se permitindo demonstrar grau de atividade reumática na
fase aguda e regressão reumática na fase crônica 28,31.

Tratamento

Medidas gerais – Repouso: na ausência de envolvimento cardíaco, que deverá durar enquanto per-
sistir os sintomas/sinais de artrite 3,4.

Na presença de cardite deverá haver repouso enquanto permanecerem sinais/sintomas de disfunção


cardíaca 15 (taquicardia de repouso, dispnéia aos pequenos esforços e fadiga).

Poderá variar de três semanas a seis meses, conforme o grau e extensão do envolvimento cardíaco
8. Dieta hipossódica, antitérmicos, antieméticos etc.

Tratamento da Estreptococcia

A infecção estreptocócica mesmo subclínica ou inaparente deve ser tratada com rigor pelos riscos de
recorrência ainda na fase hospitalar 24,29.

Os antibióticos de escolha são: penicilina benzatínica, penicilina procainada 400.000UI IM 12/12h, pe-
nicilina V 250mg 3x/dia – 10 dias. Não existe nenhuma vantagem em se utilizar as penicilinas semi-
sintéticas, uma vez que aquelas têm a mesma eficácia sobre a bactéria com uma relação custo/bene-
fício significativamente menor 40-44.

Pacientes alérgicos à penicilina podem ser tratados com eritromicina (estolato ou succinato) 20-
40mg/kg/dia – 10 dias, ou cefalexina 500mg 3´/dia – 10 dias (paciente adulto) 44-47.

Antiinflamatórios Não Hormonais (AINH)

Ácido acetilsalicílico (AAS) 100mg/kg/dia – máximo de 3g/dia, é o medicamento de eleição para artrite
27. A resposta da artrite ao AAS é tão imediata e eficaz que se deve questionar o diagnóstico de DR
se não há remissão dos sintomas articulares em poucos dias 28.

A duração da terapia com o AAS é em média de quatro semanas, ou seja enquanto durar os sinto-
mas e as provas de atividade inflamatória 27,28.

Os efeitos colaterais do AAS (salicismo) são: sonolência, lipotímia, zumbidos nos ouvidos, hiperpnéia,
taquipnéia, náuseas, agitação, distúrbios de consciência, até coma, hipertermia e convulsões 28,30.
Mais raramente e dependendo da dose pode haver hipoprotrombinemia, retenção de água, IC e
edema agudo de pulmão 29,36.

Corticosteróides (prednisona)

Em presença de cardite ou coréia utilizamos a prednisona na dose de 1 – 1,5mg/kg/dia (máximo


60mg em adulto e 40mg na criança <12 anos) em dose única matinal por quatro semanas ou en-
quanto durar sinais de cardite e provas de atividade inflamatória 30.

A partir da remissão dos sinais/sintomas de cardite deve-se suspender gradativamente o medica-


mento ±5mg/semana 30.

Para evitar sintomas de rebote (febre, dores osteomusculares, taquicardia) deve-se associar 2g de
AAS e mantê-lo por 2-4 semanas após a suspensão da prednisona 30.

Os principais efeitos benéficos do corticosteróide na DR são inibição da migração de polimorfonuclea-


res, ação antifibroblástica, estabilização dos lisossomas celulares, diminuição da permeabilidade vas-
cular, inibição das cininases e outros mediadores da inflamação 27,29.

Os efeitos colaterais mais comuns são: fácies cushingóide (lua cheia), retenção hidrossalina, hiper-
tensão arterial, úlcera péptica, diabetes mellitus, osteoporose, hirsutismo, hipocalemia, glaucoma, ne-
crose asséptica de cabeça do fêmur, catarata e pancreatite 20,29.

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Insuficiência Cardíaca

Dieta hipossódica, repouso, diuréticos, digitálicos, inibidores da ECA. Os compostos digitálicos (des-
lanasídeo-C, digoxina) devem ser empregados com cautela pelos riscos que estes pacientes têm de
intoxicação pela droga 32,34.

Coréia – No tratamento da coréia, recomenda-se manter ambiente calmo, sem estímulos sonoros e
visuais, evitar atitudes que excitem ou irritem o paciente, com orientações sobre a evolução e prog-
nóstico da doença 32.

Profilaxia da Doença Reumática

Profilaxia Primária

Consiste em tratar tempestiva e rigorosamente toda estreptococcia de vias aéreas superiores (fa-
ringe, tonsilite), mastoidite, otite, sinusite, principalmente em crianças e adolescentes. A infecção bac-
teriana de vias aéreas em geral é iniciada após período de incubação de 1-4 dias com dor súbita de
garganta, cefaléia, febre, dor abdominal, náuseas e vômitos, linfadenite cervical anterior e amigdali-
ana proeminentes e dolorosa, exsudato purulento branco-acinzentado nas amígdalas, petéquias em
úvula e pálato, rash escarlatinoforme, sem tosse ou conjuntivite 30.

As infecções virais em geral dão mais sintomas irritativos com coriza mucosa, disfonia, tosse seca,
conjuntivite, estomatite, hiperemia, hipertrofia de amígdalas e diarréia 30. Como exames complemen-
tares, pode-se realizar a cultura do exsudato das amígdalas, podendo haver resultados falso-positivos
nos portadores crônicos do streptococcus beta hemolítico. No surto reumático apenas 25% das cultu-
ras de orofaringe são positivas 30-32. O teste de detecção antigênica é pouco viável e tem as mes-
mas limitações da cultura.

A dosagem de anticorpos (ASO, anti-DNASE) na fase inicial da infecção são normais e, portanto, sem
valor prático nesta etapa 30,38. Eles só têm importância na suspeita de DR, como evidência de es-
treptococcia prévia.

Enfim ao abordar um paciente com IVAS deve prevalecer o bom-senso e a relação risco/benefício
para tratar os casos duvidosos 38. Cerca de 30% – 70% dos casos de DR não têm relato de infecção
prévia ou eram casos oligossintomáticos 27,47. Portanto, na dúvida entre IVAS viral ou bacteriana
melhor seria instituir pelo menos uma dose de penicilina benzatínica 600.000UI IM para crianças
<27kg e 1200.000UI IM para pacientes >27kg 32,37.

As outras opções de antibióticos seriam: penicilina V 250mg 3-4 vezes/dia – 10 dias ou eritromicina
20-40mg/kg/dia 38 por 10 dias.

As sulfas, associação sulfametoxazol + trimetropim e tetraciclinas não devem ser empregadas pelo
elevado número (+ de 70% dos casos) de resistência a essas drogas. Na amigdalite crônica, pela fre-
quente associação fuso-espiralar, recomenda-se o uso da penicilina benzatínica com clindamicina.

Profilaxia secundária (recorrência)

Na DR sem cardite, a profilaxia deve ser por período mínimo de 5 anos se >16 ou até 21 anos se <15
anos 3,5; na DR com cardite – em presença de cardite, a profilaxia contínua é a única proteção efe-
tiva contra a recorrência 5,8.

Nas pessoas em risco de infecções estreptocócicas (pais de crianças pequenas, médicos e paramé-
dicos, recrutas, funcionários de creches e orfanatos, pessoas que vivem em confinamento e baixo ní-
vel socioeconômico cultural), mesmo tendo DR sem cardite, devem fazer profilaxia continuada pelos
riscos de recorrência reumática 36,44.

Profilaxia de Endocardite Infecciosa

Os indivíduos com valvulopatias ou próteses valvulares que fazem profilaxia antibiótica contra recor-
rência de DR não estão protegidos contra EI. Portanto, em todo procedimento cirúrgico ou odontoló-
gico, passível de bacteremia, é necessária antibioticoprofilaxia para EI 25.

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Evolução e Prognóstico

Os fatores que indicam pior prognóstico são: início precoce da doença, cardite com pericardite, recor-
rência. A cardite é mais frequente em criança. Quanto menor a faixa etária, pior o envolvimento cardí-
aco.

O indivíduo que desenvolve DR tem 20 vezes mais chance de recorrência, após outros surtos de es-
treptococcias. Daí a importância da aderência do paciente à profilaxia antibiótica. A remissão da DR
pode ser total. Cerca de 90% dos pacientes com DR sem cardite não têm nenhuma sequela em 5-10
anos. Se houver cardite, mesmo com tratamento adequado, existe algum compromentimento cardí-
aco em 20% dos pacientes ao final de 20 anos.

As principais causas de óbito na DR são: choque cardiogênico, IC, EI, tromboembolismo pulmonar e
pneumonite reumática 34,40. Veloso e col 40 estudaram 13 casos de DR ativa fatal com idades entre
4,5 e 25 anos. O quadro clínico variou de febre até 39oC em todos os pacientes à disfunção valvar,
IC e ausência de coréia em todos os doentes. Ao ecocardiograma todos os pacientes apresentaram
dilatação de VE. Hipocinesia ventricular esquerda e vegetações valvares foram detectadas em 45%
dos casos.

As causas de óbito foram: IC, síndrome de baixo débito e hemorragia incoercível, mais pericardite fi-
brinosa perioperatória. A necropsia mostrou pericardite em nove casos, pneumonite reumática em
quatro, verrugas reumáticas em 10. Os autores concluem que a DR ativa pode ter desfecho fatal à
primeira manifestação, mesmo em idade adulta, tendo como diagnóstico diferencial principal a EI.

Fatores Genéticos e Pesquisa de Vacinas

A profilaxia primária da DR é de grande importância, principalmente em países onde a doença consti-


tui grande proporção de doenças cardiovasculares 2-4. A antibioticoprofilaxia é uma solução parcial,
visto que sendo a patogênese da doença uma reação imunitária ela pode resultar de muitos casos
inaparentes ou assintomáticos 26,52. Por isso, o desenvolvimento de vacinas contra o surto da do-
ença em pessoas susceptíveis seria essencial 43.

A DR tende a incidir em certos indivíduos, em média 3% das crianças com estreptococcia, mostrando
fatores genéticos nessa susceptibilidade 54. Estudos sobre a incidência da DR em gêmeos mostram
concordância em apenas 20% dos casos, uma taxa muito menor do que em outras doenças com forte
predisposição genética 21,51.

Os marcadores antigênicos do HLA variam conforme a etnia 21. Assim, pacientes brancos com DR
têm uma frequência elevada de HLA tipo Dr4 e em pacientes negros há número elevado de HLA Dr2
22,52. Outro ponto de investigação da susceptibilidade em grupos de pessoas e famílias é a de mar-
cadores de linfócitos B 52.

Certos aloantígenos de célula B são mais frequentes em pacientes com DR do que em outros com
glomerulonefrite pós-estreptocócica ou em populações normais (controles). Os aloantígenos de célula
B estão presentes em 22% da população normal 22,53. Dessa forma, a utilização futura de anticorpos
monoclonais pode tornar possível a seleção de indivíduos em alto risco para DR pós-estreptococcia
51.

O desenvolvimento de vacinas feitas a partir de sorotipos de streptococcus reumatogênicos com pro-


priedades imunogênicas que leve à produção de imunidade (proteína M) geraria anticorpos protetores
e, portanto, proteção contra DR43.

As observações de que exista uma região da proteína M compartilhada por todas as cepas de strep-
tococcus com propriedades imunogênicas, que leve à produção de anticorpo é muito encorajadora
para pesquisa de vacinas anti-reumática.

Uma questão crucial, que ainda resta, é a necessidade de separar epitopes sobre a proteína M de an-
tígenos transreativos (reação cruzada) que causem as manifestações sistêmicas da DR 43. A biologia
molecular e as técnicas imunológicas serão as soluções futuras para medidas preventivas eficazes,
capazes de combater esta doença, que ainda constitui um mistério, assolando milhões de pessoas,
com graves sequelas e causando elevada mortalidade cardiovascular no mundo inteiro.

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Colagenose

Sintomas até certo ponto comuns, como náuseas e dores abdominais, podem esconder uma doença
de consequências imprevisíveis. A colagenose, na verdade, não é apenas uma patologia, mas um
conjunto daquelas conhecidas como autoimunes. Ou seja, são doenças oriundas do ataque do sis-
tema imunológico ao nosso próprio organismo.

Tudo começa por uma desorientação interna. Aquele que deveria proteger o corpo, começa a atacá-
lo. Esta reação pode atingir diferentes órgãos em sequência ou até de forma simultânea, voltando sua
agressividade ao sistema nervoso e aos aparelhos digestivo e respiratório, além da pele, sangue,
olhos e articulações.

Assim, a colagenose se manifesta por infecções oportunistas e por doenças crônicas inflamatórias.
Entre elas, podem ser citadas a hipertensão pulmonar, a pneumonia difusa, a esclerose sistêmica, a
artrite reumatoide e os lúpus. Seu nome está relacionado a outra característica comum em todos os
casos: a produção excessiva ou escassa das fibras de colágeno. Mas tenha calma: ser uma vítima da
colagenose requer atenção, não pânico. Por isto, é preciso saber identificar suas causas e sintomas,
além de buscar o diagnóstico e tratamento – sempre que possível, de forma precoce.

Tipos de colagenose

Para começar, é importante conhecer os tipos da doença e seus sintomas. São quatro as formas de
manifestação deste conjunto de patologias:

– Dermatomiosite: doença crônica que inflama todos os músculos, causando lesões na pele. É fre-
quente entre as crianças e mais comum nas mulheres do que nos homens.

– Esclerodermia sistêmica: provoca o endurecimento da pele, que adquire aspecto escurecido, es-
pesso e brilhante nas áreas afetadas. Tem nas mulheres emotivas e tímidas os principais alvos.

– Lúpus eritematoso sistêmico: conhecida pela sigla LES, manifesta-se de forma benigna ou maligna,
atingindo também a pele e, ainda, articulações, rins e outros órgãos.

Provoca lesões de difícil regressão e, mais uma vez, as mulheres são as mais afetadas, especial-
mente aquelas na faixa entre 30 e 40 anos.

– Poliarterite nodosa: diferente das outras manifestações, esta é mais comum em homens adultos. É
uma doença vascular que resulta em comprometimento inflamatório das artérias de pequeno e médio
calibre.

Em cada tipo de colagenose, há sintomas específicos. No entanto, é possível observar sinais co-
muns, como manchas na pele, febre, dores nas articulações, boca e olhos secos, vômito e diarreia.

Como é possível perceber, tratam-se de sintomas ligados a uma variedade de doenças, o que difi-
culta bastante qualquer tentativa de autodiagnóstico pelo paciente. A solução, principalmente na reite-
ração dos sinais de alerta, passa pelo auxílio médico.

Diagnóstico e tratamento

Ao procurar um médico e relatar os sintomas, o especialista poderá solicitar um exame de sangue


que consiste em identificar nele a presença de um anticorpo específico. Este exame é conhecido pela

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sigla FAN, que significa fator antinuclear de neutrófilos. Em doenças autoimunes, eles aparecem
no sangue em número mais alto que o esperado.

Há, ainda, outras anormalidades passíveis de identificação a partir dos exames laboratoriais, como
elevação da excreção urinária de creatinina e valores inadequados de algumas enzimas. O diagnós-
tico definitivo, contudo, dependerá de uma biópsia muscular.

Confirmada a colagenose, o médico definirá o tratamento de acordo com o órgão acometido e con-
forme a gravidade do quadro clínico do paciente. Em linhas gerais, serão receitados medicamentos
imunossupressores e corticoides. Além disso, repassará ao paciente uma série de cuidados rotinei-
ros, como o uso de protetor solar, especialmente quando a pele é atingida. Manter uma dieta saudá-
vel e praticar exercícios físicos é outra indicação comum a todos os casos da doença.

Algumas das principais doenças classificadas como colagenose são:

Lúpus

É a principal doença auto-imune, que provoca lesões em órgãos e células devido à ação de auto-anti-
corpos, e é mais comum em mulheres jovens, apesar de poder surgir em qualquer pessoa. Sua
causa ainda não é completamente conhecida, e esta doença costuma se desenvolver de forma lenta
e contínua, com sintomas que podem ser leves a graves, o que varia de pessoa para pessoa.

Sinais e sintomas: o lúpus pode causar uma grande variedade de manifestações clínicas, desde loca-
lizadas até disseminadas pelo corpo, que incluem manchas na pele, úlceras orais, artrite, alterações
renais, distúrbios do sangue, inflamações nos pulmões e coração.

Esclerodermia

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Também conhecida como esclerose sistêmica, é uma doença que causa acúmulo de fibras de colá-
geno no corpo, de causa ainda desconhecida, e afeta principalmente a pele e a circulação de sangue
neste órgão, podendo também atingir órgãos internos, como pulmões, coração, rins e trato gastroin-
testinal.

Sinais e sintomas: geralmente há espessamento da pele, que fica mais rígida, brilhante e com dificul-
dades circulatórias, que piora de forma lenta e contínua. Quando atinge órgãos internos, no seu tipo
difuso, pode provocar dificuldades respiratórias, alterações digestivas, além de comprometimento das
funções do coração e rins, por exemplo.

Síndrome de Sjögren

É outro tipo de doença auto-imune, caracterizada pela infiltração de células de defesa em glândulas
do corpo, dificultando a produção de secreção pelas glândulas lacrimais e salivares. Esta doença é
mais comum em mulheres de meia-idade, mas pode surgir em qualquer pessoa, podendo surgir de
forma isolada ou acompanhada de doenças como artrite reumatóide, lúpus, esclerodermia, vasculite
ou hepatite, por exemplo.

Sinais e sintomas: boca e olhos secos são os principais sintomas, que podem piorar de forma lenta e
progressiva, e provocar vermelhidão, queimação e sensação de areia nos olhos ou dificuldade para
engolir, falar, aumento de cáries dentárias e sensação de queimor na boca. Sintomas em outros lo-
cais do corpo são mais raros, mas podem incluir cansaço, febre e dores articulares e musculares, por
exemplo.

Dermatomiosite

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Também é um tipo de doença auto-imune que ataca e compromete os músculos e a pele. Quando
afeta somente os músculos, também pode ser conhecida como polimiosite. A sua causa é desconhe-
cida, podendo surgir em pessoas de todas as idades.

Sinais e sintomas: é comum haver fraqueza muscular, mais comum no tronco, dificultando movimen-
tos dos braços e da bacia, como pentear os cabelos ou sentar/levantar. Entretanto, qualquer músculo
pode ser atingido, provocando dificuldades para deglutir, movimentar o pescoço, andar ou respirar,
por exemplo. As lesões na pele incluem manchas avermelhadas ou arroxeadas e descamações que
podem piorar com o sol.

Como tratar a colagenose

O tratamento de uma colagenose, assim como de qualquer doença auto-imune, depende do seu tipo
e gravidade, e deve ser orientado pelo reumatologista ou dermatologista. Geralmente, envolve o uso
de corticóides, como Prednisona ou Prednisolona, além de outros imunossupressores ou reguladores
da imunidade mais potentes, como Azatioprina, Metotrexato, Ciclosporina ou Rituximab, por exemplo,
como forma de controlar a imunidade e diminuir os seus efeitos no organismo.

Além disso, algumas medidas como proteção solar para evitar as lesões de pele, e colírios ou salivas
artificiais para diminuir o ressecamento dos olhos e boca, podem ser alternativas para diminuir os sin-
tomas.

A colagenose não tem cura, entretanto a ciência tem buscado desenvolver terapias mais modernas,
baseadas no controle da imunidade com imunoterapia, para que estas doenças consigam ser contro-
ladas com mais eficácia.

Principais Causas

Ainda não há uma causa esclarecida para o surgimento do grupo de doenças auto-imunes que cau-
sam a colagenose. Apesar de estarem relacionadas com a ativação errada e excessiva do sistema
imune, não se sabe exatamente o que origina esta situação.

É bem provável que existam mecanismos genéticos e, até, do ambiente, como hábitos de vida e ali-
mentação, como causa destas doenças, entretanto, a ciência ainda precisa determinar melhor estas
suspeitas através de mais estudos.

Para diagnosticar a colagenose, além da avaliação clínica, o médico poderá solicitar exames de san-
gue que identificam a inflamação e anticorpos presentes nestas doenças, como FAN, Mi-2, SRP, Jo-
1, Ro/SS-A ou La/SS-B, por exemplo. Também pode ser necessária a realização de biópsias ou aná-
lises de tecidos com inflamações.

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