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52 – Teorias da Motivação

1. Teoria dos instintos


Será a teoria mais antiga da motivação. Os instintos são comportamentos complexos não
aprendidos, orientados, característicos da espécie, fixos e relativamente imutáveis.
• Os instintos são, pois, comportamentos ou tendências inatas, pré-programadas
resultantes do processo de evolução natural.
• Os investigadores que mais estudaram os instintos foram N. Tinbergen, e mais tarde
K. Lorenz. O 1º demonstrou a sua estrutura extremamente complexa e Lorenz
desenvolveu a teoria do imprinting evidenciando um período crítico onde o instinto
está sujeito a alterações.
NOTA CRÍTICA: Os defensores desta teoria nunca se puseram de acordo com a lista de
instintos. Por outro lado, dada a ambiguidade com conceito de instinto, este é muitas
vezes substituído pela expressão “impulso” ou “necessidades primária” no homem.

2. Teoria fisiológica multifactorial


Têm como base o modelo da homeostasia e um conjunto mecanismos cerebrais
da motivação em particular aqueles localizados hipotálamo. O seu funcionamento pode
ser ilustrado pelo quadro seguinte que conjuga a teoria homeostática com a chamada
teoria periférica de Cannon uma vez que as necessidades não originadas por um
conjunto de órgãos e reacções de órgãos periféricos:

Córtex e Tálamo
Organização Iniciador das
seriada das estruturas estruturas de comportamento

Factores Físicos e Inibição


Químicos Internos Estímulos Sensoriais
Hormonas, sangue, aprendidos e
temperatura, pressão não-aprendidos
osmótica, drogas Excitação

Regulação Resultado final Feed-back a partir do com-


do equilíbrio interior do comportamento portamento de consumação

Esquema da concepção multifactorial da motivação (Stellar 1960)

• Tomemos como exemplo a fome:


- existe um sinal que notifica o corpo de uma carência fisiológica.
- no caso da fome, esta necessidade pode ser assinalada pela ausência de comida
no estômago.

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- Cannon and Washburn (1912) mostraram que se engolisse um balão, quando este
fosse cheio de ar as contracções paravam.
- Existem centros nervosas responsáveis pela fome e a saciedade. A estimulação
lateral do hipotálamo faz aparecer a necessidade enquanto que a estimulação
ventromedial implica a sua inibição.
- Estes centros são estimulados por informações dos sentidos e por factores
humorais o nível de glucose no sangue assim como por secreções endócrinas que
modificam a excitabilidades dos centros nervosos.

3. Teorias psicológicas
(a) Teoria psicanalítica: Freud – teoria das pulsões

Relembremos o que já desenvolvemos acerca, quer da primeira, quer da segunda tópica


e da teoria do desenvolvimento de Freud. Assim:
• O modelo Freudiano é, por assim dizer, um modelo psico-energético onde existem
vários reservatórios com níveis de energia diferentes que circula segundo
determinadas regras.
• Para Freud, em particular, a partir da segunda tópica, existem 2 pulsões básicas:
Eros e Thanatos, ou a pulsão vida e a pulsão da morte.
• Todo o nosso comportamento, assim como o nosso desenvolvimento, tende a manter
um nível de excitação baixo regulado pelos mecanismos pulsionais da satisfação da
líbido. Como sabemos estes baseiam-se na oposição entre prazer/satisfação e
realidade, de acordo com o esquema:

Quadro conjugando as duas tópicas de Freud

(b) Teorias Cognitivistas: entre outras a teoria da gestão de expectativas


• São teorias baseadas no conceito de pensamento e do valor esperado: existência de
expectativas, persistência da tensão, e outras variáveis cognitivas, como nos mostra
quadro:

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Meio ambiente← → condições←← → motivadores←
← → comportamento
organizacionais
pessoais
T. da expectativa Valências Expectativa Valor Maximização
(Vroom) esperado
T. de equidade Custos Nível de Recompensa Comparação
(Adams) comparação Resultados
(interpessoal)

Teorias cognitivas da motivação (Orlindo G. Pereira 2004)


• O princípio da expectativa faz com que o estímulo suscite um determinado
comportamento, gerando um dinamismo que leva o indivíduo ao desenvolvimento.
Aqui não há uma necessidade orgânica. Será a persistência da resposta que estimula
determinadas partes do cérebro agindo estas como os principais motivadores.
• Exemplo: a curiosidade (exploratory drive) e a actividade, entre outras.

(c) Teoria humanística ou de Maslow (1970): pirâmide de necessidades:

É uma das teorias mais conhecidas. Segundo ela, os humanos tendem a atingir o seu
máximo potencial independentemente dos obstáculos que se lhe opõem, seguindo uma
ordem hierárquica que parte da satisfação das necessidades mais básicas para as
superiores.
• Maslow (1908-1970) desenvolve a sua teoria como uma pirâmide na qual inscreve 7
necessidades, divididas em dois 2 grandes grupos: necessidades básicas
(homeostasia, fisiológicas e segurança física) e necessidades de auto-realização
(ligadas à criatividade e ao uso do intelecto), ilustrados no esquema:

Auto-
-realização
Realização do nosso
máximo potencial;
pico da máxima auto-satisfação
Experiência Artística
Necessidade de beleza na arte e
na natureza, de simetria e de ordem
Saber
Necessidades de instrução e de competência
Estima
Necessidades de respeito a si e aos outros, estatuto e realização pessoal
Afecto e Pertença
Necessidades de amor, de aceitação e pertença ao grupo
Segurança
Necessidades de segurança pessoal e social
Necessidades Biológicas:
Necessidades fisiológicas: alimentação, água, sexualidade, abrigo, oxigénio e sono

• Para Maslow a necessidade maior e superior a todas as enunciadas seria aquela para
a qual todas as outras tendem, a auto-realização, que poderia ser inscrita no topo da
pirâmide. Mas, segundo o autor, ninguém verdadeiramente lá chegaria: é impossível.

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NOTA CRÍTICA: A auto-realização significa a completa compreensão de si mesmo,
ser a melhor pessoa, algo impossível de atingir, a não ser que se deixe de viver!

(d) Teorias mistas: Hull (1943, 1952) ou a teoria da redução a impulsos

Clark Hull (1844-1952) desenvolveu uma teoria onde combina as necessidades


homeostáticas com os princípios psicológicos da aprendizagem, baseando-se na ideia de que
a motivação ocorre para reduzir as necessidades ou impulsos. Assim:

• Para este investigador, as necessidades ou impulsos são estados internos de tensão


que nos levam a agir reduzindo esses impulsos.

• Hull, ao contrário de outros autores, toma como base o princípio de que o estado
óptimo do organismo é o de uma actividade próximas do zero. Ou seja, o estado
ideal é a procura de uma situação de ausência ou de actividade reduzida. Isto
significa que a satisfação das necessidades têm como único objectivo a redução de
tensão existente no organismo: Bebemos ou comemos para manter o sentido de
equilíbrio interno do corpo; o prazer não é mais do que a redução do desconforto.

Necessidades Orgânicas Impulsos Comportamentos dirigidos


para um objectivo

Redução da Redução do
Necessidade Impulso

A redução do impulso reforça a


a necessidade do comportamento

• Como se observa no quadro acima, Hull é basicamente um behaviourista.


• A base da teoria é a homeostasia conjugada com um conceito de reforço.
• A partir das necessidades gera-se um impulso que tem um alvo/objectivo. A
finalidade do comportamento é a reduzir o desequilíbrio, pela eliminação do impulso
e da necessidade.
• Por outro lado Hull utiliza o conceito de satisfação como reforço no sentido de
chegar ao tal estado de equilíbrio de que falávamos acima.

NOTA CRÍTICA: Há numerosas críticas a esta teoria, nomeadamente aquela que faz
notar que nem todos os impulsos têm por base mecanismos homeostáticos! Como
explicar, por exemplo, a bulimia?

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