Você está na página 1de 13

Tarefa 4

Obs.: Leia o material de revisão abaixo e posteriormente responda ao questionário da tarefa 4 anexo
no site para resolução em aula dia 13/03/2020.

AUDITORIA GERAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:

• conhecer a origem e evolução da auditoria, seus principais conceitos e


os aspectos que envolvem a profissão de auditor;

• compreender como as normas de auditoria estão estruturadas e qual a


importância deste conhecimento para o trabalho do auditor;

• conhecer como são elaborados os relatórios e emitidas as opiniões, que


consistem no trabalho final do auditor e têm a função de apresentar o
resultado final do relatório;

• identificar os principais tipos de relatórios (opiniões do auditor);

• conhecer como a auditoria é classificada e como pode ser executada,


dependendo da necessidade de averiguação da segurança do sistema de
controle interno.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e no final de cada um deles você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.

TÓPICO 1 – AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

TÓPICO 2 – NORMAS DE AUDITORIA

TÓPICO 3 – FORMAS DE AUDITORIATÓPICO 1

AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Para uma melhor compreensão da auditoria, neste primeiro tópico
vamos conhecer a sua origem e evolução, seus principais conceitos e os aspectos
1
que envolvem a sua profissão. Conheceremos a importância da qualificação
profissional, bem como a responsabilidade social e ética do auditor perante o
auditado e a sociedade.

2 ELEMENTOS HISTÓRICOS DA AUDITORIA NO MUNDO


Tem-se a impressão de que a auditoria é uma área de surgimento recente
e que foi criada apenas com a internacionalização da economia a partir da 2ª
Guerra Mundial.

Mas não é bem assim. Conforme Krieck (2011), praticamente a auditoria


surgiu com a contabilidade. Ao realizar a contagem (contabilização) de determinado
patrimônio, também se fazia a sua conferência, cuja prática era um sinal claro de
controle patrimonial, que pode ser entendido como uma forma de auditoria.

Assim, a auditoria existe há mais de 4.000 anos, desde a antiga Babilônia,


embora que somente em 1314 foi criado o cargo de auditor, na Inglaterra.
(KRIECK, 2011).

Ainda segundo o autor, no final do século XIII, na Europa, a auditoria


era desenvolvida através de trabalhos executados por associações profissionais:
os Conselhos Londrinos, o Tribunal de Contas em Paris ou, ainda, o Collegio dei
Raxonati e a Academia dei Ragionieri, na Itália.

Mas foi com o advento do comércio marítimo que, no final do século


XV, surgiu a necessidade de prestação de contas das receitas e dos gastos das
expedições marítimas às Américas, Índia e Ásia (expedições em forma de joint
ventures financiadas pelos reis, príncipes, empresários e banqueiros de Portugal,
da Espanha, da França, da Inglaterra e da Holanda), com o objetivo de haver
maior controle e evitar possíveis desvios de recursos financeiros.

2
UNIDADE 1 | AUDITORIA GERAL

As atividades de auditoria foram se desenvolvendo e tornaram-se mais


complexas em função da própria complexidade produtiva e comercial que o
mundo vivenciava a partir da Revolução Industrial (1756, na Inglaterra).

Foi com a expansão do capitalismo que surgiram as primeiras fábricas


com o uso intensivo de capital fora da jurisdição geográfica dos proprietários, o
que provocou a necessidade de delegação de funções, atividades e atribuições de
responsabilidades a pessoas que controlavam ou comandavam grupos de trabalho
em outras cidades. E para evitar que qualquer tipo de desvio de recursos pudesse
ocorrer por motivos de fraudes ou erros, criaram-se controles que auxiliavam os
auditores na execução do seu trabalho. (KRIECK, 2011).

A partir da expansão industrial e comercial ocorrida no início do século


XX, surgiram as grandes corporações americanas (Ford, DuPont) e houve uma
rápida expansão do mercado de capitais nos Estados Unidos. A auditoria teve
um avanço em 1929, quando ocorreu o crash da Bolsa nos Estados Unidos
devido à grande depressão econômica. Neste período foi criado o Comitê
Maycom, com a finalidade de instituir regras de auditoria para as empresas
que tivessem ações negociadas em bolsa, tornando obrigatória a auditoria
contábil, independente da publicação das demonstrações contábeis.
FONTE: Adaptado de: <www.administradores.com.br/informe-se/.../auditoria...e.../4267/>. Acesso
em: 7 fev. 2013.

Com o Pós-Guerra, a partir de 1959 a Accounting Principles Board (APB) –


Junta de Princípios Contábeis passou a executar as pesquisas contábeis, emitindo
mais de 30 pronunciamentos até 1973 com o intuito de padronizar a harmonização
contábil e de auditoria naquela época. (KRIECK, 2011).

Em 1 de junho de 1973 foi criada a Financial Accounting Standards Board


(FASB) – Junta de Normas de Contabilidade Financeira, com o objetivo de
determinar e aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis. Esta
Junta criou vários pronunciamentos FASB para consolidar a harmonização das
informações contábeis das empresas multinacionais, pois com a Europa destruída
no período da 2ª Guerra Mundial, as empresas norte-americanas tiveram seu
auge na internacionalização da economia. (KRIECK, 2011).

Em síntese, podemos elucidar os seguintes fatores que contribuíram para o


fortalecimento da auditoria quanto à origem, evolução e organização da profissão:

⚫ Grandes companhias inglesas de comércio e navegação. Com o advento da marinha


mercantil, grandes operações comerciais foram realizadas e, por conseguinte, havia a
necessidade de maiores controles.

3
TÓPICO 1 | AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

⚫ A necessidade de credibilidade nos registros contábeis. Devido ao advento do comércio


internacional, houve a necessidade da oferta do crédito, que, por consequência, era
apenas concedido para as empresas devidamente controladas e auditadas.
⚫ Tributação do Imposto de Renda na Inglaterra, pois o governo inglês necessitava de
maiores controles sobre o erário público.
⚫ Desenvolveu-se com o aparecimento das grandes empresas, com operações mais
complexas e necessidade de maior volume de controles.
⚫ Empresas formadas por capitais de muitas pessoas. Poderiam ocorrer conflitos de
interesses, e para evitar que uma minoria da sociedade de capital fosse prejudicada, a
auditoria tornou-se necessária.
⚫ Criação do cargo de auditor em contas públicas na Inglaterra, a partir de 1314, devido à
necessidade do controle do governo.
⚫ Desenvolvimento da prática sistematizada nos séculos XIX e XX, em função da Revolução
Industrial e expansão econômica do pós-guerra.
⚫ Surgimento do Guia Profissional de New York e do Guia Comercial inglês em 1786.
⚫ Aparecimento das primeiras associações de contadores na Inglaterra de 1854 a 1867, e da
Sociedade dos Contadores da Inglaterra em 1879.
⚫ Aparecimento das primeiras associações de contadores nos Estados Unidos, de1874 a
1882, da American Accounting Association (AAA) em 1916 e da American Institute of
Certified Public Accountants (AICPA) em 1886.
⚫ Criação do Instituto Holandês de Contadores Públicos, em 1894.

FONTE: Floriani (2011)

Com a contextualização dos principais fatos que contribuíram para o


crescimento da auditoria, é possível conhecer um pouco mais sobre a história
da auditoria no mundo e, a partir disso, compreender o desenvolvimento da
auditoria no Brasil.

AUDITORIA NO BRASIL
A Auditoria no Brasil teve cunho relevante em função do surgimento das
grandes corporações econômicas a partir da década de 50.

Em 1909 surgiu a primeira empresa de auditoria, a Mc-Auliffe Davis


Bell & Co, mais tarde denominada Arthur Andersen. A segunda empresa que
foi criada era a Price Waterhouse, incorporando a W.B. Peat & Co e a Touche,
Faller & C, mais tarde Arthur Andersen S/C, já mantinha um escritório no
Rio de Janeiro, que tinha o objetivo de fiscalizar os demonstrativos contábeis
desde 21 de outubro de 1909. (FLORIANI, 2011).
FONTE: Adaptado de: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfkmQAB/auditoria-governanca-
corporativa-online>. Acesso em: 6 fev. 2013.

As bolsas de valores de Rio de Janeiro e de São Paulo iniciaram suas


atividades em 1876 e 1890, respectivamente. E no período pós-guerra foram
fundados, em 1957, o Instituto dos Contadores Públicos do Brasil (ICPB), em
1968, o Instituto dos Auditores Independentes (IBAI) e, em 1971, o Instituto
Brasileiro de Contadores, atual Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
(IBRACON), com a fusão do ICPB e do IBAI. (FLORIANI, 2011).
4
UNIDADE 1 | AUDITORIA GERAL

Em 1972, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) pronunciou-se a


respeito dos princípios a serem seguidos sobre os procedimentos do trabalho do
auditor, definindo as normas relativas à pessoa do auditor, à execução dos
trabalhos e ao parecer da auditoria, pois ainda não haviam sido divulgadas
normas que orientassem essas condutas. (FLORIANI, 2011).

Em 1976, ocorreu a normatização das práticas e dos relatórios contábeis


com a Lei n◦ 6.404, das Sociedades por Ações, que harmonizou no âmbito
nacional as atividades da contabilidade frente às empresas e assim determinou
padrões de registro e de controle para viabilizar as atividades da auditoria.
(FLORIANI, 2011).

Ainda em 1976 foi criada a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com


a responsabilidade de normatizar as normas contábeis e os trabalhos de auditoria
das empresas de capital aberto, além de exercer as funções de fiscalização
(semelhante à SEC dos Estados Unidos), pois com o advento da Lei das S.A´s isso
se tornou necessário (FLORIANI, 2011).

Em 1985, o Banco Central do Brasil emitiu a Resolução nº 1.007 -


Normas Gerais de Auditoria, com o auxílio do atual Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil (IBRACON) e do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC). (FLORIANI, 2011).
FONTE: Disponível em: <www.administradores.com.br/informe-se/.../auditoria...e.../4267/>. Acesso
em: 7 fev. 2013.

Segundo Almeida (2010, p. 4):

Nas últimas décadas, instalaram-se no Brasil diversas empresas com


associações internacionais e auditoria externa. Esse fato ocorreu em
função da necessidade legal, principalmente nos Estados Unidos
da América e da Europa, de os investimentos no exterior serem
auditados. Essas empresas praticamente iniciaram a auditoria no
Brasil e trouxeram todo um conjunto de técnicas de auditoria, que
posteriormente foram aperfeiçoadas.

Assim, o Brasil passou a assumir importantes compromissos junto às


empresas no que se refere a órgãos fiscalizadores em contabilidade e auditoria.

5
TÓPICO 1 | AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

CONCEITUAÇÃO
Vimos nos itens anteriores a origem e a evolução da auditoria. Agora
vamos estudar o que vem a ser a auditoria propriamente dita. Para Crepaldi (2009,
p. 3), “de forma bastante simples, pode-se definir auditoria como o levantamento,
estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas
e das demonstrações financeiras de uma entidade”.

Em outras palavras, podemos dizer que auditoria é a técnica utilizada


para verificar e confirmar a veracidade das informações e dos registros contábeis,
principal meio de que se vale a Contabilidade para alcançar seu fim, que é o de
apresentar a situação da saúde econômica e financeira da empresa.

Com isto não queremos simplesmente afirmar que a ação da auditoria se


limita em verificar aquilo que está registrado nos livros contábeis, pois a auditoria
tem uma finalidade mais ampla e ela poderá também apurar o que foi omitido
nos registros.

As provas extracontábeis podem ser o testemunho de pessoas ligadas à


empresa e que possam confirmar as ações ilícitas que os gestores ou inclusive os
próprios funcionários da empresa tenham tomado.

Quer um exemplo de uma ação ilícita e que não tenha registro contábil?
É o caso dos juros das duplicatas pagas em atraso e cuja cobrança é feita no caixa
da empresa em dinheiro. Pode-se colocar um carimbo de “PAGO” na duplicata
sem mencionar o valor dos juros e como não fica registrado o valor, o próprio
funcionário pode fraudar a empresa ficando com parte deste dinheiro. Mas há
meios de a auditoria detectar isso, que veremos mais adiante.

A apuração da falta de registros que deveriam ter sido feitos,


por exemplo, é uma das formas de comprovar que inexiste exatidão nas
demonstrações contábeis, principal objetivo da auditoria.
FONTE: Disponível em: <www.learned.com.br/download.php?pasta=_upl/file...aidc...>. Acesso
em: 7 fev. 2013.

Para Attie (2010, p. 5), “a auditoria é uma especialização contábil voltada


a testar a eficiência e a eficácia do controle patrimonial implantado, com o
objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado”. O autor afirma
que a “auditoria das demonstrações contábeis visa as informações contidas
nessas afirmações, assim é evidente que todos os itens, formas e métodos que as
influenciam também estarão sendo examinados”. (ATTIE, 2010, p. 5).

Desta forma, conforme Almeida (2010, p. 34), “os procedimentos de


auditoria representam um conjunto de técnicas que o auditor utiliza para colher
as evidências sobre as informações das demonstrações financeiras”.

6
UNIDADE 1 | AUDITORIA GERAL

Assim, entende-se que o auditor deve executar procedimentos pautados


de acordo com a sua qualificação profissional e emitir opiniões sobre as
demonstrações contábeis à medida que investigar as evidências necessárias para
a sua execução.

O AUDITOR E A AUDITORIA
A partir de agora vamos compreender um pouco mais sobre a
regulamentação do trabalho de contabilidade, que é a formação específica para
o profissional de auditoria. E como tal, é um trabalho realizado por profissionais
devidamente capacitados e que possuem formação técnica para o desempenho
da sua função com competência e acurácia.

A PROFISSÃO
A profissão de auditor não está regulamentada, então cabe ao contador,
profissional de contabilidade formado pelos cursos de graduação em Ciências
Contábeis, a atribuição ao direito de executar os serviços de auditoria.

Esta prerrogativa para o desempenho das atividades de auditoria é


privativa dos contadores, sendo vedada aos técnicos em contabilidade ou outros
profissionais de categoria diversa.

A legislação que estabelece as normas referentes à competência profissional


do auditor é o Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, com alterações de
acordo com a Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010. (BRASIL, 2013).

É preciso salientar que as companhias abertas devem ser auditadas por


auditor independente registrado na Comissão de Valores Mobiliários para o
exercício da auditoria independente, como está conceituada nas Leis nos 6.404/76 e
6.385/76, o qual fica subordinado às instruções da CVM, que disciplina e fiscaliza o
mercado de capitais e legislações posteriores.

Segundo Attie (2010, p. 7), “a origem do termo auditor em português,


muito embora perfeitamente representado pela origem latina (aquele que ouve,
ouvinte), na realidade provém da palavra inglesa to audit (examinar, ajustar,
corrigir, certificar) [...]”.

O profissional de auditoria tem a incumbência de realizar atividades


de acompanhamento, ajustes, correção e certificação dos registros contábeis
e procedimentos contábeis adotados pela empresa e assim validar os mesmos
perante os stakeholders.

7
TÓPICO 1 | AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

Stakeholders: que significa, nas palavras de Gruel, Santos e Knuth (2010 p.114),
“grupos ou indivíduos cujos interesses são afetados pelas medidas que a organização toma”.

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Assim como outras profissões, a qualificação profissional exigida de
um auditor é a de uma pessoa com devida escolaridade, experiência necessária
nessa função e conhecimentos em contabilidade e finanças, auditoria, ciências
do comportamento, comunicações, sistemas e equipamentos de informática,
economia, aspectos legais de negócios, métodos quantitativos, processo
administrativo e atividades gerenciais.

E ainda, atualmente, conhecimento em áreas não muito familiares para


o auditor, tais como: processos informatizados da produção de bens e serviços,
tecnologia de produção, automatização e robotização, práticas comerciais e de
negócios, fatores motivacionais, entre outros.

Isso tudo para facilitar as atividades do auditor, que deve ter preparo para
assumir atividades em qualquer ramo empresarial.

Desde o início dos estudos na universidade, o contador se relaciona com os


problemas das áreas de seu exercício profissional e, portanto, necessita conhecer
auditoria, sistemas de informações e de controles internos.

Através de cursos específicos, o auditor recebe orientações para identificar-


se com os propósitos dos serviços e da profissão. E assim familiarizar-se com
todas as nuances da profissão.

A profissão de auditor impõe aos que a ela se dedicam um trabalho


estruturado com base nos seguintes princípios básicos:

⚫ Capacidade técnica para rapidamente identificar possíveis problemas na


empresa.
⚫ Apego a estritas normas morais e éticas para assegurar a melhor qualidade das
atividades da auditoria.
⚫ Independência de julgamento que lhe permite expressar-se com liberdade, ou
seja, não ficar “preso” a situações que comprometam a idoneidade do auditor
em nenhuma situação.

8
UNIDADE 1 | AUDITORIA GERAL

RESPONSABILIDADE SOCIAL DO AUDITOR


Todo o trabalho do auditor possui reflexo no relatório final de auditoria.
O que basicamente caracteriza a responsabilidade da auditoria é a emissão do
parecer (opinião) sobre as demonstrações contábeis examinadas.

É evidente que a simples emissão de um parecer, com relação à situação


de uma determinada empresa, implica necessariamente num comprometimento
que deve estar pautado em evidências implícitas da regularidade da situação
examinada e da confiabilidade nos demonstrativos que foram utilizados como base
para as pesquisas das evidências do auditor.

Com base nisso, se estabelece que a responsabilidade do auditor contábil é


abrangente e tem em seu plano de trabalho áreas ilimitadas a serem investigadas,
principalmente nos dias atuais, em que se divulga que para cada empresa existe
uma forma de “hipoteca social”, cuja responsabilidade perante a sociedade
precisa ser cumprida.

Entende-se então que a responsabilidade do trabalho do auditor


independente está voltada ao envolvimento de interesses dos sócios e acionistas
da empresa para que sejam protegidos e vigiados. Mas, atenção para o fato de
que o auditor independente não é apenas um profissional liberal prestando
serviços à diretoria de uma empresa. Ele está a serviço da verdade contábil e
patrimonial e por isso deve zelar pelos interesses múltiplos e intrincados na
dinâmica patrimonial, na proteção das informações da empresa.

Prosseguindo, há outros interesses em jogo. De um lado, encontram-se


os interesses dos controladores, geralmente representados pelos diretores em
exercício. De outro lado, os interesses dos clientes, fornecedores, financiadores e
todos aqueles que para transacionar com a empresa precisam conhecer o potencial
de seu patrimônio, para se certificarem do mínimo de risco aceitável dentro da
normalidade dos negócios.

Vejamos alguns cuidados necessários ao desempenho de uma auditoria:

a) Realizar as avaliações nos locais onde os trabalhos estão sendo executados.


b) Verificar e comprovar as evidências antes de qualquer conclusão. O auditor não deve
basear-se em opiniões ou informações recebidas de quaisquer pessoas. Deve apenas
utilizar-se dessas informações para aprofundar evidências em casos de fraudes que ocorram
nas empresas.
c) Constatar as evidências como verdadeiras após a verificação de mais de uma pessoa
integrante da equipe. É importante elaborar o relatório da auditoria em conjunto com a
equipe, não se esquecendo de revisá-lo antes da entrega final.

9
TÓPICO 1 | AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

d) Registrar as deficiências à medida que forem sendo encontradas, para que, no relatório de
auditoria, possam ser relatadas com exatidão de detalhe.
e) Condições adversas que sejam encontradas durante a auditoria e que requeiram atenção
especial devem conter relatórios prontos para corrigi-las e serem comunicadas de imediato
aos diretores da entidade. Geralmente se encontram anormalidades nas empresas e, nesse
caso, transmiti-las de imediato para os diretores.
f) Registrar as evidências objetivas de tal modo que não permitam dúvidas de interpretação.
Termos como alguns, muitos, poucos, diversos etc. devem ser evitados.
g) Não fazer comentários sobre as evidências descobertas, mantendo-se o sigilo profissional.
Entretanto, se necessário, fazê-los por códigos secretos.
h) Evitar opiniões de terceiros sobre como o serviço deve ser feito.
i) Não interromper a auditoria. Caso seja necessário, os elementos que estão sendo
examinados devem ficar blindados, fechados ou lacrados.
j) Não esquecer que o objetivo não é somente localizar irregularidades, mas também
destacar aspectos positivos encontrados durante a auditoria.
k) Saber distinguir os aspectos vitais das evidências.
l) Ficar atento a ações contrárias à auditoria por parte da entidade auditada, como a ausência
de pessoas-chave alegando doença, o prolongamento do tempo de almoço e outras
atitudes que possam dificultar os trabalhos de auditoria.
m) Utilizar de canais de comunicação adequados e transparentes, exceto para assuntos
sigilosos.

ÉTICA PROFISSIONAL
A ética, em sua expressão filosófica, começou com a filosofia no século VI
a.C., na Grécia.

Ética é conceituada como o ramo da filosofia que estuda o que é moralmente


bom ou mal, certo ou errado.

No uso popular, o termo ética diz respeito aos princípios de conduta


que orientam o indivíduo ou grupo de indivíduos, o que na realidade é
definido por moral.

10
UNIDADE 1 | AUDITORIA GERAL

A moral é a aprovação do comportamento humano, através dos princípios de


conduta ética. Seria como dizer: a prática da teoria. A moral são as atitudes dos indivíduos e
a ética é a ciência que estuda esses comportamentos.

A ética ou moralidade das pessoas ou grupos sociais não consiste


simplesmente naquilo que elas fazem costumeiramente, mas naquilo que elas
pensam o que é correto fazer, ou são obrigadas a isso.

Tomemos, por exemplo, o caso do auditor contábil, que está incumbido


de auditar as contas da empresa de um parente seu. Esse auditor estará agindo
de acordo com suas crenças e podendo dizer sim ou não para esta tarefa. Mas o
comportamento esperado do auditor é que o mesmo recuse o serviço.

De acordo com a ética, esse auditor deverá solicitar a sua exclusão da tarefa
a ele incumbida comunicando as razões ao gerente de auditoria. O seu gerente,
sob o enfoque da ética profissional, deverá substituí-lo, mostrando à sociedade
que a empresa de auditoria está agindo de acordo com os procedimentos éticos.

No caso do auditor aceitar a tarefa de auditar as contas de seu parente,


este tipo de atitude pode ser contraditório às opiniões de outros indivíduos,
chamamos isso de dilema. O dilema implica que a ação de determinado indivíduo
ou um grupo social contrariou aquilo que determinada sociedade acredita ser o
comportamento adequado para aquela situação.

Vejamos o caso da história de Robin Hood: analisando as suas ações como


saqueador, elas apresentam enorme ausência moral. Se analisarmos os motivos
que o levaram a agir daquela maneira (o sofrimento do povo em consequência da
tirania de um soberano), tal comportamento pode ser moralmente aceito.

Sabemos que a humanidade está em constante transformação. O


comportamento humano muda ao longo da vida das pessoas, e estas alterações
são em decorrência da evolução tecnológica ou ascensão ao poder de pessoas com
novas formas de pensamento.

11
TÓPICO 1 | AUDITORIA: SURGIMENTO E EVOLUÇÃO

A ética geral se constitui de normas pelas quais o indivíduo estabelece


uma conduta pessoal adequada. A ética profissional nada mais é que uma divisão
especial da ética geral e dela o profissional recebe normas específicas de conduta
em questões que refletem responsabilidade para com a sociedade, com os clientes
e com outros membros de sua profissão, assim como com a própria pessoa. A
profissão de auditor se autoimpôs um código de ética bastante rígido.

Conforme Attie (2010), os princípios éticos que regem a profissão do


auditor independente são os seguintes:

⚫ Independência, integridade e objetividade: deve manter sua integridade e


objetividade e, quando exercer a auditoria, ser independente daqueles a quem
presta serviços.
⚫ Competência e padrões técnicos: deve observar os padrões técnicos
profissionais e esforçar-se continuamente para tornar-se mais competente e
melhorar a qualidade de seus serviços.
⚫ Responsabilidade perante o auditado: deve ser justo e honesto com
seus auditados e servi-los o melhor que puder, cuidando de defender
profissionalmente os interesses desses clientes, de forma condizente com as
responsabilidades que tem para com o público.
⚫ Responsabilidade perante os colegas: deve conduzir-se de maneira a promover
a cooperação e o bom relacionamento entre os membros de sua profissão.
⚫ Outras responsabilidades e práticas: deve conduzir-se de modo a elevar o
nível de sua profissão e sua capacidade de servir ao público.

RELAÇÕES HUMANAS E O AUDITOR


O auditor, em seu trabalho, deverá ter sempre em mente que nas relações
humanas (em seu significado mais amplo, o estabelecimento e/ou a manutenção de
contato entre pessoas), quer seja dentro de sua própria empresa ou departamento
como fora dele quando se dirige à empresa que o contratou, poderão ou não estar
presentes atitudes que vão de acordo com os princípios éticos. Na ausência dessas
atitudes, o que resulta é um clima de ressentimento, resistência, incompreensão,
falta de colaboração e iniciativa. Enfim, uma atmosfera que não conduz a um
aproveitamento positivo na relação que se estabelece. Isso prejudicará a condução
de seu plano de trabalho, trará um consequente mal-estar, além de péssima
imagem que deixará perante o auditado.

12
UNIDADE 1 | AUDITORIA GERAL

No caso de o auditor manifestar a prática de relações humanas assentada no


princípio do reconhecimento dos seres humanos dotados de uma personalidade
própria que merece ser respeitada, ele, auditor, conseguirá conduzir o seu
trabalho e terá a cooperação daqueles que estão dentro deste contexto.

O auditor deverá sempre reconhecer que cada um de seus colegas, chefe


e subordinado, mais do que simples executor de uma tarefa, é um ser humano e
como tal deve ser tratado.

A relação humana é condição básica para um resultado positivo do


trabalho do auditor. Em síntese, presume-se uma atitude que envolve uma
compreensão mútua e sincera dos sentimentos e anseios que todo ser humano
leva consigo. Sentimentos e anseios estes que deverão estar presentes em todo
trabalho do auditor, qualquer que seja o nível de formação intelectual das pessoas
com as quais irá tratar.

RESUMO DO TÓPICO 1
Chegamos ao final do tópico 1. Faremos uma revisão do que estudamos
até agora.

• A auditoria existe há mais de 4.000 anos, desde a antiga Babilônia, embora que
somente em 1314 foi criado o cargo de auditor, na Inglaterra.
• A prática sistematizada da auditoria começou a desenvolver-se nos séculos
XIX e XX, em função da Revolução Industrial e da expansão econômica do pós-
guerra.
• A auditoria no Brasil teve cunho relevante em função do surgimento das
grandes corporações econômicas, a partir da década de 50.
• Em 1976 ocorreu a normatização das práticas e dos relatórios contábeis com a
Lei n◦ 6.404, das Sociedades por Ações, que harmonizou no âmbito nacional as
atividades da contabilidade frente às empresas e assim determinou padrões de
registro e de controle para viabilizar as atividades da auditoria.
• Pode-se conceituar auditoria como um controle gerencial que funciona por
meio de medição e avaliação da eficiência e eficácia dos controles da empresa.
E não é só isso, também a auditoria deve ser entendida como a atividade de
assessoramento à administração para medir o desempenho das atribuições
definidas para cada área da empresa, mediante a aplicação das diretrizes
políticas e objetivos determinados.
• A ética profissional nada mais é que uma divisão especial da ética geral, e dela
o profissional recebe normas específicas de conduta em questões que refletem
responsabilidade para com a sociedade, com os clientes e com outros membros
de sua profissão, assim como com a própria pessoa.

13

Você também pode gostar