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FICHA 5

RAMOS DE DIREITO INFORMÁTICO

“RECAPITULAÇÃO”

Conceito de Direito
A palavra direito possui mais de um significado, podendo ser:

1. Direito como norma


O qual vai significar:
a. sistema de normas de conduta criado e imposto por um conjunto de instituições para regular
as relações sociais fundamentais: é o que se chama de direito objetivo. Neste sentido, equivale ao
entendimento do conceito de "ordem jurídica"; ou
b. sistema ou conjunto de normas jurídicas de um determinado país ou jurisdição ("o Direito
Moçambicano"); ou
c. Conjunto de normas jurídicas de um determinado ramo do direito ("o direito penal", o "direito
constitucional", o "direito da informática" e outros).

2. Direito subjectivo
Significa a faculdade que uma pessoa tem de accionar ou se apoiar da ordem jurídica para proteger
os seus interesses: É por exemplo: "eu tenho o direito de falar o que eu quiser" ou "ele tinha direito
àquelas propriedades".

3. Direito como Ciência


Corresponde ao ramo das ciências sociais que estuda o sistema de normas que regulam as relações
sociais: também conhecida como: "ciência do direito". Trata se por exemplo, das licções de direito da
informática que os estudantes de curso de rede e telecomunicações tem tido nas terças e quintas feiras
pelas 17:20 horas.

A sociedade humana é o meio em que o direito surge e se desenvolve (costuma-se dizer que "onde está a
sociedade, ali está o direito"). É essencial à vida em sociedade, ao definir direitos e obrigações entre as
pessoas e ao resolver os conflitos de interesse.
E nesse caso, a sociedade actual tem evoluído exponencialmente, de forma a criar novas realidades que a
sociedade primitiva nunca tivera conhecido.

O exemplo claro disso, é a invenção do computador, depois de redes digitais (Internet, entre outros), o
qual obriga para que o direito venha acompanhar ou adequar se a essas novas realidades, surgindo dessa
forma o Direito da informática.

DIREITO DA INFORMÁTICA
Podemos então afirmar que o Direito Informático é o “conjunto de normas e instituições jurídicas que
pretendem regular o uso dos sistemas de computador – como meio e como fim - que podem incidir nos
bens jurídicos dos membros da sociedade.

Como por exemplo:


1. As relações derivadas da criação, uso, modificação, alteração e reprodução do software;
2. O comércio electrónico;
3. As relações humanas realizadas de maneira “sui generis” nas redes, em redes ou via internet,
entre outros

LEGISLAÇÃO DO DIREITO INFORMÁTICO


Tendo em conta que já compreendeu que o conceito do direito informático se mostra necessário entender
então quais as normas (Leis no verdadeiro sentido e no sentido amplo/lato) irão se aplicar para regular as
realidades sociais da informática.

LEI PRINCIPAL
Constituição da República
A constituição da República constitui a lei mãe, a fundamental, a superior de todas outras, onde todas
outras lei devem sujeitar se ou subordinar se a ela.
Caso uma outra lei contrariar a constituição então essa lei é nula, não produz efeito jurídico nenhum, é
como se não existisse.

No âmbito do direito da informática, a Constituição da República prevê especialmente o seguinte:


1. Artigo 3
“(Estado de Direito Democrático)
A República de Moçambique é um Estado de Direito, baseado no
pluralismo de expressão, na organização política democrática, no
respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais do Homem.”

2. Artigo 17
“(Relações internacionais)
1. A República de Moçambique estabelece relações de amizade e cooperação com outros
Estados na base dos princípios de respeito mútuo pela soberania e integridade
territorial, igualdade, não interferência nos assuntos internos e reciprocidade de
benefícios.”

3. Artigo 18
“(Direito internacional)
1. Os tratados e acordos internacionais, validamente aprovados e
ratificados, vigoram na ordem jurídica moçambicana após a sua
publicação oficial e enquanto vincularem internacionalmente o Estado
de Moçambique.
2. As normas de direito internacional têm na ordem jurídica interna o
mesmo valor que assumem os actos normativos infraconstitucionais
emanados da Assembleia da República e do Governo, consoante a sua
respectiva forma de recepção.”

4. Artigo 35
“(Princípio da universalidade e igualdade)
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e
estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça,
sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução,
posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção política.”

5. Artigo 41
“(Outros direitos pessoais)
Todo o cidadão tem direito à honra, ao bom nome, à reputação, à defesa da sua imagem
pública e à reserva da sua vida privada.”

6. Artigo 48
“(Liberdades de expressão e informação)
1. Todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa, bem
como o direito à informação.”

7. Artigo 50
“(Conselho Superior da Comunicação Social)
1. O Conselho Superior da Comunicação Social é um órgão de disciplina e de consulta,
que assegura à independência dos meios de comunicação social, no exercício dos
direitos à informação, à liberdade de imprensa, bem como dos direitos de antena e de
resposta.”

8. Artigo 57
“(Não retroactividade)
Na República de Moçambique as leis só podem ter efeitos retroactivos quando
beneficiam os cidadãos e outras pessoas jurídicas.”

9. Artigo 62
“(Acesso aos tribunais)
1. O Estado garante o acesso dos cidadãos aos tribunais e garante aos arguidos o
direito de defesa e o direito à assistência jurídica e patrocínio judiciário.”

10. Artigo 69
“(Direito de impugnação)
O cidadão pode impugnar os actos que violam os seus direitos estabelecidos na
Constituição e nas demais leis.”

11. Artigo 70
“(Direito de recorrer aos tribunais)
O cidadão tem o direito de recorrer aos tribunais contra os actos que violem os seus
direitos e interesses reconhecidos pela Constituição e pela lei.”

12. Artigo 71
“(Utilização da informática)
1. É proibida a utilização de meios informáticos para registo e tratamento de dados
individualmente identificáveis relativos às convicções políticas, filosóficas ou ideológicas,
à fé religiosa, à filiação partidária ou sindical e à vida privada.
2. A lei regula a protecção de dados pessoais constantes de registos informáticos, as
condições de acesso aos bancos de dados, de constituição e utilização por autoridades
públicas e entidades privadas destes bancos de dados ou de suportes informáticos.
3. Não é permitido o acesso a arquivos, ficheiros e registos informáticos ou de bancos de
dados para conhecimento de dados pessoais relativos a terceiros, nem a transferência de
dados pessoais de um para outro ficheiro informático pertencente a distintos serviços ou
instituições, salvo nos casos estabelecidos na lei ou por decisão judicial.
4. Todas as pessoas têm o direito de aceder aos dados coligidos que lhes digam respeito e
de obter a respectiva rectificação.”

13. Artigo 82
“(Direito de propriedade)
1. O Estado reconhece e garante o direito de propriedade.
2. A expropriação só pode ter lugar por causa de necessidade, utilidade ou interesse
públicos, definidos nos termos da lei e dá lugar a justa indemnização.”

Nesses artigos, a constituição prevê em outras palavras, direitos que assistem a todos cidadãos
moçambicanos e especialmente aos técnicos de informática. Assim, os técnicos de informática são livres
na sua actuação porém, devendo respeito os direitos e liberdades de outros, actuam em igualdade, lhes são
assegurado o direito a justiça em caso de violação dos seus direitos, entre outros.

RELAÇÃO JURÍDICA DA INFORMÁTICA


Relação jurídica é o vínculo intersubjectivo (entre pessoas) concretizado pela ocorrência de um facto
social cujos efeitos são vinculados ou reconhecidos pela lei. Trata-se, portanto de relação social específica
e/ou tipificada por jurídicas.

E muito importante reter que um facto intersubjectivo da vida social seja considerado como relação
jurídica é necessário que de ante mão tais factos já sejam reconhecidos ou estabelecidos por lei.
Por exemplo:
1. A relação de namoro é um facto de vida social mas sem relevância jurídica pois a lei não a
reconhece!
2. Mas a violência cometida por aquele namorado, já sim, é reconhecida e censurada por lei. Trata
se de crime de violência doméstica.

Ora, para que se esteja perante uma relação jurídica da informática é necessário que além do que se disse
acima, tal facto se deia em um espaço virtual constituído por redes digitais. Isto é, que tudo ocorra no
ciber espaço.

Assim, relativamente aos elementos da relação jurídica teremos:

1. Sujeitos
O direito subjectivo e o dever jurídico são um poder e um dever de certas pessoas que estão entre si em
relação:
Sujeito activo, o titular do direito (está-se perante o direito subjectivo)
Sujeito passivo, o titular do dever.

2. Objeto
Objecto da relação jurídica é o próprio objecto do direito subjectivo, são as coisas ou utilidades sobre que
incide o interesse legítimo do sujeito activo a que se refere o dever do sujeito passivo.

3. O Facto Jurídico (no Ciber espaço)


A relação jurídica é como que o fenómeno jurídico mais simples na complexidade da vida jurídica; esta
será composta de relações jurídicas, duma multiplicidade inesgotável de relações jurídicas, que nascem,
se transformam e se extinguem em redes digitais.
Os tais factos jurídicos são os que podem dar origem à constituição duma relação jurídica (factos
constitutivos), à modificação duma relação jurídica (factos modificativos) ou à extinção de uma relação
jurídica (factos extintivos).

4. A Garantia
O nome dado a este elemento da relação jurídica revela o propósito primacial de análise das relações de
direito privado. O direito caracteriza-se pela coercibilidade que acompanha os seus preceitos.
À infracção dos deveres que as normas jurídicas impõem, segue-se um procedimento sancionatório, a
aplicação de sanções jurídicas. A sanção em matéria de direito privado não actua geralmente por
iniciativa directa do Estado, mas a solicitação dos titulares dos correspondentes direitos subjectivos.
Nos casos do terceiro e quarto elemento (facto jurídico e garantia) eles podem ser enquadrados também
na figura do Vínculo de atributividade, o qual dita o instrumento a que a relação se vincula
directamente.
Pode ocorrer por meio de lei, ou acordo de vontades, na figura dos contratos.

A inexistência do vínculo acarreta a inexistência da relação jurídica.

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