Exórdio: São João Bosco perguntou aos meninos que estavam brincando no oratório? Se vocês soubessem que iriam morrer hoje, o que vocês fariam? Um respondeu: - Eu iria dar um abraço no meu pai, comeria um sorvete pela última vez, iria me confessar... e Você Domingos Sávio? – Eu continuaria brincando! Esta imagem nos serve para rezarmos hoje neste domingo, olhos abertos, vigilante e Corações no céu. 1. Olhos abertos. - É um esforço grandioso permanecer com os olhos abertos, atentos diante de tantas realidades que nos distrai. Há hoje um movimento grandíssimo de realidades boas, mas também de realidades que nos tiram a atenção, que nos deixam distraídos, cansados, e a vida pode passar, e distraídos não conseguimos perceber o Senhor que chega, o Senhor que bate na porta, e não abrimos, porque não estamos vigilantes. - Não se trata aqui, é claro, de estar com os olhos físicos abertos, mas de estarmos com os olhos da alma bem atentos, pois é preciso que nossa alma, nossa casa interior esteja bem preparada para a chegada de Deus a cada dia, em cada oração bem feita, em cada santa missa celebrada. A vigilância é esta centralidade em preparar o melhor para Deus de nós mesmos, uma alma que não esteja pesada pelos apegos desta vida, um coração que tenha Deus como seu único e verdadeiro tesouro "Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração". - Deus não entra em nossa vida como um ladrão, Ele não nos roubará a juventude, o tempo, a liberdade, o aproveitar a vida, mas Ele nos ensina a viver o presente com os olhos no futuro que não passará e que será totalmente realização, o que temos aqui é só um pequeno reflexo da beleza e realização que é o céu. Lembremos de Bento XVI que dizia aos jovens numa Jornada Mundial da Juventude: -“Jovens não tenhais medo, Cristo não nos tira nada, Ele vos dá tudo”. - Não há necessidade de ter os olhos abertos para ver o que Deus vai tirar de mim, mas verificar que mesmo tendo muito deste mundo não é garantia de um coração realizado, tranquilo e em paz voltado para o céu. E aqui já olhamos para a segunda realidade da nossa oração nesta liturgia: 2. Corações no Céu. - É assim que escutamos na Santa Missa: "corações ao alto, o nosso coração está em Deus". Trata-se justamente do que escutamos na segunda leitura da Carta aos Hebreus, mesmo sem verem a terra prometida, o povo de Israel acreditou, enxergou com os olhos da alma uma realidade que Deus prometeu e cumpriu. Pela fé elevamos nossos corações ao alto, ao céu, pois esta realidade já a enxergamos com a certeza que Deus coloca em nossa alma. Como explicar nossa busca pelo céu se não for pela fé? - O coração que não confia e não acredita em Deus precisa escutar muitas vozes deste mundo, buscar muitas realidades, e ainda assim, nunca estará saciado e em paz. Por isso, Jesus Cristo nos oferece hoje este evangelho para nos recordar que um tesouro maior nos espera, e já podemos experimentá-lo pela fé, um céu que já começa hoje, agora nesta santa missa. Que não é uma realidade chata, mas uma realidade interior, basta deixar Deus habitar, entrar em nossa casa, em nossa alma, pois se vigilantes estamos Ele mesmo nos servirá e nos alimentará, "Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá". - Peçamos meus amigos a graça de centrarmos nosso coração e nossas famílias no céu, e que estejamos sempre vigilantes, com os olhos abertos, pois quando o Senhor nos chamar estaremos tranquilos e prontos para abrir a porta e tomar posse desta realidade que nunca se acaba, o céu.