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Kris Vallotton
Dedico esta obra a toda pessoa que esteja atada em uma prisão espiritual,
ansiando ser liberta e lutando por paz.
Que você possa encontrar descanso para sua alma, paz para sua mente e
alegria para o coração enquanto viaja através das páginas deste livro.
PREFÁCIO
Minha esposa e eu somos amigos de Kris e Kathy Vallotton e seus filhos por
mais de 32 anos. Eles são as duas pessoas mais importantes em nossas vidas. Nossos
filhos cresceram juntos. Simplesmente temos vivido juntos. Na verdade, por um
período, eles moraram conosco até que sua casa fosse construída. Assisti Guerra
Espiritual se desenrolar. O que você tem nas mãos é a coisa mais distante da teoria
que poderia imaginar. É verdadeiro, sóbrio e promissor, tirado de uma vida treinada
nas trincheiras. Por mais que gostaria de promover o estilo de vida de “felizes para
sempre”, sou lembrado que nascemos dentro de uma batalha—uma batalha que já
foi ganha.
Kris é conhecido por seu incrível ministério profético. E com razão. O
impacto agora é internacional. Fico espantado com as portas abertas e com a
ousadia que Kris tem para entrar em situações impossíveis e trazer mudanças para a
glória de Deus. Ele também é conhecido pelo poder no ministério. Não importa se
é necessidade por cura ou libertação; ele ministra bem em ambos. É também
conhecido no mundo como um pregador do Evangelho do Reino extremamente
capaz. O impacto do seu dom de ensino será medido somente na eternidade. Acho
que tanto o céu como o inferno conhecem seu nome por outra razão, algo que
somente os que estão mais perto dele veriam. Céu e inferno, ambos veem que não
importam as circunstâncias, Kris Vallotton acredita em Deus. Ele é
verdadeiramente um amigo de Deus.
Assistir esta história se desenrolar às vezes foi divertido e outras vezes
doloroso. Contudo, não posso deixar de pensar na bem conhecida passagem em
Romanos a respeito disso: Para mim tenho por certo que as aflições deste tempo
presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada
(Romanos 8:18). As vitórias que têm acompanhado Kris, tanto para sua família
quanto através de seu ministério, têm colocado a dor envolvida no seu lugar certo —
diretamente debaixo dos pés de Kris.
Kris escreveu muitos livros, todos têm trazido vida, identidade e insight a
um grande número de pessoas. Mas, não acho que tenha ficado mais empolgado
acerca de nenhum de seus livros como estou acerca deste. Em muitas ocasiões
pessoas veem a mim precisando de ajuda e insight para suas lutas espirituais
incomuns. Essas lutas sempre me fazem lembrar a história de Kris. Tenho
encorajado as pessoas a obterem uma cópia do testemunho de Kris em CD, porque
os que o ouvem são transformados. Porém, por melhor que seja o CD, este livro é
muito mais completo. Ele capta o âmago da questão quando se trata do conflito
espiritual, de uma maneira que o CD não poderia nunca tocar. Além do mais, pode
ser usado como manual e lido repetidas vezes.
Ainda que Kris seja um amigo íntimo, não estaria nem um pouco
entusiasmado como estou acerca de seu ministério e deste livro, se ele glorificasse a
guerra e criasse uma consciência demoníaca excessiva. Contudo, tenho observado
sua vida. Ele se recusa, não importa o que tenha acontecido, a colocar seus olhos no
inimigo. Eles estão em Jesus, o autor e consumador da sua fé — da nossa fé.
É dito com frequência que as vidas dos profetas são parábolas. Eles passam
por situações que trazem uma mensagem para o Corpo de Cristo. Se isso for
verdade, e eu creio que, então, a liberdade de Kris trará aumento exponencial para a
glória de Deus, porque o que o inimigo intentou para o mal, Deus o tornou em
bem. O libertado é um libertador!
É com grande emoção que recomendo este livro a você, sabendo que esse
fruto aumentará até Jesus receber Sua completa recompensa.
Bill Johnson Autor de Quando o Céu Invade a Terra e Face a Face com
Deus
Pastor Senior da Bethel Church, Redding, California
AGRADECIMENTOS
Kathy, obrigado pelos anos difíceis que você permaneceu ao meu lado
quando estava lutando para encontrar minha saída do cativeiro espiritual. Obrigado
por todas as vezes que você se levantou no meio da noite para orar por mim.
Obrigado por acreditar em mim quando eu estava realmente destruído. E acima de
tudo, obrigado por me amar por toda nossa vida.
INTRODUÇÃO
Escrevi seis livros antes deste. Sempre que você submete um manuscrito às
editoras, uma das primeiras perguntas que eles fazem é: O que o qualifica para
escrever este livro? Tenho certeza que estão esperando algumas letras antes do seu
nome, ou um diploma de uma importante universidade. Porém, fui inspirado a
escrever este livro a partir da minha própria experiência com o reino demoníaco.
Sendo um jovem cristão, passei mais de três anos muito influenciado por demônios.
Tenho um Ph.D. em medo, opressão e ansiedade, o que faz com que este seja o
livro mais difícil que já escrevi.
A luta não é porque eu não saiba acerca do que estou falando; o problema
verdadeiro é que eu sei! Escrever este livro me exigiu recordar as piores experiências
da minha vida. Todavia, fiz uma aliança com o Senhor no dia que Ele me libertou
que passaria minha vida ajudando outros a encontrar a liberdade. Por conseguinte,
nas últimas três décadas ajudei literalmente milhares de cativos e prisioneiros a se
libertarem. Contudo, há três anos algo aconteceu que me fez ficar ainda mais
vigilante. Minha própria filha, e mais tarde meu filho ficaram debaixo de um ataque
demoníaco que quase os destruiu e ameaçou eliminar nossa família toda. Em meio a
esta batalha intensa, decidi que nunca mais deixaria a filha, o filho, o pai ou a mãe
de outra pessoa ser destruída enquanto ficaria parado assistindo. Minha oração e
meu objetivo é que através deste livro milhões de pessoas sejam equipadas para
fugirem da prisão e destruírem as obras do diabo na sua saída do campo de
prisioneiros.
Muitos dizem que o que os olhos não veem o coração não sente, mas Deus
diz: Meu povo é destruído porque lhe falta o conhecimento (Oséias 4:6). Fico
surpreso com a quantidade de pessoas (incluindo cristãos) que desconhecem que
não habitamos, mas coabitamos neste planeta. O apóstolo Paulo começou a
desvendar este mistério para nós quando escreveu: Ora, a respeito dos dons
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes (1 Coríntios 12:1). A palavra
dons aqui não aparece no texto original grego. O versículo na verdade deveria ser
lido: Ora, a respeito do espiritual, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Depois
Paulo continua a usar os dons do Espírito como um exemplo de como o reino
espiritual funciona.
Embora os cristãos geralmente reconheçam este reino invisível a certo nível
intelectual, pessoalmente não acho que eles realmente acreditam que o mundo
espiritual tem efeito sobre suas vidas diárias. Ensinar algumas pessoas sobre o
mundo espiritual se parece muito com tentar convencer alguém nos anos de 1800
que realmente existiam coisas como germes e que estes germes poderiam fazê-los
doentes e até matá-los. Nos últimos dois séculos, descobertas médicas e
tecnológicas avançaram nosso entendimento desta esfera natural não vista
anteriormente, e salvaram milhões de vidas.
Semelhante à transição que ocorreu com os avanços médicos no natural, a
transição agora está ocorrendo no espiritual. A sociedade está cada vez mais faminta
para entender o reino espiritual. Anjos e demônios se tornaram rapidamente o
assunto de muitos livros e filmes. Parece que as dimensões invisíveis de vida, que
constantemente alcança o véu do inexplicável, fascina o mundo inteiro. Livros e
filmes como Harry Potter e O Senhor dos Anéis são exemplos contemporâneos da
fome que as pessoas têm para compreender e participar nesta dimensão. É
imprescindível que entendamos os efeitos que anjos e demônios podem ter sobre
nossas vidas ou que podemos nos tornar vítimas do mundo invisível. Paulo
escreveu: Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais
costumavam viver, quando seguiam a presente ordem a deste mundo e o príncipe
do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência
(Efésios 2:1-2 NVI). Em outras palavras, antes de conhecermos Jesus éramos
literalmente fantoches de espíritos demoníacos.
Muitas pessoas em países de Primeiro Mundo acham difícil imaginar que
existe um “príncipe do poder do ar” controlando os pensamentos das pessoas todos
os dias. A ideia de que o mundo é habitado por seres invisíveis é, para elas, uma
metáfora ou até mesmo um conto de fadas como Papai Noel, ou o Coelhinho da
Páscoa. As pessoas em países em desenvolvimento, por outro lado, não têm
problema em acreditar em um reino espiritual porque os efeitos de demônios são
declarados. Bruxos, curandeiros e sacerdotes vodus dominam suas culturas a ponto
de quase todos que vivem em tais lugares já terem experimentado o reino
demoníaco de primeira mão.
Guerreiros da Liberdade
Um Tempo de Lamento
Sabia que tinha experimentado algo incrível naquela noite, contudo não
entendia completamente que recebi uma libertação verdadeira. A única ministração
de libertação que tinha testemunhado antes desta, foi algo que era semelhante a
uma pessoa tendo uma grande convulsão, com os cristãos se reunindo ao redor da
pobre alma e gritando aos demônios para “saírem!” A pessoa com frequência saía
daquelas sessões mais traumatizadas pelos cristãos do que pelos demônios. Não
queria fazer parte deste tipo de ministério. (Tenho certeza que havia ministério de
libertação saudável ocorrendo na Igreja, mas não tinha sido exposto a ele).
O que experimentei naquela noite não foi um tipo de simulação espiritual
nem acontecimento psicossomático. Fui liberto! Desfrutei da liberdade completa
por mais de uma semana. Após três anos de inferno, ser cheio com a paz foi
maravilhoso. Minha alegria retornou, meu apetite voltou e meus sintomas físicos
desapareceram. As visitações demoníacas se foram e pela primeira vez em anos
dormi a noite inteira.
Contudo, logo encontrei a dura realidade de que ser liberto e permanecer
livre são duas coisas bem diferentes. Numa noite escura e fria, estava dirigindo de
volta para casa do trabalho em meu Jeep, nas curvas sinuosas da floresta em uma
estrada estreita e sem luz que seguia um amplo riacho. Estava tão empolgado com
minha recém- descoberta liberdade que gritei bem alto: “Vou contar a todos acerca
disso — vou ajudar milhares de pessoas a se libertarem!”
Em seguida uma voz em minha mente gritou de volta: Se você contar a
alguém acerca disso, vou te matar!
Subitamente, todos os meus sintomas retornaram. Tive um ataque de
pânico tão grande que nem podia dirigir. Encostei o carro em uma valeta ao longo
da estrada. Meu coração estava disparado e estava respirando aceleradamente.
Então uma voz tranquila, mas poderosa me perguntou: O diabo odeia você?
(Sabia instintivamente que era o Espírito Santo falando comigo desta vez).
“Sim!”, respondi.
Então por que ele não te matou quando você foi salvo? A voz pressionou.
“Não sei”, respondi, ainda tentando me recompor.
Porque ele não pode! Ele não tem poder sobre você a não ser que você lhe
dê, a voz insistiu.
A paz começou a penetrar em minha alma e a ansiedade se foi nos minutos
seguintes.
Comecei a gritar novamente: “Estou livre! Estou livre!”
Essa cena se repetiu muitas vezes pelos próximos anos enquanto aprendia
pouco a pouco como permanecer livre e manter minha paz.
Quase três décadas se passaram desde aquela fatídica noite, quando deitei
no chão de nossa pequena casa lá na floresta e encontrei liberdade. Nestes últimos
trinta anos ajudei milhares de pessoas a se libertarem, encontrarem consolo e
aprenderem a viver em paz.
Contudo, há dois anos me encontrei em outra guerra pessoal intensa que
durou quase sete meses. Aprendi muito nesta luta e ela me ajudou a entender outro
lado da guerra contra o medo, a ansiedade, opressão e depressão. Sinto como se
tivesse um doutorado no assunto. Toda vez que compartilho minhas experiências
em local público sou inundado com pessoas me contando suas histórias e
implorando ajuda.
Li muitos livros cristãos e seculares sobre depressão, opressão, medo,
ansiedade e pânico. Mas, francamente, muitos livros não são apenas imprecisos, são
também destrutivos e na verdade conduzem a uma escravidão maior.
Também já conversei com vários profissionais de saúde mental, bem como
com médicos e descobri que poucos entendem realmente as raízes destes sintomas.
Parte do problema é porque muitos profissionais de saúde, quer sejam cristãos ou
não, veem o mundo espiritual como algum tipo de conto de fadas perpetuado por
almas incultas e desconhecedoras.
Também descobri que muitos conselheiros cristãos que acreditam no
mundo espiritual e ministram nesta dimensão têm muito pouco discernimento
acerca de como nosso ser trino está entrelaçado. Somos compostos de espírito, alma
e corpo e poucos conselheiros entendem o quanto cada dimensão afeta as demais.
Estas pessoas com frequência acham que todo sintoma negativo em uma pessoa está
enraizado no espírito. São completamente ineficazes, portanto, ao lidar com
problemas que têm suas origens nos outros dois terços do nosso ser, a alma e o
corpo.
Preciso esclarecer que existem sim conselheiros cristãos, cheios do Espírito
Santo que ministram a cada dimensão do nosso ser trino, mas pode-se contar nos
dedos. Certamente precisamos de mais destes conselheiros sábios e perspicazes, que
entendam as raízes e não apenas tratam problemas sintomáticos.
Minha mais recente descoberta finalmente me inspirou a escrever este livro
sobre o assunto. Na realidade comecei este livro antes da minha descoberta, em
meio à pior luta da minha vida — o que dá a determinados capítulos uma
perspectiva de campo de batalha único.
Este livro não pretende ser a última palavra sobre saúde mental e espiritual.
Contudo, foi escrito por alguém que tem experiência em primeira mão de encontrar
paz para si mesmo e ajudar multidões de outros a fazerem o mesmo.
Uma das verdades essenciais que aprendi através da minha jornada é que
somos novas criaturas em Cristo (veja II Coríntios 5:17), e portanto, nossas guerras
na vida nunca são com nossa velha natureza. Nossa carne talvez seja fraca (veja
Marcos 14:39), mas não é mais corrupta. O inimigo trabalha arduamente para nos
convencer do contrário, para que em vez de resisti-lo, fiquemos contra nós mesmos.
Auto sabotagem é um denominador comum em todas as formas de ansiedade e
depressão, quer ela esteja enraizada no corpo, alma ou espírito. Meu objetivo
principal para este livro é te ajudar a receber insight sobre a maneira como
sabotamos a nós mesmos, te dar sabedoria acerca de como se libertar destes padrões
destrutivos e transmitir coragem para você enfrentar as verdadeiras guerras na
vida—batalhas que você foi feito para ganhar. Irá aprender como viver na alegria,
cultivar paz e se proteger das investidas das forças inimigas. Encontrará nova
liberdade para si mesmo e aprenderá novas habilidades que te ajudarão a ajudar
outros a viver uma vida sem estresse.
Que o Príncipe da Paz te encontre nas páginas deste livro e te conduza a
plenitude completa — espírito, alma e corpo!
2 – VOCÊ ESTÁ VIVENDO EM UMA
CASA MAL-ASSOMBRADA?
Situada nos altos pinheiros em uma estrada estreita que segue o seu
caminho através das montanhas está uma velha cabana de madeira. Um penhasco
íngreme ofusca este bangalô de um velho mineiro, fazendo com que raramente veja
a luz do dia. Uma sensação estranha vem sobre você ao se aproximar da bem
desgastada varanda da frente, passar sobre as vigas apodrecidas e alcançar a
maçaneta enferrujada da porta. A porta range com resistência enquanto você força a
submissão, finalmente revelando um ambiente sombrio. Um odor podre de mofo
assalta os seus sentidos, mas você enfrenta o limite e entra. Espiando adiante, você
vê uma lareira primitiva de pedras coberta por fuligem negra de anos de uso. A
direita está uma cadeira de balanço antiga feita a mão, construída de uma árvore
cortada daquela própria montanha. Os moradores dizem que cerca de cem anos
atrás, o velho mineiro que morava ali foi assassinado naquela mesma cadeira...
***
Espero que isso soe como o início de uma história fantasma, porque é —
uma que aconteceu comigo mesmo. Aquela velha cabana fica em Trinity Alps, e um
casal de amigos meus, desesperados por um lugar barato para morar, certa vez a
alugaram — e logo descobriram que era assombrada! Não estou brincando com
você. O povo da cidade os advertiu sobre isso, mas eles não acreditaram. Então, em
uma noite escura, sem luar, o velho mineiro apareceu naquele quarto, acordando-os
de um sono profundo e dando-lhes um grande susto. Essas visitações aconteceram
por meses, até que finalmente decidiram vir conversar comigo a respeito.
Dirigimos para a cabana e forcei minha passagem pela porta com meus dois
amigos a reboque. O medo, tão tangível como um nevoeiro pesado, instalou-se em
minha mente enquanto avançava para dentro da sala escura. De repente, ele
apareceu!
“Caramba!”, estremeci. O cabelo atrás da minha cabeça ficou de pé.
Contudo, o que aconteceu a seguir mudou para sempre minha perspectiva sobre o
reino espiritual. Fui imediatamente dominado pelo pensamento: Este não é o velho
mineiro que voltou da morte para aterrorizar meus amigos, mas um demônio
disfarçado do falecido!
Essa revelação liberou um novo sentido de autoridade em mim.
Corajosamente ordenei ao demônio perverso que saísse da construção e nunca mais
voltasse. Meus amigos assistiam enquanto os dois reinos lutavam pelo domínio
naquela pequena sala. Porém, dentro de alguns minutos, o demônio se foi e a velha
cabana estava limpa.
Chutando um Cadáver
Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum. Com
efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Pois não faço o bem
que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já
não o faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que,
quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Pois segundo o homem interior,
tenho prazer na lei de Deus, mas vejo nos meus membros outra lei que batalha
contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está
nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta
morte?
Eu sei o que você está pensando: Se o grande apóstolo Paulo, que escreveu
treze livros do Novo Testamento, estava sujeito a sua carne pecaminosa, que
chances há de que não lutarei com o pecado? Esta seria uma boa pergunta se Paulo
estivesse descrevendo uma luta que ele teve enquanto era um apóstolo. Mas a
verdade é que nesta passagem, Paulo está contando a história da sua vida antes de
Cristo, não sua vida em Cristo. Ele usa a linguagem do verbo no presente para
enfatizar a luta do tempo passado que teve como fariseu. Ele está descrevendo como
era ser um mestre da Lei de Deus sem conhecer Cristo. A Lei ensinou-lhe o certo
do errado, mas não lhe deu nenhum poder para andar em retidão. E quanto mais ele
aprendia sobre a Lei de Deus, mais culpado se tornava (veja Romanos 5:20).
Para entender realmente a dissertação de Paulo sobre o que aconteceu
quando ele passou de a.C. para d.C., temos que retornar aos capítulos anteriores de
Romanos para podermos entender o contexto de seus comentários em Romanos 7.
O que segue é um conceito frequentemente mal interpretado e desafiador.
Permaneça comigo enquanto edifico um fundamento das Escrituras aqui e logo
você perceberá que verdades transformadoras, Paulo está apresentando sobre o
pecado e o cristão. Vejamos alguns versículos em Romanos 6:
Nestes versículos Paulo deixa claro que nosso velho homem “foi
crucificado” com Cristo (tempo passado), o que resultou em que não somos mais
escravos do pecado, porque pessoas mortas não pecam! E mais, nosso “corpo de
pecado” (o mesmo “corpo desta morte” sobre o qual ele fala no capítulo 7) foi
destruído. Em outras palavras, aquele velho defunto que a pessoas acham que estão
chutando nem sequer existe mais! Quando acreditamos que ele pode retornar,
fortalecemos uma mentira — o que dá a Satanás, o pai da mentira, a oportunidade
de estabelecer sua casa assombrada em nossas vidas. É por isso que Paulo nos instrui
a alinhar nossa fé com a verdade Assim também vós considerai-vos como mortos
para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. ... Pois o pecado
não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da lei, mas debaixo da
graça... Fostes libertados do pecado, e vos tornastes escravos da justiça (Romanos
6:11,14,18).
Devemos nos considerar mortos para o pecado. Essa palavra considerar no
grego é um termo da contabilidade. Literalmente quer dizer que devemos levar em
conta os fatos e chegar a esta conclusão:
Estamos mortos para o pecado. É como resolver um problema de
matemática que já sabemos a resposta. Se fizermos as contas e chegarmos a um
resultado diferente, precisamos voltar e checar nossos fatos.
Um Novo Casamento Tem Seus Privilégios
Agora que já vimos como Paulo foi claro quanto a estarmos mortos para o
pecado, examinemos as suas declarações iniciais em Romanos 7, imediatamente
antes de falar acerca da luta com sua carne, para ver se podemos receber algum
insight mais profundo com sua exortação:
Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que conhecem a lei), que a lei tem
domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? Por exemplo, a mulher que
está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está ligada a ele pela lei, mas morto o
marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada
adúltera se unir- se a outro homem. Mas, morto o marido, está livre da lei, e assim
não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais
mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que
ressurgiu dentre os mortos, a fim de darmos fruto para Deus. Quando estávamos na
carne, as paixões dos pecados, realçadas pela lei, operavam em nossos membros a
fim de darem fruto para a morte. Mas agora estamos livres da lei, pois morremos
para aquilo em que estávamos retidos, a fim de servirmos em novidade de espírito, e
não na velhice da letra.
Romanos 7:1-6
Esta passagem nos mostra a condição do nosso espírito, alma e corpo antes
de Cristo, assim como nossa condição em Cristo. Quando estávamos casados com a
Lei, nosso espírito estava morto, separado de Deus por causa do pecado. Essa morte
espiritual deixou nossas mentes (almas) debaixo do controle das exigências
pecaminosas e paixões de nossos corpos corrompidos. Mas, Cristo acabou com
nossa separação de Deus levando sobre Si mesmo a condenação do pecado,
permitindo que nossos espíritos se unissem ao Seu Espírito e fossem vivificados.
Isso, por sua vez, permitiu nossa mente ser “colocada” em Seu Espírito, e acabou
com a guerra entre a mente e o corpo, trazendo-nos vida e paz. Finalmente nossos
corpos, que eram “carne do pecado”, partilharam na morte de Cristo. Isso matou a
doença do pecado e em Sua ressurreição, Ele trouxe vida a nossos corpos mortais.
Nossos corpos saíram dos castelos malignos, habitação da natureza pecaminosa que
“não pode agradar a Deus” para templos santos onde “habita” o Espírito Santo.
Deus não deixou nenhuma parte de nós inalterada quando Ele nos casou
com Seu Filho. É por isso que na segunda carta de Paulo aos Coríntios, ele diz que
somos uma “nova criação” — não apenas um novo espírito, mas um ser totalmente
novo (II Coríntios 5:17, NVI). Nossa própria natureza foi completamente
transformada. Fomos transformados de inimigos de Deus em santos que amam a
Jesus com todo seu ser—espírito, alma e corpo!
Mas espere, você talvez pense: Paulo não disse que a carne era inimiga de
Deus? Olhe de novo. Ele disse: A inclinação da carne é inimizade contra Deus. O
que isso significa? Ficará mais claro se você estudar como o Novo Testamento usa a
palavra grega sarx, que é normalmente traduzida por “carne”. Você descobrirá que a
palavra em si mesma não denota algo negativo ou positivo — tanto a velha natureza
como a nova criação são chamadas de “a came” (sarx) em contextos diferentes. Isso
nos diz que nosso corpo físico não é fonte de bem ou mal. Nossa carne é governada
pelo nosso espírito e nossa alma. Em especial, nossa alma é o sistema operacional do
corpo, o mediador entre o espiritual e o físico. A “inclinação da came” é uma
descrição da alma que está desconectada do Espírito Santo e está executando um
“programa” construído sobre mentiras e falso poder espiritual, como luxúria e
medo. Em sua carta aos Gálatas, Paulo descreve o comportamento que esta
inclinação produz: As obras da carne são conhecidas, as quais são: prostituição,
impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, pelejas,
dissensões, facções, invejas, bebedices, orgias, e coisas semelhantes a estas, acerca
das quais vos declaro, como já antes vos preveni, que os que cometem tais coisas não
herdarão o reino de Deus (Gálatas 5:19-21).
Outra vez, quando nossos espíritos foram vivificados em Cristo, nossas
almas foram libertas da tirania desta inclinação. Agora temos liberdade e
responsabilidade para “colocar nossas mentes” nas coisas do Espírito. Quando
nossas mentes são colocadas no Espírito, não somos mais controlados por nossas
paixões físicas. Em vez disso, temos o poder para dirigir nosso corpo segundo seu
verdadeiro valor e propósito espirituais.
Em primeiro lugar, Paulo nos ensina que devemos alimentar e cuidar da
nossa carne: Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo [carne] antes
o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros
do seu corpo (Efésios 5:29-30 NVI). A palavra grega para cuidar aqui é thalpo, a
mesma palavra grega que é traduzida por “acaricia” em 1 Tessalonicenses 2:7: Antes
fomos brandos entre vós, como a mãe que acaricia seus próprios filhos. Se a carne
do nosso novo homem estivesse em oposição a Deus, a Bíblia certamente não nos
ensinaria a cuidar dela como uma mãe acaricia seu filho.
Segundo, Paulo diz em Romanos 6:13 para apresentar vossos membros a
Deus, como instrumentos de justiça, e em Romanos 12:1 para apresentar vossos
corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Se você já leu o Antigo
Testamento, sabe que as únicas coisas que poderiam ser usadas como
“instrumentos” ou “sacrifícios” para a adoração a Deus eram as que tinham sido
purificadas e lavadas. Seria impossível aos judeus em Roma, para quem Paulo
escreve esta carta, perder a implicação deste verso: Nossos corpos estão limpos e
puros em Cristo.
Autoengano
Pesquisa Demoníaca
Engajando em Conflito
Restauração Estratégica
Cheguei a Jerusalém, e depois de três dias ali, parti de noite, eu e uns poucos
homens comigo. Não declarei a ninguém o que o meu Deus me tinha posto no
coração para fazer em Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão o que eu
montava. Saí de noite pela Porta do Vale, na direção da Fonte do Dragão e da Porta
do Monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam derrubados, e as
suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo. Então passei à Porta da Fonte,
e à piscina do rei, mas não havia espaço suficiente para passar o animal que eu
montava; de maneira que de noite subi pelo vale e contemplei os muros. Finalmente
voltei e entrei pela Porta do Vale. Não souberam os magistrados aonde eu fora nem
o que eu fazia, porque até então eu não havia declarado coisa alguma, nem aos
judeus, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra.
Neemias 2:11-16
Então eu lhes disse: Bem vedes vós a aflição em que estamos: Jerusalém está
em ruínas, e as suas portas queimadas a fogo. Vinde, reedifiquemos os muros de
Jerusalém para que não estejamos mais em opróbrio. Também lhes declarei como a
mão do meu Deus me fora favorável, e bem assim as palavras que o rei me tinha
dito. Responderam eles: Levantemo-nos, e edifiquemos. De maneira que deram
início a esta boa obra.
Neemias 2:17-18, ênfase acrescentada
Especulações Mentirosas
Então ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo
do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. O Senhor disse a
Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás! O Senhor, que escolheu Jerusalém, te
repreende! Não é este um tição tirado do fogo? Ora, Josué, vestido de trajes sujos,
estava diante do anjo. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele:
Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Vê, tenho feito com que passe de ti a tua
iniquidade, e te vestirei de trajes finos.
Zacarias 3:1-4
A obra do Senhor em nossas vidas é uma repreensão aberta aos poderes das
trevas. Quando príncipes malignos mexem conosco, eles trespassam para território
perigoso. Somos justificados pelas obras de Deus e não por nossas próprias, e a
verdade da Sua graça invalida os fatos e falácias do diabo.
Jesus convida para que acheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da
graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, afim de sermos socorridos
no momento oportuno (Hebreus 4:16). Quando espíritos terroristas estão nos
perseguindo podemos correr para o palácio, pular no trono e sentar com Cristo. Na
verdade, se as coisas ficarem ruins demais podemos nos fingir de mortos e esconder
em Cristo (veja Colossenses 3:3). Quando minha alma está sitiada, muitas vezes
tenho essa visão de me sentar neste enorme trono com Jesus. A cadeira é tão alta
que Ele tem que me ajudar para me colocar no Seu colo. Com minhas pernas
balançando alguns metros do chão, sussurro em Seu ouvido, compartilhando com
Ele que alguém está me perseguindo e não me deixará em paz. O inimigo parece
aterrorizado quando espia pela janela do palácio e me vê sussurrando com o Senhor.
De repente ele foge do local quando o Senhor dá ordens para puni-lo por me
atormentar.
Então os judeus que habitavam perto deles vieram e dez vezes nos disseram:
Eles nos atacarão de todos os lugares onde moram. Pelo que pus guardas por detrás
dos pontos mais baixos do muro, nos lugares descobertos, dispus o povo segundo as
suas famílias, com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos. Depois
de inspecionar a situação, levantei-me e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto
do povo: Não os temais. Lembrai-vos do Senhor, grande e terrível, e pelejai por
vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas.
Neemias 4:12-14
Gosto muito do fato de Neemias ter feito da guerra um assunto familiar,
posicionando parentes nos lugares expostos dos muros. Esta história me faz lembrar
uma situação que enfrentamos com nosso filho mais novo, Jason. Quando ele estava
com quinze anos ele se achou em uma guerra terrível com a pornografia. Alguns
meses em sua luta, ele contou a Kathy e a mim sobre sua escravidão e sua luta sem
sucesso para se libertar. Aconselhamos a ele para contar ao resto da família e nos
deixar proteger os lugares derrubados nos muros da sua vida até que ele fortificasse
seu coração de novo. Ele concordou que nos ajuntássemos a ele na batalha.
A luta durou quase nove meses. Jason escorregou várias vezes de volta na
fossa pornô. Todos nós oramos por ele diariamente e relembramos com frequência
quem ele fora chamado para ser. Nós o responsabilizamos por seus pensamentos,
atitudes e comportamento de forma regular e ficamos próximos dele durante os dias
mais difíceis. A guerra intensa finalmente se foi e celebramos juntos. Nunca o
condenamos ou acusamos. Apenas continuamos dizendo-lhe que ele era
maravilhoso demais para agir assim. Ele foi chamado para ser um homem nobre e
não um vagabundo que sexualiza as filhas de Deus.
Jason está com 31 anos enquanto escrevo este livro e nunca mais caiu na
pornografia. Outro dia o ouvi dizer: “Com frequência me encontrava em
circunstâncias que eram grandes demais para mim. Mas nunca enfrentei nada na
vida que fosse grande demais para minha família”.
Neemias exortou aos judeus a lutarem por “vossos irmãos, vossos filhos,
vossas mulheres”. É importante que entendamos que nossas vitórias pessoais têm
ramificações coletivas. Ninguém nunca fracassa sozinho! Quando ganhamos
liberdade em nossas próprias vidas, somos fortalecidos a dá-la a outros como
herança.
A Arma da Importância
Certo dia fui à casa de Semaias, filho de Delaias, filho de Meetabel, que
estava encerrado. Disse-me ele: Encontremo-nos na casa de Deus, dentro do
templo, e fechemos as portas do templo, porque virão matar-te; de noite virão
matar-te. Porém eu disse: Um homem como eu fugiria? e quem há, como eu, que
entre no templo para salvar a vida? De maneira nenhuma entrarei. Então percebi
que não era Deus quem o enviara, mas que ele tinha profetizado contra mim porque
Tobias e Sambalate o haviam subornado. Ele tinha sido subornado para me
intimidar, a fim de que eu assim fizesse, e pecasse, para que tivessem de que me
infamar, e assim me vituperassem. Lembra-te, ó meu Deus, de Tobias e de
Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadia e dos demais
profetas que têm procurado intimidar-me. Assim, acabou-se o muro aos vinte e
cinco dias do mês de elul, em cinquenta e dois dias. Quando todos os nossos
inimigos ouviram isso, todos os gentios que havia em redor de nós temeram, e
abateram-se muito em seu próprio conceito, porque reconheceram que tínhamos
feito esta obra com a ajuda do nosso Deus.
Neemias 6:10-16, ênfase acrescentada
Moisés enviou Josué, Calebe e outros dez em uma missão para espiar a
Terra Prometida. Eles viram gigantes no meio do seu território dado por Deus.
Josué e Calebe queriam comprar uma briga com os gigantes e obter seu tesouro,
mas a multidão preferiu reduzir a promessa de Deus ao nível de seu medo.
O diabo sempre posiciona gigantes exatamente no meio de nossos
propósitos dados por Deus, e o Senhor com frequência os aprova. Lembra-se da
experiência de Jesus no deserto? Foi o Espírito Santo que conduziu Jesus ao deserto
para ser tentado pelo diabo. Era Deus que estava comprando uma briga com o
diabo. Deus atraiu o diabo para uma briga enfraquecendo a carne de Cristo com um
jejum de quarenta dias. Então, Jesus derrota o diabo com seu próprio jogo. Quando
você lê o relato em Mateus 3:16-4:1, percebe que tão logo Jesus recebeu a aprovação
divina de Deus em Sua identidade e chamado como Filho de Deus, Ele foi
conduzido ao deserto pelo Espírito Santo para encontrar o diabo na mãe de todas as
batalhas. A Bíblia é muito silenciosa sobre os trinta anos liderando a esta
confrontação — este parece ser o primeiro grande conflito que Jesus encontrou (a
não ser que você diga que quando seus pais o perderam por três dias foi algo
estressante). Mas, com Seu batismo, a preparação daqueles trinta anos estava
completa, e tinha chegado a hora para Ele entrar em Sua tarefa — destruir as obras
do diabo e lançar o “deus deste mundo” fora de um trono roubado.
No capítulo anterior vimos o mesmo padrão na história de Neemias. Antes
de a notícia chegar a Jerusalém, sua vida era bem simples. Ele vivia no palácio do rei
e sem dúvida tinha todos os privilégios que vem com ele. Mas, essa não era a vida
onde ele ganharia nome; somente o preparou ao posicioná-lo na presença do rei.
Quando chegaram as notícias de Jerusalém, algo se despertou em Neemias. Ele
percebeu que tinha nascido para fazer mais do que ficar no palácio e beber
espumante com o rei — ele foi chamado como catalisador de uma reforma que
libertaria seu povo das garras de um inimigo mal e lhes restauraria a antiga glória.
Porém, a primeira coisa que ele encontrou quando entrou no seu destino foi um
ataque inimigo sobre sua identidade. Na mesma maneira, Cristo, após ouvir Seu
Pai lhe falar do céu que Ele era Seu Filho amado, imediatamente encontrou uma
voz demoníaca que questionou Sua identidade como Filho de Deus. Centenas de
anos separaram Neemias e Jesus, mas a cilada demoníaca permaneceu a mesma.
Espero que você esteja começando a ver um padrão aqui. Os cães da
desgraça sempre ficam esperando às portas de nosso destino. Entre as promessas de
Deus em nossa vida e o palácio de nosso divino propósito está sempre o processo
que nos molda na pessoa que precisamos ser para permanecer sentado no palácio.
Joseph Garlington disse: “Deus fecha uma porta e abre outra, mas é inferno na
entrada”. É na “entrada” que precisamos lembrar as palavras do grande apóstolo
Paulo, que estava intimamente familiarizado com as experiências de “entrada”. Ele
escreveu: Mas graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo (II Coríntios
2:14). Com frequência citamos versículos como este, mas esquecemos de que não
existe vitória sem batalha, nem testemunho sem teste e nem milagre sem uma
circunstância impossível. Deus nos conduz em triunfo ao nos conduzir a batalhas,
testes e impossibilidades! Foi o Espírito Santo que conduziu Jesus ao deserto, Deus
que inspirou Neemias a reedificar os muros e Jesus que te conduziu a ler este livro
porque você nasceu para mudar o mundo!
É claro, em qualquer guerra estão sempre operando duas agendas. Com
frequência quando nos encontramos nestas batalhas épicas no deserto, onde nossas
almas estão sendo testadas ao limite, nos perguntamos se foi Deus ou diabo que nos
conduziu para lá. A resposta é sim — Deus e o diabo, ambos têm um plano para nós
na “noite escura da alma”, embora eles pretendam ter resultados inteiramente
diferentes. A pergunta é: ficaremos do lado do plano de quem? Somente após
termos enfrentado o diabo sozinho no deserto, acreditado em Deus e ganhado
nossa vitória pessoal que o Senhor pode nos confiar qualquer tipo de promoção
pública.
Tentação e Pecado
Força na Fraqueza
É importante destacar aqui que o diabo deixou Jesus sozinho “até um tempo
oportuno”. Satanás é um oportunista. Ele com frequência, estrategicamente espera
para atacar quando estamos com fome, fracos ou cansados. Embora o diabo seja
insano, ele não é estúpido. Mas o Espirito Santo é o estrategista mais brilhante. Ele
sabia que a maneira mais fácil de atrair Satanás para Sua armadilha era enfraquecer
Jesus. O plano funcionou perfeitamente!
A principal estratégia de Cristo no deserto foi jejuar. Parece loucura se
colocar em uma posição de fome, fraqueza e vulnerabilidade antes de ir contra um
inimigo — a menos que você entenda que o objetivo do deserto seja revelar a
capacidade infalível de Deus para te libertar. É por isso que Jesus jejuou. Ele queria
remover qualquer tentação que pudesse ter para derrotar o diabo com Suas próprias
forças. Tudo que restou após os quarenta dias foi uma escolha — a força de Deus ou
a falsa oferta de poder do diabo. Em Sua fraqueza Jesus simplesmente recusou ouvir
o diabo e confiou plenamente em Deus. Como disse Judas: Deus é poderoso para
vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos jubilosos e imaculados diante da sua glória
(Judas 24). É nossa responsabilidade confiar em Deus. É responsabilidade dEle nos
libertar, proteger e nos salvar.
Um antigo ditado continuamente circula por todo o Corpo de Cristo:
“Níveis maiores, demônios maiores”. O adágio basicamente significa que toda vez
que Deus promove alguém, Ele o expõe a mais ataques demoníacos. Congregações
cristãs inteiras, na verdade, acreditam que a doença, o conflito relacional e os
problemas são um sinal de que você foi promovido. O que esse povo falha em
reconhecer é que quando Deus te promove Ele te protege.
Pense sobre isso: A pessoa mais protegida nos Estados Unidos é o
presidente. Ele recebe a proteção ao mesmo tempo em que recebe a promoção.
Ninguém no seu perfeito juízo assumiria o cargo da presidência sem a proteção que
a promoção merece. Quanto melhor faria Deus, que tem legiões de anjos à Sua
disposição protege o povo que Ele promove? Naturalmente que ninguém, não
importa seu status no Reino, está imune de problemas da vida ou fraquezas da sua
própria personalidade. É por isso que Paulo escreveu:
Mas ele me disse: A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza. Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em
mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando
estou fraco, então é que sou forte.
II Coríntios 12:9-10
Deus não quer que nossa confiança esteja em nossa própria capacidade.
Filipenses 3:3 coloca desta maneira: Pois a circuncisão somos nós, que servimos a
Deus em Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. É
imprescindível que coloquemos nossa confiança inteiramente na obra que Deus
tem feito em nós. Justiça própria ou de quaisquer seguranças que não estejam
enraizadas em Cristo somente conduzirão a soluções temporárias que sempre
produzem efeitos negativos.
O propósito claro das batalhas do deserto é provar e estabelecer nossa fé. O
apóstolo Tiago nos disse para regozijarmos nas provações por causa do que elas
produzem em nós — a mesma maturidade e perfeição que Cristo demonstrou em
Sua completa dependência do Pai.
Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por provações,
sabendo que a prova da vossa fé desenvolve a perseverança. Ora, a perseverança deve
terminar a sua obra, para que sejais maduros e completos, não tendo falta de coisa
alguma.
Tiago 1:2-4, ênfase acrescentada
Você percebeu que as provações não provam nosso caráter, que elas provam
nossa fé? Fé é fundamentalmente um termo relacional — não é em primeiro lugar
uma questão de o que você acredita, mas em quem você confia. A batalha por nossa
confiança é tão antiga quanto Adão e Eva. Em meio à batalha, pode parecer tão
complexo, mas quando a poeira assenta e a fumaça clareia, a verdadeira guerra é
sempre acerca da mesma questão — em quem acreditaremos? A quem ouviremos:
Deus ou o diabo?
Quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden, não somente
desobedeceram a Deus... eles obedeceram a Satanás. Com relação à árvore do
conhecimento do bem e do mal, o Senhor disse: Não comereis dele, nem nele
tocareis, para que não morrais. Mas o diabo disse: Certamente não morrereis!
(Gênesis 3:3-4). Eles escolheram obedecer ao diabo em vez de obedecer a Deus e
comeram da árvore proibida.
Quando fizeram aquela escolha eles escolheram o mestre errado. As
provações são projetadas para nos ajudar a determinar quem será nosso mestre, em
quem confiaremos, quem será nosso Senhor, e em que reino colocaremos nossa fé.
Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por
todos os homens. Já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós,
e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra,
mas nas tábuas de carne do coração.
II Coríntios 3:2-3
Uma experiência terrível que passei reforçou o fato de que até mesmo como
cristãos, nossa dimensão física — nossa carne — ainda é fraca. Não é mais maligna,
mas é fraca. Como Jesus disse a Seus discípulos que continuavam dormindo quando
Ele pediu para vigiar e orar: Na verdade o espirito está pronto, mas a carne é fraca
(Mateus 26:41). Isto foi revelado a mim de uma maneira nova, começando com
uma conversa que tive com Judy, a secretária de Bill Johnson. Ela me telefonou para
dizer que o Bill estava doente, e que os médicos mandaram que ele cancelasse todas
as viagens a fim de descansar por uns meses.
“Bill pediu para você assumir tantas conferências quanto puder enquanto ele
está doente”, Judy solicitou.
Eu já tinha minha agenda cheia, mas Judy e eu nos sentamos e descobrimos
uma maneira em que poderia voar de uma conferência para outra para cobrir a
maior parte dos compromissos de Bill sem perder nenhum dos meus. Por quase
dois meses estive voando por todo lugar; de estado a estado... país a país... fuso
horário a fuso horário. Meu relógio biológico ficou tão confuso que não conseguia
dormir muito, não importa onde estivesse.
Um dia em meio a este redemoinho de atividades, em algum lugar na
Austrália, estava me preparando para subir ao púlpito para falar quando meu celular
tocou. Meu identificador de chamadas mostrou que era um membro íntimo da
família. Pedi ao apresentador para adiar minha apresentação e saí para o saguão
para atender ao telefone.
“Você está bem?” perguntei.
“Não, estou tendo ataques de pânico e totalmente assustado!”, o membro da
família me respondeu.
Tentei confortá-la, mas não tinha tempo para realmente chegar à raiz do
medo naquela hora. Quando terminei de pregar, telefonei de novo e conversamos a
fundo naquela noite. Tentei ajudar a pessoa a trabalhar com seus medos irracionais.
Aquele primeiro telefonema se tornou em várias conversas por dias, enquanto eu
cruzava o mundo fazendo conferências. Estava completamente física e
emocionalmente exausto e tão cansado que minha imaginação começou a
enlouquecer com pensamentos de e se. Deitava acordado à noite imaginando a
minha ente querida cometendo suicídio ou sendo levada para um hospício. Como
isso poderia estar acontecendo? Fracassei com ela de alguma maneira?
Minha cabeça estava girando. Estava em frangalhos, mas é muito difícil não
atender ao telefone quando sua família precisa de ajuda. Tinha que manter minha
agenda lotada e também tirar tempo para trabalhar isso com a pessoa. Bill estava
ainda se recuperando e eu sentia como se todo o peso do mundo estivesse sobre
meus ombros.
Cerca de três meses neste pesadelo, meu filho, que é pastor na nossa equipe
veio ao meu escritório. Ele parecia em pânico.
“Qual o problema?”, perguntei.
“Papai, acho que meu casamento acabou!”, ele disse, cobrindo seu rosto com
as mãos.
“Não, filho!”, afirmei. “Deus pode resolver isso.”
Mas não era para ser... após dez anos e três filhos, seu casamento acabou.
Jason estava em frangalhos depois disso. Levou quase dois anos para ele se
recuperar. Embora tenha passado por um divórcio, ele e os filhos estão indo muito
bem agora. (Você pode ler nosso livro em coautoria O Poder Sobrenatural do
Perdão para a continuação desta história.) A situação de Jason, contudo, veio junto
com tudo mais que já estava lidando naquela época. Embora já estivesse
completamente exausto, não conseguia dormir. Ficava acordado a noite toda
imaginando os piores cenários. Como as crianças sobreviveriam a este divórcio? E
se meu filho tivesse um ataque de nervos? Como iríamos dizer a nossa igreja que
Jason, um dos líderes sêniores de nossa escola de ministério estava passando por um
divórcio? As especulações atormentavam minha mente.
Enquanto os dias se transformavam em semanas, minha ansiedade crescia.
Logo a ansiedade se agravou com ataques de pânico que ocorriam várias vezes por
dia. Estava quase completamente incapacitado. A guerra que estava acontecendo
em minha alma preocupava minha mente a ponto de quase não poder pensar em
outra coisa. A menor coisa me aborrecia. A ansiedade se agarrou de tal maneira a
minha alma que tinha medo de sair de casa.
Mas o pior ainda estava por vir. Um dia acordei sentindo que alguém tinha
me derrubado dentro de um buraco negro. Comecei a desesperar da própria vida e
perdi a vontade de viver. Perdi o apetite por comida, sexo ou qualquer outra coisa
que normalmente gostava de fazer. Nos três meses seguintes perdi 16 quilos. Estava
tão deprimido que mal podia sair do sofá. Fui a vários conselheiros. Inclusive um
casal de profissionais, mas nada fez muita diferença.
Estava tão desesperado que estava disposto a fazer qualquer coisa para sair
da depressão. Finalmente concordei em seguir o conselho da minha médica e tentar
remédios antidepressivos (eu a chamo de minha médica, mas ela é na verdade uma
enfermeira). Era alérgico aos quatro primeiros remédios que ela receitou, então
levou uns meses até começar a melhorar. A médica também receitou remédios para
me ajudar a dormir.
Levei meses para concordar em tomar algo para aliviar meus sintomas.
Tinha muito medo do que as pessoas iriam pensar de mim se soubessem que estava
tomando remédio para a cabeça. Também estava confuso sobre o porquê Deus não
tinha me libertado. Era isso um demônio de depressão? Estava com algum pecado
secreto? Estava mentalmente doente? Isso teria um fim? Teria que tomar remédio
para o resto da minha vida? Minha mente mantinha-se girando.
O remédio causava efeitos colaterais desconfortáveis como calor e suor frio.
Também me fazia sentir emocionalmente insensível. Mas a profunda depressão e
ansiedade saíram de forma considerável e era capaz de agir quase normalmente.
Cerca de quatro meses tomando antidepressivos, conversei com um amigo sobre
meus sintomas e condição. Ele me disse que muitos anos antes tinha sofrido dos
mesmos sintomas e depois de vários exames o médico finalmente descobriu que ele
tinha um desequilíbrio hormonal. Voltei a minha médica e pedi para fazer um
exame nos meus níveis de testosterona. Ela não achava que esse era o meu
problema, mas concordou em fazer outro exame de sangue. Alguns dias depois
recebi os resultados. Quase não tinha testosterona em meu sistema. Imediatamente
ela receitou testosterona. Dentro de sessenta dias parei de tomar os remédios
antidepressivos e para dormir. Depois de uma jornada de dez meses pelo inferno,
finalmente me senti plenamente normal outra vez.
Durante minha jornada de dez meses pelo inferno, li todos os livros que
pude sobre ansiedade e depressão. Descobri que ao mesmo tempo em que existem
muitas opiniões que se diferem sobre o assunto de saúde mental, a maioria dos
cientistas concordam sobre alguns temas comuns. Aprendi que literalmente
centenas de reações químicas ocorrem em nosso cérebro em qualquer momento.
Essas interações químicas têm um papel importante na maneira como sentimos,
pensamos e nos comportamos. A maioria dos cientistas concorda que um composto
químico chamado serotonina atua como neurotransmissor e é o principal
catalisador da saúde mental e emocional. Antidepressivos como Prozac estimulam
artificialmente a produção de serotonina em nosso corpo e ajuda a equilibrar a
química do cérebro quando há uma deficiência. (Devo também observar aqui que
outros neurotransmissores importantes como dopamina e norepinefrina podem
afetar o humor também. Remédios também estão disponíveis para ajudar pessoas
que sofrem de desequilíbrio nesses sistemas neurotransmissores.)
A maioria dos cientistas acredita que quatro fatores principais afetam a
estimulação natural de serotonina em nosso corpo. Estes fatores são sono, luz solar,
estresse e exercício físico. É interessante notar como estes fatores foram afetados
negativamente no século passado. Por exemplo: um estudo recente revelou que
desde a invenção da lâmpada elétrica, uma pessoa normal dorme uma hora a menos
por noite. Acrescentaria que a televisão, a internet e o entretenimento em geral
também são incentivos que geram empolgação e nos fazem ficar acordados até mais
tarde e dormir menos.
O segundo fator que tem um papel importante é a quantidade de tempo que
passamos no sol — ou não passamos. Desde que mudamos da era agrícola para a da
informação muitas pessoas vivem e trabalham em áreas internas. De forma simples,
as pessoas em países desenvolvidos não passam tanto tempo do lado de fora quanto
os seus ancestrais.
Estresse é o terceiro fator na produção de serotonina. Uma pessoa comum
hoje está exposta a mais notícias ruins em uma semana do que alguém há cinquenta
anos ouvia em um ano. Acrescenta-se a isso, que é quase impossível descansar em
nossa cultura. Existem tantas maneiras de se manter em contato com as pessoas —
telefone celular, correio de voz, e-mail, mensagem de texto, bips, Skype, iChat,
redes sociais... a lista é quase sem fim. A era da informação torna quase impossível
dar um tempo às pessoas. Há também o relógio do tempo. Nossas agendas diárias
são planejadas em volta dos minutos. O dia tem 1440 minutos e para a maioria de
nós, cada um deles é discutido com meses de antecedência. Para piorar, enquanto
estamos em qualquer reunião normalmente estamos recendo mensagens de texto,
telefonemas ou bips tornando impossível nos concentrar plenamente na tarefa em
mãos. Acrescente-se a isso o fato que a maioria de nós tem empregos que não
exigem muita força muscular, mas que sobrecarregam nossas mentes ao máximo o
dia todo. Não é de se admirar que estejamos tensos o tempo todo.
Provavelmente o fator que tem o maior efeito negativo sobre nosso estado
mental, entretanto, seja a mudança cultural na indústria de transportes. Com a
invenção de carros, aviões e trens as pessoas caminham muito menos. Fazemos
apenas uma fração do exercício que as pessoas faziam há cem anos. Pense sobre isso.
Quantas pessoas você acha que se exercitavam na academia na era agrícola? Não
havia necessidade disso devido os desafios físicos das suas vidas diárias!
É verdade que estes quatro fatores — sono, luz solar, estresse e exercício
físico—são os principais catalisadores para a produção de serotonina em nosso
cérebro, então não é preciso ser um gênio para entender porque tantas pessoas estão
tomando antidepressivos para se sentirem normais nesta geração.
O que faz o desequilíbrio dos hormônios ainda mais complexo é que a
serotonina não pode ser medida. Não há exame de sangue ou qualquer outro exame
para isso que você possa fazer para determinar o nível de serotonina no cérebro. A
reprodução de serotonina permanece de certa forma um mistério, e a sua ciência
permanece subjetiva. Por exemplo: existe debate sobre serotonina e sua interação
com o sono. A falta de sono em uma pessoa resulta em níveis reduzidos de
serotonina? Ou a serotonina de alguma forma primeiro fica baixa no corpo da
pessoa, o que então faz a pessoa perder o sono?
Os profissionais mantêm várias opiniões em relação à natureza catalisadora
da química do cérebro. Acrescenta-se a isso o fato que os avanços científicos estão
ocorrendo quase todos os dias nesta área, e alguns irão provavelmente suplantar os
dados neste capítulo antes que este livro chegue às lojas. É suficiente dizer que a
química do corpo é um fator importante no bem-estar do nosso espírito, alma e
corpo.
Pensamento Tripolar
Disse Pedro: Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho te dou. Em nome
de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda. Tomando-o pela mão direita, o
levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram. Saltando ele, pôs-se em pé e
começou a andar. Então entrou com eles no templo andando e saltando, e louvando
a Deus.
Atos 3:6-8, ênfase acrescentada
O homem andou porque ficou fisicamente curado. Ele saltou porque ficou
curado emocionalmente. E louvou a Deus porque ficou espiritualmente restaurado!
Quando uma dimensão do nosso ser trino está enferma, ela afeta nosso ser inteiro.
Quando entendemos isso faz sentido o Senhor trabalhar para restaurar a pessoa
inteira. Meramente curar nossos corpos seria somente uma solução temporária,
parcial.
Se junto com aqueles a quem ministramos devemos chegar à verdadeira
inteireza, é essencial que entendamos como esse sistema trino interage um com o
outro e como isso afeta nossas vidas e a saúde de nosso ser total. Quando tive a crise
não entendia o que estava errado comigo porque meus sintomas eram
multidimensionais. Minha mente estava em profunda dor, meu corpo exausto e
meu espírito debaixo de constante ataque. A perturbação onde meu problema se
originou era tão confusa que literalmente era responsável por metade do meu
estresse.
Pensamento do Espírito
Com o tempo, percebi que nosso cérebro recebe informação de três fontes.
A primeira fonte de influência sobre nosso pensamento é nosso espirito. Paulo
disse: e vos renoveis no espírito do vosso entendimento (Efésios 4:23). Em outras
palavras, temos a capacidade de pensar a partir do espírito do nosso entendimento.
Sabemos que se alguém tem um espírito maligno, isso afeta o modo como ele pensa.
Quer ele esteja endemoninhado ou apenas debaixo de ataque espiritual, os
combatentes do inimigo estão influenciando seus pensamentos. (Falamos sobre isso
no capítulo anterior.)
Nosso espírito lida com o mundo das trevas o tempo todo porque Jesus disse
que o acusador dos irmãos está acusando nosso espírito dia e noite (Apocalipse
12:10). Porque Deus nos projetou para sermos espiritualmente complacentes, na
maioria das vezes não estamos conscientes que este nível de negatividade esteja
acontecendo ao nosso redor, até que nossas necessidades espirituais chamem nossa
atenção para resistir proativamente a estas forças.
Quando precisa de reforços, uma das maneiras do nosso espírito se
comunicar com nossa mente consciente é através de sonhos. Um sonho em que
estamos sendo perseguidos, mas somente podemos correr em câmera lenta com
frequência é uma maneira do nosso espírito dizer que precisa da nossa ajuda para
prevalecer contra os agentes inimigos. Talvez precisemos jejuar, orar mais, ou nos
focarmos em algum aspecto da guerra espiritual que ajuda nosso espírito a se
proteger de um ataque demoníaco.
Pensamento do Corpo
Pensamento da Alma
A Interação Trina
Aja!
Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que
jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te, e sê muito corajoso. Cuida em
fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies,
nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer
que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; medita nele dia e noite, para
que tenhas cuidado de fazer conforme tudo o que nele está escrito. Então farás
prosperar o teu caminho, e serás bem-sucedido. Não te mandei eu? Esforça-te, e
tem bom ânimo. Não pasmes, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo
por onde quer que andares.
Josué 1:6-9
Veja como Deus deu a Josué o segredo para controlar suas emoções e
garantir a vitória. Aqui tem três chaves que Deus disse que determinaria seu
sucesso. Primeiro, a Lei do Senhor deveria estar em sua boca. Depois, ele deveria
meditar nela dia e noite. E finalmente, deveria fazer tudo acerca do que estava
falando e meditando. É interessante que a palavra meditar nesta passagem na
verdade significa proferir, refletir, ponderar, e até mesmo cantar sobre si mesmo!
Em outras palavras, Deus instruiu Josué a fazer mais do que apenas pensar sobre
Sua Lei; na verdade Ele ordenou a Josué falar, declarar, refletir e cantar para si
mesmo a Palavra de Deus.
Como Josué, quando passamos por um período intenso e desafiador em
nossas vidas, muitas vezes é preciso mais do que a simples memorização das
Escrituras para nos manter longe do desânimo, depressão, pânico e medo. Algo
poderoso acontece quando verbalizamos o que Deus pensa e diz sobre nós. Até o
mundo descobriu este segredo. Se você ler a maioria dos livros de autoajuda, com
frequência descobrirá um capítulo sobre falar gentilmente consigo mesmo. Os
psicólogos chamam este princípio de conversa positiva consigo mesmo. Eles
entendem que verbalizar palavras de afirmação e encorajamento ajuda a construir
autoconfiança e autoestima. Porém, quão mais poderoso é este princípio quando
em vez de apenas declarar coisas boas a nós mesmos, repetirmos o que Deus está
dizendo sobre nós!
Timóteo era um incrível gigante da fé. Ele era o braço direito de Paulo e o
líder da Igreja de Éfeso, que pode ter sido a maior igreja em todo o Novo
Testamento. Mas Timóteo lutava com o medo. Antes de enviá-lo a Corinto, Paulo
teve que escrever e pedir-lhes que não fizessem nada que assustasse Timóteo. Veja a
exortação de Paulo aos coríntios: E, se Timóteo for, vede que esteja sem temor
convosco, pois trabalha na obra do Senhor, como eu também (I Coríntios 16:10).
É difícil imaginar um apóstolo tendo que escrever de antemão de alguém
tão famoso como Timóteo, para que as pessoas não o estressassem, mas foi isso que
aconteceu. Paulo depois escreveu uma carta pessoal a Timóteo para relembrá-lo da
sua maravilhosa herança na fé e ensiná-lo que o medo com que estava lidando era
um espírito maligno, não apenas uma emoção humana:
Paulo também o instruiu: Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de
vinho, por causa do teu estômago, e das tuas frequentes enfermidades (I Timóteo
5:23). Isso é apenas uma suposição, é provável que faça sentido que os problemas
estomacais de Timóteo estivessem diretamente relacionados à sua luta com o
estresse. É provável que o vinho fosse receitado para acalmá-lo um pouco.
É um consolo para mim Timóteo ter batalhado com o medo, no entanto
isso não o desqualifica do seu grande chamado. Por alguma razão, em períodos de
conflito intenso muitas vezes nos sentimos como se fossemos os únicos que
passaram por tais coisas. Podemos nos sentir sozinhos, abandonados e isolados.
Mas a verdade é que não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos
homens (1 Coríntios 10:13 NVI). Não há nada que possamos experimentar que
outros já não tenham passado. Não há profundeza de medo, nem intensidade de
pânico, buraco negro de depressão e nem poder de desânimo que milhões de outros
não tenham experimentado. Nós não estamos sozinhos!
A profecia é uma das mais destrutivas armas de Deus contra as mentiras do
inimigo que nos isolam e separam do Corpo. A profecia é predizer e anunciar
antecipadamente nosso futuro. Predizer é revelar a história antes que aconteça, mas
anunciar provoca o futuro. Veja a exortação mais poderosa de Paulo a Timóteo:
Esta instrução te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve
acerca de ti, por elas combatas o bom combate, conservando a fé, e a boa
consciência (I Timóteo 1:18- 19, ênfase acrescentada).
Profecia Preditiva
Profecia Anunciadora
Declarando Morte
Vede também os navios que, sendo tão grandes, e levados por impetuosos
ventos, com um pequenino leme se voltam para onde queira o impulso do
timoneiro. Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes
coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia.
Tiago 3:4-5
Nossa língua é como o leme de um navio. Pode nos conduzir a um porto
seguro até que os ventos da adversidade passem por nós. Porém, em vez de
navegarmos nosso navio para um refúgio adequado nas tempestades da vida, com
frequência temos a tendência de soltar o volante. Isso permite que as ondas das
circunstâncias dirijam o leme em vez de nossas posturas, virtudes e valores.
Já é difícil o bastante estar em uma intensa batalha em que você não pode
ver a floresta por causa das árvores. Mas é estúpido atear fogo a floresta com nossas
línguas. Uma das piores coisas que podemos fazer quando estamos guerreando
contra as investidas do inimigo e nossa mente está sitiada, é falar. Não quero dizer
que devemos evitar pedir ajuda ou ficar calados em um canto; estou falando sobre
verbalizar os pensamentos demoníacos, especulações ou coisas altivas sendo
propagadas contra nós. Enunciar essas setas venenosas somente ajuda a assimilá-las
em nossos corações e vivê-las em nossa alma.
Às vezes é necessário em uma situação de aconselhamento, compartilhar
com uma pessoa sábia o que está acontecendo em nossas mentes para que possamos
chegar à raiz do nosso conflito. Fora disso, andar por aí repetindo o que está sendo
falado contra nós no reino invisível somente ajuda a reforçar estas mentiras em
nossos próprios corações. Os políticos e os marqueteiros entendem o “princípio da
repetição” muito bem. Este princípio diz: “As pessoas tendem a acreditar no que
ouvem de forma repetida, quer seja verdade ou não”. Pense sobre isso — é possível
falar morte a si mesmo!
Plantando Pomares
Bill Johnson diz: “Não podemos nos dar ao luxo de ter um pensamento em
nossa mente que não esteja na Dele!” Precisamos colocar guardas na entrada de
nossos corações e mentes para proteger o Reino de Deus dentro de nós. Meditar em
palavras negativas é como abrir o portão do nosso coração e permitir que exércitos
inimigos invadam o palácio tranquilo de nossas almas. Nossos olhos e ouvidos são
dois portões de entrada para nossas almas. É essencial que administremos o que
ouvimos e vemos para que as sementes do engano não sejam plantadas no solo de
nossas almas.
O Poder do Riso
Riso Santo
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos que estão
em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: A vós outros graça, e paz da parte de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Pois nos
elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
diante dele.
Efésios 1:1-4
Sua mensagem é clara: vocês podem prender meu corpo, algemar meus
membros e restringir minhas visitas, mas não podem encarcerar minha alegria,
acorrentar minhas bênçãos nem roubar minha herança. Muitas pessoas, vivendo no
conforto aconchegante do século XXI, algo que era alheio a reis há apenas cem
anos, reclamam de sua dura situação. Elas deixam de reconhecer que seu assento
celestial vindouro suplanta suas circunstâncias terrenas (veja Efésios 2:6).
Tenho um amigo muito rico que, muitos anos atrás, estava passando por
uma difícil situação. Seu casamento destruído, o relacionamento com seu único
filho tenso e seus negócios em sérios problemas financeiros. Ele ficou tão
deprimido com suas circunstâncias que pela primeira vez na vida, decidiu buscar um
conselheiro profissional. Depois de muita pesquisa, ele voou metade do país em seu
próprio avião para ver um dos psicólogos mais conceituados nos Estados Unidos.
Quando sentou no consultório do médico, o conselheiro lhe perguntou:
“Por que você veio me ver?”
“Meu casamento está com dificuldades, o relacionamento com meu filho
em más condições e meus negócios fracassando. Minhas circunstâncias estão me
deprimindo”, meu amigo respondeu.
“Não, a felicidade é um trabalho interno!” o psicólogo replicou.
Para choque do psicólogo, meu amigo se levantou, foi até sua mesa e
preencheu um cheque de 300 dólares. O médico disse: “O que você está fazendo?
Você está aqui apenas por cinco minutos”.
“Bem, já obtive aquilo que vim buscar”, respondeu. “Pensava que minhas
circunstâncias estivessem ditando minha depressão. Agora compreendo que minha
situação não determina minha condição interior. Entendo agora que o reino ao meu
redor não tem poder sobre o Reino dentro de mim. Obrigado por sua ajuda,
doutor”, meu amigo explicou quando saía do prédio. Ele voou para casa com uma
atitude totalmente nova, embora suas circunstâncias externas ficassem sem
mudanças ainda por quase dois anos.
As circunstâncias de muitas pessoas determinam suas atitudes. Elas se
tornam vítimas impotentes de ações a atitudes de outros. Acreditam de forma
errada que sua situação física é sua condição. A verdade é que nem sempre você tem
poder sobre o que acontece com você, mas você tem sim, completo controle sobre o
que acontece em você.
Assentado em Lugares Celestiais
Em Efésios, Paulo descreve três períodos distintos em nossas vidas. Ele usa
a postura de sentar, andar e estar de pé como metáfora para representar estes
períodos. Nos primeiros dias de encarceramento, Paulo escreveu:
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que
nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente
com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez
assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros
as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco em Cristo
Jesus.
Efésios 2:4-7, ênfase acrescentada
Gosto muito dos períodos de “relaxar, descontrair e beber algo” das nossas
vidas. O Filho de Deus experimentou esses períodos. Lembra-se quando o Pai lhe
disse: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por estrado
dos teus pés (Salmos 110:1)? Tempos assim me fazem lembrar as palavras de Davi
em Salmos 23:2-3: Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas
tranquilas, refrigera a minha alma. Gostaria de dizer a Deus: “Oh Senhor, por
favor, faça-me deitar nesses pastos verdes... submerge-me com Tua bondade...
afaga-me com Teu consolo... extravasa-me com Tua magnificência... sussurra-me
Tuas doces palavras e beija-me em novas dimensões do Teu amor”.
São nestes momentos maravilhosos na vida que Deus nos ensina sobre Seu
amor, misericórdia e graça. Chamo esses períodos de “A essência é Deus”. Nestes
momentos, parece que se eu fizer maiores esforços como tentar trabalhar mais, orar
por longos períodos ou estudar com mais diligência, isso de certa forma atrapalha as
coisas. Sei que estes são momentos em que devo aprender a como descansar em
Deus e como confiar Nele com minha vida inteira, mas isso quase faz sentir como se
Deus estivesse sancionando a “preguiça”.
Permita-me ser claro aqui — eu sei que preguiça não é uma qualidade
admirável no Reino. Estou apenas tentando descrever a sensação quando estamos
em um período de descanso. Nestes momentos, frases que incluem palavras como
guerra, armas, lutas ou batalhas parecem irrelevantes. É como relaxar em uma
banheira quente enquanto se lê um mistério de assassinato. Estamos tão longe do
campo de batalha que se sente mais ficcional do que real.
Muitos crentes nunca experimentam primavera em Deus. É quase como se
eles nascessem na Antártida, espiritualmente falando, onde é sempre frio e não há
primavera. Encontro um denominador comum entre estes Congelados Escolhidos.
Para eles, “assentar nas regiões celestiais” é uma metáfora poética, uma filosofia
intelectual ou um desejo teológico e não uma realidade radical. Somente quando
aprendemos a viver de dentro para fora e não de fora para dentro, que somos
verdadeiramente livres para experimentar estes períodos. O Reino dentro de nós é
mais poderoso do que o reino ao nosso redor.
Como expliquei com grandes detalhes no meu livro Chuva abundante -
Como Podemos Transformar o Mundo Que Nos Cerca, temos dupla cidadania.
Somos cidadãos do céu e cidadãos da terra. A pergunta é: Vivemos da terra em
direção ao céu ou vivemos do céu em direção a terra? Quando nosso assento
celestial é apenas uma promessa distante, vivemos no modo defensivo o tempo
todo. Estamos sempre orando sobre algo que já aconteceu. Orações como: “Oh
Deus, cura meu amigo” ou “Oh Deus, conserte minhas finanças”, ou “Oh Deus,
ajude a restaurar meu relacionamento” são todas orações defensivas.
As circunstâncias difíceis de nossa existência provocam estas súplicas, e é
importante que oremos sobre qualquer coisa que esteja errada no mundo ao nosso
redor. Contudo, quando toda nossa vida de oração é motivada por circunstâncias
negativas que nos cercam, é um sintoma de nossa disposição de assentos. Assentos
terrenos criam orações reacionárias. Se sentarmos lá por muito tempo, acabaremos
tendo um grande diabo e um pequeno Deus.
Por outro lado, quando tomamos nosso lugar correto assentados com Cristo
em Seu trono celestial vivemos poderosa, ofensiva e relativamente em paz. Nossas
orações se tornam declarações proféticas que dirigem a história. O Reino dentro de
nós começa a direcionar o mundo ao nosso redor para que não sejamos mais
vítimas, mas vitoriosos! É nestes períodos de essência de Deus, “assentados” que
aprendemos a viver esta realidade radical.
Discernimento da Armadura
Passamos bastante tempo descrevendo a guerra espiritual nas páginas deste
livro. Agora voltemos à cela de Paulo e vejamos que discernimentos podemos obter
através desta revelação em Efésios 6 acerca dos equipamentos de batalha dos
soldados romanos.
Seu nome era Henry e ele era faxineiro na oficina de carros que eu
gerenciava em Weaverville, Califórnia. Henry tinha cerca de dezesseis anos quando
o conheci. Por ter crescido na floresta parecia um caipira. Era esguio e cerca de um
metro e setenta de altura, de cabelos loiros. Falava sem parar. Henry realmente não
precisava de nada sobre o que falar, simplesmente gostava de conversar. E Henry
definitivamente não era muito esperto. Por exemplo, um dia o entregador deixou
vários pacotes na minha bancada de trabalho. Abri os pacotes e retirei todas as peças
de dentro deles. Cerca de meia hora depois, Henry entrou e começou a conversar,
como de costume. Estava deitado embaixo de um carro e quase não podia prestar
atenção a ele, mas de vez em quando de forma cortês lhe dizia: “Ah-hum... sim...
entendo o que quer dizer... você está certo sobre... claro”.
De repente, algo que Henry disse chamou minha atenção. “Onde você
conseguiu estas caixas de biscoitinhos?”, perguntou. “Esse troço não tem gosto de
nada!”
Rolei de debaixo do carro a tempo de ver Henry comendo os amendoins das
embalagens de isopor das caixas de remessas. Nem preciso dizer que não vi Henry
por pelo menos uma semana. Seu pai falou que ele estava gripado.
Cerca de um ano depois que conheci Henry, levei-o a Cristo — ou pelo
menos eu achava. Mas suas palhaçadas continuaram por anos — cinco acidentes de
carro, várias prisões por embriaguez pública, quebrar isso, bater aquilo... nunca
terminava. No entanto, quanto mais conhecia o Henry, melhor entendia seu
comportamento. Seu pai o molestou desde pequenino até sua adolescência. Sua
mãe fingia não saber. Seu irmão mais velho era um alcoólatra violento que o
esmurrava regularmente. Sua irmã... bem, vamos apenas dizer que ela era o clone do
Henry. O clã inteiro me fazia lembrar a família Adams. Estava fazendo o melhor
que podia para discipular Henry, mas nunca tinha conhecido ninguém tão
atrapalhado em toda minha vida. Ele tinha tendências homossexuais e vícios em
álcool, drogas e pornografia. E para piorar as coisas, tinha ataques de ira e gritava
coisas obscenas para Deus no meio do estacionamento da igreja. Eu era jovem e
desconhecedor, e não sabia realmente o que fazer com ele.
Então um dia ele veio ao posto de serviço Union 76 que eu tinha comprado
recentemente. Era um dia de verão muito ocupado e estávamos atolados de
trabalho. É claro, Henry foi direto para os fundos da oficina onde eu estava
trabalhando em um cano.
“Preciso que você... preciso... preciso que você ore por mim!”, implorou.
“Tem algo dentro de mim e está tentando me matar!”
“Henry, não posso falar com você agora! Estou com trabalho até o pescoço.
Você precisa sair daqui”, insisti.
“Por favor, só uma rápida oração... tudo que preciso é uma rápida oração”,
lamentou.
“Tudo bem, Henry — trinta segundos, é tudo que estou lhe dando — trinta
segundos”, disse obviamente irritado. “Entre no depósito e irei orar por você”.
Meu objetivo era fazer uma rápida oração tipo “libero paz sobre você em
nome de Jesus”. Entramos no pequenino depósito do tamanho de um closet. Henry
inclinou a cabeça, coloquei minha mão sobre seu peito e comecei a orar.
Antes de chegar ao “em nome de Jesus”, Henry agarrou minha garganta e
começou a me sufocar, gritando com uma voz estranha: “Vim para te matar... Vim
para destruir você!”
Gritei de volta: “Eu te repreendo em nome de Jesus! Declaro o sangue de
Jesus sobre você! Em nome de Jesus, espírito assassino, saia!”
Nada parecia funcionar. Henry ficou mais violento. Estava me sacudindo,
sufocando, mordendo e arranhando. Em determinado momento, ele agarrou
minha camisa nova do uniforme e rasgou quase totalmente do meu corpo.
Esforçando para respirar, decidi mudar minha estratégia sufocando-o em
troca! Lutei com Henry por vários minutos, tentando desesperadamente me libertar
do seu controle. Batemos nas prateleiras que alinhavam as duas paredes opostas.
Elas estavam estocadas até o teto com filtros automotivos. As prateleiras caíram
sobre nós como dominós, nos deixando lutar debaixo de uma pilha de filtros de ar e
óleo. Continuei gritando repreensões enquanto lutava para me libertar de ser
estrangulado por Henry.
De repente, sem aviso, ele soltou meu pescoço, empurrou a pilha de
destroços para o lado e se levantou. “Eles se foram!”, disse com um suspiro, “Estou
livre!”
Henry agradeceu, entrou no carro e se foi... deixando-me só. Lá estava eu, o
rosto e o cabelo cobertos de sujeira, camisa rasgada quase ao meio, ombros, rosto e
peito todo arranhado, com marcas de dentes em minhas mãos. Parecia cena final de
um filme de Rambo.
Infelizmente a liberdade recém-descoberta de Henry não duraria muito
tempo. Esta cena se repetiu várias vezes em nossas vidas. Meu ministério de
libertação parecia muito mais com os sete filhos de Ceva do que com qualquer
discípulo de Jesus (veja Atos 19:14-16).
Nos dez anos seguintes vários “Henrys” vieram à minha vida. Teve uma
rainha de concurso de beleza de 32 anos que foi preciso quatro homens fortes para
segurá-la para que eu pudesse “libertá-la”, ela deu um salto e chutou meu peito,
machucando o lado direito das minhas costelas. Descobri que ela tinha sido campeã
mundial de caratê feminino por duas vezes.
Tinha uma moça que estava correndo na rua completamente nua. Quando
cheguei a sua casa para ajudá-la, eles a tinham enrolado em um lençol e a estavam
controlando. Desta vez estava certo que tinha a mente do Espírito: “Deixe-a ir!”,
insisti.
“Kris”, eles protestaram, “ela está nua e fora de controle!”
“Não tem problema, já está controlada”, assegurei-lhes. Um segundo depois
ela estava correndo na casa, ainda sem nada. “Controle-a!”, gritei. “Segure-a!”
Por anos, meu ministério de libertação se assemelhava com cenas diretas de
O Exorcista. (Na verdade nunca vi o filme. O trailer era mais do que eu podia
suportar).
Há muito tempo, estava compartilhando as histórias das minhas libertações
fracassadas em uma escola de ministério. Após várias narrativas loucas, um jovem
estudante não aguentava mais. Ele se levantou e me interrompeu, gritando:
“Quando eu digo aos demônios para sair, eles saem! Sou filho do Rei e não suporto
nenhuma de suas artimanhas
“Isso é maravilhoso”, disse, com um pouco de sarcasmo. “Quantas
libertações você já fez?”
“Três”, ele disse com confiança.
“Sorte de iniciante!”, brinquei.
Fazendo Certo
Você pode achar que alguém que uma vez foi influenciado por demônios
deveria saber libertar outra pessoa. A verdade é que embora tenha estado envolvido
em centenas de libertações, nos meus doze primeiros anos raramente vi alguém ficar
verdadeiramente livre. Às vezes os demônios de fato saíam por um período, mas
logo voltavam com força total. A pequena cidade de Weaverville forneceu um
grande laboratório no qual os cristãos podiam aprender como as pessoas poderiam
ficar livres. Com uma população de cerca de trezentas pessoas, a comunidade era
tão pequena que vivíamos bem próximos das pessoas que praticávamos libertação.
Isso nos deu uma excelente oportunidade para observar se elas de fato mudaram
quando foram “libertas”.
Tantas coisas insanas são feitas em nome da libertação que é assustador. Em
minha opinião, há mais pessoas que precisam ser libertas dos traumas de sua última
libertação do que pessoas que de fato precisam ser libertas de demônios. Por
exemplo, estava na Austrália recentemente quando um homem começou a se
manifestar endemoniado. Imediatamente os anciãos correram com um balde
grande e tentaram fazer o endemoninhado “vomitar” seus espíritos malignos. Em
2009 estava em um encontro na Holanda quando um endemoninhado começou a
perder o senso e jogar cadeiras. Vários líderes se reuniram ao redor dele, gritaram
repreensões e declararam o sangue de Jesus. Tempos atrás, uma senhora de meia
idade, bem vestida me perguntou se os demônios saem quando você despeja sal na
pessoa. Quando perguntei sobre seus métodos, ela me disse que seu pastor, que era
um membro proeminente da sua denominação, ensinou sua congregação que
colocar sal sobre a cabeça de um endemoninhado o libertaria da opressão.
Poderia encher um livro inteiro com histórias absurdas de libertações
fracassadas, muitas das quais eu mesmo conduzi. Algumas histórias são até
engraçadas, mas a coisa triste é que essas pessoas fortemente influenciadas por
demônios ou endemoninhadas saíram sem mudanças, ou pior ainda, ficaram
traumatizadas com os esforços de alguém para as libertarem.
Isso me leva a pergunta de um milhão de dólares: Como de fato as pessoas
são libertas? E, tão importante quanto essa, como elas permanecem libertas?
Cativos e Prisioneiros
Aprendi com o passar dos anos que a pergunta acerca de como as pessoas de
fato são libertas não pode ser respondida até que determinemos porque elas estão
aprisionadas. Isaías disse:
Veja que o profeta está descrevendo dois tipos de pessoas atrás das grades:
cativos e presos. Prisioneiros são criminosos que o juiz enviou para a prisão. É
preciso uma ordem judicial, vinda do Juiz para libertar os prisioneiros espirituais.
Cativas são pessoas que foram aprisionadas por meio de mentiras e enganos. É
preciso conhecimento da Verdade para libertá-las. Quando estamos trabalhando
para libertar alguém que está afetada por demônios, precisamos primeiro
determinar se a pessoa é um cativo ou prisioneiro.
Vamos dar uma olhada de perto em cada um destes e descobrir como
cativos e prisioneiros podem ser libertos e permanecer libertos. Começaremos
investigando a situação difícil dos prisioneiros sobre os quais Jesus fala em Mateus
18:21-35. Respondendo à pergunta de Pedro acerca de quantas vezes ele deveria
perdoar, Jesus compartilha uma história sobre nosso Rei e Seu Reino. Ele disse que
o Reino dos céus poderia ser comparado a um rei que desejou acertar as contas com
seus servos. Um servo devia ao rei o que seria hoje como um milhão de dólares. O
servo implorou por misericórdia e o rei perdoou tudo que ele devia. Mas aquele
mesmo servo foi ao seu companheiro servo, que lhe devia uma pequena
porcentagem em relação ao que ele devia ao rei e exigiu pagamento imediato.
Quando o moço pediu misericórdia, o primeiro servo se recusou e o jogou na prisão.
Quando o rei descobriu isso, ficou extremamente zangado. Ele disse: Servo
malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu
igualmente compadecer-te do teu companheiro, como também eu me compadeci
de ti? Assim, encolerizado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe
pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celeste, se de coração não
perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas (versos 32-35).
Fica claro a partir desta história que Deus insiste com Seu povo para
perdoar uns aos outros. Muitos passam a vida odiando outros e planejando
vingança. Porém, a amargura não tem amigos. Ela sempre vaza naqueles que mais
amamos. Quando cristãos se recusam a perdoar, Deus tem um “comitê de modos e
meios” chamado de torturadores que ajudam a lançar fora a amargura e o ódio de
nossas vidas.
A falta de perdão aprisiona nossas almas e abre portas para os espíritos
malignos em nós. Em minha experiência, a falta de perdão é a razão número um
porque os cristãos estão oprimidos. Para que estes prisioneiros sejam libertos, eles
precisam convencer o Juiz da Suprema Corte que perdoaram aqueles que os feriram
e abusaram deles. O perdão inspira um decreto do Rei, que por sua vez nos dá
autoridade para ordenar estes espíritos malignos a libertarem seu prisioneiro. Sem
um decreto real, podemos dominar os espíritos demoníacos na vida de uma pessoa e
forçá-los a sair temporariamente, mas eles sempre retornam.
Os espíritos demoníacos estão sujeitos às leis do Reino de Deus. Eles sabem
muito bem quando o estilo de vida pecaminoso de alguém lhes dá acesso à alma da
pessoa. O poder do Espírito e a autoridade de Jesus Cristo são exigidos para que
alguém seja liberto e permaneça liberto da opressão demoníaca. Tentar libertar uma
pessoa que se recusa perdoar ou insiste em permanecer em um estilo de vida
pecaminoso é uma inútil perda de tempo.
Prisioneiros Livres
Cristãos Endemoninhados?
Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espirito Santo e com poder; o
qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos [palavra grega
katadunasteuo] do diabo, porque Deus era com ele.
Necromancia
Observe como o pecado humano abre porta para que feitiçaria e bruxaria
invadam nossas vidas. O melhor exemplo disso nas Escrituras é encontrado no
relacionamento entre o rei Saul e Davi. Os exércitos de Israel estavam voltando para
casa de uma das maiores vitórias da sua história. Tinham acabado de derrotar seus
arqui-inimigos, os filisteus. David matou o poderoso gigante Golias, o que resultou
em uma derrota palestina. Quando o vitorioso exército israelita retornava da guerra
para casa, as mulheres se enfileiraram nas ruas de Jerusalém para dar as boas-vindas
a seus bravos soldados com música e dança. O clima era de júbilo e celebração, até
que Saul ouviu o coro cantar: Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez
milhares (I Samuel 18:7).
O medo e o ciúme inundaram o rei Saul. Indignado gemeu consigo mesmo:
Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares. Na verdade, o que lhe falta,
senão só o reino? (verso 8). O jovem que certa vez irradiara humildade era agora um
rei idoso, atormentado pelo medo e oprimido pelos demônios. Aqui está o relato de
Samuel de seu rei desanimado:
Paulo nos lembra em Gálatas 5:21 que as pessoas que vivem um estilo de
vida pecaminoso não herdarão o Reino de Deus! Muito parecido com a história que
Jesus contou em Mateus 18, onde os torturadores aprisionaram o servo que não
perdoou, ciúme e medo podem também liberar atormentadores em nossas vidas. A
vida de Saul é um perfeito exemplo de como o ciúme nos cega para a realidade e nos
leva a formar conclusões irracionais que finalmente encarceram nossas almas.
Cativos Libertos
Autoridade
Josué, encarregado por Deus para possuir a Terra Prometida, cruzou o rio
Jordão e começou sua conquista por volta de 1400 a.C. De forma sobrenatural ele
revistou Jericó, uma cidade fortificada, protegida por muros duplos. Em seguida,
após se recobrarem de um grave erro que foi resultado de pecado, os israelitas
destruíram Ai. Rumores começaram a circular por toda a terra de Canaã enquanto
os israelitas conquistavam cidade após cidade.
Quando os gibeonitas ouviram que Josué estava se movendo em direção a
sua cidade, ficaram aterrorizados. Eles elaboraram um plano para tentar convencer
os israelitas a fazerem uma aliança com eles. Os gibeonitas se vestiram com roupas
velhas, calçaram sandálias velhas e remendadas, pegaram comida bolorenta e foram
encontrar Josué. Eles lhe disseram que eram de uma terra muito distante e que
tinham ouvido da fama do Senhor e da grandeza do Seu povo, então vieram para
honrar os israelitas. É claro, eles estavam mentindo, mas Josué não sabia por que se
esqueceu de consultar a Deus acerca deles. Com um pouco de lábia, convenceram
Josué e os anciãos de Israel a fazer uma aliança com eles e deixar que vivessem. Três
dias depois Josué descobriu que tinha sido enganado. Os israelitas queriam destruir
Gibeom, mas os anciãos relembraram ao povo que palavra deles era seu laço (Josué
9:3-18).
Avancemos quatrocentos anos para o reinado do rei Davi. Havia uma
grande fome na terra e Davi estava consternado, mas não sabia o que fazer.
Finalmente, após três anos ele decidiu perguntar a Deus por que havia aquela fome.
(Você acharia que com todo aquele tempo de tabernáculo, aquele cara seria um
pouco mais rápido para conversar com o Senhor acerca de seus problemas. Acho
que até naquela época, os homens já se recusavam a pedir direção.) O Senhor
respondeu a Davi e disse:
Vamos ter certeza que entendemos o que aconteceu. Josué erradamente fez
uma aliança com Gibeom e permitiu que vivessem na Terra Prometida, contra as
ordens de Deus. Cerca de 370 anos depois, o rei Saul matou os gibeonitas por causa
de seu zelo pelo povo de Deus. Mais tarde Saul morre em uma guerra e Davi se
torna rei. Ele reinara por muitos anos antes de vir essa terrível fome. Quando veio a
fome, ele pediu direção de Deus, o que o levou a descobrir uma maldição
hereditária que ocorrera na geração anterior. Em outras palavras, não chovera por
três anos, a colheita estava arruinada, as ovelhas e o gado estavam morrendo e Israel
foi forçado a uma depressão tudo por causa de um rei que morrera há muito tempo,
ter pecado contra os gibeonitas. Foi Josué quem estragou tudo e desobedeceu a
Deus. Foi Saul quem quebrou uma aliança israelita de gerações com os gibeonitas
para cometer genocídio contra eles. Contudo, foi Davi quem colheu os efeitos dos
pecados deles. Isso que é chamado de “maldição hereditária” e muitas pessoas são
afetadas por elas sem saber.
Minha História
Faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que temos cometido
contra ti: também eu e a casa de meu pai pecamos. Temos procedido perversamente
contra ti, e não temos obedecido aos mandamentos, nem aos estatutos, nem aos
juízos, que ordenaste a teu servo Moisés. Lembra-te da palavra que ordenaste a teu
servo Moisés, dizendo: Se fordes infiéis, eu vos espalharei entre os povos, mas se
voltardes para mim, e obedecerdes aos meus mandamentos, e os cumprirdes, ainda
que os vossos exilados estejam na extremidade do céu, de lá os ajuntarei e os trarei
ao lugar que escolhi para ali fazer habitar o meu nome.
Neemias 1:6-9, ênfase acrescentada
A Criança é um Guerreiro
Mesha
Dez anos atrás recebi uma profunda revelação dos propósitos destrutivos do
inimigo para com crianças. Minha neta mais velha, Mesha, vê anjos desde que
começou a falar. Ela costumava chamá-los de “pássaros”. Ela estava descrevendo
estes “pássaros” com seu vocabulário limitado por meses. Porque ela tinha apenas
dois anos, pensávamos que estava só fazendo de conta. Então certa manhã Mesha
estava tomando banho com sua mãe. A presença de Deus encheu o banheiro como
uma nuvem. Mesha se levantou na banheira e gritou: “Os pássaros estão aqui... os
pássaros estão aqui!” Muitas vezes a pegávamos em seu quarto interagindo com os
anjos, como se brincaria com um amigo. À medida que foi ficando mais velha, suas
experiências angelicais ficaram mais empolgantes e intensas.
Quando Mesha estava com cerca de quatro anos, começou a acordar no
meio da noite gritando: “Os anjos estão me assustando!” Isto continuou várias vezes
na noite por semanas. Minha filha e meu genro, que são pastores, corriam para seu
quarto e tentavam consolá-la sem sucesso. Não demorou muito e estavam me
chamando às duas e três da manhã. Certa noite, quando já tínhamos acordado
algumas vezes orando por ela, disse-lhes que lhe perguntasse de que cor eram os
anjos.
“Papai, ela disse que são negros”.
“Oh”, pensei, “aposto que são demônios. Diga a Mesha para ordenar os
demônios para saírem”.
Alguns segundos depois, ouvi uma pequenina voz gritar: “Saiam! Saiam
agora!”
Os demônios saíram, mas retornaram na noite seguinte. Às três da manhã,
Jaime e Marty acordaram com Mesha gritando: “Saiam, vocês anjos maus! Saiam
agora!”
Correram para seu quarto, e viram a pequena Mesha na sua cama em pé no
escuro, apontando para fora com uma voz dura e ordenando aos demônios que
saíssem. Quando eles ligaram a luz, Mesha empolgada disse: “Fiz os anjos negros
saírem”.
Enquanto escrevo este livro Mesha está com doze anos, e nunca teve medo
de demônios novamente. Ela raramente recebeu ataques depois daquela segunda
noite de ordenar aos demônios que saíssem.
É difícil imaginar, mas tenho convicção de que os demônios têm mais medo
de crianças do que de adultos. Há algo sobre a fé e inocência infantil que Deus
protege de maneira extraordinária!
11 – TREINAMENTO NO LOCAL DE
TRABALHO
Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos buscando
repouso, mas não o encontra. Então diz: Voltarei para minha casa de onde saí. E,
voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros
sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali. E são os últimos atos desse
homem piores do que os primeiros.
Mateus 12:43-45
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que
nos amou. Pois estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a
profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que
está em Cristo Jesus nosso Senhor.
Porém não nos gloriaremos além da medida [palavra de raiz grega metron],
mas conforme a reta (na versão do autor a palavra aqui é esfera) [palavra grega
kanon] medida [metron] que Deus nos deu, para chegarmos até vós... Nem nos
gloriando além da medida [metron] nos trabalhos alheios. Temos esperança de que,
crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a
nossa medida (aqui a versão do autor é esfera) [kanon]
II Coríntios 10:13, 15, ênfase acrescentada
De modo simples, Paulo está dizendo que os de Corinto estão dentro dos
limites da sua autoridade espiritual dada por Deus. Infelizmente, os ocultistas e os
da Nova Era são os únicos que conheço que tem um vocabulário para este conceito.
Eles chamam de aura. Eles acreditam que as pessoas têm uma aura ao redor delas
que influencia a atmosfera que os cerca. Na verdade, isto é um conceito bíblico.
Toda pessoa tem um metron (espaço medido) sobre a qual ela governa ou
influencia. O tamanho do metron da pessoa é determinado pela sua influência
espiritual dada por Deus. Um metron pode estar restrito ao tamanho de um
indivíduo, ou pode ser tão grande quanto sua esfera de autoridade.
Por exemplo, você já entrou em uma loja e imediatamente se sentiu exausto?
Você comprou o que precisava bem rápido e saiu. Tão logo chegou ao seu carro e se
afastou dali, ficou bem... o sentimento de cansaço se foi. É bem provável que o dono
ou gerente daquela loja tivesse um espírito de fadiga ou fraqueza. (Isaías 61:3 diz
que o Senhor nos dará veste de louvor por espírito angustiado.) Porque toda
autoridade vem de Deus e é Ele quem determina o tamanho do metron de uma
pessoa (veja Romanos 13:1; 11 Coríntios 10:13-15), o metron de um dono ou
gerente seria do tamanho da loja. Quando entrou na loja você, na verdade, entrou
no espaço espiritual da pessoa em autoridade lá, e você discerniu os espíritos
governantes da pessoa que os convidou àquele “espaço”.
Em um nível pessoal, se você tem o dom de discernimento e senta ao lado
de alguém atormentado por um espirito maligno de pornografia, é bem provável
que irá experimentar pensamentos ou imagens pornográficas enquanto está no
“espaço” daquela pessoa. Ou se você tocar alguém lidando com um demônio de
depressão, de repente ficará deprimido. Devo deixar claro que o reino espiritual
afeta todos os cristãos, quer esteja ciente dele ou não. O dom de discernimento
simplesmente dá a você a capacidade para distinguir que espírito ou espíritos estão
agindo em uma pessoa ou ambiente.
Ferramentas de Aconselhamento
Quando me uni à equipe da Igreja Bethel, uma das minhas
responsabilidades principais era o aconselhamento. Quando pessoas vinham ao
meu escritório para aconselhamento, eu impunha as mãos sobre elas, e orava antes
que me contassem por que vieram me ver. Orava por sabedoria e insight, mas
honestamente, o que estava realmente fazendo era tocando-as para discernir se
havia um espírito maligno envolvido na sua situação. Se impusesse as mãos sobre
uma pessoa e não ficasse incomodado por algo, então sabia que qualquer coisa que
fosse que o aconselhando estivesse lidando era puramente humana e não
demoníaca. Por outro lado, se sentisse ira, assassinato, ódio, medo, paranoia ou
qualquer outra manifestação negativa, sabia que espíritos malignos tinha se atado a
situação e, portanto, somente aconselhamento não resolveria o problema da pessoa.
Teríamos que nos assegurar que os espíritos malignos foram expulsos após lidarmos
com as raízes do seu convite.
Enquanto estamos no assunto, quero deixar claro que, pessoas podem
entrarem algumas situações terríveis sem a ajuda do diabo. Pornografia, ódio e
depressão, por exemplo, não são necessariamente manifestações de espíritos
demoníacos. Muitas vezes são frutos das próprias escolhas da pessoa. Porém, se os
demônios foram de alguma forma, atraídos a uma pessoa, circunstância ou lugar,
somente conversar não vai solucionar o problema!
Tempos atrás estava ensinando nossa igreja sobre o ministério de libertação
e o dom de discernimento e compartilhei como toco as pessoas para discernir se elas
estão atormentadas por espíritos malignos. Ao final da mensagem, quando fiquei
na porta da saída para cumprimentar as pessoas que saíam, percebi que a maioria
mudou de direção e foi pela saída oposta. Por vários minutos fiquei perplexo com o
comportamento delas, até que uma alma corajosa veio à porta, estendeu sua mão e
disse: “Pastor, se você sentir um espírito maligno em mim, faça-o sair!”
Percebi então que as pessoas estavam saindo na porta oposta porque
pensavam que eu talvez sentisse que elas estavam influenciadas por demônios. Isso
me fez rir muito! Agora sou mais discreto quando compartilho meus exemplos do
púlpito.
Bipolar?
A capacidade para distinguir espíritos malignos é uma ferramenta
maravilhosa que pode ajudar a libertar pessoas. Contudo, se você não entender
como usar este equipamento, ele pode te fazer sentir louco. Acho que muitos
cristãos com um forte dom de discernimento são diagnosticados com um distúrbio
bipolar porque não sabem que tem esse dom. Eles acham que estão experimentando
mudanças de humor, mas não compreendem que estão simplesmente sentindo a
atmosfera espiritual em um metron em particular.
Enquanto estamos falando sobre discernimento também quero te advertir
sobre suspeitas. A suspeita é a malvada irmã de criação do discernimento. Ela pode
se disfarçar como discernimento e por fim nos conduzir a escravidão. A suspeita é o
dom de discernimento sendo usado pelo espírito de medo. Por exemplo, antes de o
rei Saul ser atormentado pelos demônios, a Bíblia diz que “Saul trazia Davi sob
suspeita” (1 Samuel 18:9). Suspeita leva a amargura, falta de perdão e tormento;
resultará na pessoa sendo lançada em uma prisão espiritual onde todos os guardas
trabalham para o lado mal. Os espíritos que guardam as grades desta prisão têm
nomes como doença, depressão, ódio e assassinato.
Muitas vezes nos últimos anos, assisti literalmente a suspeita em ação
quando alguém “discernia” que uma pessoa tinha um espírito maligno de um tipo
ou outro e fazia algo para destruir a reputação dessa pessoa. Quando cheguei a
Igreja Bethel, um de nossos “profetas” “discerniu” que um funcionário da liderança
do governo em nossa cidade era secretamente um bruxo. O profeta circulou de
forma livre esta informação para várias pessoas proeminentes em nossa igreja para
“oração”. Um ano depois, conheci o funcionário da cidade e descobri que ele era na
verdade, um crente firme que amava a Deus. Todavia, o “insight” do membro da
nossa igreja já tinha me contaminado, então fiquei longe dele. Eu levei um longo
tempo para perceber que o que estava sendo vendido como “dom de discernimento”
era, na verdade, suspeita enraizada em uma perspectiva política diferente.
Quando você tem uma forte opinião negativa sobre alguém, não confie em
seu “dom de discernimento”. Salomão disse que um bom nome é mais desejável do
que uma grande riqueza (veja Provérbios 22:1). O objetivo de qualquer dom do
Espírito é construir confiança e ajudar pessoas crescerem em Deus. Nenhum dom
do Espírito deve ser usado para destruir reputação de pessoas, matar sua paixão por
Deus nem roubar sua identidade. Mesmo que seu discernimento demonstre
precisão e um espírito demoníaco esteja perturbando a pessoa, a reputação dela deve
ser protegida e sua personalidade sempre honrada como alguém criado a
semelhança de Deus.
Sem Medo
Manifestações de Libertação
Voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os
demônios se nos submetem. Disse-lhes Jesus: Eu vi Satanás, como raio, cair do céu.
Eu vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e
nada vos fará dano algum. Mas não vos alegreis porque os espíritos se vos
submetem, alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus [ênfase
acrescentada].
O Avivamento Samaritano
Minha História
Meu pai era jogador de futebol americano e minha mãe líder de torcida no
Ensino Médio quando eles se apaixonaram. Foi um caso de amor tipo contos de
fada até minha mãe ficar grávida de mim fora do casamento. Era os anos de 1950,
uma época quando a sociedade era mais apegada à vergonha da imoralidade do que
hoje. Quando meu avô materno descobriu que sua filha estava grávida, ele repudiou
minha mãe e meu pai, embora tivessem fugido e se casado antes que eu nascesse.
Um ano depois, meu pai surpreendeu meu avô vindo a sua porta dos fundos. Antes
que meu avô tivesse a chance de mandá-lo embora, meu pai se ajoelhou e implorou
perdão. Felizmente, meu avô o perdoou naquela manhã. Meu avô provaria ser
indispensável a nós no desastre que breve se seguiu.
Dois anos mais tarde, meu pai estava pescando quando uma grande
tempestade subitamente virou o barco onde estava. Meu pai resgatou meu tio e o
levou para a margem, então voltou para pegar o barco. Ele nunca retornou. Como
mencionei no capítulo 10, meu pai se afogou e naquela noite tempestuosa de 1958
minha vida mudou para sempre. Quando meu pai morreu, meu avô fez uma aliança
no funeral que tomaria conta de nós.
Minha mãe se casou novamente duas vezes. Nosso primeiro padrasto veio a
nossas vidas quando eu estava com cinco anos e minha irmã três. Meu novo
padrasto deixou claro para nós que éramos o lixo que veio com o tesouro. E se isso
não fosse ruim o suficiente, ele também era um alcoólatra violento. Brutalidade e
crueldade se tornaram um modo de vida para nós. Passei todos os meus primeiros
anos de crescimento tentando ser invisível. Evidentemente, meu padrasto tinha um
objetivo similar quanto ao meu pai biológico. Ele tentou bastante nos fazer livrar de
todas as memórias do nosso pai. Destruiu tudo que pertencia a meu pai e nos
proibiu de ver nossos parentes. Finalmente minha mãe se divorciou deste homem
quando eu tinha treze anos. Ela se casou outra vez quando eu estava com dezesseis,
mas a situação não era melhor. O abuso continuou.
Meu Avô
Embora meus dois padrastos mal pudessem tolerar minha presença, meu
avô me amava. Minha avó e meu avô possuíam quatro casas velhas precárias todas
situadas em um grande terreno. Quando meu pai morreu, nós nos mudamos para
uma dessas casas, ao lado da do meu avô. Naquela época meu avô trabalhava como
zelador em uma escola de Ensino Médio. Eu passava bastante tempo em casa
sozinho enquanto minha mãe trabalhava para sustentar a casa. Todos os dias eu
esperava ansiosamente meu avô chegar à casa, vindo do trabalho em seu Ford 53
preto. Ouvia o velho Ford subindo a longa entrada da garagem e corria para
recebê-lo. Eu pulava para cima e para baixo... pendurava em suas pernas... puxava
seus braços... fazia o que fosse para ter sua exclusiva atenção. (Você pode imaginar
como eu ansiava por uma atenção masculina.)
Meu avô parecia nunca ficar chateado ou agir como se eu fosse um intruso
no seu tempo. Ele passava a mão sobre meu cabelo cortado à escovinha e dizia:
“Como foi seu dia, cabeçudo?” (cabeçudo era o apelido do meu avô para aqueles que
ele gostava.) Eu passava o resto do dia atrás do meu avô enquanto ele trabalhava na
sua casa. Ele trabalhou na fazenda toda a sua vida, o que fez suas mãos grossas e
amareladas com calos. Quando você apertava sua mão, sentia como se estivesse
segurando uma luva de couro. Vovô tinha cerca de um metro e sessenta e cinco de
altura e quase o mesmo de largura... não estou dizendo que ele era gordo; era só
robusto. Ele na verdade, não andava... arrastava os pés. Sempre usava um macacão
velho que se recusava a abotoar (embora minha vó o atazanasse constantemente por
isso). Era uma das primeiras coisas que você percebia no meu avô, porque ele não
usava roupa de baixo.
Quando eu era jovem meu avô teve uma infecção nas gengivas e teve que
arrancar todos os dentes. Por algum motivo deixaram seus quatro caninos e fizeram
dentaduras que se encaixavam ao redor. Porque meu avô odiava seus dentes falsos,
que ele chamava de “talhadores” mantinha-os no bolso do seu macacão, pendurados
de forma que pudesse pegá-los caso precisasse mastigar algo. Tinha a mania de
chupar os lábios dentre os caninos e parecia que tinha presas. Vovô não se
importava com as aparências. Seu sistema de valores era baseado em trabalho duro e
honestidade.
Todos os dias eu e ele íamos à loja de ferragens para comprar coisas para
consertar as casas velhas. Eu corria para nossa casa, esticava a cabeça na porta e
gritava: “Estou indo a loja de ferramentas com vovô!”
Minha mãe sempre gritava de volta: “Não se atreva a pedir ao seu avô para
comprar nada! Está me ouvindo, Christopher John?” (Meu nome não é
Christopher nem John, mas por algum motivo minha mãe me chamava assim
sempre que tentava enfatizar que estava falando sério.)
“Não vou!” eu gritava de volta. A verdade é que nunca tinha que pedir; vovô
comprava alguma coisa para mim toda vez que íamos à loja.
Na saída do quintal, o velho Ford dava marcha ré devagar enquanto eu
agarrava a porta do lado do passageiro e pulava dentro. Era a maneira de o meu avô
me dizer que não gostava de esperar por ninguém ou de perder tempo. Ele chamava
os preguiçosos de vagabundos, que era o tipo de vida mais baixo que uma pessoa
poderia ter, na sua perspectiva.
Recordo uma vez em particular na loja de ferramentas quando vovô disse:
“Vá dar uma volta. Encontro você quando terminar de pegar essas peças para o
encanamento”.
Gravitei para o corredor de ferramentas e fiquei hipnotizado com os
martelos pendurados nos tabuleiros cinza. Fiquei lá por um longo tempo,
contemplando as ferramentas.
Vovô veio e disse: “Ei, cabeçudo você quer um martelo desses?”
“Ah... não, tudo bem”, respondi relutante.
“Sua mãe te disse para não pedir nada?” ele disse, agindo um pouco
aborrecido.
“Sim!”, disse encabulado.
“Corra e pegue um daqueles martelos”, ele respondeu como se estivesse
dizendo à minha mãe quem mandava.
Quando chegamos a casa, corri para mostrar a minha mãe meu martelo
Stanley de cabo azul novinho em folha. “Olha o que vovô comprou para mim!”
disse, segurando.
“Christopher John! Você pediu esse martelo a seu avô?” ela perguntou
severamente.
“Não! Ele comprou sem eu pedir! Honestamente, não pedi. Verdade,
mamãe, não pedi” disse com convicção. (Relembrando agora, tenho certeza que
minha mãe sabia que meu avô amava comprar coisas para mim. Acho que ela
apenas sentia mal porque éramos pobres e não queria que seu pai pensasse que
estávamos tentando tirar vantagem da sua bondade).
Por dois dias martelei cada prego que encontrei naquelas casas velhas.
Finalmente fiquei tão enjoado de martelar pregos que decidi construir um kart.
Procurei madeira em todo lugar, de repente percebi que o lado de fora do galpão do
meu avô era feito de tábuas que eram sobrepostas para criar a lateral. Agarrei meu
martelo novinho Stanley azul e comecei a puxar as tábuas para afrouxar os pinos até
onde eu podia alcançar. Fui para a garagem e tirei as rodas do cortador de gramas.
Passei a maior parte da tarde pregando as tábuas juntas em algo parecido com um
kart. Quando terminei de montar a estrutura, peguei algumas pontas de ferros e
coloquei no buraco central dos pneus, anexando-os ao meu carro de corrida.
Tinha acabado de construir meu carro de corrida quando minha mãe
chegou do trabalho. Ela saiu do carro e parou olhando fixamente para mim com um
olhar perplexo. Após o que pareceu uma eternidade, perguntou com hesitação:
“Christopher John, onde foi que você conseguiu essa madeira?”
Apontando para o galpão, respondi mansamente: “Da... garagem...” A luz
preenchia o galpão inteiro enquanto o sol brilhava através dos pinos das tábuas que
estavam faltando.
Enfurecida, mamãe me agarrou pelo pescoço e gritou: “E onde você pegou
aquelas rodas?”
“Do... cortador de gramas...” eu fiz um chiado, lágrimas rolando do meu
rosto.
“Seu avô vai te matar! Você está me entendendo? Seu avô vai te matar!” ela
gritou. “Vá para o seu quarto até ele chegar à casa!”
Cerca de uma hora depois, ouvi o Ford 53 entrar na garagem. Meu coração
começou a bater forte quando ouvi o som dos passos pesados vindo em direção ao
meu quarto. Minha mãe me agarrou pelo pescoço e levou a força para encontrar
meu avô.
Apertando meu pescoço com força, ela exigiu: “Diga ao seu avô o que você
fez!”
Pendendo minha cabeça com vergonha, disse: “Construí um kart”.
Vovô andou até meu carro de corrida feito às pressas e sorriu. “Muito legal”,
comentou. Depois perguntou: “Onde você conseguiu a madeira?”
“Consegui... veio da garagem... mais ou menos”, respondi, movendo em
direção ao galpão.
Quando vovô viu o sol brilhando pelo lado da parede, deu risada!
“Bem, acho que teremos que pegar compensado e cobrir aquela parede.
Onde você conseguiu aquelas rodas?”, perguntou, ainda rindo consigo mesmo.
Sentindo um pouco aliviado, suspirei: “Do cortador de grama...”
“Vamos, pula no carro. Corra cabeçudo, vamos comprar eixos e rodas de
verdade para o seu carro”, ele disse, sacudindo a cabeça e rindo mais um pouco
consigo mesmo.
Quando entrei no velho Ford, olhei para trás para minha mãe. Ela estava
me encarando, como se dissesse: “Você deveria ter levado uma coça. Seu avô mima
você, seu pirralho!”
Aprendi com meu avô que, quando alguém acredita em você antes que você
o mereça, isso te transforma.
Vida na Fazenda
Alguns anos mais tarde, meu avô e minha avó compraram uma fazenda em
Oakdale, Califórnia. Fiquei com eles todos os verões da minha adolescência e
trabalhava na fazenda. Meu avô construiu uma casa na árvore maravilhosa para
mim, em um enorme carvalho ao lado do morro no pomar. Tinha um telhado, uma
ponte de acesso ao morro e até um banheiro... sofrível. Você não ia querer estar
debaixo dele quando alguém apertasse a descarga, mas ainda era a casa na árvore
mais legal que tinha visto. Então no ano seguinte meu avô comprou para mim uma
motocicleta de trilhas Honda 90 vermelha novinha, no natal.
Meu avô trabalhava para a fábrica da Hershey na cidade. Ele deixava uma
longa lista de tarefas para eu fazer enquanto estava no trabalho. Quando eu
terminava, permitia que eu andasse na minha motocicleta ou apenas fizesse alguma
coisa na fazenda. Um dia após terminar minhas tarefas, estava na minha casa na
árvore e percebi que uma árvore crescera ao lado dela, então decidi arrancá-la com
minha motocicleta. Agarrei cerca de 12 metros de corrente, enrolei em volta do
tronco da árvore intrusa e segurei a outra ponta na minha motocicleta. Acelerando o
motor, vooom, vooom, coloquei a marcha e saí. A próxima coisa que me recordo foi
voar sobre o guidom e aterrissar na terra. Furioso com minha situação caminhei até
a árvore, como se ela fosse uma pessoa e disse: “Árvore, você mexeu com a pessoa
errada!”
Acelerei de volta morro acima o mais rápido que minha Honda 90 me
levaria... falando palavrões enquanto dirigia. Correndo para o galpão, juntei todas
as correntes que encontrei. Enrolei várias vezes ao redor do meu pescoço (eu parecia
o Rambo) e corri de volta para minha casa na árvore. Descobri que precisava de
alguma potência, então subi no topo da árvore, arrastando a corrente comigo.
Firmei a corrente no topo da árvore, rapidamente voltei para a motocicleta e
enganchei a corrente a estrutura. Queria conseguir o máximo de velocidade, então
arrastei a motocicleta por trinta metros de ré morro acima. Pulei na moto, girando o
guidom para acelerar totalmente. O motor se ajustava quando passava pelas
marchas... primeira... segunda... terceira. Quando cheguei a quarta, passei pela
árvore a minha direita. Estava indo a toda velocidade. A corrente ficou esticada,
forçando a árvore para o chão. O tempo parou quando a Honda bateu fazendo uma
parada súbita, lançando-me para longe da moto! Caí de costas a tempo de ver a
motocicleta rodando trinta metros no ar. Ainda consigo lembrar o som — estalo!...
Voom!... Rush! A moto voou, e por fim parou no topo do morro.
Enlouquecido de raiva, gritei para a árvore: “Você vai cair!'" Marchei para o
topo do morro e liguei o trator do meu avô, dirigindo furiosamente na estrada para
a casa na árvore. (Eu não deveria usar o trator a não ser que meu avô estivesse
comigo, mas sabia que ele entenderia que era uma emergência. Nenhum salgueiro
invasor de casa na árvore era permitido ficar de pé com orgulho diante de um
Vallotton.) Posicionei os garfos da frente do trator nos dois lados da árvore. Enrolei
a corrente em volta da árvore, unindo de forma apertada aos garfos. Pulei no assento
do trator e pisei fundo no acelerador. O motor acelerou tanto que os para-lamas e
caput vibraram loucamente. Naquele momento puxei a alavanca, forçando os garfos
para cima. A corrente apertou, mas a árvore se recusou a ceder. De repente, para
meu espanto total, os garfos da frente se curvaram direto no chão!
Imediatamente voltei ao meu juízo. Desengatei a corrente e devagar dirigi o
trator de volta morro acima e estacionei no celeiro. “Vovô vai me matar! Eu sou um
idiota! Vovô vai me matar! Estou morto!" Continuei repetindo para mim mesmo
várias vezes.
Os minutos pareciam horas enquanto esperava meu avô chegar à casa vindo
da Hershey. Finalmente ouvi o velho Ford vindo em direção à fazenda. Minha
cabeça suava de pingar quando o carro parou. Vovô saiu do carro e andou devagar
em minha direção.
“Como foi seu dia, cabeçudo?”, brincou.
“Ah... foi bom”, disse, tentando esconder meu pânico. “Conseguiu fazer
tudo?” perguntou inquisitivo.
“Sim, consegui fazer... mais ou menos”, respondi em partes.
“Você está bem, Kris? Tem alguma coisa te preocupando, filho?”, ele
pressionou.
“Estou bem... mais ou menos... não! Na verdade, eu realmente estraguei
tudo!”
Ele inclinou a cabeça como se fosse dizer: O que você fez? Fiz sinal para ele
me seguir até o celeiro. Os garfos do trator estavam retos no chão do galpão. Vovô
caminhou devagar em volta da frente do trator, cuidadosamente inspecionando os
estragos. Meu coração batia forte no peito quando nossos olhos se encontraram.
“Cabeçudo, como você curvou os garfos do trator?”, perguntou
pragmaticamente.
Expliquei para ele a guerra que travei contra a árvore e minha missão para
arrancá-la. Ele sorria enquanto eu relatava minhas palhaçadas.
“Já há algum tempo queria te ensinar a usar os maçaricos, então esta é uma
ótima oportunidade para você aprender. Pegue os maçaricos e vamos consertar essa
coisa”, ele disse virando-se, rindo consigo mesmo.
Estava começando a aprender com meu avô que o amor cobre uma
multidão de pecados e que eu era mais importante para ele, do que suas coisas.
Sacrifício e Paixão
A Noiva Sulamita
Beije-me ele com os beijos da sua boca; pois melhor é o seu amor do que o
vinho.
Cantares de Salomão 1:2
Ouço a voz do meu amado; ei-lo que vem saltando sobre os montes,
pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho da
gazela. Olhai, ele está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, lançando os
olhos pelas grades.
Cantares de Salomão 2:8-9
Bill Johnson, Strengthen Yourself in the Lord: How to Release the Hidden
Power of God in your Life (Shippensburg, Penn.: Destiny Image, 2007).
Paul McGhee, Ph.D., Humor: The Lighter Path to Resilience and Health
(Bloomington, Ind.: Author House, 2010), 82.