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Os Caminhos Sobrenaturais


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KRIS VALLOTTON
& BILL JOHNSON
EDIÇÃO REVISADA
E ATUALIZADA
Os Caminhos Sobrenaturais da Realeza

Por

KRIS VALLOTTON & BILL JOHNSON


Endossos

A mensagem que este livro contém é tão potente que pode incitar uma revolução de
pensamento, coração e ação no Corpo de Cristo! Temos experimentado uma Reforma na Igreja,
mas agora é hora de uma Invasão Real se iniciar. O objetivo de Kris Valloton é demolir a
“mentalidade escrava” e impulsionar os verdadeiros cristãos avante em direção à verdadeira fé,
poder e impacto. O Sobrenatural Caminho para a Realeza vai transformar sua vida!
- James W. Goll
Cofundador da Encounters Network; Autor de A arte perdida da intercessão, lhe Seer e lhe
Coming Prophetic Revolution

Kris Valloton é uma das pessoas mais memoráveis que já conhecí. Esperava que este livro fosse
marcante, como de fato o é. É impossível identificar as fronteiras entre sua vida, sua mensagem e
sua missão. Em Kris Valloton, todas as três se fundem numa impressionante e bela aventura. O
leitor seguramente terá aqui uma experiência de mudança de vida. Aproveite!
- Jack Taylor Presidente do Dimensions Ministries em Melbourne, Flórida.

O Sobrenatural Caminho para a Realeza está destinado a se tornar um clássico e é bem


oportuno em um mundo em que há pouco pelo que ter esperança. O livro está repleto de uma
esperança capaz de transportar alguém das trevas da aflição para o seu destino... é uma leitura
indispensável.
- Dr. Myles Munroe CEO, Ministério Bahamas Faith; Autor de Redescobrindo O Reino

Kris Valloton é um pastor com um dom profético incomumente poderoso. Ele também é um
amigo - um amigo de Deus, um amigo para Heidi e para mim, e um íntimo, e intensamente
estimado, amigo para os estudantes da escola de ministério e para os famintos que buscam a Deus
de toda parte que têm experimentado a alegria de serem tocados por Deus através do coração de
Kris.
Aqueles que lerem este livro serão movidos para as profundezas de seu ser pela revelação do
amor de Deus trazida por Kris de uma forma como nunca a entenderam. Ele desvenda o
verdadeiro evangelho que eleva os redimidos à condição de filho e à realeza, trazendo nesse
processo vida ao coração que foi sufocado pelo peso da rejeição e da opressão.
- Rolland e Heidi Baker Ministérios Iris
Uau! O inimigo realmente vai odiar este livro! Isso me faz amar O Sobrenatural Caminho
para a Realeza ainda mais! Uma vez mais, o mestre na arte de contar histórias, Kris Valloton,
juntamente com Bill Jonhson são verdadeiramente bem-sucedidos em mostrar através das
Escrituras que, no momento em que se recebe a Cristo, não foi apenas comprado para si algum
pedaço de terra, Deus simplesmente lhe confia a fazenda toda - e isso nem mesmo foi pedido a
Ele. Tudo é seu! Sem que saiba disso, você é o rei, o CEO, o chefe em sua herança do Reino, com
todos os benefícios que o diabo espera que você não descubra. Esse livro vai ensiná-lo a viver a vida
abundante que Deus planejou de antemão para você, bastando apenas abraçá-la.
-Steve Shultz The Elijah List www.elijahlist.com
Os CAMINHOS SOBRENATURAIS DA REALEZA
Por
KRIS VALLOTTON & BILL JOHNSON

TRADUÇÃO
Lara Freitas
Fernanda Mello
Caio Amorim
Roseli Lima

DIGITALIZAÇÃO E EPUB
Samek Ocimas
Dedicatória

Dedico este livro a todos os Santos do mundo que, como José, estão tentando encontrar seu
caminho da prisão para o palácio.
Então, Samuel contou ao povo a conduta do rei, e a escreveu em um livro, e o colocou diante do
Senhor. E Samuel despediu todo o povo, cada homem para a sua casa.
(1 Samuel 10:25)
Prefácio

Ao longo da história, grandes movimentos de Deus abalaram nações inteiras. Cada


derramamento do Espírito acrescentou percepções e experiências necessárias que ajudaram a
restaurar a Igreja ao seu propósito eterno. No entanto, junto à nova paixão e às conversões em
massa, Deus sempre acrescentou outro fator: um novo elemento de ofensa. Parece ser o caminho
de Deus. É a Sua maneira de separar o casual do apaixonado, os famintos dos satisfeitos. Para o
desesperado “todo amargo é doce”. Deus está forjando o Seu povo à Sua semelhança com o fogo
do avivamento.
O derramamento do Espírito sempre traz uma maior consciência da nossa pecaminosidade.
Alguns dos maiores hinos de confissão e arrependimento foram escritos durante esses períodos. A
revelação do nosso pecado e indignidade é, porém, apenas metade da equação necessária. A
maioria dos avivamentos não passa desse ponto e, portanto, não consegue sustentar um
movimento de Deus até que ele se torne um estilo de vida. É difícil construir algo substancial a
partir de algo negativo. A outra metade da equação é o quão santo Ele é ao nosso favor. Quando se
percebe isso, nossa identidade muda e nossa fé abraça o propósito de nossa salvação. Em algum
momento, temos de ir além de simplesmente sermos “pecadores salvos pela graça”. À medida que
aprendermos a viver a partir de nossa posição em Cristo, realizaremos as maiores façanhas de
todos os tempos. O que uma geração pode realizar a partir dessa revelação está muito além da
compreensão.
Os Caminhos Sobrenaturais da Realeza é uma resposta a tal clamor do coração - um clamor
erguido pela igreja, pelo próprio Deus, e até mesmo pela natureza (veja Rm 8). Kris Vallotton nos
leva a uma viagem extremamente excitante através do seu testemunho e das frescas revelações das
Escrituras que tornaram isso possível. Poucos trilharam esse caminho antes. Alguns o rejeitaram
com medo de se tornarem orgulhosos, tendo escolhido a imaturidade perpétua como resultado
disso. Muito do que se deseja na vida é encontrado na tensão entre realidades conflitantes. Assim,
para os fracos na fé, a confiança parece ser arrogância. A fé deve se elevar além do padrão aceito
para se tornar em um estilo de vida que represente com precisão o vitorioso Filho de Deus.
Devemos confiar mais na capacidade de Deus em nos guardar do que confiamos na capacidade do
diabo em enganar.
Kris e eu temos andado juntos em aliança por quase 28 anos. Tenho assistido essa revelação
transformadora do homem e tenho visto a graça curadora de Deus sendo derramada sobre uma
vida quebrantada. Hoje, Kris serve o Corpo de Cristo como um homem extraordinariamente
dotado, um testemunho vivo da força de Deus sendo “aperfeiçoada na fraqueza”.
Este livro é uma leitura necessária para todos que desejam ir além do status quo, além do estilo
de vida confortável procurado por muitos. Este livro nos treina para a eternidade, agora.

- Bill Johnson
Autor de Quando o Céu Invade a Terra
Reconhecimentos

Mãe - Obrigado por me amar durante os tempos difíceis e por sempre acreditar em mim.
Bill Derryberry - Sua vida é uma inspiração para mim. Seu amor me trouxe plenitude.
Nancy - Você ajudou a tornar meus sonhos realidade.
Danny, Dann, Charlie, Steve e Paul - Vocês ajudaram a moldar minha vida, minhas ideias e
meu destino. Obrigado.
Vanessa e Allison - Obrigado pelas centenas de horas que vocês se entregaram a este trabalho.
Este livro nunca teria acontecido sem o talento e o apoio de vocês.
Time Bethel - Uau! Vocês são incríveis! É um privilégio servir com todos vocês.
Bill e Beni - Todos precisam de amigos como vocês, que estendem sobre a graça em tempos
difíceis e que veem bondade nos anos escuros. Estou em dívida com vocês pelo resto da minha
vida. Vocês dois alteraram o curso da história da minha família. Bill, obrigado por escrever este
primeiro livro comigo.
Earl - Embora você tenha ido para casa, sua vida continua através de mim. Obrigado por me
adotar. Sou eternamente grato pela herança.
Kathy - Você é a mulher dos meus sonhos!
Introdução

A escravidão é relegada aos filhos de um deus menor. É a condição de escravos que ainda têm
de descobrir sua liberdade no outro lado do rio do batismo e ainda se encontram presos pelo
príncipe negro da tortura e do tormento. E ele que os leva a uma vida de pobreza, dor e depressão
através de um jogo diabólico de ilusão. Ele espera conseguir esconder sua verdadeira identidade
para sempre. Esse mal príncipe alimenta seus cativos com as venenosas rações da religião, con-
vencendo-os de que vão saciar a fome de suas almas por justiça. Esses escravos, de olhos vendados
pelo próprio pecado, pensam que estão trabalhando pela própria liberdade e se esforçam para
pavimentar o caminho para fora da prisão com tijolos construídos a partir do barro de lodo da
justiça própria. No entanto, sem saber, eles estão construindo suas próprias câmaras de morte
tijolo por tijolo. Pior ainda, dentro da mesma escuridão eles dão à luz filhos, gerando, por fim,
legados de escravidão a partir da mentalidade de desesperança.
No entanto, em uma colina lá longe, um Cordeiro que virou Leão desceu a esse campo de
extermínio através do portal do Gólgota. Forçando Sua entrada pelas portas do inferno,
Ele enfrentou o príncipe das trevas na mãe de todas as batalhas. Com três cravos e uma coroa de
espinhos, o Capitão do Exército derrotou o diabo, desarmando eternamente suas armas de
destruição: o pecado, a morte, o inferno e a sepultura. O pecado não pôde seduzi-Lo, a morte não
pôde derrotá-Lo, o inferno não pôde mantê-Lo e a sepultura não pôde segurá-Lo. Com
testemunhas oculares e guerreiros a serviço, Ele foi levantado da superfície da terra. O planeta
estremecia para liberar seus cativos enquanto o Céu trovejava por receber seu tesouro. Eles não
estavam esperando apenas a redenção das almas resgatadas, mas a coroação dos filhos que estavam
para ser revelados. Pois, pelo Seu sangue, o Santo do Resplendor comprou podres e esfarrapados
pecadores, recriando-nos como Seus justos, Santos reis em exercício.
Não somos apenas soldados da cruz; somos herdeiros do trono. A natureza divina permeia
nossa alma, transforma nossas mentes, transplanta nossos corações e transfigura nossos espíritos.
Fomos feitos para sermos vasos de Sua glória e veículos de Sua luz.
Talvez sejamos mais bem exemplificados pela linda filha que vai subir ao trono através do
casamento, porque ela está noiva do Príncipe da Paz. A Câmara Nupcial está sendo construída, a
festa está sendo preparada e a Noiva está se aprontando. Alternativamente, podemos ser chamados
Filhos de Deus, Noiva Comprometida, Sacerdócio Real, Menina dos Seus Olhos e uma Nova
Criação, mas, acima de tudo, uma coisa é certa: nós temos cativado o coração do nosso Amado.
Ardendo de desejo, Ele montou em Seu cavalo branco, reuniu uma comitiva majestosa e está
fazendo Seu caminho em direção ao planeta!
Entretanto, de volta à terra, o povo de Deus está se erguendo e começando a brilhar nesta
presente escuridão. Seu Exército Real está espalhando a glória do Rei sobre toda a terra enquanto
tomamos o domínio deste planeta de volta do derrotado. Equipados com a luz do Pai, Seus filhos
estão encontrando o tesouro enterrado no coração dos homens, que antes estava coberto por
rochas de ofensa, espinhos de traição e relíquias de religião. Armados com o poder do Espírito
Santo e comissionados a representar o Filho do Rei, estamos curando os enfermos, ressuscitando
os mortos e desalojando demônios. Como resultado, escravos estão se tornando príncipes e o reino
deste mundo já está se tornando o Reino do nosso Deus!
Parte 1: Nosso Chamado Real
01 — Os Apuros da Escravidão

Tudo começou em um dia reluzente de verão no primeiro ano do novo milênio, quando
Nancy, minha assistente pessoal, entrou em meu escritório parecendo bastante perturbada. Depois
de uma conversa curta decidi arriscar perguntar-lhe o que a estava incomodando. Nancy tem uma
reputação de dizer a verdade. Com seu olhar penetrando minha alma, ela disse: “Às vezes você diz
coisas que ferem os sentimentos das pessoas. Você é importante para as pessoas ao seu redor, e
parece completamente inconsciente do quanto as pessoas valorizam o que pensa delas. Você está
devastando as pessoas com suas palavras.” Ela continuou lembrando-me de um comentário que
tinha feito anteriormente. Achava que estava sendo engraçado, mas, ao invés disso, aparentemente
eu tinha feito dela a minha última vítima. Pedi-lhe desculpas, mas, honestamente, eu realmente
não pensei muito naquilo. Afinal, pensei, Nancy é muito sensível e eu tinha ficado acostumado a
ser “mal compreendido" a maior parte da minha vida. Dei prosseguimento ao meu dia e
praticamente me esqueci da nossa conversa.
Naquela noite, ao ir para a cama e adormecer, eu tive um sonho. No sonho, uma voz repetia
esta passagem das Escrituras: “Por três coisas se inquieta a terra; e por quatro que ela não consegue
suportar: Pelo servo, quando reina” (Pv 30:21-22a). Às três da manhã, eu acordei me sentindo
tonto, mas com um profundo sentimento de pesar. Sentei-me contra a cabeceira e tentei reunir
meus pensamentos.
Então, ouvi o Senhor, que também parecia triste, perguntar-me: “Você sabe por que a terra
não pode suportar quando um escravo se torna rei sobre ela?”
“Não”, eu disse: “Mas tenho a sensação de que Você vai me dizer.”
O Senhor continuou: “Um escravo nasce na insignificância. Enquanto cresce, ele aprende com
a vida que não tem qualquer valor e que suas opiniões realmente não importam. Portanto, quando
se torna um rei, ele é importante para o mundo em torno de si, mas ainda se sente insignificante
em seu reino interior. Em consequência disso, ele não mede suas palavras ou a maneira como se
comporta. Ele acaba por destruir as pessoas que é chamado a liderar. Você, meu filho, é um es-
cravo que se tornou um rei.”
Através das primeiras horas da manhã, o Senhor começou a me ensinar sobre a minha
identidade de príncipe. Ele me levou a vários trechos das Escrituras e me mostrou o quão
importante é que Seus líderes se portem como príncipes e princesas, porque somos filhos e filhas
do Rei. O primeiro exemplo que Ele me mostrou foi o de Moisés. Ele me perguntou: “Você sabe
por que Moisés teve que ser criado na casa de Faraó?”
Eu respondi: “Não.”
“Moisés nasceu para liderar a libertação dos israelitas da escravidão. Moisés teve que ser criado
na casa de Faraó para que pudesse aprender a ser um príncipe e não ter uma mentalidade de
escravo. Um líder que é escravo internamente não pode libertar aqueles que estão na escravidão
exterior. Os primeiros 40 anos da vida de Moisés foram tão importantes quanto os 40 anos que
passou no deserto.”
Quando o Senhor disse isso foi aberta para mim uma porta para a experiência de Moisés.
Comecei a imaginar o que deve ter sido para ele ser criado como um filho do rei. Ele sempre devia
estar certo de que era importante. Ele devia estar acostumado a ter as pessoas prestando atenção ao
que ele dizia e fazia. Ele devia ter se acostumado a ser aceito e amado. Estou certo de que todos
riam de suas piadas, mesmo quando elas não eram engraçadas!
Por Moisés saber que era importante, ele tinha confiança. Vi que, sem essa confiança, ele
provavelmente nunca se sentiria capacitado a fazer qualquer coisa para ajudar seus irmãos hebreus.
Na verdade, se ele tivesse sido criado como um escravo poderia nunca ter-lhe ocorrido fazer
qualquer coisa a respeito da injustiça que percebeu. Como um príncipe e um hebreu, o contraste
entre a sua situação e a deles criou um conflito em sua alma a respeito do qual ele tinha que fazer
algo. Era injusto ele ser bem tratado e eles não. Eles também eram importantes.
Infelizmente, quando tentou intervir para ajudá-los pela primeira vez, a mentalidade de
escravos deles os impediu de entender de onde ele havia sido enviado. Ele pensou que eles
mereciam ser tratados como ele era, mas eles pensaram que ele estava apenas tentando ser
importante quando realmente não era: “Quem fez de você um príncipe?” As mentalidades estavam
em completo conflito.
Quanto mais eu pensava sobre o tipo de pessoa que Moisés devia ter sido, mais via o tipo de
pessoa que podemos ser quando somos ensinados que somos importantes e quando não somos
inseguros sobre quem somos. Também percebi que não era como Moisés. Como vou descrever no
próximo capítulo, não cresci com a ideia de que eu era importante. Isso me levou a desenvolver um
conjunto de comportamentos que alguém como Moisés provavelmente nunca teria apresentado.
Mesmo depois que eu fui salvo, muitos desses comportamentos ficaram por perto. Vi que o
confronto de Nancy era sobre mais do que simplesmente ela ser sensível e eu ser mal interpretado,
que foi o jeito que quis interpretar. Era sobre fazer coisas que sempre fiz, mas que já não são
consistentes com o que Deus diz que eu sou.
Mais importante, vi que se continuasse a fazer essas coisas iria, finalmente, como o Senhor
tinha dito, destruir as pessoas que estava tentando liderar. Sabia que esse confronto seria
provavelmente um dos muitos que viriam na estrada para sair da escravidão e entrar na minha
identidade como um príncipe. Também sabia que se não começasse a andar por esse caminho isso
custaria tremendamente não apenas para mim, mas também para aqueles ao meu redor.
Este livro compartilha as experiências e revelações que o Senhor tem usado para me ensinar
como deixar a escravidão para trás e pensar, agir e andar na autoridade e no poder do meu
chamado real e sacerdotal. Haja vista que essa formação começou quando eu estava em uma
posição de liderança em minha igreja, o Senhor deixou claro que o que estava aprendendo não era
só para me transformar, mas para me equipar para ajudar a promover uma cultura de realeza ao
meu redor. Isso resultou em ter o privilégio de supervisionar uma escola de ministério, onde o
objetivo principal é ensinar aos crentes como andar como príncipes e princesas. Antes de co-
meçarmos a escola, o Senhor me disse: “Eu quero que você ensine aos alunos como se comportar
na presença da realeza. Eles são chamados à realeza, para influenciar, e para governar e reinar.
Como precursores, vou fazer de vocês um povo de influência.”
O objetivo deste livro é compartilhar a revelação que o Senhor me deu e que agora repasso aos
meus alunos e às igrejas que supervisiono. Oro para que, enquanto vem comigo nesta jornada, você
descubra sua própria identidade como um príncipe ou princesa e comece a experimentar de todos
os benefícios de viver no palácio do Rei!
02 — Mendigos do Castelo ou Príncipes do Palácio

- SOFRENDO A PERDA -

Nos meses seguintes ao meu encontro com Nancy, descobri que as raízes da mentalidade
escrava poderiam ser rastreadas por todo o caminho de volta à minha concepção. As circunstâncias
do meu nascimento e da minha educação me levaram a acreditar em mentiras sobre mim mesmo
que me afastaram da realidade da minha identidade em Cristo.
Minha mãe liderava as líderes de torcida do ensino médio e meu pai era a estrela dentre os
jogadores de futebol quando eles se apaixonaram um pelo outro. Foi um caso de amor de conto de
fadas até que minha mãe ficou grávida de mim fora do casamento. Era década de 1950, época em
que a sociedade via a imoralidade com olhos muito piores que hoje. Quando o meu avô (pai da
minha mãe) descobriu que ela estava grávida, renegou tanto a minha mãe quanto o meu pai, apesar
de eles terem fugido e casado antes de eu nascer.
Um ano depois, meu pai surpreendeu meu avô surgindo na porta dos fundos de sua casa.
Antes de o meu avô ter a chance de mandá-lo embora, meu pai caiu de joelhos e implorou por seu
perdão. Meu avô o perdoou naquela manhã, mas nenhum deles sabia do desastre que viria em
breve.
Dois anos mais tarde, apenas um ano após a minha irmã nascer, meu pai estava pescando
quando uma enorme tempestade veio de repente e virou o barco. Meu pai salvou meu tio,
levando-o para a margem, e depois voltou para recuperar o barco. Ele nunca mais voltou. Meu pai
se afogou naquela noite tempestuosa em 1958. Naquela mesma noite, uma equipe de busca e
salvamento foi organizada para encontrar meu pai. Por volta da meia-noite, meu avô o retirou da
parte inferior da represa Anderson. A minha vida e a vida da minha família foram mudadas para
sempre.
A morte do meu pai criou um profundo sentimento de perda e de medo do abandono em
minha alma. Logicamente, crianças de três anos de idade não entendem qual é o significado da
palavra morte. Tudo o que sabia era que ele tinha ido embora e eu temia que minha mãe viesse a
ser a próxima. Por muitos anos depois disso, levantava-me várias vezes ao longo da noite e andava
até o quarto da minha mãe, verificando se ela ainda estava lá. Anos mais tarde, ela me disse que
frequentemente acordava e me encontrava em pé ao lado da sua cama, apenas olhando para ela.

- DA TRAGÉDIA AO LIXO -
Minha mãe se casou de novo duas vezes. Nosso primeiro padrasto entrou em nossas vidas
quando eu tinha cinco anos de idade. Ele deixou claro para a minha irmã e para mim que ele se
casou com a minha mãe, e nós éramos apenas a bagagem que veio junto com o prêmio. Para piorar
a situação, ele era um alcoólatra violento. A brutalidade tornou-se um modo de vida para nós. As
regras de casa para a sobrevivência eram: “Calem a boca e fiquem fora do caminho.” Meu padrasto
costumava dizer: “Crianças são para serem vistas, não ouvidas.” Seu ponto era claro: “Você não é
importante, ninguém se preocupa com você, e ninguém dá a mínima para o que você pensa.”
Mesmo quando ficávamos fora de problemas, ainda não sabíamos com que tipo de humor ele
estaria. Uma vez, enquanto estava bêbado, ele me segurou com uma mão, puxou minha calça para
baixo, e começou a me bater com a fivela do cinto. O sangue começou a correr por ambas as
minhas pernas. Minha mãe, gritando e chorando, finalmente conseguiu me levar para longe dele.
Além de ser fisicamente abusivo, meu padrasto parecia ter uma agenda para nos livrar de todas
as nossas memórias do meu pai real. Ele era muito ciumento com relação ao amor da minha mãe,
e vinha nos atormentar quando ela nos mostrava qualquer carinho. Destruiu todos os pertences do
nosso pai e nos proibia de ver qualquer um dos parentes do nosso pai. Olhando para trás, posso ver
que o diabo o estava usando para destruir nossas identidades. Minha mãe finalmente se divorciou
dele quando eu tinha 13 anos de idade.
Quando eu tinha 15 anos, minha mãe voltou a se casar novamente. Miseravelmente, as regras
da casa permaneceram as mesmas. A violência continuava e a sobrevivência dependia de que todas
nós, as crianças, nos tornássemos invisíveis e permanecêssemos imperceptíveis.
Infelizmente, sei que o que experimentei ao crescer é muito comum. As circunstâncias podem
ser diferentes, mas aqueles de nós que experimentaram o abandono e o abuso em nossa juventude,
mesmo que isso tenha sido simplesmente o ter nascido de “forma prematura” como eu fui,
interiorizamos a mensagem de que somos vergonhosos, não desejados e insignificantes. O
resultado dessas mentiras é que podemos desenvolver padrões de comportamento que são
projetados para nos proteger de um mundo hostil. Porque já experimentamos ataques nos níveis
mais fundamentais da nossa identidade, pensamos que temos que fazer o que for preciso para
matar a dor e, simplesmente, sobreviver.
Uma das minhas táticas de sobrevivência foi desenvolver um senso de humor sarcástico. Meu
humor girava em torno de trazer as pessoas para baixo e fazer com que se sentissem estúpidas e
insignificantes. Claro que, normalmente, não percebia que estava fazendo com que elas se
sentissem mal, mas, inconscientemente, pensava que destruir a autoestima das outras pessoas me
ajudaria a me sentir melhor comigo mesmo. Eu brincava com as pessoas sobre suas deficiências,
pensando que estava apenas sendo engraçado, mas cada riso custava a alguém um pedaço de seu
coração.
Mesmo tendo encontrado Cristo aos 18 anos, passaram-se muitos anos antes que eu
começasse a tratar a minha baixa autoestima. Como resultado, meu comportamento continuou e
eu ainda não tinha ideia do quanto estava devastando as pessoas com o meu humor. Deveria ter
compreendido isso, porque eu era a principal vítima do meu próprio humor. Frequentemente,
fazia das minhas falhas a força das minhas próprias piadas. Eu tinha ficado acostumado a me sentir
mal comigo mesmo por um longo tempo. A cultura da dor aprisionou a minha alma dentro de
mim, mas o Senhor estava determinado a me ajudar a fugir dessa prisão.

- APRENDENDO A AMAR A SI MESMO -

Quando Nancy me confrontou sobre os danos que meu humor estava causando, percebi que
não era apenas uma chamada para despertar para o fato de que eu estava machucando as pessoas. A
maior revelação, para mim, foi a de que as pessoas valorizavam o que eu tinha a dizer. Sempre
acreditei no que o meu padrasto tinha plantado em mim: as pessoas realmente não se importavam
com o que eu pensava ou dizia. A constatação de que eu tinha valor iniciou o processo de
desenraizamento das mentiras a meu respeito nas quais acreditava e me ajudou a descobrir quem
eu realmente era. Deus havia me chamado de príncipe, e percebi que o encontro com Nancy e a
interação que tive com o Senhor seria apenas o primeiro de muitos passos que Deus usaria para me
levar para fora da minha prisão e para dentro do Seu palácio.
Eu tive outro encontro, cerca de um ano mais tarde, que se tomou o próximo passo na minha
jornada para fora da escravidão. Tudo começou em uma noite fria de inverno de um domingo de
dezembro. Cheguei atrasado à igreja e, quando abri a porta da frente do edifício, o vento quase
arrancou a porta de suas dobradiças. A reunião de oração já estava em andamento quando entrei
no local. Cerca de cem pessoas estavam orando apaixonadamente, por isso tentei me mover sem
fazer barulho de modo a não perturbar a reunião. Ao que passei pela porta, Bill, nosso líder sênior,
cumprimentou-me. Ele tinha o sorriso mais estranho de todos no rosto. Ele me entregou algo que
estava dobrado ao meio. Fiquei confuso com sua expressão enquanto olhava para o pedaço de
papel. Finalmente, percebi que era um cheque, mas meus olhos incrédulos lutavam para
comunicar o montante ao meu cérebro. Enquanto ficava claro para mim, comecei a gritar:
“Alguém acabou de me dar três mil dólares! Ei, pessoal, alguém acabou de me dar TRÊS MIL
DÓLARES!’”
Bill, rindo histericamente, disse: “É melhor você olhar para o cheque novamente!” Olhei para
o cheque de novo e percebi que nele estava, de fato, escrito TRINTA MIL DÓLARES! Eu quase
desmaiei.
Comecei a saltar para cima e para baixo, gritando: “Trinta mil dólares! Alguém acabou de me
dar TRINTA MIL DÓLARES!” Estava tão atordoado que, durante vários minutos, mal podia
falar. Olhei para a assinatura e percebi que nem sabia quem era a pessoa que tinha me dado o
dinheiro. Esse mistério definitivamente engrossava o enredo e trazia mais entusiasmo.
Muitos dias se passaram antes de eu finalmente descobrir a identidade do homem
benevolente. Ele era novo em nosso círculo de comunhão e tinha participado de uma classe em
que eu tinha ensinado anteriormente naquele mesmo ano. Uma noite, enquanto orava, ele sentiu o
Senhor dizer-lhe para me dar uma parte de sua herança.
Escrevi-lhe um cartão para expressar minha gratidão, mas a coisa mais estranha aconteceu em
seguida. Evitei esse homem completamente durante vários meses depois de ele ter me dado esse
presente inacreditável.
Primeiramente, o que eu estava fazendo não era tão óbvio, mas, com o passar do tempo,
tornou-se mais evidente. Eu o via em uma determinada sala da igreja, virava e andava em outra
direção.
Em uma ocasião, corri para o banheiro dos homens, perguntando-me se conseguiria chegar lá
a tempo e, assim que entrei no banheiro, notei que ele estava lá. Ele estava de costas para mim e
não tinha me visto, então eu corri para fora. Tive que correr todo o caminho até o outro lado do
edifício para encontrar outro banheiro. Enquanto estava correndo ao redor do prédio, um
pensamento me ocorreu: “Algo está errado comigo!” Eu realmente não tinha a menor ideia de por
que estava me comportando de forma tão estranha, e isso me incomodou.
Quando fui para a cama naquela noite, eu não conseguia dormir. Estava frio e escuro, e o
vento estava uivando. Parecia que eu estava lá desde sempre. Fiquei olhando para o relógio,
esperando o dia amanhecer, me mexendo, me virando e ponderando sobre o porquê de eu estar me
comportando de modo tão peculiar. Eu não conseguia tirar o meu pobre comportamento de fora
da minha cabeça. Minha mente voltou-se para as outras vezes ao longo dos anos em que eu tive os
mesmos sentimentos em relação a outras pessoas que me valorizaram de uma forma especial.
Pensei sobre quantos desses relacionamentos eu tinha sabotado ao não permitir que as pessoas me
amassem. Percebi que amava presentear as pessoas, mas nunca gostava de receber delas. Ainda
assim, o meu comportamento não fazia sentido.
Finalmente, em desespero, busquei o Senhor em oração: “Senhor, você sabe o que está errado
comigo?”
“Sim,” Ele respondeu imediatamente.
“O que é?” Perguntei com cautela.
“Você realmente quer saber?” Ele perguntou.
Essa foi uma pergunta reveladora. Estava realmente bastante nervoso sobre descobrir o que
havia de errado comigo, porque eu tinha vivido na negação por um longo tempo. John Maxwell
certa vez disse: “As pessoas mudam quando se machucam tanto que têm de mudar, aprendem o
suficiente a ponto de quererem mudar, ou recebem o suficiente para serem capazes de mudar.”
Reconheci que estava me machucando tanto que precisava mudar!
“Sim, eu quero, Senhor,” eu respondi.
Jesus disse: “O problema é que você não se ama o suficiente para se sentir digno de trinta mil
dólares. Você está com medo de que, se aquele cara generoso viesse a conhecê-lo, ele se arrepende-
ría de ter-lhe dado o dinheiro. É por isso que não quer que ele chegue perto.”
Minha ansiedade foi crescendo. Eu já não podia negar que precisava de ajuda. Perguntei: “O
que devo fazer?”
“Aprenda a amar a si mesmo tanto quanto Eu o amo. Quando o fizer, você vai esperar que as
pessoas o amem mais à medida que elas começarem a conhecê-lo melhor!” Ele respondeu.
Estava atordoado. Não podia acreditar no que era a raiz do meu problema. Até esse ponto, o
amor que não tinha por mim mesmo nunca tinha sido exposto assim. Eu sabia que os outros me
amavam (especialmente minha esposa e filhos), e eu sabia que o Senhor me amava. Não tinha
percebido que eu não me amava.
Através daquela experiência, aprendi que sempre que alguém nos valoriza mais do que
valorizamos a nós mesmos tendemos a sabotar nosso relacionamento com essa pessoa.
Secretamente, não queremos que elas cheguem perto o suficiente para saberem que não somos tão
bons quanto elas pensam que somos.
Da minha observação como pastor, um dos melhores exemplos disso são os adultos solteiros
que estão procurando uma companhia e não conseguem encontrar a “pessoa certa” ou alguém
“suficientemente bom”. Muitas dessas pessoas têm problemas em ir além da amizade com o sexo
oposto e, quando a amizade começa a quebrar os limites exteriores de seus corações, entrando no
átrio interior de suas almas, elas começam a fazer coisas para destruir o relacionamento. Elas têm
medo de que seu amado venha a olhar profundamente dentro delas e veja as imperfeições que
estão convencidas de que ele verá. É com o tempo que aprendemos a amar a nós mesmos da
maneira que Deus nos ama e a nos vermos com os olhos de nosso Pai.

- NUNCA O SUFICIENTE -

Há outra mentira que impede os escravos de experimentarem a verdade de sua identidade em


Cristo. Mencionei anteriormente que, quando se é treinado para se sentir insignificante, você
desenvolve habilidades de sobrevivência para tentar evitar a dor dessa realidade. Um escravo se
utiliza de habilidades de sobrevivência, porque acredita que a vida é um grande mundo de “cada
um por si”. Essa mentalidade de pobreza é o principal atributo de um escravo. Quer um escravo
tenha experimentado a pobreza em suas finanças ou no amor e na afirmação, todos os escravos têm
a crença comum de que nunca haverá o suficiente para eles. Eles vivem no medo, lutando com a
sensação de que o poço está prestes a secar.
Deus nunca teve a intenção de que vivêssemos na pobreza em qualquer área de nossas vidas. A
Bíblia está cheia de promessas de provisão de Deus para o Seu povo. Salomão disse: “Eu fui jovem,
e agora eu sou velho; ainda assim eu não vi o justo abandonado, nem a sua semente mendigando o
pão.” (SI 37:25). Jesus deixou isso ainda mais claro quando disse:

Por isso eu vos digo: Não vos preocupeis pela vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que
haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que a
comida, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu; pois elas não semeiam, nem
colhem, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celeste as alimenta. Não sois vós muito melhores do
que elas? Mas quem de vós, com suas preocupações, poderá acrescentar um côvado à sua estatura?
E quanto as vestes, por que vos preocupeis? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não
trabalham nem fiam; e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, vestiu- se como
um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno,
não vestirá muito mais a vós, Oh pequena fé? Portanto, não fiqueis cuidadosos, dizendo: O que
comeremos ou o que beberemos, ou com que nos vestiremos? (Porque todas estas coisas os gentios
buscam). Porquanto vosso Pai celeste sabe que necessitas de todas estas coisas. Mas buscai
primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não fiqueis
cuidadosos, pois, com o amanhã, porque o amanhã cuidará de si mesmo. Suficiente é ao dia o seu
próprio mal. (Mt 6:25-34).

- AS AVENTURAS DE EDDIE -

Quando minha esposa, Kathy, e eu adotamos o nosso filho Eddie, vi em primeira mão como a
mentalidade de pobreza pode conduzir as pessoas a viverem em uma realidade que as cega
tragicamente para a prosperidade que Deus pretende dar-lhes. Eddie cresceu na pobreza material,
mas suas atitudes e comportamento tipificam a mentalidade de sobrevivência que pode ser vista
em pessoas que crescem em lares financeiramente estáveis, mas experimentam a escassez em
outras áreas de suas vidas.
Em 1990, começamos a trabalhar com o Departamento de Condicional do Condado de
Trinity, em Lewiston, Califórnia. O Departamento ordenou a todas as crianças que estavam em
liberdade condicional em Lewiston que viessem ao nosso grupo de jovens. Duas vezes por semana
jogávamos basquetebol e voleibol e, no intervalo, eu pregava para eles. Eddie era um jovem de 14
anos de idade que vinha toda semana. A mãe e o pai de Eddie eram ambos viciados em drogas, de
modo que Eddie foi largado para se erguer por conta própria. Ele era um garoto alto, de pele
morena e cabelos castanhos. Embora não estivesse em liberdade condicional, ele gostava de jogar
basquete com a gente. Ele frequentava os projetos junto com as crianças rudes, mas geralmente era
muito calado. Pouco a pouco chegamos a conhecê-lo.
Cerca de um ano depois que conhecemos Eddie, decidimos tentar adotá-lo. Fizemos algumas
pesquisas e descobrimos que havia duas maneiras de ganhar a custódia dele. Poderíamos
convencer seus pais divorciados a assinarem a custódia para nós ou poderíamos ir ao tribunal e
lutar por ele. Decidimos tentar convencer seus pais.
Levei Eddie ao apartamento de sua mãe, como tinha feito muitas vezes antes (ele costumava
ficar com a gente aos fins de semana), mas dessa vez fui até a porta com ele. Meu coração estava
disparado e percebi que não havia luzes acesas lá dentro. Pensei que ninguém estava em casa, mas
enquanto Eddie forçava para abrir a porta eu podia ver uma figura sentada no chão, encolhida
perto do canto da sala escura. Era a sua mãe. Não havia móveis e era nojento além de qualquer
descrição. A sala estava congelando. Soube mais tarde que eles não tinham eletricidade há meses.
Sua mãe estava obviamente passando por uma “ressaca” depois do êxtase da droga. Ela estava
tremendo, com seus olhos imóveis em círculos pretos profundos, e seu cabelo embaraçado e
fibroso. Ela olhou para mim e perguntou: “O que você está fazendo aqui?”
“Eu quero a custódia do seu filho,” eu disse, nervoso.
Ela olhou para Eddie, que estava segurando as lágrimas: “Ok, você pode ficar com ele!” Ela
disse, baixando a voz em vergonha enquanto assinava os papéis da custódia.
Saímos de lá e dirigimos para Lewiston para falar com o pai de Eddie. O ambiente no carro
estava tranquilo, enquanto minha mente era inundada pelas imagens do que tinha acabado de ver.
Meu coração estava pesado e partido. Perguntei-me quantos “Eddies” mais haveria lá fora no
mundo. Eu só podia esperar o melhor quando imaginava como o seu pai seria.
Cerca de 30 minutos depois, chegamos à casa de seu pai. Parecia uma casa típica de usuários
de drogas. O jardim da frente estava recheado de carros antigos e lixo. Quando nos aproximamos
da porta da frente, meu coração disparou e vi que a porta já tinha sido aberta. Eddie entrou na
minha frente e eu o segui. Enquanto entrávamos na casa, notei que havia vários homens e
mulheres sentados no chão. Alguns outros estavam deitados em sofás. A sala estava cheia de fu-
maça. Um homem pequeno e forte, coberto de tatuagens, estava olhando para nós.
Ele disse, com voz irritada: “O que você quer?" Eu mal conseguia encontrar palavras, meu
coração parecia estar batendo fora do meu peito.
“Eu quero a custódia do seu filho”, eu soltei.
Ele olhou para Eddie, que estava envergonhado, e disse: “Você quer viver com ele?” Ele
perguntou.
“Sim,” respondeu Eddie.
“Tudo bem, pode me dar os papéis que vou assiná-los!” Ele rabiscou sua assinatura em letras
grandes e jogou os papéis de volta para mim.
Partimos imediatamente. Fiquei contente de sair de lá sem arrumar briga, e Eddie estava
animado para começar sua nova vida.
O ano seguinte foi repleto de muitas risadas e um monte de lágrimas enquanto Eddie se
ajustava ao seu novo estilo de vida. Pouco a pouco, começamos a reconhecer as características da
mentalidade de pobreza em Eddie. Isso, obviamente, tinha sido formado em seu coração durante
sua dura infância.
Jantamos juntos como família na maior parte do tempo. Enquanto comíamos nossas refeições,
Eddie mantinha o olho no alimento que sobrava. Sempre havia muito, mas Eddie parecia
preocupado que fosse faltar. Quando as tigelas eram esvaziadas em cerca da metade delas, ele
enchia o prato novamente e, em seguida, escondia comida em torno do seu prato e em seu
guardanapo. O resto de nós apenas fingia que não percebia, mas isso nos deixava tristes.
O primeiro Natal de Eddie com a gente foi emocionante. Aprendemos que ele realmente
nunca tinha tido um Natal, porque sua mãe vendia todos os presentes que ele recebia para adquirir
drogas. Decidimos ir ao extremo e encher as crianças de presentes. Gastamos centenas de dólares
e distribuímos o dinheiro igualmente entre todos eles. Havia tantos presentes que mal podíamos
ver a árvore.
Finalmente, o dia de Natal veio e sentamos juntos para abrir os presentes. A família toda
estava tendo uma explosão de alegria ao assistir Eddie abrir os presentes. Ele era como uma criança
pequena. O único problema era que ele não deixava ninguém pegar seus presentes uma vez que
eles fossem abertos. Mais tarde, à noite, depois do jantar, Eddie sussurrou algo no ouvido de
Kathy. Kathy preparou meias para cada uma das crianças e as encheu de pequenos presentes. Jason
e Eddie tinham histórias em quadrinhos em suas meias. O único problema era que ela tinha
colocado acidentalmente quatro livros na de Jason e apenas dois na de Eddie. Eddie queria saber
por que Jason recebeu mais do que ele.
Eddie sempre estava com medo de que não teria o suficiente. Um espírito de pobreza
geralmente conduz escravos a desenvolverem uma mentalidade de sobrevivência. O medo da falta
é baseado em mentiras e, até que essas mentiras sejam quebradas, as pessoas não conseguem
reconhecer a provisão de Deus em suas vidas. Quando Eddie se tornou parte da nossa família,
tinha tudo o que precisava e queria. Sua velha vida se foi. Contudo, até que deixasse de acreditar
naquelas mentiras ele não conseguiria relaxar e aproveitar a vida com a gente. Felizmente, Eddie
está livre de sua velha mentalidade. Ele tem crescido para ser um jovem incrível e se formou na
faculdade (Estamos muito orgulhosos dele).
Escravos têm uma mentalidade de pobreza. Eles sempre acham que seus recursos são
limitados. Acreditam que quando alguém recebe algo isso tira um pouco da provisão que podería
ser deles. Supõem que a bênção de alguém traz um custo para eles.
A história do filho pródigo em Lucas 15 ilustra esse ponto com clareza. Tendo desperdiçado
sua herança, o filho mais novo chegou em casa em busca de refúgio. Seu pai estava tão animado em
vê-lo que fez uma festa. Ele estava guardando o novilho gordo para tal ocasião, e, finalmente, era
hora de comemorar. Todos foram à festa, exceto o irmão mais velho; que ficou fora no campo.
Quando seu pai não viu o irmão mais velho na festa, ele foi procurá-lo. Ele o encontrou lá fora,
sozinho.
“Por que não está vindo para comemorar?” O pai perguntou.
O irmão mais velho gritou: “Você deu-lhe o vitelo gordo, mas nem sequer me deu uma cabra!”
Seu pai estava atordoado. Ele olhou para o seu filho, focando em sua alma com os olhos de um
pai amoroso, e disse: “Eu dei a ele o novilho gordo, mas você possui a fazenda” (resumo de Lucas
15:11-31).
Por que raios o irmão mais velho saiu à espera de seu pai para que lhe desse uma cabra quando
ele possuía a fazenda inteira? Ele falhou em reconhecer que era um filho e não um servo.
A revelação da nossa verdadeira identidade irá destruir o espírito de pobreza em nossas vidas.
Até que isso aconteça, vamos continuar a pensar que há limites sobre o que podemos ter. Como
resultado, ficamos com ciúmes de quem recebe algo que não temos. Isso transborda para todos os
aspectos de nossas vidas, incluindo trabalho, amigos e posições dentro da igreja.

- UM REINO DE FINANÇAS -

Infelizmente, a maioria de nós na igreja ainda está pensando como o irmão mais velho.
Perdemos de vista o fato de que não apenas trabalhamos na fazenda. Somos filhos e filhas do
Dono, e o nosso pai tem muito! Acredito que essa revelação vai mudar totalmente a nossa forma
de pensar e planejar o nosso futuro. A maioria de nós ainda está olhando para a nossa provisão (o
que o nosso extrato bancário diz) para ajudar a determinar a nossa visão e, portanto, estamos
vivendo dentro dos limites de nossas possibilidades em vez de vivermos pautados em Suas
bênçãos.
Por exemplo, se estamos construindo um novo edifício, argumentamos que devemos desistir
de algum outro projeto para cobrir o custo. No entanto, temos sido chamados a viver além da
razão e muito além das fronteiras das nossas próprias habilidades. Se não podemos fazer mais do
que meros homens, então não vamos dizer aos outros que somos uma parte da igreja de um Deus
vivo. Temos de realizar mais do que o Elk’s Club (N.T. - Espécie de instituição de caridade
americana) se vamos chamar Deus de nosso pai. Isso nos obriga a viver pela fé na provisão de
Deus. Quando confiamos diariamente em Deus como nosso provedor, então vamos usufruir dos
recursos do Céu (Sei que existe uma real necessidade de verdadeira mordomia no Corpo de Cristo,
mas muito do que é chamado mordomia na Igreja é simplesmente medo que se disfarçou de
sabedoria).
Paulo disse isso melhor: “O meu Deus, suprirá todas as vossas necessidades, segundo as suas
riquezas, em glória, por Cristo Jesus” (Fl 4:19). Entendeu? Ele disse: “Deus suprirá todas as vossas
necessidades, segundo as suas riquezas, em glória”. Ele não está me suprindo conforme a minha
necessidade, mas segundo as Suas riquezas.
Muitas vezes eu perguntei às pessoas o que elas faziam para ganhar a vida. Algumas delas
disseram: “Eu vivo pela fé.” Eu aprendi ao longo dos anos que essa declaração normalmente
significa: “Eu não tenho um emprego. Eu dependo de pessoas que fazem doações ao meu
ministério.” A crença implícita é que as pessoas que recebem um salário não precisam crer em
Deus para o seu sustento. Essa ideologia é problemática. Se pararmos de viver pela fé quando
começarmos a receber uma renda regular, então reduziremos a nossa provisão à nossa capacidade
de fazer acontecer ao invés de confiar na capacidade do Senhor em prover.
A mentalidade de escravo pode ser encontrada em todos os níveis da sociedade e em todas as
esferas da vida. A conta bancária de uma pessoa não traz qualquer indicação de que ela está
experimentando a provisão de Deus ou não. Uma pessoa pode ter um monte de coisas, mas ainda
assim sentir-se insegura e temer que algo possa acontecer-lhe e ela venha a perder tudo. Quando
escravos adquirem dinheiro ou coisas, eles tendem a extrair sua identidade disso. A verdade é que
o homem não é medido pelo que ele tem, mas pelo que o tem. Algumas pessoas possuem casas,
mas às vezes parece que as casas possuem pessoas.
Quando vivemos apenas para obter coisas, ou trabalhamos tanto que não temos tempo para os
relacionamentos importantes que temos em nossas vidas, eu me pergunto se nós temos coisas ou se
elas nos têm. O que vejo é que há uma diferença entre ser rico e ser próspero. As pessoas prósperas
se recusam a serem reduzidas aos seus respectivos saldos financeiros e suas riquezas não as têm.
Elas não se preocupam com o dinheiro, porque sabem que sempre haverá o suficiente. A
autoestima das pessoas ricas está diretamente ligada ao “demonstrativo de Lucros e Perdas” delas.
Elas gastam uma grande quantidade de energia, seja perseguindo o dinheiro, seja tentando
mantê-lo. Não quero dizer que não devamos ter grandes hábitos de trabalho. Só quero dizer que
os príncipes não trabalham por dinheiro, mas, ao invés disso, eles trabalham para Deus.
Quando um pobre recebe uma grande quantidade de dinheiro, a pergunta que precisa ser
respondida é: “Deus ganhou uma fortuna ou perdeu um homem?” Pobres muitas vezes perdem de
vista suas prioridades quando recebem dinheiro, mas príncipes não extraem sua identidade a partir
do que têm, porque sabem que a sua identidade não depende de seu desempenho ou de suas
posses. Príncipes possuem coisas, mas nunca deixam que as coisas os possuam. O resultado é que
eles são capazes de experimentar a vida sem as preocupações que Jesus lhes prometeu e são livres
para buscar primeiro o reino, sabendo que tudo de que precisam lhes será acrescentado.
A terra prometida dos príncipes está cheia das bênçãos do Pai. Ele quer derramar o Seu amor
em nós, derramar Suas bênçãos em nós, e dar mais do que podemos conter. Os Salmos colocam
isso de uma forma melhor: “Louvai ao Senhor. Abençoado é o homem que teme ao Senhor, que se
deleita grandemente em seus mandamentos. Sua semente será poderosa sobre a terra; a geração
dos retos será abençoada. Fartura e riquezas estarão em sua casa, e sua justiça dura para sempre” (Sl
112:1-3).
03 — Masmorras e Dragões

- PRISIONEIROS DE GUERRA -

Nosso passado pode se tornar uma prisão que perpetua a escravidão daqueles que nos criaram.
De alguma forma não intencional, reproduzimos essa mesma cultura destrutiva em nós mesmos e
naqueles que nos rodeiam. Há algumas maneiras comuns pelas quais isso acontece em nós. Uma
das maneiras de nos amarrarmos ao passado é reagindo àqueles que abusaram de nós, passando
nossas vidas tentando não ser como eles.
Eu aconselhei muita gente ao longo dos anos e tenho observado um padrão comum entre
muitas delas: As pessoas normalmente se tornam como aquele a quem mais desprezam.
Alcoólatras, por exemplo, comumente são criados por pais alcoólatras. Eu, pessoalmente, nunca
encontrei um molestador de crianças que não tivesse sido vítima de abuso sexual. Em algum
momento na sessão de aconselhamento, quase sempre há uma declaração como: “Jurei que nunca
seria como a pessoa que abusou de mim, mas me tornei como ela.” Conheço esse tipo de luta por
conta própria. Apesar de ter lutado para não ser como os meus padrastos durante a maior parte da
minha juventude, comecei a me tornar um homem irritado como eles.
Durante a primeira parte dos meus vinte anos, gerenciei uma oficina de reparo de automóveis.
Meu temperamento já estava ficando fora de controle. Lembro-me claramente de uma dessas
vezes. Um cliente veio para pegar seu carro, mas estávamos atrasados e o serviço ainda não estava
terminado. Ele precisava ir a algum lugar, assim estava um pouco chateado. Ele ficava entrando na
loja e perguntando se havíamos acabado. Na terceira vez que ele entrou, eu fiquei tão louco que
peguei uma chave de cerca de 60 cm de comprimento e a joguei de um lado para o outro da loja em
direção a ele. Foi bom ele ter abaixado, pois por pouco ela não acertou a sua cabeça.
Outra vez, eu estava trabalhando em uma caminhonete durante vários dias. Era um veículo
4x4, e eu tive que me sentar dentro do compartimento do motor para fazer o trabalho. Quando
finalmente pus os cabeçotes de volta no motor e dei partida nele, o problema que pensei que tinha
resolvido ainda estava lá. Eu fiquei furioso! Peguei uma grande marreta e fui em direção à
caminhonete com a intenção de destruí-la. Meu chefe me viu indo para o veículo, gritando com
minha marreta na mão, e, então, correu e me derrubou no chão. Ele me segurou lá até eu me
acalmar.

- TORNAMO-NOS NO QUE IMAGINAMOS -


Estava me tornando a mesma pessoa que eu desprezava. Um dia, estava lendo o Antigo
Testamento e comecei a ter uma revelação sobre a minha luta através da história de Jacó e seu
sogro. Jacó era malandro por natureza. Até seu nome significava “enganador”. Ele enganou até o
seu próprio pai para que não concedesse as bênçãos da primogenitura ao seu irmão. Alguns
capítulos depois, Jacó se casou, entrando em uma família que lhe deu um pouco de seu próprio
remédio. Ele trabalhou para o sogro, Labão, durante sete anos para que pudesse casar-se com sua
filha Raquel. Quando acordou, na manhã da lua de mel, era Lia quem estava na cama. Labão tinha
deixado de lhe dizer que a tradição familiar deles ditava que a filha mais velha deveria se casar
primeiro. Ele conseguiu mais sete anos de trabalho de Jacó com esse truque, pois Jacó ainda queria
Raquel. Felizmente, ele conseguiu ficar com ela a crédito! Ele a recebeu uma semana mais tarde e,
então, pagou por ela através de pequenas parcelas mensais ao longo dos próximos sete anos.
Após 14 anos de desconfiança e desonestidade, Jacó estava pronto para partir. Ele disse ao seu
sogro para lhe dar o que era dele para que pudesse seguir seu próprio caminho. Labão não era tolo.
Sabia que Jacó estava fazendo uma fortuna para ele. Labão disse a Jacó para estabelecer o seu
próprio salário e continuar lá. Jacó sabia que, a despeito de quais fossem seus salários, seu sogro iria
encontrar alguma maneira de prejudicá-lo. Ele disse: “Você mudou meu salário dez vezes!” Jacó
disse a Labão que ele iria trabalhar em troca de todas as ovelhas e cabras manchadas e salpicadas.
Esses animais se tornariam seu salário. Eles fizeram um acordo.
Estou certo de que Labão pensava que tinha ganhado em cima de Jacó novamente, pois
provavelmente haviam muito poucos malhados e salpicados entre os rebanhos. A história, porém,
dá uma reviravolta das mais incomuns. Jacó descascava os galhos, expondo o branco debaixo da
casca. Ele, então, colocava os ramos na frente dos bebedouros sempre que o melhor das ovelhas
estava bebendo e acasalando lá. Como resultado, os ovinos e caprinos mais fortes deram à luz
filhotes malhados e salpicados. Pouco tempo depois, Jacó ficou rico, porque seus rebanhos
prosperaram enquanto os rebanhos de Labão tinham ficado fracos.
Enquanto refletia sobre essa passagem incomum, dei-me conta de que isso não era uma lição
rural! Deus estava demonstrando como nós, Suas ovelhas, reproduzimos. O bebedouro é um lugar
de reflexão, o que tem significa tanto focar o olhar em alguma coisa quanto meditar sobre ela. A
meditação envolve nossa imaginação. Se alimentarmos nossa imaginação com pensamentos sobre
o que nós não queremos nos tornar e bebermos do poço do pesar, reproduziremos essa mesma
coisa em nós mesmos. Não importa o que queremos reproduzir. É importante apenas o que
imaginamos quando estamos pensando e bebendo no bebedouro da nossa imaginação.
Esse princípio também é ilustrado na criação do homem. A Bíblia diz que fomos criados à
imagem de Deus. Em outras palavras, tornamo-nos o que Deus imaginou. Provérbios diz:
“Porque como ele pensa em seu coração, assim é ele” (Pv 23:7a). Nossa imaginação é uma parte
muito poderosa de nosso ser. Tudo o que já foi construído, feito, pintado ou desenvolvido
começou na imaginação de alguém. Tendemos a reproduzir aquilo que alimentamos em nossos
pensamentos.
O que estou percebendo sobre muitos de nós é que gastamos muito de nossas vidas reagindo
ao que não queremos ser ao invés de respondermos ao chamado de Deus para as nossas vidas.
Desperdiçamos muita energia tentando não ser algo. A fim de não ser algo, tenho que manter essa
coisa na minha frente para que possa evitá-la. A loucura de tudo isso é que reproduzo o que
imagino. Se vejo o que não quero ser, apenas o imaginar isso faz com que eu o reproduza. Isso
explica por que tantas pessoas acabam maltratando seus filhos da mesma forma que seus pais
abusaram delas. Prometeram a si mesmas que nunca se tornariam como os seus pais, mas foi
exatamente isso que se tornaram.

- REAGIR AO PASSADO OU RESPONDERÁ VISÃO -

Saímos dessa prisão respondendo ao chamado de Deus para nossas vidas e meditando em Sua
visão para nós. A palavra meditação está relacionada à palavra medicamento. No sentido positivo
da comparação, meditação significa pensar de forma a se tornar saudável. Tornamo-nos a pessoa
que Ele nos chamou para ser quando meditamos sobre as coisas de Deus e sonhamos os Seus
sonhos. O salmista escreveu: “Deleita-te também no Senhor; e ele te dará os desejos do teu co-
ração” (Sl 37:4). Bill Johnson tem uma definição criativa para desire. Ele divide a palavra em duas
partes: “de”, que significa “do”, e “sire”, que significa “pai”. Quando nos deleitamos em Deus, em
vez de vivermos em nosso passado, Ele torna-se o pai de nossos sonhos.
Esse princípio é ilustrado pela vida de Maria. A Bíblia diz: “Mas Maria guardava todas estas
coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2:19). Ela ponderava sobre a palavra de Deus em seu
coração e deu à luz ao Salvador do mundo. O que ela imaginou se tornou carne e habitou entre nós
através da concepção imaculada. Quando sonhamos com Deus, nós nos tornamos as obras-primas
da Sua imaginação.

- LIMITADOS PELA FALTA DE PERDÃO -

Outra coisa que nos acorrenta ao passado é a falta de perdão. A falta de perdão faz com que
desperdicemos nossas vidas tentando obter justiça em vez de cumprir nosso próprio destino ao
caminhar no nosso chamado. É importante que perdoemos aqueles que pecaram contra nós para
que estejamos livres para prosseguir com nossas vidas. É crucial também que aprendamos a
perdoar a nós mesmos por nossos próprios pecados.
Muitas pessoas passam a vida toda odiando outras e planejando vingança. A amargura não
tem amigos. Não há nenhum recipiente conhecido pelo homem que possa contê-la. Ela sempre é
derramada sobre as pessoas que mais amo.
Perdoar é o privilégio e a responsabilidade da realeza. Salomão, que foi criado para ser um
príncipe desde o nascimento, disse: “A discrição de um homem retém a sua raiva, e é sua glória
passar por cima da transgressão” (Pv 19:11). Depois que Jesus ressuscitou dos mortos, Ele soprou
sobre os discípulos, liberando o Seu Espírito para dentro deles.
Então, Ele lhes deu a primeira missão como crentes cheios do Espírito: “Aqueles a quem
perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e àqueles a quem os pecados retiverdes, lhes são
retidos” (Jo 20:23).
Recebi o Senhor em 1973 durante o “Movimento de Jesus”. Eu tinha 18 anos e vivia com uma
tonelada de dor no meu coração. Costumava deitar na cama à noite imaginando maneiras criativas
de destruir as pessoas que tinham abusado de mim. Não queria apenas vê-las mortas; queria que
sofressem da maneira como tinham me feito sofrer. Logo depois que fui salvo, o Senhor começou
a confrontar a minha falta de perdão. Ele me disse que precisava perdoar as pessoas que abusaram
de mim, ou iria abrir a porta da minha vida para os torturadores. Não foi fácil no começo, mas
percebi que Ele tinha me dado o poder de perdoar quando me perdoou.

- A FALTA DE PERDÃO CONVIDA OS TORTURADORES -

A advertência do Senhor para mim sobre os “torturadores” tornou-se clara quando li uma
história interessante que Jesus contou sobre o nosso Rei e o nosso Reino. Ele estava respondendo
à pergunta de Pedro sobre quantas vezes se tinha que perdoar (Ainda me parece hilário que Pedro
seja o que pergunta para Jesus quantas vezes se tem que perdoar quando ele é o cara mais agressivo
do time). Jesus disse:

Portanto, o reino do céu é semelhante a certo rei, que quis acertar contas com os seus servos.
E, começando a acertá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos. Porém, não
tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos ele, e sua mulher e seus filhos,
e tudo que ele tinha, e que o pagamento fosse feito. Então o servo se prostrou, e o adorou, dizendo:
Senhor, tem paciência comigo, e eu tudo te pagarei. Então, movido de compaixão, o senhor do
servo soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, este servo, encontrou um dos seus
conservos, que lhe devia cem denários; e, lançando mão dele, tomou-o pela garganta, dizendo:
Paga-me o que tu me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, pediu-lhe, dizendo: Tem
paciência comigo, e eu te pagarei tudo. Ele, porém, não quis; antes, lançou-o na prisão, até que
pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que foi feito, entristeceram-se muito, e foram
contar a seu senhor tudo o que foi feito. Seu senhor então, chamando-o, disse-lhe: Servo perverso,
perdoei-te toda aquela dívida, porque tu me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão
do teu conservo, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou
aos atormentadores, até que ele pagasse tudo o que lhe devia. Assim também meu Pai celeste fará
convosco, se de coração não perdoardes cada um as ofensas do seu irmão. (Mt 18:23-35).

Essa história é impressionante para mim. A falta de perdão nos coloca na prisão. Se não
formos capazes de compreender o quão grande nossa dívida de pecado era diante de Deus e o que
significou para Ele perdoá-la, podemos cair na armadilha de julgar os erros muito menores
daqueles que nos rodeiam. Como podemos ver a partir da história, só estaremos prejudicando a
nós mesmos quando fizermos isso. Deus insiste para que Seu povo perdoe uns aos outros, e Ele
não está lá em cima usando o diabo como um peão para nos ajudar a fazê-lo. Essa parábola
descreve Suas “formas e comitê de meios” chamados “torturadores” que ajudam a nos conduzir ao
perdão.

- CATIVOS E PRISIONEIROS -

Isaías disse que fomos ungidos para proclamar “liberdade aos cativos” e “abertura da prisão
para aqueles que estão encarcerados” (Is 61:1). Acredito que ele esteja descrevendo dois tipos de
pessoas que estão atrás das grades: “cativos” e “prisioneiros”. Os prisioneiros são as pessoas que o
juiz envia para a prisão. É preciso uma ordem judicial do Juiz do Céu para libertá-las. Essas
pessoas abriram as portas de suas vidas aos torturadores através do pecado e da falta de perdão.
Elas devem perdoar aqueles que as magoaram e abusaram para que Deus, que é o último juiz, as
justifique, chamando de volta os torturadores e libertando-as da prisão.
Ao longo dos anos, essa verdade tem sido reenfatizada para mim enquanto trabalho com
pessoas que são atormentadas por demônios. Lembro-me de um desses momentos muito
claramente. Randy Clark veio a Redding para uma conferência. Uma noite, estava pregando sobre
liberdade e, no meio de sua mensagem, deu ordem aos espíritos demoníacos que deixassem as
pessoas que estavam presentes ali. Várias pessoas começaram a gritar e a cair no chão.
Uma senhora, em seus quarenta e poucos anos, estava na frente da igreja. Ela começou a agir
loucamente. A equipe ministerial estava tentando leva-la a uma sala para orar por ela, mas quando
chegaram ao corredor que leva à sala de oração ela começou a agir como um animal. Começou a
morder, arranhar e bater sua cabeça contra a parede enquanto rosnava para as pessoas. A equipe
reuniu-se em torno dela e começou a gritar aos espíritos para que a deixassem, mas nenhum pro-
gresso foi obtido. Quando cheguei para ajudar, ela estava gritando e arranhando, e eles gritavam
de volta para ela. Se a inutilidade de suas tentativas de ajudar não fosse tão triste poderia ter soado
cômico.
Perguntei: “O que vocês estão fazendo?”
“Estamos libertando esta senhora! O que parece que estamos fazendo?” um deles disse em tom
sarcástico.
“Parece que o diabo está ganhando!” Disparei de volta (Há uma grande quantidade de pessoas
que precisam ser libertas da última libertação delas).
“Se acha que pode fazer melhor, então pode fazê-lo você mesmo,” outra pessoa respondeu
com frustração.
Movi-me até o círculo e coloquei meus braços em torno dela para impedi-la de bater a cabeça
contra a parede. Sussurrei em seu ouvido, perguntando se havia alguém a quem precisava perdoar.
Ela gritou: “Não!” Em seguida, o Senhor me mostrou uma foto de seu pai estuprando-a, então
perguntei se ela precisava perdoar seu pai. Ela começou a gritar: “Eu o odeio! Odeio suas
entranhas! Ele pode apodrecer no inferno!”
Eu disse: “Se não quer perdoá-lo, então não posso ajudá-la. Os demônios têm permissão para
atormentá-la.” Levantei-me e comecei a me afastar.
Quando cheguei à porta, ela (ainda enlouquecida) gritou no corredor: “Tudo bem, eu vou
perdoá-lo! Farei qualquer coisa! Apenas me ajude!” Poucos minutos depois, conduzi-a em uma
oração de perdão ao seu pai e a algumas outras pessoas que vieram à mente. Em seguida,
ordenamos aos demônios que saíssem. Eles saíram e ela se levantou, rindo!
Perdão não significa que tenha de alguma forma que confiar em cada pessoa que abusou de
mim. Significa simplesmente liberá-las de serem punidas pelo que fizeram a mim. Se um homem
estupra uma mulher ela pode nunca confiar nele novamente, mas tem que perdoá-lo ou os
torturadores irão atormentá-la.

- O PERDÃO RESTAURA O PADRÃO -

O perdão também restaura o padrão em nossas vidas. Lembro-me de uma vez quando nossos
filhos eram todos adolescentes. Fiquei zangado com Kathy na frente deles e, em seguida, tratei-a
desrespeitosamente. No dia seguinte, reuni os filhos no hall de entrada da casa e pedi perdão a
Kathy e a cada um deles. Todos eles me perdoaram, e nós seguimos com o nosso dia. Cerca de
uma semana mais tarde, um dos nossos meninos veio à cozinha e começou a ser sarcástico com
Kathy. Entrei e disse-lhe que não tinha permissão para falar com a minha esposa assim.
Ele disse: “Você mesmo foi rude com a mamãe outro dia!”
Eu disse: “Sim, mas você me perdoou. O perdão restaura o padrão. Quando me perdoou, você
abriu mão do seu direito de agir da mesma forma, porque o seu perdão me restaurou de volta ao
lugar de honra. Eu me arrependi. Arrependimento significa ‘ser restaurado ao pináculo, o lugar
alto’.”
Ele disse à sua mãe que estava arrependido e ela o perdoou. Se não entendermos esse
princípio, então o ponto mais baixo, o pior erro ou a coisa mais estúpida que já fizemos na vida tor-
na-se o nosso padrão mais elevado. Por exemplo, se éramos imorais quando adolescentes e mais
tarde nós mesmos temos filhos adolescentes, não teríamos confiança para corrigi-los por suas más
escolhas sexuais, porque não conseguimos nós mesmos fazer isso. As falhas das quais nos
arrependemos não são mais o padrão ao qual devemos nos curvar. Quando pedimos a Deus e
àqueles que ferimos para nos perdoar, somos postos de volta no lugar elevado para o qual Deus nos
designou. Caso contrário, o pior dia de nossa vida torna-se o lugar mais alto até o qual temos o
direito de liderar outros. A verdade é que o perdão restaura o padrão de santidade em nós e através
de nós.

- OUTRA PORTA DE PRISÃO -

Ciúmes, inveja e medo também podem nos desviar do nosso destino e nos levar para o
calabouço. A história de Saul e Davi voltando para casa após a grande vitória sobre Golias e seu
exército é um exemplo perfeito disso. Ela nos traz que:

E as mulheres respondiam umas às outras enquanto tocavam, e diziam: Saul matou os seus
milhares, e Davi os seus dez milhares. E Saul ficou muito nervoso, e as palavras o desagradaram; e
ele disse: Elas atribuíram a Davi dez milhares, e a mim elas atribuíram somente milhares; e o que
mais pode ele ter além do reino? E Saul ficou de olho em Davi daquele dia em diante. E sucedeu
pela manhã que o espírito maligno da parte de Deus veio sobre Saul, e ele profetizou no meio da
casa; e Davi tocou com a sua mão, como das outras vezes; e havia um dardo na mão de Saul. (1Sm
18:7-10).

Note que foi o Senhor quem enviou o espírito maligno sobre Saul. Isso é muito parecido com
a história que Jesus contou em Mateus 18 sobre os torturadores que nos impulsionam a perdoar.
Eles também podem nos expulsar da terra da inveja. A vida de Saul é um exemplo de como a inveja
nos cega para a realidade e nos leva a conclusões irracionais. Saul pensava que Davi iria tirá-lo do
trono simplesmente porque era mais capaz. Não entendeu que o Reino de Deus não é um reino
baseado no desempenho. Não lideramos porque somos, necessariamente, os mais qualificados;
lideramos porque somos “chamados” a sermos o líder.
Príncipes e princesas são comissionados a verem as pessoas que lideram atingirem seu pleno
potencial em Deus. Isso significa que o maior elogio que podemos receber é quando as pessoas que
estamos liderando se tornam maiores do que nós. Se acreditarmos que estamos liderando porque
somos os mais qualificados, então subconscientemente vamos trabalhar para minar os avanços das
outras pessoas.
A vida do rei Saul também nos mostra como a desconfiança pode se mascarar de
discernimento e, finalmente, nos levar à escravidão. A desconfiança é o dom do discernimento
sendo usado pelo espírito de medo. Isso leva à amargura, à falta de perdão, ao tormento e resulta
em nossa ida a uma prisão espiritual onde todos os guardas trabalham para o lado negro. Os
espíritos que guardam os muros dessa prisão têm nomes como doença, depressão, ódio e
assassinato.

- LIBERDADE AOS CATIVOS -

Isaías também disse que havia pessoas que estavam “cativas”. Cativas são pessoas que foram
capturadas na batalha e foram mantidas como prisioneiras de guerra. Essas pessoas não têm falta
de perdão em seus corações, mas, em vez disso, elas estão presas pelas mentiras em que
acreditaram. Jesus disse: “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8:32). A palavra
verdade aqui significa “realidade”. Dessa forma, muitos de nós vivemos em uma “realidade
virtual”; ela parece real e tem cara de real, mas não é real. É apenas uma ilusão. Damos permissão
ao diabo para nos punir, porque pensamos que suas mentiras são verdadeiras. Quando somos
atormentados por causa de mentiras, precisamos de uma revelação da verdade de Deus para que
possamos escapar rumo à liberdade.
Este testemunho irá tornar o meu ponto mais claro. Um dia, estava ensinando no andar de
cima da Escola de Ministério e, na altura da metade do meu sermão, alguém veio correndo até
mim com uma mensagem urgente. Corremos juntos escada abaixo, chegando finalmente no
escritório do nosso conselheiro. Cerca de oito pessoas estavam orando fervorosamente do lado de
fora da sala. Abri a porta do escritório e me deparei com uma cena selvagem. Uma mulher muito
grande estava no chão de barriga para baixo, com um dos nossos mais fortes colaboradores da
manutenção em cima dela tentando contê-la. Dois dos nossos conselheiros estavam de pé contra a
parede com os braços da senhora presos em suas pernas. Ela estava mordendo os seus sapatos e
rosnando para eles.
A primeira pergunta que me veio à mente foi: “Por que os demônios têm permissão para
atormentar essa mulher? Seria ela uma prisioneira que tinha pecado e/ou questões de perdão em
sua vida ou seria uma cativa que acreditava numa mentira?” Eu permaneci no chão e comecei a
pedir ao Espírito Santo por uma revelação acerca do seu cativeiro.
De repente, ouvi-lo dizer: “Quando ela era uma menina, foi-lhe dito que tinha blasfemado
contra o Espírito Santo e, portanto, havia sido banida para o inferno”. O Espírito continuou: “É
uma mentira. Eu a perdoei.”
Inclinei-me e sussurrei em seu ouvido: “O diabo lhe disse, quando era uma menina, que você
tinha blasfemado contra o Espírito Santo, mas é mentira! Você nunca fez isso. Renuncie essa
mentira.” Ela imediatamente se acalmou e começou a rir. Em poucos segundos, ela estava
completamente liberta. Conhecer a verdade os libertará!
Devemos deixar a prisão para trás para entrar no palácio. Pessoas da realeza focam em quem
são chamadas a ser. Elas perdoaram aqueles que as machucaram, rejeitaram as mentiras do
inimigo e abraçaram a verdade. Elas não vivem na escravidão da prisão, mas na plenitude do
palácio. Que comece a nossa jornada como realeza!
04 — Um Nivelamento Real
(Por Bill Johnson)

- QUANDO A REALEZA DE DEUS TOCA O NOSSO PASSADO -

Sempre que revisamos os eventos de nossas vidas sem considerar o sangue de Jesus, nós
mesmos nos sujeitamos à influência do espírito de decepção. Na realidade, meu passado
pecaminoso não existe mais. O Cordeiro de Deus o comprou com um pagamento em sangue,
removendo para sempre os meus pecados dos registros do Céu. O sangue expiatório de Jesus cobre
o meu pecado para que ele nunca mais seja descoberto novamente. O poder do pecado para nos
destruir é, ele mesmo, destruído por uma realidade superior: o perdão.
O diabo mantém os registros de nosso passado. No entanto, esses registros não possuem
qualquer poder sem a nossa concordância. Ele é o acusador dos irmãos, mas Jesus é o nosso
defensor. Fazemos um acordo com o acusador sempre que olhamos para o nosso passado sem
considerar o sangue. Quando concordamos com o diabo, damos-lhe poder. Quando recebe poder,
ele devora.
Por outro lado, a concordância com Deus nos empodera. Ela nos liberta do poder de uma
mentira e nos permite viver segundo a vontade de Deus. Esse empoderamento não é independente
de Deus; é um empoderamento por causa de Deus. Quando concordamos com Deus, entramos no
poder da verdade: o ímpeto da cruz. A verdade já está ao nosso favor, porque o Rei Jesus morreu
em nosso lugar. Ele não só morreu por nós, Ele morreu como nós. A nossa concordância com
Deus, que é sempre o foco e a ação da fé, permite-nos colher os frutos da verdade. E esse fruto é a
liberdade! A fé cresce ao concordarmos com Deus de coração.

- O CAMINHO PARA A HUMILDADE -

A religião esfrega nossos narizes no passado para nos manter humildes. Revisitar a
pecaminosidade do nosso passado a fim de tornar-se humilde é uma perversão. Isso, na verdade,
cria vergonha; e a vergonha é uma pobre falsificação da humildade. A vergonha é o fruto da
humilhação que trabalha contra a verdade. Manter consciência do nosso passado pecaminoso para
nos ajudar a nos tornarmos mais humildes é a forma cruel com que age um espírito religioso; isso
nos obriga a manter algo em nossas mentes que não está na de Deus. Na realidade, é muito mais
humilhante viver na liberdade do perdão imerecido. Quando somos perdoados, o Rei nos dá
permissão para vivermos como se nunca tivéssemos pecado.
Viver no perdão não significa que devamos esquecer nosso passado. Em vez disso, ver meu
passado através do sangue de Jesus traz louvor aos meus lábios e me liberta do fardo de um coração
culpado. Jesus será conhecido por toda a eternidade como o Cordeiro de Deus; por isso sempre va-
mos lembrar que foi a provisão do Cordeiro imaculado que nos garantiu eterna redenção.

- MINHA HISTÓRIA PESSOAL -

Lutei por muitos anos com essa verdade. A vergonha e o desânimo eram meus amigos
próximos. Combatia tais sentimentos com mais oração, estudo e leitura sobre a vida dos grandes
homens e mulheres de Deus do passado. No entanto, mesmo fazendo o que a maioria iria me
aconselhar a fazer, meu problema não era resolvido. Descobri que, quando nossa perspectiva está
errada, mais estudo e oração podem realmente acrescentar desânimo e vergonha, como aconteceu
comigo. Cada biografia me impressionava, mas também me fazia sentir desesperançoso. Todos
eram muito perfeitos. Não conseguia me ver em qualquer um daqueles encontros com Deus.
Parecia que eles eram os favoritos de Deus e eu só existia. Um dia, ouvi uma fita de David
Wilkerson chamada “Enfrentando seus fracassos”. Nela, ele falava sobre como todos os “grandes”
tinham falhas e fraquezas também. Ele compartilhava algumas de suas lutas e fracassos. Foi a
mensagem mais refrescante que já tinha ouvido na minha vida. Era o início de uma mudança de
perspectiva para mim. O espírito religioso, porém, não estava disposto a desistir de mim tão
facilmente.
Eu tinha me cercado de pessoas com paixão semelhante - avivamento a qualquer custo! Estava
debruçado sobre esse tema. Dormia, comia, e orava isso constantemente. No entanto, algo era de
conhecimento comum a todos nós que tínhamos estudado os avivamentos do passado - não
éramos santos o suficiente. Então, constantemente eu reexaminava meus motivos e minha
santidade pessoal, e o resultado sempre era pífio. Minha paixão por Deus estava viva e bem, mas
meus esforços na área da santidade pessoal estavam me matando. Fico envergonhado em admitir
isso, mas já era pastor há alguns anos antes de realmente começar a ficar bem. Toda semana, ficava
paralisado na mesma questão - meu sentimento de inutilidade e de desesperança. Felizmente, era
capaz de “achar uma saída pela fé” aos domingos para que pudesse dar ao povo que pastoreava algo
saudável para comer.
Um querido amigo e mentor meu, Darol Blunt, tinha uma vida marcada pela graça. A vida
parecia muito fácil para ele. Ele me acompanhou através de muitas coisas e foi um modelo de uma
vida sem a intensa introspecção na qual eu estava preso. Ele ria muito e sabia como se divertir sem
ser grosseiro. Aquilo era novo para mim. Para o meu próprio bem, eu era muito sério. Tinha sido
um palhaço da sala enquanto crescia e tinha aprendido, por efeito, a ser rude. Abandonei isso e
tudo o que conhecia para seguir a Deus completamente. Infelizmente, deixei uma parte valiosa de
quem eu era para trás no opressivo processo de busca pela santidade pessoal e assumi uma falsa
imagem de espiritualidade que nunca funcionou.
Como Deus começou a me mudar? Não houve um encontro único que tenha mudado tudo
num momento. Houve, porém, uma série de coisas que Deus pôs no meu caminho para que eu me
estabelecesse nele e fosse liberto do espírito religioso que tinha me prendido. Era necessário
arrependimento. Parece estranho dizer isso, porque arrependimento era um tema de suma
importância para mim. No entanto, o verdadeiro arrependimento é “mudar a forma como
pensamos”. Eu precisava de um arrependimento que viesse a afetar minha mente e redirecionasse
o meu coração para um Deus que perdoa. A fé é a evidência de verdadeiro arrependimento. Eu não
estava vivendo em pecado secreto. Não havia hábitos pecaminosos na minha vida para atormentar
a minha consciência com a vergonha. Minha vergonha era acerca da minha humanidade e meu
desânimo era sobre quem eu não era. Em algum momento, realmente tive que acreditar que aquilo
que o Rei Jesus fez foi o suficiente. Parece tão simples agora. Minha vergonha silenciosamente
negava Sua obra expiatória. Meu desânimo desonrava a suficiência das promessas do Rei.

- NÃO PRATICO MAIS A INTROSPECÇÃO -

Demorou um pouco, mas finalmente percebi que meus melhores momentos (mentalmente,
emocionalmente e espiritualmente) vieram quando apenas fiz o meu melhor e fiquei longe da
introspecção. Essa era uma coisa assustadora para mim, porque na minha mente a introspecção era
quase um rito de passagem para o meu maior sonho - ser um avivalista. Depois de anos lutando
com o conflito da santidade pessoal, orei algo como isto:

Pai,
Você sabe que não vejo muito bem quando olho para dentro, então vou parar. Estou
confiando em Você para me apontar as coisas que preciso ver. Comprometo-me a permanecer em
Sua Palavra. Você disse que Sua Palavra era uma espada - então, por favor, use-a para me cortar
profundamente. Exponha aquelas coisas em mim que não são agradáveis a Você. Entretanto, ao
fazer isso, peço que me dê a graça de abandoná-las. Também prometo ir até Você diariamente.
Sua presença é como um fogo. Por favor, consuma em mim as coisas que Lhe desagradam.
Derreta meu coração até que ele se torne como o coração de Jesus. Seja misericordioso comigo no
que tange a essas coisas. Prometo, também, permanecer em comunhão com o Seu povo. Você
disse que o ferro afia o ferro. Espero que unja as “feridas de um amigo” para me trazer de volta à
realidade quando eu estiver sendo resistente à Você. Por favor, use essas ferramentas para moldar
a minha vida até que apenas Jesus seja visto em mim. Acredito que Você me deu Seu coração e Sua
mente. Por Sua graça eu sou uma nova criação. Quero que essa realidade se torne visível para que
o nome de Jesus seja alçado à mais alta honra.

- REVISANDO A HISTÓRIA -

Perdão, em efeito, muda o passado. O jornal de Deus registra a nossa vida a partir da
perspectiva do Seu perdão e da nossa fé. Seu Livro de Recordações não contém a nossa história de
pecado e estupidez. Considere Sara, mulher de Abraão. Em Gênesis 18 ela: “riu dentro de si,
dizendo: Depois de tão envelhecida, eu terei prazer, e meu senhor sendo também velho?
E o Senhor disse a Abraão: Por que Sara riu, dizendo: É verdade que eu, que sou velha, gerarei
uma criança?
Há alguma coisa difícil demais para o Senhor? No tempo determinado, eu retornarei a ti, de
acordo com o tempo de vida, e Sara terá um filho.
Então Sara negou, dizendo: Eu não ri, pois ela estava com medo. E ele disse: Não, mas tu
riste.”
A palavra hebraica para riso nesse versículo nos diz que ela não deu uma risada envergonhada.
Ela, na verdade, zombou de Deus e do que Ele tinha dito, e, em seguida, tornou as coisas piores,
mentindo ao Senhor sobre o que fez. Hebreus 11:11, porém, diz que: “Pela fé também a própria
Sara recebeu vigor para conceber descendência, e deu à luz uma criança quando já de idade
avançada; porquanto teve por fiel aquele que havia prometido.”
Essa é a mesma mulher! O que aconteceu? Aparentemente, ela se arrependeu, voltando o seu
coração para o que Deus havia declarado ser o seu destino. Ao fazê-lo, Deus reescreveu sua
história, excluindo o pecado que está registrado nas Escrituras. O que está escrito em Hebreus 11
nos mostra como Deus registra os eventos da nossa vida em Seu Livro de Recordações. Deus
escreveu a história dela de tal forma a enfatizar o que mais Lhe agrada - a fé dela. Parece que Ele
está fazendo alarde em todo o céu a respeito de Sara: “Você viu aquela coragem e aquela grande fé?
Aqui está uma dama - ela não pode ter um filho, mas sabe que Eu sou fiel!” Você pode vê-Lo
falando ao anjo Escrivão: “Certifique-se de ter colocado desta forma... ‘Essa é a minha garota! Ela
creu em mim - outros não teriam acreditado, mas ela o fez!’”
Quando Deus vê a história de um crente assim, quem somos nós para fazer o contrário? O
sangue realmente transforma a nossa história em Sua história. Alguns anos atrás, ouvi uma palavra
profética que realmente tocou meu coração. Nela, Deus dizia: “Eu não irei remover as cicatrizes de
sua vida. Em vez disso, vou reorganizá-las de tal maneira que elas tenham a aparência de uma
escultura numa bela peça de cristal.” Quão grande é o amor de Deus. O que era desprezado se
torna um testemunho da graça de Deus - uma coisa bela!

- A FORMA COMO PENSAMOS -

A mentalidade da carne é morte e está em guerra com Deus. Essa é a mente “não renovada”.
Em essência, a mente renovada é a mente de Cristo. Ela é capaz de manifestar a vontade de Deus,
que é melhor descrita na oração: “seja feita a tua vontade na terra, como é no céu” (Mt 6:10). A
exortação das Escrituras é clara, “Que haja em vós a mesma mente que houve também em Cristo
Jesus” (Fp 2:5). A renovação da mente começa com a nossa nova identidade obtida na cruz. Certa
vez fomos escravos do pecado, mas agora somos escravos da justiça. Nossos pensamentos
cotidianos devem apoiar essa realidade. O apóstolo Paulo enfatizou isso em sua carta à igreja de
Roma, dizendo: “Assim também vós, considerai-vos mortos de fato para o pecado” (Rm 6:11). É
uma atitude... uma maneira de pensar... uma evidência do arrependimento.
A mente tem um poder de afetar o nosso comportamento de forma tanto positiva quanto
negativa. Ela, porém, não possui o poder de mudar a nossa natureza. Isso só é alcançado quando
nascemos de novo. Quando as pessoas nascem de novo, elas são transformadas de dentro para fora.
Não são as coisas externas que estão propensas a mudar primeiro. Deus faz morada em nossos
corações, transformando-nos através do que é um verdadeiro trabalho interno. Por outro lado, a
religião trabalha o exterior. Se, por um lado, ela pode trazer conformidade, por outro ela é
impotente para gerar transformação.
“Porque como ele pensa em seu coração, assim é ele” (Pv 23:7). Quando somos ordenados a
nos considerarmos como mortos para o pecado, isso é mais do que uma sugestão de pensarmos
positivamente sobre a nossa conversão. É um convite para ativar o poder de uma realidade tornada
disponível somente através da cruz. O poder sobrenatural liberado por essa maneira de pensar é o
que cria um estilo de vida de liberdade. Isso pode ser feito porque é VERDADE. Dizer que tenho
pecado é verdade. Dizer que sou livre do pecado é mais verdadeiro ainda. A mente renovada é
necessária para que se possa provar de forma mais consistente a vida sobrenatural, a qual Deus
planejou para que fosse a vida cristã normal.

- COMO DEUS PENSA A NOSSO RESPEITO -

Assim como os reis do Antigo Testamento precisavam dos profetas, o sacerdócio real desta
hora precisa de servos do Senhor para ajudá-los a completar o quadro dos propósitos de Deus para
as nossas vidas. Aprecio as muitas vezes em que membros do Corpo de Cristo têm me dado
palavras de encorajamento que Deus colocou em seus corações. Essa é a essência do ministério
profético. O Espírito Santo é rápido em confirmar quando algo é realmente dele. Quando é,
valorizo isso muito. Tomo nota delas para que possa revê-las sempre que necessário. A maioria
delas está em cartões de lembrete que estão na minha pasta o tempo todo. Algumas dessas palavras
datam de 20 anos atrás ou mais e elas ainda trazem vida para mim. Não posso me dar ao luxo de
pensar sobre a minha vida de forma diferente da forma como Deus pensa. Quer se trate de uma
promessa das Escrituras que Deus pôs em evidência para a minha vida, ou uma palavra profética
de um profeta reconhecido, eu as analiso até que aquilo que é dito se torne o que eu penso.
Promessas são como o leme de um navio. Lemes determinam a direção do navio. E o que eu
faço com as promessas de Deus determina a direção da minha mente, o que, no fim das contas,
afeta a minha realidade. É essencial compreender o que Deus pensa de mim (e dos outros) para
poder entrar no meu destino. Independentemente das circunstâncias, a palavra de Deus é
verdadeira. “Que Deus seja verdadeiro, e todo homem mentiroso” (Rm 3:4). Mais uma vez, não
podemos nos dar ao luxo de pensar sobre nós mesmos de forma diferente da forma como Deus
pensa.
Amo meditar sobre as Escrituras que falam do que Jesus alcançou por mim através da
salvação. Abaixo estão vários versos que encontrei para me nutrir:

Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com
os que o temem. Assim como está longe o Oriente do Ocidente, assim ele removeu de nós as
nossas transgressões (SI 103:11-12).

“E eles não ensinarão mais cada homem a seu próximo e cada homem a seu irmão, dizendo:
Conhecei ao Senhor; porque todos conhecerão a mim, desde o menor até o maior deles, diz o
Senhor, pois eu perdoarei a sua iniquidade, e não me lembrarei mais do seu pecado’’ (Jr 31:34).

Porque eu derramarei copiosamente água sobre aquele que está sedento, e enchentes sobre o
chão seco. Eu derramarei copiosamente meu Espírito sobre a tua semente, e minha bênção sobre a
tua descendência. E eles brotarão como entre a erva; como salgueiros próximos a cursos de água.
Um dirá: Eu sou a possessão do Senhor; e outro chamará a si mesmo pelo nome de Jacó; e outro
assinará com sua mão - pelo Senhor - e dará a si mesmo, como sobrenome, o nome de Israel (Is
44:3-5).

Sendo confiante nisto mesmo, que aquele que começou a boa obra em vós, a realizará até o dia
de Jesus Cristo (Fp 1:6).
Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; e nenhum homem pode arrancá-las da mão
de meu Pai (Jo 10:29).

Portanto, se algum homem está em Cristo, ele é uma nova criatura. As coisas velhas são
passadas; eis que todas as coisas se tornaram novas (2Co 5:17).

Esses são apenas alguns dos pensamentos que Deus tem ao nosso respeito que devem se tornar
uma parte do que pensamos e de como pensamos. Faça a sua própria lista e mude a sua mente.

- O MELHOR SEGREDO GUARDADO -

“Eu sou o Senhor. Este é meu nome e minha glória eu não darei a outro” (Is 42:8). O
entendimento mais comum desse versículo é que Deus é glorioso e nós não somos. Na verdade,
nós não somos “outro”. Porque você acha que Ele nos fez membros do Seu corpo? O menor (o
ínfimo) membro do Seu corpo é superior ao mais alto principado e poder das trevas. O alvo
original na criação do homem foi o de que vivêssemos e habitássemos em Sua glória, “todos
pecaram e estão privados da glória de Deus” (Rm 3:23). A cruz remove o obstáculo aos Seus
propósitos e nos restaura à Sua intenção original. O coração religioso não está disposto a
reconhecer que realmente fomos feitos à Sua imagem, e que nascer de novo nos restaura a um
lugar de pureza absoluta.
Jesus fez um adendo a isso em sua oração sacerdotal: “E dei-lhes a glória que tu me deste, para
que sejam um, como nós somos um” (Jo 17:22). É registrado em Provérbios que a sabedoria nos
trará uma coroa de glória. Mesmo os nossos corpos foram projetados para viver em Sua glória. À
medida que nos tornamos mais e mais acostumados à presença da Sua glória, até mesmo os nossos
corpos passam a ter fome pela gloriosa presença de Deus. Os filhos de Corá, que tinham passado
um tempo considerável na glória real de Deus e tinham visto o efeito dela sobre os seus corpos
físicos, cantaram: “meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo” (Sl 84:2).
Quando a realeza de Deus toca as nossas vidas, descobrimos que fomos projetados para viver
na glória de Deus. Já não vivemos presos às amarras do nosso passado - o desempenho e a
comparação em nossas vidas diárias, mas sabemos que o nosso valor está em simplesmente
amá-Lo. Essas nascentes jorram água viva e revelação para aqueles que não encontraram a verdade
nas nações da terra!

- BIBLIOGRAFIA -
Hebreus 6:1b: “arrependimento de obras mortas e de fé em Deus”. Arrependimento e fé são
dois lados da mesma moeda. Mover-se de alguma coisa automaticamente significa que você tem
que se mover em direção a alguma coisa.
05 — Lagartos no Palácio

- QUAL É O SEU NOME? -

Kathy e eu levamos dois dos nossos netos para o Marine World há algum tempo. Elijah, que
tinha três anos na época e sua prima Mesha, que tinha cinco, eles estavam no quarto do hotel com
a gente, sentados na cama.
Eles estavam assistindo a um documentário da National Geographic sobre répteis na
televisão. Quando acabou, Mesha olhou para Elias e disse: “Vamos brincar de crocodilos e
lagartos!”
Elijah, embora fosse mais novo, era bem mais forte do que Mesha. Ele disse: “Vamos!”
Mesha disse: “Eu sou o crocodilo e você é o lagarto.” Elijah, empolgado, respondeu: “Ok.”
De repente, ambos ficaram de pé na cama e começaram a lutar. Dentro de um minuto, Elijah
tinha prendido Mesha contra o colchão.
“Você não pode fazer isso, Elijah!” Mesha reclamou. “Você é o lagarto. Eu sou o crocodilo!”
Em resposta ao protesto, ele imediatamente a deixou sair: “O que lagartos fazem?” Ele
perguntou.
“Eles lambem as coisas com suas línguas dessa forma.” Ela demonstrou lambendo o rosto dele.
“Ok,” Elijah disse submissamente.
Alguns segundos depois, ela o convenceu a se deitar para que pudesse ficar em cima dele.
“Raaaaw! Raaaaw!” Mesha rugia enquanto lutava para mantê-lo embaixo.
Toda vez que Elijah começava a deslocá-la, ela dizia: “Elijah, você é um lagarto. Eu sou um
crocodilo! Você não pode fazer isso. Você pode usar apenas a sua língua.”
Finalmente, depois de cerca de dez minutos, uma pequena voz saiu de debaixo de Mesha:
“Vovô, eu não quero brincar mais.”
Essa história me lembra muito o jogo da vida. O diabo nos dá nomes que nos diminuem.
Tornamo-nos lagartos que só podem usar suas línguas. Ele se torna o poderoso crocodilo. Em
seguida, passamos a vida jogando sob suas regras, porque acreditamos no nome errado.
O diabo é o acusador, e muitas vezes usa outras pessoas para disseminar suas falsas identidades
entre nós. Meu primeiro padrasto costumava me chamar de “burro estúpido” o tempo todo. Como
resultado, sempre me sentia burro, o que realmente dificultou a minha capacidade de aprender. O
nome tornou-se um bloqueio mental que se manifestava através da dificuldade com a leitura.
Quando terminei o colegial, só lia no nível de alguém da terceira série.
Conheci muitas mulheres que foram chamadas de “prostitutas” por seus pai, tendo lutado com
a imoralidade durante suas vidas inteiras em consequência disso. Os nomes podem ser declarações
proféticas com capacidade de definir a identidade de uma pessoa. Como as pessoas agem de
acordo com o que acreditam que são, em última instância essas mentiras se tornam o próprio
comportamento delas.
Respondemos ao ambiente que nos cerca de acordo com a forma como nós mesmos nos
vemos. Palavras ditas a nós se tornam nomes que carregamos em nossos corações. Esses nomes
formam o quadro que nossa imaginação pinta de nós mesmos e se tornam as lentes através das
quais vemos o nosso mundo. Paus e pedras estão quebrando nossos ossos, mas os nomes estão nos
roubando o nosso futuro!

- NOMES SÃO DECLARAÇÕES PROFÉTICAS -

Assim como nomes ruins podem manter as pessoas num cativeiro e levá-las à destruição,
grandes nomes podem liberar poder em nossas vidas e nos levar para os nossos destinos dados por
Deus. Muitas pessoas na Bíblia foram insignificantes até seus nomes serem mudados. Simão não
foi um apóstolo até que seu nome passou a ser Pedro. Saulo não foi um apóstolo até seu nome ser
mudado para Paulo.
É de suma importante que vivamos por nossos nomes dados por Deus e não por nomes que
nos prendam à escravidão. Devemos nos libertar de todos os falsos nomes que nos foram dados
pelo mundo. Jacó compreendeu bem esse princípio. Em Gênesis 32, encontramos Jacó em um rio
chamado “Jaboque”, que significa “vazio e só”. Seu irmão estava atrás dele, suas esposas estavam
sempre discutindo uma com a outra e seu sogro estava bravo com ele. Como muitos de nós, tenho
certeza de que Jacó percebeu que era uma grande parte do problema, mas ele provavelmente se
sentia impotente quanto a mudar a si mesmo. Jacó foi forçado a enganar, porque, como mencionei
no capítulo 3, seu nome significava “enganador”. Ele era lembrado de seus defeitos toda vez que as
pessoas o chamavam pelo nome. Sempre iremos agir com base no que acreditamos que somos:
Jacó enganava porque seu nome era enganador. Seu comportamento, no fim das contas, criou uma
cultura de engano em torno de si, e, consequentemente, suas mulheres também se tornaram
mentirosas e enganadoras.
De repente, no ponto mais baixo da vida de Jacó, ele encontra um anjo (Você sabe que está
tendo uma vida difícil quando até mesmo o anjo enviado para abençoá-lo não gosta de você!) Ele
luta com o anjo a noite toda. O anjo o fere, mas Jacó se recusa a deixar o anjo ir até que ele o
abençoe. O anjo argumenta que seu turno acabou, porque é de manhã e ele tem que sair. No
entanto, Jacó persiste.
Finalmente, o anjo lhe pergunta: “Qual é o seu nome?”
Ele responde: “Meu nome é Jacó”.
O anjo continua: “teu nome não será mais chamado Jacó, mas Israel será o teu nome, e ele
chamou seu nome Israel” (Gn 35:10).
Você pode imaginar como seria lutar com um anjo durante toda a noite, ser malhado por ele e
deixá-lo ir só porque ele o chamou por um apelido? Se você lutasse com um anjo por um L desejo,
você não lhe pediria uma casa nova, um carro ou algo ' de importância monetária? Você o deixaria
ir apenas por uma mudança de nome? Você o faria se entendesse a revelação que \ Jacó teve. Seu
novo nome, “Israel”, significa “um príncipe de Deus”. O nome o liberou para o seu destino
profético. Não é por acaso que depois que seu nome foi mudado ele se tornou o pai de uma das
maiores nações do mundo.
Uma declaração profética é mais do que meras palavras, porque ela libera graça para que aquilo
que foi dito se torne real. Na Bíblia, nomes foram dados às pessoas como uma declaração profética
da identidade delas, e realmente liberaram sobre elas as próprias características dos seus chamados.
A graça, bem como a desgraça, é liberada através dos nomes atribuídos às pessoas. A graça é o
“poder operacional de Deus”. A graça é a capacidade dada por Deus para torná-lo naquilo que
você não poderia se tornar antes de ter recebido a declaração. A desgraça também tem o poder de
lançar maldições do lado das trevas.
No livro de Gênesis, Deus convidou Adão para criar consigo por meio da atribuição de nomes
aos animais. Quando Adão nomeava os animais, estava profetizando sobre o DNA deles e o que
eles estavam para se tornar no mundo, não apenas lhes atribuindo um nome animal comum como
“Fifi” ou “Rex”!
O poder de um nome declarado também é ilustrado no terceiro capítulo de Gênesis. Aqui,
Adão deu o nome de “Eva” para a sua esposa. Eva significa “mãe dos viventes”. Ela era estéril até
seu nome ser mudado de “Mulher” para “Eva”. Após a declaração profética de Adão, Eva deu à luz
a Caim e Abel.
Quando percebemos quem somos, nosso comportamento muda porque sempre agimos com
base na nossa identidade “autoentendida”. Abrão tinha que ter uma mudança de nome para
cumprir seu chamado. Deus profetizou sobre Abrão que ele estava indo para ser o pai de muitas
nações. Antes que ele pudesse entrar em seu destino, o seu nome teve que ser mudado de Abrão,
que significa “pai exaltado”, para Abraão, “pai de uma multidão”. Seu nome estava limitando o seu
destino!
Quando o Senhor me encontrou e me disse que eu era um escravo ‘que se tornou um príncipe’
Ele estava mudando o meu nome. Uma vez que soube meu novo nome, tive acesso à graça que
precisava para começar a andar em uma nova identidade. É vital que todos nós venhamos a ouvir o
nome que o Senhor nos deu e permitamos que esse nome defina nossas identidades. Quando
chegarmos ao Céu, receberemos um novo nome escrito em uma pedra branca que só nós mesmos
saberemos. Esse nome será gerado a partir de uma base de pureza (pedra branca) e intimidade
(ninguém vai saber, só você e Jesus). Precisaremos de uma nova identidade que seja congruente
com o nosso novo chamado (veja Ap 2:17).

- AGINDO COM BASE NA NOSSA IDENTIDADE -

Parece-me que toda a nossa sociedade está tendo uma grande crise de identidade. A maioria
das pessoas não têm nenhuma pista de quem é ou do que deveria estar fazendo da sua vida. A
forma como criamos nossos filhos nos Estados Unidos perpetua a crise.
Quando as crianças aprendem a falar elas primeiro perguntam “O que é isso?” mil vezes ao dia.
Em seguida, vem o famoso “Por quê?”
Kathy e eu temos sete netos com idade inferior a sete anos. Minhas conversas com meus netos
são mais ou menos assim:
“Vovô, o que é isso?”
“É uma bola,” eu respondo.
“Por que, vovô?”
“Para que possamos nos divertir,” eu respondo.
“Por que, vovô?”
“Para que a gente não fique entediado,” digo a ele.
“Por que, papai?”
Finalmente, mando eles para a avó para que possam fazer-lhe as mesmas perguntas mais uma
vez. Quando nossos filhos atingem a puberdade eles começam a fazer outra pergunta: “Quem sou
eu?” O problema da nossa sociedade é que não temos uma resposta para essa pergunta, então os
enviamos para a faculdade para que possam aprender como fazer alguma coisa, pensando que se
eles aprenderem o suficiente isso irá satisfazer o anseio por identidade. A identidade não vem pela
educação, mas por transmissão. Não podemos nos educar sobre nossas identidades. A identidade
genuína vem por meio de uma transmissão do nosso Pai celestial falando conosco através das
pessoas que Ele atribuiu para cuidar de nós.
Você tem que ser um ser humano antes de ser um fazer humano. Quando tentamos “fazer”
alguma coisa sem primeiro “ser” alguém, normalmente nos encontramos ganhando a vida em um
emprego que odiamos. Outra ramificação dessa falha em descobrir nossa verdadeira identidade é
que muitas pessoas aprendem a obterem sua autoestima a partir do que fazem. Isso pode parecer
razoável por um tempo se elas renderem bem. Quando não conseguem mais ter um bom
desempenho, qualquer que seja o motivo para isso, a autoestima delas vai para o fundo do poço.
Esse ponto ficou claro para mim há um tempo, quando fiz uma longa viagem de avião para o
Pacífico Sul. Sentei-me ao lado de um jovem estudante universitário. Enfrentamos juntos um voo
de 11 horas e parecia que não tínhamos nada em comum. Depois de um par de horas, decidi tentar
dormir um pouco. Quando fechei os olhos, veio-me um pensamento sobre o jovem sentado ao
meu lado.
Voltei-me para ele e perguntei: “O que você quer fazer da sua vida?”
“Eu quero ser um advogado,” ele respondeu.
Peguei-me dizendo: “Você vai ser um advogado horrível!”
Ele se recuperou e retrucou com uma voz irritada: “O que você quer dizer com isso?”
Eu disse: “Os advogados têm uma estima extremamente elevada pela justiça. Precisam tanto
de justiça que vão comprometer seus relacionamentos para obtê-la. Você tem uma grande estima
pelos relacionamentos. Você precisa ser validado, amado e cuidado. Seu anseio por justiça está lá
em baixo na sua lista de prioridades. Na primeira vez em que estiver no tribunal e tiver que atacar
o caráter de alguém para provar o que diz, você não conseguirá dormir à noite.”
“Isso está precisamente certo!” Ele disse.
“Sabe o que você precisa fazer?”
“Não, o quê?” Ele respondeu.
“Você tem um conjunto surpreendente de talentos. Você tem um lado muito criativo que se
expressa em algo como a atuação. Você também possui um cérebro cujo lado esquerdo é
extremamente dominante, o que traz um gosto por organizar e administrar coisas. Vejo o seu
quarto como sendo realmente organizado e as roupas no seu armário penduradas em ordem de
cores. Você seria um grande diretor de cinema caso se dedicasse a isso.”
Ele quase pulou do seu assento. Ele disse com entusiasmo: “Sim, eu organizo o meu quarto e
as minhas roupas assim como você descreveu. Sempre quis ser um diretor e era o cabeça da minha
aula de teatro durante o ensino médio!”
“Isso é o que você precisa fazer da sua vida,” disse a ele. “Você é o próximo Steven Spielberg!”
Muitos de nós passamos nossas vidas fazendo algo diferente de quem somos. Quando as
nossas atividades são uma expressão de nossa pessoa, é incrível o quanto apreciamos o que
fazemos.

- TRANSFORMADOS DE PECADORES EM SANTOS -

Agora que entendemos que os nomes não são apenas uma questão semântica, vamos olhar de
perto como eles nos afetam. Antes de receber a Cristo, éramos chamados de “pecadores”. Éramos
profissionais nisso; o nosso nome era uma descrição do nosso trabalho. Éramos propensos ao
pecado. Quando recebemos a Cristo, nos tornamos “santos”. Paulo deixa isso claro em suas cartas
aos crentes, pois os chamava de santos. Aqui estão alguns exemplos: “a todos os que estão em
Roma, amados de Deus, chamados para serem santos” (Rm 1:7a); “à igreja de Deus que está em
Corinto, para os que são santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos” (1Co 1:2a);
“Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e aos fiéis
em Cristo Jesus” (Ef 1:1). A palavra santo significa “crente sagrado”. Você não pode ser um
pecador e um santo ao mesmo tempo. Como é possível ser inclinado ao pecado e ainda ser um
crente sagrado?
A palavra “pecador” implica em sermos propensos a fazer o mal. Se acreditarmos que somos
pecadores, vamos pecar pela fé! Lembre-se do que aprendemos anteriormente: “Porque como ele
pensa em seu coração, assim é ele” (Pv 23:7). Como Jacó, preso ao engano pelo seu nome, se ainda
acreditarmos que somos pecadores não seremos capazes de acessar a graça de viver como um santo
e ainda tentaremos realizar boas obras a fim de merecer o perdão. Não é mais da nossa natureza o
pecar. Em 1 João 3:7-9 é dito o seguinte:

Filhinhos, não deixeis homem algum vos enganar. Aquele que pratica a justiça é justo, assim
como ele é justo. Aquele que comete pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio.
Para este propósito o Filho de Deus foi manifestado: para que pudesse destruir as obras do diabo.
Aquele que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não
pode pecar, porque é nascido de Deus.

Somos cristãos; não é da nossa natureza agir errado. Nossa própria natureza foi alterada.
Agora somos realmente santos; justiça faz parte de nossa nova natureza e é natural para nós para
glorificar a Deus. Nosso velho homem está enterrado. Precisamos deixar de visitar nossos túmulos
e conversar com nosso morto, velho homem (No Antigo Testamento, as pessoas eram julgadas e
mortas por falarem com os mortos - uma prática chamada de necromancia). Somos uma nova
criação. É abaixo de nossa natureza agir assim agora - já somos príncipes e princesas do Rei!
O poder da cruz não só obteve o perdão de nossos pecados, mas também mudou a nossa
própria natureza. Algumas pessoas têm isolado os efeitos da experiência de nascer de novo para
abrangerem apenas o espírito. Isso não é correto. A salvação mudou todo o nosso ser! Pedro diz
que somos “participantes da natureza divina” (2Pe 1:4). Pense nisso: a sua própria natureza agora
é divina! Paulo disse que nós somos “novas criaturas” em Cristo (2Co 5:17). Ele não disse que
somos espíritos novos, Ele disse que somos “novas criaturas”! Se ainda acreditamos que somos
pecadores, diluímos o poder do sangue e, então, assim como Jacó, passamos os nossos dias na
tentativa de sermos bons.
- UM NOVO CORAÇÃO E UMA MENTE NOVA -

A verdade da questão é que somos bons porque recebemos um coração novo e uma nova
mente (veja Ez 36:26; ICo 2:16), É isso mesmo - recebemos um transplante de cérebro! Nós
realmente pensamos como Deus! Tenho ouvido esses versos serem citados de forma errada várias
vezes:

MAS, COMO ESTÁ ESCRITO, OLHO NÃO VIU, NEM OUVIDO OUVIU,
TAMPOUCO ENTRARAM NO CORAÇÃO DO HOMEM AS COISAS QUE DEUS
PREPAROU PARA AQUELES QUE O AMAM. Mas Deus nos revelou pelo seu Espírito;
porque o Espírito busca todas as coisas, sim, as coisas profundas de Deus. Porque qual dos homens
conhece as coisas do homem, senão o espírito do homem que está nele? Assim também nenhum
homem conhece as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o
espírito do mundo, mas o Espírito que é de Deus, para que pudéssemos conhecer as coisas que nos
são dadas gratuitamente por Deus. As coisas que nós também falamos, não com palavras de ensino
de sabedoria humana, mas com as ensinadas pelo Espírito, comparando as coisas espirituais com
as espirituais. Mas o homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus, porque para eles são
loucuras; nem pode conhecê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas o que é
espiritual julga todas as coisas, e ele por nenhum homem é julgado. Porque QUEM
CONHECEU A MENTE DO SENHOR, PARA QUE POSSA INSTRUÍ-LO? Mas nós
temos a mente de Cristo (1Co 2:9-16).

Você notou que parte do texto citado acima é um verso do Antigo Testamento? Paulo não está
dizendo que não sabemos o que Deus tem preparado para nós; ele está dizendo que eles (os crentes
do Antigo Testamento) não sabiam o que Deus tinha preparado para eles, porque não eram “novas
criaturas”. Nós, porém, temos a mente de Cristo, porque somos nascidos do Seu Espírito. Nós
pensamos como Deus.
Ainda temos um livre arbítrio e ainda podemos escolher pecar. No entanto, como santos, isso
não mais ocorre facilmente. Há um rio de Deus que corre por nossas almas e nos leva em direção
ao trono. Se não remarmos vamos acabar na casa de Deus. Estamos propensos à justiça. É por isso
que Paulo disse: “Estou crucificado com Cristo, não obstante, eu vivo, porém, não eu, mas Cristo
vive em mim” (Gl 2:20).

- TENTANDO FAZER A COISA CERTA, MAS -


Muitas pessoas têm entendido mal o sétimo capítulo da carta aos Romanos. Nesse capítulo,
Paulo fala sobre sua luta entre tentar fazer o bem e ainda estar fazendo a coisa errada. Se lermos
esses versículos à luz dos seus versos anteriores e posteriores, descobrimos que é impossível que
Paulo esteja falando sobre sua vida redimida. Todo o livro de Romanos é uma carta sobre o
contraste entre a vida vivida sob a Lei e a vida que está em Cristo.
No sexto capítulo de Romanos, Paulo nos ensina que, quando fomos batizados, morremos
com Cristo e, quando saímos da água, fomos ressuscitados com Ele à semelhança da Sua ressur-
reição. O batismo não é um ato simbólico, é um ato profético. Atos proféticos, como declarações
proféticas, liberam o poder de Deus para efetuar uma mudança em nossas vidas. No caso do
batismo, ser submerso na água é o ato de morrer com Cristo, mas o ser puxado para fora da água é
tão importante quanto, pois traz o poder para viver em Cristo! É assim que se lê:

Portanto, fomos sepultados com ele para morte pelo batismo, para que assim como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos
na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele,
para que o corpo do pecado pudesse ser destruído, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque
aquele que morreu está liberto do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também
viveremos com ele; Sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte não tem mais domínio sobre ele. Pois quanto ao morrer, ele morreu uma só vez para o
pecado; mas quanto ao viver, vive para Deus. Assim também vós, considerai-vos mortos de fato
para o pecado, mas vivos para Deus em Jesus Cristo nosso Senhor (Rm 6:4-11).

Ele nos exorta a nos considerarmos (ou seja, pensar dessa forma) mortos para o pecado e vivos
para Cristo. Entramos no tanque batismal com uma cruz e saímos com uma coroa! Pecar é
incongruente com a nossa nova natureza.
O sétimo capítulo começa com uma analogia de uma mulher casada com um homem. Aqui
está o que Paulo diz:

Não sabeis vós, irmãos (pois eu falo aos que conhecem a lei), que a lei tem domínio sobre o
homem enquanto ele vive? Porque a mulher que tem marido, está ligada pela lei ao marido,
enquanto ele viver; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do marido. Então assim, enquanto
seu marido viver, se ela se casar com outro homem, será chamada adúltera; mas se seu marido
morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera, mesmo que ela venha a se casar com outro
homem. Portanto, meus irmãos, também vós tornastes mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para
que chegásseis a ser de outro, do que foi ressuscitado dentre os mortos, a fim de que déssemos
fruto para Deus (Rm 7:1-4).

Paulo está nos dando uma descrição de nossas vidas antes e depois de Jesus. Estávamos
casados com a lei. A Lei nos mostrava todas as coisas que estávamos fazendo errado, mas não tinha
poder para nos mudar. Quando Cristo morreu, a Lei foi cumprida, libertando-nos para casarmos
com outro marido. Se nos identificamos com Ele na Sua morte, entramos em uma nova aliança e
estamos noivos do próprio Jesus. Paulo continua fazendo uma forte conexão com aqueles que
lutam sob a lei, descrevendo a batalha que enfrentou quando era casado com a lei. Paulo, porém,
declara vitória na guerra da sua e das nossas almas no oitavo capítulo de Romanos com este golpe
final. Ele diz: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que
não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Jesus
Cristo, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8:1-2).

- A FÉ É O CATALISADOR DO REINO DO ESPÍRITO -

A justiça de Deus entra em nossa vida pela fé. Para acreditarmos em alguma coisa, temos que
saber que há algo em que acreditar. O mundo espiritual inteiro opera pela fé, e não apenas o
mundo de Deus. Por exemplo, o medo é a manifestação de que temos fé no reino errado. Quando
acreditamos que algo vai dar errado, cedemos a nossa fé para o inimigo. Ao fazermos isso, damos
poder àquele que Jesus desarmou na cruz. Quando cremos em Deus, permitimos que o Espírito
Santo e os anjos tragam à existência a vontade dele para nós.
Se tivermos sido ensinados que depois de receber a Cristo ainda somos pecadores, vamos fazer
um grande esforço para tentar fazer a coisa certa, pois estaremos pondo a nossa fé em nossa
capacidade de falhar em vez de colocá-la em Sua obra na cruz! Podemos passar o resto de nossas
vidas vivendo sob a maldição do nosso antigo nome “pecador” ou, como Israel, podemos tomar
posse do nosso novo nome que tem o poder de alterar o nosso próprio DNA. Nós somos santos,
crentes sagrados e cristãos, o que significa que somos “pequenos Cristos”! Quando o nosso Pai
olha para nós, Ele vê a imagem do Filho que Ele ama.
06 — Treinando para Reinar

- CRIADO COMO REALEZA -

Logo depois que eu comecei a aprender sobre a minha identidade de príncipe, o Senhor me
mostrou que Ele estava me comissionando a usar o que estava aprendendo para levantar uma
geração inteira de príncipes e princesas. Tenho passado os últimos anos descobrindo os valores
fundamentais que desenvolvem os indivíduos em suas identidades reais e promovem uma cultura
de realeza. Vou explorar alguns desses valores nos próximos capítulos, mas, neste capítulo, quero
analisar a importância de termos pessoas que falem às nossas vidas e invoquem os nossos destinos.
Já descrevi a influência negativa que muitos de nós tivemos em nossas vidas por causa de pais e
outros que foram modelos destrutivos. O amor é sempre mais poderoso do que o ódio. A
influência mais poderosa de todas que podemos ter vem de modelos positivos que nos encorajam e
nos mostram o caminho certo para viver.
Uma noite, ainda no início da minha jornada para o palácio, o Senhor começou a me mostrar
algumas coisas no livro de Provérbios, que foi escrito por Salomão - o homem mais sábio do
Antigo Testamento. Ele era o segundo filho nascido de Davi e Bate-Seba. Quando o primeiro
filho de Bate-Seba morreu, Davi recebeu uma palavra do Senhor de que Salomão, no tempo certo,
seria rei em lugar de Davi. Por causa disso, Salomão foi um dos raros líderes na Bíblia que foi
criado para ser rei desde o nascimento (veja l Cr 22:8-9). Escrito ao final de sua vida, o livro de
Provérbios registra a influência dos ensinamentos de seus pais. Davi teve muitos filhos, mas
Salomão disse no livro de Provérbios: “Porque eu era filho de meu pai, tenro e único, amado à vista
de minha mãe. Ele também me ensinava, e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras”
(Pv 4:3,4). Ele se destacou do resto de seus irmãos, recebendo tratamento especial e amor.
Dentro da sabedoria do livro dos Provérbios estão as chaves de Salomão para viver como
realeza. Por exemplo, Provérbios 23:1-3 diz: “Quando te assentares para comer com um
governante, considera diligentemente o que é posto diante de ti; e põe uma faca à tua garganta se
fores um homem de grande apetite. Não sejas desejoso de suas iguarias; porque são alimento
enganoso”.
Note que ele não disse: “Se você comer com um governador”, mas, em vez disso: “Quando
você comer com um governador”. Não SE reis o convidarem, mas QUANDO reis o convidarem.
Nunca houve uma dúvida sobre se Salomão seria influente e interagiria com outros líderes e
pessoas poderosas. Ele não podia imaginar uma realidade onde não era valorizado e procurado,
portanto não conseguia se enxergar como um escravo. Embora possa ter tido dificuldades que não
iremos enfrentar neste dia e nesta época, ele foi estimado pelas pessoas importantes ao seu redor e,
muito provavelmente, nunca lutou com sentimentos de rejeição, abandono ou abuso. Como
resultado de sua educação, o livro de Provérbios está repleto de frases que refletem a sabedoria real
de Deus. Salomão viveu de acordo com os princípios de sabedoria encontrados em Provérbios e a
fama do seu reino é atribuída a esses princípios.
Imagine se você tivesse sido criado em um palácio onde cada pessoa ao seu redor lhe dissesse
que você estava destinado a ser um rei ou rainha desde o nascimento. Quem você seria hoje e como
a sua vida seria diferente agora? Talvez seja mais fácil imaginar-se sendo criado como o presidente
dos Estados Unidos. Pense nas consequências que isso traria à sua infância e como tal coisa
poderia afetar o seu destino. Será que não desejaria fazer o seu melhor em vida e viveria de acordo
com a norma da conduta real dada a você? Se sabemos que estamos destinados para a grandeza,
por que, em alguma hipótese, consideraríamos abandonar aquele curso ou não viveriamos de
acordo com esse potencial?
O Senhor me mostrou que não é tarde demais para começar a pensar como Salomão pensava,
usar a sabedoria dada por Deus e acreditar na grandeza dentro de nós. Mesmo que as principais
pessoas que nos influenciaram tenham sido modelos negativos, como cristãos agora seguimos a
Cristo como nosso exemplo e ouvimos o Espírito Santo nos chamando conforme nossas
verdadeiras identidades. Quando começarmos a agir como a realeza, questões que pareciam
montanhas em nossas vidas se tornarão meras pedras de apoio para demonstrar o nosso caráter.

- ENTREGANDO NOSSAS VIDAS PELOS OUTROS -

Ester, uma mulher que geralmente lembramos como tendo sido uma rainha de um império
pagão do Antigo Testamento, não nasceu em um contexto privilegiado. Sua vida foi diferente
porque teve alguém que a trouxe para o seu destino real. Mardoqueu, seu tio, adotou-a após a
morte de seus pais e é evidente nas Escrituras que ele a amava e a criou para acreditar que era
bonita e importante. Sua influência fez com que ela se destacasse.
Ela foi selecionada como candidata a rainha juntamente com muitas outras virgens e
impressionou os líderes dos guardas do rei. A Bíblia diz: “Ester obteve favor à vista de todos os que
cuidavam dela” (Et 2:15). Mesmo Ester ainda não estando pronta para encontrar o rei, a
influência de Mardoqueu a preparou para se destacar durante seu ano de preparação no harém do
rei. Lá, ela aprendeu os caminhos da realeza.
Seu tempo de preparação foi dividido em duas sessões de seis meses: a primeira visava
purificá-la com óleo e mirra, a segunda era para realçar sua beleza com perfumes e cosméticos. A
formação dada por seu tio e o ano de intensa preparação a levou ao triunfo. A Bíblia registra isso
desta maneira: “E o rei amou Ester acima de todas as mulheres, e ela obteve graça e favor à sua
vista mais do que todas as virgens; de modo que ele pôs sobre a sua cabeça a coroa real, e a fez
rainha no lugar de Vasti” (Et 2:17). Mais tarde neste livro, vamos falar sobre a importância da
ascensão de Ester à realeza e a forma como ela se levantou em tempos difíceis para salvar o dia.

- CRIADA COMO UMA PRINCESA -

Bonnie, uma senhora que se formou na nossa Escola de Ministério Sobrenatural, é um


exemplo moderno de uma mulher da realeza. Um ano depois de se formar, ela se tornou líder na
escola. Quando conheci Bonnie, percebi que havia algo especial nela. Estava entrevistando-a
como uma potencial estudante da Escola de Ministério. Ao longo dos anos, tinha entrevistado
centenas de pessoas para empregos e escolas, mas ela era diferente. Ela veio ao meu escritório bem
vestida e trouxe caneta e papel, pronta para me fazer perguntas sobre a escola.
Ela disse que estava considerando ingressar na Escola de Ministério, e que ela e seu marido
queriam conhecer as minhas credenciais já que eu era o responsável pela escola. Ela não era como
os outros, que vinham buscando impressionar ou implorando para serem aceitos. Ela tinha uma
mentalidade completamente diferente. Bonnie e seu marido estavam tentando decidir se iríamos
ficar com ela. Pensei que a estava entrevistando, mas os papéis mudaram e ela passou a me
entrevistar! Ela queria saber onde estudei e onde recebi meu diploma teológico. Ela perguntou
quem me habilitou e onde recebi treinamento ministerial.
Por fim, sentindo-me um pouco intimidado, admiti: “Não tenho qualquer treinamento
oficial, nunca fui para a faculdade e não tenho nenhum título”. Então, disse a ela sobre um
encontro que tive com Deus e como Ele havia me chamado para levantar um exército de guerreiros
que restauraria as cidades assoladas (veja Is 61:4).
Ela abaixou a caneta e olhou para mim como se estivesse vendo a minha alma. “Isso é Deus,
quero ser parte disso,” ela disse.
Um par de anos mais tarde, ela se formou na escola e lhe pedimos para integrar nossa equipe.
Um dia, estava compartilhando minha nova revelação sobre o tema “de escravo a príncipe” com a
equipe da escola. Bonnie estava sentada com a gente e me ouvia enquanto estava discutindo
minhas ideias com a equipe. Eu estava apaixonadamente exortando a equipe sobre a necessidade
de entendermos que somos realeza; não somos escravos, mas príncipes. Após cerca de uma hora da
minha pregação, Bonnie parecia perturbada e não estava se conectando à ideia.
Finalmente, ela disse: “Não concordo com o que você está dizendo. Não acredito que a
questão seja descobrirmos que nós somos príncipes e princesas, mas sim nos certificar de que as
outras pessoas entendam quem elas são.”
Eu lhe disse: “Sabe por que você acha que seja esse o problema? Você foi criada para ser uma
princesa. Assim, a tarefa para você é como fazer para garantir que as pessoas que entrem em sua
presença se sintam valorizadas. Fui criado como um escravo e, portanto, tenho que aprender que
eu sou significativo primeiro. Não posso ajudar outras pessoas a se sentirem valorizadas até que
saiba que eu o sou.”
Bonnie tinha sido criada como uma princesa e, obviamente, ainda é tratada como uma por
aqueles ao seu redor. Ela se porta como sendo da realeza e as outras pessoas podem ver isso. Ela
não tem problema em saber quem é, de modo que se concentra em garantir que as outras pessoas
recebam a revelação de quem são. Essa é a verdadeira mentalidade de um príncipe e de
uma princesa. Eles gastam mais tempo para erguer as pessoas ao seu redor em vez de se
preocuparem com sua própria significância. Já sabem quem são por dentro, o que lhes permite se
tornarem abnegados e darem mais do que recebem.

- DESPERTANDO A GRANDEZA NOS OUTROS -

Temos sido comissionados para desenvolver uma cultura que levante pessoas como Salomão,
Ester e Bonnie, chamando as pessoas para os seus destinos reais. A Bíblia diz: “Como as águas
profundas é o conselho no coração do homem, mas um homem de entendimento a trará para fora”
(Pv 20:5). Precisamos cultivar um ambiente que traga à tona os planos que Deus tem escondido
nos corações das pessoas. Salomão foi ensinado assim: “Ensina a criança no caminho em que deve
andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22:6). E importante que entendamos o
“modo como as pessoas devem andar” para que possamos ajudá-las ase tornarem o que Deus as
chamou para ser.
O ministério profético pode desempenhar um papel enorme no desenvolvimento de uma
cultura real. Quando palavras proféticas são dadas, elas são uma revelação da verdadeira identidade
das pessoas. Essa informação ajuda os líderes a conhecê-las segundo o Espírito, e, assim,
desenvolvê-las nas pessoas que foram criadas para ser. Allison, uma estudante da Escola de
Ministério, disse-me outro dia: “Amo ouvir as profecias das outras pessoas.”
“Mesmo?” Respondi. “Por quê?”
“Porque assim eu aprendo a tratá-las não pelo modo como elas estão, mas como Deus as criou
para ser,” ela respondeu.
Nossa pastora do berçário, Carla, tem desenvolvido uma cultura profética entre os mais jovens
do nosso rebanho. Na porta do berçário, um letreiro proclama: “Treinando Para Reinar”. Ela
mantém um arquivo para cada criança no berçário. Ela tem treinado sua equipe para profetizar
sobre cada criança enquanto derramam amor sobre elas e, depois, registram as profecias e as
adicionam aos respectivos arquivos das crianças. Ao que uma criança cresce e passa de classe para
classe a cada ano, o arquivo dela a segue, de modo que os nossos professores possam entender o
plano original que Deus tem para cada criança individualmente. Nossa escola primária recebe os
arquivos delas e continua a desenvolvê-las com a ajuda dessa visão profética.
A história de Saul no livro de Primeiro Samuel ilustra ainda mais o papel do ministério
profético em revelar o destino real de uma pessoa. O pai havia perdido suas jumentas, então
mandou o seu filho Saul e o seu servo para encontrá-las. Após procurarem por dias e não
conseguirem encontrá-las, decidiram ir a um profeta em uma cidade próxima e ver se ele podería
dizer-lhes onde as jumentas estavam.
Aqui está o relato bíblico:

Ora, o Senhor havia falado a Samuel, ao seu ouvido, um dia antes de Saul chegar, dizendo:
Amanhã, por volta desta hora, eu te enviarei um homem da terra de Benjamim, e tu o ungirás para
ser capitão sobre o meu povo, Israel, para que ele possa salvar o meu povo da mão dos filisteus; pois
tenho atentado ao meu povo, porque o seu clamor tem chegado a mim. E, quando Samuel viu
Saul, o Senhor lhe disse: Eis o homem de quem te falei! Este mesmo reinará sobre o meu povo.
Então, Saul se aproximou de Samuel no portão, e disse: Diz-me, rogo-te, onde é a casa do vidente.
E Samuel respondeu a Saul, e disse: Eu sou o vidente; sobe adiante de mim até o lugar alto; pois
vós comereis comigo hoje e, amanhã, eu vos deixarei partir, e te contarei tudo o que está no teu
coração. E, quanto aos teus jumentos que estavam perdidos três dias atrás, não tenhas neles a tua
mente; pois foram achados. E sobre quem está todo o desejo de Israel? Não é sobre ti, e sobre toda
a casa do teu pai?E Saul respondeu e disse: Não sou eu um benjamita, da menor das tribos de
Israel? E a minha família a menor de todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que então falas
tu assim comigo? (1Sm 9:15-21)

A coisa mais importante nessa passagem é que, quando Samuel diz a Saul que ele irá
revelar-lhe tudo o que tem estado em sua mente (literalmente, no seu coração), Saul não tem ideia
do que ele está falando. Saul não entendeu que Samuel havia recebido a missão de revelar a sua
grandeza, a grandeza que já estava dentro dele.
Veja o que acontece a seguir:

“Então, Samuel pegou um frasco de azeite, e o derramou sobre a sua cabeça, e o beijou, e disse:
Não é isto porque o Senhor te ungiu para ser capitão sobre a sua herança? Hoje, quando tiveres
partido de mim, então, encontrarás dois homens junto ao sepulcro de Raquel, no limite de
Benjamim, em Zelza; e eles te dirão: Os jumentos que foste procurar foram encontrados; e, eis que
o teu pai deixou de se preocupar com os jumentos, e por ti se aflige, dizendo: O que farei pelo meu
filho? Então, prosseguirás adiante dali, e chegarás à planície de Tabor, e ali te encontrarão três
homens subindo até Deus, a Betei, um carregando três cabritos, e outro carregando três pães, e um
outro carregando uma garrafa de vinho; e eles te saudarão, e te darão dois pães; os quais receberás
das suas mãos. Depois disso, tu virás ao outeiro de Deus, onde está a guarnição dos filisteus; e
sucederá que, quando chegares lá na cidade, encontrarás uma companhia de profetas descendo do
lugar alto com um saltério, e um tamborim, e uma flauta, e uma harpa adiante deles; e eles
profetizarão; e o Espírito do Senhor virá sobre ti, e tu profetizarás com eles, e serás transformado
em outro homem” (1Sm 10:1-6).

Samuel unge Saul como rei de Israel! Uau! O chamado de Saul tinha sido escondido sob a
baixa autoestima e a percepção errônea das circunstâncias de sua vida. Sua resposta a Samuel
mostra que ele não tinha sido criado como realeza, nem fora ensinado acerca do seu verdadeiro
valor: “Não sou eu um benjamita, da menor das tribos de Israel? E a minha família a menor de
todas as famílias da tribo de Benjamim?” Observe como a cultura profética que Saul encontrou o
transformou em outro homem. Ele não foi transformado em um homem diferente, mas foi
transformado de volta no homem original que foi criado para ser. O verdadeiro Saul se perdeu na
lama da baixa autoestima, do pecado e da insignificância. Assim como Saul, todos nós temos dons,
talentos e habilidades; no entanto, alguns de nós não acreditamos em nosso potencial até que
alguém venha ao nosso lado e diga: “Olhe para o quanto que há dentro de você.”
Muitos de nós perdemos nossas verdadeiras personalidades no lixo de nossas vidas. Nós, a
igreja, somos comissionados a desenvolver uma cultura profética real que faça com que o destino
das pessoas seja revelado. As pessoas, então, serão trazidas de volta ao que foram projetadas para
ser quando Deus as concebeu.
Paul Manwaring é um pastor da Inglaterra que se juntou à nossa equipe há alguns anos. Ele
tem dado ao nosso corpo eclesiástico um exemplo prático de como encorajar uma atmosfera de
grandeza. Ele foi o Diretor de uma prisão por muitos anos na Inglaterra e, como tal, foi convidado
para o palácio real várias vezes. Por muitas vezes ele relatou essas experiências à nossa equipe. Ele
fala sobre como o próprio palácio evoca grandeza em seus súditos reais. Ao longo das paredes do
castelo estão espalhados retratos de pessoas nobres que já constituíram a família real, gerações da
realeza que moldaram a história. Cada retrato estabelece um padrão a ser atingido, uma meta a ser
alcançada e uma herança a receber. Como o palácio real define um padrão de nobreza, assim de-
vemos fazer para com aqueles que se relacionam conosco. Somos chamados a sermos como
Samuel para os Sauls da nossa geração. Às vezes, tudo o que é preciso são palavras proféticas de
mudança de vida para nos conceder a graça de entrarmos na dimensão de viver tudo o que Deus
tem para nós.

- TRAZENDO À EXISTÊNCIA A GRANDEZA EM NOSSAS FAMÍLIAS -

Em alguns aspectos, o desenvolvimento de uma cultura real na igreja depende de que essa
cultura seja, primeiramente, incutida em nossas famílias. Deus deseja que nossas casas sejam como
palácios, onde os nossos filhos são chamados, treinados e equipados para andarem em seus
destinos proféticos. Não quero dizer que as nossas casas têm que ser caras, bonitas ou mesmo
nossas, mas que elas precisam ser lugares que nos façam lembrar do nosso destino profético e que
cultivem esse destino em nós e através de nós.
Nossa identidade vem do Senhor, mas ela nos é comunicada primeiramente por nossos pais.
Se nossa família tem gerações de vida familiar saudável, somos mais propensos a sabermos quem
somos. Mesmo que eu e Kathy não tivéssemos tido uma revelação completa de quem éramos
quando começamos a criar nossos filhos, sabíamos que nossa casa tinha que ser diferente de nossas
próprias experiências como crianças. Kathy e eu criamos nossos quatro filhos para serem príncipes
e princesas. Eles foram informados através de nossas ações, palavras e amor que nós os
valorizávamos e que eles eram importantes para nós. Não queríamos que nossos filhos passassem
pelas mesmas dificuldades que passamos.
Criamos a nossa família para ser poderosa ao invés de controlada. Ensinamos que suas
opiniões eram valiosas. Conseguimos isso ouvindo-os. Quando tomávamos decisões importantes,
permitíamos que nossos filhos participassem dessas discussões, porque queríamos ensiná-los a
pensar, orar e tomar decisões por si mesmos. Eles foram autorizados a questionar nossas decisões,
especialmente as que lhes diziam respeito, desde que tivessem a atitude certa. Às vezes, eles até
mesmo apresentavam fatos dos quais não tínhamos nos dado conta, trazendo uma nova visão
sobre as situações. Não ficávamos em modo de “não” enquanto eles falavam conosco, sempre
estávamos disposto a ouvi-los.
Uma das minhas memórias favoritas no que tange a dar voz aos nossos filhos foi quando Jaime
tinha 14 anos e Shannon tinha 12. Elas tinham sido convidadas a irem à China para
contrabandear Bíblias para o país. Kathy e eu imediatamente dissemos: “De jeito nenhum! Vocês,
meninas, são muito jovens e a China não é lugar para crianças.” Durante o próximo par de
semanas, as meninas explicaram a questão. Elas nos lembraram que nós havíamos lhes ensinado
que Deus nos protege, que devemos confiar nele com as nossas vidas, e que poderíamos até mesmo
honrá-Lo com a nossa morte. Elas repetiram coisas que tínhamos ensinado durante anos: “Pai,
você nos disse que nascemos para mudar o mundo, para fazer a diferença. Esta é uma
oportunidade para que Deus nos use e prove Sua fidelidade.” Sabíamos que elas estavam certas,
mas era difícil praticar o que havíamos pregado. Oramos fervorosamente e, finalmente, as
deixamos ir.
Elas ficaram fora por três semanas. A primeira coisa que aconteceu foi que Jamie e outra
menina foram pegas contrabandeando Bíblias através da fronteira. Quando elas foram levadas à
sala de interrogatório, uma mulher chinesa conhecida como a “Mulher Dragão” revistou-as.
Quando a Mulher Dragão colocou a mão sobre o vestido de Jaime, a outra garota deu um tapa nela
e elas entraram em uma briga. Não estávamos em casa quando uma pessoa da equipe delas ligou e
deixou uma mensagem dizendo que as meninas tinham sido presas, mas que estavam bem.
Nenhuma outra informação nos foi dada e não tivemos mais notícias até alguns dias mais tarde.
Foram os mais longos dias de nossas vidas. Aconteceu que, depois de várias horas de
interrogatório, o governo chinês tomou as Bíblias delas e, milagrosamente, deixou elas entrarem
no país.
Uma semana depois, Shannon ligou de uma cabine telefônica na China. Ela foi separada da
equipe e estava perdida na China. Ela não falava nada em chinês, então não conseguia descobrir
como voltar ao hotel. Ela estava chorando e eu estava tentando confortá-la enquanto lutava com o
meu próprio pânico. Oramos por telefone por ajuda divina. Assim que terminamos a nossa oração,
um policial chinês chegou à cabine telefônica e, em perfeito Inglês, perguntou se poderia ajudá-la!
Ele a levou de volta para o hotel e tudo ficou bem.
Quando as meninas finalmente chegaram a Hong Kong durante o trajeto de retorno, elas
ligaram novamente. Ambas estavam chorando. Achávamos que estavam com saudades de casa,
mas na verdade elas apenas não queriam deixar a China. Elas haviam se apaixonado pelo povo
chinês e queriam dar suas vidas por eles. Devo admitir que, dessa vez, não ouvi seus argumentos e
elas voltaram em segurança para casa. Elas foram mudadas para sempre através dessa experiência,
e nós também. Elas continuaram a ir por todo o mundo durante a adolescência. No fim das contas,
ambas conheceram seus maridos no campo missionário e agora os auxiliam no pastoreio em duas
igrejas diferentes da costa da Califórnia!
Dar nosso tempo às nossas famílias é também um importante fator na criação dos filhos.
Aquilo em que os nossos filhos estavam envolvidos era importante para nós. Demonstrávamos isso
através de uma variedade de maneiras, desde simplesmente pelo estar presente em eventos até pelo
atestar o valor deles quando quer que se sentissem rejeitados por seus pares, íamos aos seus eventos
esportivos e apoiávamos suas atividades extracurriculares. Eles estavam envolvidos em tantas coi-
sas (num determinado ponto, tivemos nossos quatro filhos no ensino médio ao mesmo tempo) que
Kathy e eu muitas vezes nos dividíamos para ir aos jogos e, em seguida, por vezes, trocávamos de
lugar durante o intervalo. Muitas vezes, ficávamos fora quatro noites por semana apenas indo para
as atividades deles! Shannon e Jaime eram líderes de torcida e jogavam softbol e voleibol. Eddie
jogava basquete, beisebol, futebol e futebol americano. Jason jogava basquete em duas equipes ao
mesmo tempo, além de futebol, futebol americano e beisebol. Uau! Nós sobrevivemos e
aproveitamos cada minuto do caos.
Assim como Moisés, nossos filhos não tinham ideia do que era não serem aceitos pelos outros.
Em contraste a isso, quando estava no ensino médio, eu passava o meu tempo sentado em casa
esperando que alguém me chamasse. Eu gostava da companhia das pessoas, mas fui criado para
me sentir insignificante, então pensava que, se chamasse alguém, as pessoas provavelmente não
iriam querer falar comigo. Meu filho Jason também era muito social. Às vezes, à noite, ele ligava
para cerca de oito a dez pessoas. Ele tinha uma autoestima e uma autoconfiança saudável. Ele
tomava a iniciativa, conseguia um lugar para si na vida dos outros, e assumia que eles gostariam de
ouvi-lo! Nunca lhe ocorreu que alguém não gostaria de falar consigo; ele não tinha medo da
rejeição.
Cada criança tinha necessidades diferentes e, em um caso, tive que intervir para impedir que a
rejeição ferisse o coração de minha filha Jaime. Tanto Jamie quanto Shannon são bonitas, mas têm
personalidades opostas. Enquanto Shannon estava fora se socializando, sendo engraçada e
fazendo amigos, Jaime ficava lendo, levantando peso ou em outras atividades mais individuais.
No ensino médio, o grupo de jovens delas tinha jantares especiais e noites de encontro para
que pudessem ter um ambiente divertido e seguro para aprenderem a cultivar um relacionamento
com o sexo oposto. Às vezes, Shannon recebia cinco ofertas diferentes de jovens homens que
queriam levá-la para sair. Jaime, por sua vez, não recebia um convite sequer. Parecia que os jovens
eram intimidados por sua natureza forte e tranquila. A campainha tocava e, mais uma vez,
Shannon saía para outro encontro. Jaime subia as escadas até o seu quarto, com lágrimas
escorrendo pelo rosto, e se deitava em sua cama chorando. Eu subia e a encontrava com o rosto no
travesseiro. “Papai, por que nunca sou chamada para sair? Há algo de errado comigo? Eu sou feia?”
Ela perguntava.
Dentro de mim, meu coração ficava partido por causa dela. Eu respondia: “Eles simplesmente
ainda não sabem como chamar uma princesa para sair. Vista-se, porque vou levá-la para um
encontro.” Eu a levava para os melhores lugares da cidade e nós nos divertíamos juntos. Acho que,
no fim das contas, eu a levei para sair mais vezes do que levei Kathy! Queria que ela soubesse o que
era ser levada para sair e se divertir enquanto era tratada com respeito. Através desses momentos
especiais que passamos juntos, a autoconfiança de Jaime foi protegida e ela foi afirmada em um
período muito difícil de sua vida. Hoje, ela é uma confiante e feliz mulher, esposa, ministra e mãe,
que não lida com a insegurança que poderia ter desenvolvido na escola.

- NOSSA COMISSÃO -
Como Sacerdócio Real de Deus, somos chamados a desenvolver uma cultura em nossas casas,
igrejas, empresas e, finalmente, nações que traga à tona o melhor dos indivíduos, abrindo espaço
para que vivam seus destinos de príncipes e princesas. Fazemos isso ao ver e ao tratar os outros e a
nós mesmos não pelo que somos, mas pelo que Deus nos criou para sermos. Esse conhecimento e
amor só podem vir à tona a partir da intimidade com Deus. Não somos mais Seus servos, mas seus
amigos, andando ao Seu lado como reis e rainhas da Sua corte.
Minha própria luta com a insegurança é a prova do efeito negativo que pessoas têm em nossas
vidas quando diminuem o nosso valor em vez de afirmá-lo. Mas a força, a coragem e a autoestima
que vejo em meus filhos, e nos exemplos de Salomão e Ester, são um testemunho da poderosa
diferença que faz na vida das pessoas quando elas têm alguém trazendo à superfície a grandeza
escondida nelas.
Que Deus nos conceda a visão para vermos além das lutas exteriores da vida das pessoas e
falarmos ao tesouro que está dentro delas. Que Ele nos dê sabedoria para forjarmos reis e
sacerdotes, e que Ele nos dote de poder para destruir as obras do diabo!
07 — Adivinhe Quem Vem Para o Jantar?

- ESCRAVOS VERSUS AMIGOS -

Espero que finalmente você esteja começando a compreender que nasceu na família real.
Como filhos e filhas do rei, somos uma das razões pelas quais Jesus é chamado “Rei dos reis e
Senhor dos senhores” (Ap 19:16). Jesus não é rei apenas sobre os reis terrenos ao redor do mundo,
mas também é rei sobre os reis que reinam junto a Si no Reino de Deus. O livro de Apocalipse fala
de nós desta maneira: “E ali não haverá noite, e eles não necessitarão de lâmpada, nem da luz do
sol, porque o Senhor Deus os ilumina, e eles reinarão para sempre e sempre” (Ap 22:5).
É importante que não percamos de vista o fato de que Deus ama a obediência mais do que o
sacrifício. Ele nunca nos deu permissão para O destronar, desrespeitar, ou desvalorizar. O que
muitos de nós não entendemos é que a glória de Deus, na verdade, é expandida à medida que cada
um de Seus filhos e filhas recebe a revelação de sua nobreza e começa a fazer uso de Sua
autoridade. Aqueles de nós que têm filhos compreendem que, quando nossos filhos se sobressaem
e se tornam bem sucedidos, suas realizações trazem honra para toda a família.
Tornarmo-nos amigos do Deus das galáxias irá aumentar dramaticamente o nosso senso de
autoestima. Jesus disse:

Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o
servo não sabe o que faz o seu senhor; mas eu tenho-vos chamado amigos, porque todas as coisas
que eu ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer (Jo 15:14,15).

Observe o contraste entre “mestre e escravo” e “Pai e amigo”. Jesus traz um grande equilíbrio
aqui quando nos lembra de que escravos obedecem por medo, mas amigos obedecem ao Pai por
amor. Um coração disposto é um pré-requisito para sair da escravidão e entrar num
relacionamento de amizade. Ele também destaca o fato de que escravos não sabem o que seu
mestre está fazendo, mas amigos sabem tudo sobre os negócios do Pai. Jesus deu o exemplo para
nós ao agir segundo o que via o Pai fazer. Se for para fazermos o mesmo, temos que compreender
que temos sido convidados a ter o mesmo tipo de amizade com o Pai que o próprio Jesus tinha.

- AQUELES QUE ANDARAM COM DEUS -

Deus teve relacionamentos extraordinários com várias pessoas ao longo da Bíblia. O livro de
Êxodo diz: “E o Senhor falava com Moisés face a face, como um homem fala com seu amigo” (Êx
33:11). Tiago diz que Abraão era um amigo de Deus (veja Tiago 2:23). Amigos influenciam
amigos. Esses dois homens são um exemplo de pessoas que experimentaram uma ligação especial
com Deus, na qual o Senhor os convidou para influenciá-Lo.
Gênesis dá uma ideia a respeito da relação de Abraão com Deus. O Senhor disse a Abraão:
“Eu ocultarei de Abraão as coisas que faço, vendo que Abraão certamente se tornará uma nação
grande e poderosa, e todas as nações da terra serão abençoadas nele” (Gn 18:17,18). Deus estava
dizendo a Abraão que, devido à importância de sua posição na terra, ele deveria receber
informações privilegiadas. Então, o Senhor diz a Abraão que Ele está prestes a destruir Sodoma.
A resposta de Abraão é surpreendente. Ele se sente livre para interagir com Deus, sabendo que o
Senhor valoriza a sua opinião. Preste atenção ao protesto de Abraão:

Tu destruirás também os justos com os ímpios? Se porventura houver cinquenta justos na


cidade, tu destruirás também e não pouparás o lugar por causa dos cinquenta justos que estão nela?
Esteja longe de ti fazer segundo essa maneira, matar os justos com os ímpios; e que os justos sejam
como os ímpios, isso esteja longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra? (Gn 18:23-25)

As perguntas que ele fez são importantes, mas de maior importância é o fato de que ele
questionou. De onde é que Abraão tirou a ideia de que um ser humano teria qualquer direito de
questionar o seu Criador? O que levaria um homem a pensar que poderia ter uma visão diferente
de uma situação que Deus não teria tido antes? Quem poderia dizer a Deus: “Há algumas lacunas
em seu raciocínio naquela parte ali, Senhor!” No entanto, isso está nas Escrituras. Um homem
debate com seu Deus com base na amizade entre eles.
Encontramos o mesmo tipo de relacionamento ocorrendo entre Deus e Moisés. Preste
atenção à conversa registrada no livro de Êxodo. Lê-se o seguinte:

E disse o Senhor a Moisés: Vai e desce, porque o teu povo, que tiraste da terra do Egito, se
corrompeu. Depressa se desviaram do caminho que eu lhes ordenei. Fizeram para si um bezerro de
fundição, e o adoraram, e lhe fizeram sacrifícios, e disseram: Estes são os teus deuses, ó Israel, que
te tiraram da terra do Egito. E o Senhor disse a Moisés: Tenho visto esse povo e, eis que é um
povo obstinado. Por isso, agora deixa-me só, para que minha ira se acenda contra eles, e para que
eu os consuma; e farei de ti uma grande nação” (Êx 32:7-10).

A resposta de Moisés me impressiona! Moisés disse a Deus:


Senhor, por que a tua ira se acende contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande
poder, e com mão forte? Por que falariam os egípcios e diriam: Para mal os tirou, para matá-los
nos montes, e para destruí-los da face da terra? Desvia-te da tua ardente ira, e arrepende-te deste
mal contra o teu povo. Lembra-te de Abraão, Isaque e Israel, teus servos, aos quais juraste por ti
mesmo e lhes disseste: Multiplicarei a vossa semente como as estrelas do céu, e toda esta terra de
que falei darei à vossa semente, e eles a herdarão para sempre (Êx 32:11-13).

Aqui, então, vem o verso que vai fundir as nossas mentes, arruinar a nossa teologia, e nos
trazer à beira de um pesadelo onisciente: “E o Senhor desistiu do mal que tinha pensado fazer ao
seu povo” (Êx 32:14).
Essa incrível história destaca um relacionamento íntimo entre um homem e seu Deus. Aqui,
um ser humano não redimido, vivendo sob a antiga aliança, encontra espaço para argumentar com
o Deus de toda a criação, o mais sábio Ser em todo o universo, e Lhe diz que destruir o Seu próprio
povo é simplesmente uma má ideia. A conversa entre eles revela um profundo senso de respeito
mútuo.
Deus, com raiva de Israel, tenta colocar a responsabilidade pelas pessoas sobre os ombros de
Moisés, dizendo-lhe: “Essas são as suas pessoas, que você tirou do Egito.” “Invertendo 0 jogo”,
Moisés diz a Deus: “Esses são o Seu povo, que Você tirou do Egito.”
Essa conversa me faz lembrar dos momentos em que costumava chegar em casa após o
trabalho e minha esposa, Kathy, tentava renegar um dos nossos filhos, porque eles tinham criado
problemas durante o dia. Ela dizia: “Seu filho Jason escreveu nas paredes com gizes de cera
coloridos hoje.” Ele sempre era meu filho quando estava se comportando mal, e filho dela quando
estava agindo como um anjo.
Por trás do diálogo entre Deus e Moisés, encontra-se uma questão mais profunda. Estaria
Deus dizendo a Moisés: “Moisés, rapaz, eu nunca pensei sobre aqueles israelitas como sendo Meu
povo ou sobre a Minha reputação para com esses egípcios. Estou muito feliz em ter você por perto
para não deixar que me esqueça dessas coisas”? Acho que não! Isso pode chocar, mas não acho que
Deus sempre queira estar certo quando Ele fala conosco! Deus muitas vezes limita a Sua própria
força para que possa ter um relacionamento com o Seu povo!

- SUA LIMITAÇÃO PELA NOSSA AMIZADE -

Recentemente, experimentei como deve ser para Deus conter Sua força a fim de ter um
relacionamento com Seus filhos. O meu neto Elijah veio à nossa casa. Ele entrou correndo no meu
quarto, gritando: “Vovô, vamos lutar!” Em seguida, ele pulou na minha cama e se jogou sobre mim
tão duro quanto pôde, batendo e chutando com tudo o que tinha.
Eu não o agarrei e o joguei pela janela, gritando: “Tome essa, Homem-Aranha!” Em vez
disso, limitei a minha força para que pudéssemos nos divertir. Passei a maior parte do tempo
tentando me certificar de que ele não cairia da cama e se machucaria. Da mesma forma, Deus, que
está além da nossa compreensão, nos chama para interagir com Ele, atando a maior parte de Seu
cérebro às Suas costas e deixando espaço para o conselho de Seus amigos.
Infelizmente, a igreja tem tido uma visão unidimensional do que significa ter um
relacionamento com Deus. Temos superestimado a obediência e subestimado a amizade. Isso fez
com que nossas interações com o Todo-Poderoso se tornassem robóticas como as de um soldado.
Homens e mulheres do passado compreenderam algo que, séculos mais tarde, ainda estamos
tentando descobrir: Deus quer amigos, não escravos!
Qual é o segredo para o relacionamento que Abraão e Moisés tiveram com Deus? Como é que
eles entraram para o Serviço Secreto de Sua Majestade? O capítulo seguinte de Êxodo oferece
mais compreensão sobre essas questões. Lê- se o seguinte:

E disse o Senhor a Moisés: Parte, sobe daqui tu e o povo que fizeste subir da terra do Egito,
para a terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó, dizendo: À tua semente a darei. E enviarei um
anjo adiante de ti e expulsarei os cananeus, os amorreus, os heteus, os ferezeus, os heveus e os
jebuseus, para uma terra que mana leite e mel; porque eu não subirei no meio de ti, porque és um
povo obstinado, para que eu não te consuma no caminho (Êx 33:1-3).

Moisés, porém, disse ao Senhor:

Vê, tu me dizes: Faz subir este povo, e não me deste a saber quem enviarás comigo. Mas
disseste: Conheço-te pelo nome, e tu encontraste graça aos meus olhos. Por isso, agora, rogo-te, se
encontrei graça aos teus olhos; mostra-me agora o teu caminho, para que eu te conheça, para que
eu encontre graça aos teus olhos, e considera que esta nação é o teu povo. E ele disse: Minha
presença irá contigo, e eu te darei descanso. E ele disse-lhe: Se tua presença não for comigo, não
nos faças subir daqui. Como, pois, se poderá saber que achamos graça aos teus olhos, eu e teu
povo? Não é em andares tu conosco? Assim seremos separados, eu e teu povo, de todos os povos
que estão sobre a face da terra. E disse o Senhor a Moisés: Farei também isto que disseste, pois
encontraste graça aos meus olhos, e eu te conheço pelo nome (Êx 33:12-17).

Veja o que aconteceu nesses versos.


Deus disse: “Vou cumprir as minhas promessas aos seus antepassados enviando o meu anjo
para acompanhá-los, mas Eu não vou com vocês.” Muitos de nós ficaríamos felizes por nossas
orações terem sido respondidas com o envio de um anjo pelo Senhor para ir conosco. Muitas vezes
me pergunto até mesmo se notaríamos a diferença se tivéssemos o anjo do Senhor conosco e não o
Senhor.
Moisés prova sua amizade com Deus quando diz: “Se você não está indo para a Terra
Prometida, eu também não vou!” Moisés estava dizendo a Deus: “Você é mais importante para
mim do que qualquer visão que eu tenha para a minha vida.” Isso é um fator chave para a
construção de um relacionamento mais profundo com o Pai. Devemos desejá-Lo mais do que
desejamos o que Ele faz. Onde quer que se encontrem pessoas que amam Jesus mais do que amam
o mundo, será descoberto um lugar que é repleto de alegria da amizade.

- TESTANDO OS NOSSOS CORAÇÕES -

Precisamos perceber que, por vezes, quando o Senhor profetiza a nós, Ele está testando nossos
corações mais do que está determinando nosso destino. Paulo percebeu isso. No livro de Atos, um
profeta chamado Ágabo veio da Judeia, tomou o cinto de Paulo, prendeu seus próprios pés e mãos,
e disse:

Isto diz o Espírito Santo: O homem ao qual pertence este cinto, assim será amarrado em
Jerusalém pelos judeus, e será entregue nas mãos dos gentios. Então Paulo respondeu: Por que
chorais e quebrantais o meu coração? Porque eu estou pronto não somente para ser preso, mas
também para morrerem Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus (At 21:11-13).

Muitos de nós tomaríamos isso como uma direção do Senhor para não irmos a Jerusalém, uma
vez que poderíamos ser presos. Provavelmente, nunca nos ocorreria que Deus ainda quisesse que
Paulo fosse a Jerusalém e, finalmente, a Roma para que pudesse falar com César. Nosso conceito
de Deus não permite que o Senhor nos fale sem acreditar que Ele esteja nos dando uma ordem
direta que devamos obedecer sem pensar. Parece heresia alguém até mesmo sugerir que, por vezes,
quando Deus profetiza a nós, Ele está buscando mais interação do que obediência cega.
Que tipo de relacionamento teríamos com nossos amigos se exigíssemos que tudo fosse feito
da nossa forma sempre que estivéssemos juntos? Como seria se você tivesse que comer no
restaurante que eu gosto, assistir apenas os filmes que aprecio e falar só das coisas que eu queira
falar? Com essa atitude, não demoraria muito até eu me encontrar sozinho. O famoso capítulo
sobre o amor do livro de Primeiro Coríntios diz que alguns dos atributos do amor são que ele “não
busca os seus interesses” e que “não pensa mal” (1Co 13:5). Esquecemo-nos, por vezes, que o amor
do qual a Bíblia está falando aqui descreve a natureza de Deus antes isso se aplique a nós. Deus não
é egoísta. Ele não está gastando Seu tempo conosco apenas para que façamos tudo do Seu jeito.
Ele pratica o que prega!
Davi é outro crente do Antigo Testamento que, “sendo um homem segundo o coração de
Deus”, transcendeu às regras de seu tempo e estabeleceu uma amizade com Deus. Naqueles dias,
haviam leis estritas sobre como o povo de Deus poderia adorar. Apenas o sumo sacerdote podia,
um dia por ano, entrar diante da arca de Deus. Davi ergueu uma tenda e manteve os sacerdotes
ministrando perante a arca do pacto 24 horas por dia, sete dias por semana, por mais de 30 anos.
Davi tanto não foi punido por fazer algo que era contra a lei de Deus, como, também no livro de
Atos, é dito que Deus gostou bastante dessa tenda que vai reconstruí-la nos últimos dias (ver Atos
15:16-18)!
A amizade de Davi com Deus era tão extraordinária que ele queria construir um templo para
Deus. Deus disse a Davi que, embora Ele não morasse em uma casa feita por mãos de homens, Ele
permitiria que o filho de Davi, Salomão, edificas- se uma para Si de qualquer modo. Em seguida,
na dedicação do templo, Salomão repetiu as palavras de Deus:

Desde o dia em que retirei o meu povo Israel do Egito, não escolhi cidade alguma de todas as
tribos de Israel para edificar uma casa, a fim de que o meu nome pudesse nela estar; mas escolhi
Davi para estar sobre o meu povo, Israel. E estava no coração de Davi, o meu pai, edificar uma casa
para o nome do Senhor Deus de Israel (l Rs 8:16,17).

Não é emocionante? Não foi ideia de Deus construir uma casa para Si mesmo. Foi ideia de
Deus escolher Davi. Estava no coração de Davi fazer algo para Deus. Devemos notar que Davi
não estava fazendo a vontade do Pai, mas estava fazendo sua própria vontade. O Senhor amou
isso, porque estava vindo do coração de um amigo. A amizade transcende a obediência!
Os cristãos têm um lugar especial no coração do Pai. Deus até mesmo nos deu permissão para
perdoar os pecados de outras pessoas. Ele fez essa declaração radical para deixar o seu ponto claro:
“Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e àqueles a quem os pecados
retiverdes, lhes são retidos” (Jo 20:23). Considere as implicações de reter o perdão a alguém. No
entanto, o Senhor confia essas decisões importantes a nós.
João, o Apóstolo, que deitou a cabeça sobre o peito de Cristo, teve uma revelação incrível
sobre o coração de Deus. Aqui, ele encontra coragem para gravar as seguintes palavras que saíram
da boca do próprio Jesus: “Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em
vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15:7). Observe como estar em um
relacionamento correto com Deus nos dá permissão para pedir o que desejamos. A Bíblia está
cheia de versos como esse. Estamos tão acostumados a ver as Escrituras com uma mentalidade de
escravo que raramente nos tocamos de que Deus realmente gosta do fato de termos uma vontade.
Foi ideia de Deus nos dar um cérebro.

- INTIMIDADE GENUÍNA -

Há muitos cristãos que, sem se darem conta, não ouviram o chamado maior à intimidade em
sua caminhada com Deus. Essa verdade perfurou o coração de um dos meus amigos. Ke- vin e eu
estávamos dirigindo pela estrada, tendo uma pequena conversa, e ofereci-lhe uma barra de
chocolate.
Ele disse: “Não, obrigado, há sete anos Deus me disse para fazer jejum de açúcar. Não como
doces desde então.”
Perguntei-lhe por que Deus lhe disse para não comer açúcar. De repente, o carro silenciou.
Dirigimos por vários minutos sem falar e, então, finalmente perguntei a ele de novo, pensando que
não tivesse me ouvido. “Kevin, por que Deus lhe disse para não comer açúcar?”
“Eu ouvi! Eu ouvi!” Ele disse. Kevin continuou: “Apenas me ocorreu que nunca perguntei a
Deus o porquê. Apenas acreditava que meu relacionamento com Deus fosse baseado na
obediência, não na amizade.”
Deus quer ganhar a confiança do Seu povo e honrá-lo. Isso é sublinhado em 2 Crônicas 20:20:
“Ouvi-me, ó Judá, e vós habitantes de Jerusalém; crede no Senhor vosso Deus, assim sereis
estabelecidos; crede nos seus profetas, assim prosperareis.” Esse mesmo conceito ressoa no livro de
Êxodo. Deus disse a Moisés: “Eis que eu virei a ti em uma densa nuvem, para que o povo ouça
quando eu falar contigo e creia em ti para sempre” (Êx 19:9). Deus realizou sinais e maravilhas não
apenas para que as pessoas acreditassem nele, mas para que acreditassem em Moisés também, para
sempre!
A luta com grande parte do ensino deste livro é que, quando algumas pessoas leem sobre a
amizade* com Deus, eles tendem a agarrar-se ao “ship” (N.T. - Friendship, ou friend (amigo) +
ship (navio), significa amizade em português ), o veículo, sem se tornarem amigas* de Deus. Essas
mesmas pessoas amam estruturas, fórmulas e princípios, mas sem relacionamento (N.T. - Do
inglês relationship). Sem o coração da amizade, elas se tornam perigosas e destrutivas, enquanto o
ensino é rotulado como heresia. Quando alguém que não é um amigo faz uso dos privilégios da
amizade, há uma violação do relacionamento. Encorajo meus amigos a se sentirem em casa em
meu lar. Se alguém que não conheço entra na minha casa, abre a minha geladeira e começa a
comer a minha comida, não fico em paz com isso. Chamamos essas pessoas de ladrões, não de
amigas.
Fomos convidados para a ceia das bodas do Cordeiro, e não apenas como um convidado, mas
também como a Noiva. Esse não é um casamento forçado, nem o noivo quer se casar com uma
escrava tola que tenha apenas metade de um cérebro. Não! Ele está procurando por uma mulher
como a de Provérbios 31. Alguém de quem possa se gabar nas portas, que seja bonita, nobre e fiel.
Ele está à procura de um amigo íntimo que não apenas se associará consigo, mas também cami-
nhará ao Seu lado, conversando e discutindo Seus planos para o mundo. Assim como desejamos
relacionamentos saudáveis e profundos com aqueles que nos rodeiam, Ele deseja isso conosco.
Que privilégio!
Parte 2: Introduzindo os Atributos da Realeza

Este manuscrito não se destina a ser a última palavra sobre a herança real ou a palavra final a
respeito do comportamento dos príncipes. Em vez disso, ele é escrito para ser um catalisador do
desenvolvimento de uma mentalidade de realeza.
Muitos livros excepcionais foram escritos sobre o caráter dos cristãos e o fruto do Espírito. Se
estivesse tentando pintar um quadro completo acerca do maravilhoso povo de Deus, teria que
incluir informações de muitos desses livros. De fato, várias das maiores virtudes da realeza, como
amor, lealdade, honestidade, pureza, diligência, alegria, fidelidade, responsabilidade, paciência,
sabedoria, generosidade e integridade (e a lista continua) não foram incluídas aqui.
Em vez disso, enfatizei qualidades que estão no cerne do pensamento bíblico, mesmo estando
quase esquecidas. Vamos rumar ao palácio para uma análise mais atenta acerca do coração do Rei
de todos os reis e da atitude do Seu povo real.
08 — Super-Heróis no Santuário

- A BATALHA DOS SUPER-HERÓIS -

Entrei na sala de estar assim que uma discussão feroz estourou entre três dos meus netos, que
estavam lutando no chão.
Elijah, de cinco anos de idade, gritou: “Eu sou o Homem Aranha”, e lançou uma teia
imaginária em Isaac, que tinha quatro anos.
Isaac protestou: “Eu sou o Homem Aranha!”
“Não, você não pode ser o Homem Aranha,” Elijah insistiu, impondo autoridade sobre seu
primo mais novo. “Eu já sou o Homem Aranha! Você pode ser o Super-Homem.”
Aí, então, Riley, a irmã de três anos de Elijah, gritou: “Eu quero ser o Homem Aranha! Eu
quero ser o Homem Aranha!”
Com voz severa, Elijah disse: “Riley, você tem que ser outra coisa! Não pode ser o Homem
Aranha! Eu já sou o Homem Aranha!”
“Vovô!” Ela gritou. “Elijah não está compartilhando. Não está jogando limpo! Ele não vai me
deixar ser o Homem Aranha!”
“Riley,” eu disse, tomando-a em meus braços: “Por que você não quer ser a Mulher
Maravilha? A Mulher Maravilha pode chicotear o Homem Aranha e ela é bonita como você.”
“Tudo bem,” ela respondeu enquanto limpava as lágrimas.
Uma das coisas que tenho observado ao assistir meus sete netos brincando é que eles nunca
lutam para ver quem vai ser o lixeiro. Eles discutem sobre quem será a linda princesa, o Batman, o
Homem Aranha, o Super-Homem ou outros super-heróis, alguns dos quais eu nunca tinha
ouvido falar antes. Entretanto, eles nunca brigam para ver quem vai ser um “perdedor”.
Cada um de nós, na respectiva área em que nos engajamos, deseja a grandeza e quer ser
conhecido como um herói. Não somos diferentes dos discípulos de Jesus. Toda vez que Jesus se
afastava, eles discutiam sobre quem era o maior dentre todos. Esses embates chegaram a tal ponto
que Tiago e João disseram à sua mãe que perguntasse a Jesus se eles poderiam se sentar à Sua
esquerda e à Sua direita no Céu! Sempre ficava imaginando como deveríam ter sido essas
discussões.
Mateus: “Viram o homem cego que eu curei ontem? Ele era cego desde o nascimento.”
Pedro: “Isso não foi nada. Eu ministrei a um cara que ficou cego e coxo por causa de um
acidente de burro que aconteceu quando ele era um menino!”
Judas: “Ah, é? Algum de vocês já obteve uma oferta dessas?” (Puxando uma bolsa de moedas
do seu bolso).
Tomé: “Eu realmente duvido disso.”
Tiago e João - que são chamados de Filhos do Trovão - dizem em uníssono:
“Isso sim é louco de verdade!”
Parece que Jesus passava muito tempo tentando fazer os garotos pararem de competir uns com
os outros. Ele colocou uma criança no meio do grupo e deu-lhes uma lição prática sobre se tornar
como uma criança para entrar no Reino. Ele se rebaixou, lavou-lhes os pés e ensinou-lhes sobre
humildade. Ele esclareceu que todos eram importantes no Seu reino, não importando o quão
insignificante uma pessoa pudesse parecer. Paulo faz eco às palavras de Jesus quando diz:

Pois eu digo, pela graça que me é dada, a cada homem dentre vós, que não pense de si mesmo
mais altamente do que deve pensar, senão que pense com sobriedade, segundo a medida da fé que
Deus deu a cada homem. Porque assim como temos muitos membros em um corpo, e nem todos
os membros têm a mesma função, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, e
cada um, membros uns dos outros (Rm 12:3-5).

Jesus contou aos discípulos histórias sobre ser convidado para uma festa e escolher um assento
que não refletisse a sua importância. Nada do que Ele fazia, porém, parecia tirar-lhes o desejo de
grandeza. A grandeza tem sido fomentada em nós desde o nascimento. Alguém teve que nos
ensinar a querermos ser perdedores. Quando éramos crianças, queríamos ser alguém especial, mas,
infelizmente, a igreja tem uma maneira de tirar isso de nós através do legalismo e do desempenho.
Não podemos fazer nada para ganhar o amor do nosso Pai. Simplesmente por “sermos” nós
mesmos, somos preciosos e já gloriosos aos Seus olhos.
Precisamos voltar à mentalidade da infância a fim de entendermos o quão excepcional somos
para Ele. Crianças que estão sendo criadas em um lar saudável sabem que seus pais as adoram e
fariam qualquer coisa para protegê-las. Elas não podem fazer nada para ganhar o amor de seus
pais, porque os pais as amam antes que fossem concebidas, assim como o nosso Pai nos amou
antes que pudéssemos sequer saber como amá-Lo: “Nós o amamos porque ele primeiro nos amou”
(1Jo 4:19). Fomos feitos de forma maravilhosa desde o início; faz parte da nossa natureza divina!

- DEUS VIVE FORA DO TEMPO -

Fomos criados para a glória desde o início dos tempos. Vejamos como a zona atemporal
habitada por Deus influencia o glorioso chamado dele em nossas vidas. De acordo com a
perspectiva terrena, Jesus foi crucificado há quase 2.000 anos. Contudo, a Bíblia diz que Jesus foi
morto desde a fundação do mundo: “E todos os que habitam na terra a adorarão, cujos nomes não
estão inscritos no livro da vida do Cordeiro, morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8).
Deus vive fora do domínio do tempo. Quando Deus disse: “Haja luz”, Ele não só criou a noite
e o dia, Ele criou o tempo. O mundo do espírito pertence a uma zona atemporal. Imagine o tempo
como sendo um trem se movendo através do Reino do Senhor. O motor representa o início dos
tempos e o vagão final simboliza o fim dos tempos. Deus é capaz de acessar qualquer lugar do
trem. Ele sabe o que vai acontecer no futuro, i porque Ele já esteve lá. Deus não é limitado pelo
tempo. Pedro ' sabia essa verdade quando disse: “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia
é para o Senhor como mil anos, e mil anos como um dia” (2Pe 3:8).
Quando Jesus morreu na cruz, Ele desceu ao Sheol e resgatou todos aqueles que foram presos
pelo diabo (Ef 4:8-10). Ele se ausentou da terra por três dias, passando de uma zona regida pelo
tempo para uma zona atemporal. Entendemos da história de Lázaro em Lucas 16 que o Sheol era
o lugar de espera para todos aqueles que morreram antes de Jesus pagar o preço por seus pecados
com o Seu sangue. Havia duas áreas, com um abismo separando cada uma delas. De um lado
estava o Hades, que era destinado às pessoas que estavam esperando para ir ao inferno. Do outro
lado estava o seio de Abraão, que era o local de espera para os justos. Porque o Sheol era um lugar
eterno, cuja existência independia do tempo, nós também estávamos presos lá!
Quando Jesus desceu ao Sheol, levou cativos os prisioneiros e ascendeu ao céu, estávamos com
Ele! Paulo descreve isso no livro de Efésios. Diz-se o seguinte:

Pelo que ele diz: Quando subiu ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. (Ora,
que ele subiu, o que é, senão que também tinha descido primeiro às partes mais baixas da terra?
Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as
coisas) (Ef 4:8-10).

Paulo continua afirmando que estamos sentados com Cristo nos lugares celestiais - o que quer
dizer: já! Apesar de estarmos aqui na terra, Deus nos fala da zona atemporal. Ele sempre nos fala
como se já tivesse acontecido, porque em Seu mundo já aconteceu!
Há muito tempo, o Senhor falou a Jeremias da eternidade e disse: “Antes de que te formasse
no ventre eu te conheci, e antes que saísses do útero eu te santifiquei, e te ordenei como profeta
para as nações” (Jr 1:5). As pessoas ensinam todo o tipo de doutrina estranha a partir desse verso,
mas ele simplesmente confirma que Deus não vive na mesma zona temporal em que vivemos.
Pensar sobre a nossa forma de ver as estrelas pode nos ajudar a entender como Deus se
relaciona com o tempo. A luz viaja a 300.000 quilômetros por segundo. As estrelas estão a
milhares de anos-luz de distância. Portanto, algumas das brilhantes estrelas que vemos no céu
desapareceram há muito tempo. A luz que percebemos agora é uma velha mensagem de uma
estrela morta. Em outras palavras, estamos vendo hoje algo que, na verdade, aconteceu há
milhares de anos. É como se voltássemos atrás no tempo quando vemos as estrelas!
Por que o tempo é tão importante? Ao compreender como Deus está além do tempo, vamos
entender como Ele nos escolheu há muito tempo para nos fazer gloriosos como Ele!

- PREDESTINADOS À GLÓRIA -

Romanos 8:28 é popularmente citado quando estamos em apuros ou estamos tendo um mau
dia. Lá se diz o seguinte: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados de acordo com o seu propósito.” O que a
maioria de nós não entende é por que todas as coisas contribuem conjuntamente para o bem. Veja
os próximos dois versos:

Para quem ele conheceu antes, ele também os predestinou para serem conformes à imagem de
seu Filho, para que ele pudesse ser o primogênito dentre muitos irmãos. Além disso, aos que ele
predestinou, a estes também os chamou; e aos que ele chamou, a estes também justificou; e aos que
justificou, a estes também glorificou (Rm 8:29,30).

Aqueles que “dantes conheceu” também os predestinou para a glória. Deus já foi ao nosso
futuro e organizou todas as circunstâncias para que possamos nos tornar mais gloriosos! É por isso
que todas as coisas contribuem conjuntamente para o bem, porque Deus nos criou já tendo o fim
em mente. Deus começa do final e vai trabalhando do fim para o início. Ele olhou para o produto
final de Sua maior criação e disse: “Você é incrível!” Romanos 9:22-24 diz isso assim:

E se Deus, disposto a demonstrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita
paciência os vasos da ira, preparados para a destruição, para que ele também desse a conhecer as
riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que antes ele já preparou para glória, até nós, a
quem ele chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?

Ele nos preparou de antemão para a glória. Deus escondeu a sabedoria para a NOSSA glória.
Primeira aos Coríntios 2:7 diz: “Mas nós falamos a sabedoria de Deus em um mistério, mesmo a
sabedoria escondida, a qual Deus ordenou antes do mundo para nossa glória.” Paulo disse que
estamos sendo transformados com glória cada vez maior: “Mas todos nós, com a face descoberta,
contemplando como em um espelho a glória do Senhor, somos transformados na mesma imagem
de glória em glória, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3:18).
Efésios 1:4 diz que: “Como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos
santos e sem culpa diante dele em amor.” É por isso que Romanos diz “os que dantes conheceu”.
Deus sabia o que seríamos e faríamos antes mesmo de sermos concebidos. Ele não fez as escolhas
por nós, mas sabia quais seriam porque em Seu mundo elas já aconteceram. Ele sabia que iríamos
escolhê-Lo, então Ele nos escolheu primeiro. É poderoso pensar que Ele nos conhece tão bem que
soube nos escolher antes mesmo de sabermos se iríamos escolhê-Lo ou não!
O escritor de Hebreus diz que Jesus morreu para trazer muitos filhos para a glória! “Porque
convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e por quem todas as coisas existem, ao trazer
muitos filhos à glória, tornasse o autor da salvação dos homens perfeito através das aflições” (Hb
2:10). Sabemos que temos uma incrível herança em Deus, mas será que nos damos conta de que
somos Sua gloriosa herança? Paulo afirma o seguinte em Efésios: “Tendo os olhos do vosso enten-
dimento iluminados, para que saibais qual é a esperança do seu chamado, quais as riquezas da
glória da sua herança nos santos” (Ef 1:18).
Em essência, devemos perceber que as promessas desses versos são para nós. Ele nos ama
tanto que estamos nos tornando Sua gloriosa herança! Fomos criados para a glória. Antes da
fundação do mundo, fomos feitos e predestinados à grandeza, pois Ele já sabia que iríamos
escolhê-Lo. Ele configurou nossas vidas de tal maneira que elas não poderiam deixar de ser
incríveis. Você agora tem o direito de acreditar que é indescritivelmente irresistível bem da forma
como foi feito! Ao nos escolher primeiro, Ele nos deu a herança da grandeza, pois somos
comissionados a ser como Ele, e Ele é glorioso! Que pensamento notável! Louvado seja Deus que
Seu amor é simples - Ele apenas NOS AMA, nem mais nem menos.
09 — O Caminho Até o Topo

- QUEM É O SEU PAI? -

Recentemente, eu estava conduzindo uma sessão de treinamento profético em uma escola de


ministério. Começamos a aula falando sobre o objetivo principal do ministério profético e passei a
compartilhar que nossa primeira prioridade como uma pessoa profética é encontrar o tesouro que
Deus tem escondido na vida de cada pessoa que Ele criou. Enquanto estava lhes dizendo que
devemos “descobrir e trazer à superfície a grandeza que o Senhor escondeu na vida das pessoas”
um dos pastores, vindo de outra sala, se juntou a nós. Eu nunca o tinha encontrado antes e não
sabia, naquela época, que ele era parte da equipe de liderança.
Antes que pudesse continuar, ele disse: “Eu tenho uma pergunta para você.”
“Ok” Eu respondi. “Qual é?”
“Eu acho que Deus é grande,” disse ele.
“Sim, e... por acaso eu disse alguma coisa que fez você pensar que não acredito que Deus é
grande?” Perguntei.
“Você disse que as pessoas são ‘grandes’. Acho que você está ensinando uma doutrina que gera
orgulho nas pessoas ao tentar descobrir a grandeza que há nelas,” ele continuou.
Estava ficando um pouco cansado, então respondí: “Eu acredito que a religião emascula e
castra as pessoas em nome da humildade!”
Estávamos sentados numa sala que tinha um belo quadro na parede perto de nós. Apontei
para a pintura e lhe disse: “Vamos fingir que você foi o artista que pintou este quadro.”
“Ok,” ele disse, parecendo um pouco tenso.
Apontei para o quadro e gritei: “Que pintura de aparência ridícula! Essas cores são terríveis!
Essa coisa é muito feia!” Parei por um minuto e disse: “Agora, será que rebaixar a pintura glorifica
o artista de alguma forma?”
“Não!” Ele respondeu.
Agora que o havia encurralado, continuei: “Não foi apenas o próprio Deus quem nos pintou,
por assim dizer, mas foi Jesus aquele que se sentou na cadeira e serviu de modelo para a
obra-prima! Lembre-se: fomos feitos à imagem de Deus e à Sua semelhança. Não criamos a nós
mesmos. Deus nos criou. Somos a obra das Suas mãos. Quando nos denegrimos não estamos
sendo humildes, estamos sendo estúpidos!”
Ele parecia atordoado. Ele disse: “Eu tenho três diplomas em teologia, mas nunca tinha sido
ensinado sobre isso.”
- ORGULHO VERSUS EXALTAÇÃO DE DEUS -

Esse encontro confirmou mais uma vez para mim que há uma mentira ainda viva e ativa na
mente de muitos cristãos, uma mentira que estrategicamente nos impede de caminhar na
plenitude da nossa identidade em Cristo. Essa mentira nos diz que qualquer reconhecimento à
nossa força ou bondade é orgulho, e que a única maneira de lidar com o orgulho é nos rebaixarmos,
sendo isso a humildade. A verdade é que não é orgulho reconhecer nossos pontos fortes nem é
humildade quando os diminuirmos. Esse tipo de falsa humildade mantém os santos na escuridão e
faz com que nós jamais pisemos em nossos destinos.
Lembra o que acabamos de ver no capítulo anterior? Romanos 3:23 diz que todos “estão
destituídos da glória de Deus”. Apesar de tê-la perdido, fomos criados para a glória. Felizmente,
quando Jesus morreu na cruz, Ele não apenas o fez para que pudesse perdoar os nossos pecados.
Ele morreu para que pudéssemos ser restaurados ao nosso propósito original. O preço que Jesus
pagou na cruz determinou o valor do povo que Ele comprou. Fomos criados para compartilhar a
glória de Deus e trazer-Lhe glória. Afinal, quem é maior - um rei sobre um bando de palhaços ou
um rei sobre um grande exército de soldados confiantes que têm orgulho em servir ao seu rei? Não
é verdade que a grandeza dos súditos do Rei na verdade glorifica o próprio Rei?
O relato do sonho do rei Nabucodonosor no quarto capítulo de Daniel nos mostra que
aprender humildade não significa' ter que pensar negativamente acerca de nós mesmos. No sonho,
Nabucodonosor vê um anjo cortar uma árvore enorme, deixando somente o tronco. Daniel, seu
intérprete de sonhos mais confiável, diz-lhe que o sonho é sobre ele. Ele é a árvore e está prestes a
ser cortado por causa de seu orgulho. Daniel apela para que o rei se humilhe antes que Deus o
humilhe.
Doze meses depois, Nabucodonosor está no telhado de seu palácio falando para si mesmo
sobre o quão impressionante ele é por ter conseguido tanto por si mesmo. De repente, ele perde a
cabeça. Ele é levado aos campos e vive como um animal durante sete anos. Finalmente, depois de
sete longos anos de completa insanidade, Deus restaura sua mente. A primeira declaração de sua
boca quando ele finalmente volta a falar é impressionante:

No mesmo momento a minha razão retornou para mim, e para a glória do meu reino, minha
honra e o meu brilho retornaram para mim; e meus conselheiros e meus nobres buscaram-me, e eu
fui estabelecido no meu reino, e a mim foi acrescentada uma excelente majestade (Dn 4:36).

Se não conhecêssemos melhor não pensaríamos que esse era o tipo de declaração que levou
Deus a humilhá-lo da primeira vez? Mais uma vez, ele está dizendo: “Eu sou incrível!” Contudo,
olhe para o próximo verso! Ele diz:

Agora eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e honro o Rei do céu, cujas obras todas são verdade e
os seus caminhos juízo; e aqueles que caminham em orgulho ele é capaz de / humilhar (Dn 4:37).

Pegou isso? O rei Nabucodonosor está dizendo que ele é incrível, mas Deus é mais incrível. O
problema de Deus em relação a Nabucodonosor não era acerca da grandeza dele, mas por ele ter
tomado todo o crédito por ela sem reconhecer que foi Deus, em primeiro lugar, que lhe deu o
reino. Deus lhe deu de volta tudo o que tinha perdido, porque ele aprendeu a lição de que “os céus
governam” (Dn 4:26). O ponto é que, quando reconhecemos de onde a nossa grandeza vem, não
estamos em perigo de nos tornarmos orgulhosos. Não glorificamos a Deus dizendo que não somos
grandes, nós O glorificamos reconhecendo que Ele é a fonte dessa grandeza. A humildade não
consiste em diminuirmos a nós mesmos, mas em exaltarmos o nosso Deus.
Dizendo a nós que “humildade” significa nos convencermos de que somos “ninguéns”, muitos
líderes cristãos têm vendido o povo de Deus à escravidão teológica. Esse sistema de crença não tem
curado o orgulho, mas tem trabalhado para destruir a confiança do povo de Deus. A verdadeira
humildade não é a ausência de confiança, mas a força contida. A única maneira pela qual podemos
realmente ser humildes é tendo uma avaliação honesta de nós mesmos diante de Deus. Se sabemos
que merecemos a posição de maior destaque e assumimos uma posição menor que essa, aí sim nos
humilhamos. Se nós merecemos um assento baixo e tomamos o assento baixo isso não é chamado
de humildade. Se não sabemos qual deveria ser a nossa posição e tomamos lugar numa posição
menor do que a que merecemos tivemos muita sorte, porque o responsável pela cerimônia não vai
nos humilhar, pedindo-nos para tomarmos uma posição inferior. Humildade é uma questão do
coração. Não podemos ser humildes por acidente; devemos nos propor em nosso coração a
conhecer a nossa grandeza, mas nunca nos exaltarmos acima do que deveríamos. As Escrituras
dizem o seguinte sobre Moisés: “era um homem muito manso, mais do que todos os homens que
estavam sobre a face da terra” (Nm 12:3). Curiosamente, foi o próprio Moisés quem escreveu os
primeiros cinco livros da Bíblia, inclusive esse verso. Ele tinha uma avaliação inspirada e honesta
sobre si mesmo diante de Deus, então ele não se contradisse ao dizer que era um homem muito
manso, mais do que todos os homens que estavam sobre a face da terra.
Podemos ser pessoas humildes e ainda estarmos confiantes em quem somos. Infelizmente, a
confiança sempre se parece com a arrogância para o inseguro. Aqui é onde o real problema reside.
Acredito que por trás da falsa humildade promovida por alguns líderes cristãos está uma convicção
de que eles e todos os outros, na realidade, não valem muito. Na “avaliação honesta de suas
habilidades”, eles ainda se veem como pessoas caídas. Isso é mais um exemplo da influência da
mentalidade de escravo em ação. Temos espiritualizado nossa baixa autoestima e isso está errado!
Deus deu à igreja um grande apelo e, portanto, são necessárias grandes pessoas para realizá-lo.
Se falharmos em ver a nossa grandeza, ficaremos aquém do nosso chamado. Nossa mentalidade de
escravo e nossa falsa humildade levaram grande parte da Igreja à irrelevância, diminuindo a nossa
visão acerca da influência que estamos destinados a ter no mundo. Podemos ver isso na maneira
como temos percebido e perseguido a Grande Comissão. Em Mateus 28, Jesus nos dá instruções
sobre como o reavivamento mundial deve acontecer: ele vai começar com os crentes fazendo
discípulos das nações. Reduzimos a Grande Comissão de nosso Senhor a algo que nos deixa mais
confortáveis, que é ministrar a indivíduos ao invés de nações. Falaremos mais sobre isso mais
tarde. Geralmente, temos como alvo indivíduos economicamente pobres e quebrados ao invés de
indivíduos com influência e status. Nossa insegurança faz com que nos sintamos desqualificados
para alcançar o rico, educado e poderoso.

- HERÓIS DAS GERAÇÕES -

As Escrituras descrevem homens e mulheres de Deus que assumiram posições de influência


que lhes foram oferecidas e reconheceram que Deus estava colocando-os ali estrategicamente. A
grandeza deles não era para benefício próprio, mas para dar ao mundo um gostinho do Reino de
Deus. Hoje, onde estão as pessoas como José, que se tornarão um “pai” para os faraós do mundo e
verão nações inteiras caírem nas mãos de Deus? (veja Gênesis 45). O que aconteceu com os Elias,
que enfrentaram reis e mudaram a história com suas proclamações proféticas? O que aconteceu
com as pessoas como Daniel, que integrou as cortes de quatro reis mundanos e venceu as nações
mais poderosas da época para Deus? Por que os Neemias dos nossos dias não estão por aí
reconstruindo nossas cidades em ruínas? Por que é que gigantes como o aborto, a
homossexualidade, o racismo, o crime e a corrupção são continuamente autorizados a percorrerem
a terra e causarem estragos aos nossos filhos, enquanto o povo de Deus se esconde atrás de bancos
esperando que o nosso governo venha a aprovar uma lei para parar os grandões?
Fomos chamados a ensinar as nações a parar gigantes, prosperar em meio às fomes,
reconstruir cidades e restaurar pais para filhos perdidos! Toda vez que alguém como Davi ou José
se torna confiante o suficiente para ascender da obscuridade e mudar o curso da história, algum
líder da igreja, como os irmãos de José ou de Davi, impõe sobre eles um rótulo de “orgulho” e lhes
dá uma lição sobre se sentirem mal consigo mesmos.
A lição geralmente parece terminar com uma aula sobre a arte de “carregar a cruz”. Fizemos do
carregar a cruz uma oportunidade de carreira em vez de um evento de um dia. Isso deriva ser um
mal-entendido sobre o que aconteceu a nós quando fomos salvos. Quando Jesus nos disse para
tomarmos a nossa cruz e segui-Lo, Ele não estava falando para gastarmos toda a nossa vida com
uma cruz nas costas, não mais do que Ele fez. Devemos tomar nossa cruz e seguir Jesus até o
tanque batismal, onde nos identificamos com Ele na Sua morte. Paulo diz que:

Portanto, fomos sepultados com ele para morte pelo batismo, para que assim como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos
na semelhança da sua ressurreição; Pois quanto ao morrer, ele morreu uma só vez para o pecado;
mas quanto ao viver, vive para Deus (Rm 6:4,5,10).

Deveríamos entrar na câmara da morte do batismo com uma cruz e sair dela com uma coroa. A
coroa é “a semelhança da Sua ressurreição!” O apóstolo João disse o seguinte: “porque, como ele é,
(falando sobre Jesus) assim somos nós também neste mundo” (l Jo 4:17). Note que não é dito “qual
ele era”, mas, ao invés disso, é dito: “qual ele é”. Jesus não é mais o servo sofredor carregando a
cruz. Ele é o Rei vindouro. Devemos ser a revelação da Sua realeza sobre a terra. Paulo enfatizou
isso à igreja de Corinto: “Ora, vós já estais saciados, já estais ricos, vós tendes reinado como reis
sem nós! E quisera em Deus que reinásseis, para que também nós pudéssemos reinar convosco” (1
Co 4:8).
A revelação completa do que significa ser salvo ainda precisa penetrar o nosso pensamento até
que entendamos que aquele que éramos está totalmente morto e aquele que somos é a revelação de
Cristo sobre a terra. Quando viemos a Cristo, era humildade nos avaliarmos honestamente como
pecadores. Voltar atrás e dizer que isso ainda é o que somos é negar o que Cristo fez por nós. Fazer
isso não é mais nos humilharmos, é cortar pela raiz o poder da ressurreição que Deus nos deu para
que pudéssemos viver como Ele.

- FALSA HUMILDADE -
Vários anos atrás, veio à tona uma profecia que continua a circular através das nossas igrejas
hoje. A profecia diz que o avivamento destes últimos dias será conduzido por uma “geração sem
nome e sem rosto”. Eu entendo o porquê da maioria das pessoas achar que essa profecia é precisa,
comunicando que Deus quer usar todos e não apenas as pessoas famosas. Concordo que Deus quer
trabalhar através de todos nós para chacoalhar o mundo. No entanto, penso que a igreja muitas
vezes profetiza a partir de uma mentalidade de escravo e vive em falsa humildade. O ponto em que
estou tentando chegar aqui é que não há pessoas pequenas no reino de Deus. Existem apenas
filhos e filhas que são mais que vencedores!
Em vez de dizer que Deus quer usar “pessoas pequenas como nós” para transmitir a ideia de
que todo mundo é útil para Deus, devemos relembrar as pessoas da identidade real delas (N.T. -
Do inglês remind, onde a palavra mind significa mente ou cérebro, relembrar ou dar-lhes uma
nova mente). Afinal, Deus gasta muitos capítulos da Bíblia "nos en- tediando” com geração após
geração dos nomes de Seu povo que estiveram envolvidos em algum evento histórico. Deus até
mesmo reconhece que Jesus Cristo estava enraizado na humanidade ao colocar Seu nome dentro
de toda a genealogia de José (José nem mesmo era Seu verdadeiro pai). Entretanto, essa profecia
diz que o avivamento será “sem nome e sem rosto”. A falsa humildade rouba os nossos nomes e
desfigura as nossas identidades até que fiquemos inofensivos contra os poderes das trevas.
Deus nunca nos lembra de nossa pequenez quando Ele nos chama para fazer algo incrível.
Pelo contrário, Ele nos chama à coragem proclamando algo surpreendente sobre nós como “Você
é um poderoso guerreiro”, “Um pai de muitas nações” ou “Você é aquele que todo Israel está
esperando”! Ao contrário do que Deus faz, a cultura cristã típica abraça a pequenez para incluir as
pessoas que se sentem insignificantes. A consequência é que temos homens encolhidos abaixo do
tamanho do seu diabo e, então, eles são largados para encará-lo sem o benefício total da verdadeira
identidade e autoridade deles. Devemos ser elevados para capturarmos a total extensão do
chamado de Deus, como Paulo afirma em Filipenses 3:14: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”
É essencial que o Corpo de Cristo fique livre de uma baixa autoestima ímpia. Vemos por todas
as Escrituras que quando as pessoas recebem de Deus uma nova identidade elas são catapultadas
para o destino que uma vez se esquivou delas. Gideão era um jovem que estava destinado a mudar
o curso da história. Como na maioria de nós, a baixa autoestima havia promovido nele uma falsa
humildade que reduziu sua vida a simplesmente viver. Sua história é a seguinte:

E o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor está contigo, homem poderoso e
valente. E Gideão lhe disse: Ó meu Senhor, se o Senhor está conosco, então por que tudo isso nos
sobreveio? E onde estão todos os milagres os quais os nossos pais nos contaram, dizendo: O
Senhor não nos fez subir do Egito? Agora, porém, o Senhor nos abandonou e nos entregou nas
mãos dos midianitas. E o Senhor olhou para ele e disse: Vai neste poder, e tu salvarás Israel da mão
dos midianitas; não te enviei eu? E ele lhe disse: Ó meu Senhor, com que salvarei Israel? Eis que a
minha família é pobre em Manassés, e eu sou o menor na casa do meu pai (Jz 6:12-15).

O anjo sabe que a libertação de Israel repousa sobre sua capacidade de afetar a autoestima de
Gideão. Como Gideão, muitos de nós somos alimentados com os males que nos cercam, mas não
nos ocorreu que o milagre pelo qual temos orado já está dentro de nós. Quando Deus o chamou de
“poderoso guerreiro”, Gideão foi capaz de assumir uma identidade que lhe permitiu trazer a justiça
que seu coração ansiava. É importante para nós perceber aqui que, embora parecesse que os
midianitas eram os opressores de Israel, a real escravidão estava dentro de Gideão.
A resposta dele ao anjo nos dá uma ideia da verdadeira fonte do medo de Gideão. Ele disse:
“Meu clã é o menos importante de Manassés, e eu sou o menor da minha família.” O problema
não é tanto o inimigo ser tão grande, mas ele se sentir tão pequeno. Você sempre pode medir a
grandeza da identidade de um homem pelo tamanho do problema que é preciso para
desencorajá-lo. Também é interessante notar que, quando o povo de Deus lutou contra os
midianitas, eles gritaram: “A espada do Senhor, e de Gideão” (Jz 7:20). Uma vez que Gideão se
levantou para se tornar o líder que Deus o destinou para ser, as pessoas foram leais tanto a Deus
quanto a Gideão.
A falsa humildade está correndo solta no Corpo de Cristo! Ela é ouvida depois que uma
pessoa canta maravilhosamente na igreja. Quando lhes dizemos que fizeram um trabalho fan-
tástico, é comum que elas digam algo como: “Não fui eu; foi Jesus.” Muitas vezes, quero
dizer-lhes: “Não foi tão bom assim!” Essa mentalidade está nos matando, porque não queremos
que as pessoas pensem que há algo de bom em nós. Isso leva ao mesmo cativeiro que Gideão
experimentou. A vida parece tão perigosa e nos sentimos tão vulneráveis.

- A GUERRA AO NOSSO REDOR -

Quando finalmente ganhamos a guerra dentro de nós mesmos, outro campo de batalha
começa a se desenvolver em torno de nós enquanto o inimigo tenta nos enfraquecer através do
medo. A vida de Neemias ilustra isso muito bem. Neemias, ao contrário de Gideão, sabia quem
ele era em Deus e compreendeu que seu chamado de vida era alterar o curso da história através da
reconstrução dos muros de Jerusalém e do estabelecimento de um governo em Israel após os
muitos anos da nação no exílio. Os israelitas tinham tentado reconstruir os muros por anos, mas o
inimigo tinha conseguido assustá-los e mandá-los de volta para os “bancos da igreja”. Vamos olhar
para o diálogo entre Neemias e seus caluniadores.
Ono significa “força” e representa o lugar da força do inimigo. É importante que não caiamos
nas táticas do inimigo, descendo até o vale da sua força. Se você se aventurar por lá, vai descobrir
por que o lugar é chamado de Oh No! ("Oh, Não!" em inglês) Neemias demonstra como ficar de
fora desse vale de problemas. Ele proclama ao seu adversário: “Estou executando um grande
projeto e não posso descer. Por que parar a obra para ir encontrar-me com vocês?” Uau! Isso não é
orgulho, mas a confiança de um homem que conhece o seu Deus, conhece a si mesmo e sabe a sua
atribuição.
Mais tarde, o inimigo tenta fazer com que Neemias se esconda na igreja, dizendo: “Vamos
encontrar-nos na casa de Deus, no templo, a portas fechadas, pois estão querendo matá-lo; eles
virão esta noite”.
Neemias disse:

Deveria um homem como eu fugir? E quem há que, sendo como eu sou entraria no templo
para salvar a sua vida? Eu não entrarei. E eis que eu percebi que Deus não lhe havia mandado; mas
que ele pronunciava esta profecia contra mim; porquanto Tobias e Sambalate lhe haviam
contratado. Para isso ele foi contratado, para que eu ficasse temeroso, e assim fizesse, e pecasse, e
para que pudessem ter assunto para um mau relato, para que eles pudessem me afrontar.
Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e da profetisa
Noadias, e do restante dos profetas, que quiseram me atemorizar (Ne 6:10 14).

Quando nos atolamos na baixa autoestima e na falsa humildade, ficamos impotentes para
parar os ataques do diabo. Satanás usa a “doutrina da humildade” para castrar a nossa confiança e
paralisar o povo de Deus. Essa falsa doutrina nos ensina que estarmos confiantes de que estamos
fazendo uma “grande obra para Deus” é arrogância. Esse sistema de crenças é expresso por meio de
declarações como: “Não sou eu. É apenas Jesus.” Isso não é verdade! Jesus nos comissionou para
trabalhar em cooperação com Ele. Ele nos chamou para reinar com Ele.
O inimigo também tem poluído muito do movimento profético com suas profecias estilo
“Noadia”, que são projetadas para “nos assustar”. Esses “profetas” correm o mundo profetizando
sua mensagem de destruição, reduzindo o Corpo de Cristo a crianças assustadas.
Satanás teme que a Igreja venha a ganhar de volta sua confiança e comece a restaurar nossas
cidades em ruínas. Ele faz hora extra para nos dizer o quão fraca a igreja é, o quão escuro o dia está
e o quão raivoso o nosso Pai está conosco. Isso é tudo um monte de mentiras!

- A DESCRIÇÃO DA HUMILDADE -
Não estou, afinal, tentando promover o orgulho, a arrogância ou a impetuosidade.
Simplesmente quero definir o que é a verdadeira humildade. Ninguém aguenta ficar perto de
pessoas que são focadas em si mesmas. Dá náuseas ficar na presença de uma pessoa que é
autocentrada ou que acredita ser autossuficiente. Quando nos sentimos mal conosco, também
fazemos de nós mesmos o centro das atenções. Isso revela arrogância tanto quanto a pessoa que
anda por aí dizendo às pessoas o quanto ela é melhor do que todas as outras. Humildade não é
pensar menos de nós mesmos, mas pensar menos em nós mesmos.
A verdadeira humildade nasce da consciência da grandeza de Deus, cresce em um coração
cheio de gratidão e amadurece no temor de Seu amor apaixonado por nós. A oração é um ato de
humildade, porque a pessoa que ora reconhece a necessidade da ajuda do Céu e da comunhão com
o Criador. A falta de oração é a última instância do orgulho. A verdadeira humildade entende a
sua necessidade do Pai. A humildade também tem olhos para ver o trabalho incrível que nosso
Deus tem feito na vida dos outros. Nós nos humilhamos ao ajudarmos os outros a “terem o seu dia
de glória no Filho”, enquanto os amamos com o mesmo amor que temos por nós mesmos. Alguém
certa vez disse: “A graça de Deus humilha um homem sem degradá-lo e exalta um homem sem
inflá-lo!” Vamos ver com o que a humildade se parece na prática no próximo capítulo ao
estudarmos o atributo real que deriva dela: a honra.
10 — Honra: A Estrada de Tijolos Amarelos

- É UM ASSUNTO DE FAMÍLIA -

A família da minha mãe possui ascendência espanhola; passei muito tempo com eles como ao
longo do meu desenvolvimento. A honra era uma parte integrante da nossa cultura. Meu avô e
minha avó eram os membros mais velhos de nossa família. Eles eram as pessoas mais respeitadas
em qualquer reunião que os incluísse, e os melhores lugares da casa eram sempre reservados para
eles. Se uma das crianças se sentasse em uma das cadeiras deles, o resto da família apenas olharia
para ela como que dizendo: “Não seja tão rude!” Permitíamos que os idosos se servissem primeiro
e nos dirigíamos a eles com respeito em todos os momentos quer concordássemos ou não com eles.
Além disso, sempre abríamos as portas para as mulheres e lhes concedíamos os nossos lugares.
Não me lembro de alguma vez alguém me dizer para honrar as pessoas, mas nasci em uma cultura
que incutia isso.
A honra é uma virtude perdida em nossa nação. Este fato ficou claro para mim em um retiro
da Escola de Ministério Sobrenatural da Bethel. Havia cerca de 120 estudantes presentes naquele
fim de semana. Alguns dos estudantes vieram à minha mesa tarde da noite e começaram a fazer
perguntas. Dentro de alguns minutos, cerca de 30 estudantes estavam reunidos em torno da mesa
enquanto eu contava “histórias de guerra”. Todos estavam tentando participar, de modo que o
ambiente ficou bem barulhento. Um jovem estava sentado no banco ao meu lado. Mais tarde na
conversa, uma mulher de meia-idade chegou. Sem encontrar qualquer assento, ela ficou de pé
atrás de mim para que pudesse ouvir a conversa.
Eu disse para o jovem que estava sentado ao meu lado: “Por favor, levante-se e deixe a Julie
sentar aí.”
Ele retrucou: “Eu estava aqui primeiro!”
Eu disse a ele: “Ela é uma mulher; eu quero que você desista do seu assento em favor dela.” A
tensão aumentou por um momento, mas ele finalmente se levantou e deu-lhe o seu lugar.
Esse jovem foi um dos nossos melhores alunos e tem um grande coração, mas foi ensinado
que: “Se você quer um bom lugar, é preciso chegar lá cedo!” Ele foi criado sob um paradigma que
valorizava “buscar o bem próprio” em vez de honrar os outros. Pensar em honrar alguém além de si
mesmo não tinha entrado em sua equação. Ele não havia sido ensinado sobre o que eu estava
compartilhando com ele.
Aquele jovem não está sozinho. A honra foi quase que completamente banida da nossa
cultura. Muitos dos que estão lendo este livro podem resistir ao ensino deste capítulo pela mesma
razão pela qual o jovem não quis desistir de seu assento. A ideia de que algumas pessoas merecem
mais honra do que outras parece injusta. No entanto, a mentalidade do reino é completamente
diferente disso. É difícil ler a Bíblia e não ser exposto a uma cultura de submissão com níveis de
honra e autoridade.

- A HONRA UNE AS GERAÇÕES -

A honra tem estado ausente da mentalidade da Igreja por tanto tempo que muitas vezes,
mesmo sem perceber, desonramos pessoas. Isso ficou bastante claro para mim há alguns anos.
Durante um período de 12 meses, tivemos cinco diferentes oradores convidados à Bethel Church
pregando a mensagem de que o “avivamento está vindo da juventude”. Nas primeiras vezes que
ouvi essa mensagem, minha mente ficou perturbada e meu espírito ficou abatido, mas não con-
seguia perceber o que estava errado. À medida que o final do ano se aproximava e o quinto orador
pregou a mesma mensagem básica de novo, fiquei chateado e corri para fora da igreja, chorando
(Isso não é algo que eu recomende que os pastores façam). Fui para casa e deitei no chão,
chorando. Ainda não entendia o que estava errado, então comecei a questionar Deus sobre o que
estava acontecendo dentro de mim.
Ele me disse: “O avivamento não está vindo da juventude, mas de UMA geração, de velhos a
jovens.” Ele me lembrou da passagem do livro de Atos que diz: “E acontecerá nos últimos dias, diz
Deus, eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão, os vossos homens jovens terão visões, e os vossos homens velhos sonharão sonhos”
(At 2:17). Perceba que o avivamento não tem gênero, geração ou classe social. Deus passou a me
mostrar que cada vez que a “mensagem da juventude” era pregada, as pessoas de meia-idade e os
idosos entediam, por terem sido omitidos, que eles não eram importantes ou não eram mais
valorizados. Ele me disse que o diabo sabia que não conseguiría parar o avivamento mundial
tentando resisti-lo, então ele tem tentado amaldiçoar o planeta pela separação de gerações.
O profeta Malaquias viu isso acontecer há muito tempo e profetizou sobre isso. Aqui está o
que ele disse sobre os últimos dias:

Eis que eu vos enviarei Elias, o profeta, antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor; e ele
converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e
fira a terra com uma maldição (Ml 4:5-6).

Essa passagem deixa claro que, à medida que as gerações se dão as mãos, as maldições sobre a
nossa terra vão sendo quebradas. Deus passou a me explicar que o príncipe do poder do ar tem
influenciado o pensamento moderno de valorizar os jovens acima dos idosos de uma forma que
desonre as pessoas mais velhas. O Senhor me mostrou que a Bíblia intencionalmente dá mais
honra e respeito aos idosos, mas que a nossa cultura os deixa de lado. Comecei a entender que o
espírito errado estava influenciando muitos pregadores e que eles estavam fazendo o jogo do
maligno.
Esse ponto me foi ampliado através de uma visão que tive. Na visão, eu vi duas garotas diante
do pai delas em várias ocasiões diferentes. Toda vez que seu pai via as meninas juntas, ele dizia a
uma filha que ela era bonita, mas nunca dizia nada para a outra menina. A outra filha estava sendo
destruída pela falta de afeto de seu pai. Comecei a entender por que eu estava carregando tanta dor
por ver a juventude sendo honrada cinco vezes em nossa casa na presença de outras gerações.
Também percebi o quão destrutiva pode ser a honra se ela for usada de forma abusiva.

- A HONRA RECONHECE O VALOR DOS OUTROS -

A honra é um dos maiores atributos da nobreza em toda a Bíblia. Quando o reino está
presente dentro de nós, o comportamento honrado vem naturalmente para nós. Damos honra a
todos os homens não apenas porque eles merecem, mas também porque somos cidadãos honrados
do Rei. Quando andamos no nosso chamado real, o nosso comportamento não é determinado
pelo nosso ambiente temporal, mas pelo ambiente eterno que reside dentro de nós.
Sempre que tratamos as pessoas com honra, mesmo que elas se recusem a nos honrar,
demonstramos que temos um padrão dentro de nós que não é determinado pelas pessoas ao nosso
redor. Não honramos as pessoas apenas porque elas são dignas de honra, honramos porque somos
pessoas honradas. Para um cristão, a honra é uma condição do coração, não apenas o produto de
um bom ambiente. Honra não significa que concordamos com as pessoas que estamos honrando;
simplesmente significa que as valorizamos como pessoas que foram criadas à imagem e
semelhança de Deus.
Devemos, inclusive, lutar contra o inimigo de uma forma honrosa! Podemos ver esse princípio
no Livro de Judas:

Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com. o diabo, e disputava a respeito do corpo de
Moisés, não ousou trazer contra ele palavra de acusação, mas disse: O Senhor te repreenda. Estes,
porém, falam mal do que não sabem; mas aquilo que naturalmente conhecem, como animais
irracionais, nestas coisas se corrompem (Jd 1:9,10).

Se alguém merece a desonra, esse alguém é o diabo. Mas Miguel não tratou seu arqui-inimigo
com desrespeito quando lutou contra ele. Esse princípio mostra como devemos tratar nossos
inimigos, sejam físicos ou espirituais.
A guerra no Iraque apresenta um grande exemplo disso. Quando descobrimos que vários
prisioneiros iraquianos estavam sendo maltratados no Iraque enquanto eram mantidos como
prisioneiros de guerra, nosso país ficou chocado. Como americanos, não podíamos tolerar esse
comportamento ultrajante. Se aqueles mesmos terroristas iraquianos tivessem sido mortos em
batalha, os cidadãos dos Estados Unidos teriam ficado muito menos indignados. Sabemos
também que quando capturam nossos soldados eles os torturam e decapitam. Então, por que é
errado da nossa parte torturá-los? A resposta é simples: queremos lidar com nossos inimigos com
honra não porque eles merecem, mas porque nós merecemos. Isso é o que significa sermos pessoas
honradas.

- FALHA DA HONRA NA LIDERANÇA -

Êxodo 20:12 diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra
que o Senhor teu Deus te dá.” É importante observar a relação entre a vida e a honra. A honra cria
uma autoestrada para que a vida viaje e é uma virtude fundamental na criação e na manutenção de
uma cultura real. Quando honramos os outros, reconhecemos a autoridade e nos submetemos à
posição deles. A honra é a humildade em ação. Ela tem olhos para ver o invisível, a fim de discernir
e apreciar a natureza de uma pessoa de acordo com os valores do reino.
A honra é a pedra angular de uma cultura empoderadora que elimina a necessidade de
controle. A presença da honra cria ordem através da dignidade em vez de fazer isso pelo medo da
punição. A ordem, quando é estabelecida pela honra, resulta no empoderamento; a ordem
estabelecida pelo medo resultada em controle. Se fôssemos analisar as consequências negativas de
um ambiente onde as pessoas não têm honra em seus corações umas para com as outras, desordem
e caos certamente se desenvolveriam. As pessoas ou obedecem a seus líderes porque têm medo do
que poderia acontecer se não o fizessem, ou fazem o que lhes é pedido porque têm honra em seus
corações e respeitam aqueles que têm autoridade sobre elas.
Quando a honra é corroída, a morte tem uma porta aberta. A destruição lenta da honra em
nossa cultura não só causou o desrespeito à liderança de nosso país, mas também mudou a forma
como a Igreja é governada.
Nos últimos 50 anos, a América tem passado por um terremoto em seus alicerces que tem
alterado radicalmente a liderança de nosso país. Essa mudança de paradigma cultural tem
profundas implicações que vão desde a família americana até a Casa Branca e desde o mundo dos
negócios até o Corpo de Cristo. Ao longo das últimas cinco décadas, descobrimos que a maioria
dentre aqueles em quem mais confiamos tem mentido para nós, nos enganado e nos roubado,
muitas vezes vivendo em inconcebível imoralidade. Ao mesmo tempo, a moral das nossas famílias
também foi erodindo. Isso fez com que a geração atual se tornasse a geração mais órfã da história
do mundo. Essas coisas contribuíram para a formação de uma mentalidade cultural de desrespeito
à autoridade.

- MUDANDO A ESTRUTURA -

Em resposta à quebra de confiança por aqueles que abusaram de sua autoridade, muitas igrejas
mudaram a estrutura da sua administração em vez de lidar com os corações de seus líderes. A
maioria das igrejas, nas últimas décadas, saiu do modelo de “mesa retangular” de governo para o
modelo de “mesa redonda” de governo. A mesa retangular é uma metáfora para uma estrutura de
liderança que tem níveis de honra, enquanto uma mesa redonda descreve uma estrutura em que
cada pessoa tem uma palavra de igual peso no governo da igreja. Em uma formação de mesa
redonda de liderança, o governo de Deus foi substituído por conselhos diretores de igreja. Esses
conselhos consideram todos como iguais e há pouca ou nenhuma capacidade de reconhecer os
chamados e unções que repousam sobre seus líderes.
Devo deixar claro que não me oponho aos conselhos diretores de igreja. No entanto, sou
contra estruturas governamentais que são estabelecidas a partir do medo dos abusos da liderança e
desonram a liderança principal ao remover os lugares de honra. Eu, pessoalmente, acredito que em
Cristo todos possuem voz igual, mas nem todos têm um voto igual.
Na estrutura de liderança de mesa redonda, a ênfase geral recai sobre a igualdade. Busca-se
lidar com os problemas do coração tirando a oportunidade para que eles se manifestem. Alterar a
estrutura nunca trata a raiz da questão, sendo apenas outra forma de controle. Portanto, não
importa qual seja a estrutura de liderança, o abuso vai acontecer. Quando recriamos uma estrutura
para curar uma questão do coração, o antídoto é muitas vezes pior do que a doença.
Em 1 Samuel 8, os anciãos de Israel mudaram a estrutura de governo em vez de lidar com as
questões do coração. Previamente, os anciãos de Israel tiveram que lidar com os filhos de Eli,
ambos perversos. Eli foi o juiz que governou Israel antes de Samuel. Nesse ponto da história, Eli e
seus filhos haviam morrido há muito tempo e Samuel, que tomou o lugar de Eli como juiz, estava
prestes a morrer, então ele nomeia seus dois filhos para reinar sobre Israel. O problema é que os
filhos de Samuel também eram maus. Os anciãos de Israel, então, têm uma atitude de “já
estivemos lá, fizemos aquilo e vimos o resultado”. Eles não querem que pessoas más os governem
de novo, então eles pedem um rei, em vez de um juiz, para governá-los.
Superficialmente, considerando as opções deles, parece que estão fazendo um pedido nobre a
Samuel. A resposta de Deus é quase impressionante. Ele diz a Samuel: “não rejeitaram a ti, mas
rejeitaram a mim, para que eu não reine sobre ' eles” (1Sm 8:7). Deus estava dizendo que não se
importava que os filhos de Samuel fossem maus e ainda tivessem permissão para reinar sobre
Israel, afinal? Acho que não. Deus ficou aborrecido porque eles mudaram a estrutura de liderança
em vez de lidar com os problemas de seus corações. Os filhos de Eli precisavam ter a maldade
confrontada. Samuel e os anciãos deveriam tê-los removido da liderança, em vez de mudar todo o
sistema de governo para evitar o conflito que a confrontação causa.
O “Movimento do Pastoreio” foi, provavelmente, um dos exemplos mais dramáticos e
recentes de autoridade abusiva na Igreja. A causa do abuso foi que as atribuições paternais foram
dadas a irmãos mais velhos. Lembra-se da atitude do irmão mais velho na história do filho
pródigo, que abordamos anteriormente neste livro? O irmão mais velho disse ao seu pai: “Você
matou um novilho gordo para ele, mas nunca me deu um cabrito sequer”.
Seu pai respondeu: “Eu matei o novilho gordo para ele, mas você possui a fazenda!” (Lc
15:11-32).
De forma similar, muitos dos líderes da igreja de hoje são mais parecidos com o irmão mais
velho do que com o pai da história do filho pródigo. Eles acreditam em mentiras sobre si mesmos,
o Pai, e seus irmãos e, então, competem com as mesmas pessoas que deveriam, supostamente,
liderar. Ainda sendo mendigos, a insegurança cria neles uma desesperada necessidade de reforçar
o poder sobre seus filhos em vez de empoderá-los.
Pais verdadeiros honram os seus filhos e desejam vê-los prosperar e superá-los. Essa atitude de
irmão mais velho é o que destruiu o Shepherding Movement. Os líderes do movimento ensinavam
princípios paternais, mas os destinatários do ensino eram ciumentos e inseguros. Muitos se
recusaram a ver que o problema não era tanto o ensino, mas a aplicação errada dele como resultado
de questões do coração não resolvidas nos líderes (Havia outros problemas no Shepherding
Movement, mas a maioria dos problemas estava enraizada no controle). Mais uma vez, assim
como os anciãos de Israel nos dias de Samuel, muitos têm mudado a estrutura em vez de lidar com
as questões do coração.

- MUDANDO O CORAÇÃO -

Ao invés de mudar o sistema, Jesus nos ensinou a mudarmos os nossos corações. Em um


jantar onde as pessoas estavam lutando pelos lugares de honra, Ele mostrou um grande contraste
entre os corações deles e um coração de honra e humildade que reflete Deus.

E ele propôs aos convidados uma parábola, reparando como eles escolhiam os principais
lugares, dizendo-lhes: Quando tu fores convidado por algum homem para as bodas, não te
assentes no primeiro lugar, para que não aconteça que esteja convidado um homem mais honrado
do que tu, e, vindo o que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este homem; e então com
vergonha, tenhas de tomar um lugar inferior. Mas, quando fores convidado, vai e assenta-te no
lugar inferior, para que, quando vier o que te convidou, ele possa te dizer: Amigo, sobe para cá.
Então, terás honra diante dos que estiverem assentados contigo na mesa. Porque, qualquer que se
exaltar a si mesmo, será humilhado, e aquele que se humilhar a si mesmo, será exaltado (Lc
14:7-11).

Quando a mãe dos filhos de Zebedeu chegou perto de Jesus e perguntou-Lhe se seus filhos
poderiam se sentar ao lado dele no Seu reino, Ele disse que as posições de honra no céu não eram
Suas para que as desse, mas: “o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence
dá-lo, mas o será dado àqueles para quem meu Pai o tem preparado” (Mt 20:23). Em toda a Bíblia,
Deus nos diz que Ele: “resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6).
A honra é a humildade em ação. É uma questão do coração e requer uma avaliação honesta do
valor das outras pessoas e uma escolha de colocar isso acima de nós mesmos. Como um amigo meu
disse: “A arrogância não é pensar demais em nós mesmos, mas pensar muito pouco nos outros”. Se
queremos a graça que Deus dá aos humildes, devemos colocar a sabedoria de Deus em prática: “Se
algum homem deseja ser o primeiro, este será o último de todos, e o servo de todos” (Mc 9:35).
Esse princípio é fundamental no Reino de Deus. Deus é um Deus de honra, e a única maneira
pela qual a honra funciona é se existirem níveis de honra. Isso nos permite honrar os outros acima
de nós mesmos e, ao fazermos isso, permitimos que Deus nos honre. É porque Jesus deseja que
tenhamos a honra que Ele nos ensina a nos humilharmos e a darmos honra aos outros. Por essa
razão, quando a mãe de Tiago e João pediu que seus filhos fossem honrados, Jesus não disse: “Oh,
todo mundo se senta a uma mesma distância de Mim no céu.” No jantar, Ele não tentou mudar o
fato de que há níveis de honra à mesa.
Deus frequentemente descreve as pessoas usando as palavras “menor” e “maior”. O governo do
céu é como uma mesa retangular. Com essa estrutura, reconhecemos que há pessoas que foram
elevadas acima das outras e que elas têm algo que precisamos. Assim como Eliseu reconheceu que
precisava do manto de Elias, também temos muito a receber daqueles que têm ido além de nós. A
fim de receber uma herança e uma transferência de unção deles, precisamos ter fé e expectativa de
que eles realmente têm muito para dar. Mostramos isso quando os honramos. A vida flui quando
os honramos em nossos corações.
Deus fez a estrutura da liderança com níveis de honra porque, como eu disse, a honra facilita o
fluxo da vida no Reino. Quando mudamos a estrutura, não só falhamos em resolver as questões do
coração, mas também nos impedimos de receber os benefícios da vida da liderança estabelecida
por Deus. Culpar os princípios do Reino de Deus e, em seguida, abandoná-los só nos destrói e nos
afasta de Suas bênçãos.
Mais tarde, vamos discutir mais sobre a estrutura de liderança que Deus planejou para o seu
corpo, mas a questão básica é que ela é construída sobre níveis de honra, que permitem que a vida
flua para cada membro ao passo que cada pessoa dá e recebe a honra que lhe é propriamente
devida.

- MANTENDO UMA CULTURA REAL -

Já que a honra é um catalisador tão importante para a vida, precisamos cultivar uma atitude
dentro de nós e uma cultura em torno de nós que a promova. A nobreza cresce no solo de honra.
Aprender a honrar uns aos outros é vital para o nosso crescimento em Deus.
Uma mulher pobre nos ensinou sobre a manifestação extravagante da honra quando quebrou
o frasco de alabastro e derramou perfume caro sobre a cabeça de Jesus. Os discípulos ficaram
indignados. Eles disseram: “Este unguento podia ter sido vendido por muito, e dado aos pobres”
(Mt 26:9). Jesus lembrou-os que sempre tiveram os pobres consigo, mas Ele iria deixá-los em
breve. Jesus, então, fez uma declaração profunda no tocante a essa mulher. Ele disse: “Eu lhes
asseguro que onde quer que este evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela
fez será contado, em sua memória”.
Escravos sabem dar quando há uma necessidade, mas dar àqueles que não têm necessidade
alguma parece um desperdício para eles. Jesus deixou claro que a realeza tem um sistema de valores
completamente diferente. Príncipes dão para honrar pessoas, bem como o fazem para com os
necessitados.
Esse princípio da honra é demonstrado cada vez que adoramos. Não adoramos a Deus porque
Ele precisa do nosso incentivo ou de qualquer outra coisa de nós. Mesmo Ele merecendo louvor e
adoração, nós O adoramos por meio da honra e Lhe oferecemos um louvor que Ele não precisa.
Da mesma forma, quando reis, presidentes e primeiros-ministros dão presentes uns aos
outros, eles intencionalmente se abstêm de dar um presente que seja necessário ao outro. Dar para
suprir uma necessidade de outro líder seria expor um lugar de vulnerabilidade dele, o que, em
última análise, o desonraria. Em outras palavras, quando damos a um líder algo que ele precisa
estamos dizendo que descobrimos um ponto fraco em sua vida. Quando estamos suprindo a
necessidade, na verdade estamos dizendo: “Nós temos algo que você não tem”. Portanto, os
grandes líderes muitas vezes trocam presentes que são artigos de luxos para se honrarem
intencionalmente entre si.
Os discípulos não tinham uma perspectiva de honra em seus corações, e isso distorceu a
compreensão de mordomia deles. Eles viram o que a mulher fez para Jesus como um desperdício.
Jesus disse que a honra extravagante dela a tornaria famosa. A honra vai mudar a forma como
vemos o Rei e a maneira pela qual nos relacionamos com os Seus filhos e filhas.

- EVANGELISMO POR HONRA -

A honra também é uma ferramenta poderosa para o evangelismo. Apenas crescemos em


influência sobre a vida dos outros na proporção em que eles têm valor para nós. Quando portamos
honra em relação aos outros em nossos corações, o nosso valor cresce aos olhos deles e ganhamos
um lugar de influência entre eles. Logicamente, quando honramos a fim de ganhar influência ela
deixa de ser honra. Em primeiro lugar, a honra deve estar em nossos corações e deve ser dada livre-
mente. Quando elogiamos as pessoas sem honra em nossos corações, nossos elogios são
percebidos como bajulação por elas. Os americanos estão acostumados a serem abordados por
vendedores que estão tentando manipulá-los para fazê-los comprar algo. Eles podem enxergar a
insinceridade deles. Entretanto, quando portamos a honra em nossos corações, as pessoas podem
senti-la e o respeito delas cresce.
Grupos de pessoas que julgam e rotulam geralmente promovem a desonra. A discriminação é
um tema importante na nossa sociedade. Nesse sentido, somos parte de uma cultura que se
preocupa com a honra e o respeito, mas por nos concentrarmos mais em obter respeito do que em
dá-lo, a honra não foi estabelecida. É intrínseca à honra a capacidade de validar as características
individuais das pessoas e respeitar o poder de escolha delas. Empoderar significa dar às pessoas o
que elas precisam para que façam escolhas saudáveis.
Infelizmente, grande parte da igreja tem sido culpada de rotular todos que não conhecem o
Senhor. O resultado é que muitas vezes a única coisa que vemos sobre as pessoas é o fato de que
elas não conhecem a Deus. Saltamos para suprir essa necessidade com o nosso “pacote” do
evangelho, mas afastamos as pessoas, porque elas sentem que as vemos apenas como patéticas e
deixamos de lado o resto do valor individual delas. Se acreditarem que realmente não as
valorizamos como pessoas, elas não vão acreditar que as amamos e vão tomar a nossa oferta como
suspeita. Muitos evangelistas têm destruído a credibilidade da Igreja ao não demonstrarem honra,
a qual, por sua vez, garante o direito de falar com alguém.
Eis aonde quero chegar: temos carregado os nossos cartazes de protesto nas manifestações,
pregado fogo do inferno e enxofre nas esquinas de todas as grandes cidades da América e
boicotado as grandes corporações em nome de Deus. Temos ignorado a simples verdade de que a
honra literalmente transformou reinos inteiros nos dias de Daniel e de José. Porque Daniel e José
honraram os reis pagãos que serviam, tanto Faraó quanto Nabucodonosor acabaram por
reconhecer a mão de Deus em suas vidas.
Na Bethel Church, temos trabalhado para honrar todos em nossa cidade, independentemente
de convicção religiosa. Um exemplo do nosso esforço para honrar as pessoas é a maneira que temos
mostrado à comunidade indígena que a valorizamos. Alguns anos atrás, tivemos um culto em que
convidamos os líderes da tribo indígena americana local para virem à nossa igreja para que
pudéssemos pedir-lhes perdão pela forma como os nossos antepassados pecaram contra o povo
deles. A maioria das pessoas da nossa tribo local não conhece a Deus ainda, mas eles ficaram
profundamente comovidos com o nosso amor sincero por eles. Com o passar do tempo, o Senhor
começou a nos falar sobre produzir frutos que mostrem o nosso arrependimento. Convidamos os
líderes tribais de volta à nossa igreja e lhes pagamos um honorário de 500 dólares por mês para
abençoá-los e honrá-los. Fizemos um pacto com eles de que iríamos continuar a dar esse dinheiro
enquanto continuássemos sendo líderes da Bethel Church.
A tribo local voltou à nossa igreja em várias ocasiões para nos honrar com presentes. Temos
desenvolvido um ótimo relacionamento com eles e DEUS ESTÁ SE MOVENDO NESSA
TRIBO! Estamos vendo em primeira mão como Deus projetou a vida para fluir através da nossa
honra.
A vida flui através de honra. Oro para que consigamos adquirir a compreensão de como
honrar a Deus e todas as pessoas neste mundo, independentemente da idade, formação religiosa,
ou convicção.
11 — A Realeza Anseia por Estar Junta

- NASCIDO EM UMA FAMÍLIA -

Para alguns, a palavra realeza pode inspirar imagens de reis de idade avançada que usavam sua
riqueza infinita e poder para satisfazer seu prazer devasso através de seus haréns lotados de
concubinas. Concubinas coabitavam com o rei sem aliança. Por isso, seus filhos não carregavam
consigo o nome do rei nem recebiam qualquer herança.
Nosso Rei não tem concubinas! Ele é um rei justo e santo, que ensina Seus filhos e filhas que
a paixão só deve ser expressa dentro dos limites de pureza e que as crianças devem ser fruto de
relações de aliança.
As pessoas que estão perdidas na escuridão precisam de mais do que um encontro poderoso
com Deus para que uma mudança verdadeira e duradoura se estabeleça em suas vidas. Elas
precisam de um relacionamento com o Senhor e Seu povo. O poder de Deus nos livra das garras
do diabo, destrói a doença do pecado e nos empurra para o reino do Seu Filho amado como um
filho de Deus recém-nascido. A experiência de nascer de novo é apenas o começo da vida como
uma nova criatura, e essa vida requer carinho e cuidado da família de Deus para crescer.
Obviamente, o mesmo acontece com o nascimento natural, razão pela qual desde o início dos
tempos Deus pretendia que as crianças fossem o fruto de um relacionamento amoroso e
apaixonado entre marido e mulher.
A Bíblia diz: “E Adão conheceu Eva, sua mulher; e ela concebeu e teve Caim" (Gn 4:1). A
palavra “conheceu” aqui não significa relação sexual no hebraico. A Bíblia assume que você
entende que Caim não foi concebido por concepção imaculada. Em vez disso, a palavra
“conheceu” é a palavra hebraica yada. Ela significa ter um relacionamento profundo e íntimo com
alguém. Deus está dizendo que Adão tinha uma relação pessoal profunda com Eva e, como
resultado daquele lugar de intimidade, Caim foi concebido.
Deus moldou o pacto de sangue dentro do contexto da própria natureza. Durante anos, os
cientistas têm ficado perplexos na busca do propósito que o hímen desempenha no corpo de uma
mulher. Parece que ele não tem nenhuma razão física para estar lá. Quando está lesionado ele não
cura como outra parte qualquer do corpo. Um dia, percebi que Deus quer que as crianças nasçam
só de uma relação de aliança entre marido e mulher, Ele, portanto, providenciou o sangue para que
o pacto pudesse ser ratificado antes que as crianças fossem concebidas.
Em nossa sociedade, tornou-se comum as crianças serem concebidas a partir de um caso de
uma noite ou de um impulso apaixonado. Pior ainda, algumas crianças são frutos de um estupro.
O estupro ocorre quando uma pessoa força sua vontade sobre outra. Vivemos em uma cultura que
deseja intimidade sem responsabilidade e prazer sem aliança. Vamos olhar mais para o fruto desse
desejo em um instante, mas quero salientar que, sem saber, grande parte da Igreja tem sido
influenciada por essa mentalidade. Semana após semana, vemos pessoas nascidas de novo em
nossos altares. No entanto, onde estão eles? A maioria deles, não muito depois de chorar de
arrependimento, é empurrada para uma luta pela sobrevivência.
Nada disso chega perto de espelhar o plano de Deus, que é que os novos crentes não apenas
sejam aplaudidos enquanto estão indo à frente para o altar, mas também que sejam recebidos por
uma família que vai, pessoalmente, alimentá-los e guiá-los. A cultura do mundo tem ajudado a
criar uma mentalidade estranha em parte da Igreja. Não nos importamos em ver pessoas nascendo
de uma noite de “paixão” apenas para serem deixadas em nossos altares com uma oração que não
entendem e uma Bíblia que não conseguem ler.

- MINHAS PRÓPRIAS ALIANÇAS -

Nunca vou esquecer a noite em que Kathy e eu recebemos o Senhor. Eu tinha 18 anos e Kathy
tinha 15 na época.
Eu tive um encontro três anos antes que me lançou em uma jornada para encontrar Deus.
Minha mãe tinha ficado muito doente com psoríase e seu corpo foi coberto por uma erupção
cutânea. Para piorar a situação, por cerca de um ano tivemos um ladrão olhando através de nossas
janelas à noite e nos aterrorizando. Uma noite, eu até mesmo dei um tiro nele depois que acordei
e o encontrei entrando através da janela do meu quarto.
A polícia ia à nossa casa várias vezes por semana. Minha mãe dormia no sofá com uma
espingarda. Eu acordava no meio da noite e ouvia a minha mãe chorando enquanto lutava para
não pirar. Isso tudo foi extremamente perturbador para um menino de 15 anos de idade que era o
mais velho de três filhos. Não fomos criados num lar religioso e, portanto, eu realmente não sabia
se havia um Deus. Em uma noite de verão, por volta das três horas da manhã, a pressão foi demais
para mim. Sentei-me contra a cabeceira da minha cama. Estava escuro como breu e eu podia ouvir
minha mãe chorando em silêncio no quarto da frente.
Eu gritei em desespero: “Se há um Deus, se você curar minha mãe eu vou descobrir quem você
é e vou servi-lo o resto da minha vida!”
Uma voz audível respondeu: “Meu nome é Jesus Cristo e você recebeu o que pediu!”
Na manhã seguinte, minha mãe acordou completamente curada. Sua psoríase tinha ido
embora! Dentro de alguns dias, a polícia prendeu o ladrão e a vida começou a mudar.
Uma semana ou algo por aí passou e eu estava deitado na minha cama, por volta da
meia-noite, contemplando esses eventos surpreendentes, quando a voz falou comigo novamente.
Ele disse: “Meu nome é Jesus Cristo. Você disse que se eu curasse sua mãe você me serviria e
Eu estou esperando!”
Comecei a procurar por Deus em toda parte. Ia a diferentes igrejas, ficava na parte de trás
durante o culto e esperava para ver se Deus estava lá. Frequentemente ia embora decepcionado,
dizendo a mim mesmo: “O Deus que falou comigo não está aqui.” Finalmente, três anos mais
tarde, Kathy e eu fomos convidados para conhecer uma congregação de amigos. Era um grupo
caseiro cheio de jovens. Todos estavam animados com Jesus. Entramos e nos sentamos no chão
com cerca de uma centena de outros moços. O louvor começou e todos começaram a cantar
apaixonadamente com as mãos levantadas. À medida que a música foi diminuindo, o líder fez um
convite para quem quisesse receber a Cristo. Kathy e eu levantamos as mãos e fizemos uma oração
pedindo a Deus que perdoasse os nossos pecados e entrasse em nossas vidas.
Não percebemos isso na época, mas o que aconteceu em seguida mudaria para sempre nossas
vidas. Após a reunião terminar o líder se aproximou e se apresentou. Ele explicou o que significa
ser salvo, como éramos bebês recém-nascidos no reino e que precisávamos ser adotados. Em
seguida, ele nos apresentou a três jovens e nos perguntou qual daqueles
Eu gritei em desespero: “Se há um Deus, se você curar minha mãe eu vou descobrir quem você
é e vou servi-lo o resto da minha vida!”
Uma voz audível respondeu: “Meu nome é Jesus Cristo e você recebeu o que pediu!”
Na manhã seguinte, minha mãe acordou completamente curada. Sua psoríase tinha ido
embora! Dentro de alguns dias, a polícia prendeu o ladrão e a vida começou a mudar.
Uma semana ou algo por aí passou e eu estava deitado na minha cama, por volta da
meia-noite, contemplando esses eventos surpreendentes, quando a voz falou comigo novamente.
Ele disse: “Meu nome é Jesus Cristo. Você disse que se eu curasse sua mãe você me serviria e
Eu estou esperando!”
Comecei a procurar por Deus em toda parte. Ia a diferentes igrejas, ficava na parte de trás
durante o culto e esperava para ver se Deus estava lá. Frequentemente ia embora decepcionado,
dizendo a mim mesmo: “O Deus que falou comigo não está aqui.” Finalmente, três anos mais
tarde, Kathy e eu fomos convidados para conhecer uma congregação de amigos. Era um grupo
caseiro cheio de jovens. Todos estavam animados com Jesus. Entramos e nos sentamos no chão
com cerca de uma centena de outros moços. O louvor começou e todos começaram a cantar
apaixonadamente com as mãos levantadas. À medida que a música foi diminuindo, o líder fez um
convite para quem quisesse receber a Cristo. Kathy e eu levantamos as mãos e fizemos uma oração
pedindo a Deus que perdoasse os nossos pecados e entrasse em nossas vidas.
Não percebemos isso na época, mas o que aconteceu em seguida mudaria para sempre nossas
vidas. Após a reunião terminar o líder se aproximou e se apresentou. Ele explicou o que significa
ser salvo, como éramos bebês recém-nascidos no reino e que precisávamos ser adotados. Em
seguida, ele nos apresentou a três jovens e nos perguntou qual daqueles homens nós gostaríamos
de ter como nosso “pai”. Eu não tinha percebido que a “paternidade” não era normal na igreja
naquele momento, porque não tinha estado muito na igreja. Escolhemos um homem chamado
Art Kipperman, que era cerca de três anos mais velho que nós. Ele e sua esposa, Cathy, se
tornaram nossos pais espirituais. Foi incrível ter alguém para nos mentorear e nos aconselhar de
perto. Tivemos um relacionamento com eles desse ponto em diante.
Alguns anos mais tarde, nós nos mudamos para os Alpes Trinity, no norte da Califórnia.
Ficamos ali um ano sem o benefício de ter um pai e uma mãe espiritual vivendo ao nosso lado. Eu
estava morrendo de inanição e me senti perdido. Comecei a clamar a Deus para que me enviasse
um pai.
Estava trabalhando como mecânico em uma oficina na época. Um dia, enquanto estava
deitado em um carro esteira debaixo de um Jeep Wagoneer verde, o Senhor me disse: “O homem
que é dono desse Jeep será o seu pai.” Eu estava orando fervorosamente naquele dia acerca do vazio
na minha vida, mas nem conhecia o homem que era o dono do Jeep.
Quando esse cliente em particular veio para pegar seu veículo, recolhi o pagamento e expliquei
o trabalho realizado para ele. Eu estava muito nervoso. Ele era cerca de vinte anos mais velho que
eu e parecia muito caloroso e amoroso. Acompanhei-o até seu carro, ainda tentando juntar
coragem para dizer-lhe o que Deus tinha me dito. Ele entrou no Jeep e baixou a janela, enquanto
eu tropeçava sobre minhas palavras.
Finalmente, deixei escapar: “Deus me disse que o homem a quem pertence esse Jeep seria o
meu pai espiritual!” (Eu estava segurando as lágrimas). Ele desligou o motor e abriu a porta do seu
carro. Ele se levantou, colocou os braços em volta de mim e me disse: “Eu ficaria honrado em ser
seu pai!” O nome desse homem é Bill Derryberry e ele tem sido meu mentor por mais de 20 anos.
Seu amor e disciplina têm mudado a minha vida. Sou eternamente grato a ele.
O amor que Bill e eu temos um com o outro resultou em muitas pessoas nascendo no Reino,
tanto através do incentivo de Bill em minha própria vida quanto da natureza contagiosa do amor
quando é expresso através de alguém. Da mesma forma, o desejo de Deus é que a noiva e o noivo
se amem tão apaixonadamente um ao outro que as crianças sejam o resultado natural disso. A
presença dos nossos filhos em si nos lembra da aliança de amor que nós compartilhamos. Quando
concebidos em amor, não em luxúria, o desenvolvimento natural do relacionamento das crianças
com seus pais é um vínculo inquebrável, imutável e eterno. Os corações de seus filhos tornam-se
tábuas em que maridos e esposas esculpem suas cartas de amor um ao outro. O resultado desse tipo
de relacionamento é que as crianças são seguras, bem ajustadas e têm uma autoestima saudável,
porque seus pais as valorizam.
Quando a Igreja de Jesus se torna uma família em vez de um harém, as pessoas não só virão à
igreja, elas vão se tornar a igreja. Já não será um lugar para o qual ir, mas uma tribo em que vivem,
um povo pelo qual eles têm responsabilidade e uma família em que se alimentam uns aos outros
em tempos bons e ruins, na doença e na saúde, até que a morte nos separe. Elas não vão mudar de
igreja só porque a adoração não é tão boa quanto à da Super Igreja do Joe ali perto. Elas estarão
comprometidas com uma família onde elas ouvem a voz do seu Pastor nas pessoas que os estão
conduzindo.
Pacto também significa que as pessoas pertencem a uma sociedade para ser um contribuinte
em vez de um consumidor. O pacto quebra a espinha dorsal da pressão por desempenho que os
líderes sentem, porque seu rebanho não tem vindo para se divertir, mas tem vindo para ser
conduzido.

- A GERAÇÃO ÓRFÃ -

Vivemos na que provavelmente é uma das gerações mais órfãs da história do mundo. Isto é
devido em parte às pessoas que optam pela coabitação e o divórcio em vez de relacionamentos
comprometidos. Mesmo as pessoas que se casam na América estão muitas vezes mais preocupadas
em fazer um dinheirinho do que em nutrir uma família. No entanto, permanece uma promessa de
muito tempo atrás que um velho profeta articula melhor em sua visão do futuro. Como eu disse
antes:

Eis que eu vos enviarei Elias, o profeta, antes da vinda do grande e terrível dia do Senhor; e ele
converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e
fira a terra com uma maldição (Ml 4:5-6).

Há quase 3.000 anos atrás, o profeta Malaquias sabia da importância de unir pais e filhos nos
últimos dias. Ele viu a restauração das relações de aliança como a força que iria quebrar as
maldições da nossa terra. O avivamento desses últimos dias será baseado tanto na família natural
quanto na espiritual.
Maldições são os poderosos e dolorosos custos de alianças inexistentes ou quebradas. Eu sei
disso em primeira mão, como compartilhei com você no primeiro capítulo. Após a morte de meu
pai, minha mãe deu à luz a meu irmão Kelly, filho do meu primeiro padrasto. O casamento deles
se desintegrou quando Kelly tinha cinco anos. Após o divórcio, o pai de Kelly ligava bêbado cerca
de uma vez por mês para exercer os seus direitos de visita.
Ele dizia: “Estou indo buscar o Kelly às cinco horas da tarde de hoje.” Kelly ficava tão animado
para ver o pai que já estava pronto no início da manhã. Ele levava consigo sua pequena mala e se
sentava na varanda da frente, geralmente uma ou duas horas mais cedo. Ele ficava sentado lá por
horas a fio, seja sob o sol escaldante ou congelando no inverno frio. Ele esperava lá fora até tarde
da noite.
Eu finalmente saía e dizia-lhe: “Kelly, por que você não entra agora? Seu pai não deve estar
vindo.”
Mas ele dizia: “Meu pai está vindo. Eu sei que ele está vindo!”
Geralmente em torno da meia-noite ele adormecia em cima de sua pequena mala. Eu o
pegava e o levava para a cama. Esse padrão continuou durante anos, resultando em feridas
profundas e um coração partido. Devido à necessidade, crianças que sobrevivem nesse ambiente se
tornam independentes e rebeldes, pois aprenderam que não podem confiar nas pessoas,
especialmente aquelas que têm autoridade sobre elas.
Há tantos Kellys no mundo que são nascidos fora do contexto de uma aliança ou
experimentam seus pais quebrando a aliança por meio do divórcio. Há muitas outras crianças que
têm mães e pais que cuidam dos filhos como um hobby, ou como um trabalho secundário, porque
estão fora correndo atrás do “sucesso”. Quando os relacionamentos amorosos estão ausentes da
vida dos filhos, outra mensagem é escrita em seus corações, a qual não é amor, mas sim rejeição e
abandono. Essas coisas são esculpidas em seus tenros coraçõezinhos através de palavras
imprudentes e noites solitárias.
A mesma condição é proeminente no Reino. Muito parecido com o meu irmão mais novo que
não foi cuidado por um pai, nós na Igreja temos dado à luz filhos e depois os deixamos órfãos para
que sobrevivam por conta própria. Jesus nunca teve a intenção de que façamos cristãos, mas a de
que façamos discípulos. A palavra discípulo significa “aprendiz”. A própria natureza de um
discípulo é a de que ele precisa de alguém para ensiná-los.
O que acontece com os novos cristãos que não são adotados? A maioria deles volta ao mundo
de onde vieram. Mais tarde, quando alguém tenta reconquistá-los para Cristo, isso é quase
impossível. Eles pensam: “Eu já tentei isso e não funcionou.” A verdade da questão é que o que
eles experimentaram tem pouco a ver com o evangelho. Evangelho significa “boas notícias”. Uma
grande parte do “boa” que está na “notícia” é que deveríamos ter nascido em uma família que
cuidasse de nós, e não apenas que fôssemos influenciados por pessoas fanáticas que se
preocupavam mais em ganhar almas do que em adotar filhos e filhas.
Muito parecido com uma mulher que fica grávida em um encontro, levamos pessoas a Cristo
sem qualquer relacionamento com elas ou plano de adotá-las. Isto acontece muitas vezes em
nossos cultos. Deixamos a música criar a atmosfera certa para o romance. O pregador tem
praticado suas frases porque as usou muitas vezes antes; a paixão cresce e, em seguida, a criança é
concebida. Às vezes isso acontece mais como um estupro forçado, onde assustamos as pessoas para
que entrem no Reino dizendo-lhes sobre todas as coisas ruins que vão acontecer a eles se eles não
vierem à frente ou não levantarem a mão direita em seguida! (A forma como o evangelismo é
ensinado em muitos círculos hoje lembra mais uma clínica de vendas do que uma sessão de
Lamaze [N.T. - técnica de relaxamento e respiração para facilitar o trabalho de parto]. Essas
pessoas se preocupam mais em levar alguém a fazer uma oração do que se preocupam sobre como
cuidar para que as crianças nasçam). Quando as crianças são concebidas dessa forma, elas são
bastardas (veja Hb 12:8). Elas nem sequer sabem quem é o pai delas. Em nossa intoxicação, nós
dizemos-lhes que as amamos. Muitas vezes, porém, nunca demonstramos isso. Muitas vezes
ninguém sequer os toma nos braços! Não podemos permitir que essa perversão do evangelho
continue. Temos de nos levantar e nos tornar pais e mães que se preocupam. Os Kellys do mundo
estão à espera de alguém que seja um pai para eles.
Nos últimos cem anos, com o nascimento do Movimento Pentecostal, temos assistido a
restauração do ministério do Espírito Santo na Igreja e pela Igreja. No final dos anos 60 e início
dos anos 70, vimos o “Movimento de Jesus” alterar completamente a cultura hippie e transformar
muitas
das nossas cidades. Este último avivamento será iniciado pelos profetas e vai enfatizar o
ministério do Pai. Ele será tipificado pela completa reforma e a restauração da paternidade e da
filiação. À medida que revoluciona a unidade da família, ele acabará por transformar a nossa
cultura.

- VERDADEIRA ALIANÇA -

A paternidade começa com o casamento. O casamento é iniciado através da aliança. A aliança


é composta por três facetas. Em primeiro lugar, ela significa um acordo que só pode ser quebrado
pela morte. Em segundo lugar, a natureza de um pacto é que aqueles que o fazem morrem para si
mesmos por causa de seu parceiro de aliança e, por último, as pessoas que estão em aliança dão um
ao outro o direito de influenciar suas decisões. Em outras palavras, o foco de cada membro da
aliança é: “Estou nessa relação pelo que posso dar a ela, não apenas pelo que possa receber dela.”
A relação de coabitação diz: “Estou neste relacionamento pelo que posso ter de você.
Portanto, estou nesse relacionamento apenas pelo tanto de tempo que você me agradar.” As
pessoas que vivem juntas sem serem casadas muitas vezes se desculpam dizendo que o casamento é
apenas um pedaço de papel. A verdade da questão é que a intencional falta de compromisso cria
um medo em um parceiro de que o outro venha a sair, motivando-os a fazer o que puderem para
manterem o outro satisfeito. Em sua codependência, o casal não quer fazer um acordo que dure
para sempre, porque isso vai tirar o elemento de insegurança que eles usam para manterem seu
parceiro sob a pressão de ter bom desempenho.
Aqueles que apenas dormem juntos - coabitam - acham muito difícil tomar a decisão de se
comprometerem com alguém para sempre, porque eles têm muito pouco controle sobre como esse
alguém vai tratá-los no futuro. Em uma relação de aliança, é mais fácil fazer um compromisso que
dure para toda a vida, porque “estou nele pelo que posso dar ao relacionamento e tenho total
controle sobre o meu próprio comportamento.”
Deus é um ser promotor de alianças. Ele fez um pacto com o homem que foi baseado na
capacidade deste em ser justo através do cumprimento de regras (o Antigo Testamento e a
Aliança). Mais tarde, Deus queria mudar o pacto que tinha feito com o homem, mas um pacto só
termina com a morte. Portanto, Deus, como Jesus Cristo, teve que morrer para que pudesse alterar
o acordo, como Paulo descreve em Romanos e Gálatas.
Embora muitos cristãos tenham sido criados em uma cultura de igreja de “coabitação” onde as
pessoas não se comprometiam, os líderes estavam controlando ou agradando as pessoas e o
verdadeiro discipulado estava faltando, a verdade da questão é que quando recebemos a Cristo
entramos em uma relação de aliança com Deus e Seu povo. O batismo nas águas é o ato profético
que inicia essa aliança. De acordo com Romanos, capítulo seis, o submergir no batismo é uma
declaração profética de que estamos sendo sepultados com Cristo na morte. Quando saímos da
água, estamos demonstrando que a nossa vida agora é encontrada em Cristo, que nos ressuscitou
dos mortos (veja Rm 6:3-11). “não obstante, eu vivo, porém, não eu, mas Cristo vive em mim” (Gl
2:20).
Manter a aliança com Deus é a marca de um verdadeiro discípulo. Jesus tinha 12 apóstolos.
Ele dizia continuamente que um deles iria traí-lo. É um pouco assustador para mim que os outros
11 caras que viveram, dormiram, comeram e ministraram juntos em poder por três anos e meio
ainda não tinham percebido que Judas era um traidor. Judas deve ter sido capaz de curar doentes e
expulsar demônios, assim como qualquer um dos outros discípulos, pois caso contrário sua falta de
poder teria sido um indicador de que ele era o traidor. Em seguida, na noite da Páscoa, Jesus,
basicamente, disse: “Vamos fazer um pacto.” Ele tomou o pão e disse: “Isto é o meu corpo, que é
dado por vós” (Lc 22:19). Assim que Judas percebeu que uma aliança era exigida, seu disfarce foi
descoberto.
Judas era um falso apóstolo. Ele traiu Jesus com um beijo porque perseguiu intimidade sem
aliança (veja Lc 22:47). Ele estava num relacionamento com Jesus pelo que poderia obter. Quando
percebeu que Jesus estava prestes a lhe exigir que se sacrificasse por amor a Cristo, ele vendeu o que
restava de seu estoque em Cristo por 30 moedas de prata. Ele não queria estar em um
relacionamento que lhe custasse.
A natureza de falsos apóstolos e dos falsos líderes é que eles não são pais de verdade. Eles
coabitam com o Corpo pelo que podem tirar dele. As crianças que eles geram são incidentais. Eles
nunca planejam cuidar delas. Quando finalmente são pegos em seus próprios pecados, eles tentam
criar sua própria redenção (Judas se enforcou) em vez de receber o que Cristo fez por eles.
Como já mencionei, esse espírito de Judas é muito proeminente em nossa cultura. Ele
começou a dominar a mentalidade de nosso país e é exemplificado de muitas formas tanto na
igreja quanto fora dela. E muito importante que nós, como príncipes e princesas, nos recusemos a
permitir que o espírito do nosso tempo nos influencie, mas que vivamos no espírito oposto.
Muitos anos atrás, o Senhor me deixou convicto da atitude de coabitação que eu tinha para
com Bill Johnson. Bill tem sido o meu líder sênior e pastor por mais de um quarto de século. Ele é
um dos homens mais incríveis que já conheci e tenho um profundo respeito por ele. Uma noite, o
Senhor revelou o meu coração com relação a Bill. Embora eu tivesse servido-lhe bem e tivesse feito
o meu melhor para ele, eu nunca tive qualquer intenção de ficar com ele para sempre. Eu queria ser
o Cara, o Chefe, o número um, e estava usando o Bill para chegar lá. O Senhor me disse: “Você
está sempre falando de aliança, mas você ainda não fez uma com o seu pai sênior! Você o está
servindo para tirar proveito, não para o benefício dele. Quero que dedique o resto de sua vida para
servi-lo.”
Uau! Fui pego no flagra. Percebi então o quanto não queria ser submisso a alguém. Todos os
meus problemas de confiança começaram a vir à superfície. Eu realmente acreditava que se desse
minha vida para servir Bill ele iria retribuir o relacionamento? Mais importante, eu confiava que
Jesus poderia me dar os desejos do meu coração enquanto eu era o servo de outro homem? Eu
poderia viver com Bill ficando com o crédito das coisas que eu realizasse, porque as pessoas viam a
Bethel como a “igreja do Bill”? Será que eu queria passar toda a minha vida à sombra de um
homem famoso? Meu coração falso foi desmascarado. Ai, ai, ai!
A convicção crescia dia após dia, até que eu já não podia mais suportá-la. Eu não podia
simplesmente ter uma mensagem, eu tinha que ser a mensagem. Precisava fazer uma mudança na
minha vida, mas isso era uma batalha.
Bill e eu estávamos juntos fazendo um retiro de homens em Orangeville, Califórnia, bem no
auge da minha tensão. Foi duro e, para piorar as coisas, fomos no mesmo carro juntos durante
todo o caminho até lá. No trajeto para o local, dificilmente falávamos um com o outro, o que não
é incomum se tratando do Bill (ele é muito quieto), mas foi um pequeno milagre para mim. Eu
tinha medo de falar porque não tinha certeza do que poderia saltar da minha boca. Finalmente, eu
não podia segurar por mais tempo. Bill estava dirigindo quando olhei para ele e deixei escapar: “eu
me comprometo a passar o resto da minha vida servindo você. Um dos principais objetivos da
minha vida de hoje em diante é ter certeza de que você venha a realizar tudo o que Deus lhe deu
para fazer com a sua vida e eu vou ficar com você até morrer.”
Pensei que ia desmaiar, pois tive uma profunda revelação do que tinha acabado de fazer, e eu
sou um homem que mantenho a minha palavra. Bill olhou para mim e disse: “Obrigado.” Acho
que Bill pensou que eu estava verbalizando algo que eu sempre houvera levado em meu coração,
porque o tinha servido por muito tempo, mas não era esse o caso. Aquelas palavras mudaram a
minha vida. Eu fui para um nível com Deus totalmente novo desde então. Meu ministério
explodiu e minhas
finanças mais do que duplicaram. Na verdade, este livro é o resultado do encorajamento e da
promoção que o Bill me trouxe. Ele mesmo contatou a editora Destiny Image e fez os arranjos
necessários para que eles lessem o meu manuscrito.
Essa transição do concubinato para a aliança deve ocorrer para que a Igreja mais uma vez possa
ser “A Família de Deus”. A marca da verdadeira realeza é a capacidade de entregar a nossa vida em
uma aliança com os outros para o bem do reino. Ao que a Igreja se torna verdadeiramente uma
família e dá à luz filhos e filhas, expressando a aliança que temos com o noivo, as fundações de
nossas cidades serão abaladas. Isso mostrará um contraste dramático entre a lascívia do mundo e o
amor de Deus! Por fim, o mundo vai receber aquilo pelo que anseia: o sobrenatural, incondicional,
amor do Pai, que nos ama como filhos e filhas. É questão de tempo para que nós venhamos a
suprir a real necessidade deles!
12 — Defendendo Os Decretos do Rei

- HERÓIS DA JUSTIÇA -

Temos visto como Deus nos chamou para a glória e como a verdadeira humildade e a honra
são atributos essenciais para carregarmos essa glória corretamente. Humildade e honra são
sustentadas ao se compreender e manter um coração de amor aliançado com Deus e uns aos
outros. Bill Johnson diz: “Você pode dizer o que uma pessoa ama pelo que ela odeia.” Deus ama
Seus filhos, Ele tem ciúmes deles e odeia qualquer coisa que viole o amor. Ele chama isso de
injustiça. À medida que crescemos em Seu coração pelos outros e pelo mundo, começamos como
realeza a desenvolver um ódio pela injustiça e uma ação profundamente enraizada para vê-la
desfeita.
Vamos olhar para a necessidade de fazer justiça em alguns dos personagens que estudamos
neste livro. Se você lembra, Moisés sempre soube que era um hebreu, mas cresceu como um
príncipe na casa de Faraó. Ele foi criado em um ambiente onde o contraste entre a sua situação e a
de seu povo era escancarado. Um dia, ele vê dois de seus irmãos sendo maltratados por um egípcio
e toma medidas (veja Ex 2:11-12). O que levou Moisés a defender seus irmãos? Por que ele sim-
plesmente não foi curtir no palácio e assistir filmes? Por que as pessoas que “estão com a vida feita”
deixam sua zona de conforto para se levantarem por alguma pobre alma que está sendo abusada?
A maioria das pessoas sabe a diferença entre o certo e o errado. Contudo, os integrantes da
realeza têm um poderoso senso de justiça nas profundezas de suas almas que os leva a agir quando
veem algo errado. Da mesma maneira que Moisés não podia deixar de fazer alguma coisa quando
viu seus irmãos sendo maltratados, os filhos e as filhas do rei são impelidos a corrigirem a injustiça,
destruírem o mal e verem a justiça prevalecer no mundo.
Podemos ver como esse senso de justiça move a realeza à ação em Atos 17, quando o apóstolo
Paulo chega a Atenas. Inicialmente, seu propósito lá era sair para espairecer e esperar por Silas e
Timóteo, mas quando viu que a cidade estava adorando falsos deuses ele ficou perturbado. O
versículo 16 diz que seu espírito “ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia
de ídolos”. Ele começou a ensinar na praça principal e conseguiu atenção suficiente para que as
pessoas o levassem para pregar no Areópago, onde todos os principais professores e filósofos do
momento discursavam. Sua busca pela justiça acabou lhe rendendo uma plataforma para contar a
toda cidade sobre Jesus.
Enquanto Paulo foi provocado pelo que viu acontecendo em Atenas, Gideão era um homem
que foi provocado por aquilo que não estava acontecendo em Israel. Antes de nos encontrarmos
com Gideão em Juízes 6, deixe-me descrever o cenário histórico. Os midianitas, os amalequitas e
os exércitos do oriente estavam oprimindo o seu país. O Senhor já tinha enviado um profeta para
lembrar os israelitas de sua história com o Deus do Céu, e como Ele os libertou da opressão egípcia
usando sinais e maravilhas poderosas.
Infelizmente, nenhum tipo de livramento havia chegado a Israel ainda. Como resultado,
encontramos Gideão se escondendo em um lagar, tentando salvar a safra de trigo do inimigo, que
veio no momento da colheita para destruir os campos. Um anjo do Senhor veio a ele com esta
grande proclamação: “O Senhor está com você, poderoso guerreiro.” A resposta de Gideão foi
impressionante. Ele disse: “O meu Senhor, se o Senhor está conosco, então por que tudo isso nos
sobreveio? E onde estão todos os milagres os quais os nossos pais nos contaram, dizendo: O
Senhor não nos fez subir do Egito? Agora, porém, o Senhor nos abandonou e nos entregou nas
mãos dos midianitas” (Jz 6:13).
Gideão estava cansado de se esconder no lagar para malhar o trigo (Você já esteve doente e
cansado de estar doente e cansado?) Ele tinha ouvido o lembrete do profeta sobre tudo o que Israel
tinha visto Deus fazer, e ele queria saber por que havia um abismo tão grande entre as obras
milagrosas do passado e a absoluta impotência de Israel para mudar suas circunstâncias atuais.
Como nós, ele queria saber por que havia tal distância entre o que a Bíblia diz que deve ser e o que
ele estava realmente presenciando. A realeza não pode viver com essa incongruência em seus
corações. Há uma paixão em nossas almas que nos leva a nos levantar e confrontar a injustiça do
nosso dia. Essa paixão estava fervendo sob a superfície da alma de Gideão, esperando por uma
oportunidade e um encorajamento da parte do Senhor para agir.
É ótimo estar no palácio e desfrutar de todos os benefícios de ser o filho do Rei, mas quanto
mais começamos a andar em nossa identidade real, mais vamos encontrar algo crescendo em nós
quando somos expostos à injustiça. Para muitos de nós, a necessidade de justiça foi reprimida por
falsas crenças que abraçamos no meio de injustiças não resolvidas que presenciamos. Mas, à
medida que nos deparamos com a fidelidade de Deus em nossas próprias vidas, vamos nos
perceber sendo provocados a agir.
Vimos a identidade real do rei Saul emergindo através da exposição à injustiça no livro de
Primeiro Samuel. Saul foi ungido rei de Israel, mas, logo após sua cerimônia de unção, em vez de
liderar Israel, ele voltou para o que lhe era familiar e foi trabalhar em sua fazenda. Afinal, ele
cresceu como um mendigo e não como um príncipe. Ele não sabia como era governar. Israel nunca
tinha tido um rei, por isso não havia modelos para guiá-lo em sua nova posição. Não muito tempo
se passou até que ele ouvisse a palavra das autoridades da cidade de Jabes-Gileade falando sobre
como eles estavam para perder seus olhos direitos para os amonitas a fim de fazer um tratado de
paz com eles (veja 1Sm 11:1-5).O que o profeta Samuel começou na vida de Saul ao ungi-lo rei de
repente se tornou realidade quando ele se deparou com a injustiça. Eis o relato bíblico sobre o que
aconteceu:

Então, Naás, o amonita, subiu e acampou contra Jabes- Gileade; e todos os homens de Jabes
disseram a Naás: Faz um pacto conosco, e nós te serviremos. E Naás, o amonita, respondeu-lhes:
Com esta condição farei um pacto convosco: que eu possa arrancar todos os vossos olhos direitos,
e lançar isto como um vexame sobre todo o Israel. E os anciãos de Jabes lhe disseram: Dá-nos
trégua de sete dias, para que possamos enviar mensageiros para todos os termos de Israel; e, então,
se não houver homem que nos salve, viremos a ti. Então, vieram os mensageiros a Gibeá de Saul,
e contaram as notícias aos ouvidos do povo; e todo o povo ergueu a voz, e chorou. E, eis que Saul
vinha do campo atrás do rebanho; e Saul disse: O que aflige o povo, que eles pranteiam? E lhe
contaram as notícias sobre os homens de Jabes. E o Espírito de Deus veio sobre Saul quando ele
ouviu aquelas notícias, e a sua ira se acendeu sobremaneira. E ele tomou uma junta de bois, e a
cortou em pedaços, e os enviou a todos os termos de Israel pelas mãos dos mensageiros, dizendo:
Quem quer que não vier após Saul e após Samuel, assim será feito aos seus bois. E o temor do
Senhor caiu sobre o povo, e eles saíram em um acordo (1Sm 11:1-7).

Muitos no Corpo de Cristo estão no mesmo estado que Saul se encontrava antes de se deparar
com a injustiça. Temos sido ungidos como reis e sacerdotes, temos sido comissionados a discipular
as nações e temos sido equipados com a sabedoria, poder e autoridade do próprio Deus. Ainda
assim, de alguma forma nós nos encontramos seguindo alguns bois estúpidos ao redor da fazenda,
voltando aos nossos velhos hábitos e focando-nos na sobrevivência, quando fomos chamados para
liderar e influenciar as pessoas para o Reino.
No entanto, a injustiça tem uma maneira de trazer para fora o chamado real em nossas vidas.
Podemos sempre dizer no quanto da nossa identidade principesca estamos verdadeiramente
andando por nossa resposta à injustiça: ou o nosso espírito se comove em nós, dirigindo-nos a agir,
ou corremos para nos esconder.

- UMA JUSTIÇA DE RESTAURAÇÃO -

É a coisa mais natural do mundo que a família real de Deus (nós) se preocupe com a justiça. O
salmista escreveu: “justiça e juízo são a habitação do seu trono” (Sl 97:2b). Aqueles que vivem com
o Seu trono em seus corações são movidos a trazer retidão e justiça em todas as situações.
Nosso Irmão mais velho, Jesus, veio à terra para lidar com o pecado, a raiz da injustiça, de uma
vez por todas na cruz. Ele foi um modelo para nós do que trazer justiça é. Curiosamente, Ele não
saiu por aí punindo as pessoas por seus pecados. Muitas pessoas pensam que justiça se parece com
pessoas recebendo o castigo que merecem. Esse é apenas um lado da justiça, e é importante
perceber que esse lado já foi tratado. O próprio Jesus cumpriu essa exigência da justiça levando
sobre Si a penalidade por nossos pecados na cruz. Ele levou o que merecíamos e, por meio da fé,
temos acesso à vida que Ele merecia.
Jesus descreveu a justiça que veio trazer em Lucas 4:18-19:

O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o evangelho aos pobres;
ele enviou-me para curar aos quebrantados de coração, para pregar libertação aos cativos e
restauração da vista aos cegos, e para pôr em liberdade os oprimidos, para pregar o ano aceitável do
Senhor.

A justiça de Jesus é uma justiça de restauração. Ele dá de volta às pessoas aquilo que o pecado
tomou delas. Quando a Bíblia diz que “O salário do pecado é a morte”, ele não está falando apenas
sobre quando os nossos corpos param de funcionar e são colocados no chão. A morte é a condição
espiritual de estar separado de Deus e a morte do corpo é o resultado dessa separação. A Bíblia nos
diz que já estamos mortos no pecado quando nascemos neste mundo. Essa morte está em ação em
nós e em torno de nós durante toda a nossa vida na terra. Ela não só afeta o nosso último fim, mas
toda a nossa qualidade de vida no planeta.
O pecado causa todos os tipos de problemas para nós em todas as áreas da nossa vida. Ele afeta
a nossa saúde, os nossos relacionamentos e as nossas finanças, mentes e emoções. O que é
surpreendente é que a morte de Jesus não apenas torna possível nossa ida ao céu quando
morrermos, mas também possibilita que vivamos com todos os benefícios de um relacionamento
restaurado com nosso Pai agora mesmo. Ele possibilitou que todos os efeitos do pecado em nossas
vidas fossem revertidos. Porque Ele tomou o castigo do nosso pecado, não temos que viver com a
doença, a pobreza, os relacionamentos destruídos, a dor emocional, ou o tormento mental. Tudo
isso foi coberto e tornado inoperante pelo sangue de Jesus.
Estamos em parceria com Deus para trazer justiça à terra. Ela reverte cada efeito do pecado e
da morte na vida das pessoas, pois ela é a justiça da restauração. Como Paulo, estamos restaurando
o conhecimento do único Deus verdadeiro. Como Gideão, estamos restaurando os sinais
sobrenaturais de Deus. Estamos restaurando a saúde dos organismos, almas e espíritos das
pessoas. Estamos restaurando relacionamentos e famílias. Estamos restaurando a prosperidade
financeira. Estamos restaurando a moralidade no governo. Estamos restaurando a santidade nas
artes. Estamos restaurando a terra e muito mais.
Ainda não vimos todos os efeitos da reversão do pecado no mundo ao nosso redor, porque o
poder da cruz é acessado apenas por meio da fé. A fé vê a obra consumada da cruz na eternidade e
luta para vê-la liberada na história. Temos que lutar por isso, porque há resistência. Essa
resistência vem do fato de que, como Segundo Coríntios 4:3-4 diz: “nosso evangelho está
escondido... para aqueles que estão perdidos... o deus deste mundo cegou as mentes daqueles que
não creem, para que a luz do glorioso evangelho de Cristo, que é a imagem de Deus, brilhe para
eles.” Temos um inimigo que veio para roubar, matar e destruir. Ele trabalha por meio do engano,
e aqueles que acreditam em suas mentiras dão poder a ele e ao seu reino de trevas para manter o
pecado e a morte em suas vidas.
A verdade é que Cristo derrotou e desarmou o inimigo de uma vez por todas na cruz (veja Cl
2:15). Deus o condenou como culpado e entregou a autoridade que ele havia usurpado de Adão a
Jesus Cristo, o segundo Adão. O nosso trabalho como “pequenos Cristos” é como o de
representantes que fazem cumprir esse julgamento em todas as situações com as quais nos
deparamos. Deus criou um mundo onde o nosso voto conta e onde é necessário o nosso
consentimento com o que Ele está fazendo para liberar o Seu poder no mundo. Ele fez isso para
que não violasse o nosso livre arbítrio e não arruinasse o nosso potencial para amá-Lo com todo o
nosso coração.
Jesus demonstrou o que pode acontecer quando uma pessoa concorda totalmente com a
vontade do Pai. Seu ministério não levou o mundo todo a ser evangelizado ou salvo durante a Sua
vida. Em vez disso, Ele equipou um pequeno grupo de discípulos para trazer justiça a qualquer
situação em que se encontrasse. Então, através da Sua morte, Ele tornou esse poder disponível a
qualquer um que cresse. Ele o configurou de modo que o conhecimento da glória de Deus só
pudesse cobrir a terra à medida que cada crente assumisse, onde quer que estivesse, a
responsabilidade que consiste em que ele “Pratiques a justiça, ames a misericórdia, e andes
humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8).
Isaías capítulos 59 a 61 fala da justiça que Deus trouxe à terra através de Cristo e que Ele
também deseja estender através do Seu Corpo

- O VERDADEIRO PODER ESPIRITUAL -

Infelizmente, grande parte da Igreja quando olha para o mundo vê o reino do inimigo de uma
posição defensiva. Muitos de nós na Igreja somos intimidados pelos Golias de nossa época: os
gigantes do crime, da pornografia, da falsa religião e outros males que zombam dos exércitos do
Deus vivo. Estamos apenas tentando segurar as pontas até o arrebatamento nos tirar da zona de
guerra. Nosso desejo de fazer algo a respeito da injustiça fica enterrado pelo nosso medo.
Uma das razões pelas quais que muitos cristãos têm se sentido impotentes diante da injustiça é
que lhes falta treinamento na sua identidade e capacidade de travar guerra espiritual. Entretanto, a
maneira pela qual o Reino de Deus é estabelecido também deve ser compreendida. Jesus disse aos
fariseus em Lucas 11:20: “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, sem dúvida é
chegado a vós o reino de Deus.” Quando o Reino de Deus vem, ele sempre expulsa o reino das
trevas.
Como Efésios 6:12 nos lembra: “Porque não lutamos contra carne e sangue, mas contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste mundo, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Isso significa que enquanto o nosso governo
confronta a injustiça por meio de processos judiciais e travando guerras físicas, a Igreja confronta
as raízes da injustiça no mundo espiritual. Quando olhamos para a escuridão de nossas cidades e
nação, entendemos que trancar criminosos atrás das grades não vai satisfazer a justiça. A justiça só
virá quando o Reino de Deus expulsar as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
O mundo está esperando para ver o verdadeiro poder espiritual e, até que a Igreja se erga para
demonstrar o poder do Reino, eles (o mundo) estarão aprisionados sob o poder das trevas. A Igreja
deve permitir que Deus nos posicione para confrontos com o reino das trevas, como Ele fez quan-
do enviou Elias a Jezabel e Moisés a Faraó. Ambos os homens demonstraram o poder de Deus em
Israel de tal maneira que todos foram forçados a reconhecer que o Senhor era o verdadeiro Deus e
livraria aqueles fiéis a Si.
Elias, seguido por seu servo Eliseu, viajou por todo o mundo assolando os poderes das trevas e
causando estragos nos reinos malignos. Quando Deus mandou fogo no altar de Elias, em um
confronto dramático no Monte Carmelo, ele superou 850 falsos profetas de Baal e Aserá.
Nenhum desses homens tinha tolerância para com o comportamento destrutivo dos reis maus,
mas, ao invés disso, levaram justiça a muitos. Eles ressuscitaram mortos, curaram os doentes,
destruíram falsos profetas e viram o avivamento se espalhar por suas terras. Eles eram temidos por
muitos e respeitados por todos. Eles caminharam em grande pureza e Deus era amigo deles.
É tempo do Corpo de Cristo se levantar e receber a nossa herança! Devemos nos livrar da
complacência e restaurar os antigos marcos da santidade e das demonstrações de grande poder.
Não podemos estar satisfeitos com sermões ilustrados, ótima música, ou cultos amigáveis. Fomos
chamados para ver os poderes das trevas serem destruídos e nossas cidades em ruínas serem
restauradas.
A maldade continua a crescer em torno de nós, criando raízes nas vidas daqueles que amamos
e erodindo a própria fundação do nosso país. O satanismo está se espalhando como um incêndio.
Videntes riem na cara da igreja enquanto demonstram o poder do lado negro. O divórcio está
destruindo as nossas famílias e a violência os nossos filhos. Câncer e outras doenças temidas tiram
a vida de muitas pessoas. No entanto, as palavras do nosso Senhor Jesus ainda ecoam pelos
corredores da história: “E estes sinais seguirão aos que crerem” e “Fará maiores obras do que estas,
porque eu vou para meu Pai” (Mc 16:17; Jo 14:12).
Durante os dias de Moisés, Deus demonstrou seu poder a Faraó. Faraó contra-atacou fazendo
seus feiticeiros duplicarem os milagres de Deus. Em seguida, o Deus do céu, que tem todo o
poder, fez milagres extraordinários, de modo que até mesmo os feiticeiros disseram: “Isso deve ser
Deus. Não podemos realizar esses milagres” (Êx 8:19 parafraseado). Finalmente, Faraó foi
superado pelo poder de Deus e deixou Seu povo ir.
Faraó é um exemplo metafórico de satanás, que está sendo forçado a deixar sua fortaleza
demoníaca em nossas cidades à medida que Deus demonstra o Seu poder ao vivo através de Sua
igreja. Estamos no meio do maior avivamento da história humana. No entanto, ainda há uma
distância entre o que deveria ser e o que vai ser. Essa distância somos nós! O que nós viremos a ser?
Somos a ponte entre a história e a Sua história. Somos os filhos dos profetasl Os doentes, os
endemoniados, os pobres, os cegos, os coxos e os perdidos estão todos esperando para ver o que
temos aprendido. Não podemos nos dar ao luxo de decepcioná-los!

- EMPODERAMENTO PESSOAL -

Uma das maneiras de deslocar a escuridão e trazer o Reino de Deus é cada um de nós, como
Seus filhos, usar os dons com que temos sido equipados. Nem sempre percebemos que esses dons
não são apenas ferramentas para o fortalecimento do Corpo, mas também são as armas para
travarmos a guerra. Em dezembro de 1999, o Senhor me levou para um encontro que revelou
como o dom profético que Ele tinha me dado tinha poder para lutar. A escravidão absoluta em que
o mundo vive foi gravada em meu coração por essa experiência. Isso me convenceu de que ela só
vai ser desfeita através da força bruta de Deus sendo demonstrada, como Ele fez através de Moisés
e Elias.
Fui convidado para falar em uma universidade estadual sobre o assunto “Cristianismo e o
Sobrenatural”. Um pastor na área, que pastoreia uma igreja próxima ao campus, tinha começado a
ensinar uma matéria na universidade para expor os alunos ao poder de Deus. Vários estudantes da
nossa própria escola de ministério, bem como alguns dos membros da nossa equipe, foram com a
gente naquele dia.
O ar estava carregado de emoção enquanto caminhávamos em direção ao campus. No
caminho até lá, o pastor descreveu a classe para mim: “Haverá vinte e um alunos na sala. Dez deles
são cristãos, três deles estão na feitiçaria e o resto deles pertence a religiões que você provavelmente
não poderia pronunciar.” Foi uma boa coisa que eu não soubesse onde estava me metendo até
aquele momento, porque se eu tivesse provavelmente não teria concordado em fazê-lo. Eu não
tinha percebido que estava prestes a enfrentar uma classe cheia de estudantes universitários
inteligentes, alguns dos quais estavam participando de bruxaria. Minha experiência de ensino
superior consistia em frequentar a “Universidade da Vida” e me graduar em licenciatura em
“brutologia”. Eu nunca fui além do ensino médio. O medo começou a encher o meu coração
quando chegamos ao campus.
Ao passar pela porta de trás, ouvi o Senhor me dizer: “Vou me exibir hoje!”
“Exibir?” Eu pensei. “Isso está na Bíblia? Senhor, é você?” Eu perguntei. Antes que pudesse
receber uma resposta eu estava sendo apresentado para a classe.
Comecei a falar aos alunos sobre a minha vida e como o Senhor me livrou de um colapso
nervoso de três anos e meio de duração. Mesmo eu sendo um cristão durante esses três anos, eu
tremia tanto todo dia que não conseguia levar um copo de água à boca sem usar as duas mãos. À
noite, eu suava de forma tão pesada que a cama ficava completamente encharcada. Kathy
frequentemente se levantava duas ou três vezes por noite apenas para trocar a nossa roupa de cama.
O último ano do meu colapso foi puro inferno. Demônios começaram a me visitar e me
atormentavam até que eu ficasse endemoniado. O Senhor finalmente me libertou. Ao que eu
contava a minha história, os alunos absorviam cada palavra.
O líder da Wicca, uma forma de feitiçaria, no campus estava na classe. De repente, o Senhor
me deu uma palavra profética para ele.
Perguntei-lhe: “Você poderia por favor se levantar?” Relutantemente e quase
desafiadoramente, ele ficou de pé. Eu continuei: “O Senhor me mostrou que você foi chamado à
política. Deus o tem abençoado com a capacidade de compreender as questões políticas. Isso tem
estado em seu coração desde que era um menino. Venha à frente e me deixe orar por você.”
Sentando-se, ele disse: “De jeito nenhum!” Meu nível de ansiedade cresceu novamente, mas
decidi ficar firme e ir em frente.
Falei um pouco mais e, em seguida, o pastor sinalizou para que eu finalizasse. Ao que fiz meu
caminho para fora da sala, os alunos se reuniram em torno de mim e começaram a me fazer todos
os tipos de perguntas.
Uma jovem senhora que estava na parte de trás da sala disse: “Tenho que falar com você”.
“Você é cristã?” Eu perguntei.
“Não!” Ela disse: “Mas sei que devo falar com você.” Ela abriu caminho através da multidão
até a frente da sala.
Eu lhe disse: “Sua mãe era uma vidente, não era?”
“Sim”, ela respondeu.
Eu acrescentei: “Você pensa que é uma vidente, mas você foi chamada para ser uma profetisa.”
“Isso mesmo!” Ela exclamou.
“Foi escolhido um espírito maligno para matá-la desde que você nasceu e, de fato, você quase
morreu ao nascer,” eu continuei.
Ela olhou chocada. “Sim!” Ela gritou. “Sim! Sim! Isso está exatamente correto! Estive perto de
morrer ao nascer e havia um demônio tentando me matar desde que nasci. Ele entrou no meu
quarto outra noite e tentou me atropelar” (não posso imaginar com o que isso deve ter se parecido):
“mas me levantei da minha cama e disse: ‘O sangue de Jesus me liberta e ele foi embora!”
Evidentemente, a turma tinha acabado de estudar o poder do sangue de Jesus naquela mesma
semana. Por alguma razão, mesmo ela não sendo uma cristã, o demônio a deixara.
O pastor viu que outra turma estava tentando entrar na sala, então disse: “Vamos lá, temos que
sair daqui.”
Eu disse para a menina: “Gostaria de ser livre desse espírito maligno?”
“Sim,” ela respondeu. Enquanto estávamos andando para fora da sala, tomei suas mãos
pretendendo orar por ela.
Eu disse: “Em nome de,” mas antes que pudesse dizer “Jesus” ela caiu no chão, bem na frente
da porta em uma completa manifestação demoníaca que parecia uma crise epiléptica! Eu estava
atordoado. Os alunos permaneceram ali, sem fala.
De repente, ouvi a voz do Senhor dizer para mim de novo: “vou me exibir hoje!”
O pastor olhou para mim como se dissesse: “Faça alguma coisa!” Eu tinha me envolvido em
muitas libertações no passado (incluindo a minha própria), mas não tinha certeza do que era
apropriado nesse cenário.
Inclinei-me e disse: “Deixe essa mulher agora, em nome de Jesus!” Ela foi liberta
imediatamente. (Esses demônios universitários são mais espertos do que aqueles com que tinha
lidado anteriormente). Ela começou a rolar no chão em um estado de transe, rindo histericamente.
Era o tipo de riso que fazia você rir.
O pastor disse: “Precisamos tirá-la daqui.” Nós a levamos para o corredor. As pessoas só
ficavam lá olhando enquanto ela rolava e ria. Estava tão alto o som no corredor que decidimos
levá-la para fora da porta de trás da universidade. Ela continuou a rir incontrolavelmente enquanto
rolava no chão do lado de fora, completamente inconsciente do ambiente ao seu redor. Mais
pessoas começaram a se aglomerar. Eu ainda não tinha certeza do que fazer, mas notei que muitas
pessoas, no que era uma multidão de não salvos principalmente, estavam experimentando
manifestações como espasmos ou eletricidade através de seus corpos. Eu já tinha visto isso antes
quando o Espírito Santo tocava as pessoas poderosamente na igreja, mas a maioria dessas pessoas
não era cristã, e aquele lugar não era a igreja!
A próxima coisa da qual me lembro é que estava apontando para um jovem no meio da
multidão e dizendo: “Você quer um pouco disso?”
“Sim... Não... Eu não sei!” Ele disse.
“Tome!” Eu disse. Ele caiu no chão de uma vez, rolando e rindo. Comecei a apontar para os
outros e dizer a mesma coisa. Dentro de alguns momentos, várias pessoas estavam no chão rindo
histericamente, enquanto outros olhavam com espanto.
A cerca de 50 metros na distância, um casal jovem estava junto de mãos dadas, encostados
contra uma parede. Eu gritei para o jovem: “Você é um cristão?” Ele parecia chocado.
“Não!” Ele disse, enquanto tentava desaparecer entrando na parede.
“Sua namorada é,” eu disse. “Ela está esperando que você seja salvo para que possa casar com
você!” Ela caiu no chão, agarrando-o por uma perna, chorando e gritando.
Enquanto eu caminhava na direção dele, disse-lhe: “Seus pais devem ser cristãos, porque eu vi
o seu pai erguer você e dedicá-lo ao Senhor quando você nasceu”.
“Sim,” ele disse: “meus pais são cristãos. Sou o único dos cinco filhos deles que não é salvo.”
Nesse momento, eu estava bem na frente dele. Sua namorada agarrou ambas as nossas pernas e
começou a orar por sua salvação em voz alta.
Perguntei-lhe: “Qual é o seu nome?”
Ele disse: “Meu nome é Joshua.”
“Joshua!” Eu disse. “Joshua significa Salvador! Ore comigo,” eu continuei. Ele recebeu Jesus
naquele dia.
No dia seguinte, o jovem a quem eu tinha dado a palavra em sala sobre ser um político correu
para mim no corredor da universidade. Ele disse: “Lembra-se do que você me disse ontem sobre
ser um político?”
“Sim,” eu disse.
“Bem, eu fiquei tão nervoso que esqueci que eu estava estudando ciências políticas. Eu sempre
quis ser um político.”
Uau! Um dos líderes da bruxaria reconheceu diante de mim que o Deus do Céu tinha um
plano para a sua vida.

- MANIFESTAÇÕES FALSAS -

Essa é apenas uma das histórias que presenciei enquanto uso o meu dom para combater a
injustiça. Tive experiências semelhantes por todos os Estados Unidos. Eu não entendo as pessoas
que pensam que os americanos não estão com fome de Deus. Em todo lugar que vou eu vejo
pessoas que estão morrendo de fome e desejam um despertar espiritual, e nós temos a capacidade
de demonstrar um evangelho de poder.
Estou convencido de que muitas das pessoas que estão envolvidas em bruxaria são as “contas a
pagar” da igreja. Muitas dessas pessoas têm experimentado realidades espirituais e chegam às
nossas igrejas para encontrar uma explicação para essa dimensão da vida, mas encontram apenas
uma religião impotente. É triste, mas verdade, que a maioria das pessoas não sabe se Deus
apareceu na igreja ou não, pois muito pouco do cristianismo moderno requer a intervenção do
Céu. Jesus nunca esperou que as pessoas acreditassem num evangelho sem poder. Por isso Jesus
disse: “Se eu não faço as obras de meu Pai, não acrediteis em mim” (Jo 10:37). As pessoas que não
conseguem encontrar poder na igreja visitam uma sessão espírita ou um culto ritualístico e se
deparam com o poder falsificado do inimigo. Embora seja do lado escuro, ele é real e as pessoas se
voltam para ele. Se não conseguem encontrar poder sobrenatural na igreja, infelizmente eles vão
para onde podem. Provérbios 27:7 diz: “para a alma faminta cada coisa amarga é doce.”
Na Bethel Church, como em muitas outras igrejas que estão se levantando nesta hora, vemos
milagres de cura, salvação e libertação a cada semana nos nossos cultos. Há algum tempo atrás,
uma estudante de 20 anos da escola de ministério chamada Lacey estava em uma das nossas
livrarias locais. Ela observou um jovem vestido de preto em uma mesa perto dela. Ele tinha longas
unhas pretas e parecia bastante assustador. Para piorar a situação, ele estava movendo um garfo so-
bre a mesa com sua mente! Lacey se sentou em frente a ele e o assistiu por um tempo. Então, essa
doce, linda jovem, perguntou-lhe: “Você quer ver poder de verdade?”
“O que você quer dizer com isso?” Ele respondeu.
Venha à igreja comigo,” disse ela: “e eu vou lhe mostrar o poder de Deus.’ Ela o pôs no seu
Mustang e o levou à igreja. Eles chegaram um pouco tarde e as pessoas já estavam adorando
quando eles entraram no santuário. Lacey veio à frente, onde eu estava sentado, e disse-me num
sussurro alto: “Ei pai, eu trouxe um bruxo à igreja. Ele está levitando no fundo. Disse-lhe que iria
lhe mostrar o verdadeiro poder de Deus! Venha para o fundo e ore por ele.”
“Ok,” eu respondi: “Estarei lá em poucos minutos”.
Alguns segundos se passaram antes que outro irmão corresse à frente e deixasse escapar: Há
um bruxo lá atrás! Ele está levitando!”
"Eu sei,” eu disse. Foi-me dito sobre o jovem mais algumas vezes antes que eu finalmente
fizesse meu caminho até ele. Perguntei-lhe se poderia orar por ele. Embora parecesse relutante, ele
disse que eu podia. Coloquei minhas mãos em seus ombros e fiz uma oração simples pedindo para
o Espírito Santo vir e lhe mostrar que Deus era real. De repente, ele deslizou pela parede e
aterrissou sentado. Juntei-me a ele no chão e o abracei. Ele era duro como uma tábua. Na minha
mente, o Senhor começou a me mostrar a vida dele através de fotos. Eu vi o abuso de sua mãe e de
seu pai. Então, o Senhor me mostrou eventos específicos que aconteceram em sua vida. Ele
relaxou e chorou de forma quieta.
Ele havia se envolvido com a bruxaria para se proteger de seus pais abusivos. Ficou claro que o
Senhor estava ministrando a algumas de suas feridas mais profundas. Lacey o colocou de volta em
seu Mustang e o levou para a sua casa, que acabou se mostrando ser debaixo de uma ponte. No
caminho para casa, ele disse a ela: “Vocês têm um vidente na igreja.”
“Não,” Lacey respondeu: “aquilo era o poder de Deus do qual eu lhe falei”.
“Isso é louco!” Ele disse. Aquele jovem nunca mais será o mesmo depois do que experimentou
naquela noite.

- AS ARMAS DA NOSSA GUERRA -

As pessoas dos encontros que acabei de compartilhar experimentaram a destruição da


escravidão do diabo em suas vidas, mas o poder superior do Reino de Deus foi demonstrado a eles.
É assim que a justiça de Deus se parece. O inimigo já foi julgado, considerado culpado e
condenado a uma existência sem poder através da vitória da cruz. Quando confrontamos o seu
poder sobre a vida de um indivíduo, estamos apenas fazendo cumprir a decisão que já foi tomada
no Céu.
Observe que enquanto se está sendo feita violência ao inimigo e o seu reino nesses encontros,
as pessoas que ele tinha atormentando experimentaram alegria, paz e cura. E eu estava apenas
orando e profetizando. Como cristãos, travamos a maior parte da nossa “guerra” fazendo coisas
que não se parecem com lutar. Profetizamos bênção e destino sobre pessoas e cidades. Amamos
sacrificialmente as pessoas e as abençoamos quando elas nos amaldiçoam. Oramos para que o Céu
venha à terra.
Deus transforma até mesmo louvor e adoração em guerra. O salmista descreve isso em Salmos
149:6-9:

Estejam em sua boca os altos louvores de Deus, e uma espada de dois fios na sua mão, para
executarem vingança sobre os pagãos, e punições sobre o povo; para amarrarem os seus reis com
correntes, e os seus nobres com grilhões de ferro; para executarem sobre eles o juízo escrito; todos
os seus santos têm esta honra. Louvai ao Senhor.

Salmos 8:2 diz: “Da boca dos bebês e das crianças de peito, tu ordenaste a força por causa dos
teus inimigos, para que pudesses parar o inimigo e o vingador”. Nossos louvores silenciam o
inimigo, prendem-no, e executam o juízo escrito contra ele.
Oro para que todos nós descubramos o poder que Deus colocou em nossas mãos para trazer
justiça onde quer que possamos ir. Como o apóstolo Paulo prometeu: “Porque as armas da nossa
milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para a destruição das fortalezas” (2 Co 10:4).
Quando vemos o débil e o ferido e a necessidade de justiça se ergue em nós, temos todo o poder
que precisamos para agir.
Como trazer justiça exige que confrontemos o inimigo, devemos ser pessoas de grande
coragem. Ao olharmos para os relatos históricos de muitos homens e mulheres de coragem no
próximo capítulo, temos que perceber que a coragem deles define o padrão real. Temos de abraçar
o nosso dom e dar passos em direção aos salões da história que ainda está por ser escrita!
13 — Os Cães da Ruína guardam as Portas do Destino

- MORRENDO DE VONTADE DE FAZER HISTÓRIA -

Era uma típica noite quente de agosto em Redding, Califórnia. Carolyn estava se dirigindo a
uma loja de roupas local para conseguir algumas coisas antes de ir para casa. Ela encontrou uma
vaga de estacionamento livre e manobrou o veículo para entrar nela. Assim que estacionou o carro,
ela desligou o motor. Ao estender a mão para fechar a janela do lado do passageiro, um jovem de
vinte e poucos anos veio até o lado do motorista e gritou: “Saia do carro!” Foi então que ela
percebeu que o braço dele estava dentro do carro e que ele estava mantendo uma arma apontada
contra suas costelas.
Carolyn, uma mulher na casa dos cinquenta anos, bastante quieta e modesta, disse: “Olha,
você não quer este carro. Ele não anda bem, consome muito e o ar condicionado não funciona.”
Em seguida, apontando para a arma, ela disse: “O que é ISSO?” Ele disse: “Minha arma!”
Sentindo a ousadia do Senhor crescer dentro de si, ela o olhou bem nos olhos e perguntou: “O que
você vai fazer com ela?” De repente, todo o corpo dele relaxou, como se tivesse prendendo a
respiração: “Nada,” ele suspirou.
“Precisamos conversar,” Carolyn disse gentilmente: “você foi planejado. Deus quer que você
ouça o que tenho a lhe dizer.” Ele balançou a cabeça, mostrando-lhe que a arma não fora sequer
carregada, e a colocou de volta em sua mochila. O pretenso ladrão se ajoelhou ao lado do carro
enquanto Carolyn começava a conversar com ele como uma mãe falaria ao seu filho sobre o quanto
o Pai Celestial o amava.
Ele abriu e derramou seu coração, compartilhando problemas e dificuldades de sua vida. Ela
perguntou se ele estaria considerando se suicidar. Ele disse que havia escrito uma carta para os seus
pais naquela mesma manhã sobre o desejo de tirar a sua vida. Ela ministrou na vida dele por quase
uma hora. Colocando a mão sobre sua cabeça curvada, ela orou por ele e sentiu um amor
indescritível sendo derramado nele através de seu espírito. Tão surpreendente quanto possa
parecer, era difícil para eles dizer adeus um ao outro. Ambos queriam ficar imersos na “presença de
Deus em um encontro que nenhum dos dois jamais vai esquecer”.
Disfarçada de dona de casa, Carolyn é uma princesa que se recusou a ser intimidada por um
bandido e, em vez disso, alterou radicalmente o curso da vida de um jovem!

- PERDENDO O MEDO DA MORTE -


As pessoas gostam de ouvir histórias de heroísmo cotidiano, mas a maioria de nós duvida se
teria sido capaz de responder com tanta ousadia. Há muitas outras histórias em que as pessoas
veem o mal, mas não fazem nada, preocupando-se mais em salvar suas próprias vidas do que em
viver sacrificialmente.
Essa mentalidade de sobrevivência não tem lugar nos corações e nas mentes dos filhos e filhas
do Rei. Jesus disse: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua
vida por minha causa, achá-la-á” (Mt 16:25). A mentalidade de sobrevivência é um valor chave
limitado, que restringe o impacto de nossas vidas para o aqui e agora e nos rouba das façanhas
históricas que foram atribuídas a cada um de nós pelo próprio Deus.
Nossa mentalidade de sobrevivência deveria ter sido confrontada no batismo. Jesus disse:
“Então Jesus disse aos seus discípulos: “Se algum homem quiser vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (Mt 16:24). A vida ressurreta é encontrada logo após a
crucificação. Para sermos discípulos de Cristo, devemos lidar com a morte de cabeça erguida.
Fazemos isso tomando nossa cruz e seguindo Jesus até a crucificação no tanque batismal.

Não sabeis que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?
Portanto, fomos sepultados com ele para morte pelo batismo, para que assim como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida.
Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos
na semelhança da sua ressurreição (Rm 6:3-5).

Quando carregamos a nossa cruz até o tanque batismal, a morte, que é o último inimigo da
nossa alma, é destruída e começamos a experimentar a vida da ressurreição. O escritor de Hebreus
disse isso melhor:

E já que os filhos são participantes da carne e do sangue, também ele participou das mesmas
coisas, para que através da morte ele destruísse aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo;
e livrasse aqueles que, por terem medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão (Hb
2:14,15).

Apenas imagine o que todo um exército de pessoas “mortas” viventes pode realizar quando
elas já não são intimidadas pela morte, mas estão cheias da ousadia de Deus! As pessoas
da realeza vivem a partir da eternidade e, portanto, não veem a morte física como um fim, mas
como uma entrada para uma nova dimensão em Deus.
Quando encontrarmos um crente que ama o dom da vida e não tem medo da morte,
conhecemos uma pessoa que é livre para viver de verdade. Eu vi isso em primeira mão no meu
amigo Bob Perry. Em 2000, fiquei muito doente. Havia uma chance de que eu tivesse uma doença
de grave risco de vida, e isso me paralisava pelo medo da morte. Um dia liguei para Bob, que tinha
sobrevivido a um câncer de rim vários anos antes, mesmo após ter sido informado pelos médicos
de que não era esperado que ele vivesse.
Perguntei-lhe: “Você alguma vez teve medo de morrer?”
“Não!” Ele disse.
“Por que não?” Eu perguntei.
“Não tem como me ameaçar com o Céu!” Ele proclamou.

- DESAFIANDO A MORTE -

Estou convencido de que a verdadeira coragem só nasce naqueles que têm encarado o medo da
morte. Há uma série de farsantes - pessoas que parecem corajosas por fora, mas são criancinhas
assustadas por dentro. Algumas das pessoas mais duronas do mundo são realmente abaladas pela
morte. Pessoas que já lidaram com a morte são perigosas. Você não pode pará-las, porque não há
mais nada com o que ameaçá-las.
Jason McNutt é um estudante da Escola Bethel de Ministério Sobrenatural que personifica
isso. Jason foi ao Peru para ministrar nas ruas quando um homem se aproximou dele e sacou uma
arma. Ele a apontou para a sua cabeça e disse: “Cale a boca! Pare de pregar ou eu vou matar você!”
Jason o olhou bem nos olhos dele e respondeu: “Vá em frente, atire em mim. Eu vim aqui para
morrer!” O homem fugiu!

- RECUSE-SE A SER INTIMIDADO PELOS ELEMENTOS -

Outro estudante, Bobby Brown, recusou-se a ser intimidado pelos elementos (os poderes
deste mundo) e, em vez disso, agarrou-se ao seu momento de ser lembrado na história. Ele foi a
uma viagem da Escola de Ministério a Tijuana, México, com cerca de 60 outros estudantes. O
chefe de polícia daquela cidade havia encontrado o Senhor não muito antes disso e deu à nossa
equipe uma autorização para pregar na praça central da Rua da Revolução. Logo após os nossos
alunos ajustarem o equipamento de som, a chuva começou a cair. Os alunos de ministério se
reuniram em um círculo para orar sobre o que fazer. De repente, Bobby sentiu que Deus lhe disse
para que fosse até o microfone e fizesse um anúncio. Ele pulou no palco e proclamou: “Jesus ama
vocês! Ele vai provar isso agora ao parar a chuva.”
Ele apontou para as nuvens e gritou: “Chuva, pare agora! Nuvens vão para trás!” Em um
segundo a chuva parou e as nuvens recuaram. As pessoas ficaram admiradas! Uma senhora, no
terceiro andar de um prédio de apartamentos em frente, gritou em espanhol: “Eu quero receber
esse Jesus!” Bobby a levou a Cristo usando o sistema de som. Ela ergueu as mãos ao céu para
agradecer a Deus. Logo em seguida, o poder do Senhor veio através de sua janela e a derrubou no
chão!

- CORAGEM NO MERCADO -

Minha história favorita até agora é a de Chad Dedmon. Chad é um recém-casado que acabou
de se formar na Escola de Ministério este ano. Alguns meses atrás, ele entrou em um
supermercado local para comprar algumas rosquinhas. Enquanto estava na fila para pagar por sua
comida, ele notou que a mulher na frente dele estava usando aparelhos auditivos. Chad fez
algumas perguntas e descobriu que ela era completamente surda de um ouvido e 50 por cento
surda do outro. Ele perguntou se podia orar por ela e, com sua permissão, colocou as mãos sobre os
ouvidos dela e ordenou-lhes que fossem curados. Ele, então, convenceu-a a tirar seus aparelhos
auditivos. Ela descobriu que estava completamente curada e que ouvia perfeitamente. A senhora
estava chorando, assim como a caixa que estava observando a coisa toda acontecer.
Chad perguntou à caixa se ele poderia usar o sistema de alto-falante e perguntar às pessoas na
loja se ele poderia orar por elas, porque Deus lhe havia mostrado mais curas que Ele queria operar
na vida de outras pessoas. A senhora concordou e lhe deu o microfone.
“Atenção, todos os clientes! Deus acabou de curar esta senhora surda.” Ele entregou o
microfone para a senhora que havia sido curada e pediu-lhe que dissesse às pessoas o que Deus
tinha feito. Ela o fez em meio às lágrimas e, em seguida, entregou o microfone de volta para Chad.
Chad disse: “Deus me mostrou que há alguém aqui que tem um problema no quadril esquerdo
e Ele quer curá-lo. Venha para o corredor 12 e eu vou orar por você.” Ele anunciou várias outras
palavras de conhecimento sobre cura, e dentro de alguns minutos as pessoas estavam reunidas em
torno do caixa. Uma senhora, dirigindo um carrinho elétrico, veio e disse: “Eu sou aquela com o
problema no quadril esquerdo. Vou passar por uma substituição de quadril amanhã.”
Chad orou por ela e, em seguida, convenceu-a a andar para testá-lo. Isso levou algum tempo,
visto que a mulher se recusou a levantar-se e caminhar. Ela finalmente o fez e, em seguida,
começou a correr, gritando: “Estou curada, estou curada!”
O encontro terminou com mais duas pessoas sendo curadas e várias pessoas recebendo o
Senhor após Chad pregar uma mensagem de cura e salvação ali mesmo na loja.
A maioria de nós amaria ver Deus se mover como Ele o fez com esses alunos, mas se não
tivermos lidado com a nossa mentalidade de sobrevivência não vamos ter a força para sair e agarrar
os momentos divinos de oportunidade. Quando estamos com medo, ficamos na varanda da nossa
vida e nunca voamos com as águias! Se tomarmos uma postura defensiva, estaremos na prática
entregando a posição de influência e autoridade que Deus nos chamou para ter ao inimigo. No
vácuo que deixamos, outros que encontraram uma causa pela qual vale a pena morrer se levantarão
com convicção e poder pelo lado das trevas. Em seguida, a grande aventura é substituída por uma
existência chata e monótona. O medo nos incapacita a combater o bom combate para o qual Deus
nos chamou. Isso tem sido disfarçado na Igreja como “mordomia”, “sabedoria”, e um monte de
outras palavras espirituais, reduzindo a experiência cristã a simplesmente proteger o forte. As
únicas convicções pelas quais vale a pena viver são aquelas pelas quais vale a pena morrer.
Muçulmanos radicais estão se explodindo em nome de Alá. O mundo não consegue imaginar
por que alguém seria tão louco. Quero deixar claro que acredito que esses muçulmanos radicais são
assassinos que tiram a vida de inocentes. Não quero tomar parte na religião deles. No entanto,
reconheço o fato de que eles têm algo pelo que estão dispostos a morrer. Os cristãos deveriam
entender o que significa desistir de sua vida por uma causa, país, aliança ou convicções, porque nós
desistimos da nossa vida quando recebemos Cristo. Se não temos o mesmo tipo de paixão forte e
coragem de nos levantarmos por nossas convicções, vamos perder o nosso impacto legítimo na
sociedade para os homens-bomba.

- MORRER NA FÉ AO INVÉS DE MORRER NA DÚVIDA -

Às vezes, a coragem traz uma vitória visível, como nas histórias dos nossos alunos, mas outras
vezes não parece que as situações terminam em vitória. As pessoas do Reino sabem que já têm a
vitória, e quer vivam ou morram o trabalho delas é permanecer na verdade do evangelho.
Na Bethel Church, vemos muitos milagres, bem como centenas de pessoas que são curadas a
cada mês. Temos uma pessoa da equipe que lidera um time encarregado de manter o controle dos
testemunhos para que eles possam se repetir. No entanto, às vezes as pessoas não são curadas,
embora tenhamos lutado por elas.
Karen Holt era a assistente pessoal de Bill Johnson quando ele veio à Bethel dez anos atrás.
Um ano depois da chegada de Bill, ela foi diagnosticada com câncer de mama. Ela recusou o
tratamento, porque acreditava que Deus iria curá-la. Muitas pessoas estavam sendo curadas da
mesma doença durante todo o tempo em que Karen esteve doente. Seu marido, que também era
um dos pastores da nossa equipe, encorajou-a a procurar tratamento. Muitos outros membros da
equipe da Bethel aconselharam Karen a obter ajuda médica. Ela estava convencida de que Jesus
iria cuidar dela. Ela passou toneladas de tempo orando, lendo testemunhos de outros que foram
curados de câncer, e voando pelo país e indo até os cristãos mais cheios de fé para que orassem por
ela. Cerca de três anos depois, ela morreu. Estávamos todos atordoados. Alguns disseram que ela
tinha desperdiçado sua vida, mas eu discordo. Karen escolheu morrer na fé ao invés de viver na
dúvida. Karen morreu do jeito que viveu: confiando em Deus. Sua vida não foi um desperdício
para aqueles de nós que fomos impactados por ela.

- A TERRA DOS LIVRES E O LAR DOS CORAJOSOS -

No último par de anos, cerca de 2.000 homens e mulheres americanos morreram e muitos
mais foram feridos na guerra do Iraque. É triste ouvir sobre as dezenas de vidas que estão sendo
ceifadas todos os dias, mas a verdade é que todo mundo vai morrer um dia. A verdadeira pergunta
que realmente devemos fazer é se estamos ou não vivendo. Quando deixarmos este mundo, terão
nossas vidas servido, de fato, para alguma coisa? A maior tragédia em nosso mundo não é que
muitos estejam morrendo para proteger nossas liberdades, mas que milhões estão vivendo sem
qualquer propósito!
A América é a terra dos livres e o lar dos corajosos, mas o que muitas pessoas têm esquecido é
que, se não fôssemos o lar dos corajosos, nunca teríamos nos tornado a terra dos livres! Esse lema
não nos descreve tão bem quanto descreveu nossos antepassados. A vida de George Washington
retrata essa coragem típica do Reino. Ele estava convencido de que não poderia morrer até que
cumprisse seu chamado de vida, que ele acreditava ter sido definido de antemão pelo seu Criador.
Há muitas histórias de bravura de George Washington. Os soldados norte-americanos que ele
liderou estavam mal preparados e mal equipados para a guerra. Um terço deles não tinha sapatos
ou camisas. Eles lutaram com rifles de caça e tinham pouca formação. George, assim como
William Wallace no filme Coração Valente, cavalgava para trás e para a frente de suas tropas em
seu enorme cavalo branco a exortar seus homens, mas suas tropas muitas vezes recuavam na
batalha, porque tinham medo.
Em uma batalha em particular, George disse a seus homens que iria matá-los pelas costas se
eles recuassem. Eles encontraram os ingleses e logo, fiéis à natureza, os soldados americanos se
viraram e correram. George Washington cavalgou diretamente para a pior parte da briga,
gritando: “Se recuarem vou atirar em vocês pelas costas! Avante, homens! Voltem ou vou atirar em
vocês!” Todos fugiram, deixando George sozinho no campo. Washington estava tão furioso que
cavalgou para a borda do penhasco, que estava bem na frente dos soldados britânicos, e sentou-se
em seu cavalo, olhando para eles. O exército britânico inteiro descarregou suas armas nele, mas
milagrosamente eles não o acertaram uma única vez. Depois do tiroteio, eles ficaram de pé e o
aplaudiram.
Em outra batalha, os britânicos acertaram dois cavalos montados por Washington. Quando
voltou para o acampamento, ele tinha três buracos de bala em ambos os braços de seu casaco, mas
estava intacto. De fato, alguns historiadores acreditam que a incapacidade britânica em matar
Washington foi o principal fator concorrente para que se rendessem. Um homem que não tinha
medo de morrer levou muitos outros a viverem em liberdade.

- A VERDADEIRA VITÓRIA -

Em alguns aspectos, a violência é um modo de vida neste planeta. Jesus disse: “o reino do céu
sofre violência, e os violentos o tomam pela força” (Mt 11:12). É evidente que nós, como cristãos,
vivemos em um mundo que está cheio de violência tanto no visível quanto no invisível. É
importante para nós compreender que nossas batalhas existem para serem a manifestação de Sua
vitória. Quando Jesus morreu na cruz, Ele obteve o triunfo final. Nós já não lutamos pela vitória,
mas lutamos a partir da vitória. A vitória nos é assegurada quando entramos na batalha. Por
conseguinte, o último desafio não reside tanto na batalha em si, mas em levar o povo de Deus a
entrar na briga. Quando o exército real se recusa a lutar e, em vez disso, se esconde do combate, ele
é muitas vezes alvejado por um tiro nas costas, onde está desprotegido. Observe que a “armadura
de Deus” de Efésios não tem proteção para as suas costas. Estamos mal equipados para o
retrocesso.
“Os cães da ruína guardam as portas do nosso destino!” O que nós acreditamos ser o nosso
obstáculo mais terrível é, na verdade, a porta para a nossa maior vitória. Nossa maior conquista
está do outro lado do medo. Coragem é a capacidade de avançar em face da adversidade para
alcançar esses tesouros.

- RECONTANDO OS TESTEMUNHOS DO PASSADO -

Um dos desafios de levar cristãos a se envolverem na guerra é a falta de apreço deles pelos
valores que moviam nossos antepassados a comprarem nossa liberdade com suas vidas. A história
nos ajuda a nos conectarmos às virtudes pelas quais vale a pena morrer. Elas ficam escondidas atrás
do véu do tempo, mas são a nossa herança. Elas são muitas vezes revestidas por palavras como
“Honra”, “Liberdade”, “Valor”, “Fidelidade” e “Respeito”. Nossos pais e mães fundadores trataram
esses atributos invisíveis como países a serem protegidos e qualidades a serem passadas a seus
filhos. Essas pessoas nobres não lutaram tanto para proteger a terra, mas para perpetuarem os
princípios do Reino.
Quando esquecemos as façanhas históricas de Deus, começamos a vacilar na ausência de
verdadeiros fundamentos. Isso frequentemente nos leva a recuar em direção a prazeres egoístas
como se fossem um eufórico objetivo de vida, o resultado disso são guerras sendo perdidas antes
que o inimigo seja sequer encontrado. O prazer é raramente encontrado no campo de batalha. O
salmista abordou esse ponto:

Os filhos de Efraim, armados e carregando arcos, se voltaram no dia da batalha. Eles não
mantiveram o pacto de Deus, e se recusaram a andar na sua lei. E se esqueceram das suas obras, e
das suas maravilhas que ele havia lhes mostrado (SI 78:9-11).

Ao recontar testemunhos, honramos o passado e nos tornamos conscientes dos antigos limites
e fronteiras que foram confiados ao nosso cuidado. É através de testemunhos que capturamos a
visão de nossos pais fundadores e compreendemos o quão importante é passar esses testemunhos
adiante.
O apóstolo João escreveu: “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro, e pela palavra do seu
testemunho; e eles não amaram as suas vidas até a morte” (Ap 12:11). Os elementos da vitória nos
são recontados mais uma vez nessa passagem. Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro: Isso
significa que vivemos a partir de Sua vitória em vez de tentarmos obter a vitória. Os cristãos devem
estar dispostos a atacar. A bola está conosco. A guerra já foi ganha e a única coisa que resta é lutar
as batalhas que vão selar a vitória. O diabo já foi derrotado. Jesus já arrancou os dentes da sua boca.
O que ele vai fazer com você, mascá-lo até a morte?
A palavra do seu testemunho: Testemunhos nos lembram das repetidas façanhas de Deus, que
Ele tem realizado em nome do seu povo. “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap
19:10). Em outras palavras, os feitos miraculosos de Deus no passado estabelecem as bases para
Seus gloriosos atos em nosso futuro.
Não amaram as suas vidas até a morte: aí está novamente - o poder daqueles que desafiam a
morte. Estou convencido de que, uma vez que o medo da morte é vencido em nossas vidas,
tornamo-nos uma força imbatível que as hordas do inferno não podem enfrentar. Quando o diabo
perde a capacidade de nos assustar com a morte, ele se torna impotente em nossas vidas.

- LIDANDO COM A MULHER DRAGÃO -

Essa revelação tornou-se real para mim há vários anos. Passamos por uma temporada que eu
chamo de “Vale da Sombra da Morte”. Tudo começou quando um amigo nosso chamado Tracy
Evans levou uma mulher chamada de “A Mulher Dragão” (Era uma Mulher Dragão diferente
daquela da China!) a Cristo.
Jane (nome fictício) era uma mulher de vinte e poucos anos, cerca de 1,5 m de altura, com
longos cabelos castanhos lisos com uma raia loira em toda a sua extensão. Ela era muito
musculosa, de olhar sisudo, com olhos castanhos profundos e um rosto esburacado. Ela tinha feito
parte da igreja satanista Anton LaVey em São Francisco por dois anos antes de vir para
Weaverville. A Mulher Dragão, Jane, era conhecida pelo que fazia nos bares. Depois de tomar
algumas bebidas ela se tornava como um animal, comia o copo e batia em vários homens no bar.
Toda a gente na nossa comunidade a temia.
Tracy estava trabalhando em nosso pequeno hospital rural quando a polícia trouxe Jane e a
colocou na cela acolchoada. Ela tinha estado deslizando sobre sua barriga como uma cobra e
sibilando como um gato junto a uma bomba de combustível de um posto local. Tracy a levou a
Cristo em sua cela acolchoada. Mais tarde naquela noite, Tracy veio à nossa casa e nos convenceu
a deixar Jane ficar conosco por um tempo.
Então, o drama começou! Ela estava morrendo de medo do escuro, então dormia no sofá com
as luzes acesas. Várias vezes por noite, ela acordava gritando e falando alto com “os demônios” que
estavam atrás dela.
Eu não dormi muito por semanas. Felizmente, nossas três crianças pequenas dormiam no
andar de cima. Eu me levantava e orava com ela; ela voltava a dormir, mas eu ficava por horas com
meu coração saindo pela boca.
Para piorar, outras coisas estranhas estavam acontecendo ao mesmo tempo. Pessoas nos
ligavam várias vezes ao dia e nos diziam que satanás iria nos matar, destruir nossos filhos e fazer
outras coisas repugnantes. As pessoas que ligavam nos conheciam pelo nome e sempre soava como
se houvesse uma sessão acontecendo em segundo plano. Muitas vezes, quando eles ligavam, as
luzes se apagavam na casa e as fotos caíam das paredes. O telefone também ficava mudo um par de
vezes por semana enquanto eu estava falando com eles.
Toda a minha família tinha pesadelos quase todas as noites e eu tinha constantemente um
grande demônio com olhos vermelhos brilhantes me visitando à noite. Eu acordava após ter
sonhos horríveis e o maldito estava no pé da minha cama. Isso me assustava de verdade! Eu suava
frio e ficava completamente paralisado de medo.
Isso continuou por mais de seis meses! Nós teríamos chutado Jane de casa, mas ela estava
sendo liberta e minha família e eu estávamos crescendo no Senhor como loucos. No meio de toda
essa algazarra demoníaca, aconteciam milagres diários. Um dia, por exemplo, minha filha
Shannon cortou o dedo e ele estava sangrando por todo o lado. Jane estava segurando a mão sob a
torneira enquanto Kathy buscava um curativo. Kathy orou pelo dedo antes de aplicar o curativo e
o corte fechou e curou bem na frente de seus olhos. Jane foi ao delírio! Essa temporada em nossa
vida era como viver em uma zona de guerra onde o Céu e o inferno estavam colidindo
violentamente. Porque perseveramos nesse tempo, Jane foi liberta e se tornou uma bela mulher.
Infelizmente, algum tempo mais tarde ela escolheu voltar para o mundo.
Como você pode imaginar, essa temporada ensinou a nossa família muito sobre a guerra e os
caminhos tortuosos do diabo. Uma das lições mais poderosas que eu aprendi aconteceu através da
experiência do “demônio de olhos vermelhos brilhantes”. Ele continuou se intrometendo no meu
quarto à noite e nada que eu fizesse parecia fazê-lo sair. Eu o repreendia, orava e ungia o meu
quarto com óleo, lia a Bíblia para o demônio, e adorava a Deus enquanto ele observava, mas ele
recusava-se a sair. Parecia ser capaz de perceber que eu estava com medo dele.
Bill Johnson diz: “Você só tem poder sobre a tempestade dentro da qual você tem paz.” Essa
declaração faz referência à história de Jesus dormindo no barco durante uma tempestade. Ele
acorda e acalma o vento, dizendo: “Paz, fique quieto” (Lc 8:23-24). O Senhor falou comigo e me
disse que eu iria “aprender o poder da paz”. Lembrei-me das palavras de Paulo aos Filipenses:
“sem de forma alguma deixar-se intimidar por aqueles que se opõem a vocês. Para eles isso é sinal
de destruição, mas para vocês de salvação, e isso da parte de Deus” (Fp 1:28). Há algo na coragem
que faz com que o inimigo saiba que já está derrotado, porque a coragem é imune à sua arma
principal: o medo. Coragem é paz na tempestade, a incapacidade de se assustar com o inimigo.
Quando podemos dormir na tempestade, ter calma em face à batalha e não entrar em pânico em
meio à oposição, nós quebramos a espinha do diabo!
Na noite após essa palavra do Senhor sobre o poder da paz, o demônio retornou. Meu coração
disparou, minha cabeça estava girando e eu queria correr ou gritar. Jesus já tinha me dado uma
estratégia para a vitória. Olhei por cima das cobertas e lá estava ele. Seus enormes olhos estavam
vermelho brilhante enquanto ele me fitava. Eu olhei para ele e disse: “Ah, é só você!” Então, rolei
e voltei a dormir. Esse foi o fim das minhas visitas. A partir de então, eu parei de ter medo e co-
mecei a aguardar ansiosamente pela batalha. Quando as pessoas demonizadas ligavam, pegava o
telefone e compartilhava o amor e a misericórdia de Deus com elas. Eles não sabiam o que fazer
comigo depois disso. Eles simplesmente desligavam. Não demorou muito para toda a esquisitice
cessar. A coragem manifestada através da paz é uma poderosa arma de guerra. Afinal de contas, o
Deus da paz está esmagando Satanás debaixo dos nossos pés (veja Rm 16:20)!

- O REINO NÃO É LUGAR PARA COVARDES -

João escreveu: “os medrosos... terão sua parte no lago que arde com fogo e enxofre; que é a
segunda morte.” (Ap 21:8). Você não pode ser um cristão e ser um covarde! A coragem é um dos
atributos da realeza que não podem ser subestimados. Coragem não é apenas vista nas grandes
façanhas aplaudidas pelos homens. Mais frequentemente, a coragem se encontra no silêncio de
uma vida que se recusa a curvar-se à fossa de escuridão que diariamente tenta tragar nossas almas.
Aqui está o tipo de coragem que vejo em algumas das pessoas que conheço:
A coragem é vista em um menino de 8 anos de idade que vive em um bairro infestado de
drogas. Ele nunca conheceu seu pai. Sua mãe é uma prostituta e viciada em drogas. Sua casa está
cheia de violência, drogas, sexo e o pior da imundície conhecida pelo homem, mas ele se levanta
todos os domingos de manhã, veste-se com suas melhores roupas, que não são muito vistosas, e vai
à igreja. Seus vizinhos tiram sarro quando ele passa por eles em seu caminho para a igreja com sua
pequena Bíblia brochura esfarrapada que alguém lhe deu, mas ele os ignora, porque encontrou
uma razão para viver.
A coragem é encontrada em uma jovem que acaba por ficar grávida e sozinha. O que começou
como a sua primeira experiência de finalmente ser amada, ou assim ela pensou que fosse, se
transformou em incerteza e desilusão. Não há ninguém para apoiá-la. O namorado dela está
desaparecido; seus pais estão divorciados, perseguindo outros amores, enquanto ela se encontra
nas ruas sozinha mais uma vez. Seu futuro é um mistério e seu passado é uma miséria, mas ela
escolhe se erguer acima de tudo. As pessoas lhe dizem para abortar seu filho, mas ela recebe seu
bebê recém-nascido no mundo e dá-lhe o amor que ela mesma nunca recebeu. Ela é a minha
heroína.
A coragem pode ser observada em uma mãe de três filhos.
Seu marido é um alcoólatra maníaco e furioso. A violência tornou-se um modo de vida para
eles. Ela tem tentado fazer seu casamento melhorar por anos, mas ele não quer uma esposa; ele
quer uma escrava que possa comandar pelo medo e crianças que ele possa atormentar até a
submissão. Ele não lhe dá nenhum dinheiro e nunca permite que ela ou as crianças tenham uma
vida. Ela não tem habilidades de trabalho porque nunca quer deixar as crianças sozinhas na zona
de guerra com seu pai fora de controle. Um dia, porém, ela decide que já chega. Ela leva as crianças
e eles partem, sem saber para onde estão indo, mas percebendo que eles não podem ficar nesse
campo de escravos outro dia. Ele ameaçou sua vida muitas vezes, mas ela escolhe a ousadia ao
invés do medo e a vida ao invés da morte. Eles vão começar do zero e confiar em Deus para
guiá-los.
A coragem reside na jovem que vai para uma escola de ensino médio onde o número de
virgens pode ser contado em duas mãos. Todos ao seu redor estão “fazendo aquilo” e ela sente que
a pressão dos colegas e do desejo sexual dentro dela está tentando derrotá-la. Entretanto, ela
escolheu guardar a si mesma para o seu príncipe. Ela percebe que o valor de sua virgindade está na
luta que há em mantê-la desde o campo de batalha até a suíte de lua de mel, e ela está determinada
a ir até o fim.
A história é escrita por esses atos de coragem. E nenhum é melhor que o outro. Quando nos
recusamos a nos comprometermos, tornamo-nos o povo que Deus pode confiar para levar Sua
glória ao mundo.
A história registrará se nós, povo de Deus, nos ergueremos ou não com valor nesta
dispensação para perpetuar os atributos reais de nosso Santo Rei ou nos desviaremos em medo
para dentro da fossa de corrupção moral. Se falharmos, aqueles que lembrarem a nossa história
também serão pegos na profundidade do desespero dela. Se formos bem-sucedidos e nos
erguermos acima da lama de complacência dos nossos colegas, poderemos muito possivelmente
deixar um legado que durará por toda a eternidade. Não podemos nos dar ao luxo de falhar!
Devemos nos vestir de vigilância e correr para proteger as virtudes que foram transmitidas a nós.
Com tanta coisa em jogo, devemos vencer a mais épica das batalhas!
Parte 3 — Introduzindo a Autoridade e a Responsabilidade da
Realiza

Nos capítulos anteriores, viajamos para dentro da corte do Rei e observamos o Seu povo real.
Aprendemos muito sobre o chamado, o comportamento e os valores que os levaram a se
sobressaírem sobre todos os demais povos da terra.
Jesus disse: “A quem muito é dado, muito é exigido”. Portanto, devemos investigar a
responsabilidade que Deus deu ao Seu povo, e a autoridade que advém dessa responsabilidade de
cumprir Sua missão.
Alguns podem se surpreender com o elevado chamado de Deus que repousa sobre nós. Por
muitos anos, a igreja tem reduzido o chamado de Deus a algo que pode ser realizado pela
disciplina, sabedoria e finanças do homem. Isso é porque temos estado desconfortáveis com a
mensagem estilo “missão impossível” que a Bíblia claramente articula. Devido a isso, os Golias da
terra estão circulando livremente por nossas cidades, roubando, matando e destruindo onde quer
que vão.
Os capítulos que você está prestes a ler são como toques de uma trombeta chamando o
exército real para tomar o seu lugar no campo de batalha. O Filho de Deus se manifestou para este
fim: destruir as obras do diabo. Somos Suas mãos com cicatrizes de batalha estendidas a um povo
que está ferido e morrendo. Temos sido ungidos e equipados para destruir gigantes e alargar as
fronteiras do Reino, fazendo o Céu colidir com a terra!
14 — O Serviço Secreto de Sua Majestade

- RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE REAL -

Nosso chamado à realeza vem com autoridade e muita responsabilidade. Jesus disse: “A quem
quer que muito for dado, muito será requerido dele; e para o homem que muito foi confiado,
muito mais se exigirá dele” (Lc 12:48). Autoridade e responsabilidade sempre andam juntas e
devemos entender esses dois aspectos do nosso chamado. Deus investiu Sua igreja com a Sua
autoridade sobre tudo na terra, mas também temos a responsabilidade de usar essa autoridade para
cumprir Seus propósitos.
Ele nos comissionou para discipular as nações. É importante para nós compreender a
descrição do nosso trabalho para que possamos cumprir a vontade do Pai. Embora Jesus tenha dito
para fazermos discípulos de todas as nações, a maior parte da igreja reduziu o nosso chamado a
apenas fazermos discípulos em todas as nações. Grande parte da nossa forma de ler e interpretar a
Bíblia tem sido afetada por uma mentalidade de escravo. Quando nos sentimos pequenos e
impotentes, tendemos a diluir a palavra de Deus em algo que possamos fazer em nosso próprio
estado fraco, para que não nos sintamos condenados por não fazermos o que nos é exigido.
Portanto, à medida que começamos a sermos transformados em um sacerdócio real, temos de ter
um novo olhar sobre as Escrituras. Vamos começar com estes versos:

E Jesus veio e lhes falou, dizendo: Foi-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide,
ensinai a todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
sempre, até o fim do mundo (Mt 28:18-20).

Há uma diferença óbvia entre discipular pessoas e discipular nações. Sabemos que todo aquele
que vem a Cristo precisa ser discipulado, como foi abordado no capítulo sobre aliança, mas reduzir
a Grande Comissão a apenas discipular pessoas é uma completa incompreensão da palavra de
Deus. Observe que Jesus define o discipulado no contexto de que toda a autoridade no Céu e na
terra está sendo transferida do diabo para Ele. Portanto (por causa disso), façam discípulos nas
nações. Para que realmente possamos compreender a Grande Comissão, temos de entender a
história da terra e como Deus pretendia governar o mundo. Vamos voltar e nos aventurar no Livro
de Gênesis, vendo como a terra foi destinada a ser governada.
No início da criação, Adão e Eva receberam autoridade para governar a terra. Olhe para esta
passagem do Livro de Gênesis:

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e que eles
tenham domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre o gado, e sobre toda a terra,
e sobre toda a coisa rastejante que rasteja sobre a terra. Assim Deus criou o homem em sua própria
imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea ele os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Sede frutíferos e multiplicai-vos, e enchei a terra e
subjugai-a; e tende domínio sobre os peixes do mar, e sobre as aves do céu, e sobre toda a coisa
vivente que se move sobre a terra" (Gn 1:26-28).

Só podemos imaginar como o nosso mundo seria se Adão e Eva tivessem cumprido sua
comissão de governar. Em algum ponto, o diabo veio a eles na forma de uma serpente e os
convenceu a dar ouvidos a ele e não a Deus. Quando obedeceram o diabo eles se tornaram escravos
dele e foram obrigados a entregar o lugar de autoridade que tinham a ele. Desde a queda, satanás,
"o deus deste mundo”, tem governado a terra. Suas palavras a Jesus no deserto nos mostram que ele
detinha as esferas de domínio que pertenciam anteriormente ao homem: “E disse-lhe o diabo (a
Jesus): Dar-te-ei todo este poder e a sua glória; porque foi entregue a mim, e o dou a quem eu
quero” (Lc 4:6).
Satanás governava sobre o homem e controlava as nações. Quando Jesus morreu na cruz, Ele
arrancou as chaves de autoridade do diabo (veja Cl 2:15, Ap 1:18). Ele trouxe Sua governança de
volta para a humanidade e delegou Sua autoridade à Igreja. É por isso que a Grande Comissão
começa com a afirmação: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra\” Jesus está destacando
o fato de que Satanás não tem mais autoridade no Céu ou na terra.
No livro de Efésios, Paulo direciona seu ensinamento para nos ajudar a compreender essa
realidade incrível. O chamado de Deus para os santos é tão impressionante que Paulo tem que
parar no meio da sua carta e orar para que fôssemos iluminados para que pudéssemos
compreendê-lo.
Ele escreve:

Tendo os olhos do vosso entendimento iluminados, para que saibais qual é a esperança do seu
chamado, quais as riquezas da glória da sua herança nos santos, e qual é a suprema grandeza do seu
poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação do seu grande poder, que manifestou em
Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o colocou à sua própria direita nos lugares celestiais.
Muito acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia,
não só neste mundo, mas também no que há de vir. E colocou todas as coisas sob seus pés e o fez
ser cabeça da igreja sobre todas as coisas, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo
em todos (Ef 1:18-23).

Vamos ler isso de novo: “o fez ser cabeça da igreja sobre todas as coisas” Que incrível
declaração. Não é de admirar que Paulo tenha orado por nós antes de compartilhar isso conosco. A
igreja é a plenitude de Cristo sobre a terra. Devemos demonstrar Seu domínio sobre todos os
poderes, empoderados pelo mesmo Espírito que ressuscitou Cristo da morte. Essa passagem
explica como os elementos primários de autoridade, poder e jurisdição foram dados à Igreja.
Temos jurisdição por estarmos em um relacionamento com Cristo, que está sentado “muito acima
de todo governo e autoridade” e temos o poder da “sua poderosa força. Esse poder ele exerceu em
Cristo, ressuscitando-o dos mortos”. Como podemos ajudar, exceto tendo tudo o que
precisaríamos, a cumprir a Grande Comissão?

- NASCIDOS PARA GOVERNAR OS MUNDOS -

A restauração da autoridade para a humanidade através de Cristo foi profetizada no Livro de


Daniel. Daniel teve uma visão poderosa que o abalou, e muito disso tem sido mal interpretado por
anos. Embora a visão tenha várias partes, quero tirar a parte da visão que está claramente datada.
Vou mostrar o que quero dizer com isso nas próximas linhas. Aqui estão os versos:
Eu vi nas visões noturnas, e eis que um semelhante ao Filho de homem veio com as nuvens do
céu, e veio até o Ancião de dias, e trouxeram-no diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória e um
reino, para que todo povo, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, o
qual não passará, e o seu reino, um que não será destruído (Dn 7:13,14).

Depois que Daniel recebeu essa parte da visão um anjo veio a ele e lhe deu a interpretação:

Eu, Daniel, angustiei-me em meu espírito, no meio do meu corpo, e as visões da minha cabeça
atribularam-me. Aproximei-me de um dos que estavam perto, e perguntei-lhe a verdade de tudo
isto. Então ele me contou, e fez-me saber a interpretação dos assuntos... Porém os santos do Al-
tíssimo tomarão o reino, e possuirão o reino para sempre, e sempre, e sempre (Dn 7:15-16,18).

Seria bom ler o capítulo inteiro para começar a perceber o contexto dessas Escrituras, mas
quero chamar a atenção para um detalhe em particular. O “Filho do homem” na visão de Daniel é
especificamente interpretado pelo anjo como sendo os santos. Na visão, o Filho do homem
recebeu “domínio, glória e reino”, e na interpretação os santos receberam “o reino”. Isso é tão
dramático: são os santos que estão recebendo autoridade, glória e um reino eterno!
A questão é: quando é que domínio, glória e reino são dados aos santos? Vamos continuar a
leitura:

Eu contemplei, e o mesmo chifre fazia guerra com os santos, e prevalecia contra eles; até que o
Ancião de dias chegou, e receberam julgamento os santos do Altíssimo; e o tempo chegou para os
santos possuírem o reino (Dn 7:21-22).

O momento é muito específico aqui. As duas coisas que marcam a linha do tempo para os
santos passarem a governar são o julgamento que está ocorrendo nos tribunais do Céu em favor
dos santos, e os santos receberem um reino.
Paulo fala sobre esse processo judicial no livro de Colossenses. Aqui, ele nos diz que quando
Jesus morreu na cruz algo aconteceu nos átrios do Céu. Decretos que haviam sido feitos contra nós
foram destruídos, certificados de dívida foram cancelados, e os governantes e autoridades foram
desarmados. Esse é o mesmo caso judicial que Daniel viu muitos anos antes. Paulo usa
especificamente termos judiciais que confirmam que “o tribunal sentou-se para o julgamento” e
recebemos uma solução favorável quando Jesus morreu na cruz por nossos pecados.
Aqui está a proclamação da corte do Céu:

Sepultados com ele no batismo, onde também ressuscitastes com ele pela fé no poder de Deus,
que o ressuscitou dos mortos. E, quando vós estáveis mortos nos vossos pecados e na incircuncisão
da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, apagando a
escrita de ordenanças que era contra nós, a qual nos era contrária, e tirou-a do meio de nós,
cravando-a na sua cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs abertamente,
triunfando sobre eles em si mesmo (Cl 2:12-15).

O segundo sinal dos tempos era que os santos receberiam um reino. Portanto, é importante
saber quando é (quando foi) que os santos recebem (receberam) um reino? As seguintes Escrituras
nos dão uma visão sobre esse mistério: em Mateus 10:7, Jesus pregava o reino onde quer que fosse.
Ele dizia: “O reino do céu tem-se aproximado.” Ele nos ensinou que a experiência do novo
nascimento nos levava a “ver o reino” (Jo 3:3); que, para entrar no reino, devemos nos tornar como
uma criança (Mc 10:15); e Ele nos exortou a não nos preocuparmos com o que comer, onde viver
ou o que vestir, mas em todas as coisas buscar o reino em primeiro lugar e Ele proveria (veja Mt
6:27-34).
Jesus também pregou ao povo de Seu tempo, dizendo: “Em verdade eu vos digo, alguns dos
que aqui estão não provarão a morte até que vejam o Filho do homem vindo em seu reino” (Mt
16:28). Então, Ele enviou os discípulos para “pregar o reino de Deus, e para curar os doentes” (Lc
9:2). Mais importante ainda, Ele nos disse diretamente que nos deu o reino: “Não temas, ó
pequenino rebanho, porque é aprazível a vosso Pai dar-vos o reino” (Lc 12:32).
Por agora o ponto deve ser muito óbvio para nós. Quando recebemos Jesus como Senhor e
Salvador, o reino nos foi dado! Essa realidade é descrita por todas as Escrituras. A palavra “reino”
é usada mais de 150 vezes no Novo Testamento apenas. Os Apóstolos também levaram à frente a
proclamação do reino por todo o livro de Atos e Epístolas. Não podemos nos afastar disso - os
santos receberam um reino em cumprimento do que Daniel viu há muito tempo atrás.
Uau! Se o julgamento já foi definido em favor dos santos e recebemos o reino, então devemos
olhar para o resto do que Daniel tinha a dizer sobre o dia em que vivemos:

E ele falará grandes palavras contra o Altíssimo, e irá consumir os santos do Altíssimo, e
intentará mudar tempos e leis; e eles serão dados em sua mão até um tempo, e tempos, e a divisão
de tempo. Porém, assentar-se-á o julgamento, e eles tomarão o seu domínio para o consumir e o
destruir até o final. E o reino e domínio, e a grandeza do reino, sob todo o céu, serão dados ao povo
dos santos do Altíssimo, cujo reino é um reino eterno; e todos os domínios o servirão e obedecerão
(Dn 7:25-27).
Os santos nasceram para governar e reinar com Cristo agora! Paulo declarou que “os que
recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por meio de um, Jesus
Cristo” (Rm 5:17). É claro, também temos de compreender que, a ideia que Deus tem de reinar, é
muito diferente da ideia do mundo. Jesus deixou claro que Seus líderes governam de uma maneira
empoderadora que traz à tona o melhor das pessoas.

- TREINANDO AS NAÇÕES PARA A PAZ -

O profeta Isaías olhou para o futuro e viu o reinado do Corpo de Cristo nos últimos dias. Aqui
está o que ele visualizou:

E isto ocorrerá nos últimos dias, nos quais o monte da casa do Senhor será estabelecida no
cume dos montes, e será exaltada acima das colinas. Todas as nações fluirão em direção a ela. E
muitos povos irão e dirão: Vinde vós e deixai- nos subir ao monte do Senhor, em direção à casa do
Deus de Jacó, e ele nos ensinará a respeito de seus caminhos, e nós andaremos nas suas veredas;
pois de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor de Jerusalém. E ele julgará entre as nações, e
repreenderá muitos povos; e eles converterão suas espadas em lâminas de arado e suas lanças em
foices. Nação não erguerá mais espada contra nação, nem aprenderão mais a guerrear (Is 2:2-4).

As montanhas são a metáfora profética para “autoridades” e “o templo do Senhor” é a Igreja.


Isaías está dizendo que nos últimos dias a Igreja será a principal autoridade sobre como viver a vida
e tomar decisões. Isso resultará nas nações vindo a nós e aprendendo os caminhos de Deus, bem
como a Rainha de Sabá fez nos dias de Salomão. Plantas de armas serão convertidas em silos de
grãos, plantas de fabricação de automóveis e outros recursos benéficos, porque as nações não
estarão mais lutando umas contra as outras.

- A TERRA FOI DADA AOS FILHOS DOS HOMENS -

O fato de que a Igreja foi restaurada à posição original do homem de domínio sobre a terra
exige que venhamos a aprender e a cumprir as responsabilidades que vêm com a nossa autoridade.
Qual é o objetivo do nosso domínio? Somos chamados a cumprir a comissão original dada a Adão
e Eva, mas a tarefa é diferente porque não devemos simplesmente subjugar a terra, mas restaurá-la
de séculos de destruição que ela sofreu sob a tirania do diabo. A igreja é chamada para destruir
toda a obra do diabo, como Jesus mostrou, para fazer discípulos das nações e para ensinar o mundo
a obedecer aos mandamentos de Cristo.
Aqueles na igreja que ainda pensam como pobres se sentem impotentes e, assim,
frequentemente se distanciam dos desafios e problemas do mundo, às vezes mesmo sem perceber
que estão fazendo isso. Eles comumente desenvolvem doutrinas que os libertam de qualquer
responsabilidade por coisas que estão erradas ou mal. Um dos maiores problemas que tenho com
pessoas interpretando desastres como sendo o julgamento de Deus ou declarando que “o reino é
também ‘ainda não’, então só precisamos segurar as pontas até o milênio” é que essas perspectivas
deixam as pessoas em um lugar onde elas não podem e não devem fazer nada com respeito ao
mundo em torno delas. Como podemos ver a partir do nosso estudo da Palavra, Deus nos chamou
para sermos Sua resposta para os problemas do mundo, para não fugir deles.
As pessoas muitas vezes perguntam: “Se Deus é tão bom, então por que Ele deixou tantas
coisas ruins acontecerem no mundo?” A questão não é por que Deus permite coisas ruins
acontecerem, a questão é por que os santos do Altíssimo permitem que elas aconteçam? O salmista
escreveu: “O céu, até os céus são do Senhor; mas a terra ele a deu aos filhos dos homens” (Sl
115:16). Os santos receberam a responsabilidade sobre a terra! Precisamos entender isso.
Jesus reforçou essa ideia quando nos ensinou a orar. Vamos colocar nossos óculos reais e ler a
Oração do Senhor.
Pai nosso que estás nos céus, Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino, seja feita a tua
vontade na terra, como é no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. E perdoa-nos as nossas
dívidas, como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos conduzas à tentação, mas livra-nos
do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém (Mt 6:9-13).

Podemos aprender várias coisas a partir desses versos. A primeira coisa que vemos é que o
Senhor deseja que a Sua vontade seja feita na terra da mesma forma que é feita no Céu. Essa é uma
enorme revelação. Devemos orar e crer em Deus que a terra se conformará ao modelo do Céu,
como Bill Johnson explica em seu livro Quando o Céu Invade a Terra.
Também recebemos visão sobre como o mundo pode ser impactado pelo Céu. Uma das
palavras-chave que Jesus usa em Sua oração modelo é a palavra “nosso”. O que “nosso” significa
para nós? Deixe-me dar um exemplo do que estou tentando dizer.
Há não muito tempo, eu estava pregando em nossa igreja em uma manhã de domingo.
Durante a minha mensagem, eu segurava um artigo de jornal que havia sido escrito naquela
semana sobre a nossa cidade. O artigo estava cheio de más notícias. Eu disse à nossa congregação:
“Você notou na oração do Senhor que Jesus teve de orar ‘Pai Nosso’, e não ‘Meu Pai’? Você lembra
que Ele nos ensinou a orar para que a terra fosse como o Céu? Como a terra se torna como o Céu?”
Eu levantei o artigo novamente e disse: “Quão grande é o <nosso>? Seria ele <eu e meus três>, ou
será que o <nosso> abrange toda a nossa cidade?”
Continuei lendo um pouco mais do conteúdo do artigo, que estava preenchido com
estatísticas alarmantes. A nossa taxa de divórcio era uma das mais altas do país, os crimes violentos
estavam crescendo e as doenças terminais estavam começando a subir muito.
Então eu disse: “Esse problema é nosso, ou é o fato de que o problema não é o nosso
verdadeiro problema? Sobre tudo o que possuo, eu vou assumir a responsabilidade. Você lê esse
artigo e diz a si mesmo: ‘Aquelas pessoas pobres’, ou você é movido a orar e chamado à ação
quando é informado sobre os nossos problemas?” Então, eu gritei: “Isso tem que importar para nós
se vamos ver a nossa cidade ser invadida pelo Céu!” , Quando as pessoas vêm a mim querendo me
contar sobre algo que precisa mudar na igreja e começam a sua exortação dizendo: “As
necessidades da igreja” ou “As necessidades da sua igreja” eu sei que elas não vão ser uma parte da
solução. Elas já se distanciaram do problema em seus corações usando as palavras “a igreja” ou “sua
igreja”. Quando elas perguntam: “Você sabe do que a nossa igreja precisa?” eu sei que elas estão
prontas para serem parte da solução.
Infelizmente, grande parte da abdicação de responsabilidade por parte da Igreja é resultante
da influência cultural. A cultura americana promoveu um individualismo egoísta ao ponto em que
a vida comunitária está sob ataque em todas as frentes. A maioria das pessoas têm muito pouca
consciência sobre como suas escolhas afetam a comunidade ao seu redor. Se vamos acordar e
assumir a responsabilidade pelas nossas comunidades, temos por necessidade que confrontar o
individualismo em torno de nós e em nós. Uma maneira de obter um vislumbre de como deve ser
a nossa verdadeira atitude em relação à nossa responsabilidade é nos perguntarmos se tratamos
cada pessoa que encontramos como se fosse da nossa família. Jesus nos ensinou a orar com uma
oração coletiva dirigida ao “Pai Nosso”, que revela o desejo de Deus de que Seu povo se identifique
com as situações de seus vizinhos e da comunidade como se todos estivessem na família de Deus.

- TRANSFORMANDO CIDADES -

Devemos permitir que um senso de propriedade permeie a maneira como pensamos sobre a
terra e a comunidade em torno de nós. Quando começamos a nos identificar com o futuro das
nossas cidades, vamos começar a fazer orações que moverão a atmosfera espiritual e trarão o reino
dos Céus.
No início dos anos 90, minha família e eu começamos a sentir um forte peso por Lewiston,
uma pequena cidade nas montanhas do norte da Califórnia a cerca de uma hora e meia de nossa
casa. Embora essa fosse uma comunidade de menos de mil pessoas, crime, drogas e imoralidade
estavam crescendo por lá. Foi a pior cidade do Condado de Trinity. O departamento do Xerife
estava perplexo sobre como resolver o problema e os moradores mais velhos estavam em pé de
guerra por causa da crescente atividade criminosa.
O Senhor começou a nos falar sobre como nos tornarmos a resposta para essa comunidade.
Realmente não sabíamos o que fazer. O problema parecia enorme e, francamente, nós estávamos
com medo das pessoas violentas que estavam no cerne das questões reais.
Começamos a caminhar pela cidade toda semana, orando sobre as casas. O Senhor muitas
vezes nos dizia o que estava acontecendo dentro de certos lares e nos mostrava onde as fortalezas
estavam. Ficávamos fora dessas casas e silenciosamente orávamos por elas. Muitas vezes
recebíamos palavras proféticas que seriam a resposta para os problemas que podíamos ver no
Espírito. Profetizávamos que a vida viria a esses “ossos secos” nessas casas.
Oramos sobre a cidade semanalmente por um ano. Orávamos depois do anoitecer para que
não fôssemos visíveis e não nos destacássemos como aberrações religiosas. Não estávamos fazendo
isso para sermos notado pelo homem, mas para sermos reconhecidos pelo inferno e honrados pelo
Céu. Sentimos um fardo por essas pessoas que nos levou a orar muitas vezes na chuva e na neve.
Nunca falhamos uma semana durante o período de um ano. Estávamos determinados a ver o reino
de Deus destruir as obras do diabo em Lewiston.
No final do longo ano de guerra, em uma noite sem lua e fria de inverno, cerca de quinze
pessoas se juntaram a nós para caminhar pela comunidade e orar sobre a cidade. Dividimo-nos em
equipes de dois e percorremos em oração a subdivisão Lewiston por um par de horas. Mais tarde,
nos encontramos no estacionamento de cascalho de um antigo ginásio abandonado. O ginásio
estava na frente de um grande campo cheio ' de ervas daninhas. Demos as mãos e começamos a
orar pelas pessoas da comunidade. Em poucos segundos, uma voz incrivelmente barulhenta, de
gelar o sangue, começou a gritar do meio de campo. Soava como a voz profunda de um homem se
contorcendo de dor. Isso fez nossa pele arrepiar. A voz ecoava pelo vale nessa noite escura e
misteriosa. Quando íamos parar de orar a voz ia parando, mas logo que íamos começar a orar os
gritos começavam novamente. Decidimos orar mais fervorosamente até que ela desistisse
definitivamente. Um longo tempo se passou enquanto batalhávamos contra aquele espírito do mal
que estava sobre a cidade e, finalmente, a voz perdeu força, ficou muito fraca e ficou em silêncio.
Foi uma experiência estranha, mas sabíamos que tínhamos conseguido um grande progresso
naquela noite.
Dentro de uma semana, o Departamento de Condicional do Condado de Trinity chamou e
perguntou se gostaríamos de trabalhar com eles em Lewiston. Eles tinham cerca de 35
adolescentes em liberdade condicional e iriam ensinar seus pais duas vezes por semana durante um
mês. Queriam que ministrássemos aos menores enquanto eles estivessem fazendo o treinamento
com os pais deles.
Estávamos com medo, mas animados, para trabalhar com os adolescentes em Lewiston. A
comunidade nos cedeu o ginásio abandonado para uso gratuito. Ele estava uma bagunça, não
havia sido usado por anos. Ele vazava quando chovia e era congelante no inverno. Nós o limpamos
o melhor que pudemos. Os primeiros meses foram selvagens. Eu apartei quatro brigas na primeira
noite, derrubando os caras no chão para fazê-los parar de se matarem uns aos outros. Nós
jogávamos basquetebol e voleibol por uma hora e, em seguida, fazíamos uma pausa. Durante
metade do tempo eu compartilhava uma mensagem relevante com eles sobre as coisas que eles
estavam passando. A maioria das minhas mensagens deu-lhes ferramentas para lidarem com a
vida e os fizeram entender o quão importante eles eram para Deus.
Eles não eram obrigados a ficar no ginásio para a mensagem, embora a maioria deles ficasse.
Pouco a pouco nos tornamos uma grande família. Nós nos encontramos duas vezes por semana
durante os próximos cinco anos e derramamos amor sobre aqueles garotos. O grupo cresceu para
mais de cem. Vários traficantes de drogas se juntavam a nós na maioria das noites. Estabelecemos
regras sobre não vender drogas dentro ou em torno do ginásio. Também era contra as regras trazer
armas para o ginásio. Depois de um ano ou coisa assim, eles começaram a ter muito respeito por
nós, passando a seguir as regras e até mesmo se policiando entre si. Se alguém novo viesse para o
ginásio e tentasse vender drogas, os garotos mais velhos iam até o cara e o fazia saber que o ginásio
estava fora dos limites do tráfico de drogas.
Os Representantes do Xerife bagunçaram nosso grupo de jovens por um pouco, porque iriam
vir para o ginásio e prender alguns garotos que tinham mandados. Eu finalmente os convencí a
prendê-los em outro lugar e nos deixar ministrar a eles primeiro.
A comunidade foi tão tocada pelo que estávamos fazendo que eles nos deram dois prêmios. O
Lions Club pagava todas as bebidas. Todos no condado sabiam o que estávamos fazendo e eram
muito favoráveis. Isto é, naturalmente, à exceção das pessoas religiosas. Elas pensavam que
devíamos “bater neles com a Bíblia” e falar sobre a condenação deles e outros problemas exteriores
óbvios. Estávamos mais preocupados com seus corações.
Ao longo dos próximos cinco anos toda a cidade mudou. Traficantes de drogas foram salvos e
a maioria dos garotos começou a se respeitar e a ter padrões morais. Ensinamos os adolescentes a
como lidar com o conflito de forma que as brigas pararam e toda a comunidade voltou à ordem.
Se dirigir por Lewiston agora, você verá uma bela cidade montanhosa situada nos Alpes
Trinity. As casas são agradáveis, os quintais estão bem cuidados, o ginásio está reformado e há um
grande parque para prática esportiva onde era o campo coberto de erva daninha.
Há tanto mais sobre esta história que levaria todo o livro para falar sobre isso, mas o que eu
aprendi em primeira mão através dessa experiência é que nós do Corpo de Cristo temos o que é
preciso para vermos nossas cidades sendo transformadas. Se estivermos dispostos a seguir o peso
em nossos corações e nos responsabilizarmos por nossa comunidade além do que é esperado, Deus
nos dará as estratégias e a força para vermos uma grande mudança acontecer.
O Corpo de Cristo está equipado para trazer o reino de justiça, paz e alegria onde quer que vá.
Nós temos o poder sobre o príncipe mal que mantém as pessoas em cativeiro. Temos o amor que
faz com que as pessoas saibam que elas são importantes. Temos a graça que lhes dá o poder de
mudar. Temos a misericórdia que lhes segura quando elas caem. Temos a coragem que permanece
firme em face da violência e traz paz, e nós temos a sabedoria que mostra às pessoas como viver.
Acima de tudo, temos um Pai maravilhoso que sabe como derreter os corações do Seu povo. Nós
temos as respostas para os problemas do mundo e para os artifícios do diabo.
João disse: “Para este propósito o Filho de Deus foi manifestado: para que pudesse destruir as
obras do diabo” (1Jo 3:8) e, alguns versos depois, ele declarou: “porque neste mundo somos como
ele” (4:17b). Que não aceitemos apenas imitar parcialmente cada obra do próprio Jesus, pois Ele
tem toda a autoridade no Céu e na terra e nos comissionou para representá-Lo em Sua plenitude.
Ele foi Aquele que prometeu a nós, Sua família real, que faríamos “maiores obras do que estas” (Jo
14:12).
15 — Passando o Bastão
(Por Bill Johnson)

Famílias reais fazem um grande esforço para preservar e transmitir sua história familiar. Cada
indivíduo de uma geração real entende sua identidade apenas ao se localizar no final de uma linha
ancestral em que todos alcançaram várias realizações durante seus reinados. É apenas no contexto
dessa história que reis e rainhas serão capazes de planejar e tomar decisões durante suas próprias
vidas que darão continuidade ao legado real.
Como crentes, fomos enxertados na rica história do sacerdócio real de Deus, e compreender
essa história da perspectiva de Deus é um ingrediente essencial na definição de quais são as nossas
responsabilidades reais. A Bíblia é o livro da história de Deus. Ele revela não apenas Seus atos e
intervenções na história humana, mas o que eles significam. Quando estudada por aqueles que
realmente vieram a conhecê-Lo, ela revela do início ao fim um plano claro para estabelecer o reino
de Deus. Em Gênesis, Deus comissionou Adão e Eva no Jardim do Éden a serem fecundos,
multiplicarem e dominarem a terra. Em outras palavras, eles deveriam estender as fronteiras do
jardim, que expressava a natureza do reino de Deus, através de fecundidade e da multiplicação
geração após geração.
A natureza do Reino de Deus é que ele está sempre expandindo. Isaías 9:7 diz: “E o aumento
de seu governo e paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e sobre seu reino.” O Reino sempre
está destinado a avançar em nós, individualmente e corporativamente, enquanto o Senhor nos leva
“preceito sobre preceito; linha sobre linha” (Is 28:13), “de glória em glória” (2Co 3:18) e “de fé em
fé” (Rm 1:17).
Dada a natureza do Reino e a comissão original de Deus a Adão e Eva, fica claro que Deus
pretendia que Seu reino avançasse a cada nova geração. Porque cada geração iria aumentar em
número enquanto eles “multiplicassem”, have- ria mais pessoas para fazerem valer o governo e o
reinado de Deus sobre a terra. O Reino expande à medida que o Seu povo aumenta, porque “na
multidão do povo está a honra do rei” (Pv 14:28).

- HERANÇA -

O ingrediente-chave nesse processo de expansão é a herança. A herança é o elo entre as


gerações. É o que cada geração recebe da anterior e, depois, o que passa para a próxima. Quando
uma geração foi “frutífera e multiplicada”, a próxima geração começa à frente de onde eles teriam
tido que começar em uma determinada área da vida. Por exemplo, uma herança financeira
permitirá a um jovem casal comprar uma casa ou um carro muito mais cedo do que eles poderiam
se tivessem que depender apenas de seus próprios rendimentos.
Se, como sacerdócio real de Deus, entendermos que é pela herança que Deus quer levar cada
geração a expandir Seu Reino, devemos reconhecer que tipo de responsabilidade isso nos traz.
Quando recebemos uma herança, estamos recebendo de graça algo pelo que alguém pagou um
preço. A herança torna cada geração responsável tanto por receber quanto por honrar o que foi
passado pela geração anterior e, em seguida, pagar o seu próprio preço para fazer essa herança
crescer para que a próxima geração inicie à frente de si. O teto de uma geração deve se tornar o
chão da próxima. Em nossa vida, isso nos obriga a agir com a consciência de que nossas ações afe-
tam as gerações à frente de nós. Esse é precisamente o efeito que a integridade terá sobre a forma
como pensamos, porque “o homem bom deixa herança para os filhos de seus filhos”.

- REVELAÇÃO -

Mas o que constitui a herança do Reino? O que recebemos de nossa história real e que estamos
a dar àqueles que estão à nossa frente? Depois que Deus estabeleceu a Sua aliança com o povo de
Israel no Monte Sinai, Moisés fez esta declaração: “As coisas secretas pertencem ao Senhor nosso
Deus; mas as coisas que são reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que
nós possamos cumprir todas as palavras desta lei” (Dt 29:29). A revelação, ou as coisas “reveladas”,
é a herança do Reino.
A importância da revelação da perspectiva de Deus é tão grande que a Bíblia diz que
perecemos sem ela (veja Os 4:6). Revelação não vem para nos tornar mais inteligentes ou para nos
dar melhores declarações doutrinárias. A revelação destina-se primeiramente a lançar-nos em
encontros divinos, onde a natureza de Deus é compreendida e demonstrada através da experiência
humana. Se a revelação não nos leva a um encontro divino, ela só funciona para nos tornar mais
religiosos e arrogantes, porque a natureza do conhecimento é que ele traz orgulho (veja 1Co 8:1).
Se temos conhecimento sem um encontro, o nosso orgulho pode efetivamente nos impedir de nos
encontrarmos com Deus. Aqueles que mais conheciam a respeito de Deus nos dias de Jesus
falharam em reconhecer o Seu Filho enquanto Ele falava e fazia milagres na frente deles. Jesus
repreendeu os fariseus por isso em João 5:39-40: “Examinais as escrituras, porque pensais ter nelas
a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim. E não quereis vir a mim para terdes vida”.

- TRANSFORMAÇÃO PESSOAL -
A revelação que nos leva a um encontro divino trará um rompimento que provocará uma
transformação pessoal. Revelação é a chave para o crescimento espiritual, porque nos leva onde
não podemos ir por nós mesmos. Experimentamos “encontros” porque precisamos de “placas”
para chegarmos onde nunca fomos antes. Eu não preciso de placas quando viajo por estradas
familiares, mas tenho que ter placas se vou viajar para onde nunca estive.
A segunda coisa que a revelação faz é ampliar o campo de ação da nossa fé. Hebreus 11:1 diz:
“Ora, a fé é a substância das coisas pelas quais esperamos, a evidência das coisas não vistas.” Na
prática, a fé é a nossa compreensão da natureza do reino invisível e como esperamos que ele
influencie o reino visível. Se a nossa compreensão da natureza de Deus inclui a crença de que uma
das “formas misteriosas” como Ele trabalha é fazendo com que as pessoas adoeçam a fim de humi-
lhá-las, não vamos esperar que Ele as cure. Quando, porém, temos uma revelação da natureza de
Deus como o “sol da justiça” que surge “trazendo cura em suas asas” (Ml 4:2) e vemos que Jesus
curou cada pessoa que veio a Ele sem exceção, nossa fé terá um campo de ação maior. Uma pessoa
com a primeira crença provavelmente não ora pelos enfermos ou, se o fizer, ela ora por
perseverança. Uma pessoa com revelação tem autoridade sobre a doença e dá ordem ao corpo da
pessoa doente para que seja curado “na terra como no céu”.
Se a revelação é para ser a herança do Reino, é claro que Deus pretende que seja transmitido
mais que informação para a próxima geração. O fruto da revelação é a transformação pessoal e as
manifestações sobrenaturais da natureza de Deus. Portanto, a herança da revelação é a herança dos
modelos, heróis que se tornaram uma revelação da natureza de Deus, e os testemunhos de seus
ensinos e façanhas.

- O TESTEMUNHO É O ESPÍRITO DA PROFECIA -

Então, como alguém recebe esse tipo de herança, usa-a, e trabalha para multiplicá-la para a
próxima geração? Já mencionamos o estudo da história, e Deus percebeu isso como tão importante
que Ele estabeleceu momentos de recordação para o calendário de Israel. Cada uma das festas ou
jejuns gira em torno de lembrar os atos e as leis de Deus. Devido à natureza do testemunho,
lembrar o passado destinava-se a inflamar uma paixão nos corações de cada geração para que
conhecessem o Deus de seus pais em seus próprios dias.
A raiz da palavra “testemunho” é uma palavra que significa “fazer novamente”. Cada vez que
repetimos as histórias das invasões de Deus na história humana, estamos chamando-O a se revelar
como o mesmo Deus hoje. Por essa razão, não podemos realmente receber nossa herança
espiritual se pretendemos apenas aplaudir as realizações dos nossos antepassados. Não honramos a
memória dos heróis de Deus ao apenas recordá-los. Só os honramos se os imitarmos no conhecer
o Deus que eles conheciam e O chamando para trazer o Seu Reino aos nossos dias.

- A TRAGÉDIA DO AVIVAMENTO -

Se estudarmos o Antigo Testamento, perceberemos que cada vez que os israelitas falharam em
manter o Livro da Lei em suas bocas e em se lembrar de sua história em Deus, eles foram para
longe dele. Como resultado, as coisas reveladas que deveriam pertencer aos filhos de seus filhos
para sempre, apesar de não terem sido perdidas, foram esquecidas. Cada nova geração que surgia
não tinha conhecimento de sua herança. Se temos uma herança que não conhecemos, não seremos
capazes de usá-la.
Tristemente, a história do avivamento cristão é muito parecida com a história de Israel. A
história mostra que os avivamentos geralmente duram de dois a quatro anos. Muitos concluíram
que esse padrão indica que os avivamentos apenas se destinam a durar o suficiente para dar um
empurrão à Igreja. Como vimos, a natureza do Reino é de avanço e crescimento. Deus nunca quis
que o Seu povo vivesse em qualquer temporada sem o derramamento de Seu Espírito. Aquele der-
ramamento sempre foi destinado a aumentar desde o dia de Pentecostes até o dia em que Jesus
retornasse.
A expansão do Reino de Deus no avivamento é tipificada no Antigo Testamento pela
conquista da terra prometida por Israel. Quando eles atravessaram o rio Jordão, Deus disse ao
povo que a terra era deles. No entanto, ela ainda era, de propósito, ocupada pelo inimigo. Se Deus
tivesse expulsado os inimigos, animais selvagens teriam tomado a terra. Então, eles invadiram
degrau por degrau, tomando uma cidade através de uma estratégia celeste, ocupando a terra e, em
seguida, avançando para a próxima região até que as fronteiras fossem estabelecidas. No
avivamento, domínios onde o reino das trevas tem sido dominante são vencidos pelo reino de
Deus. A obra do inimigo que mata, rouba e destrói é desfeita à medida que as pessoas
experimentam a obra da cruz na cura, salvação e libertação. O fruto do avivamento é o Reino de
Deus sendo expresso em todas as áreas da sociedade.
Avivamento sempre vem através de avivalistas, homens e mulheres de Deus que ficam tão
tomados por uma paixão pelo Reino de Deus e tão rendidos ao Rei que Ele os comissiona com
autoridade e poder para trazerem o Reino através da revelação profética e sinais e maravilhas. Eles
são pioneiros e desbravadores, abrindo caminho em território inimigo e o reivindicando para o
Reino. Eles são picos na experiência humana que podem ser claramente reconhecidos como o
fruto de uma unção sobrenatural.
Por exemplo, John Wesley entrou num domínio de unção em pregar a Palavra tão poderoso
que ele podia ser ouvido sobre multidões de milhares de pessoas. O poder de Deus caia tão
fortemente enquanto ele pregava que eles comumente alertavam as pessoas a evitar subir em
árvores para ouvi-lo
falar. Inevitavelmente as pessoas ignoravam o aviso e a multidão, mais tarde, ouvia as batidas
de pessoas caindo das árvores sob o poder.
Maria Woodworth-Etter chamou a atenção dos jornais no final dos anos 1800 por muitas
pessoas em suas reuniões caírem em transe e terem visões do Céu e do inferno. Ela também ouviu
relatos de pessoas que caíam sob o poder de Deus a uma distância de até cento e sessenta
quilômetros de suas reuniões. John G. Lake operara tantas curas em seu ministério em Spokane,
Washington, que a cidade chegou ao ponto de ser declarada a cidade mais saudável dos Estados
Unidos.
Muitos dos movimentos que começaram com esses grandes homens e mulheres, no entanto,
longe de verem um aumento no poder e na unção, só viram declínio. Há, provavelmente, um par
de razões para isso. Uma delas é que, enquanto os filhos do avivamento possam ter reconhecido e
aplaudido os milagres de Deus que seus pais demonstraram, eles não estavam dispostos a suportar
o ridículo e a perseguição que seus pais enfrentaram. Outra razão é que eles não conseguiram
compreender o princípio da herança e a natureza do Reino. Como resultado, eles construíram
monumentos ao passado em vez de perceberem que tinham a responsabilidade de levá-lo ao
próximo nível para a geração seguinte.

- DOMÍNIOS DESOCUPADOS -

Quando os israelitas deixaram de ocupar e avançar para a Terra Prometida, seus inimigos
começaram a invadir suas fronteiras. Quando os domínios de Deus que foram conquistados no
avivamento deixaram de ser ocupados e expandidos pela próxima geração, as mesmas coisas
acontecem. Lucas 11:24-26 descreve esse princípio:

Quando o espírito imundo tem saído do homem, ele anda por lugares secos, buscando
repouso; e, não o achando, ele diz: Eu tornarei para minha casa, de onde saí. E, chegando, acha-a
varrida e ornamentada. Então, ele vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e eles
entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro.

Embora esse princípio esteja sendo ensinado aqui em relação a uma pessoa, também é verdade
para grupos corporativos e regiões. A “casa” para a qual o espírito maligno retorna pode se referir a
uma pessoa, uma família, uma igreja, um movimento ou uma nação. A implicação é que, no
Reino, o único lugar seguro para se estar é no lugar de ocupação e avanço. O momento em que
trabalhamos para manter, em vez de aumentar, o que recebemos é o momento em que começamos
a perder o que nos foi dado. Isso é o que a parábola dos talentos nos ensina. A pessoa que guardou
o que lhe foi dado acabou perdendo a mesma coisa que foi colocada sob sua posse. Deus não está
satisfeito com a postura de manter terreno.
Assim, grande parte da igreja pensa que fazer o inimigo sair é o objetivo principal. Contudo,
se há um vácuo na esfera espiritual, ele será preenchido. Se não o preenchermos com a cultura do
Reino, ele vai ser reocupado e, como esse versículo nos diz, o último estado será pior do que o
primeiro. Quando as vitórias da geração passada ficam desocupadas, elas se tornam a plataforma a
partir da qual o inimigo zomba desses mesmos avanços. Pior ainda, esse território desocupado tor-
na-se o acampamento militar de onde o inimigo lança um ataque contra o povo de Deus para
apagar suas vitórias herdadas de sua memória. Por essa razão, existem atualmente regiões, cidades,
famílias e ministérios uma vez dedicados ao Reino que agora se tornaram redutos de oposição.
Por exemplo, os descendentes espirituais de John Wesley e do Movimento de Santidade estão
agora ordenando homossexuais. Uma vez um centro de treinamento para avivalistas, a
Universidade de Yale está agora promovendo uma visão de mundo em completa oposição ao
Reino. Atlantic City, agora a capital do jogo de azar, pôde certa vez contar seus cidadãos não
salvos em duas mãos.
É o fracasso em ocupar e fazer avançar o território ganho por avivalistas que tem afastado cada
geração de avivamento do benefício de receber uma herança espiritual que lhes permita iniciar à
frente. Cada geração de avivamento é espiritualmente órfã, deixada para enfrentar a oposição
multiplicada do inimigo nos domínios que outrora foram ocupados pela Igreja. Normalmente, o
avivamento vem à geração que ficou tão debilitada pela intimidação do inimigo que, como Israel
nos dias dos Juizes, clama a Deus para enviar um libertador. E, apesar do avivamento vir, ela não
está preparada para levantar a próxima geração para levá-lo ao próximo nível. Uma geração sem
pai não sabe como levantar pais. A tragédia do avivamento é que nenhuma geração viu ainda o
benefício completo da herança espiritual.

- EXCEÇÕES À REGRA -

Há duas exceções a essa tendência da história que eu quero mencionar a fim de ter um
vislumbre do que pode acontecer quando uma herança é recebida e transmitida com sucesso. Essas
não são, de forma alguma, as duas únicas. A primeira é o Rei Salomão. Porque seu pai Davi obteve
tal favor de Deus, ele recebeu uma promessa de que iria ter sempre um dos seus descendentes
sentado em seu trono. Essa promessa, junto com a palavra de que Salomão seria seu herdeiro, le-
vou Davi a treinar Salomão desde o nascimento nos caminhos de Deus. Salomão usou sua herança
de sabedoria para construir um reino que excedeu em muito a grandeza do reino de seu pai. Esses
dois reinados ainda são conhecidos como a Era de Ouro de Israel.
O segundo exemplo é Martinho Lutero. Martinho Lutero teve uma revelação de que a fé
pessoal em Cristo era a porta para a salvação. Esse ensinamento causou a maior divisão da igreja na
história, opondo-se a séculos de ocupação inimiga nesse domínio da revelação. Nas gerações
seguintes à de Lutero, os indivíduos às vezes oravam por meses antes de realmente estarem certos
de que eram salvos. Agora, porém, porque essa revelação foi ensinada e demonstrada por gerações,
ela está tão estabelecida que a maioria dos crentes está confiante de que alguém pode ter certeza da
sua salvação momentos após reconhecer Cristo. Essa expectativa mudou totalmente a maneira
como os evangelistas ministram para os perdidos.
Quando um domínio de Deus é ocupado e expandido pelas gerações seguintes, parte do Reino
torna-se estabelecida como a realidade que as pessoas vão herdar e viver. Infelizmente, grande
parte da Igreja tem que lutar batalhas que já foram travadas em gerações anteriores, porque sem a
transmissão e o recebimento bem sucedido da herança a revelação não foi estabelecida. Para
utilizar a imagem de Lucas 11, alguns quartos da casa foram varridos muitas vezes, mas, porque
nunca foram mobiliados, ainda não podemos viver neles. Acredito que, até que a Igreja tenha uma
revelação do plano de Deus para o Seu reino sendo estabelecido por meio de herança, esse ciclo da
história se repetirá.

- RECEBENDO E DEIXANDO A NOSSA HERANÇA -

Tendo isso em mente, eu não estou dizendo que a natureza de Deus e do Seu Reino tenham
mudado. Ainda é verdade que o Seu governo está crescendo, como ainda é verdade que as coisas
reveladas pertencem ao Seu povo e às gerações vindouras para sempre. Mais do que triste pelo
passado, estou profundamente impressionado com a oportunidade que Deus estendeu à nossa
geração de receber a nossa herança e mudar o curso da história ao trabalhar para levantar uma
geração de pais avivalistas.
Como já mencionei, quando as coisas “reveladas” não são ensinadas para a próxima geração,
elas não estão perdidas, apenas esquecidas. Acredito que muitos mantos (o símbolo bíblico de
poder e autoridade de Deus) usados pelos avivalistas de gerações anteriores não estão perdidos,
mas permanecem onde foram deixados. Você pode ver isso nas Escrituras. Eliseu recebeu com
sucesso o manto de Elias e uma porção dobrada do seu espírito, mas morreu sem um sucessor. Por
isso temos este verso estranho em 2 Reis 13:21: “E sucedeu, enquanto eles estavam sepultando um
homem, eis que espionaram um bando de homens; e lançaram o homem no sepulcro de Eliseu; e
quando o homem foi largado abaixo, e tocou nos ossos de Eliseu, ele reviveu, e levantou-se sobre
os seus pés.” A unção de milagre de Eliseu permaneceu onde fora deixada, ainda ativa e intacta.
Outros domínios de unção e revelação foram enterrados e devem ser desenterrados. Eles são como
os poços que Jacó teve que desenterrar quando retornou para Canaã. Eles tinham sido preenchidos
com terra, que é um tipo de humanidade não redimida. Movimentos de Deus foram inter-
rompidos por homens à medida que eles tentaram tomar o controle ou obter glória para si,
entristecendo o Espírito Santo. Eles bloqueiam o poço da unção com a sujeira de seu orgulho.
As revelações e a unção dos nossos antepassados estão escondidas, esperando que nós as
busquemos. É o próprio Deus que mantém posse delas. Como vemos em Deuteronômio 29:29,
“as coisas secretas pertencem ao Senhor.” No entanto, a mudança radical de pensamento que Jesus
trouxe foi que Deus não esconde as coisas de nós, mas para nós. Ele disse: “Porque a vós é dado
conhecer os mistérios do reino do céu” (Mt 13:11). Temos os mistérios porque temos o Espírito
Santo. Como Jesus prometeu:

No entanto, quando ele, o Espírito da verdade vier, ele vos guiará em toda a verdade; porque
ele não falará de si mesmo, mas tudo o que ele ouvir, isso ele dirá; e vos anunciará as coisas
vindouras. Ele me glorificará; porque receberá do que é meu, e vo-lo mostrará (Jo 16:13,14).

Por isso a profecia de Isaías: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma
imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” é alterada em Primeiro Coríntios 2:10,
“mas Deus nos revelou pelo seu Espírito.”
Deus esconde as coisas para nós, porque “É a glória de Deus encobrir as coisas; mas a honra
dos reis é vasculhar um assunto” (Pv 25:2). Deus é glorificado por não falar em linguagem óbvia
com você. Ele é realmente glorificado por falar em parábolas, símbolos e enigmas. E porque a
glória dos reis é tentar descobri-las, a realeza que existe na vida do crente vem à superfície quando
percebemos que temos acesso legal às coisas ocultas e começamos a perseguir o desbloqueio desses
mistérios. Aqueles que se sentam e dizem “Bem, o que quer que Deus queira que eu tenha estou
feliz em receber” estão vivendo um estilo de vida de escravo em uma mansão real.
Deus nos deu acesso a segredos dos domínios da política, negócios, criatividade nas artes, e
todas as outras áreas da vida humana. Há domínios se abrindo agora para as pessoas, porque elas
estão percebendo que precisam procurar o que Deus tem escondido para elas. Existem soluções e
respostas para todos os problemas que este mundo está enfrentando. A incapacidade em
compreender que temos acesso a mistérios levou a Igreja a conceder consistentemente o seu direito
de autoridade para lutar e orar por transformação.
Ao render-se à noção de que tudo tem que acabar em tragédia, nós cumprimos nossas próprias
profecias por não nos tornarmos no que Deus nos chamou para ser. Somos as pessoas que
deveriam ser a resposta viva para os clamores e dilemas da sociedade. É a realeza em você que vai
fazer com que você se levante para dizer a um problema: “Há uma resposta para isso.”
Agora, aqueles que ganham acesso aos domínios da revelação e unção, através da ascensão ao
seu chamado real e busca pelas questões que têm tomado o seu coração, vão experimentar um pico
na experiência humana, assim como os heróis da história experimentaram. Mas o que eles e o povo
de Deus devem perceber é que esse pico não é para equipar apenas uma pessoa para operar nesse
reino, mas para empoderar essa pessoa para equipar o Corpo de Cristo a caminhar nessa unção, a
fim de estabelecê-la como a nova norma para a vida do Reino.
Bobby Connor disse: “Deus não está interessado em alguém; Ele está interessado em Seu
Corpo.” Se o Corpo de Cristo vai alternar para essa compreensão do propósito da unção de Deus,
então os líderes deixarão de passar toda a sua vida construindo o seu ministério, mas vão se
concentrar em levar a próxima geração a crescer para o próximo nível. E o Corpo de Cristo vai
aprender a honrar seus líderes e receber deles sem cair nos velhos padrões tanto de criticá-los
quanto de idolatrá-los, tanto que eles já não são um padrão que servem como referência.

- HONRANDO NOSSOS PAIS -

Já vimos que a honra é um dos atributos essenciais dos homens e mulheres do sacerdócio real
de Deus. A vida é liberada pela honra. Honrar, no entanto, é essencialmente o reconhecimento
adequado daqueles de quem recebemos a nossa herança. O quinto mandamento traz: “Honra teu
pai e mãe.” A honra é a chave para receber a nossa herança.
Com o que a honra realmente se parece? Eliseu demonstra honra quando pede uma porção
dobrada do espírito de Elias. Elias promete que ele pode tê-la se Eliseu o ver quando ele for levado
para cima. Simples como parece, isso acabou por ser uma tarefa nada fácil. Havia filhos dos
profetas em cada cidade dizendo a Eliseu que fosse para casa. O próprio Elias lhe disse para ir para
casa. Uma carruagem de fogo do Céu desceu entre Eliseu e Elias enquanto Elias estava sendo
erguido por um redemoinho. Eliseu, porém, não piscou durante todo o dia, porque ele estava
determinado a ver Elias quando ele fosse levado. Ele nem mesmo o deixava ir ao banheiro sem ele.
Em seguida, após o manto cair, ele se virou e partiu para o rio que Elias havia partido mais cedo. A
honra de Eliseu não foi um elogio ou uma palavra de agradecimento, foi uma determinação
intensa de receber o que seu pai espiritual tinha para dar e, então, uma ousadia para sair e usar o
que ele tinha recebido.
No Novo Testamento, Jesus abre o convite para que todos possam receber o que Eliseu
recebeu. Ele disse: “O que recebe um profeta em nome de um profeta, receberá recompensa de
profeta” (Mt 10:41). Como podemos ver com Eliseu, “receber o profeta, porque ele é profeta”
significa que reconhecemos que temos sobre nós a exigência de extrair a herança que ele tem para
nos dar e usá-la. O Senhor toma isso pessoalmente quando honramos o Cristo em outra pessoa.
Quando honramos um profeta por ser profeta, temos acesso ao domínio no qual essa pessoa viveu.
Podemos nunca sermos chamados profetas, mas algo transborda para as nossas vidas. Há mantos,
domínios de Deus, revelações, e níveis de unção em que o indivíduo viveu aos quais temos acesso
simplesmente honrando.
Temos de abraçar a nossa oportunidade e responsabilidade de honrar os homens e mulheres
na história que desbravaram diferentes domínios de Deus e fizeram avançar o Reino, bem como a
de honrar aqueles que nos rodeiam. Honrar aqueles que nos rodeiam não significa fazê-lo apenas
para as pessoas com grandes nomes. O verdadeiro desafio é aprender como conhecermos um ao
outro segundo o Espírito para que possamos reconhecer os dons e a unção que Deus deu a cada um
dos membros do Seu Corpo. O Senhor Jesus, através do apóstolo Paulo, disse que devemos nos
submeter uns aos outros no temor de Cristo. Isso significa que devemos honrar o Cristo em cada
um.
Na verdade, Cristo e o que Ele comprou para nós na cruz, é o que realmente constitui a nossa
herança. A revelação apenas nos diz o que está lá, o que nos permite usar essas coisas. Sem
revelação, as riquezas do Calvário são como bilhões de dólares parados em nossa conta bancária a
respeito dos quais não sabemos nada. No entanto, mesmo isso é uma comparação pobre, porque o
dinheiro não pode tocar o que nossa herança pode comprar. Efésios 2 nos diz que vai levar eras no
porvir apenas para que seja desvendada a riqueza da Sua graça. Há muita coisa que Deus tem para
nós.
Em uma semana, recebemos relatos de duas mulheres que ; levavam crianças com síndrome de
Down no útero. Diferentes pessoas em nossa igreja oraram por elas e nos reportaram que ambas
tinham sido diagnosticadas de forma diferente depois de terem ido ao médico novamente. Não
sabiam o que tinha acontecido, mas elas não eram mais crianças com síndrome de Down.
Há pouco, tivemos conosco outra mãe que veio a nós na Inglaterra, isso não tem muito tempo,
e que estava grávida de uma criança. O médico disse a ela que o bebê estava morto e cinco outros
médicos experientes vieram todos com o mesmo relatório: “Não é só que o bebê está morto; não há
líquido amniótico. Se você não nos permitir remover a criança, você vai morrer também.” Ela foi a
uma conferência, recebeu oração e agora ela tem uma criança muito feliz e viva. Os dez milhões de
dólares em nossas contas bancárias não vão resolver isso, mas a herança que nós temos vai.
A questão da herança é uma das coisas mais urgentes na minha mente agora. Houve muitas
palavras proféticas dadas ao Corpo de Cristo nesta temporada que falam de crescimento acelerado.
Acredito que o crescimento vai acontecer à medida que adquirirmos uma compreensão da herança
e começarmos a honrar as gerações passadas e uns aos outros. Através da honra, a nossa herança de
mantos e domínios de revelação e unção será liberada para equipar o Corpo para trazer o Reino em
níveis e áreas de modos sem precedentes. Se nós, entretanto, vamos começar a receber a nossa
herança, devemos aprender a lição da história e começarmos agora a nos posicionar para deixar
uma herança para a próxima geração. Temos também de treinar a próxima geração a pensar da
mesma maneira. Não podemos apenas levantar filhos do avivamento; também temos de levantar
pais que viverão por gerações além deles mesmos.

- NOSSO PRIVILÉGIO FINAL -

Para mim, pessoalmente, honrar o passado inclui estudar a história do avivamento, bem como
alimentar o fogo da minha própria paixão para andar no exemplo daqueles que vieram antes de
mim. Eu também aproveito qualquer oportunidade que possa ter de receber oração de
descendentes de aviva- listas. Em uma ocasião, eu tive o privilégio de pedir à jovem neta de John
Wimber para orar por mim, e eu fui tomado pelo poder e unção que foram liberados. Isso
confirmou que uma pessoa pode receber uma transferência de unção honrando alguém através da
honra à sua família.
Eu tenho a experiência única de ser um pastor de quinta geração. Os meus filhos são a sexta
geração. Fico tão impressionado e grato por minha família. No entanto, o crente
recém-convertido que não tem nenhuma história de família em Deus e que venha a “honrar o
profeta, porque é profeta” entra na fila da mesma herança que recebemos. Ela nunca foi destinada
a ser restrita àqueles nesse lugar altamente incomum e favorecido. Estou feliz que tive isso, mas o
tive para dar, não para acumular. Eu tive isso para estar posicionado para desfazer a norma antiga
e levantar o que tive para que se torne uma nova norma. Assim é a vida no Reino. Se eu tive acesso
a isso, então qualquer um que se ponha sob a influência de tudo o que eu possa dar passa a usufruir
dessa herança.
Minha outra responsabilidade é treinar os meus filhos, tanto naturais quanto espirituais, para
viverem sacrificialmente. Eu lhes dou de graça o que tenho recebido de graça da parte do Senhor,
mas eu lhes digo: “Se vocês pretendem ter algo para deixar para seus filhos, vocês terão que pagar
um preço para desenvolver o que vocês receberam de graça.” É hora do Corpo de Cristo começar a
pensar, planejar e semear em uma geração que nunca vamos ver. É hora de começar a construir
uma visão de cem anos em nosso pensamento, planejamento e em nossas orações. Há tantas coisas
que eu estou faminto para ver em meus dias. Eu vi tantas coisas que eu nunca sonhei que iria ver,
mas também tenho estado impregnado de novos sonhos, e não posso estar satisfeito onde estou.
Eu devo, continuamente, estar posicionado para ocupar e avançar. Mas, se eu não posso vê-las no
meu dia, vou dar tudo o que tenho para que os meus filhos e os filhos dos meus filhos possam
vê-las, assim eles terão o mesmo coração para com as gerações posteriores.
Será que sabemos por que estamos cercados por uma nuvem de testemunhas? Em uma corrida
de revezamento, o corredor mais rápido do planeta corre a primeira perna da corrida. Ele pode
passar o bastão para o segundo corredor mais rápido do planeta, que, em seguida, passa o bastão
para o terceiro corredor mais rápido do planeta. Mas todo mundo ganha um prêmio de acordo
com a forma como a última perna da corrida é executada. Estão todos esperando para ver o que
vamos fazer com o que nos foi dado.
Recebemos uma herança de gerações. Recebemos uma herança de centenas de anos de
homens de fé, avivalistas, daqueles que desbravaram reinos do Espírito para deixar algo como
herança, e isso precisa importar para alguém. Se aproveitarmos a oportunidade que temos nesta
hora de buscar os mistérios ocultos para nós com um coração para honrar aqueles que posicionam
atrás e ao nosso lado na história, acredito que a Igreja vai entrar em dias em que nunca viu. O
estabelecimento do Reino de Deus deve se expandir a tal ponto que a vida cristã normal se torne
verdadeiramente a vida normal para todos no mundo.
16 — Construindo Alianças Estratégicas com Aliados Celestiais

- MOVENDO O DOMÍNIO INVISÍVEL -

A cobertura espiritual é essencial para que o sacerdócio real de Deus experimente a bênção,
Ele quer que eles desfrutem em Sua família. Embora muitos de nós lutemos com a questão da
submissão por causa do abuso de autoridade e da rebelião em nossos próprios corações, isso é algo
que somos ordenados a fazer por todas as Escrituras. O apóstolo Paulo tinha muito a dizer sobre a
submissão aos líderes, cônjuges e um ao outro no Corpo. Eu tenho que acreditar que ele teve em
primeira mão a experiência de assistir pessoas tentando viver e ministrar sem a cobertura espiritual
que vem da submissão. Atos 19 contrasta deliberadamente o ministério de Paulo com o de
exorcistas que estavam tentando ministrar sem uma cobertura.

E Deus fazia milagres especiais pelas mãos de Paulo, de modo que até os seus lenços e aventais
se levavam aos enfermos, e as enfermidades se retiravam deles, e os espíritos malignos saíam deles.
Então, alguns judeus ambulantes, exorcistas, tentavam invocar sobre os que tinham espíritos
malignos o nome do Senhor Jesus, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega. E eram
sete filhos de Ceva, um judeu, e principal dos sacerdotes, os que faziam isto.
E o espírito maligno respondeu, e disse: Eu conheço a Jesus, e sei quem é Paulo, mas vós quem
sois?E o homem que tinha o espírito maligno, saltando sobre eles, dominando-os, prevaleceu
contra eles; de tal maneira que fugiram nus e feridos daquela casa (At 19:11-16).

É surpreendente que um apóstolo com um lenço tenha mais poder do que sete filhos de Ceva
com o nome certo. Paulo tinha algo que eles não tinham - uma comissão apostólica. Há duas
razões por que isso é significativo: a primeira é que Paulo era um apóstolo porque ele foi
comissionado para ser um em Atos 13 pelo Espírito Santo e por outros líderes da igreja. Ele estava
sujeito à autoridade, e as Escrituras nos mostram que só temos tanta autoridade quanto a que já
nos submetemos. O5 centurião
. em Lucas 7 reconheceu que Jesus tinha autoridade porque, como
ele, Ele era um homem “sob autoridade”.
A segunda razão pela qual Paulo tinha autoridade é porque ele foi comissionado como um
apóstolo. Embora existam outras funções e níveis de liderança na igreja, apóstolos e profetas são
especificamente chamados “a fundação da igreja” (veja Ef 2:20). Paulo foi designado como um
líder governamental do Corpo de Cristo e, como tal, foi-lhe atribuída uma esfera de influência
espiritual muito maior do que a maioria de nós tem. Devido à forma como a autoridade funciona,
quando nos submetemos a um líder apostólico e somos comissionados para servir à sua missão,
podemos atuar com a sua autoridade. Esse é, provavelmente, o nível mais amplo e fundamental da
nossa cobertura espiritual.
Como a autoridade espiritual funciona? Quando oramos, profetizamos, e ministramos em
nome do Senhor, sabemos que o Espírito Santo é a última fonte de poder e autoridade. Da mesma
forma que somos convidados a trabalhar em conjunto com Ele, Deus comissiona anjos para
realizar a Sua vontade. Em Hebreus 1:14 está escrito: “Não são todos eles espíritos ministradores,
enviados para servir àqueles que serão herdeiros da salvação?” Os anjos estão lá para garantir que os
filhos e filhas do Rei venham a entrar em seus destinos e que a missão do Reino realmente
aconteça. O que muitos de nós não percebemos é que nós temos um papel no comissionamento
dos anjos. Salmos 103:19-22 diz:

O Senhor tem preparado o seu trono nos céus, e o seu reino governa sobre tudo. Bendizei ao
Senhor, vós, seus anjos, que se destacam em força, que fazem os seus mandamentos, ouvindo a voz
da sua palavra. Bendizei ao Senhor, todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais o seu
deleite. Bendizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio; bendize ao
Senhor, ó minha alma.

Os anjos prestam atenção à voz da Sua palavra, mas a Igreja é a Sua voz para declarar essa
palavra na terra. Estou sugerindo a você que os anjos recebem seu comissionamento, de fato, a
partir das orações e profecias dos santos. Não acho que nós temos que dizer aos anjos o que fazer;
eu acho que só precisamos orar e profetizar no Nome do Senhor e, quando ouvem a palavra do
Senhor, eles saem e a executam. Nós, porém, só podemos declarar uma palavra do Senhor que
comissione os anjos se estivermos sob autoridade e, assim, tivermos autoridade para enviá-los.
Primeiro Coríntios 11:1-10 menciona isso em uma discussão sobre cobertura espiritual:

Sede meus seguidores, como também eu o sou de Cristo. Ora, louvo-vos, irmãos, porque vos
lembrais de mim em todas as coisas, e guardais as ordenanças, como eu as entreguei a vós. Mas eu
quero que saibais que a cabeça de todo homem é Cristo, e a cabeça da mulher é o homem; e a
cabeça de Cristo é Deus. Todo homem que ora ou profetiza, tendo sua cabeça coberta, desonra a
sua cabeça. Mas toda mulher que ora ou profetiza com sua cabeça descoberta desonra a sua cabeça,
porque seria como se fosse rapada. Pois, se a mulher não se cobre, tosquie-se também. Mas, se
para a mulher é vergonha tosquiar-se ou rapar-se, que ela se cubra. Pois, o homem certamente não
deve cobrir sua cabeça, porque ele é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do
homem... Por esta causa a mulher deve ter poder sobre sua cabeça, por causa dos anjos.
Estou ciente de que alguns professores têm chegado a conclusões extremas e usaram esses
versos para oprimir as mulheres. Essa não é a minha meta. Eu só quero destacar que Paulo diz que
quando uma mulher está orando ou profetizando, ela precisa ter a cabeça coberta por causa dos an-
jos. Coberturas de cabeça eram um sinal cultural de honra na histórica igreja de Corinto e, sem
uma, uma mulher profetizando estaria mais ou menos dizendo que estava de pé em sua própria
autoridade. Suas orações e profecias não seriam reconhecidas como vindas do Senhor, porque os
anjos são comissionados por aqueles que estão sob a autoridade que Deus ordenou.
É uma imagem para nós de que precisamos ter a certeza de que estamos submetidos àqueles
que o Senhor colocou como autoridade sobre nós, porque quando a Noiva de Cristo está sob
autoridade os anjos reconhecem a nossa autoridade e fazem cumprir as palavras de nossas orações
e profecias (veja Sl 103:20). Quando nos submetemos à missão do Céu, nós comissionamos os
anjos para cumprirem a palavra do Senhor.
Será que os anjos sempre saem e respondem às orações e profecias de todos? Eu não acredito
que eles o façam, porque acredito que eles reconhecem as pessoas que estão em submissão a uma
missão apostólica. Esta é apenas uma teoria, mas às vezes eu acho que as pessoas fazem as orações
corretas quando elas estão em apuros, mas suas vidas não estão em submissão e, assim, a situação
não muda. Elas querem ter os benefícios do Reino, mas não querem servir ao Rei. Não quero dizer
que elas estão indo para o inferno, mas elas não têm reconhecido e se submetido às pessoas que o
Senhor tem delegado para ter autoridade espiritual sobre suas vidas. Assim, de acordo com
Primeiro Coríntios 11, elas não têm um símbolo de autoridade sobre suas cabeças e os anjos
ouvem suas orações e dizem: “Ainda não comissionados.”
O Senhor reconhece Sua própria autoridade. Você pode dizer em nome de Jesus” até ficar
roxo, mas os anjos não vão reconhecê-lo a menos que você tenha um símbolo de autoridade em sua
cabeça. Sempre que há incongruência entre a autoridade que estamos tentando reivindicar em
uma situação e a autoridade sob a qual efetivamente vivemos o problema permanecerá sem
resolução. Obviamente, essa é uma declaração geral e Deus pode fazer o que Ele quiser fazer. Nós
todos já vimos Deus quebrar qualquer que seja a regra que tenhamos pregado. Há, porém, um
padrão que está claro na Bíblia.
Deus projetou e comissionou um governo para o Seu Sacerdócio Real. Seu propósito é equipar
os santos para a obra do ministério, para que cresçamos até a “medida da plenitude de Cristo” (Ef
4:13). É incrível para mim que quando começamos a ficar debaixo da visão dos líderes que Deus
colocou sobre nós começamos a experimentar bênçãos que nunca experimentaríamos de outra
forma. Não é apenas o ministério dos dons espirituais. Coisas poderosas acontecem quando
oramos e profetizamos sob uma cobertura, Deus é cuidadoso com respeito a quem Ele confia esse
tipo de autoridade. Ele não dá autoridade para as pessoas mais dotadas, mas para aqueles que
passaram pelos testes, o que lhes deu o caráter para andarem em autoridade espiritual. Vamos dar
uma olhada em alguns líderes bíblicos cujos grandes avanços pessoais trouxeram bênçãos coletivas.

- JOSÉ -

Antes de ser apedrejado em Atos 7, Estevão conta uma versão Readers Digest [N.T. - Revista
mensal americana, cujo nome em português é Seleções, que busca aliar conteúdo informativo a
uma linguagem de fácil compreensão] do Antigo Testamento para os seus acusadores. Ele nos dá
uma visão basilar sobre a história de Israel.

Até surgir um outro rei, que não conhecia a José. Este, tratando com astúcia a nossa parentela,
e maltratou nossos pais para que abandonassem a intempérie seus bebês, para que não
sobrevivessem (At 7:18-19).

Observe que Estevão não disse que surgiu um rei que não conhecia a Deus e acabou com a raça
deles. Ao contrário, ele disse que: “Até surgir um outro rei, que não conhecia a José.” A implicação
é que a vida de José, de alguma forma, salvou os israelitas de uma vida de morte e desespero.
Quando José morreu, a cobertura de Israel foi perdida e o povo de Deus foi escravizado.
As vitórias pessoais de José tornaram-se uma cobertura coletiva, mas não há vitória sem
batalha. Batalhas são projetadas para nos libertar das prisões da vida e nos levar para o palácio do
nosso destino. Entre a prisão e o palácio, há sempre um processo que essa guerra facilita. O
processo é muitas vezes melhor descrito como uma provação. As provações da nossa vida são
projetadas para desenvolver nosso caráter, para que possamos ficar no palácio.
Vamos dar uma olhada no processo em direção à proeminência da vida de José: a primeira
provação que José enfrenta é a rejeição de seus irmãos. Com cerca de dezessete anos, ele tem um
par de sonhos proféticos. Os sonhos falam dele entrando em um lugar de grandeza, onde vê seus
irmãos e seus pais servindo-o. Ele comete o erro de anunciar seu destino aos seus irmãos e eles se
ressentem da ideia de terem seu irmão presunçoso, arrogante governando sobre eles. Já irritados
que seu pai favorecia a José como se fosse o primogênito, eles decidem um dia que não podem mais
lidar com ele e elaboram um plano para matá-lo. O mais velho, Rubem, sentindo que isso pudesse
ser um pouco extremo demais, fala para eles o jogarem em um poço no lugar disso. É aí que, então,
uma caravana de comerciantes de escravos passa, os garotos mudam de ideia e vendem José para
obterem algum lucro no lugar do que iriam fazer.
Agora, após esse tipo de rejeição, muitos de nós teríamos de passar por anos de
aconselhamento. José, por outro lado, tem mais problemas pela frente. Sua pureza e integridade
sexual vão ser desafiadas. José encontra-se no Egito, onde Poti- far, um oficial egípcio do faraó,
compra-o dos comerciantes de escravos. Deus está com José e ele é promovido a um lugar de
destaque na casa de Potifar, sendo, afinal, colocado no comando de tudo o que seu patrão possui.
A mulher de Potifar, todavia, tenta fazer com que José durma com ela. Dia após dia ele se recusa.
Ela finalmente tenta forçá-lo, mas ele escapa. Em seguida, ela mente a seus guardas e acusa José de
ter abusado sexualmente dela. Potifar acredita nela e envia o Zé para a prisão.
Ser acusado injustamente nunca é divertido, especialmente quando se é colocado na prisão por
conta disso. A maioria de nós poderia ficar muito amarga. No entanto, José permanece fiel mesmo
na prisão, Deus o abençoa e o chefe carcereiro o coloca no comando de toda a prisão. À medida
que o tempo na prisão se arrasta, ele tem a oportunidade de interpretar um par de sonhos para dois
dos servos de Faraó, que também estão cumprindo pena. Seu dom de interpretação de sonhos
acaba por viabilizar sua libertação da prisão e sua ascensão à regência junto com o próprio Faraó.
Enquanto José começa a sua tarefa como o segundo em comando, uma fome de sete anos assola o
mundo conhecido. Através de uma poderosa visão profética e do discernimento divino, José
armazena alimento para a sua nação com sobra o suficiente para vender para as nações vizinhas,
que também estavam em crise.
Note-se que José se submeteu à autoridade do Faraó, embora o Faraó fosse um líder pagão.
Deus podia confiar a ele a posição com a qual ele tinha sonhado anos antes, porque ele tinha
aprendido sobre a submissão através das suas provações. Ele manteve essa atitude em sua posição
de autoridade. Submissão a Faraó não quer dizer que ele abandonou sua identidade e crença em
Deus. Foram precisamente os planos e caminhos que Deus lhe deu que lhe deram a sabedoria a
que Faraó se submeteu humildemente. Romanos 13:1 afirma o seguinte: “Toda alma esteja sujeita
às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
existentes foram ordenadas por Deus.” Porque José reconheceu a autoridade delegada de Deus e
Sua forma de testar, ele se provou digno de ter autoridade.
A família estendida de José, que acredita que ele está morto, vem ao Egito para buscar
alimento. Quando seus irmãos descobrem que ele está vivo, imploram por suas próprias vidas. Ele
lhes diz que o que fora feito para o mal, Deus usou para o bem. Ele os perdoa e os convida a se
mudarem para o Egito, para que eles estivessem a salvo da fome. Setenta membros de sua família
se mudam para o Egito, onde Faraó lhes dá a melhor terra. Eles se multiplicam e se espalham por
todo o país, crescendo em prosperidade e permanecendo livres até José morrer.
Depois que José morre, um novo rei ascende ao poder. Ele passa a ter muita inveja e medo dos
israelitas. Ele escraviza e mata milhares deles. Agora, se não fosse José, esse provavelmente seria o
tratamento que eles teriam tido desde o início. Eles eram pastores e os egípcios odiavam pastores,
mas por causa da cobertura de José eles foram tratados como ele merecia ser tratado. Os israelitas
viveram tempos de bênção incrível durante os anos de governo de José não porque eles mereciam,
mas porque José merecia!
José estava em uma posição de poder quando decidiu o destino de sua família no Egito. José
tinha passado pelos testes de caráter e suas vitórias pessoais foram muitas: ele acreditava que Deus
iria realizar os sonhos de sua vida, mesmo que as circunstâncias estivessem contra ele; ele se
submeteu à autoridade, foi fiel e confiava em Deus no meio de tudo o que aconteceu; ele ficou
limpo do pecado sexual e estava disposto a perdoar os seus irmãos. Seus sucessos permitiram que
ele se tornasse uma cobertura coletiva e um general de confiança do reino para proteger todos
aqueles que estavam debaixo dele (veja Gn 37-48).

- DAVI -

Esse mesmo processo pode ser visto na vida de Davi em Primeiro Samuel, capítulo 17. Davi é
enviado por seu pai para levar o almoço para seus irmãos, que estão lutando contra os filisteus. Um
gigante soldado filisteu chamado Golias está no campo de batalha e começa a xingar, insultar e
zombar dos exércitos israelitas. Golias finalmente chega ao ponto, quando diz:

Escolhei um homem para vós, e deixai-o descer até mim. Se ele for capaz de lutar comigo, e
me matar, então seremos vossos servos; mas se eu prevalecer contra ele, e o matar, então vós sereis
nossos servos, e nos servireis (1Sm 17:8-9).

(Em uma nota de margem, gigantes nas Escrituras muitas vezes são um símbolo de
principados espirituais. O desafio de Golias é um bom exemplo de como a autoridade espiritual
funciona. Se o principado é destituído, então todos que estavam sob sua influência passarão a estar
sob a influência de quem quer que o tenha substituído. Aqui, se alguém mata o gigante, todos os
filisteus serviriam a Israel, mas se essa pessoa perdesse a batalha, todo o Israel seria escravizado
pelos filisteus).
Davi está pronto para a tarefa, porque, como José, ele tem sido fiel em um lugar de
obscuridade. Ele tem feito um trabalho notável cuidando de um rebanho de ovelhas no meio do
nada. Mais uma vez, essa é a chave para a obtenção de autoridade espiritual: submissão até a
promoção. Mal sabia ele que os desafios que enfrentou enquanto protegia o seu rebanho o estavam
preparando para o dia do seu destino.
Antes que ele pudesse lutar contra Golias, novamente como José, ele deveria primeiro
suportar o ridículo de seus irmãos. Aqueles de nós que aspiram à liderança devem entender que
vamos enfrentar o que José e Davi enfrentaram de seus irmãos. Como Davi e os irmãos de José,
pessoas que não têm visão vivem suas vidas no cativeiro de suas próprias fraquezas e pecados. Eles
perseguem qualquer um que tenha uma visão, que tenha vencido o medo ou que viva acima do
pecado em vez de sob ele. Essa perseguição ocorre porque é fácil sentirem-se bem em seus
cativeiros, desde que todos que eles conheçam estejam aprisionados também - a miséria adora
companhia. Se alguém começa a obter vitória nas mesmas circunstâncias em que os outros estão
falhando, isso tira suas desculpas e chama-os a prestar contas das suas inconsistências de caráter.
As Escrituras dizem que Davi, antes de lutar contra o gigante, deixou “a sua carruagem na
mão do guardador da carruagem” (1Sm 17:22). Embora isso não fosse necessariamente um teste
de caráter para ele, eu acredito que isso é mencionado como um detalhe significativo, porque ele
está modelando a forma como devemos enfrentar os nossos desafios. Davi não foi à batalha sem
primeiro descarregar qualquer coisa que pudesse impedi-lo. Da mesma forma, não devemos
mergulhar em uma luta com o inimigo sem antes deixar Deus confrontar qualquer pecado não
resolvido ou quaisquer problemas em nosso coração. Acho que as coisas mais importantes que
fazemos em nossas vidas são normalmente feitas em privado. Cuidado com as pessoas que têm
uma vitória pública sem um triunfo correspondente no privado.
Davi finalmente derruba Golias com uma pedra e o mata com a própria espada do gigante. A
mesma arma que parecia estar destinada a destruir Davi tornou-se a arma que viera à mão desse
grande guerreiro.
Porque Davi derrubou o campeão dos filisteus, a batalha terminou. A vitória pessoal de Davi
tornou-se uma bênção coletiva, trazendo paz a todos de Israel.

- FAVOR COM O INVISÍVEL -

Um dos princípios que é importante que nós entendamos aqui é que a obediência física traz
libertação espiritual. Paulo disse que o natural vem primeiro, depois o espiritual (veja 1Co 15:46).
Temos vindo investigando a vida de pessoas que passaram pelos seus testes de caráter,
completando o processo de promoção no domínio natural (visível) da vida, o que depois resultou
na obtenção de autoridade no domínio do espírito (invisível). Grande parte da igreja dificilmente
reconhece, em absoluto, o reino invisível, muito menos percebe as implicações que ele tem em
nossas vidas diárias. O reino invisível que está dentro de nós e ao nosso redor é mais poderoso que
o mundo visível que é percebido com os nossos olhos naturais. Somos tanto beneficiados ou
atordoados pelo mundo invisível, dependendo de como nos relacionamos com ele.
Um grande exemplo de como o domínio invisível afeta poderosamente o reino visível está na
vida de Moisés e Josué, quando Josué foi comissionado por Moisés a levar os seus soldados e
descer ao vale para lutar contra os amalequitas. Moisés subiu ao monte e ergueu as mãos.
Sempre que Moisés se cansava e descia os braços, Josué começava a perder. Quando Moisés
levantava as mãos para cima, Josué passava a ganhar. Tornou-se claro para eles que a vitória de
Josué estava diretamente ligada a Moisés
manter as mãos levantadas, então eles colocaram um líder de cada lado de Moisés para ajudar a
apoiar seus braços. Josué ganhou a batalha e tudo ficou bem em Israel naquele dia (veja Êx
17:8-13).
Se não entendermos como ganhar o favor do mundo invisível, construímos exércitos maiores,
desenvolvemos melhores estratégias e compramos armas mais poderosas, mas continuamos a
perder! Simplesmente nunca nos ocorre que, se apoiamos (honramos) nossos líderes, herdamos
suas vitórias.
Deus levanta homens e mulheres como Moisés, Davi e José não para a própria glória deles,
mas para o bem do Seu povo. Àqueles que têm se provado fiéis Ele confia autoridade para
governar o Seu povo. À medida que o povo de Deus entrar em um lugar de submissão a seus
líderes, que obtiveram suas vitórias pessoais, ele torna-se herdeiro do espólio da sua liderança.
Através da herança, eles recebem a bênção que não ganharam de cara. Porque muitos no Corpo de
Cristo hoje não percebem isso, um par de coisas tem acontecido.
A primeira é que há muitas pessoas no Corpo de Cristo que escolheram lutar batalhas que já
foram vencidas por outra pessoa. Muitas dessas batalhas resultaram em feridas desnecessárias e,
em casos extremos, até mesmo em morte. Essas são baixas desnecessárias de guerra. Não há glória
em cicatrizes que ocorrem em uma batalha para tomar o solo que Deus já ocupa.
O segundo problema é que muitas pessoas chamam a si mesmas de líderes quando ainda não
conquistaram suas vitórias pessoais. Eles erroneamente levaram-se a pensar que são uma cobertura
para os santos. A verdade em questão é que essas batalhas que foram perdidas nas vidas pessoais
dos chamados “pastores” têm resultado em escravidão para as pessoas que se reuniram a eles.
Quando há áreas de suas vidas que não estão em submissão a Deus, eles estão em submissão a
qualquer outra coisa, que pode ser eles mesmos ou algum outro ídolo. Se as pessoas os seguirem,
elas acabarão se submetendo ao mesmo ídolo. Isso é como a autoridade espiritual funciona. Assim,
muitos crentes estão cegos a esse princípio que, como vimos na história de Davi, Golias entendia
perfeitamente. Paulo aborda essa questão quando falou a Timóteo:

O bispo então deve ser irrepreensível, marido de uma esposa, vigilante, sóbrio, de bom
comportamento, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso
de lucro imundo, mas paciente, não contencioso, não avarento; que governe bem a sua própria
casa, tendo seus filhos em sujeição, como toda a seriedade, (porque se o homem não sabe governar
a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); não um principiante, para que,
ensoberbecendo-se com orgulho, não caia na condenação do diabo (l Tm 3:2-6).

É claro, isso não significa que um líder não pode ter um dia ruim. Isso significa, no entanto,
que eles não devem estar na liderança se estão tendo uma vida má. Pecados como estilo de vida
desqualificam as pessoas de liderar até que haja o arrependimento que foi testado na fornalha da
perseverança. A perseverança é a capacidade de manter o nosso curso ao longo do tempo em face
da oposição. O elemento do tempo não pode ser ignorado no teste do arrependimento de um líder.
Nada substitui o mau caráter, nem mesmo diplomas educacionais, dons espirituais, experiências
ou pessoas que conhecemos. Nada vai maquiar a escravidão do pecado. As vitórias do passado não
podem substituir os pecados do presente. Líderes caídos que têm um estilo de vida de pecado
devem se submeter a uma verdadeira cobertura enquanto reconstroem suas próprias vidas. Essa
cobertura fornece um efeito estufa que dá às pessoas a oportunidade de se recuperarem em um
ambiente seguro.

- COBRINDO UM AO OUTRO -

A última coisa que eu quero mencionar sobre o tema da cobertura espiritual é que muitas vezes
em suas cartas Paulo nos ensina a nos submetermos uns aos outros como a Cristo. Há um
elemento da cobertura espiritual que é preservado à medida que honramos nossa aliança com o
Corpo de Cristo e uns com os outros como irmãos e irmãs no Senhor. O Senhor nos chama de Seu
Corpo porque cada membro é dependente do outro e cada escolha que fazemos afeta o todo. Se
escolhemos honrar e servir o Corpo de Cristo, preservamos a conexão que traz vida, bênção e
proteção para nós.
No livro de Atos, capítulo 27, Paulo está em um navio prestes a quebrar. Mesmo que Paulo já
tivesse profetizado que não haveria perda de vida e apenas o navio seria perdido, alguns dos
marinheiros decidiram que iriam escapar em botes salva-vidas. Quando Paulo descobre que alguns
homens estavam planejando escapar, ele diz: “Se estes não permanecerem no navio, não podereis
salvar-vos” (At 27:31). Precisamos perceber que, como crentes, somos parceiros de destino.
Individualmente, somos membros uns dos outros. Em especial, os líderes precisam entender que
suas ações e atitudes têm desdobramentos que ampliam o efeito delas em muitas vezes. A boa
notícia é que quanto mais alinhados estamos com o plano de Deus, mais autoridade e poder são
liberados através de nós para estabelecer o Reino de Deus. Como Davi e José, caso persigamos o
caráter divino e nos submetamos à autoridade que Deus estabeleceu, poderá ser confiada a nós a
autoridade real que irá comissionar os anjos para empurrar o inferno para longe e trazer o Céu até
nós!
17 — Preservando o Planeta

- OS PROFETAS DO APOCALIPSE -

Como um sacerdócio real e nação santa, é nosso privilégio e responsabilidade interceder pelo
mundo perante nosso Rei. Já foi dito que Deus não se mete nos assuntos dos homens a não ser que
eles orem. A oração é o catalisador para a transformação mundial. Ela incita os anjos, refreia as
trevas e lança as nações aos seus destinos. Ela é a chave para o avivamento que constrói a ponte
entre o que deveria ser e o que será. Este livro é dedicado ao propósito do avivamento.
O diabo sabe o poder da oração e não pode nos impedir de orar. Contudo, ele é o mestre do
engano. Ele tenta nos convencer de que seus planos destrutivos são “Atos de Deus” para que o
povo de Deus não libere o arsenal do Céu contra ele! Infelizmente, satanás tem sido mais
bem-sucedido em enganar os santos recentemente do que tem sido por décadas. Uma das
maneiras pela qual ele sutilmente penetrou em nossa sociedade, e até mesmo na Igreja, tem sido
através de líderes mal orientados que pregam a “ira de Deus”.
Na última década, os profetas do “apocalipse” pareciam ter saído da hibernação. Em 1997,
meus próprios pais se mudaram para fora da área da Baía de São Francisco para evitar a ira de um
grande terremoto profetizado para atacar o sul da Califórnia. O terremoto iria destruir Hollywood
por sua imoral poluição da mídia e São Francisco por sua perversão homossexual. A palavra
também previa que o norte da Califórnia se tornaria “propriedade a beira-mar”.
Minha mãe e meu pai se mudaram para o Lago Tahoe, perto de Nevada, na esperança de
encontrar uma zona de “silêncio profético”. Logo quando meus pais se estabeleceram no novo
lugar, vários profetas começaram a profetizar sobre uma futura fome internacional. Isso se tornou
conhecido em todo o mundo como o “bug Y2K”. Esse erro estava vindo nos julgar por termos feito
do nosso intelecto um deus. Era o perfeito “Esquema de Deus”. O plano inteiro estava oculto pela
nossa confiança tola no brilhantismo do homem. Parecia que o Senhor tinha cegado cada nerd. de
computador do mundo, impedindo-os de descobrir a tempo que todos nós estaríamos morrendo
de fome por conta da falta de um dígito. Que caminho a seguir! Haveria tumultos nas ruas; pessoas
estariam lutando contra a tentação de canibalizar seus vizinhos e crianças! Empresas e governos
cairiam em seguida. Alguns até mesmo previram que isso iria dar início à “Mãe de todas as
Guerras”. Pessoas corriam em massa para comprar geradores e armas para proteger sua comida em
“Nome do Senhor”. Não é necessário dizer que essas preparações provaram ser inúteis e meus pais
ainda estão dirigindo por horas para chegar ao mar.
O 11 de setembro de 2001 ficará para sempre marcado na mente dos americanos como um
monumento ao assassinato. A América acordou aos sons de pessoas gritando, muitos deles em
chamas enquanto saíam da fumaça negra de um inferno criado pelo homem. Explosões podiam
ser ouvidas ao fundo enquanto edifícios desmoronavam e milhares ficavam presas em candidatos a
túmulo. Choro e lamento foram ouvidos por quilômetros ao passo que as pessoas vagavam sem
rumo pelas ruas procurando seus entes queridos. Muitos saltaram para a morte desses infernos de
fogo. Profunda tristeza e medo cobriram toda a terra à medida que a notícia se espalhava. Em
todos os lugares, as pessoas estavam clamando por misericórdia para aqueles que foram contados
entre os desaparecidos. As pessoas ficavam grudadas nos seus aparelhos de TV, orando, esperando
e acreditando que a vida iria emergir dos escombros.
Embora os “profetas do apocalipse” não houvessem profetizado esse desastre, as declarações
das trevas começaram a surgir a partir do que supostamente era para ser a “Casa da Esperança”.
Eles vieram até mesmo antes que pudéssemos nos perguntar por que um ato tão sem sentido de
horror teria sido cometido contra as vidas de muitos inocentes que morreram naquele dia. Muitos
dos Profetas de Deus começaram a proclamar palavras de julgamento sobre os pecados da nação.
A tese deles era que Deus tinha causado essa tragédia devido ao Seu ódio ao pecado. Você pode
imaginar o sofrimento que tomou aqueles que perderam seus entes queridos? Eles foram
confrontados por um Deus irado que queria matar mais pessoas. Assim como Jesus disse: “E, por
se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mt 24:12).

- A JUSTIÇA VERDADEIRA É SAL -

É verdade que a imoralidade, a idolatria, o aborto e o assassinato são apenas alguns dos tipos
de câncer que o avivamento deve abordar. No entanto, eu acredito que o pecado mais grave em
nossa nação hoje é a frieza de corações congelados que estão residindo nos pais espirituais que já
não amam mais. Esses crentes mal orientados espalham o medo, destroem a esperança e castram a
fé das pessoas. Eles, de alguma forma, perderam a comunhão com o Consolador, escolhendo antes
abraçar o contraditório e confuso “Evangelho das Más Notícias”.
Jesus nos disse: “Vós sois o sal da terra; mas se o sal perder seu sabor, com que se há de salgar?
Para nada mais é bom senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” (Mt 5:13). Nos dias de
Jesus, eles não tinham refrigerador para armazenar seus alimentos. O sal era o principal meio pelo
qual eles preservaram suas carnes e aves. Através dessa analogia, o Senhor está nos ensinando que
a Igreja é o elemento na sociedade que preserva a cultura da ira de Deus e da destruição das forças
do mal. Um grande exemplo disso é José, que, como vimos no capítulo anterior, liberou uma
bênção coletiva através de sua vida justa. Sua presença no Egito fez com que os israelitas e os
egípcios fossem poupados de uma fome mundial.
Jesus também disse que quando o sal perde o seu sabor não serve para nada, exceto para ser
pisado pelos homens. Em outras palavras, as pessoas daqueles dias iriam provar o sal e, se ele não
estivesse mais salgado, eles saberiam que ele não iria impedir que a sua comida se estragasse. É
importante lembrar que Jesus não está realmente falando sobre a conservação da carne, mas
descrevendo o Corpo de Cristo. O que significa se tornar sem sabor? Isso implica que nós
deixamos de preservar o mundo. Tornamo-nos insípidos quando profetizamos contra as pessoas
que fomos destinados a preservar. Isso ficou muito claro para mim no meio da tempestade de
profecias predizendo eventos desastrosos na América do Norte.
Comecei a buscar o Senhor com um novo zelo pela verdade. Enquanto eu estava deitado no
chão, orando, o Espírito Santo começou a falar comigo.
Ele disse: “Eu não destruo cidades por causa da abundância de ímpios. Eu só as destruo se há
uma ausência de pessoas justas”.
Então, Ele me levou para Gênesis 18 e 19. Aqui, Abraão negocia com Deus para salvar
Sodoma se existissem apenas dez justos.
O Senhor me disse: “Pergunte-Me como posso saber se existem almas justas o suficiente em
uma cidade para salvá-la”.
Assim eu fiz.
Ele respondeu: “Porque receberá o juízo sem misericórdia, aquele que não mostrou
misericórdia; e a misericórdia se gloria contra o juízo” (Tg 2:13).
Então, Deus me fez outra pergunta: “A mulher de Ló era justa ou má?”
Apesar de eu ter pregado por anos que a mulher de Ló era má por olhar para trás para a Cidade
do Pecado, de alguma forma isso não parecia ser a resposta correta naquele momento.
Flagrei-me dizendo: “Eu não sei”.
Deus continuou: “Qual era o nome dela?”
Respondi: “Eu não sei”.
“Qual era o nome da esposa de Abraão?” Ele perguntou.
“Sara”, eu respondi (Eu tinha convicção dessa).
“Isso mesmo,” Deus disse: “Então ela teve uma identidade à parte de Abraão.” Agora eu estava
entendendo! A esposa de Ló não foi nomeada porque sua identidade foi anexada à justiça de Ló!
“E isso mesmo,” disse o Senhor, e continuou: “Ló foi justo ou mau?”
“Justo,” eu respondi.
“No que ela se transformou quando olhou para trás?” Jesus perguntou.
“Sal,” eu disse.
“O que é o sal?” Perguntou Deus.
“Um conservante,” eu disse.
“Sim! Ela viveu com um manto de intercessão. Ela sabia que eles estavam preservando aquela
cidade.”
Finalmente, entendi que seu corpo se transformando em uma estátua de sal era uma metáfora
profética para o papel que ela tinha desempenhado na cidade. Porque Ló e sua esposa eram o “sal”
ou o “conservante” de Sodoma, eles eram a preservação da cidade. Então, eles tiveram uma chance
de escapar do julgamento quando o Senhor finalmente decidiu lançar fogo e enxofre nela. A
esposa de Ló simplesmente fez uma má escolha em um momento de libertação.
“Ela não conseguiu deixar o local quando Eu o fiz. Seu próprio ministério a matou,” Deus
explicou.
Esse ponto é esclarecido em Lucas 17:31-33: “Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo os
seus bens em casa, não desça para tirá-los; e o que estiver no campo, semelhantemente, não volte
para trás. Lembrai-vos da mulher de Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida perdê-la-á, e
qualquer que a perder, preservá-la-á.”
Então Deus me lembrou das palavras de Jeremias: “Correi para lá e para cá através das ruas de
Jerusalém, e vede agora, e sabei, e buscai nos seus lugares amplos, se vós podeis encontrar um
homem, se existe qualquer que faça juízo, que busque a verdade, e eu a perdoarei” (Jr 5:1).
Ele também me trouxe as palavras de Ezequiel à mente: “E eu busquei por um homem entre
eles, que fizesse o cerco, e que se pusesse na brecha diante de mim pela terra, para que eu não a
destruísse; mas eu não encontrei nenhum” (Ez 22:30).
Não é por acaso que, ao mesmo tempo em que muitos dos profetas de Deus estão falando
palavras de destruição, o maior movimento de intercessão na história do mundo está se levantando
para pedir por misericórdia. Devemos lembrar que, embora Deus use palavras de julgamento
certas vezes para reunir Seus intercessores, Seu coração está em estender misericórdia. Deus não
tem prazer na morte do ímpio (veja Ez 18:23). Devemos clamar para Deus curar nossas cidades até
que os anjos nos levem para fora dela, como fizeram nos dias de Ló.

- UMA FALTA DE FÉ E VALORES FUNDAMENTAIS DISTORCIDOS -

Apesar do fato de que Deus usa palavras de julgamento certas vezes, eu não acredito que a
maioria das recentes palavras de julgamento sejam em si um aviso de nosso Pai, mas, em vez disso,
são o fruto de dois grandes problemas na igreja. Primeiro, há uma falta de fé enraizada em muitos
cristãos que os impedem de acreditar que Deus vai realmente ter uma “noiva imaculada”; em
segundo lugar, muitos santos têm valores fundamentais errados que distorcem sua visão de mundo
e infectam seu ministério.
Os valores fundamentais são as lentes que determinam a maneira pela qual vemos a vida. Eles
são intérpretes dos acontecimentos do nosso mundo. Quando algo acontece a nós ou ao nosso
redor, nossos valores fundamentais ditam o que pensamos sobre isso. Os nossos valores
fundamentais determinam quais eventos na vida atribuímos a Deus, ao diabo, ou à própria
natureza.
Um grande exemplo da forma errada com esses valores fundamentais podem afetar nossas
vidas e ministérios é visto na área de intercessão. Muitos intercessores têm sido neutralizados
porque têm acreditado em uma mentira e, portanto, têm desenvolvido um valor fundamental
errado que diz: “Desastres geram humildade e humildade dá à luz o arrependimento, o que, por
sua vez, se torna combustível para o avivamento.” Quando vemos o mundo através dessa lente, pa-
ramos de orar por livramento e oramos por resistência em vez disso. Pergunto-me por quantas
vezes temos deixado o diabo causar estragos em nossas vidas ou nas vidas daqueles ao nosso redor
porque pensamos que Deus estava nos testando.
É importante compreender que a maioria dos avivamentos não começou com uma catástrofe.
Por exemplo, o avivamento da Rua Azusa começou com uma oração. O “Movimento de Jesus”
não começou com o desastre, assim como a Renovação Carismática. O avivamento galês não teve
nada a ver com a tragédia. Os avivamentos de Toronto e de Brownsville não começaram por causa
da calamidade.
De fato, durante a maior parte da Bíblia, o desastre gerou uma resposta de caráter
completamente oposto. No Livro dos Números, Deus fez com que alguns dos líderes de Israel fos-
sem engolidos por um terremoto. De acordo com Sua natureza, Moisés implorou por misericórdia
duas vezes nesse capítulo em nome do seu povo. A amargura dos israelitas que sobreviveram
piorava a cada desastre. Eles culparam Moisés pela perda de seus familiares e fizeram tudo, menos
se arrependerem (16:23-41). No livro de Apocalipse, temos o mesmo princípio. Pragas foram
derramadas sobre o povo, mas eles não se arrependeram, e, em vez disso, “blasfemavam contra o
Deus do céu” (16:10-11).
Todos têm pessoas que perderam um filho ou um ente querido de forma prematura. Muitos
deles passam a vida sendo amargos com Deus acerca de suas perdas. Outros questionam a
realidade de um Deus amoroso quando olham ao redor e veem as pessoas morrendo de fome.
Embora Deus possa transformar e muitas vezes transforme uma situação ruim e a use para o bem,
ainda é “a benignidade de Deus [que] te leva ao arrependimento”! (Rm 2:4). É o diabo que quer
matar, roubar e destruir. Ele é mestre em torcer as Escrituras para que possamos dar-lhe lugar para
entrar e realizar o seu plano diabólico. Lembre-se que esse é o mesmo cara que usou a Bíblia para
tentar convencer Jesus a cometer suicídio:

Então o diabo o levou à cidade santa, e o colocou sobre o pináculo do templo; e disse-lhe: Se
tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Ele dará ordens aos seus anjos
a teu respeito, e suas mãos te sustentarão, para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra
(Mt 4:5,6).

- REAPRESENTANDO CRISTO -

Não apenas a Igreja é a preservação (sal), mas também somos a luz. No Livro de Mateus, Jesus
disse: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade estabelecida sobre um monte”
(Mt 5:14). O que significa ser luz e o que é que estamos iluminando? Estamos lançando luz sobre
a natureza de Deus, que é como ele pensa e age com respeito aos assuntos dos homens. Somos a
revelação (luz) do Pai e Sua carta de amor ao mundo. Nós reapresentamos Cristo aos perdidos. O
mundo olha para nós para compreender os eventos globais através dos olhos de Deus. Quando
apresentamos erroneamente nosso Pai Celestial, o mundo fica com uma perspectiva distorcida de
Deus.
Tiago e João são bons exemplos de como muitos deturpam a imagem de Deus. Eles queriam
fazer descer fogo para consumir uma cidade, mas Jesus lhes disse: “Não sabeis de que tipo de
espírito sois vós” (Lc 9:55). É interessante para mim que esse era o mesmo João que escreveu para
os amados e exortou-nos: “Amados, não creiais em todo o espírito, mas provai se os espíritos são
de Deus, porque muitos falsos profetas têm aparecido no mundo” (1Jo 4:1). Eu imagino que ele
recebeu a revelação de que até mesmo os próprios apóstolos de Jesus poderiam ser influenciados
pelo inferno através de sua própria experiência de ouvir o espírito errado.
Observe como sua exortação continua no mesmo capítulo: “Amados, ... devemos também
amar uns aos outros... Não há temor no amor, mas o amor perfeito lança fora o medo; porque o
medo traz tormento. Aquele que teme não é perfeito em amor” (1Jo 4:11,18). Esses versos foram
escritos no contexto de testar os espíritos. Em outras palavras, testamos os espíritos
examinando-os à luz das virtudes do amor. Quando lemos essas virtudes, que são enunciadas na
carta aos Coríntios, e compreendemos que o medo não tem lugar no amor, nos encontramos
imaginando que espírito está incentivando essas profecias de julgamento. A maior das tragédias é
que a revelação que o mundo recebe essas vozes faz com que eles acreditem que o nosso Pai é um
Deus irado que está procurando uma oportunidade para punir as pessoas.
Jesus disse: “Se, portanto, a luz que estiver em ti for escuridão, como será grande a escuridão!”
(Mt 6:23). Se somos a luz do mundo e estamos falando e profetizando contra as pessoas que já
estão perdidas na escuridão, quão grande é a escuridão! Da mesma forma, quando representamos
Deus como alguém que quer destruir a América, porque 40 milhões de bebês foram abortados em
nosso país, nós perpetuamos o mesmo problema que estamos tentando curar. As pessoas estão
matando seus bebês porque elas não conhecem ou não compreendem o amor do Pai. Faz sentido
dizer às pessoas que Deus está tão irritado por estarmos matando nossos jovens que Ele vai matar
todos nós? Seria o nosso Pai tão unidimensional em Seu ser que Ele só teria uma resposta para
qualquer coisa que o homem faça de errado?
A maneira que muitos crentes refletem Deus para o mundo lembra-me mais meu padrasto do
que meu Pai celestial. Você pode imaginar o impacto negativo que incorreria sobre sua filha se ela
viesse até você para lhe dizer que teve um aborto e, em resposta, você surtasse e tentasse matá-la?
Se você reagir com raiva, eu sugeriria que a sua falta de amor é uma grande parte da decisão dela de
abortar em primeiro lugar.
Quando comunicamos ao mundo sobre o Deus que eles ainda têm de conhecer, é essencial
que comuniquemos luz, vida e amor. O amor não pune ou espalha o medo. Nosso Aba Pai sofre
sim com os pecados do mundo, mas cada vez que vemos os atos cruéis de destruição que ferem
profundamente o coração de Deus, devemos lembrar do quão profundo é o desejo de Deus em
compartilhar amor. A natureza do amor é que ele requer que sejamos capazes de escolher. Se Deus
tirasse a nossa escolha, as pessoas só poderiam se comportar da maneira que Deus as programou
para agir. As guerras cessariam, a fome acabaria e a pobreza seria apenas uma memória antiga de
anos passados. Entretanto, junto com o desaparecimento dessas coisas, o grito desesperado do
coração humano que bate com paixão por um relacionamento amoroso com o Ser mais lindo em
todo o universo teria ido também.
Dia após dia, um Criador amoroso olha para baixo para um planeta arrasado ansiando pelo dia
em que o objeto de Sua afeição vai andar de mãos dadas com Ele em beleza indescritível pelos
salões da eternidade. Enquanto isso, a destruição continua, não porque Deus está zangado com o
homem, mas porque os homens escolheram matar, roubar e destruir. Esse é o fruto daqueles que
escolheram o amante errado (satanás).
No meio de toda essa escuridão, há uma incrível esperança crescendo. No dia depois das
Torres Gêmeas serem destruídas, eu tive uma visão. Na visão, eu vi o que todos nós vimos
centenas de vezes - as torres de fogo caindo como castelos de areia no chão. Mas desta vez, na
visão, algo estava diferente. Havia uma voz alta gritando por trás das torres: “O sangue dos
mártires; o sangue dos mártires!” O que aconteceu em seguida na visão foi incrível. Rachaduras
começaram a se formar ao longo de toda a terra quase como se fossem repercussões das explosões.
Agua começou a fluir em todo o mundo. Em seguida, outra voz começou a gritar: “As fontes do
abismo foram abertas, as fontes do abismo foram abertas!”
Eu perguntei a Deus: “O que isso significa?”
Ele disse: “O conhecimento da glória do Senhor cobrirá a terra como as águas cobrem o mar!”
Jesus disse: “Na verdade, na verdade eu vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, permanece só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24). Acredito que, porque Deus é
um Deus de redenção, Ele garante que o resultado de cristãos sendo mortos por sua fé é conversões
espirituais em massa. Embora Deus não tenha causado o 11 de setembro como julgamento sobre a
América do Norte, Ele é capaz de usar essa circunstância terrível para atingir Seus fins.
Paulo disse: “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5:20). Se o nível do pecado
determina as profundezas da graça, então o nosso país deve estar preparado para um incrível mover
de Deus.
Enquanto isso, um inimigo odioso está perseguindo um povo ferido e desesperado. Ele está
tentando paralisar-nos pelo medo e desmoralizar-nos com a sua vangloria arrogante de discursos
destrutivos. Ainda assim, o futuro pertence àqueles que oram. A oração é a ponte entre o que
deveria ser e o que será. A oração persistente de um povo justo acabará por determinar o destino de
nossas crianças. Por isso, é nossa responsabilidade deixar para aqueles que ainda vão nascer um
mundo em avivamento como herança. Pendurado na balança da eternidade está o clímax final da
criação - os reinos deste mundo tornando-se o Reino do nosso Deus.

Nome:
Data:

Teste do Príncipe e Escravo

Somos filhos e filhas do Próprio Deus; portanto, não somos “escravos” no reino, mas
“príncipes” e “princesas”. Este teste foi projetado para ajudá-lo a crescer nos atributos da realeza,
que foram definidos e discutidos ao longo deste livro.
Ao ler as perguntas, a realidade de sua verdadeira identidade será revelada e você vai começar
a se questionar sobre como age e por que pode acreditar em certas mentiras sobre si mesmo. O
teste é projetado para conscientizá-lo das áreas da sua vida em que você precisa de ajuda. O ponto
não é refletir o que você faz, mas como você se percebe. Através deste conhecimento revelador,
você será capaz de começar uma jornada para renovar a sua mente e se desfazer da sua mentalidade
de “escravo”.
Para que este teste seja útil, é necessário que você seja tão honesto com você mesmo quanto
possível. Responda às perguntas de tal forma que reflita quem e como você é na maioria das vezes
- não como você se sente ou reage no pior ou no melhor dia da sua vida.
PARTE 1

- ATRIBUIÇÃO DE PONTUAÇÃO -

Nunca 0
Raramente 1
Às vezes 2
Frequentemente 3
Quase sempre 4
Sempre 5

1. Tendo a ter um senso de humor sarcástico que põe as pessoas para baixo. _____
2. Gosto de comprar coisas na promoção ou em lojas de departamento populares. _____
3. Luto com sentimentos de inadequação. _____
4. Percebo-me competindo secretamente com as pessoas ao meu redor. _____
5. Olho-me no espelho frequentemente. _____
6. Comparo-me com os outros. _____
7. Torço para que o azarão vença. _____
8. Acredito que Deus favorece o marginalizado. _____
9. Sinto-me desconfortável em torno de pessoas ricas e/ou bem-sucedidas. _____
10. Tenho tendência a criar caso contra pessoas que parecem ser bem-sucedidas ou têm poder
sobre mim. _____
11. Digo a outros sobre pessoas importantes das quais sou amigo ou sobre projetos importantes
em que tenho trabalhado ou nos quais estou envolvido. _____
12. Trabalho em excesso e sinto-me realmente pequeno quando não estou realizando algo. _____

Subtotal _____

13. Participo de várias comissões e me voluntário para qualquer coisa que traga um senso de
validação, sem respeito aos meus próprios dons. _____
14. Sinto-me obrigado a ser amigo da pessoa mais importante em qualquer organização em que
venha estar envolvido. _____
15. Não gosto de definir metas, porque quando eu não as alcanço isso me faz sentir como se tives-
se falhado. _____
16. Repito-me, dramatizo, superenfatizo, exagero e/ ou minto durante as conversas para expressar
a minha ideia. _____
17. Torno-me excessivamente ligado de forma doentia a qualquer um que me dá atenção ou
mostra interesse por mim. _____
18. Gosto de dar coisas, mas fico quase sem jeito ao receber doações de pessoas. _____
19. Passo muito tempo pensando no que as pessoas pensam sobre mim. _____
20. Minha opinião é facilmente alterada para agradar os outros. _____
21. Tendo a ter uma opinião contrária a do líder na maioria dos ambientes. Se eles dizem “preto”,
quase me sinto obrigado a argumentar “branco”. _____
22. Os amigos com quem me sinto mais confortável são as pessoas que estão geralmente
quebradas. _____
23. Quando escolho uma equipe para trabalhar comigo, busco pessoas que considero mais fracas
do que eu. _____
24. Não gosto de estar perto e tendo a rejeitar pessoas que têm uma opinião diferente da minha.
_____

Subtotal _____

25. Não apenas compartilho a minha opinião, mas sinto-me impulsionado a discutir ou manipular
as pessoas a concordarem comigo. _____
26. Quando as pessoas não concordam comigo, levo isso de forma pessoal e tendo a pensar que
elas me rejeitaram. _____
27. Preciso ser a pessoa mais importante na sala e/ou estar no controle para ser feliz. _____
28. As pessoas dizem que eu sou obcecado por estar certo. _____
29. Luto com medos, especialmente o medo da rejeição e do fracasso. _____
30. Preocupo-me muito, especialmente com respeito ao futuro. _____
31. Sinto como se algo estivesse prestes a dar errado. _____
32. Luto com a dificuldade em perdoar as pessoas. _____
33. Sinto-me ofendido facilmente. _____
34. Sinto que os fracassos e más experiências da minha vida não foram minha culpa. _____
35. Sinto ira e/ou raiva por dentro de mim. _____
36. Sinto que as pessoas estão me apressando quando estou falando e/ou me explicando a elas.
_____
37. Tenho me sentido mal interpretado na maior parte da minha vida. _____
38. Descontentes e insatisfeitos tendem a me contar seus problemas. _____
39. Meu desejo sexual e/ou hábitos alimentares parecem estar fora de controle. _____
40. Durmo mais do que o normal e ainda me encontro muito cansado. _____

Subtotal _____

INSTRUÇÕES PARA CLASSIFICAÇÃO DE SUBTOTAL:

Por favor, adicione os pontos de cada um dos subtotais da Parte 1. Anote a sua pontuação na
linha abaixo. Continue respondendo às perguntas seguintes.

__________ TOTAL DE PONTOS DA PARTE 1

PARTE 2
- ATRIBUIÇÃO DE PONTUAÇÃO -

Nunca 0
Raramente 1
Às vezes 2
Frequentemente 3
Quase sempre 4
Sempre 5

1. Gosto de investir nas pessoas e vê-las me superar. _____


2. Permito que os outros sejam o foco nas conversas. _____

Exemplo: Uma pessoa diz: “Tenho estado tão ocupado”. Respondo: “O que você tem feito?” ao
invés de dizer: “Também tenho estado ocupado”.

3. Gosto de estar perto de pensadores livres e de pessoas criativas. _____


4. Gosto de resolver os problemas com as pessoas, não para as pessoas. _____
5. Gosto de criar um ambiente onde as pessoas aprendam a pensar por si. _____
6. Amo-me e sinto o prazer de Deus por mim. _____
7. Sinto-me confortável perto de qualquer um. _____
Subtotal _____

8. Tendo a atrair pessoas importantes e bem-sucedidas. _____


9. Posso comer em bons restaurantes, ficar em lugares agradáveis e ter coisas boas sem me sentir
culpado. _____
10. Não faço as coisas para manter uma imagem, mas só porque pessoalmente as valorizo. _____
11. Gosto de empoderar as pessoas mais do que gosto de ter poder sobre elas. _____
12. Amo a diversidade das pessoas com quem me relaciono. _____
13. Tendo a escolher pessoas para estarem em minha equipe que tenham outras perspectivas e
pontos de vista diferentes dos meus. _____
14. Facilmente me alegro com as vitórias de outras pessoas. _____
15. Dou coisas às pessoas não só porque elas precisam, mas sim para honrar as pessoas que
merecem. _____
16. Sou motivado pela visão que tenho para a minha vida. _____
17. Sou difícil de ficar ofendido. _____
18. Sonho em causar um impacto gigante no mundo. _____
19. Espero que as pessoas gostem de mim. _____
20. Tomo a iniciativa, fazendo contato com pessoas em primeiro lugar em vez de esperar que elas
venham até mim. _____
21. Um dos meus principais objetivos na vida é ajudar outras pessoas a descobrirem e alcançarem
os seus sonhos. _____
22. Sou uma pessoa que toma a iniciativa por conta própria (self-starter). _____
23. Trago à tona o melhor das pessoas. _____
24. Penso em maneiras melhores de fazer as coisas. _____

Subtotal _____

25. Sou um bom ouvinte. Olho as pessoas nos olhos quando elas estão falando comigo. _____
26. A alegria muitas vezes toma conta de mim e eu me pego sorrindo sem nenhum motivo
aparente. _____
27. As pessoas tendem a me seguir não importa o que esteja fazendo. _____
28. Gosto de receber coisas legais das pessoas. _____
29. As pessoas param de usar linguagem ruim, de reclamar e/ou fingir algo que não são quando
estou por perto, mesmo se eu não exigir isso delas. _____
30. Gasto muito tempo pensando e agradecendo pelas coisas boas que têm acontecido. _____
31. Amo as pessoas facilmente e sou paciente com elas por natureza. _____
32. Sinto que estou no controle das minhas paixões naturais, inclusive a comida, o sono e o sexo.
_____
33. Gosto de relaxar e acho fácil descansar na maioria das vezes. _____
34. Estou ciente do Espírito Santo e de Jesus falando comigo durante todo o dia. _____
35. Defino metas para as áreas da minha vida em que tenho responsabilidade. _____
36. Tenho uma boa ideia de quais são meus pontos fortes e/ou dons, bem como sobre as minhas
fraquezas. _____
37. Quando falho, assumo a responsabilidade sem culpar os outros. _____
38. Adoro estar vivo e olho com expectativa para o futuro. _____
39. Gosto de correr riscos e experimentar coisas novas. _____
40. Saio da minha rota para me expor às necessidades dos pobres e ministrar aos quebrantados de
coração e espírito. Tenho compaixão pelas pessoas menos afortunadas que eu. _____

Subtotal

INSTRUÇÕES DE CLASSIFICAÇÃO:

Por favor, adicione os pontos de cada um dos subtotais da Parte 2. Anote a sua pontuação na
linha abaixo.

__________ TOTAL DE PONTOS DA PARTE 2

INSTRUÇÕES PARA O CÁLCULO DA PONTUAÇÃO FINAL:

Faça o seguinte:
Subtraia os pontos da Parte 1 de sua pontuação da Parte 2. Essa é a sua pontuação final.
Sua pontuação pode ser um número negativo.

— =
PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
DA PARTE 1 DA PARTE 2 FINAL

Olhe para o gráfico a seguir, encontre o lugar que corresponda corretamente à sua pontuação
final e marque-o com um traço vertical. Esse número é uma indicação dos atributos de realeza que
você possui atualmente. Faça o teste novamente dentro de alguns meses para verificar o progresso
que você está fazendo para alcançar a sua identidade real.
ESCALA

-200 -150 -100 -50 0 +50 +100 +150 +200


Escravo Príncipe

Jonh Maxwell. Developing the Leader Within You. Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers,
1993.
NO INÍCIO

Alguns novos amigos que leram esse livro podem não ter a menor ideia de por onde começar
uma vida com Jesus. Eu gostaria de gastar um tempo aqui e explicar onde começar.
A Bíblia torna claro que todos nós precisamos de um Salvador - alguém para pagar pelos
nossos pecados para que não precisemos viver uma vida de escravidão e tormento. Jesus morreu na
cruz por nós e Ele também morreu como se Ele fosse cada um de nós. Ele tomou sobre si a
penalidade por tudo o que nós já fizemos de errado e ainda faremos. Jesus quer fazer mais do que
apenas perdoar-nos; Ele quer nos dar uma vida totalmente nova no Reino de Deus - agora mesmo
aqui nesta terra. Ele também deseja nos levar para o céu quando passarmos dessa vida para a outra.
Como se isso não fosse o bastante, há ainda mais! Ele prometeu que quando nós o
convidarmos em nossos corações, nós “nasceremos de novo” e nos tornaremos uma nova criatura.
Ele nos dá uma nova vida com um novo coração e uma nova mente. Você leu sobre essas
promessas nesse livro.
O que você tem que fazer para começar essa incrível vida com Deus? Boa pergunta. A
resposta: Você deve estar disposto a abrir mão do controle da sua vida e entregar a liderança de sua
vida a Jesus e levar sua caminhada com Ele a sério. Você deve reconhecer que você pecou e que
você precisa de Sua ajuda para mudar. Você deve pedir-lhe que o perdoe, e você precisa perdoar
todos os que já magoaram você.
Se você está disposto a fazer essas coisas por Jesus, por favor, faça essa oração:

“Jesus, eu fiz muitas coisas erradas na minha vida e preciso de Ti para perdoar-me. Sinto
muito pela vida que eu tenho levado sem Ti em meu coração. De agora em diante eu quero seguir
a Ti e deixá-lo tomar o comando de toda a minha vida. Eu estou pronto para abandonar minha
vida antiga e viver a sua vida, os seus caminhos e os seus desejos. Eu quero perdoar todos os que me
magoaram ou me feriram e permitir que eles vivam livres do meu sentimento de re- vanche. Eu te
peço que envie o Teu Espírito Santo à minha vida e me batize com o teu amor e poder. Amém!’’

Agora encontre uma boa igreja onde você possa crescer, e vá à igreja com frequência. Procure
alguém que seja maduro na fé cristã - um mentor - para lhe dar apoio. Às vezes isso acontece
naturalmente em células que se reúnem em casas. Leia sua Bíblia diariamente (comece no livro de
João) e peça ao Espírito Santo que lhe ensine na medida em que você lê. Arrume um tempo para
orar todos os dias, ouvir a voz de Jesus enquanto você o busca. Por último, compartilhe sua vida e
fé com outros.
Que o Reino da Glória o encontre no palácio dos seus sonhos à medida que você inicia sua
nova vida no Reino de Deus!
Com amor,

Kris Vallotton
Bethel Church
933 College View Drive
Redding, CA 96003
www.kvministries.com

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