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O Estado Novo, também conhecido como Salazarismo, teve como três pilares
a Pátria, a Religião (católica) e a Família.
Durante mais de 40 anos, nada seria publicado em Portugal sem que passasse
primeiro pela censura. O conhecido “lápis azul”, tantas vezes usado noutras
cores, abateu-se sobre milhares de livros, sobre a imprensa e sobre qualquer
manifestação cultural.
Aceitando como obvio o fato de haver censura num regime ditatorial, Mário
Zambujal alude ironicamente á sujeição prática do jornalismo de então aos
moldes que lhe foram impostos. “Era tudo à mão e a pé, diz, e terá sido por
isso, defende que a maior e mais relevante parte dos jornais se instalava no
Bairro Alto, de onde era mais fácil chegar às instalações oficias onde o lápis
azul atuava, fazendo posteriormente sair provas, já censuradas, para
publicação.
O "lápis azul” riscou notícias, peças de teatro, livros, mudou anúncios e
pinturas na parede. O direito à liberdade faz hoje 41 anos.
Começa tudo com um livro de Luandino Vieira, a censura não gosta do que
vem escrito nas suas paginas, muito menos da distinção atribuída pela
Sociedade Portuguesa de Escritores. Salazar manda fechar a SPE, tarefa que
a diligente PIDE cumpre de imediato.
Durante a ditadura tudo o que se escrevia era pela policia do regime. A censura
à empresa e aos jornalistas era diária, mas os livros e os escritores também
não escavam ao exame e à perseguição da PIDE. Foi assim até à Revolução
de Abril. A palavra escrita podia comprometer o regime e a imagem que dele os
portugueses tinham. Durante 48 anos, a politica de Salazar, seguida por
Marcello Caetano, era feita de silêncios, de calar tudo o que fosse considerado
“propaganda subversiva”. A censura, prática comum a todas as ditaduras,
sujeitou os que tinham a escrita como profissão. Os jornais, as revistas, os
livros e outras manifestações culturais, eram cortados previamente ou
simplesmente proibidos. Fugir ao lápis azul, passou a ser uma arte construída
em subtilezas e truques para iludir a vigilância policial. E uma forma de resistir
sem liberdade de expressão. Em 1933, a censura que já se aplicava ás noticias
e aos jornalistas passou também para a esfera literária. Centenas de obras
foram proibidas. Da lista negra de autores portugueses Herberto Hélder,
Aquilino Ribeiro, Vergílio Ferreira, entre outros. Nos estrangeiros apreciam
Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e todos os que defendessem a ideologia
marxista.
Mas não foi só com a direita que Saramago teve relações tensas. Até
com o seu partido, o PCP, teve algumas fricções dignas de registo. Em
Abril de 2004, numa entrevista ao DN, a propósito do lançamento do
seu livro Ensaio sobre a Lucidez, e a pouco tempo das eleições
europeias, o escritor faz um apelo: "Não se abstenham, votem em
branco!" O apelo não teria nada de especial, não fosse Saramago
candidato ao Parlamento Europeu em lugar não elegível nas listas da
CDU. O partido então liderado por Carlos Carvalhas fica numa
posição, no mínimo, incómoda.
José Saramago - Sim era normal. Não tanto como escritor - porque os livros
que publiquei antes do 25 de Abril nunca foram objecto de censura - mas
como jornalista. Em 1972 e 1973 trabalhei no "Diário de Lisboa " com
funções de editorialista e todos os dias se guerreava com a censura.
http://www.citi.pt/cultura/literatura/romance/saramago/cen_ev9.html
Muita gente veio aqui ao estaminé insurgir-se contra a falta de
patriotismo de Saramago, esse malandro que dizia mal de Portugal.
Ora bem, não sei se as pessoas se lembram da origem de tudo isso...
É que, em 1992, José Saramago foi impedido de candidatar o seu
Evangelho Segundo Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu, numa
decisão de bradar aos céus do então sub-secretário de Estado da
Cultura, Sousa Lara. Segundo este iluminado, o Evangelho atacava
princípios que tinham a ver “com o património religioso dos
portugueses”. Foi então, depois desta censura levada a cabo
praticamente 20 anos depois do 25 de Abril, que o escritor entra num
processo de ruptura com o governo de então, chefiado por Cavaco
Silva. E é então que fixa residência em Lanzarote, virando costas a
um país que já lhe tinha virado as costas a ele.
Meus amigos, se alguém me fizesse uma merda destas, eu também
bazava daqui. Não ia para Lanzarote, de certeza absoluta, que aquilo
é um lugar inóspito, só pedras e pouco mais, mas ia para um sítio
bonito, cheio de vegetação e calorzinho, onde me tratassem bem. Se
alguém vos fizesse isto a vocês, iam seguramente rogar muita praga
ao país (se é que não rogam já, não é, porque dizer mal do país é
desporto nacional!)
Posto isto, vou deixar Saramago descansar em paz, que bem precisa.
Via Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Censura_em_Portugal)
"Em 1992, o subsecretário da Cultura, António Sousa Lara, vetou a candidatura do romance
"O Evangelho Segundo Jesus Cristo", de José Saramago, ao Prémio Literário Europeu,
justificando tal decisão dizendo que a obra não representava Portugal mas, antes, desunia o
povo português. Em consequência do que considerou ser um acto de censura por parte do
governo português, Saramago mudou-se em 1993 para Espanha, passando a viver em
Lanzarote, nas ilhas Canárias."
Este episódio poderá ser marcante, na e da cultura portuguesa, um entre muitos exemplos.
A censura em democracia, circula sem lápis azul... por certo e de certo que quem sente a
censura, ela lhe aparece sob a forma mais subtil - o lápis transparente.
O pensamento primeiro, ou dos primeiros que me surge, transporta o peso de uma ideia -
Portugal país milenar, de invasões e descobertas, nação una à volta da mesma língua,
percorreu meio mundo divido através de uma negociada (tratado de Tordesilhas), onde a
cultura há muito que não merece um ministério. Um edifício estatal que proteja e promova as
diferente artes e língua.
Nas entrevistas que José Saramago concedeu, muitas vezes aflorou o tema da censura e suas
formas de se manifestar, como um sensor das mentalidades e públicas virtudes.
O homem, o democrata, deu por diversas vezes o corpo às balas... demasiadas vezes sozinho.
Um dia, este homem, que amava o seu país - deverá ter pensado... estou farto do lápis azul...
Censura Existe Em Todo o Lado
Eu acho que a censura existiu sempre e provavelmente vai existir sempre. Porque a
censura para o ser não necessita de ter claramente uma porta aberta com um letreiro,
onde se diga que ali há pessoas que lêem livros ou vão ver espectáculos. Não! A censura
(Quanto à censura oficial dos tempos de ditadura) Aquilo que a censura demonstrou e
em que se encontram, são muito mais ricos de meios, de processos de fazer chegar
aquilo que querem dizer aos outros, do que se imagina. Evidentemente, numa situação
não é que a censura o esteja a obrigar a fazer isso. O que é importante é que ele seja
capaz de o fazer. E isso não vai em abono da censura como agente capaz de estimular a
de expressão que ele usará ou não consoante a situação concreta em que se encontre.
Agora, se me pergunta: a escrita sai melhor de uma maneira ou sai de outra, eu diria
que provavelmente alguns dos livros que escrevi numa situação de liberdade de