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UNIVERSIDADE SALVADOR - UNIFACS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO


TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO I

RAMIRO GABRIEL LORDELO DA COSTA

CENTRO CULTURAL E DE ACOLHIMENTO À COMUNIDADE LGBTQIAP+

SALVADOR
2023

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RAMIRO GABRIEL LORDELO DA COSTA

CENTRO CULTURAL E DE ACOLHIMENTO À COMUNIDADE LGBTQIAP+

Trabalho Final de Graduação I


apresentado ao Curso de graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Salvador - UNIFACS.

Orientador: Ana Licks Almeida Silva

SALVADOR
2023
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RESUMO

A construção da presente monografia tem como propósito analisar, estudar e abordar


a implantação do Centro Cultural e de Acolhimento à Comunidade LGBTQIAP+, no
bairro do Rio Vermelho, em Salvador, Bahia. É estabelecido como objetivo principal
que tal equipamento, além de minimizar a vulnerabilidade com condições básicas para
viver com dignidade, ofereça lazer e entretenimento, através de eventos culturais que
tem também o intuito de atrair a população para formação de aliados. Tal proposta
dispõe de um levantamento de dados, por meio de pesquisas e referenciais teóricos.

Palavras-chave: Comunidade LGBTQIAP+, Cultura, Auxilio

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ABSTRACT

The purpose of this monograph is to analyze, study and address the implementation
of the Cultural and Reception Center for the LGBTQIAP+ Community in the Rio
Vermelho district of Salvador, Bahia. The main objective of this facility, in addition to
minimizing vulnerability with basic conditions for living with dignity, is to offer leisure
and entertainment through cultural events that also aim to attract the population to form
allies. This proposal is based on a survey of data, using research and theoretical
references.

Keywords: LGBTQIAP+ community, Culture, Aid

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LISTA DE FIGURA

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LISTA DE ABREVIATURAS

LBGTQIAP+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Travestis, Queer,


Intersexuais, Assexuais, Pansexuais e mais;

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LISTA DE ANEXOS

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................ 9

1.1. TEMA.......................................................................................... 9

1.2. JUSTIFICATIVA......................................................................... 9

1.3. OBJETIVOS............................................................................... 11

1.3.1. OBJETIVO GERAL................................................................. 11

1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................... 11

2. CAPÍTULO 1: CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ...................... 12

3. REFERENCIAS............................................................................ 13

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1. INTRODUÇÃO

1.1. TEMA

Com o passar dos anos a sexualidade humana e posteriormente a


identidade de gênero passaram a ser mais estudadas e geraram
questionamentos, tendo maior intensidade a partir do século XX, como
consequência do avanço da tecnologia e do fácil acesso a informação. Ao longo
da história a sexualidade foi vista de formas diferente, onde civilizações antigas
conviveram com mais liberdade do que o mundo contemporâneo. Registros de
indivíduos homossexuais são encontrados ao longo de toda nossa história, e a
comunidade LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e
Travestis, Queer, Intersexuais, Assexuais, Pansexuais e mais) violentada e
tendo seus direitos usurpados em vários momentos e partes do mundo.

Com esse histórico, o Centro Cultural e de Acolhimento à Comunidade


LGBTQIAP+, tem como principal objetivo a integração desse público visando
fortalecer a luta da comunidade e o conhecimento sobre a causa, prezando
pela vida e dignidade, sendo oferecido desde assistências básicas a vida como:
jurídica, psicológica, moradia temporária, inserção no mercado de trabalho,
como também ao acesso à cultura e entretenimento.

1.2. JUSTIFICATIVA

Diariamente a população LGBTQIAP+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais,


Transgêneros e Travestis, Queer, Intersexuais, Assexuais, Pansexuais e mais)
vivencia intolerância de todas as formas, na família, na escola, no emprego, na
religião, na internet, nos meios de comunicação e na sociedade como um todo,
e em vário casos que acabam levando a gatilhos para marginalização desse
grupo.

Podemos notar que o número de políticas públicas vem aumentando


gradativamente para auxiliar tal comunidade, como a equiparação da
LGBTfobia como crime de racismo pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em
2019, que em agosto de 2023 após pedido de Mandado de Injunção (MI) 4733,
apresentado pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), o STF reconheceu que atos
ofensivos praticados contra pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ podem ser
enquadrados como injúria racial, ampliando assim, a punição da conduta, e de

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certa forma o número de mortos vem diminuindo nos últimos anos. Entretanto,
pouco mudou em relação a medidas efetivas de enfrentamento desse crime
por parte do Estado.

Infelizmente o Brasil segue como o país com maiores números de pessoas


LGBTQIAPN+ assassinadas, segundo dados obtidos pelo Grupo Gay da Bahia
e pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil.

No Brasil, durante o ano de 2022 ocorreram 273 mortes LGBTQIAPN+ de


forma violenta no país. Dessas mortes 228 foram assassinatos, 30 suicídios e
15 outras causas, por seguimento obtivemos os resultados de 159
travestis/mulheres trans, 96 gays, 8 lésbicas, 8 homens trans, 91 dessas
vítimas tinham entre 20 e 29 anos, e segundo eles o Brasil assassinou um
LGBTQIAPN+ a cada 32 horas. De janeiro até abril de 2023 foram constatadas
80 mortes violentas.

Todos esses dados são através de informações obtidas na mídia, e ao


reparar na ausência de dados governamentais sobre essas mortes, leva-se ao
questionamento de ter a possibilidade de muitos casos serem omitidos e não
termos a real noção do número de mortos através de tamanha crueldade.

A região Nordeste se destaca sobre a distribuição espacial das mortes com


o número absoluto de 118 mortes em 2022, considerada pelo observatório
como a que mais comete esse tipo de violência. Sendo Salvador, entre os
municípios brasileiros, o segundo com maior número de casos, tornando-se
uma das capitais mais perigosas e inseguras para a comunidade LGBTQIAP+.

Além dos dados apresentados, uma das situações que mais causa
vulnerabilidade na comunidade é a falta de apoio ou até mesmo o rompimento
familiar, que em muitos casos pode ocorrer a expulsão de casa, e a pessoa
acabar por procurar abrigo na casa de parentes, amigos ou mesmo ficar em
situação de rua.

Outro fator que o LGBTQIAP+ encontra dificuldades é com relação a falta


de oportunidade de empregos, sendo afetado as mulheres trans/travestis
principalmente, ou todo aquele que fuja da heteronormatividade imposta pela
sociedade. Levando assim muitos a estarem em situações de extrema
vulnerabilidade e recorrerem a trabalhos informais e/ou até mesmo a
prostituição para conseguirem sobreviver.
Ademais, Salvador apresenta escassez de instituições e equipamentos
que atendam as necessidades da comunidade LGBTQIAP+, tornando-se uma
problemática social e arquitetônica. Portanto a criação do Centro Cultural e de
Acolhimento à Comunidade LGBTQIAP+ vem com a proposta de tornar tal

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comunidade mais unida, angariar apoio popular e oferecer condições básicas
que todos merecem.

Foi escolhido o bairro do Rio vermelho para tal empreendimento, por ser
um bairro considerado, grandemente popular, tido como ponto de encontro da
população LGBTQIAP+, pelos seus bares, baladas, por atrair muitos turistas,
como também oferecer fácil acesso e estar situado próximo a vários comércios,
restaurantes, hotéis, lugares de entretenimento e festas culturais.

1.3. OBJETIVOS

1.3.1. OBJETIVO GERAL

Trazer para Salvador um Equipamento arquitetônico multifuncional que


possa disponibilizar aos jovens da comunidade LGBTQIAP+ condições
básicas, acesso a saúde, moradia temporária, apoio jurídico, psicológico e
oportunidade de capacitação, promovendo a eles condições de autonomia para
que tracem sua própria trajetória de vida.

1.3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Agregar ao Rio vermelho tal equipamento voltado para o público que mais
frequenta o bairro, tonando assim um lugar muito mais seguro para eles.
• Promover moradias temporárias para a reestruturação de LGBTQIAP+ que
foram expulsos de casa por suas orientações afetivas sexuais e identidade de
gênero.
• Disponibilizar suporte de assistência social, tratamentos de saúde,
documentação, apoio jurídico, psicológico, retomada de estudos.
• Promover feiras, cursos e workshops para capacitação de LGBTQIAP+
• Criar um projeto de parcerias com diversos locais, para auxiliar na
empregabilidade.
• Promover a integração de toda comunidade LGBTQIAP+, para que possam
aprender sobre a causa, se apoiarem e se tornarem mais unidos.
• Promover eventos culturais e saraus, para lazer e entretenimento da
comunidade e para atrair apoio popular com o objetivo de diminuir os impactos
da homofobia estrutural e formar aliados para a causa.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

A sociedade passou por uma profunda ressignificação da liberdade humana,


desde o advento e soberania religiosa pelo mundo como por outros fatores de
constituição histórica, que nos levaram a criação de regras sobre o corpo. Estudiosos
e pesquisadores afirmam que a homossexualidade era aceita em diversas civilizações
antigas, tratadas com naturalidade e até mesmo como um ato sagrado para algumas.
Quando o cristianismo começou a se popularizar foi trazida a ideia de que o sexo entre
iguais seria pecado, desde então eles tentaram suprimir a homossexualidade e
esconder que já fez parte da história. Dessa parte da história e estendendo-se até os
dias de hoje, a população LGBTQIAP+ sofreu diversos tipos de violência, tortura,
castração, terapias de choque, lobotomia, grandes genocídios, sendo marginalizados
por somente serem o que são.

A luta pelos diretos LGBTQIAP+ é tida como recente, foi a partir da década de
70, que as pessoas vêm buscando simplesmente o direito de existir, sem violência e
atrás dos seus direitos como qualquer ser humano. No cenário internacional na cidade
de Nova Iorque nos Estados Unidos da América eclodiu em 28 de junho de 1969 a
Revolta de Stonewall, que ficou conhecido como o "marco zero" da luta LGBTQIAP+
e serviu de base para outros movimentos ao redor do mundo. Durou 6 dias e tinha o
objetivo de protestar contra a violência policial e questões arbitrárias a comunidade.
No Brasil surgiu o movimento durante um momento de bastante repressão que foi a
ditadura militar (1964 a 1985), com o surgimento de jornais denominados Lampião da
Esquina e ChanacomChana, onde informavam a comunidade sobre questões sociais e
denunciavam os que a ditadura tentava esconder da população. Desde então foram
surgindo grandes desafios que até hoje são enfrentados pela comunidade.

Aos poucos foram sendo conquistados direitos no Brasil como: União Estável,
transfobia e a homofobia são considerados crimes, STF reconheceu o direito à
retificação do nome de pessoas transexuais, além disso, o registro de nascimento do
filho também pode ser multiparental, isto é, conter o nome de duas mães, ou dois pais
no registro, doação de Sangue, adoção. A luta está longe do fim, mas ver alguns direitos
básicos sendo garantidos a comunidade LGBTQIAP+ deixa muitas pessoas
esperançosas para um futuro melhor.

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3. REFERÊNCIAS

1, Metro. Salvador é a capital mais perigosa do país para a população LGBTQIA+, diz
relatório do GGB - Metro 1. Disponível
em: https://www.metro1.com.br/noticias/cidade/122364,salvador-e-a-capital-mais-perigosa-
do-pais-para-a-populacao-lgbtqia-diz-relatorio-do-ggb. Acesso em: 2 set. 2023.

CAVALCANTE, Ana Mary. Brasil segue como país com maior número de pessoas LGBT+
assassinadas. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-
nacional/direitos-humanos/audio/2023-01/brasil-segue-como-pais-com-maior-numero-de-
pessoas-lgbt-assassinadas. Acesso em: 29ago. 2023.

CENTRO de Acolhida - Casa 1. Disponível em: https://www.casaum.org/nossos-


espacos/centro-de-acolhida/. Acesso em: 30 ago. 2023.

DE MORTES E VIOLÊNCIAS LGBTI+ NO BRASIL, Observatório DOSSIÊ denuncia 273 mortes e


violências de pessoas LGBT em 2022 – Observatório. Disponível
em: https://observatoriomorteseviolenciaslgbtibrasil.org/dossie/mortes-lgbt-2022/. Acesso
em: 1 set. 2023.

LUCCA, Bruno. Brasil registrou ao menos 80 mortes violentas de LGBTs até o fim de
abril deste ano. 17 maio 2023. Disponível
em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/05/brasil-registrou-ao-menos-80-mortes-
violentas-de-lgbts-ate-o-fim-de-abril-deste-ano.shtml. Acesso em: 29 ago. 2023.

MOVIMENTO LGBT: Saiba o que é, história e muito mais! Disponível


em: https://blog.stoodi.com.br/blog/atualidades/movimento-lgbt-o-que-
e/#:~:text=pena%20de%20morte.-
,A%20Rebelião%20de%20Stonewall,LGBT%20em%20todo%20o%20mundo. Acesso em:
28 ago. 2023.

POLAKIEWICZ. Orientação sexual, identidade e expressão de gênero: conhecendo para


cuidar da população LGBTI+. Disponível em: https://pebmed.com.br/o-sexo-biologico-a-
orientacao-sexual-identidade-de-genero-expressao-de-genero-conhecendo-para-cuidar-da-
populacao-lgbti/. Acesso em: 30 ago. 2023.

SCHMITZ, Alberto. Mortes violentas de LGBT+ Brasil: Observatório do Grupo Gay da


Bahia, 2022. Disponível em: https://cedoc.grupodignidade.org.br/2023/01/19/mortes-
violentas-de-lgbt-brasil-observatorio-do-grupo-gay-da-bahia-2022/. Acesso em: 28 ago. 2023.

STF: Ofensa a LGBTQIA+ também se enquadra em injúria racial - Migalhas. Disponível


em: https://www.migalhas.com.br/quentes/392187/stf-ofensa-a-lgbtqia-tambem-se-
enquadra-em-injuria-racial. Acesso em: 30 ago. 2023.

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