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Centro de Referência LGBTQI+

Universidade Federal de Juiz de Fora


2020
JUIZ DE FORA
NOVEMBRO DE 2O2O
Copyright© 2020 Centro de Referência de Promoção da Cidadania LGB-
TQI+ (CeR-LGBTQI+)

É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por


qualquer meio, desta publicação, desde que sem alterações e citada a
fonte.

Disponível também em: https://cerlgbtqi.wixsite.com/cerlgbtqijuizdefora/


cartilha

1ª edição - 2020

Projeto Gráfico e Diagramação: Camila Campos Moura

Comissão de Pesquisa e Elaboração: Camila Campos Moura, Danielle de


Oliveira Santos, Ítalo Henrique Nunes Carneiro de Araujo, Jude de Olivei-
ra Bento da Silva, Karina Rodrigues de Almeida Delgado.

Assessoria e Consultoria: Marco José de Oliveira Duarte

Revisão Técnica e Científica: Marco José de Oliveira Duarte e Joana de


Souza Machado
Referências bibliográficas conforme ABNT NBR

Direitos para esta edição — Centro de Referência de Promoção da Cidada-


nia LGBTQI+ Endereço: Av. Rio Branco, 3372, fundos - Passos, Juiz de Fora -
MG, 36010-010
Telefone: (32) 3218 – 6996 / E-mail: cer.lgbtqi@gmail.com /https://
cerlgbtqi.wixsite.com/cerlgbtqijuizdefora
Setembro de 2020

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


P 729

Políticas e Direitos LGBTQI+ / Centro de Referência de Promoção da


Cidadania LGBTQI+ (2020: Juiz de Fora, MG)
Juiz de Fora, MG, 30 de setembro de 2020.
Disponível também: https://cerlgbtqi.wixsite.com/cerlgbtqijuizdefora/
cartilha

1. Políticas Públicas. 2. Direitos Humanos. 3. LGBTQI+. - Brasil I. Centro de


Referência de Promoção da Cidadania LGBTQI+. II. Título.

CDU 342.722
CDD 342
Coordenação
Prof. Dr. Marco José de Oliveira Duarte (Faculdade de Serviço Social)
Profra Dra Joana de Souza Machado (Faculdade de Direito)
Profra. Dra. Juliana Perucchi (Departamento de Psicologia/ICH)
Graduandes - bolsistas de Extensão, TP e Pesquisa:
Camila Campos Moura – Serviço Social (TP)
Carolina Pereira Fernandes – Serviço Social (PIBIC)
Gabriella Kathleen Venancio de Paula – Serviço Social (TP)
Igor Gabriel de Oliveira Morais – Bacharelado CH (EXT/CeR)
Jessica Marques Toledo – História (EXT/Diverse)
Karina Rodrigues de Almeida Delgado – Direito (EXT/CeR)
Marcos Lucas Henrique Garcia Pires – Bacharelado CH (EXT/CeR)
Sidney Aurum Monteiro Vieira – Serviço Social (PIBIC) e Força Trans
Graduandes Voluntáries de Extensão, TP e Pesquisa:
Danielle de Oliveira Santos – Direito (EXT/CeR)
Ítalo Henrique Nunes Carneiro de Araujo – Bacharelado CH (EXT/Diverse)
e Força Trans
Jude de Oliveira Bento da Silva – Bacharelado CH (EXT/CeR) e Força
Trans
Pós-Graduandes Voluntários:
Bruna da Silva Rocha (CEGS/FACED/UFJF) – Ciência da Religião
Brune Coelho Brandão (PPGP/DP/ICH/UFJF) - Psicologia
Dandara Felícia Silva Oliveira (PPGSS/FSS/UFJF) – Gastronomia/C. Soci-
ais
Larissa Batista da Silva (CEGS/FACED/UFJF) - Psicologia
Mateus de Oliveira Duarte (CEGS/FACED/UFJF) - Psicologia
Colaboradores-Voluntáries/Ativistas da Sociedade Civil:
Cleber Giliard Rodrigues Miranda – Investigador de Polícia Civil (DEAM-
PC-MG)
Eduardo Novais Dias – Designer (Força Trans)
Francielle Pereira Santos – Educadora Física (Academia particular)
Júlio Mota de Oliveira – Advogado (CDS/OAB)
Maria José Figueira Pereira – Psicóloga (IEC/CRDH-JF)
Sarah de Melo Salles – Advogada (CDH/OAB)
Apresentação............................09

Introdução.................................10

Glossário...................................15

Datas importantes.....................19

Direitos......................................23
Saúde........................................................24

Suicídio e população LGBTQI+.................28


Nome e identidade de gênero...................29


Casamento e União Estável......................31


Adoção......................................................32

Justiça e Segurança Pública.....................33



Direitos Sucessórios..............................................38

Direito ao Trabalho................................................39

Educação...............................................................41

Perspectivas Estatual e Municipal....45

Serviços............................................48

Eventos e Campanhas.........50
APRESENTAÇÃO
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Esta cartilha é resultado do trabalho desenvolvido pelo Centro de Referência de
Promoção da Cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgê-
neros, Não-Binaries e Intersexuais (CeR-LGBTQI+). Completando um ano de atividade
no dia 5 de agosto, o CeR-LGBTQI+, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),
apresenta-se à população do município de Juiz de Fora como um espaço de promoção
da cidadania, de proteção, assistência e acolhimento das demandas de um segmento
que é vítima constante de diferentes discriminações, violações, violências e mortes.
Comprometido com a garantia dos direitos humanos e fundamentais da comunidade
LGBTQI+, o Programa de Extensão - delineado pela Faculdade de Serviço Social com o
suporte da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UFJF - oferece diversos serviços, ati-
vidades, apoios e atendimentos específicos à população juiz-forana, visando à redução
da violência LGBTfóbica e ao combate à discriminação ainda muito presente na cidade.

Nesse sentido, através deste material, busca-se colaborar para o desenvolvi-


mento de materiais informativos acerca da temática da garantia de direitos da comu-
nidade LGBTQI+. Assim, apresentamos a Cartilha de Políticas e Direitos LGBTQI+,
que contempla alguns conceitos básicos e apresenta os principais direitos conquista-
dos - no âmbito nacional, estadual e municipal - com o objetivo de que, por meio dessa
divulgação e conhecimento acerca das garantias de direitos dos sujeitos LGBTQI+, te-
nha-se sua plena efetivação, sua proteção e o respeito à diversidade sexual e de gêne-
ro na sociedade.
INTRODUÇÃO
——————————————————-

Tratar em uma cartilha das Políticas e Direitos LGBTQI+ é como se


fosse um guia de orientação e de informação sobre o universo que envolve
a comunidade LGBTQI+. Por isso que cabe aqui esclarecer algumas dife-
renças, sobre sexo e sexualidade, sexo e gênero, como de orientação se-
xual e identidade de gênero que são conceitos científicos presentes nos
estudos de sexualidades e suas diversidades.
A sexualidade em geral, envolve, além do nosso corpo físico, nossa
subjetividade, nossa história, nossos costumes, nossas relações afetivas,
nossa moralidade, nossas emoções e nossa cultura, por isso ser homem
ou se mulher é muito mais do que o sexo, na medida em que esse se reduz
aos órgãos genitais (pênis e vagina) e seus aparelhos reprodutores, uma
parte biológica do corpo que permite a reprodução, por um lado e o prazer
e o gozo, por outro.
Desta forma, o sexo é, portanto, um efeito, não uma causa. Os sexos e
as diferenças sexuais são construídos sobre bases discursivas científicas
e epistemológicas, justificadas pelas necessidades e aspectos de diferen-
ciações biológicas (hormônios e cromossomas) que se pautam em certa
normatividade, por isso o que é macho e o que é fêmea, biologicamente fa-
lado!
É essa diferença entre sexo e gênero. Porque o gênero se refere à construção
de atitudes, expectativas e comportamentos tendo por base o que a sociedade
atribui como apropriado para o sexo feminino e masculino. Aprendemos a ser
homens e mulheres pela ação da família, da escola, do grupo de amigos, das ins-
tituições religiosas, do espaço de trabalho, dos meios de comunicação etc.
Assim, gênero, diz respeito também, ao modo como lidamos, ao longo da histó-
ria e de forma diversa entre as diferentes culturas, com o poder nas relações
interpessoais, hierarquizando e valorizando o masculino em detrimento do femi-
nino.
Importa salientar que há diversas diferenças possíveis, legítimas e reais de
expressões da sexualidade humana ao logo da existência histórica dos seres hu-
manos no planeta. Portanto, é isso que reside uma das fases da diversidade se-
xual, quando uma pessoa se sente atraída por outra pessoa de mesmo gênero,
dizemos homossexual, seja lésbica ou gay. Porque a heterossexualidade é ape-
nas uma entre tantas formas de sexualidade, aceita e legitimada pela associação
que se faz entre sexo e procriação, por isso a heteronormatividade ou heteros-
sexismo. Mas temos a riqueza da diversidade sexual humana, outras expressões
de desejo e sexualidade, como a bissexualidade, pansexualidade, asexualidade
etc.
Quando há uma correspondência entre órgão sexual biológico e o gênero que
a pessoa foi designada ao nascer, chamamos de cisgeneridade. Essa é outra fa-
se da diversidade sexual, porque temos as transgeneridades que são produzidas
no processo de construção social, afetiva, de existência e expressão da sexuali-
dade dos sujeitos, configurada nas diversas identidades de gênero, mulheres
transexuais, travestis, homens transexuais, não-binários etc.
Essa é outra fase da diversidade sexual, porque temos as transgeneridades
que são produzidas no processo de construção social, afetiva, de existência e
expressão da sexualidade dos sujeitos, configurada nas diversas identidades
de gênero, mulheres transexuais, travestis, homens transexuais, não-binários
etc.
A figura abaixo, de forma didático-pedagógica, apresenta essas noções a
partir do desenho de um corpo humano, que apesar de reduzir todo um acer-
vo da produção de conhecimento acumulado no campo dos estudos das rela-
ções de gênero e sexualidade, oferece a noção para as pessoas que tem inte-
resse ou são leigas nessas temáticas de sexo, gênero, sexualidade, orienta-
ção sexual, identidade de gênero e expressões da sexualidade.
Portanto, ser lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual, não-binário, inter-
sexo etc não é estranho, são pessoas que se constituem com suas diferenças
no universo da humanidade, que apresentam diversas formas de expressão
de gênero, de orientação sexual, de identidade de gênero, de desejo sexual
que não correspondem a uma lógica, modelo e norma dominantes sobre e
para os corpos, como é a normatização da moral sexual através dos tempos.
Desta forma, no esquema sexo=gênero=orientação sexual=identidade de gê-
nero que comõem a expressão da sexualidade, teremos nessa equação:

órgão sexual macho=masculino=heterossexual=homem cisgênero,


ativo, forte, viril etc.

Nessa forma binária, ou seja, so há duas possibilidades do ser humano viver


seus desejos e sexualidades, temos do outro lado, na mesma equação, o se-
guinte:

órgão sexual fêmea=feminino-heterosesexual=mulher cisgênero, pas-


siva, fraca, bela etc.

Portanto, as construções sociais dos gêneros e das sexualidades que não


correspondem a essa equação hegemônica acima, que tem por base a biolo-
gia e a moral sexual dominante, são consideradas desviantes, anormais e dis-
sidentes.
Mas, cabe ressaltar, que no fundo, estranho e diferente mesmo é a LGBTQI-
fobia – aversão e ódio por pessoas LGBTQI+, e por isso os preconceitos e dis-
criminações, sejam pessoas ou grupos, que mesmo com acesso às informa-
ções, reproduzem discursos de ódio e de intolerância a todas as pessoas que
não são iguais a elas. Portanto, nós, do CeR-LGBTQI+ da UFJF, defendemos a
garantia de direitos humanos a todas as pessoas LGBTQI+, porque essas são
violadas em seus direitos básicos e civilizatórios da humanidade, sofrem di-
versos tipos de violência e são assassinadas.

Essa Cartilha pretende contribuir para a cidadania


de LGBTQI+ na cidade de Juiz de Fora
GLOSSÁRIO
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Identidades de Gênero:
Cisgênero: toda pessoa que se identifica com o gênero e sexo que lhe foi atri-
buído no momento do nascimento de acordo com a sua genitália.
Transgênero/Transexual: toda pessoa que não se identifica com o gênero que
lhe foi atribuído no momento do nascimento de acordo com a sua genitália.
- Homem Trans: indivíduo que foi atribuído o sexo e gênero feminino no momen-
to do nascimento, mas que se identifica com uma identidade de gênero masculina.
- Mulher Trans: indivíduo que foi atribuído o sexo e gênero masculino no mo-
mento do nascimento, mas que se identifica com uma identidade de gênero femini-
na.
Travesti: Identidade de gênero feminina construída na América Latina, hoje em
dia utilizada principalmente de modo político, para reverter o processo estigmati-
zante e marginalizador que a palavra recebeu ao longo do tempo. Toda travesti é
uma pessoa trangênera, as travestis não necessariamente se identificam como
mulheres, mas toda travesti reinvidica para si o feminino. Vale dizer que travesti é
uma identidade, portanto você não pode se dizer "um pouco" travesti ou "às vezes
sou" travesti porque não é uma questão de estar mas de ser. Pode ser utilizada no
neologismo "transvestigêneres" usado pela ativista Indianare Siqueira que melhor
explica tal identidade e a torna inclusiva a todas as pessoas trangêneras que não
se sentem confortável com o termo importado do exterior.
Não binarie: é o termo usado para definir as identidades de gênero que
não se encaixam na definição de homem e mulher. Existem inúmeras identi-
dades dentro da não binariedade, veja alguns exemplos para entender me-
lhor:
- Gênero fluído: pessoas que fluem entre duas ou mais identidades de gê-
nero.
- Agênero: identidade usada para definir a ausência de gênero em um indi-
víduo.
- Homem não-binário: pessoas cuja identidade está mais voltada para o
masculino, porém não inteiramente.
- Mulher não-binária: pessoa cuja identidade está mais voltada para o fe-
minino, porém não inteiramente.

A hormonização, assim como a alteração do nome e as intervenções


cirúrgicas conhecidas como parte do processo transexualizador não
são passos obrigatórios da transição, mas sim escolhas que variam de
indivíduo para indivíduo de acordo com as suas necessidades e vonta-
des. Escolher não fazer alguma dessas três coisas não torna ninguém
mais ou menos trans!
Orientações Sexuais:
Homossexual: indivíduo que sente atração por pessoas do mesmo gênero,
conhecido quando entre homens, como gay e quando entre mulheres, como
lésbica.
Heterossexual: indivíduo que sente atração por pessoas do gênero opos-
to.
Bissexual: indivíduo que sente atração por pessoas não só do mesmo gê-
nero como de outros gêneros também. É importante destacar que a bissexu-
alidade não é binarista (não vê apenas homem e mulher).
Pansexual: indivíduo que sente atração por pessoas de diversos gêneros,
independente de qual este seja.
O que difere a bissexualidade da pansexualidade são os contextos
nos quais as duas surgiram e suas histórias. Ambas são orientações
sexuais válidas e devem ser respeitadas.

Assexual: termo usado para definir as pessoas que não se encaixam no


padrão normativo de atração sexual definido pela sociedade (alosexualidade).
A assexualidade é um espectro que contém várias sexualidades como:
- Assexual restrite: pessoa que não sente atração sexual em momento al-
gum independente de gênero e circunstância.
- Demisexual: corresponde a indivíduos que podem vir a sentir atração se-
xual apenas quando criam um vínculo afetivo/emocional com uma pessoa
(não necessariamente romântico).
Graysexual: pessoas que sentem atração sexual dependendo da circuns-
tância.
Existem várias outras sexualidades dentro do espectro assexual, que
não pode ser caracterizado apenas pela ausência de atração sexual.
Além disso, assexualidade não é sinônimo de ausência de libido

Queer: é uma definição importada que agrega a todos aqueles que diver-
gem de alguma forma da cisheteronormatividade.

Linguagem Neutra: é uma forma criada para se referir a pessoas sem de-
terminar um gênero específico para que se pudesse sair das definições biná-
rias de gênero da linguagem (ela/ele) e fazer a inclusão de pessoas não-
binárias.
Usam-se então os pronomes elu/delu. Para se definir gênero em substan-
tivos e adjetivos usa-se "e" ao final, substituindo o "a" ou "o". Por exemplo:
Elu é muito carinhose.
A blusa delu é bonita.

A linguagem neutra não foi aderida oficialmente pela gramática da


língua portuguesa, no entanto, é importante lembrar que a norma culta
não consegue abranger todas as necessidades da língua. Os diálogos
são constantemente renovados ao longo dos anos e precisam se adap-
tar às demandas da sociedade.
DATAS IMPORTANTES
GÊNERO, SEXUALIDADE E RAÇA

As datas nacionais e internacionais visam ressaltar as conquis-


tas da comunidade LGBTQI+ e dos movimentos sociais em defesa dos
Direitos Humanos provenientes de lutas importantes travadas no
passado e/ou que ainda estão presentes nos dias de hoje. É neces-
sário que as diversas instituições utilizem desses momentos para
explicitar e defender as demandas dos segmentos marginalizados,
entretanto, possibilitar as ações de visibilidade desse grupo e a ga-
rantia de seus direitos é um compromisso diário, não devendo se
restringir a datas pontuais.
JANEIRO
29 Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais
FEVEREIRO
07 Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas
24 Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil
MARÇO
08 Dia Internacional da Mulher
21 Dia Internacional Contra a Discriminação Racial
31 Dia Internacional da Visibilidade Trans
ABRIL
30 Dia Nacional da Mulher
MAIO
01 Dia do/a Trabalhador/a
13 Dia Nacional da Luta contra o Racismo
15 Dia do/a Assistente Social
17 Dia Internacional contra a LGBTfobia
18 Dia Nacional da Luta Antimanicomial
24 Dia Nacional do Cigano
JUNHO
21 Dia de Luta por uma Educação não-sexista e sem discri-

28 Dia Mundial do Orgulho LGBTQI+


JULHO
14 Dia Internacional das Pessoas Não Binárias
16 Dia Internacional das Drag Queens
25 Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Ca-
ribenha
25 Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra
30 Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas
AGOSTO
07 Lei Maria da Penha
12 Dia Internacional da Juventude
19 Dia Nacional do Orgulho Lésbico
19 Dia Nacional de Luta da População de Rua
29 Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
SETEMBRO

06 Dia Internacional de Ação pela Igualdade da Mulher


23 Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico
de Mulheres e Crianças
23 Dia da Celebração Bissexual
OUTUBRO
10 Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher
26 Dia da Visibilidade Intersexual
ULTIMA SEMANA Semana da Visibilidade Assexual
NOVEMBRO

08 Dia da Solidariedade Intersexual

16 Dia Internacional da Tolerância

20 Dia Nacional da Consciência Negra / Início da Campanha


16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulhe-
res no Brasil.

25 Dia Internacional da Não-Violência (ou para Eliminação)


contra a Mulher

DEZEMBRO

01 Dia Internacional de Combate à AIDS

08 Dia da Pansexualidade

09 Aniversário da Criação do Conselho Nacional de Combate


à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT
(O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Pro-
moção dos Direitos LGBT foi extinto no governo Bolsonaro
e o atual não possui representação dentro da comunidade
LGBTQI+. )

10 Dia Internacional dos Direitos Humanos / Encerramento


da Campanha dos Dezesseis Dias de Ativismo
DIREITOS
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Segundo a Constituição Federal de 1988, são direitos sociais de todes “a


educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados [...]”. Somado a isso, constitui como um dos
objetivos centrais da República a promoção do bem de todas as pessoas, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação. Desse modo, o Estado brasileiro tem o dever de garantir a to-
das, todos e todes tais direitos constitucionalmente estabelecidos. Todavia, a
conjuntura brasileira se demonstra extremamente discriminatória e precon-
ceituosa, tendo-se na realidade a privação de garantias e a violência enfren-
tada pela população LGBTQI+.
Nesse sentido, tendo como base a responsabilidade do Estado e de suas
instituições em proporcionar direitos igualitários e garantir a equidade na so-
ciedade, apresentamos os principais direitos conquistados pela comunidade
LGBTQI+ e legislações estaduais e municipais em busca de que sua efetividade
plena seja alcançada.
SAÚDE
——————————————————-
Todas as pessoas devem ter seu direito à saúde - esta entendida como
um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como
a ausência de doença ou de enfermidade (Organização Mundial da Saúde,
1946, p.1) - respeitado e protegido. Desse modo, coloca-se como obrigação
governamental garantir o acesso a todos os serviços e bens de saúde de
forma não discriminatória, não negligenciando as necessidades específicas
de grupos vulneráveis ou marginalizados.
Na Carta Magna, no Art. 196, a saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (Constituição
Federal, 1988).
Apesar disso, a população LGBTQI+ enfrenta uma variedade de impedimen-
tos ao exercer seu direito à saúde, sofrendo discriminações e violações re-
correntes. Há mais de 30 anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reti-
rava a patologização da homossexualidade da Classificação Estatística Inter-
nacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) e mais recen-
temente, em junho de 2018, da mesma forma, retirou a transexualidade do rol
de doenças mentais na sua mais nova edição, a CID-11.
Ademais, desde 2009, através da Portaria GM/MS nº 1.820, do Ministério
da Saúde, tem-se o direito garantido ao uso do nome social no Sistema Único
de Saúde (SUS). Sendo possível, a partir de 2013, solicitar seu cartão do SUS
apenas com o nome social.
IMPORTANTE! Caso tenha problemas para obter seu Cartão Nacio-
nal de Saúde (CNS) apenas com o seu nome social, apresente a Nota
Técnica nº 18/2014 e a Portaria nº 1820/2009 do Ministério da Saú-
de.
Também relacionado as garantias da comunidade trans, há a im-
plementação do processo transexualizador na esfera do SUS, medi-
ante as Portarias GM/MS nº 1.707 e nº 457, de 2008, substituída pela
de nº 2.803, de 2013. Mediante esse serviço é possível garantir o
atendimento integral de saúde as pessoas trans, abrangendo o aces-
so a um serviço básico de saúde sem preconceito e discriminação, o
acompanhamento e acolhimento de usuáries, a disponibilidade de
hormonioterapia e a realização de procedimentos cirúrgicos. O pro-
cesso transexualizador é essencial para assegurar a dignidade e os
direitos humanos das pessoas trans que desejam ter acesso ao pro-
cedimento e, por isso, deve ser garantido e mantido pelos serviços de
saúde.

ATENÇÃO! Nem todas as pessoas trans desejam realizar pro-


cedimentos como tratamentos hormonais ou intervenções ci-
rúrgicas. Esses processos NÃO devem ser considerados um re-
quisito para o reconhecimento e respeito de sua identidade de
gênero, estes devem ser garantidos independentemente de
quaisquer circunstâncias.
Além disso, recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF), no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5535/DF,
decidiu que a determinação preconceituosa que restringia a doação
de sangue por gays, homens que tem relações com homens (HSH),
bissexuais, travestis e mulheres trans presente nas normas do Minis-
tério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
é inconstitucional. A medida agora revogada, reforçava não só ideias
discriminatórias como também um tratamento não igualitário, tendo
a decisão uma importância histórica com base nos mais de 20 anos
de luta da comunidade pela suspensão de tal restrição.
Como um ganho também importante para os direitos sexuais e re-
produtivos da comunidade LGBTQI+, coloca-se a regulação do proces-
so de reprodução assistida. A partir do provimento n° 52/2016 do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), é regulado a possibilidade de re-
gistro dos filhos gerados através de técnicas de reprodução assisti-
da por casais héteros e homoafetivos.
Nesse sentido, é necessário que haja o conhecimento e a orienta-
ção de todas as pessoas que trabalham no âmbito da saúde a fim de
que não haja violações das garantias conquistadas pela comunidade
LGBTQI+ e, principalmente, pela comunidade trans, lutando contra às
barreiras impostas ao acesso integral e de qualidade aos cuidados de
saúde, à violência e à estigmatização social ainda presentes em nos-
so cotidiano.
Algumas normas relevantes sobre o tema da saúde LGBTQI+ são:
> Portaria GM/MS nº 2.836, de 1º de dezembro de 2011, institui, no âmbito do Siste-
ma Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/
prt2836_01_12_2011.html#:~:text=PORTARIA%20N%C2%BA%202.836%2C%20DE%
201%C2%BA,Nacional%20de%20Sa%C3%BAde%20Integral%20LGBT).&text=como%
20sistema%20universal%2C%20integral%20e%20equitativo.

> Portaria GM/MS nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, sobre o uso do nome social no
cartão de saúde do SUS. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2009/prt1820_13_08_2009.html

> Nota Técnica nº 18/2014 sobre a impressão do Cartão Nacional de Saúde apenas
com o Nome Social. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/
pdf/2014/setembro/24/NOTA-TECNICA-NOME-SOCIAL-18-2014.pdf

> Portaria GM/MS nº 2.803, de 19 de novembro de 2013, que redefine e amplia o


Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS). Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013.html

> Nota técnica do CFP sobre o Processo Transexualizador e demais formas de as-
sistência às pessoas trans. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/
uploads/2013/09/Nota-t%C3%A9cnica-processo-Trans.pdf

> Resolução CFP n° 001, de 22 de março de 1999, que estabelece normas de atuação
para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual. Disponível em: http://
site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf

> Provimento CNJ nº 52, de 14 de março de 2016. Dispõe sobre o registro de nasci-
mento e emissão da respectiva certidão dos filhos havidos por reprodução
assistida. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/
arquivo/2016/03/6bd953c10912313a24633f1a1e6535e1.pdf.
SUICÍDIO E POPULAÇÃO LGBTQI+
——————————————————-
Os números de tentativa de suicídio e o próprio suicídio consumado tem
crescido cada vez mais. Entretanto a chance de um LGBTQI+ cometer um sui-
cídio é cinco vezes maior que a de um heterossexual, principalmente, se con-
siderarmos as diversas formas de preconceito, violência e violação de direi-
tos que a comunidade vive cotidianamente.
Contudo, mesmo diante de dados, que mostram radicalmente a dificuldade
de acesso da comunidade LGBTQI+ ao sistema de saúde, em particular, pela
falta de preparo da rede e do estigma vivenciado pelos sujeitos LGBTQI+, ain-
da não se tem nenhuma política pública direcionada diretamente a atender a
essa demanda da comunidade.
O que se tem em relação ao número crescente de suicídios é a Lei nº
13.819/2019, que instituí a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e
do Suicídio, com o intuito de promover a saúde mental e reduzir o número
das automutilações, tentativas e suicídios, mas como já dito anteriormente,
sem nenhum enfoque na comunidade que mais sofre com a questão a au-
to violação.

No que tange a legislação:


> Lei n° 13.819, de 26 de abril de 2019. Dispõe sobre a Política Nacional de
Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13819.htm
NOME E IDENTIDADE DE GÊNERO
——————————————————-
O direito ao reconhecimento do prenome e da identidade de gênero no re-
gistro civil, mesmo sem a necessidade da cirurgia de transgenitalização é
garantido pela Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.275/2009,
ajuizada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e votada pelo STF, no dia
01 de março de 2018, quando todos os ministros reconheceram esse direito e
entenderam de não ser necessário a autorização judicial nem laudos médicos
e psicológicos.
Inúmeras leis estaduais e municipais reconhecem às pessoas transgêne-
ros o direito ao uso do nome social. Na Administração Federal, tal direito é
assegurado pelo Decreto Presidencial nº 8.727, de 28 de abril de 2016.
Recentemente, a Receita Federal expediu a Instrução Normativa nº 1718, de
18 de julho de 2017, autorizando a inclusão do nome social no CPF do(a) con-
tribuinte transexual ou travesti.
Além da Resolução CNJ n° 270, de 11 de dezembro de 2018, que adere o uso
do nome social no sistema de justiça brasileiro.
Confira:
> Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4275/ 2009. Dispõe sobre o di-
reito do reconhecimento do prenome e da identidade de gênero no registro
civil. Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/
anexo/ADI4.275VotoEF.pdf
> Decreto Presidencial nº 8.727, de 28 de abril de 2016. Dispõe sobre o di-
reito ao uso do nome social. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/
l egin/f ed /d ecret/2016/d ecreto -8727-28-abril -2016-782951-
publicacaooriginal-150197-pe.html#:~:text=Veja%20tamb%C3%A9m%3A-
,DECRETO%20N%C2%BA%208.727%2C%20DE%2028%20DE%20ABRIL%
20DE%202016,federal%20direta%2C%20aut%C3%A1rquica%20e%
20fundacional.

> Instrução Normativa nº 1.718, de 18 de julho de 2017. Dispõe sobre a inclu-


são do nome social no CPF do (a) contribuinte transexual ou travesti. Disponí-
vel em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?
visao=anotado&idAto=84588#:~:text=IN%20RFB%20N%C2%BA%201718%
20%2D%202017&text=Altera%20a%20Instru%C3%A7%C3%A3o%
20N or m ati v a% 20RF B, d e% 20 P es s o as %20 F% C 3% ADs i c as %20
(CPF).&text=III%20%2D%20para%20inclus%C3%A3o%20ou%20exclus%
C3%A3o,de%20pessoa%20travesti%20ou%20transexual.

> Resolução CNJ n° 270, de 11 de dezembro de 2018. Dispõe sobre a adesão


do nome social no sistema judiciário brasileiro. Disponível em: https://
atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/2779
CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL
——————————————————-
A possibilidade de união estável entre duas pessoas de mesmo gênero
passa a ser reconhecida pelo STF na arguição de preceito fundamental 132/
RJ. A partir da Resolução CNJ nº 175 de 2013, é estabelecido para os cartó-
rios a obrigatoriedade de realizarem casamentos homoafetivos e ainda a uni-
ão homoafetiva passa a ser reconhecida como núcleo familiar.
Desta forma, qualquer pessoa capaz pode estabelecer união estável ou
casamento com outra, independente de orientação sexual ou identidade de
gênero, bastando somente procurar um tabelionato para contrato de união
estável ou o cartório de registro civil mais próximo para casamentos.
Para consulta, seguem:
> Preceito fundamental 132/RJ. Dispõe sobre a possibilidade de união es-
tável entre pessoas do mesmo sexo. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/
p a g i n a d o r p u b / p a g i n a d o r . j s p ?
docTP=AC&docID=628633&fb_source=message

> Resolução CNJ nº 175, de 14 de maio de 2013. Dispõe sobre a obrigatorie-


dade dos cartórios de realizarem casamentos homoafetivos. Disponível
em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/1754
ADOÇÃO
——————————————————-

Em relação a adoção a lei civil não estabelece nenhuma discriminação a


respeito da orientação sexual ou da identidade de gênero do(s) adotante(s).
Assim, tanto solteiros como casais homossexuais podem adotar.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069, de 13
de junho de 1990, em seu art. 42, “podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
anos, independentemente do estado civil”. No § 2º, para adoção conjunta, é
indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham uni-
ão estável, comprovada a estabilidade da família.
Confere:
> Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA). Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
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Em junho de 2019, o STF determinou que a discriminação por orientação
sexual e identidade de gênero passasse a ser considerada crime, tendo em
vista a morosidade e conservadorismo do Parlamento brasileiro, quando a
não se ter nenhuma lei específica que trate da LGBTIfobia. Apesar de tal con-
texto de inexistência, todos os indivíduos possuem direito a terem sua vida,
sua integridade física, sua honra e liberdade protegidas. Dessa forma, quais-
quer formas de violência contra os sujeitos LGBTQI+ devem ser combatidas,
uma vez que os direitos fundamentais da pessoa humana e de todos os cida-
dãos brasileiros, incluindo a população LGBTQI+, estão resguardados consti-
tucionalmente (CF, 1988):
“Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Bra-
sil:
IV- Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a invio-
labilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie-
dade, nos termos seguintes:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou de-
gradante”. (Constituição Federal de 1988).

A ausência de uma legislação específica que proteja a população LGBTQI+


reflete-se nos números crescentes de preconceito, agressões físicas, ver-
bais e várias discriminações, culminando nos crimes contra a vida. O Brasil,
segundo Relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), de 2019, é o campeão mundi-
al de crimes contra LGBTQI+. Mais especificamente, uma pessoa LGBT+ é
morta ou se suicida a cada 16 horas, no país, vítima da LGBTfobia. Além disso,
é o país que mais mata pessoas trans no mundo segundo relatório de 2019 da
Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA) e dados
da Transgender Europe (TGEU). Retratando, através de tais estatísticas, a
inefetividade das legislações vigentes e a necessidade de novas medidas pa-
ra a proteção da comunidade.
Frente a essa realidade de violações, foi possível atingir certos avanços.
Em 2014, a Comissão de Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) publicou uma Nota Técnica que dá parecer in-
dicativo da aplicabilidade da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) às situ-
ações de violência doméstica e familiar, sofridas por pesso-
as transfemininas e travestis.
Mas, foi apenas no ano de 2016, que a Lei nº 11.340/2006, que completava
10 anos, tornou-se mais inclusiva a partir de recomendação aprovada pelo
Conselho Nacional dos Procuradores Gerais (CNPG) para que todas as pro-
motorias brasileiras passassem a aplicar suas regras a mulheres trans e
travestis vítimas de violência doméstica. Além disso, a Lei Maria da Penha
também pode ser aplicada para relações homoafetivas, contemplando mulhe-
res lésbicas e bissexuais e casais gays e podendo ser aplicada a quaisquer
relações íntimas de afeto, ainda que eventuais e/ou efêmeras.

ATENÇÃO!
Em caso de agressão, como fazer uma denúncia formal ou
anônima?
Caso deseje, a denúncia poderá ser feita em qualquer delega-
cia mais próxima de sua casa. Em Minas Gerais, apenas Belo Ho-
rizonte possui um Núcleo de Atendimento e Cidadania à Popula-
ção LGBT (NAC-LGBT). Como em Juiz de Fora não existem dele-
gacias especializadas em crimes de LGBTIfobia, as denúncias po-
dem ser feitas pelo 190 (número da Polícia Militar), pelo Dis-
que 100 (Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Hu-
manos), na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher
(DEAM) e em delegacias comuns. A ocorrência também pode ser
registrada de modo virtual pelo site da Polícia Civil do seu esta-
do.
Legislação e jurisprudências relacionadas:
> Enunciados da COPEVID-GNDH-CNPG (Comissão Permanente de Combate
à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, integrante do Grupo Nacio-
nal de Direitos Humanos, criado pelo Conselho Nacional de Procuradores Ge-
rais):

> nº 21 (003/2015): “A Lei Maria da Penha se aplica a quaisquer relações


íntimas de afeto, ainda que eventuais e/ou efêmeras”. Disponível em: http://
www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Nucleo_de_Genero/COPEVID/
Enunciados/2015%20-%20COPEVID%20-%20Enunciados%20(atualizado%
20ate%20outubro%20de%202015).pdf

> nº 30 (001/2016): “A Lei Maria da Penha pode ser aplicada a mulheres


transexuais e/ou travestis, independentemente de cirurgia de transgenitali-
zação, alteração do nome ou sexo no documento civil”. Disponível
em: https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/39/LGBTI/
Enunciados%20GNDH%20-%20CNPG.pdf

> Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006): Cria mecanismos para coibir a vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226
da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as For-
mas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/
leil11340.htm
> Nota Técnica da Comissão de Diversidade Sexual do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre a aplicabilidade da Lei Maria da
Penha à Violência doméstica contra transexuais e traves-
tis. Dispon´vel em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2014/08/03
-Nota-t%C3%A9ncica-Maria-da-Penha-para-trans-1.pdf

> RESOLUÇÃO Nº 11/2014 do Conselho Nacional de Combate à Discrimina-


ção e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Tran-
sexuais da Secretaria de Direitos Humanos (CNCD/LGBT): Estabelece os pa-
râmetros para a inclusão dos itens “orientação sexual”, “identidade de gêne-
ro” e “nome social” nos boletins de ocorrência emitidos pelas autoridades
policiais no Brasil. Disponível em: http://www.sesp.mt.gov.br/
documents/4713378/11927966/Resolucao-11-CNCD_LGBT.pdf
DIREITOS SUCESSÓRIOS
——————————————————-

Segundo o art.1.829 do Código Civil, garante-se que o cônjuge sobrevivente


ou a pessoa que vive em união estável tenha o direito a herança independen-
te da relação ser heterossexual ou homossexual.
A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 4.277/2011, declarou in-
constitucional o art. 1.723 do Código Civil e qualquer entendimento do mesmo
que impeça o reconhecimento da união entre pessoas do mesmo gênero co-
mo entidade familiar.

As bases são:
> Código Civil Brasileiro, de 10 de janeiro de 2002. Em seu artigo 1.829 Dis-
põe sobre a sucessão de bens. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm

> Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 4.277 de 2011. Dispõe sobre a in-


constitucionalidade do art. 1.723 do Código Civil. Disponível em: http://
redir.stf.jus.br/paginadorpub/ .jsp?docTP=AC&docID=628635
DIREITO AO TRABALHO
——————————————————-
São muitos os estigmas vivenciados pela população LGBTQI+, que afeta di-
retamente o acesso e as condições de trabalho desta comunidade, principal-
mente, pessoas transexuais ou travestis. Diante de muitas barreiras enfren-
tadas e direitos renegados, a comunidade convive ainda com a falta de aces-
so e permanência no mercado de trabalho, deixando LGBTQI+ ainda mais a
mercê das diversas vulnerabilidades sociais.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) institui a Convenção n° 111,
que trata sobre a discriminação em emprego e profissão, em particular, para
a população LGBT. Em 2010, institui a Convenção n° 200, sobre o HIV/AIDS e o
mundo do trabalho. Tendo em vista os sérios impactos sociais do HIV/Aids na
economia e no mundo do trabalho, tanto em setores formais como informais,
nos trabalhadores, suas famílias e dependentes, mas afetando principalmen-
te as populações mais vulneráveis, como é o caso da comunidade LGBTQI+.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e seus parceiros no Brasil lança-
ram em 2014 o manual “Construindo a igualdade de oportunidades no mundo
do trabalho: combatendo a homo-lesbo-transfobia", a qual tem como objetivo
oferecer diretrizes que garantam as condições básicas de direitos humanos
para a comunidade LGBT no que tange o mercado de trabalho.
O manual em sua introdução diz:
“Um trabalho decente é direito de todos os trabalhadores e trabalhado-
ras, bem como daqueles ou daquelas que estão em busca de trabalho,
representando a garantia de uma atividade laboral em condições de li-
berdade, equidade, segurança e dignidade humana”.
Em 2015, a Organização dos Estados Americanos (OEA), através da Comis-
são Interamericana de Diretos Humanos (CIDH), publica o Documento 36/15
que trata da violência contra LGBTQI+ nas Américas, observando as formas
de preconceito e discriminação que os mesmos sofrem. Desta forma tratan-
do também das questões que tangem o acesso e condições de trabalho.

Confere:
> Convenção n° 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 25
de junho 1958. Dispõe sobre Discriminação em emprego e profissão. Disponí-
vel em: http://www.nepp-dh.ufrj.br/onu10-7.html
> Convenção n° 200 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 02
de junho de 2010. Dispõe sobre o HIV e a AIDS e o mundo do trabalho. Disponí-
vel em: https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_242768/lang--pt/
index.htm
> Manual sobre direitos LGBT no mundo do trabalho da Organização das
Nações Unidas (ONU), de 30 de setembro de 2014. Dispõe sobre as condições
de trabalho da comunidade LGBT. Disponível em: http://www.ilo.org/
wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---ilo-brasilia/documents/
publication/wcms_421256.pdf
> Documento 36/15 da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 12
de novembro de 2015. Dispõe sobre violência contra LGBTI nas Américas. Dis-
ponível em: http://www.oas.org/pt/cidh/docs/pdf/
ViolenciaPessoasLGBTI.pdf
EDUCAÇÃO
——————————————————-
O direito à educação também deve ser garantido a todas as pessoas. En-
tretanto, o que se tem acerca do âmbito escolar, quando relacionado às pes-
soas LGBTQI+, é uma realidade violadora de direitos, na qual vários grupos
são marginalizados e negligenciados.

Art. 205 da Constituição Federal afirma que a educação, direito de todos e


dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colabora-
ção da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
e para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho
(Constituição Federal, 1988).

Em âmbito escolar, é comum a ocorrência do bullying LGBTfóbico e de ou-


tras práticas discriminatórias. Quaisquer formas de violência e discrimina-
ção nesses espaços se tornam um obstáculo ao direito fundamental de crian-
ças e adolescentes à uma educação de qualidade. Por isso, a violência nas
escolas e em outros espaços educativos é um problema mundial visto que
estudantes que não se conformam aos estereótipos hegemônicos de gênero
e sexualidade, principalmente, LGBTQI+, são significativamente mais vulnerá-
veis à violência.
O Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, pela Organi-
zação das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (UNESCO) e
o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
(ACNUDH) já se posicionaram em prol do combate ao bullying e à violência
contra estudantes LGBTQI+, convocando os governos a melhorarem suas
ações de enfrentamento a essas práticas danosas e condenáveis. Nesse sen-
tido essa também é o enunciado da COPEDUC-GNDH-CNPG (Comissão Perma-
nente de Educação do Grupo Nacional de Direitos Humanos, criado pelo Con-
selho Nacional de Procuradores Gerais):
Nº 39 (10/2016): “Cabe ao Ministério Público adotar medidas que visem
garantir a igualdade efetiva de acesso e permanência na escola por parte de
todos e todas, nos termos do artigo 206, I, da Constituição Federal, incluindo-
se no projeto político-pedagógico - PPP e regimento escolar, de todos os ní-
veis de ensino, conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gê-
nero, de raça ou etnia, de enfrentamento à homofobia, transfobia e ao pro-
blema da violência doméstica e familiar contra a mulher.”
Essas violações ao direito pleno à educação não se restringem às rela-
ções interpessoais, estando também presentes nas institucionais e podendo
ser perpetradas por estudantes, por profissionais da escola ou por gestores
educacionais. Exemplo frequente disso é o fato das instituições escolares e
seus profissionais não respeitarem o desejo de seus alunos pelo uso do nome
social, negarem o direito ao uso do banheiro por estudantes trans e reprimi-
rem aqueles que desviam dos padrões cisheteronormativos - com advertên-
cias, suspensões, violações da intimidade dos estudantes, expulsão de alunes,
entre outros.
Desse modo, a violência LGBTfóbica inclui violência física, sexual, simbólica
e psicológica, mas também o bullying. Assim como outras formas de violência
relacionadas aos ambientes educativos, ela pode ocorrer nas salas de aula,
nos intervalos, nos banheiros e vestiários, nos trajetos de ida e volta da es-
cola e também online. Em certos casos, ela pode atingir, ainda, pessoas que
trabalham na escola, particularmente, professores e professoras.
Tal situação além de influenciar na saúde mental e no processo educacio-
nal de pessoas LGBTQI+ também motiva um índice alto de evasão escolar de-
vido a violência e a discriminação a que estão sujeitas, tendo um impacto ne-
gativo significativo na educação de estudantes e em suas perspectivas de
empregabilidade, assim como em sua saúde e seu bem-estar.
Dentro desse contexto, é imprescindível conhecer e lutar por nossos di-
reitos. A partir da Portaria MEC nº 33/2018, editada pelo Ministério da Edu-
cação, foi regulamentado o uso do nome social nos registros escolares da
educação básica de todo o Brasil - que inclui a educação infantil, o ensino
fundamental e o ensino médio. O nome social é o nome com que as pessoas
trans e travestis se apresentam, são reconhecidas socialmente e pelo
qual desejam ser chamadas, independentemente do que está em seu registro
civil. Pessoas trans podem gozar desse direito mediante solicitação, no mo-
mento da matrícula ou a qualquer outro momento. Caso sejam menores de
idade, é necessário anuência dos pais ou representantes legais.
Instituições de ensino superior públicas também têm adotado políticas
próprias acerca do uso de nome social. Com a adoção do Decreto nº 8.727,
de 28 de abril de 2016, o uso do nome social e o reconhecimento da identida-
de de gênero de pessoas travestis e transexuais foi normatizado nacional-
mente no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e funda-
cional.
Desse modo, o nome social deve ser respeitado em todos os lugares, in-
clusive nas instituições escolares, e assim também se coloca o respeito ao
direito ao uso do banheiro segundo a identidade de gênero da pessoa. O uso
do banheiro de acordo com a identidade de gênero da pessoa trans é de su-
ma importância para garantir o respeito, a dignidade e seus direitos funda-
mentais.

Legislação relacionada:
> Portaria nº 33, de 17 de janeiro de 2018. Homologa o Parecer CNE/CP nº
14/2017, definindo o uso do nome social de travestis e transexuais nos regis-
tros escolares da Educação Básica do país. Disponível em: https://
www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/
id/1932471/do1-2018-01-18-portaria-no-33-de-17-de-janeiro-de-2018-
1932467
> Parecer CNE/CP nº 14/2017 do Conselho Nacional de Educação. Propõe
normatização nacional sobre o uso do nome social na educação básica. Dis-
ponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?
opti on=com_d ocman&vi ew =d ow nload &ali as =72921 -pcp014-17-
pdf&category_slug=setembro-2017-pdf&Itemid=30192
> Decreto nº 8.727 de 28 de abril de 2016. Dispõe sobre o uso do nome so-
cial e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e tran-
sexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fun-
dacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2016/decreto/d8727.htm
PERSPECTIVAS ESTADUAL E MUNICIPAL
——————————————————-

Nesse cenário de desassistência da população LGBTqi+, no âmbito


do Estado de Minas Gerais, observa-se a escassa legislação específica que
aborda sobre o tema. Desse modo, existe apenas a Lei Estadual nº
14.170/2002, que determina a imposição de sanções a pessoa jurídica por ato
discriminatório praticado contra pessoa em virtude de sua orientação sexual,
não sendo aplicável às pessoas físicas. Segundo a lei, caso o proprietário, di-
rigente, preposto ou empregado de um estabelecimento, durante o exercício
da atividade profissional, discrimine ou atente contra os direitos de uma pes-
soa por meio de atos homofóbicos, será aplicada sanções como advertência,
multa, suspensão do funcionamento do estabelecimento, interdição
do estabelecimento, entre outras.
No contexto municipal de Juiz de Fora, há apenas uma ferramenta jurídica
acerca dos direitos da população LGBT. A Lei nº 9.791, de 12 de maio de 2000,
também conhecida como “Lei Rosa”, que estabelece a ação do Município no
combate a “toda e qualquer manifestação atentatória ou discriminatória pra-
ticada contra qualquer cidadão homossexual (masculino ou feminino), bisse-
xual ou transgênero” (Juiz de Fora, 2000) deverá ser punida. Assim, confor-
me o Art. 3° e Art. 11° da referida lei, essa é aplicada a todos os cidadãos, in-
clusive aqueles que possuem função pública, civil ou militar, e a qualquer or-
ganização social ou empresa, pública ou privada, localizada no município.
Aqueles que praticarem qualquer ato que viole os direitos e as garantias
fundamentais de sujeitos LGBTQI+ será aplicada advertência, multas e sus-
pensão e cassação do alvará de licença e funcionamento no caso de estabe-
lecimentos.
Além de abordar sobre as penalidades e o processo que deve ser adotado
em caso de denúncia de violações, a referida lei, em seu Art. 14°, prevê a cri-
ação de um Centro de Referência para a Defesa e Valorização da Auto-
Estima e Capacitação Profissional do Cidadão LGBTQI+. No entanto, a deter-
minação NÃO foi efetivada pela Prefeitura de Juiz de Fora ou qualquer
outro órgão público, representando um negligenciamento e descaso do po-
der público diante da população LGBTQI+ juiz-forana e de sua vulnerabilidade
às violências e violações constantes. Por fim, também é definido que tal lei
deveria, obrigatoriamente, ser distribuída pelo município e ser mantida em
locais de fácil leitura pelos estabelecimentos da cidade, entretanto isso nun-
ca ocorreu.
Atualmente, entre os quase inexistentes serviços ofertados, Juiz de Fora
possui na esfera pública, como parte do processo transexualizador, o atendi-
mento e acompanhamento hormonal no atual ambulatório trans em funciona-
mento no Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente (DSCA). A mé-
dica responsável pelas consultas e acompanhamento é a Dra Cláudia Bueno,
que vem trabalhando na rede pública com hormonização para a população
trans já a mais de 3 anos. O local conta também com a presença de uma as-
sistente social para conversar e acolher aqueles que desejam consultar. O
DSCA se localiza na R. São Sebastião, número 772 – Centro e o número para
contato é (32)3690-7144.
Também ocorre no Hospital Universitário (HU) da UFJF a implementação
do processo transexualizador em via de credenciamento junto ao Ministério
da Saúde, tanto para o nível ambulatorial, para receber a demanda de toda a
região e aumentar os atendimentos disponíveis, contando com mais serviços
do que os já disponíveis na cidade de Juiz de Fora. Como também com o nível
hospitalar, para a realização de algumas cirurgias.
No entanto, em decorrência da atual pandemia da COVID-19 o mutirão que
ocorreria no HU, no final de março/2020, para fazer os devidos encaminha-
mentos e inserir as pessoas no processo transexualizador foi adiado. Futu-
ramente espera-se retomar os atendimentos para a população trans pelo
ambulatório do HU, tendo a garantia de uma equipe interprofissional, como
estabelecido pelo protocolo do Ministério da Saúde e a realização dos servi-
ços, a partir das normas da ANVISA.
Assim, contemplaria a atenção integral com profissionais de psicologia,
serviço social, enfermagem etc., mas também das clínicas médicas, como a
da endocrinologia, para o acompanhamento hormonal, a cirurgia médica, pa-
ra a mastectomia tanto masculinizadora, como de implante de prótese ma-
mária feminina, dentre tantas outras
SERVIÇOS PRESTADOS PARA
LGBTQI+ EM JUIZ DE FORA
——————————————————-

Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM)

Endereço: R. Uruguaiana, 94 - Jardim Gloria, Juiz de Fora - MG, 36015-010

Telefone: (32) 3229 – 5822

OBS: É a delegacia de referência para os casos de crimes


de LGBTQIfobia. Tomando a decisão do STF, seria em quaisquer unidades/
delegacias, mas sabemos que a comunidade LGBTQI é revitimizada nesses espa-
ços.

Centro de Referência de Direitos Humanos (CRDH)

Endereço: R. Vitorino Braga, 126 - Vitorino Braga, Juiz de Fora - MG

36060-000

Telefone: (32) 3236-8427


Centro de Referência de Promoção da Cidadania de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, Queers e
Intersexuais (CeR-LGBTQI+) da Universidade Federal de Juiz de Fo-
ra (UFJF)
Endereço: Av. Rio Branco, 3372, fundos - Passos, Juiz de Fora - MG, 36010-
010

Telefone: (32) 3218 – 6996

E-mail: cer.lgbtqi@gmail.com

Blog: https://gedisufjf.wixsite.com/gedisufjf

Facebook: https://www.facebook.com/gedis.ufjf

Instagram: @cerlgbtqi

Youtube: CeR LGBTQI

Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora


(HU – UFJF)
Endereço: Rua Catulo Breviglieri , s/n

Santa Catarina, Juiz de Fora - MG, 36036-110

Telefone: (32) 4009 – 5354

OBS: Realiza o Processo Transexualizador por meio do SUS.


ALGUNS DE NOSSOS EVENTOS
E CAMPANHAS
Curso de
Extensão

Cine Conversa CeR-LGBTQI+, Grupo Força Trans


e Grupo Mães pela Diversidade – Juiz de Fora
Inauguração
do CeR

Seminário da Zona da Mata e Campo das Ver-


tentes sobre LGBTQIfobia e Cidadania LGBTQI+
Seminário da Zona da Mata e Campo das Ver-
tentes sobre LGBTQIfobia e Cidadania LGBTQI+

Seminário e Lançamento de Livro


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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