Trabalho de Conclusão de Curso

PÓS-GRADUAÇÃO EM
PSICOLOGIA POSITIVA,
CIÊNCIA DO BEM-ESTAR
E AUTORREALIZAÇÃO

ALUNA: Jordana Dalbianco Younes

ORIENTADOR: Angelo Brandeli Costa
SUMÁRIO

1. Introdução ________________________________________ 3
2. Desenvolvimento____________________________________4
3. Relevância e Impacto social __________________________8
4. Fontes_____________________________________________9
DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO PARA
JORNAL, REVISTA OU MÍDIAS SOCIAIS

Em tempos COVID-19: O encontro das fortalezas para um viver

com mais sentido e satisfação

1. Introdução

Desde muito tempo o ser humano busca explicações sobre sua existência. Através de várias
fontes, tenta entender o porquê está aqui e qual sua missão. Muitas vezes encontrando clareza
sobre a temática na religião, no trabalho, em ações sociais ou na ciência. Quando não a
encontra, pode por um lado viver tranquilamente com isso e por outro, viver em busca, com
angústia e insatisfação, este segundo muito relatado por "vazio existencial" em pacientes na
clínica psicológica.

A psicologia positiva é uma ciência do século XXI que traz consigo diversos conceitos
desde os saberes gregos, filosóficos, e de psicologias mais tradicionais, para explicar através
de uma linguagem contemporânea como é possível encontrar esse sentido para vida e, portanto,
viver de uma maneira mais satisfatória e feliz. Através de métodos com comprovação
científica, aborda temas como: propósito, forças pessoais e valores para uma vida com
significado.

Neste texto veremos de que maneira esses preceitos podem ser muito importantes para
passar por adversidades (sejam elas individuais ou coletivas), desenvolvendo resiliência,
esperança, bem-estar e realização pessoal. Além de escolhas mais assertivas na vida
profissional.
 2. Desenvolvimento

Vivemos tempos de quebras de certezas, de medo, de pavor, desesperança e confusão

com o estouro de uma grande pandemia mundial. Covid-19 surgiu na China no final do ano de
2019 e alastrou no mundo todo em 2020, e com ela, vieram perdas de pessoas queridas, crise
econômica e sanitária, isolamento social, e diversos sentimentos despertados: a desesperança,
o medo, a ansiedade e o vazio existencial. Esses sentimentos surgem à medida que as pessoas
precisam permanecer em quarentena para diminuir a disseminação da doença. A quarentena
implica em isolamento social (governos do mundo todo estão orientando a população a
permanecer em casa), todos os planos de encontros sociais são adiados ou cancelados. A
orientação é que as pessoas evitem contato e evitem ir ao trabalho se possível.

Essa situação nos traz para o debate a respeito das implicações psicológicas - depressão,
tendências suicidas, abuso de substâncias, altos índices de estresse, irritabilidade e insônia -
são sintomas comuns de muitas pessoas no mundo todo que se encontram no isolamento
voluntário pela quarentena no combate a proliferação viral.

As pesquisas atuais mostram que indicadores como sexo, cultura, idade, classe social
não são necessariamente preditores das doenças mentais provocadas pelas restrições, esse
debate coloca todos como iguais. Dessa maneira, ampliando essa percepção, é interessante que
possamos colocar luz e trazer à tona os fatores protetivos e de resgate psíquico nesta crise.
Nessa linha, a psicologia positiva através dos seus estudos sobre as potencialidades humanas
traz explicações e esclarecimentos de como podemos viver uma vida com mais sentido
independente do caos que ocorre lá fora.

Essa pesquisa tem como objetivo esclarecer os principais preceitos para uma vida com
sentido através do conhecimento das qualidades pessoais humanas, ao exemplo de algumas
forças de caráter e fortalecedora para momentos difíceis da vida. Esta pesquisa não tem como
objetivo eliminar a dor e o sofrimento humano, mas trazer estratégias de enfrentamento mais
saudáveis e positivas.

Diversos pesquisadores já explanaram sobre a relevância em desenvolvermos

habilidades como otimismo, esperança, cultuar a espiritualidade como grande ajuda no
enfrentamento de doenças. Outros já pesquisaram sobre o tédio entre jovens ser gerado pela
falta de sentido na vida. Aqui abordaremos a importância em resgatar valores para enfrentar
dores, vazios e medos gerados por uma situação externa - como no caso, uma pandemia
mundial.

Podemos chamar de otimistas as pessoas que utilizam de "explicações temporárias,

específicas e externas para eventos ruins", está ligado às lentes com que as pessoas veem e
explicam sobre os acontecimentos do mundo. Pessoas otimistas também possuem uma postura
de esperar que as coisas boas venham a acontecer e são mais confiantes com o futuro, a
confiança ajuda os sujeitos a direcionarem seus esforços e ações para seus objetivos. Além
disso, pessoas otimistas apresentam mais altos graus de recuperação de doenças graves, têm
mais sucesso em relacionamentos interpessoais e, portanto, desenvolvem uma vida com mais
qualidade em sua abrangência. Diferentemente dos pessimistas que se apegam mais aos
momentos ruins e possuem mais dificuldades em integrar momentos positivos.

"Os construtos - espiritualidade, felicidade, otimismo e esperança -,

podem ser entendidos como potencialmente relevantes para a reabilitação dos
sujeitos. A espiritualidade se insere no contexto sociocultural dos indivíduos,
ampliando a visão reducionista centrada no processo de adoecimento (Aquino
& Zago, 2007). A esperança se une a esta, gerando motivação para as ações
dos sujeitos (Snyder, Harris, & Anderson, 1991), enquanto o otimismo e a
felicidade são estados positivos que atuam diretamente sobre o bem-estar,
gerando maior adesão aos tratamentos e favorecendo a rede social de suporte
ao longo da reabilitação (Ferraz, Tavares, & Zilberman, 2007)." (MACHADO,
GURGEL & REPPOLD)

A espiritualidade também possui um papel muito importante nesse fortalecimento. As

pessoas que cultuam e praticam sua espiritualidade são aquelas que creem em algo maior que
a espécie humana, acreditam estarem conectadas a este divino, e que a evolução acontece à
medida que possam fazer o bem uns aos outros. Pessoas espiritualizadas são mais resilientes e
esperançosas, justamente por conotarem na existência um propósito muito maior. A
espiritualidade precisa ser exercitada e pode ser desenvolvida pelos sujeitos, através de
iniciativas individuais como leituras, rezo, ou em grupos - através de comunidades terapêuticas,
religiosas, Mindfulness, meditações, etc.

Diante dessas questões, a autopercepção dos valores humanos se faz indispensável. Os

valores pessoais estão relacionados a crenças pessoas, a criação, momento de vida, contexto
sociocultural e aspirações internas. Os valores pessoais podem ir levemente se alterando ao
longo da vida devido as experiências perpassadas por cada pessoa, porém, são eles que guiarão
as ações e escolhas individuais. As pessoas que possuem clareza de quais são seus valores,
poderão tomar decisões mais firmes e coerentes, possibilitando uma satisfação com os
resultados e com sua vida de maneira geral.

Esses pontos citados até aqui, facilitam ao entendimento do porquê pode ser interessante
ocupar-se do seu propósito de vida neste período. Tempos de isolamento nos trazem tédio, nos
colocam na frente do espelho enfrentando nossa solidão e solitude. E aí poderemos tomar uma
decisão: A solidão: ficarmos tristes, deprimidos, sem rumo, e desesperados por companhia de
outrens que nos preencham, buscando distrações externas para aliviar a dor. Ou, a solitude, em
que há um gozo em estar só. em que se vê possibilidades de crescimento, de prazer ou de senso
de significado ao desfrutar da própria companhia.

"O que eu faço com meu tempo, com o meu propósito aqui entre quatro paredes?"
Questão levantada pelo psicólogo Luiz Hanss. É nessa hora que ter essa reflexão sobre as
fortalezas e os valores podem nos ajudar a enfrentar momentos mais conturbados do mundo. E
mais do que isso, enfrentar nossas próprias escuridões pessoais e internas.

Segundo Viktor Frankl, o tédio é a expressão da falta de sentido de vida entre os jovens
(1990). Quando estes não conseguem "costurar" os acontecimentos de suas vidas como
importantes e necessários para suas evoluções, muitas vezes apenas preenchendo o tempo livre
com distrações afim de fugir da realidade.

Ocupar-se de refletir sobre a própria vida, sobre o que há de problemático nela, sobre
suas melhores habilidades e preferências, tende a tornar o sujeito mais apropriado da sua
própria existência e, dessa maneira, mais capaz de elencar suas prioridades, anseios, objetivos
para o futuro. Acontece que apenas o sujeito por ele mesmo poderá chegar a essas conclusões.
Ninguém externo, até mesmo o psicólogo ou a família poderá dar a pessoa o sentido de vida
dela, isso, para Frankl seria como moralização, estes anseios e desejos são exclusivamente
internos e pessoais. O papel do terapeuta que se embasa na psicologia positiva está em
incentivar e guiar na busca das qualidades, fortalezas e ajudar esse indivíduo a ter mais clareza
de si mesmo. O psicólogo ajuda ao paciente a perceber que sua dor psíquica pode ter origem
no desconhecimento desses fatores citados anteriormente (otimismo, esperança,
espiritualidade, valores pessoais).

Uma maneira de enfrentamento a um momento como o atual – de uma pandemia e

isolamento é a percepção do propósito de vida pessoal. Uma pessoa pode variar seus propósitos
ao longo de sua vida. Conforme for perpassando as fases, lidando com desafios, vai evoluindo
para novos projetos, novos anseios para o futuro. Dessa forma, ao ter uma clareza quanto as
suas escolhas, seu sentido para a vida, suas forças, poderá desenhar para si seus objetivos.
Vivendo em prol de um propósito que tenha significado maior, com cunho transcendental e
evolutivo. A pessoa que se ocupa em desenvolver seu propósito de vida, tem a tendência de
superar os obstáculos com maior resiliência, esse constructo vem, inclusive, com maior força
em momentos de adversidades. Ter clareza da relevância de se ter um propósito de vida auxilia
em um sendo de responsabilidade, cooperação, determinação e vontade de crescer na vida.

Falar em propósito é falar em algo que gera significado para a pessoa, sendo isso de
cunho espiritual, social ou individual. Que a força motriz para a qual levanta-se da cama todos
os dias. Nietzsche disse: "Aquele que tem um porque para viver, pode enfrentar quase todos os
comos." Certamente, aqueles que conseguirem cunhar suas forças e alinhar significado para
suas vidas, poderão usar do seu tempo com mais competência, poderão lidar com as dores de
maneira a aprender com elas. E, portanto, cultivarão uma vida mais satisfatória, que valha a
pena ser vivida.
 3. Relevância e Impacto Social

Todos queremos estar bem, queremos ter saúde, estarmos seguros e felizes. Queremos
sentir-nos acolhidos e no "caminho certo". Acontece que essa afirmação de "caminho correto"
virá de dentro, virá numa autopercepção que as ações do presente estão conectadas ao que
busco para o meu futuro e "costuradas" a minha história passada. Essa é a importância em
conhecer seus próprios processos, em entender o porquê faz as escolhas que faz.

Ao se ter consciências de suas forças e potências, os indivíduos têm a chance de fazer

escolhas mais direcionadas para suas vidas. Poderão ir de encontro com o trabalho que lhe
preencha, terão a possibilidade de enfrentar momentos de crise, dor e sofrimento com mais
resiliência, através da segurança que estão fazendo o que lhe é necessário.

Ao trazer foco para essas questões, a psicologia positiva une ciência e espiritualidade.
Alenta aos desesperançados e pessimistas que há sim como ser mais feliz e satisfeito com a
própria vida. Se pudermos levar este conhecimento para o maior número da população,
poderemos, por consequência, possibilitar uma vida com mais qualidade e satisfação para
aqueles que se interessarem pelo discurso.
 4. Fontes

BASTIANELLO, Micheline Roat; HUTZ, Claudio Simon. Do Otimismo Explicativo ao

Disposicional: a Perspectiva da Psicologia Positiva. Psico-USF, Itatiba , v. 20, n. 2, p. 237-
247, Aug. 2015 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
82712015000200237&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Apr. 2020.

Brooks SK, Webster RK, Smith LE, Woodland L, Wessely S, Greenberg N, et al. The
psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. Lancet.
2020;395:912-20.

BOTELHO, A; PEREIRA, M. Qualidade de vida, otimismo, enfrentamento, morbidade

psicológica e estresse familiar em pacientes com câncer colorrectal em quimioterapia. Estud.
psicol. (Natal), Natal , v. 20, n. 1, p. 50-60, Mar. 2015 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
294X2015000100050&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Apr. 2020.

FERNANDES MARQUES, L. O conceito de espiritualidade e sua interface com a

religiosidade e a Psicologia Positiva. Psicodebate, v. 10, p. 135-152, 1 dic. 2010.

Frankl, V. E. (1985) Em Busca de Sentido. Tradução de Walter Schlupp e Carlos Aveline. (1a
ed.). Petrópolis: Editora Vozes.
Frankl, V. E. (1990) Psicoterapia para Todos, (1a ed.). Tradução de Antonio Allgayer.
Petrópolis: Editora Vozes.

GUERRA, M. P., LENCASTRE, L., Silva, E., & Teixeira, P. M. (2017). Meaning in life in
medical settings: A new measure correlating with psychological variables in disease. Cogent
Psychology, 4(1), 1286747.

HANNS, L. Quatro desafios da quarentena. Disponível em:

<https://youtu.be/pf70WPBEYNo> Acesso em 10 de abril de 2020.

MARTINEZ, M. L. (2006). El estudio científico de las fortalezas trascendentales desde la

psicologia positiva. Clínica y Salud, 17 (3), 245-258.

MACHADO, Flavia Amaral; GURGEL, Léia Gonçalves; REPPOLD, Caroline Tozzi.

Intervenções em Psicologia Positiva na reabilitação de adultos e idosos: revisão da literatura.
Estud. psicol. (Campinas), Campinas , v. 34, n. 1, p. 119-130, Mar. 2017 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
166X2017000100119&lng=en&nrm=iso>. access on 10 Apr. 2020.

OLIVEIRA, I., ROCHA, F. Resiliência e Busca de Sentido de Vida na Velhice Frente aos
Desafios do Caminho da Existência. Revista Mosaico v. 7 n. 1. 2016

PINTO, C; GUERRA, M., A influência do sentido de vida e de fatores psicossociais na

qualidade de vida de doentes com esclerose múltipla. Aná. Psicológica, Lisboa , v. 36, n. 4,
p. 439-453, dez. 2018 . Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-
82312018000400004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 29 mar. 2020.
http://dx.doi.org/10.14417/ap.1394.

NABUCO, C. Covid-19 e saúde mental: entenda como a pandemia afeta as nossas emoçoes.
Disponível em:<https://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br/2020/03/17/efeitos-do-covid-
19-em-sua-saude-mental-veja-dicas-para-lidar-melhor/> Acesso em 11 de abril de 2020.

ROUBICEK, M. Como a pandemia de coronavírus derruba a economia global. Disponível

em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/03/12/Como-a-pandemia-de-
coronav%C3%ADrus-derruba-a-economia-global>

SHINODA, A., Desenvolvimento do Propósito de Vida de estudantes no Ensino Superior de

Administração. 2019. Tese (Programa de Pós- Graduação em Administração do
Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade)
Univesidade de São Paulo, São Paulo, 2019.