a) Neste caso, o legislador nada referiu quanto ao momento de entrada em vigor da
Lei nºy/2018. De acordo com o artigo 5º nº2 do Código Civil, aplica-se o prazo supletivo para a vacatio legis, previsto no artigo 2º nº2 da Lei nº 74/98 de 11 de novembro, que corresponde ao período de tempo que medeia entre a publicação de um diploma no Diário da República (jornal oficial) e a sua entrada em vigor no ordenamento jurídico. O nº4 do artigo 2º da Lei Formulária dispõe a contagem do prazo do nº2, que é efetuada a partir do dia imediato ao da sua disponibilização no sítio da Internet gerido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.. Sendo que a Lei nºy/2018 foi publicada a 3 de março de 2018, a mesma entra em vigor “no quinto dia após a sua publicação”, ou seja, dia 8 de março de 2018. b) O governo procedeu à retificação do diploma, prevista no artigo 5º da Lei nº 74/98 de 11 de novembro, que comporta 3 requisitos: o material (artigo 5º nº1) no qual podemos constatar que houve uma alteração substancial entre os textos, e como tal, este requisito não foi preenchido; o temporal (artigo 5º nº2) que estabelece um prazo de 60 dias para a retificação. Foi preenchido, visto que se passaram 12 dias desde a publicação da Lei nºy/2018 e a data da declaração de retificação; o orgânico (artigo 5º nº1) que não se encontra preenchido, visto que se trata de uma lei emanada pela Assembleia da República, e só a esta cabe retificá-la. Assim sendo, a retificação não é admissível devido às falhas dos requisitos material e orgânico. c) A Lei nºx/2019 revogou tacitamente a Lei nºy/2018, pois não houve uma declaração expressa por parte do legislador de maneira a revogar a lei anterior. A revogação ocorre devido à incompatibilidade de disposições das duas leis (artigo 7º nº2 do Código Civil. A revogação tácita, ao resultar de incompatibilidade da lei nova com as disposições da lei antiga, é sempre substitutiva (nova regulação da matéria). Trata-se também de uma revogação global (artigo 7º nº2 do Código Civil), pois foi revogado todo um ramo de Direito. Alice deve guiar-se pela lei posterior (Lei nºx/2019), devido ao critério lex posterior priori derogat subentendido na figura da revogação. A lei posterior corresponde à vontade mais atual do legislador. d) A Lei nºx/2019 revogou tacitamente a Lei nºy/2018 (artigo 7º nº2 do Código Civil). A Lei nºy/2018 já havia sido revogada por uma lei anterior, e não pela Ana Cláudia Fernandes Marques nº6080 subturma 6
Lei nºv/2019. A Lei nºx/2019 é revogada parcialmente (derrogação) pela Lei
nºv/2019, mantendo-se em vigor. A revogação da Lei nºy/2018 determinou a sua cessação de vigência, mas não o seu desaparecimento da ordem jurídica. Contudo, por norma, deixa de ser aplicada para o futuro. A Lei nºy/2018 não caducou, uma vez que o artigo 7º nº1 do Código Civil, determina que uma lei que não se destine a ter vigência temporária (que é o caso desta lei) só deixa de vigorar quando revogada por outra lei. A caducidade ocorre quando a cessação de vigência é determinada pela própria lei, e em três situações: a lei estabelece um prazo de vigência, e o prazo termina; a lei não fixa um prazo de vigência, mas o objetivo a que se destinava deixa de existir; quando os pressupostos de facto de direito desaparecem. Enquanto que na caducidade a cessação da vigência da lei ocorre por efeito da própria lei, na revogação a cessação de vigência da lei ocorre por efeito da entrada em vigor de outra lei. Dito isto, discordo da posição de Carla.