Você está na página 1de 5

CORONAVÍRUS

B E M - E S TA R A L I M E N TAÇ ÃO R E L AÇ Õ E S M O DA BELEZA
Máscaras sociais
C A S A P E S S OAreutilizáveis:
S PA R E S
como higienizá-las?
Com o início de um progressivo desconfinamento e a falta de máscaras
de protecção individual, as máscaras sociais reutilizáveis vão sair à
rua. Como proceder a uma limpeza eficaz e segura?
Carla B. Ribeiro • 30 de Abril de 2020, 10 53

“Pessoas pertencentes aos grupos de risco devem sempre que possível utilizar
máscaras cirúrgicas” PAULO PIMENTA
A máscara social, i.e., elaborada a partir de
têxteis, é um último recurso e não substitui
nenhuma das outras medidas —
distanciamento, etiqueta respiratória, lavagem
de mãos e o não levar estas últimas à cara.
Mas, com a falta de equipamento de protecção
individual, nomeadamente de máscaras
cirúrgicas ou de respiradores N95 ou FFP2 de
uso único, as máscaras costuradas em tecido
tornaram-se populares. No entanto, uma má
utilização pode encerrar vários perigos, sendo
essencial conhecer a melhor forma de proceder
à sua manutenção e higiene.

“Uma máscara deverá ser tratada como


uma peça de roupa interior: lavar ao fim
da utilização”, sintetiza Ricardo Mexia,
médico de Saúde Pública do Departamento de
Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde
Doutor Ricardo Jorge (Insa), que indica que a
componente de tecido da máscara deverá “ser
lavável” e aguentar elevadas temperaturas
B E M - E60
(pelo menos S TAgraus).
R A L I M E N TAÇ ÃO R E L AÇ Õ E S M O DA BELEZA
CASA P E S S OA S PA R E S
É a essa temperatura que a professora auxiliar
de Microbiologia e Imunologia na Faculdade
de Medicina Veterinária, Manuela Oliveira,
aconselha para higienizar as máscaras
reutilizáveis. “As máscaras sociais devem
ser preferencialmente lavadas na
máquina de lavar, utilizando o
detergente habitual e uma temperatura
de 60ºC.”

No entanto, dificilmente se farão máquinas de


roupa diárias a essa temperatura. Por isso, a
mesma docente indica que as máscaras
“podem também ser lavadas à mão, com
água e sabão, e neste caso devem ser
deixadas de molho durante um período
de 20 a 30 minutos”.

Ainda assim, a responsável avisa: “É


importante referir que máscaras sociais não
são a melhor opção para pessoas pertencentes
aos grupos de risco  [que] devem sempre que
possível utilizar máscaras cirúrgicas.”

Nem álcool, nem lixívia


O álcool e a lixívia são várias vezes apontados
como soluções para desinfectar as máscaras.
No entanto, “apesar de o álcool e a lixívia
serem produtos eficazes na eliminação deste
vírus, não devem ser utilizados na higienização
de máscaras de tecido”. Isto, porque, explica
Manuela Oliveira, “além de alterarem as
características do tecido, poderão
provocar problemas respiratórios”.
P3

B E M - E S TA R A L I M E N TAÇ ÃO R E L AÇ Õ E S M O DA BELEZA
C A S A P E S S OA S PA R E S
A mesma indica que as máscaras “devem ser
secas ao ar e não na máquina de secar, e
podem ser passadas a ferro”. Ao fim deste
processo, caso não seja para utilizar de
imediato, “devem ser armazenadas numa bolsa
lavada e fechada”.

Uma bolsa própria é, aliás, onde devem


ser transportadas, sempre que necessário,
“fechada e não directamente no bolso ou
dentro da mala”. “Tanto os bolsos como as
malas contêm muitos outros microrganismos
que queremos evitar que entrem em contacto
directo com zonas que lhes permitem entrada
directa no nosso organismo, como é o caso da
boca, do nariz e os olhos”, explica.

As máscaras sociais, ainda que reutilizáveis,


não serão eternas e devem ser “substituídas
assim que o tecido apresentar alterações ou
deformações que impeçam que se mantenham
aderentes à face”. De acordo com o Centro
Tecnológico das Indústrias do Têxtil e do
Vestuário, em Portugal, até dia 29 de Abril,
tinham sido aprovadas 71 máscaras
comunitárias fabricadas por empresas
portuguesas, mas nenhuma mantém as suas
propriedades protectoras acima das 15
lavagens. Relativamente às caseiras, com
menor eficácia de protecção do que aquelas, a
frequência da substituição dependerá da
qualidade do tecido e dos elásticos, mas
“prevê-se que este tipo de máscaras aguente
cerca de 30 lavagens antes de apresentarem
alterações”.
Sobre os materiais a serem usados, a mesma
responsável indica “preferencialmente tecidos
B E M - Erepelentes
hidrofóbicos S TA R A LàIágua
M E N TAÇ
comoÃOalguns
R E L AÇ Õ E S M O DA BELEZA
tipos de tecido não tecido (TNT)”, adiantando
CASA P E S S OA S PA R E S
que “as máscaras de algodão deverão incluir
várias camadas de tecido”. Entre essas
camadas, acrescenta Ricardo Mexia, deverá
estar o filtro.

Para quem tenha de passar muitas horas de


máscara social, o médico do Insa alerta para a
necessidade de substituir o filtro descartável.
“Dependerá da utilização”, mas, “uma vez
húmido, perde a eficácia” — nessa altura, e
após ter todos os cuidados com a lavagem das
mãos, o filtro (que pode ser composto por duas
folhas de papel de cozinha e um lenço de papel
descartável ou ser construído a partir de um
filtro de café) deve ser mudado.

Quanto à opção por tecidos estampados,


qualquer dos especialistas não vê
inconveniente desde que a estampagem não
interfira com a respirabilidade. O mesmo não
acontece com as pintadas à mão. “Têm de ser
tintas que não gerem irritações, além de poder
comprometer a respirabilidade”, adverte
Ricardo Mexia. A professora
de Microbiologia concorda: “Os tecidos
estampados não devem constituir um
problema, uma vez que os fabricantes de
tecidos devem garantir que estes não causam
alergia, mas os tecidos pintados à mão devem
ser evitados, porque poderão causar problemas
respiratórios.”

 Receba
nossas
as
Subscreva
notificações e a nossa
seja o primeiro newsletter
a saber.

carla.ribeiro@publico.pt

TÓPICOS
ÍMPAR SAÚDE BEM-ESTAR INFORMAÇÃO ÚTIL
COVID-19 MODA CORONAVÍRUS
 AS MINHAS LEITURAS
B E M - E S TA R A L I M E N TAÇ ÃO R E L AÇ Õ E S M O DA BELEZA
C A S A P E S S OA S PA R E S

Você também pode gostar