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W
Bautista Vidal
Logística
Faculdade Anhangüera de Dourados
45 pag.
J. W. BAUTISTA VIDAL
• DE FACE AO CAOS
DE PÉ ENTRE AS RUÍNAS!
1* e d i ç ã o
Agosto de 2000
Revisão
José Humberto Fagundes PREFÁCIO
T o d o s o s D i r e i t o s r e s e r v a d o s . N e n h u m a p a r t e d e s t a ediçflo p o d e ser Apenas poucas palavras sobre as razões deste livro. Ele
u t i l i z a d a o u r e p r o d u z i d a - c m q u a l q u e r m e i o o u f o r m a , seja m e c â n i - agrega textos que nasceram com objetivos distintos aos que mo-
c o o u e l e t r ô n i c o , f o t o c ó p i a , g r a v a ç ã o etc. - n e m a p r o p r i a d a o u esto-
cada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização do tivaram o seu surgimento. Cabe neste caso a idéia de que o todo é
autor. maior do que a soma das partes, como as funções no ser humano
são maiores do que as dos órgãos que o compõem.
0 primeiro texto trata da internacionalização da Compa-
N778n Vidal, J. \V. Bautista
Brasil Civilização S u i c i d a . J. W. Bautista Vidal. - Bra- nhia Vale do Rio Doce na fase de resistência, previa à "privatiza-
sília; S t a r P r i n t G r á f i c a e E d i t o r a , 2 0 0 0 ção". Ele procurava conscientizar a sociedade brasileira acerca
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do crime que representava a entrega da Vale a forças externas.
1. N a c i o n a l i s m o , Brasil. 2. M i n é r i o . 3. E n e r g i a . 4. Sis- O segundo texto resultou de iniciativa de Gilberto Vas-
t e m a F i n a n c e i r o . 5. Colonialismo. 6. P o d e r M u n d i a l . I. V i d a l ,
J. W. Bautista. II. T í t u l o conccllos c minha de preparar um ensaio para ser publicado no
Le Monde Diplomatique, que nos parecia veículo defensor das
C D U 172.15
C D D 172 mesmas idéias da nossa luta. Puro engano. Esquecemos que uma
coisa era o espírito francês de independência e outra a questão
colonial brasileira, da qual eles são beneficiados.
Editora Nação do Sol O terceiro ensaio acentua a evolução do colapso dos com-
SMPW Quadra 17, Conjunto 10, Casa 7 bustíveis fósseis c a gravidade do seu desfecho.
Cep 71715-170 - Brasília, DF, Brasil
Telefax: 55 0 ( ) 61 380.1344 Os três textos agregam os ramos da natureza dos quais
E-mail: bautista@brnct.com.br dependem todos os bens c serviços que são de uso da humanida-
E
perdendo aceleradamente a condução do país. 70% de nosso PIB
já é controlado por não-residentes. Como nesse bojo está o poder e a o a c ú m u l o d e i n f o r m a ç õ e s d e n a t u r e z a es-
- quem decide -, prevê-se que esse controle chegue rapidamente à t r a t é g i c a q u e p e r m i t a m u m a r i g o r o s a avalia-
totalidade do que é essencial à nossa sobrevivência como socie- ção da r e a l i d a d e b r a s i l e i r a e m u n d i a l , a p a r -
dade organizada. Como esse controle estende-se a nossos patri- tir d o m u n d o físico q u e f u n d a m e n t a a p r o d u -
mônios naturais, essenciais para o futuro das novas gerações de ç ã o e c o n ô m i c a e o p o d e r . Ele rejeita as misti-
brasileiros, fica evidente que estamos, como sociedade, caminhan- ficações e e s q u i z o f r e n i a s a t u a i s - p r á x i s na c o n d u ç ã o
do de modo acelerado para o suicídio. Como a história ensina, as do q u e c h a m a m de economia, orientada por teorias
civilizações não são mortas, elas se autodestroem. d e b a s e m o n e t á r i a fictícia. N e m elas s ã o t e o r i a s , n e m
O historiador White considerou o poder norte-americano tratam das questões que f u n d a m e n t a m a produção e
como um perigo para a humanidade, por falta de percepção na o p o d e r . Elas d e s c o l a m d a r e a l i d a d e c o n c r e t a , c o m o
cultura de seu povo do "sentido trágico da história". Será que d i z e m os q u e a d e f e n d e m , e s e r v e m a i n t e r e s s e s
essa ausência de sentido da história também nos atinge, cm con- a n t i n a c i o n a i s d e g r u p o s h e g e m ô n i c o s . Elas n a d a t ê m
dições porém opostas aos dos norte-americanos? Neles, existe o a v e r c o m as c o n c e p ç õ e s q u e levam à e s t r u t u r a ç ã o de
perigo de destruírem os demais sem olhar para as conseqüências t e o r i a s de bases c o n c e i t u a i s e filosóficas c o n s i s t e n t e s .
e, em nós, o perigo de sermos exterminados sendo atores do pro- N o s p r o p o m o s a e v i d e n c i a r esses f a t o s c o m as c o n s e -
cesso. q ü ê n c i a s da e x p e r i ê n c i a b r a s i l e i r a e o e x e m p l o d o s
O Autor infelizes c a m i n h o s q u e e s t a m o s s e g u i n d o , sob a c o n -
dução de dirigentes sem compromissos com a Nação.
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e serve de instrumento para mãos espúrias, delin- Os três capítulos d e s t e livro t r a t a m do papel
q ü e n t e s , e x t e r n a s e internas, a t u a r e m de m o d o nega- e significação do c o n t i n e n t e brasileiro em relação ao
tivo s o b r e nossa vida c o m o n a ç ã o o r g a n i z a d a . t r a t o d o q u e resulta desses dois r a m o s absolutos d a
É p r a t i c a m e n t e o q u e vem a c o n t e c e n d o com n a t u r e z a , d e o n d e p r o v ê m t u d o o q u e serve a o h o -
o falso símbolo m o n e t á r i o imposto ao m u n d o por m e m em suas a v e n t u r a s de c o n s t r u i r e m a n t e r civili-
inaceitável t i r a n i a b a s e a d a no a r b í t r i o e na p r e p o - zações e na s u p e r a ç ã o de seus i n f o r t ú n i o s .
tência. S o b r e essa variável fictícia, m o n t a - s e e s t r u t u - E, v i v e n d o a h u m a n i d a d e os dois g r a n d e s
ra lógica de bases falsas i m p o s t a a todos p o r exército colapsos de sua existência, o d o s combustíveis fósseis
de p r o f i s s i o n a i s q u e f a z e m valer essas falsas idéias, e o ecológico, este d e c o r r e n t e do uso d e s c o n t r o l a d o
d e s r e s p e i t a m a s leis d a n a t u r e z a , d o m u n d o c o n c r e - d a q u e l e , e v i d e n c i a m o s a necessária ação q u e cabe ao
to, e desvalorizam o potencial de riqueza de países e povo q u e habita este c o n t i n e n t e tropical - locus das
povos. É o d e s c o l a m e n t o da r e a l i d a d e a q u e se refe- soluções p a r a esses potenciais desastres.
r e m os e c o n o m i s t a s , c o m o se dissessem algo inteli- A Nação brasileira e n c o n t r a - s e assim a n t e d u a s
g e n t e e n ã o estivessem c o m e t e n d o g r a v e a t o de falsi- possíveis a l t e r n a t i v a s : o u a s s u m e sua p r e d e s t i n a ç ã o
d a d e q u e favorece de m o d o ilegítimo g r u p o s e países geopolítica com a u t o n o m i a e g r a n d e z a ou c a m i n h a
em detrimento dos demais. s e r v i l m e n t e p a r a o d e s m e m b r a m e n t o e ação p r e d a d o r a
C o m o i m p õ e m essa lógica, com o s u p o r t e da d a s forças e x t e r n a s q u e nos d o m i n a m com a conivên-
t i r a n i a v í d e o - f i n a n c e i r a q u e n o s s u b j u g a , q u e m dela cia c o n s e n t i d a e c r i m i n o s a d o s atuais d i r i g e n t e s : ou
d i s c o r d a é démodé, c o m o se o t r a t o d a s q u e s t õ e s seja, c a m i n h a p a r a o suicídio.
civilizatórias e da vida d o s povos fosse u m a q u e s t ã o Essa a p a r e n t e p r e d e s t i n a ç ã o é f r u t o do espí-
d e m o d a . Deste m o d o , todos somos t r a t a d o s c o m o rito c o l o n i z a d o q u e d o m i n a as m e n t e s da atual classe
tolos... e aceitamos essa c o n d i ç ã o sem e n é r g i c o p r o - d i r i g e n t e b r a s i l e i r a , servil e t r a i d o r a , p o r t a n t o , se-
testo e disposição de d e c i d i d a luta p a r a g a r a n t i r a g u i n d o a clara c o n c e p ç ã o de O r t e g a y Gasset: " m e n t e
m a n u t e n ç ã o da cabeça e r g u i d a e da d i g n i d a d e . colonial é a q u e l a q u e i g n o r a seu p r ó p r i o e s p a ç o e
Partimos de uma realidade inconteste em q u e seu t e m p o " .
todos os bens físicos usados na construção e s u p o r t e das O s matizes d e p s e u d o - i n t e l e c t u a l i d a d e q u e
civilizações e na existência, m a n u t e n ç ã o e evolução da c e r c a m de a u r e o l a , nessa c o n c e p ç ã o de O r t e g a , o prin-
vida dos povos estão sintetizados em dois g r a n d e s ra- cipal d i r i g e n t e brasileiro atual, a p e n a s r e f l e t e seu po-
m o s d o s recursos naturais: aqueles d o m u n d o inerte, o s d e r de v e r b a l i z a r o servilismo, com e l e g â n c i a s e m
minerais, e os q u e têm origem na fotosíntese, a biomassa, virilidade, e a intrínseca ignorância sobre o q u e so-
a qual ademais f u n d a m e n t a a vida, vegetal e animal. mos, infelizmente generalizada na intelectualidade
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d o m i n a n t e h o j e . Isto m a t e r i a l i z a - s e n a t a m b é m p s e n -
d o t e o r i a c h a m a d a t e o r i a d a d e p e n d ê n c i a , essência d a
definição orteguiana, q u e lhe é atribuída e q u e tem o
s u p o r t e de uma e s q u e r d a falsamente vitoriosa, q u e
suporta no c a m p o cultural o domínio de oligarquia
financeira externa mais implacável que a do
c o l o n i a l i s m o m e r c a n t i l d o século X I X .
A h i s t ó r i a do Brasil d e s t e século, e n t r e t a n t o ,
a t é os a n o s 50, d e s m e n t e essa t e n d ê n c i a s u p e r f i c i a l e
CAPÍTULO i
o p o r t u n i s t a pós-Bretton Woods e pós-Juscelino - o
O PODER MUNDIAL CONTRA O BRASIL
a
presidente do modelo econômico d e p e n d e n t e . Nesse
período, despontaram as figuras anticoloniais de
F l o r i a n o e , p r i n c i p a l m e n t e , d e G e t ú l i o Vargas, este h u m a n i d a d e e n f r e n t a situação d a s mais d i f í -
f r u t o d e p r o f u n d a r e v o l u ç ã o p o l í t i c o - c u l t u r a l q u e teve ceis de s u a h i s t ó r i a c o m o o c a s o d o s c o m b u s -
seu p o n t o alto na Revolução de 30 e provocou a m a i o r tíveis f ó s s e i s e as c o n s e q ü ê n c i a s a m b i e n t a i s
t r a n s f o r m a ç ã o da nossa história, com as lutas q u e d e c o r r e n t e s da queima descontrolada desses
levavam à existência de um Projeto p a r a a Nação c o m b u s t í v e i s . As atuais nações h e g e m ô n i c a s , todas si-
brasileira, hoje em processo de destruição. t u a d a s em regiões t e m p e r a d a s e frias do planeta e, p o r
Por ele, n o s s o povo foi l i b e r t a d o do e s p í r i t o isso, c a r e n t e s de e n e r g i a limpa e p e r m a n e n t e , b a s e a r a m
de d o m i n a ç ã o colonial q u e se e s t e n d e u até a Repúbli- seus p r o j e t o s de p o d e r e desenvolvimento no uso e x t e n -
ca Velha e q u e a g o r a r e n a s c e com o neocolonialismo sivo desses combustíveis, c a r v ã o m i n e r a l e petróleo.
d o s F e r n a n d o s , a l i m e n t a d o e c o n d u z i d o de fora do país O p r e d o m í n i o tecnológico dessas nações e a
p o r oligarquias internacionais d e l i n q ü e n t e s : Estas sub- c o n d i ç ã o colonial d a s d e m a i s i m p u s e r a m a o m u n d o
m e t i d a s à p e r i g o s a d e c a d ê n c i a , intrínseca à n a t u r e z a essas f o r m a s e n e r g é t i c a s . O p e t r ó l e o e n c o n t r a - s e em
d a s regiões h o j e a i n d a hegemônicas, e d o m i n a d a s pela p r o c e s s o de e x a u s t ã o e o c a r v ã o m i n e r a l provoca seve-
alucinação esquizofrênica e e n l o u q u e c i d a provocada p o r ras conseqüências ecológicas, c o m perigosas m u d a n ç a s
u m a falsa m o e d a , imposta c o m o referência. climáticas. Suas i m p r u d e n t e s q u e i m a s - j o g a m - s e na at-
m o s f e r a bilhões d e toneladas p o r a n o d e C O 2 q u e leva-
r a m c e n t e n a s d e milhões d e a n o s s e n d o r e t i r a d a s d a
m e s m a a t m o s f e r a - a c e l e r a m g r a v e s p e r t u r b a ç õ e s na
ecosfera, p o n d o e m risco seu instável e q u i l í b r i o .
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Com exceção das energias das marés, geo-tér- N a s r e g i õ e s tropicais, p r e d o m i n a m vastos ocea-
m i c a e n u c l e a r , t o d a s as o u t r a s f o r m a s u t i l i z a d a s pe- nos e d e s e r t o s , além d e e s t r u t u r a s n a c i o n a i s d e insu -
l o h o m e m , t a n t o fósseis c o m o r e n o v á v e i s , p r o v ê m f i c i e n t e nível técnico, i n c a p a z e s de e x t e n s o s e efici-
d o sol. A e n e r g i a d e o r i g e m fóssil e x i g e c e n t e n a s entes processos produtivos de biomassa e seus deri-
d e m i l h õ e s d e a n o s p a r a s e f o r m a r . Ela r e p r e s e n t a vados energéticos.
capital energético a c u m u l a d o em eras geológicas. O Brasil, e n t r e t a n t o , é o i n c o m p a r á v e l conti-
São, p o r t a n t o , não-renováveis. É impossível recom- n e n t e d o s t r ó p i c o s , c o m mais d e 2 0 % d a á g u a d o c e
p o r s u a s r e s e r v a s q u a n d o e s g o t a d a s . Esse capital so- do p l a n e t a e c o m nível t e c n o l ó g i c o a g r o i n d u s t r i a l p a r a
lar a r m a z e n a d o n o s f ó s s e i s foi d e p a u p e r a d o pelo ser o g r a n d e f o r n e c e d o r de e n e r g i a l i m p a e r e n o v á v e l
u s o d e s o r d e n a d o d e u m a s o c i e d a d e d e c o n s u m o sui- da h u m a n i d a d e . S o m o s p o r isso p r e d e s t i n a d o s a c o n s -
cida. t r u i r a civilização d o s c a r b o i d r a t o s , de e n e r g i a a b u n -
O s c o m b u s t í v e i s d e r i v a d o s d a b i o m a s s a são re- d a n t e , limpa e renovável, q u e d e p e n d e m do sol e da
n o v a d o s p e r m a n e n t e m e n t e pela captação da radia- á g u a , a b u n d a n t e s nos trópicos brasileiros. Somos a Na-
ç ã o solar, g r a ç a s à fotossíntese d o s vegetais, e x c e p c i - ção do Sol e d a s Aguas. Nossa vocação energética n ã o é
onais coletores naturais. a dos combustíveis fósseis, dos h i d r o c a r b o n e t o s , estamos
Essa e n e r g i a é a c u m u l a d a sob a f o r m a q u í m i - p r e d e s t i n a d o s à c o n s t r u ç ã o da C i v i l i z a ç ã o d o s H i d r a t o s
c a n o s c a r b o i d r a t o s ( a ç ú c a r e s , a m i d o s , óleos vegetais, de Carbono, como demonstrou o químico brasileiro
celulose e h e m i c e l u l o s e ) , t o d o s de fácil c o n v e r s ã o em S e b a s t i ã o S i m õ e s Filho.
c o m b u s t í v e i s , c o m tecnologia q u e d o m i n a m o s , a mais O W o r l d w a t c h I n s t i t u t e , 110 r e l a t o Situação do
avançada em todo o m u n d o . Mundo - 1997, p r e v ê o s u r g i m e n t o de n o v o g r u p o de
A i n c i d ê n c i a de r a d i a ç ã o s o l a r s o b r e o h e m i s - p o d e r m u n d i a l , d e s i g n a d o E-9, d e E n v i r o n m e n t (Meio
f é r i o d a T e r r a c o r r e s p o n d e , p o r dia, à m e s m a o r d e m Ambiente), relacionando-o portanto com questões
d e g r a n d e z a d a s r e s e r v a s d e p e t r ó l e o . A r a d i a ç ã o solar, a m b i e n t a i s e , n a t u r a l m e n t e , e n e r g é t i c a s . Ele s e r á mais
p o r é m , concentra-se nas regiões tropicais. Regiões p o d e r o s o 110 f u t u r o q u e o a t u a l G r u p o d o s 7 g r a n d e s
t e m p e r a d a s e f r i a s , o n d e se localizam h o j e os países (G-7), c o n f o r m e atesta. E n t r e os 9 países do E-9, t r ê s
h e g e m ô n i c o s , n ã o t ê m a e s p e t a c u l a r vocação e n e r g é t i c a são c o n s i d e r a d o s s u p e r p o t ê n c i a s : E U A , m a i o r p o t ê n -
d o s t r ó p i c o s . Por isso, s o m o s levados a c o n c l u i r q u e cia e c o n ô m i c o - m i l i t a r e m a i o r a g r e s s o r a m b i e n t a l ;
a s f u t u r a s civilizações a u t ô n o m a s s o m e n t e s e r ã o pos- C h i n a , s e g u n d o m a i o r a g r e s s o r , c o m potencial p a r a
síveis n o s t r ó p i c o s . Sem e n e r g i a n a d a é possível, n e m t o r n a r - s e o p r i m e i r o ; e Brasil, único e n t r e os n o v e não-
o m u n d o econômico, nem as dinâmicas do cosmo ou p r e d a d o r , c o m potencial e c o m p e t ê n c i a técnico-econô-
d o á t o m o . N e m a s civilizações. mica p a r a resolver os previstos colapsos a m b i e n t a l e
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C
história c o s t u m a ser implacável c o m os fracos.
G i l b e r t o Felisberto Vasconcellos
Nações hegemônicas não admitem competi-
d o r e s , m e s m o q u e legítimos. Por isso, m o n t a r a m sis-
t e m a f i n a n c e i r o g u a r n e c i d o p o r "exército d e o c u p a - rise das Nações Hegemônicas. Desmorona-
ç ã o " de t e c n o c r a t a s e políticos q u e d e t ê m o p o d e r . mento do Sistema Financeiro Internacional
S o m e n t e outros diligentes e um novo regime, com- ou d e s m o n t e de Estados N a c i o n a i s com ri-
p r o m i s s a d o s c o m o q u e é essencial à nossa sobrevi- cos p a t r i m ô n i o s naturais. Carências minerais dos
vência c o m o povo e c o m o c u l t u r a , p o d e r ã o n o s sal- grandes blocos econômicos, EUA, União Européia e
var. Nessa e m p r e i t a d a , países i m p o r t a n t e s a n ó s se Japão. Brasil, grande potência ecológica da humani-
j u n t a r ã o e d e nós e s p e r a m p o s t u r a mais c o m p a t í v e l dade. Estratégia geopolítica das potências económi-
com o que representamos. co-militares para a Região Amazônica
Pela n a t u r e z a t r o p i c a l , pela r i q u e z a d o subsolo, Eis a q u e s t ã o f u n d a m e n t a l d e n o s s o t e m p o :
p e l a g e n t e q u e h a b i t a este c o n t i n e n t e , f r u t o d e m a r a - e s t a m o s d i a n t e d e u m a crise d e c o r r e n t e d o d e s m o r o -
vilhosa m i s c i g e n a ç ã o de raças e de c u l t u r a s , pela ale- n a m e n t o estrutural do Sistema Financeiro Internaci-
g r i a d e viver, p e l o q u e f i z e r a m nossos a n c e s t r a i s , so- onal o u ela t e m p o r objetivo p r o m o v e r o d e s m o n t e
m o s p r e d e s t i n a d o s a c o n s t r u i r n o v a civilização, mais d e E s t a d o s N a c i o n a i s d e t e n t o r e s d e ricos p a t r i m ô n i -
justa, se nos libertarmos do colonialismo neoliberal. os n a t u r a i s estratégicos?
A h i s t ó r i a e n s i n a : as civilizações n ã o são e x t e r m i n a - Até h á p o u c o t e m p o , s a b í a m o s p a r a o n d e ca-
d a s , elas se e x t e r m i n a m . minhava a h u m a n i d a d e . Hoje, vagamos perdidos sem
s a b e r p a r a o n d e v a m o s . V i v e m o s a d e s t r u i ç ã o d o s va-
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da guerra fria, houve cerca de sessenta conditos ar- É o peso da natureza na estrutura da produ-
mados que causaram centenas dc milhares de mortos ção e do poder, o fundamento concreto para uma
e mais de dezesseis milhões dc refugiados. Ou seja, possível resistência à apocalipse que se aproxima, fruto
estamos na quarta guerra mundial não declarada, dessa celerada política neoliberal. Dessa resistência,
assim como a terceira, que encerrou-se com o fim da podem ser extraídos os elementos para a criação de
guerra fria. entes capazes de simbolizar com legitimidade a ver-
Ante as gravíssimas dificuldades das nações dadeira riqueza, único modo de salvar do descrédito
hegemônicas em questões energéticas - e suas carên- e do colapso universal esse ente essencial às relações
cias em matérias-primas estratégicas -, ficam claras de troca: a moeda.
as contingências que levaram à montagem da falsa O c a m i n h o inverso, que parte dc m o e d a
simbologia monetária, na suposição de que a moeda, especulativa, digital e volátil, para chegar a bens
por natureza - o que é falso - é símbolo automático cruciais da natureza, como se faz hoje, sacrifica e
de todas as riquezas. Trata-se, na realidade, dc uma escamoteia a realidade concreta, a base física do uni-
simbologia esquizofrênica, distante da realidade con- verso. Isso forja a ignorância e a má-fé sobre o valor
creta. Na ausência dc patrimônios naturais estratégi- de elementos essenciais à produção: a energia, a
cos próprios, foi criada essa fraudulenta forma de tecnologia - que dá forma às estruturas dc produção
simbolizar a riqueza que possibilita apoderar-se do e poder - e as matérias-primas estratégicas.
alheio, a troco de nada! Esse é o instrumental usado Esse é o alimento da alienação de dirigentes
na subjugação de Estados nacionais, responsáveis le- ignorantes, desconhecedorcs do espaço e do tempo
gítimos pelo controle desses patrimônios essenciais. em que vivem, sobre o qual deformam a história dos
Daí o crime das "privatizações" - na realidade, inter- ricos territórios nacionais que desgovernam, esface-
nacionalização - das nossas empresas estratégicas de lando-os por m e i o dc falsa s i m b o l o g i a de uma
economia mista, guardiãs desses patrimônios. O Bra- pseudomoeda, de controle externo.
sil é, pois, a mais eloqüente vítima desse processo É preciso, portanto, voltar ao roteiro natural c
que designamos de Novo Colonialismo, mais cruel reconquistar a credibilidade deste ente complementar
que o que criou as tradicionais colônias. essencial às relações mundiais de troca. A atribuição de
Com o indiscutível declínio de uso dos com- valor ao que é concreto, faz ressurgir a seriedade que é
bustíveis fósseis e a escassez de matérias-primas es- exigência básica dc qualquer símbolo respeitável que,
tratégicas, surge assim o tenebroso espectro do Novo com legitimidade, represente o universo dos bens
Colonialismo para subjugar as nações em cujos terri- patrimoniais e dc utilidade. Primeiro a energia, e de-
tórios situam-se portentosos patrimônios naturais. mais recursos naturais estratégicos, que baseiam, fazem
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exacerbado por Fernando Henrique Cardoso com o Nem de longe referiu-se à imensa potencialidade bra-
p l a n o d e estabilização m o n e t á r i a d o F M I . sileira, e s p e c i a l m e n t e n o s c r u c i a i s s e t o r e s e n e r g é t i c o
Essa d e v a s t a d o r a d i n â m i c a p r e d a d o r a , p o r é m , e m i n e r a l , em q u e as p o t ê n c i a s e c o n ô m i c a s t ê m ca-
n ã o o c o r r e u p o r acaso. O s a n o s 7 0 f o r a m d e g r a n d e s rências insuperáveis.
a v a n ç o s na c o n s t r u ç ã o do país. O Brasil d e u saltos O p r o c e s s o i n i c i a d o em 1979, c o m a r e t i r a d a
qualitativos i m p o r t a n t e s c o m a i m p l a n t a ç ã o d e i n d ú s - d o controle d e mãos nacionais d c instrumentos d e
tria d e b e n s d e capital p r ó p r i a e d e s e t o r e s i n d u s t r i - ação e d e d e f e s a , t e m sido v e r t i g i n o s o , f r u t o d e p r o -
ais s o f i s t i c a d o s , c o m o f a r m a c ê u t i c o , a e r o n á u t i c o , g r a m a d o r o t e i r o : o Consenso de Washington. A v í t i m a ,
p e t r o q u í m i c o , e l e t r ô n i c o e dc i n s u m o s básicos; a subs- o Brasil, foi e x c l u í d a do "consenso". Nessa sistemáti-
tituição d o s derivados do petróleo p o r combustíveis c a d e i n t e r v e n ç ã o , n ã o resta a o E s t a d o n e m mais o
p r ó p r i o s a o t r ó p i c o e , p r i n c i p a l m e n t e , pela f a s e mais c o n t r o l e d c s e u s ricos p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s , essenci-
i m p o r t a n t e d o processo d e substituição d e importa- ais aos países h e g e m ô n i c o s , c o m c o n s u m o s i n c o m p a -
ções: a do d e s e n v o l v i m e n t o t e c n o l ó g i c o a u t ó c t o n e . Este tíveis c o m s e u s p r ó p r i o s m e i o s .
caminhava de m o d o célere com a inovação do uso de Com processos e s p ú r i o s , ilegais e m e s m o
f o r m a energética p e r m a n e n t e e limpa: a biomassa. em a g r e s s ã o d i r e t a à C o n s t i t u i ç ã o , d e s d e 1979, g r a n -
G r a n d e s avanços na educação de pós-gradua- des transformações o c o r r e r a m no controle desses
ção, c e n t r o s d e p r o d u ç ã o tecnológica c o m c o m p e t ê n - p a t r i m ô n i o s , f r u t o d a ideologia n e o l i b c r a l , d a s p r á t i -
cia i n t e r n a c i o n a l c m á r e a d e vocação n a c i o n a l : e n e r - cas da globalização e dc m e d i d a s j u r í d i c a s c i n s t i t u -
gia r e n o v á v e l , m e t a i s r e f r a t á r i o s , p r o d u t o s f a r m a c ê u - cionais ilegais, p r o p u g n a d a s p e l o Consenso de Washing-
ticos n a t u r a i s , m a t e r i a i s e s t r a t é g i c o s etc., c o n s t i t u í - ton.
r a m - s e e m sólidos pilares p a r a u m d e s e n v o l v i m e n t o A d i t a d u r a f i n a n c e i r a f o r ç o u as "privatizações"
i n d u s t r i a l c o n s i s t e n t e . S u r g i a assim, e m b o r a e m f a s e d e e m p r e s a s e s t r a t é g i c a s e básicas d e e c o n o m i a mis-
incipiente, os primórdios de importante nação indus- ta, sem q u e n e n h u m a d e l a s fosse p r i v a t i z a d a s o b o
trializada competitiva, a partir dos trópicos. c o n t r o l e d e n a c i o n a i s . Foram t r a n s f e r i d a s p a r a g r u -
Essas iniciativas a s s u s t a r a m a s u p e r p o t ê n c i a pos e x t e r n o s , às vezes p a r a c o r p o r a ç õ e s estatais
h e g e m ô n i c a , l e v a n d o H e n r y Kissinger, c o m o r e a ç ã o , estrangeiras e até para e n t i d a d e s dc origens sus-
em 1978, a d i z e r : "A s e g u r a n ç a d o s E U A n ã o p o d e peitas.
p e r m i t i r u m o u t r o J a p ã o a o sul d o e q u a d o r " . S o b a é g i d e d e s s a t i r a n i a , d e u - s e a débâcle fi-
K i s s i n g e r , p o r é m , n ã o disse t u d o a o r e f e r i r - n a n c e i r a , e m j a n e i r o d e 1999. S u a a n a t o m i a i d e n t i -
se ao J a p ã o , a p r i n c i p a l n a ç ã o q u e , n e s t e século, d e u fica-se c o m a s i t u a ç ã o e n c r g é t i c a - a m b i c n t a l m u n d i a l ,
o salto p a s s a n d o a c o m p e t i r c o m as mais p o d e r o s a s . " e s t e início d c milênio.
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A
s o c i e d a d e brasileira assistiu p e r p l e x a e d e s i n -
m o d o p e r m a n e n t e e limpo. f o r m a d a pela m í d i a o p r o c e s s o q u e levou à
i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o d a C o m p a n h i a Vale d o Rio
D o c e , a l i e n a ç ã o c r i m i n o s a c o n t r a o Brasil,
especialmente para as futuras gerações, pelo
governo de Fernando Henrique Cardoso.
Como conseqüência das perdas decorrentes -
patrimônios naturais estratégicos e estruturas opera-
tivas e s s e n c i a i s - a n a ç ã o Brasil p a s s a no c o n t e x t o
m u n d i a l a u m nível d e i m p o t ê n c i a q u e c a m i n h a n a
direção dos problemas de u m a Angola, uma Repúbli-
ca D e m o c r á t i c a do C o n g o (ex-Zaire) e o u t r o s a i n d a
m a i s infelizes.
No campo da corrupção e da moralidade pú-
blica, nossa s i t u a ç ã o , n e s t e c a s o , é c o m p a r á v e l a o s
conhecidos "negócios" da China, Suez ou Panamá,
em dimensões ainda muito maiores e envolvendo
q u e s t õ e s q u e p õ e m e m risco a sobrevivência n o r m a l
d a vida n a c i o n a l . N o p r i m e i r o caso, a i n d a h o u v e o
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milhões de vezes, volta, a troco de n a d a , às m ã o s do O trânsfuga dirigente brasileiro atual, respon-
d e c r é p i t o i m p é r i o inglês, via a África do Sul... Q u e ver- sável p o r essa i g n o m í n i a , está l e v a n d o a N a ç ã o à r u -
g o n h a , q u e ignomínia, a n t e o sacrifício dc vidas de nos- ína e ao d e s e s p e r o ao e n t r e g a r a forças e x t e r n a s es-
sos soldados! O q u e t u d o isto significa acerca da quali- p ú r i a s as m a i o r e s p r o v í n c i a s m i n e r a i s do p l a n e t a e o
ficação d a atual g e r a ç ã o d e brasileiros, q u a n d o c o m p a - m a i o r p a t r i m ô n i o g e n é t i c o d a T e r r a . O Brasil d o q u a r t -
r a d a à d a q u e l e s q u e nos legaram esses p a t r i m ô n i o s e a zo e do n i ó b i o , d a s p o r t e n t o s a s f l o r e s t a s tropicais, a
d i g n i d a d e q u e , c o m o h e r a n ç a s a g r a d a , deveria nos ins- N a ç ã o do Sol e o I m p é r i o d a s Á g u a s e s t ã o c a m i n h a n -
pirar? N a d a mais somos q u e u m a g e r a ç ã o de vis trai- do para serem controlados em u m a sórdida situação
dores? e m q u e 70% d o P r o d u t o I n t e r n o Brasileiro j á s e e n -
c o n t r a e m m ã o s d e n ã o - r e s i d e n t e s . O u seja, e m p o u -
A VALE E A A M A Z Ô N I A c o t e m p o , o s r e s i d e n t e s n ã o t e r ã o mais c o n t r o l e d e
nada ou apenas do que não é importante. O nosso
E m b o r a com ação inicialmente c o n c e n t r a d a t e r r i t ó r i o e s u a s r i q u e z a s s e r ã o o b j e t o de '' , in-
n o E s t a d o d c M i n a s G e r a i s , foi n a r e g i ã o a m a z ô n i c a ternacional e n t r e exércitos mercenários patrocinados
o n d e a Vale teve p a p e l f u n d a m e n t a l , d e s l o c a n d o p a r a p o r corporações transnacionais de minerais e madei-
l á u m a p o p u l a ç ã o d e c e r c a d e t r ê s m i l h õ e s d e indiví- reiras, c o m o aquelas q u e devastaram as florestas tro-
d u o s . A o c u p a ç ã o t e r r i t o r i a l dessa r e g i ã o p o r brasi- picais no S u d e s t e da Ásia. O r e g i m e político q u e está
leiros é, c o m o s a b e m o s , o c a m i n h o s e g u r o p a r a salvá- p e r m i t i n d o essa m o n s t r u o s i d a d e é , d e m o d o i n c o m -
l a d o s p r o j e t o s geopolíticos d e o c u p a ç ã o e c o n ô m i c a p a r á v e l , o mais n e f a s t o q u e j a m a i s foi i m p l a n t a d o e m
estrangeira. q u a l q u e r país, pois leva o seu povo à r u í n a e a N a ç ã o
Nessa r e g i ã o , a Vale é crucial i n s t r u m e n t o p a r a a o caos.
t r a n s f o r m a r os imponentes recursos naturais q u e ad- A " r a z ã o " q u e n o r t e o u esse r e g i m e t i r â n i c o
m i n i s t r a , m i n é r i o s e f l o r e s t a s , em f o n t e s de r i q u e z a . d a m o e d a falsa c o m o i n s t r u m e n t o implacável d e d e s -
Por isso, a e n t r e g a da C o m p a n h i a Vale do Rio Doce a t r u i ç ã o foi o de " f a z e r caixa". N e m isso, ele r e p r e s e n -
i n t e r e s s e s e x t e r n o s é um m o d o de e n t r e g a r a A m a z ô - tou p o r é m . A s d í v i d a s i n t e r n a e e x t e r n a a u m e n t a r a m
nia a esses i n t e r e s s e s a n t i n a c i o n a i s . E n t r e g a r a Vale é a s s u s t a d o r a m e n t e , a l c a n ç a n d o v a l o r e s impossíveis d e
o m o d o dc a n u l a r as possibilidades de desenvolvi- ser a s s u m i d o s pela n a ç ã o , f r u t o d e u m a r o l a g e m cri-
m e n t o a t u a l e f u t u r o da A m a z ô n i a . É a g a r a n t i a de m i n o s a . S e fossem v e r d a d e i r o s , n e m havia c o m o p a g á -
m a n t ê - l a e s t a g n a d a c p r e s e r v a r a r e g i ã o cm seu esta- las, pois n o s s o s g r a n d e s p a t r i m ô n i o s , n e s s e r e g i m e ,
d o p r i m i t i v o p a r a uso e b e n e f í c i o d a s p o t ê n c i a s h e g e - j á n ã o mais n o s p e r t e n c e m . N ã o h á c o m o p r o s s e g u i r
m ô n i c a s q u a n d o t i v e r e m posse p l e n a d a r e g i ã o . O u c o m essa l o u c u r a . O d e s a s t r e é inevitável. A m o r t e é
seja, q u a n d o d e i x a r d e s e r brasileira. certa e anunciada!
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EUA UE JAPÃO EUA UE JAPÃO f e r r o (Fe); 102 vezes mais c o b r e (Cu) e 176 vezes mais
c h u m b o (Pb). E n q u a n t o os países ditos desenvolvidos,
NIÓBIO 100 100 100; MICA 100 83 100
m e m b r o s d a O E C D , c o n s o m e m p o r habitante 2 5 vezes
98 100 100; COBALTO 97 100 100 mais a l u m í n i o do q u e os subdesenvolvidos, 29 vezes mais
MANGANÊS
c o b r e , 17 vezes mais e s t a n h o , 134 vezes mais aço, 66
ALUMÍNIO 91 97 100; CROMO 91 97 99 vezes mais níquel, 21 vezes mais c h u m b o , 14 vezes mais
91 100 98
zinco, 7 vezes mais fertilizantes de f ó s f o r o e 11 vezes
TÂNTALO 91 100 100; PLATINA
mais fertilizantes d e potássio.
ESTANHO 82 80 85; NÍQUEL 70 87 100 Esse desequilíbrio m u n d i a l tem p i o r a d o m u i t o
c o m a c o n c e n t r a ç ã o de riqueza em màos de g r u p o s e de
ZINCO 57 57 48; TUNSTÉNIO 52 77 85
países h e g e m ô n i c o s , c o n f o r m e atestam a cada a n o Rela-
ANTIMÔNIO 51 91 100; VANÁDIO 42 100 100 tórios d a s Nações Unidas. Neles ficam evidentes q u e as
ações de globalização têm g a n h a d o r e s certos - os mais
COBRE 13 80 80; CHUMBO 13 44 47
ricos. Essas circunstâncias p o d e m levar a explosões de
FOSFATOS 1 99 100; MOLIBDÉNIO - 100 99 revolta e m várias p a r t e s d o m u n d o , c o m o p r e v ê e m
m e m b r o s d o p o d e r neoliberal internacional.
Esse insólito d e s e q u i l í b r i o e n t r e o s q u e c o n -
A s p e n , Colorado, a d i z e r no início da avalanche de p r o - s o m e m e os q u e d e t ê m as r e s e r v a s n a t u r a i s e s t r a t é g i -
p a g a n d a d o u t r i n á r i a a favor do neoliberalismo: cas é i m p o s t o pelo a r b i t r á r i o p o d e r d a m o e d a i n t e r -
"Os países i n d u s t r i a l i z a d o s n â o p o d e r ã o viver n a c i o n a l d e r e f e r ê n c i a q u e r e t i r a desses r e c u r s o s a s
d a m a n e i r a c o m o e x i s t i r a m até h o j e s e n â o t i v e r e m à v a n t a g e n s c o m p a r a t i v a s q u e r e p r e s e n t a m . Essa m o e -
sua disposição os recursos naturais nâo-renováveis do d a , c o m o fictício símbolo d e t o d a s a s r i q u e z a s , s o b r e -
p l a n e t a . P a r a isso, t e r ã o d e m o n t a r s i s t e m a s m a i s p õ e - s e a o s f a t o r e s c o n c r e t o s , n i e s m o s e n d o escassos e
r e q u i n t a d o s e e f i c i e n t e s de p r e s s õ e s e c o n s t r a n g i - essenciais, dcsvalorizando-os, c o m o o c o r r e com os
mentos, q u e g a r a n t a m a consecução dc seus obje- r e c u r s o s m i n e r a i s . Esse p r e d o m í n i o d o m o n e t á r i o
tivos." sobre os bens que deveria representar, promove um
Essa s i t u a ç ã o fica a g r a v a d a pela d e s e n f r e a d a (ipo d e t i r a n i a q u e impossibilita à s e m p r e s a s d o s pa-
e perdulária d e m a n d a que as sociedades de consumo íses d e t e n t o r e s d e g r a n d e s r i q u e z a s n a t u r a i s , m a s q u e
d o c h a m a d o P r i m e i r o M u n d o i m p õ e m a s e u s povos. nâo fazem parte do fechado clube dos q u e controlam
Nos EUA, com apenas 7% da população mundial, o sistema monetário internacional, de participar de
silo c o n s u m i d o s 45 vezes mais zinco (Zn) do q u e 110 um processo com um m í n i m o de p o d e r de competi-
r e s t o d o m u n d o ; 5 2 mais a l u m í n i o (Al); 6 4 vezes mais ç ã o e d i r e i t o à sobrevivência.
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