Você está na página 1de 46

Brasil civilização suicida J.

W
Bautista Vidal
Logística
Faculdade Anhangüera de Dourados
45 pag.

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B RASIL CIVILIZAÇÃO
SUICIDA

J. W. BAUTISTA VIDAL

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
Este livro mostra como o Brasil
caminha para a ruína e o
d e s m e m b r a m e n t o , quando teria
c o n d i ç õ e s e x c e p c i o n a i s para
transformar-se em potência mundial.
A mente colonizada de seus
d i r i g e n t e s e o regime s ó c i o - e c o n ô m i c o
implantado estão levando este
p a í s - c o n t i n e n t e à c o n d i ç ã o servil que
c o n d e n a a grande c i v i l i z a ç ã o
brasileira ao s u i c í d i o .

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
BIBLIOTECA NACIONALISTA
OB ENÉAS - GETÚLIO VABGAS

lEGtâO WÊÊÊÊÊÊÊÊ IRABAIHISIft

• DE FACE AO CAOS
DE PÉ ENTRE AS RUÍNAS!

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
Direitos Autorais 2000 de J. W. Bautista Vidal

1* e d i ç ã o
Agosto de 2000

Projeto gráfico. Capa e Arte-final


M a u r o N u n e s Barbosa

Revisão
José Humberto Fagundes PREFÁCIO

T o d o s o s D i r e i t o s r e s e r v a d o s . N e n h u m a p a r t e d e s t a ediçflo p o d e ser Apenas poucas palavras sobre as razões deste livro. Ele
u t i l i z a d a o u r e p r o d u z i d a - c m q u a l q u e r m e i o o u f o r m a , seja m e c â n i - agrega textos que nasceram com objetivos distintos aos que mo-
c o o u e l e t r ô n i c o , f o t o c ó p i a , g r a v a ç ã o etc. - n e m a p r o p r i a d a o u esto-
cada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização do tivaram o seu surgimento. Cabe neste caso a idéia de que o todo é
autor. maior do que a soma das partes, como as funções no ser humano
são maiores do que as dos órgãos que o compõem.
0 primeiro texto trata da internacionalização da Compa-
N778n Vidal, J. \V. Bautista
Brasil Civilização S u i c i d a . J. W. Bautista Vidal. - Bra- nhia Vale do Rio Doce na fase de resistência, previa à "privatiza-
sília; S t a r P r i n t G r á f i c a e E d i t o r a , 2 0 0 0 ção". Ele procurava conscientizar a sociedade brasileira acerca
8 8 p.
do crime que representava a entrega da Vale a forças externas.
1. N a c i o n a l i s m o , Brasil. 2. M i n é r i o . 3. E n e r g i a . 4. Sis- O segundo texto resultou de iniciativa de Gilberto Vas-
t e m a F i n a n c e i r o . 5. Colonialismo. 6. P o d e r M u n d i a l . I. V i d a l ,
J. W. Bautista. II. T í t u l o conccllos c minha de preparar um ensaio para ser publicado no
Le Monde Diplomatique, que nos parecia veículo defensor das
C D U 172.15
C D D 172 mesmas idéias da nossa luta. Puro engano. Esquecemos que uma
coisa era o espírito francês de independência e outra a questão
colonial brasileira, da qual eles são beneficiados.
Editora Nação do Sol O terceiro ensaio acentua a evolução do colapso dos com-
SMPW Quadra 17, Conjunto 10, Casa 7 bustíveis fósseis c a gravidade do seu desfecho.
Cep 71715-170 - Brasília, DF, Brasil
Telefax: 55 0 ( ) 61 380.1344 Os três textos agregam os ramos da natureza dos quais
E-mail: bautista@brnct.com.br dependem todos os bens c serviços que são de uso da humanida-

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L C I V I L I Z A Ç Ã O SUICIDA
•32EQ3

de: os minerais e os produtos da fotosíntese, o que reafirma a


importância estratégica do Brasil na solução dos perigosos pro-
blemas atuais e por vir.
Em contrapartida, procuramos analisar a violência do pro-
cesso que se abateu sobre nós, em que estamos perdendo o con-
trole de tudo o que é essencial para poder dar nossa contribuição
para a solução da gravíssima situação mundial e para garantir
nossa sobrevivência como povo e como cultura, em projeto his-
tórico de consistentes fundamentos.
Verificamos, também estarrecidos, que o processo destru-
tivo está sendo realizado por dirigentes nativos, sem necessidade INTRODUÇÃO
das forças externas interessadas darem um só tiro. Assim, estamos
ste livro visa ao e s t a b e l e c i m e n t o de c o n c e i t o s

E
perdendo aceleradamente a condução do país. 70% de nosso PIB
já é controlado por não-residentes. Como nesse bojo está o poder e a o a c ú m u l o d e i n f o r m a ç õ e s d e n a t u r e z a es-
- quem decide -, prevê-se que esse controle chegue rapidamente à t r a t é g i c a q u e p e r m i t a m u m a r i g o r o s a avalia-
totalidade do que é essencial à nossa sobrevivência como socie- ção da r e a l i d a d e b r a s i l e i r a e m u n d i a l , a p a r -
dade organizada. Como esse controle estende-se a nossos patri- tir d o m u n d o físico q u e f u n d a m e n t a a p r o d u -
mônios naturais, essenciais para o futuro das novas gerações de ç ã o e c o n ô m i c a e o p o d e r . Ele rejeita as misti-
brasileiros, fica evidente que estamos, como sociedade, caminhan- ficações e e s q u i z o f r e n i a s a t u a i s - p r á x i s na c o n d u ç ã o
do de modo acelerado para o suicídio. Como a história ensina, as do q u e c h a m a m de economia, orientada por teorias
civilizações não são mortas, elas se autodestroem. d e b a s e m o n e t á r i a fictícia. N e m elas s ã o t e o r i a s , n e m
O historiador White considerou o poder norte-americano tratam das questões que f u n d a m e n t a m a produção e
como um perigo para a humanidade, por falta de percepção na o p o d e r . Elas d e s c o l a m d a r e a l i d a d e c o n c r e t a , c o m o
cultura de seu povo do "sentido trágico da história". Será que d i z e m os q u e a d e f e n d e m , e s e r v e m a i n t e r e s s e s
essa ausência de sentido da história também nos atinge, cm con- a n t i n a c i o n a i s d e g r u p o s h e g e m ô n i c o s . Elas n a d a t ê m
dições porém opostas aos dos norte-americanos? Neles, existe o a v e r c o m as c o n c e p ç õ e s q u e levam à e s t r u t u r a ç ã o de
perigo de destruírem os demais sem olhar para as conseqüências t e o r i a s de bases c o n c e i t u a i s e filosóficas c o n s i s t e n t e s .
e, em nós, o perigo de sermos exterminados sendo atores do pro- N o s p r o p o m o s a e v i d e n c i a r esses f a t o s c o m as c o n s e -
cesso. q ü ê n c i a s da e x p e r i ê n c i a b r a s i l e i r a e o e x e m p l o d o s
O Autor infelizes c a m i n h o s q u e e s t a m o s s e g u i n d o , sob a c o n -
dução de dirigentes sem compromissos com a Nação.

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
gB R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA
•3ZDB
Este é u m livro q u e p r e t e n d e ser c o n t u n d e n - O q u e p r e d o m i n a p o r é m são as d e f o r m a ç õ e s
te, r a d i c a l e claro, no s e n t i d o e s t r i t o dessas p a l a v r a s . i m p o s t a s a essa r e a l i d a d e n a t u r a l p o r políticas f i n a n -
O u seja, p r e t e n d e ser v e r d a d e i r o . A s leis d o m u n d o ceiras unilaterais, conduzidas por g r u p o s hegemônicos
físico silo t r a t a d a s c o m r i g o r , sem s a l a m a l e q u e s q u e q u e c o n d u z e m o s mais f r a c o s , s u b j u g a d o s , pelos ca-
d e f o r m e m sua precisão e alterem os conceitos q u e m i n h o s d e u m e s p ú r i o sistema f i n a n c e i r o . S ó a r u í n a
f u n d a m e n t a m a r e a l i d a d e concreta. Nele, n ã o são os espera, apesar de imenso potencial de riqueza
a d m i t i d a s falsas simbologias. Por isso, a v e r s ã o m o n e - n a t u r a l , base c o n s i s t e n t e e insubstituível do p r o c e s s o
tária d o s f a t o s e c o n ô m i c o s é e x c l u í d a . N ã o é t o l e r a d a de p r o d u ç ã o de b e n s e serviços. N ã o é p o r é m este
a f o r m a c o m o a t u a l m e n t e é utilizada, c o m m o e d a s e m livro o local p a r a d e m o n s t r a r essa r e a l i d a d e c o n t u n -
l a s t r o e e m i t i d a s e m c r i t é r i o s , salvo os da p r e p o t ê n c i a , d e n t e , p o i s ela está e x p l í c i t a n o c o t i d i a n o d o país.
em regime de monopólio mundial. A p e n a s usaremos algumas evidências simples dessa
O livro p r o c u r a m o s t r a r a n a t u r e z a í m p a r , do r e a l i d a d e . A o f u g i r m o s d o clima d e e s b ó r n i a q u e ca-
p o n t o d e vista histórico, d o b r u t a l p r o c e s s o d e e s p o - r a c t e r i z a o d o m í n i o e c o n ô m i c o p e l a via f i n a n c e i r a ,
liação a q u e está s e n d o s u b m e t i d o o Brasil, c o m o p a r t e p r o c u r a m o s um c a m i n h o consistente e sério p a r a
s u b o r d i n a d a a um sistema financeiro internacional, r e c o n d u z i r a vida nacional à r e s p o n s a b i l i d a d e e à
d e n t r o d o q u a l , q u a l q u e r q u e seja seu i m e n s o p o t e n - decência.
cial de r i q u e z a , é impossível s o b r e v i v e r , c a m i n h a n d o As p r e m i s s a s d e s t e t r a b a l h o são s i m p l e s e cla-
d e m o d o i n e x o r á v e l p a r a a r u í n a c o m o e n t i d a d e co- ras. A p r i m e i r a d e l a s r e s u l t a d a r e t o m a d a d o t r a t o
letiva h i s t o r i c a m e n t e c o n s t i t u í d a . d a p r o d u ç ã o c o m o b e n s e serviços r e t i r a d o s d a n a t u -
Em contrapartida, os fatores concretos do r e z a - m a t é r i a s - p r i m a s - p o r e n t e t a m b é m da n a t u r e -
m u n d o económico, como matérias-primas, energia e za q u e as t r a n s f o r m a - a e n e r g i a -, g r a ç a s aos c o n h e -
tecnologia, g a n h a m nele as dimensões de apoteótica c i m e n t o s q u e o h o m e m foi a d q u i r i n d o d a s leis e p r i n -
r e a l i d a d e , r e f l e t i n d o sua e s s e n c i a l i d a d e , escassez o u cípios que regem a natureza i n e r t e e a vida -
a b u n d â n c i a relativa. R e v i v e n d o sua valorização c o m - t e c n o l o g i a . Isso é t u d o . As t e o r i a s q u e t r a t a m da p r o -
parativa em sadio processo de competição produtiva. d u ç ã o e da t r a n s f o r m a ç ã o de m a t é r i a s - p r i m a s e b e n s
Ao sair da economia exclusivamente financeira, q u e e n v o l v e m f u n d a m e n t a l m e n t e essas variáveis e valo-
t u d o s u b o r d i n a a u m a falsa s i m b o l o g i a m o n e t á r i a res. Q u a l q u e r teoria q u e p r o c u r e i n t e r p r e t a r a g e r a -
m a n i p u l a d a pela e s p e c u l a ç ã o , o a r b í t r i o e a p r e p o - ç ã o d e r i q u e z a s úteis a o h o m e m d e v e c o n t e m p l a r esta
tência, foge-se d a a r t i f i c i a l i d a d e e s t ú p i d a p a r a u m a o r d e m de valores ou entes q u e a c o m p õ e m , com con-
realidade concreta q u e f u n d a m e n t a os fatos econô- sistência e v e r a c i d a d e . O m o n e t á r i o , se fictício, falsa-
micos na s u a c o n c e p ç ã o física de b e n s e serviços. m e n t e simbólico, é a p e n a s d e f o r m a d o r d a r e a l i d a d e

8 9

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
LgBR A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIOJ

e serve de instrumento para mãos espúrias, delin- Os três capítulos d e s t e livro t r a t a m do papel
q ü e n t e s , e x t e r n a s e internas, a t u a r e m de m o d o nega- e significação do c o n t i n e n t e brasileiro em relação ao
tivo s o b r e nossa vida c o m o n a ç ã o o r g a n i z a d a . t r a t o d o q u e resulta desses dois r a m o s absolutos d a
É p r a t i c a m e n t e o q u e vem a c o n t e c e n d o com n a t u r e z a , d e o n d e p r o v ê m t u d o o q u e serve a o h o -
o falso símbolo m o n e t á r i o imposto ao m u n d o por m e m em suas a v e n t u r a s de c o n s t r u i r e m a n t e r civili-
inaceitável t i r a n i a b a s e a d a no a r b í t r i o e na p r e p o - zações e na s u p e r a ç ã o de seus i n f o r t ú n i o s .
tência. S o b r e essa variável fictícia, m o n t a - s e e s t r u t u - E, v i v e n d o a h u m a n i d a d e os dois g r a n d e s
ra lógica de bases falsas i m p o s t a a todos p o r exército colapsos de sua existência, o d o s combustíveis fósseis
de p r o f i s s i o n a i s q u e f a z e m valer essas falsas idéias, e o ecológico, este d e c o r r e n t e do uso d e s c o n t r o l a d o
d e s r e s p e i t a m a s leis d a n a t u r e z a , d o m u n d o c o n c r e - d a q u e l e , e v i d e n c i a m o s a necessária ação q u e cabe ao
to, e desvalorizam o potencial de riqueza de países e povo q u e habita este c o n t i n e n t e tropical - locus das
povos. É o d e s c o l a m e n t o da r e a l i d a d e a q u e se refe- soluções p a r a esses potenciais desastres.
r e m os e c o n o m i s t a s , c o m o se dissessem algo inteli- A Nação brasileira e n c o n t r a - s e assim a n t e d u a s
g e n t e e n ã o estivessem c o m e t e n d o g r a v e a t o de falsi- possíveis a l t e r n a t i v a s : o u a s s u m e sua p r e d e s t i n a ç ã o
d a d e q u e favorece de m o d o ilegítimo g r u p o s e países geopolítica com a u t o n o m i a e g r a n d e z a ou c a m i n h a
em detrimento dos demais. s e r v i l m e n t e p a r a o d e s m e m b r a m e n t o e ação p r e d a d o r a
C o m o i m p õ e m essa lógica, com o s u p o r t e da d a s forças e x t e r n a s q u e nos d o m i n a m com a conivên-
t i r a n i a v í d e o - f i n a n c e i r a q u e n o s s u b j u g a , q u e m dela cia c o n s e n t i d a e c r i m i n o s a d o s atuais d i r i g e n t e s : ou
d i s c o r d a é démodé, c o m o se o t r a t o d a s q u e s t õ e s seja, c a m i n h a p a r a o suicídio.
civilizatórias e da vida d o s povos fosse u m a q u e s t ã o Essa a p a r e n t e p r e d e s t i n a ç ã o é f r u t o do espí-
d e m o d a . Deste m o d o , todos somos t r a t a d o s c o m o rito c o l o n i z a d o q u e d o m i n a as m e n t e s da atual classe
tolos... e aceitamos essa c o n d i ç ã o sem e n é r g i c o p r o - d i r i g e n t e b r a s i l e i r a , servil e t r a i d o r a , p o r t a n t o , se-
testo e disposição de d e c i d i d a luta p a r a g a r a n t i r a g u i n d o a clara c o n c e p ç ã o de O r t e g a y Gasset: " m e n t e
m a n u t e n ç ã o da cabeça e r g u i d a e da d i g n i d a d e . colonial é a q u e l a q u e i g n o r a seu p r ó p r i o e s p a ç o e
Partimos de uma realidade inconteste em q u e seu t e m p o " .
todos os bens físicos usados na construção e s u p o r t e das O s matizes d e p s e u d o - i n t e l e c t u a l i d a d e q u e
civilizações e na existência, m a n u t e n ç ã o e evolução da c e r c a m de a u r e o l a , nessa c o n c e p ç ã o de O r t e g a , o prin-
vida dos povos estão sintetizados em dois g r a n d e s ra- cipal d i r i g e n t e brasileiro atual, a p e n a s r e f l e t e seu po-
m o s d o s recursos naturais: aqueles d o m u n d o inerte, o s d e r de v e r b a l i z a r o servilismo, com e l e g â n c i a s e m
minerais, e os q u e têm origem na fotosíntese, a biomassa, virilidade, e a intrínseca ignorância sobre o q u e so-
a qual ademais f u n d a m e n t a a vida, vegetal e animal. mos, infelizmente generalizada na intelectualidade

10 11

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
R A S I L C I V I L I Z A Ç Ã O SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDJ

d o m i n a n t e h o j e . Isto m a t e r i a l i z a - s e n a t a m b é m p s e n -
d o t e o r i a c h a m a d a t e o r i a d a d e p e n d ê n c i a , essência d a
definição orteguiana, q u e lhe é atribuída e q u e tem o
s u p o r t e de uma e s q u e r d a falsamente vitoriosa, q u e
suporta no c a m p o cultural o domínio de oligarquia
financeira externa mais implacável que a do
c o l o n i a l i s m o m e r c a n t i l d o século X I X .
A h i s t ó r i a do Brasil d e s t e século, e n t r e t a n t o ,
a t é os a n o s 50, d e s m e n t e essa t e n d ê n c i a s u p e r f i c i a l e
CAPÍTULO i
o p o r t u n i s t a pós-Bretton Woods e pós-Juscelino - o
O PODER MUNDIAL CONTRA O BRASIL

a
presidente do modelo econômico d e p e n d e n t e . Nesse
período, despontaram as figuras anticoloniais de
F l o r i a n o e , p r i n c i p a l m e n t e , d e G e t ú l i o Vargas, este h u m a n i d a d e e n f r e n t a situação d a s mais d i f í -
f r u t o d e p r o f u n d a r e v o l u ç ã o p o l í t i c o - c u l t u r a l q u e teve ceis de s u a h i s t ó r i a c o m o o c a s o d o s c o m b u s -
seu p o n t o alto na Revolução de 30 e provocou a m a i o r tíveis f ó s s e i s e as c o n s e q ü ê n c i a s a m b i e n t a i s
t r a n s f o r m a ç ã o da nossa história, com as lutas q u e d e c o r r e n t e s da queima descontrolada desses
levavam à existência de um Projeto p a r a a Nação c o m b u s t í v e i s . As atuais nações h e g e m ô n i c a s , todas si-
brasileira, hoje em processo de destruição. t u a d a s em regiões t e m p e r a d a s e frias do planeta e, p o r
Por ele, n o s s o povo foi l i b e r t a d o do e s p í r i t o isso, c a r e n t e s de e n e r g i a limpa e p e r m a n e n t e , b a s e a r a m
de d o m i n a ç ã o colonial q u e se e s t e n d e u até a Repúbli- seus p r o j e t o s de p o d e r e desenvolvimento no uso e x t e n -
ca Velha e q u e a g o r a r e n a s c e com o neocolonialismo sivo desses combustíveis, c a r v ã o m i n e r a l e petróleo.
d o s F e r n a n d o s , a l i m e n t a d o e c o n d u z i d o de fora do país O p r e d o m í n i o tecnológico dessas nações e a
p o r oligarquias internacionais d e l i n q ü e n t e s : Estas sub- c o n d i ç ã o colonial d a s d e m a i s i m p u s e r a m a o m u n d o
m e t i d a s à p e r i g o s a d e c a d ê n c i a , intrínseca à n a t u r e z a essas f o r m a s e n e r g é t i c a s . O p e t r ó l e o e n c o n t r a - s e em
d a s regiões h o j e a i n d a hegemônicas, e d o m i n a d a s pela p r o c e s s o de e x a u s t ã o e o c a r v ã o m i n e r a l provoca seve-
alucinação esquizofrênica e e n l o u q u e c i d a provocada p o r ras conseqüências ecológicas, c o m perigosas m u d a n ç a s
u m a falsa m o e d a , imposta c o m o referência. climáticas. Suas i m p r u d e n t e s q u e i m a s - j o g a m - s e na at-
m o s f e r a bilhões d e toneladas p o r a n o d e C O 2 q u e leva-
r a m c e n t e n a s d e milhões d e a n o s s e n d o r e t i r a d a s d a
m e s m a a t m o s f e r a - a c e l e r a m g r a v e s p e r t u r b a ç õ e s na
ecosfera, p o n d o e m risco seu instável e q u i l í b r i o .

12 13

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
ífl^B R A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA

A s e v i d ê n c i a s d e s s a s limitações e r a m c o n h e c i - Brasil, a iniciativa foi a n t e r i o r , c o m e ç o u em m a r ç o


d a s d e s d e o início d é c a d a d o s a n o s 70, q u a n d o o d e 1974, r e s u l t a n d o e m n o v e m b r o d e 1975 n a cria-
primeiro informe do Clube de Roma constatou a ç ã o d o P r o g r a m a Nacional d o Álcool, n a a d m i n i s t r a -
e x a u s t ã o d e r e c u r s o s n a t u r a i s , d o s quais d e p e n d e m ção do m i n i s t r o Severo G o m e s , pela Secretaria de
vitalmente as nações hegemônicas, sem d i s p o r de alter- Tecnologia Industrial - STI.
nativas em seus territórios. A p r i m e i r a conseqüência foi O P r o á l c o o l e v i d e n c i o u a p o t e n c i a l i d a d e do
o e m b a r g o de p e t r ó l e o p r o m o v i d o pela O p e p em 1973, Brasil n o s e t o r e n e r g é t i c o . P r o g r a m a d e êxito m u n d i -
c o m o a p o i o de c o r p o r a ç õ e s de petróleo - as Sete I r m ã s , al, p o n t a de i m e n s o iceberg, foi p o r é m i n t e r r o m p i d o .
h o j e C i n c o I r m ã s (Shell, British P e t r o l e u m , E x x o n , C o m o c o n c e b i d o pela S T I , visava n ã o só à substitui-
Texaco e C h e v r o n ) . Desde então, a situação só tem pio- ção da gasolina, mas dos derivados do petróleo e do
r a d o , a p e s a r d e f r e n é t i c o esforço nos E U A , n o g o v e r n o carvão mineral p o r combustíveis renováveis e limpos,
N i x o n , n a f r a c a s s a d a p r o c u r a d e novas r e s e r v a s . pois o Brasil n ã o i m p o r t a v a gasolina, m a s c a r v ã o mi-
Por isso, n o s ú l t i m o s 2 5 a n o s , o c o r r e u p r o - neral e petróleo. As importações de petróleo chega-
f u n d o a j u s t e n o u s o d e s s e s combustíveis, c o m m e d i - r a m a c o n s u m i r , n o f i m dessa d é c a d a , 7 0 % d e nossas
das de conservação e p r o c u r a de alternativas, poste- e x p o r t a ç õ e s . F i c a r a m p o r isso inviáveis c o m os novos
r i o r m e n t e a b a n d o n a d a s . Esse a j u s t e r e d u z i u a d e m a n - p r e ç o s d o p e t r ó l e o p r o v o c a d o s p e l o e m b a r g o . O nos-
da global e a l a r g o u o h o r i z o n t e de uso. Pouco p o r é m so c o l a p s o e n e r g é t i c o nessas c i r c u n s t â n c i a s e r a imi-
foi a c r e s c e n t a d o e m n o v a s r e s e r v a s . A p a n a c é i a d a nente.
f i s s ã o n u c l e a r r e t a r d o u a busca d e a l t e r n a t i v a s , e m - E n t r e i n ú m e r a s iniciativas t o m a d a s e m v á r i o s
b o r a l e n h a d u r a d o p o u c o , s e n d o i n t e r r o m p i d a pelos países n o ú l t i m o q u a r t o d o século 20, a ú n i c a v e r d a -
a c i d e n t e s d e T h r e e Mile I s l a n d , nos E U A , e C h e r - d e i r a m e n t e v i t o r i o s a foi a b r a s i l e i r a . I m p l a n t o u - s e
nobyl, n a e x - U n i ã o Soviética. f r o t a d e 5 m i l h õ e s d e veículos c o m m o t o r e s ciclo O t t o
U m a o n d a ambientalista mobilizou a o p i n i ã o p ú - c o m u s o d e álcool, a l é m d e m i s t u r a d e 2 4 % à gasoli-
blica m u n d i a l nos a n o s 80, a p a r t i r dos E U A . Serviu pa- na. Isto evitou o uso do perigoso chumbo como
r a d e s p e r t a r p a r a o s perigos d o uso extensivo d e c o m b u s - a n t i d e t o n a n t e . P a r a i m p e d i r esse m a l e p a r a e v i t a r a
tíveis fósseis, mas t a m b é m p a r a os efeitos da radiatividade i m p o r t a ç ã o d e álcool d o Brasil, o s E U A o p t a r a m p e l o
c r i a d a pela fissão nuclear, especialmente o plutónio, de uso de MTBE. Agora constata-se que em 31 Estados
ação nefasta p o r c e n t e n a s d e milhares d e anos. a m e r i c a n o s esta s u b s t â n c i a c o n t a m i n o u 3 0 % d o s p o -
N o s E U A d a e r a C á r t e r , e ein o u t r a s p a r t e s , ços d e á g u a potável. C o m o eles n ã o t ê m c o m o p r o d u -
r e a l i z a r a m - s e i n ú m e r a s t e n t a t i v a s tecnológicas visan- zir s u f i c i e n t e álcool e o Brasil d e s a t i v o u a a m p l i a ç ã o
do à b u s c a de a l t e r n a t i v a s a esses c o m b u s t í v e i s . No d a s u a p r o d u ç ã o , c o r r e - s e a g o r a o risco d e v i r e m

14

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
I F I ^ B B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA

p a r a cá, t o m a r nossas usinas e instalar g r a n d e s ativos j á r e s s a r c i d o s , e m m o e d a n a c i o n a l . A s c e n d e n -


filantalions, e x p u l s a n d o o b r a s i l e i r o do c a m p o . U m a tes p r e ç o s i n t e r n a c i o n a i s d e p e t r ó l e o v ã o i m p o r - s e e
tragédia! f i c a r e m o s s u b m e t i d o s à c h a n t a g e m d e s u p r i m e n t o sem
Em 1986, os veículos a álcool c h e g a r a m a re- a l t e r n a t i v a . O c o n t r a t o d e c o m p r a d o gás d e t e r m i n a
p r e s e n t a r 9 8 % d a linha d e p r o d u ç ã o . O s veículos a o p a g a m e n t o d e v o l u m e p r é - e s t i p u l a d o , q u e r seja c o n -
gasolina só e r a m disponíveis p o r e n c o m e n d a . Devido s u m i d o o u n ã o . A l é m disso, p e l a s p r i v a t i z a ç õ e s , o s
a m e d i d a s na á r e a f i n a n c e i r a , a p r o d u ç ã o de c a r r o s a c o n t r o l a d o r e s e x t e r n o s passam a d o m i n a r a distri-
álcool h o j e mal c h e g a a 1% da f r o t a n o v a . Os q u e b u i ç ã o , p o d e n d o d e s a t i v a r os ativos h i d r e l é t r i c o s . Pas-
r e s t a m a álcool e s t a r ã o em u s o p o r c u r t o t e m p o . O sam assim a s e n h o r e s a b s o l u t o s d e c a r t e l q u e d o m i -
p r o g r a m a foi e x t e r m i n a d o . n a r á o m e r c a d o elétrico d o C e n t r o - S u l , nosso g r a n d e
C o m ele, c c o m p u i a n d o - s e os efeitos colaterais, m e r c a d o . S u a p a r t e o n e r o s a , o g a s o d u t o , foi p a g o
o Brasil e c o n o m i z o u e m c u s t o s e x t e r n o s c e r c a d e 8 0 pela Petrobrás.
bilhões d e d ó l a r e s . C r i a r a m - s e 8 0 0 mil e m p r e g o s di- E n t r e as siderúrgicas, a única nacional q u e usa-
rçtos, reduziu-se drasticamente a poluição nas gran- va c o m sucesso carvão vegetal era a Acesita - nossa mais
d e s c i d a d e s e o país p a s s o u a d e t e r o d o m í n i o t e c n o - sofisticada siderúrgica, única p r o j e t a d a c o m tecnologia
lógico m u n d i a l n o s e t o r . nacional. C o m sua privatização, a b a n d o n o u - s e o carvão
De m o d o l a m e n t á v e l , o p r o g r a m a n ã o se es- vegetal pelo carvão m i n e r a l i m p o r t a d o , a p e s a r d e gra-
t e n d e u aos d e m a i s derivados do petróleo, especial- ves d a n o s a m b i e n t a i s , sociais e do b a l a n ç o comercial
m e n t e a s u b s t i t u i ç ã o d o ó l e o diesel p o r óleos vegetais e x t e r n o , além de r e p r e s e n t a r retrocesso tecnológico.
- m a i s e f i c i e n t e s c o m o energéticos e n ã o - d a n o s o s p a r a Q u a l a razão para tanto despropósito? O aban-
o a m b i e n t e . T a m b é m n ã o o c o r r e u a substituição do car- d o n o d o u s o d o c a r v ã o vegetal, n e s t e e n o u t r o s casos,
vão m i n e r a l i m p o r t a d o p o r carvão vegetal nas s i d e r ú r - provocou m i l h a r e s d e d e s e m p r e g a d o s , 2 6 mil c m
gicas brasileiras, n e m a c o n s t r u ç ã o de termelétricas com M i n a s G e r a i s . S o m e n t e os p r o d u t o r e s de g u s a e a
biomassa - florestas energéticas, carvão vegetal e gás de M a n n e s m a n n c o n t i n u a m a u s a r c a r v ã o vegetal, lim-
m a d e i r a , c o m o s e f a z h o j e c o m ê x i t o e m países d a p o , r e n o v á v e l e p r o d u z i d o no país. O d e s p r o p ó s i t o se
U n i ã o E u r o p é i a c o m rejeitos agrícolas. d e v e à visão m í o p e , i n c o m p e t e n t e e a n t i n a c i o n a l de
Pelo c o n t r á r i o , i m p l a n t a - s e n o C e n t r o - S u l d o d i r i g e n t e s , ao s u b o r d i n a r a escolha a um p r o c e s s o de
pais 4 9 t e r m e l é t r i c a s a gás d e p e t r ó l e o i m p o r t a d o d a f o r j a d a e artificial c o n c o r r ê n c i a , a p o i a d a e m n o m i n a l
Bolívia, P e r u e A r g e n t i n a , s o b o c o n t r o l e de c o r - m o n e t á r i o falso, m a n i p u l a d o d o e x t e r i o r .
p o r a ç õ e s t r a n s n a c i o n a i s . Destrói-se d e s t e m o d o n o s s a Deste m o d o , f o r a m d e s p r e z a d o s valores maio-
a u t o n o m i a de energia limpa, com custos reduzidos, e res e e s t r a t é g i a s de a u t o n o m i a e q u a l i d a d e d o s p r o -

16

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
El Í 3 B K B R A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA

d u t o s f i n a i s , c u s t o s a m b i e n t a i s e sociais - d e s e m p r e - ( d u a s vezes). Nesse p r o c e s s o , a tirania f i n a n c e i r a de


go, violência a saúde h u m a n a e a valorização com- c o n t r o l e e x t e r n o fez o q u e q u i s . Foram g o v e r n o s a
p a r a t i v a de f a t o r e s locais a b u n d a n t e s . Em síntese, a serviço da oligarquia financeira internacional. Pro-
soberania nacional. Provocou também d a n o s estrutu- m o v e r a m o d e s m o n t e do E s t a d o e a e n t r e g a d o s pa-
rais n o b a l a n ç o c o m e r c i a l , n a s c o n t a s e x t e r n a s e n a t r i m ô n i o s n a t u r a i s e s t r a t é g i c o s a forças e x t e r n a s , q u a n -
a u t o n o m i a tecnológica e energética, base universal d o a h i s t ó r i a e c o n ô m i c a d o Brasil n e s t e s é c u l o d e -
de sadia competição. Condiciona-se t u d o ao arbítrio p e n d e u d e m o d o vital d o E s t a d o . Nesse p r o c e s s o , a
de uma tirania financeira de c o m a n d o externo. N a ç ã o está s e n d o d e s t r o ç a d a , c o m o a d m i t e seu p r i n -
O e s f o r ç o m u n d i a l a t é o g o v e r n o C á r t e r , de cipal r e s p o n s á v e l :
s u b s t i t u i ç ã o d o s c o m b u s t í v e i s fósseis, foi b r u s c a m e n - " E s t a m o s n a i m i n ê n c i a d e g r a v e r u p t u r a insti-
te i n t e r r o m p i d o a partir do governo Reagan, e n q u a n t o tucional."
se promoviam g u e r r a s no Oriente Médio e jogava-se C o m o c o m p l e m e n t o d e s s a s ações, c r i o u - s e n a
o p r e ç o do petróleo a valores inferiores aos de antes city de L o n d r e s o m e r c a d o d o s p e t r o d ó l a r e s , inicial-
d o e m b a r g o e m 1973. E m 1979, o b a r r i l d e p e t r ó l e o m e n t e com e m p r é s t i m o s a j u r o s negativos, e m b o r a
c h e g o u a 52 d ó l a r e s no sfwt market de R o t t e r d a m . flexíveis, c o m o objetivo de f a z e r a l i m p e z a de di-
C o m a d e r r u b a d a d o x e q u e Yamani, m i n i s t r o d o Pe- n h e i r o s e m lastro q u e o s p r o d u t o r e s d e p e t r ó l e o s e
t r ó l e o da A r á b i a S a u d i t a , o p r e ç o foi r e d u z i d o à irri- r e c u s a v a m a aceitar c o m o p a g a m e n t o . As vítimas des-
sória q u a n t i a d e sete d ó l a r e s , e m p r o c e s s o d e dumping. ses e m p r é s t i m o s f o r a m países q u e g a r a n t i r a m com seus
Para q u ê ? P a r a t o r n a r inviáveis - d o p o n t o d e vista p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s e ativos estratégicos a limpeza des-
m o n e t á r i o n o m i n a l , p e l a visão c u r t a d o s t e c n o c r a t a s - se d i n h e i r o fictício, o Brasil à f r e n t e . Daí o processo de
vitoriosas iniciativas e n e r g é t i c a s . E s p e c i a l m e n t e a m a i s "privatização", na r e a l i d a d e internacionalização desses
i m p o r t a n t e delas, a b r a s i l e i r a , c m f a s e inicial, m a s d e p a t r i m ô n i o s e d e suas e m p r e s a s g u a r d i ã s .
alto p o t e n c i a l t e c n o l ó g i c o e de p o d e r . O m e s m o se d e u pela Lei d a s P a t e n t e s c o m o
O s falcões, a d e p t o s a m e r i c a n o s d o u s o d a for- patrimônio genético da biodiversidade do trópico úmi-
ç a m i l i t a r , s o b r e p u s e r a m - s e a o s c o n s t r u t o r e s d e solu- do. Concedeu-se o monopólio mundial a corpo-ra-
ções d a e r a C á r t e r . Deste m o d o , a s violências m i l i t a r ções t r a n s n a c i o n a i s . M o n o p ó l i o m e r c a n t i l s o b r e a b a s e
e monetária viraram norma. d a vida.
Internamente, promoveu-se a "abertura" que Desses e m p r é s t i m o s , s u b m e t i d o s d e p o i s a j u -
viabilizou a i m p l a n t a ç ã o de m o d e l o d i t o neoliberal, le- r o s extorsivos, r e s u l t a r a m as impagáveis d í v i d a s e x t e r -
vado avante a todo custo, com a deterioração moral na e i n t e r n a q u e l e v a r a m o Brasil à r u í n a f i n a n c e i r a
d o p r o c e s s o político c o m a s eleições d e Collor e F H C e m j a n e i r o d e 1999. O s d e s d o b r a m e n t o s d e s s a m a n i -

18
19

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
C,VI> , 7 A B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA
B R A S I L c * ° SUICIDA

p u l a ç ã o , em associação c o m a política n e o l i b e r a l , le- e s m a g a r p o r m e i o dessa tirania c o m a n d a d a i n t e r n a -


varam à internacionalização referida - biodiversidade, m e n t e p o r a g e n t e s nativos e c o m u m r e g i m e político,
sistema h i d r e l é t r i c o e de á g u a s , m i n é r i o s , CSN (Com- d i t o d e m o c r á t i c o , q u e nos leva a o d e s a s t r e . Fica e n -
panhia Siderúrgica Nacional), Usiminas, E m b r a e r , tão a b e r t a a p o s s i b i l i d a d e de se a p o d e r a r e m d o s nos-
Embratel, r u p t u r a do monopólio do petróleo e das sos p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s e s t r a t é g i c o s , a t r o c o de n a d a .
comunicações e entrega de reservas de petróleo já C o m a elevação d o c o n s u m o d e p e t r ó l e o , c o m
descobertas. T u d o praticamente de graça: moedas a volta ao d e s c o n t r o l e a n t e r i o r ao e m b a r g o e c o m o
podres, subavaliações, incentivos g o v e r n a m e n t a i s , n ã o - c u m p r i m e n t o pelos h e g e m ô n i c o s (exceto A l e m a -
corrupção desenfreada, que serviram apenas para n h a ) d o s a c o r d o s a s s i n a d o s na Eco-92, o m u n d o ca-
e n c h e r a s b u r r a s d e e s p e c u l a d o r e s d e l i n q ü e n t e s , aos minha p a r a perigosa situação d e c o r r e n t e dos maio-
q u a i s nossos d i r i g e n t e s s e r v e m , e n q u a n t o a s d í v i d a s res colapsos que a h u m a n i d a d e j a m a i s s o f r e u : o
se a v o l u m a r a m a d i m e n s õ e s a s s u s t a d o r a s e a e c o n o - e n e r g é t i c o , d o s c o m b u s t í v e i s fósseis; e o e c o l ó g i c o ,
mia n a c i o n a l ficou a eles v u l n e r á v e l . d o e f e i t o e s t u f a . Sem f a l a r n a c h u v a ácida. Neste caso,
Anuncia-se agora que estrangeiros se prepa- p o r e x e m p l o , a c i d a d e d e São Paulo c o r r e risco d e
r a m p a r a c o m p r a r , n a "bacia d a s almas", a s u s i n a s p e r d e r s e u s acessos a o p o r t o d e S a n t o s d e v i d o a d e s -
p r i v a d a s de álcool paulistas. Fecha-se o ciclo i n i c i a d o m o r o n a m e n t o s de e n c o s t a s nas vias A n c h i e t a e Imi-
com os "empréstimos" de "petrodólares", q u e permi- g r a n t e s , pois a c h u v a á c i d a p r o v o c a a d e s t r u i ç ã o da
tiram m o n t a r a armadilha monetária, d e n t r o da qual proteção florestal.
é impossível s o b r e v i v e r c o m o s o c i e d a d e o r g a n i z a d a . O s E U A têm e m seu t e r r i t ó r i o r e s e r v a s d e 2 1
Financistas j u s t i f i c a r a m esses e m p r é s t i m o s bilhões d e b a r r i s p a r a c o n s u m o d i á r i o d e 1 6 milhões.
p a r a c o b r i r d é f i c i t s e x t e r n o s c r i a d o s pelas i m p o r t a - É petróleo para m e n o s de cinco anos, na hipótese de
ções de petróleo. Sem dúvida, portanto, a questão não reduzir drasticamente o consumo ou a u m e n t a r
e n e r g é t i c a m u n d i a l está n a o r i g e m d e s s a a r m a d i l h a suas r e s e r v a s , o q u e é p o u c o p r o v á v e l . As r e s e r v a s
f i n a n c e i r a q u e e s m a g a nossa e c o n o m i a , e n t r e g u e a d a s c o m p a n h i a s a n g l o - a m e r i c a n a s vêm c a i n d o 6 % c m
a g e n t e s d e s s e sistema. N ã o se levou cm c o n t a q u e a m é d i a a n u a l . A l e m a n h a , J a p ã o , Itália e F r a n ç a n ã o
crise do p e t r ó l e o - na v e r d a d e , c o l a p s o e n e r g é t i c o - têm reservas. As da N o r u e g a , Canadá e Inglaterra
a b r i a p e r s p e c t i v a s i n c o m u n s p a r a o Brasil, q u e j a - e s t ã o e m a c e n t u a d o declínio. S o m e n t e o O r i e n t e M é d i o
mais n e n h u m país e x p e r i m e n t o u . Fez-se, p o r é m , o d e t é m r e s e r v a s p a r a d u a s o u t r ê s d é c a d a s . Por isso o s
c o n t r á r i o ao i g n o r á - l a s e s u b m e t e r - s e à fictícia r é d e a E U A o c u p a r a m c o m f o r ç a s militares essa r e g i ã o , gas-
financeira de controle externo. Como os hegemônicos t a n d o nisso, c o n f o r m e a revista International OU, c e r -
n ã o t ê m soluções e n e r g é t i c a s p r ó p r i a s , o p t a m p o r n o s c a d e 100 d ó l a r e s p o r barril q u e i m p o r t a m - s u b s í d i o

20

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
" B R A S I L c'V"-^*ÇAo suicioA • U S B
v á r i a s vezes m a i o r q u e o seu p r e ç o n o m i n a l e m m o e - c o n s e g u i r a m c o m o s c o n t r a t o s d e risco. A s r e s e r v a s ,
d a falsa. S e u p r e ç o está a c i m a d e 3 0 d ó l a r e s , c r e s c e u f r u t o dos êxitos da Petrobrás, q u e nos g a r a n t e m cer-
mais d e 3 0 0 % c m u m a n o . ca de 30 anos de consumo, estão em perigo. Podem
Na r e a l i d a d e , em 1979, c o r r i g i d a a i n f l a ç ã o f i c a r e x a u r i d a s em 5 ou 10 a n o s .
do d ó l a r , o barril c h e g o u a 70 d ó l a r e s . N ã o será s u r - A globalização, p o r t a n t o , i m p ô s m u d a n ç a s n a s
presa que o p o d e r americano queira ressarcir-se das matrizes energéticas p a r a resolver a precária situa-
despesas militares no O r i e n t e Médio e a u m e n t e o ção d e n a ç õ e s h e g e m ô n i c a s , à s custas d e países c o m o
p r e ç o d o b a r r i l p a r a v a l o r e s a c i m a d e 100 d ó l a r e s . o Brasil, México, A r g e n t i n a e o u t r o s .
Para eles, e m i s s o r e s a r b i t r á r i o s d e m o e d a d e r e f e r ê n - Das f o r m a s e n e r g é t i c a s q u e n ã o t ê m o r i g e m
cia nflo seria p r o b l e m a . A l é m disso, é o p o d e r m i l i t a r n o sol, a p e n a s a e n e r g i a n u c l e a r p o d e r i a ter r e s u l t a -
s o b r e o p e t r ó l e o q u e g a r a n t e a m a n u t e n ç ã o da falsa d o s c o m p a t í v e i s c o m a s i t u a ç ã o pela fissão ou f u s ã o .
m o e d a de referência. Nessas circunstâncias, os tecnocratas J á a n a l i s a m o s o s p e r i g o s o s e f e i t o s d a fissão n u c l e a r .
brasileiros i m p õ e m ao petróleo a c o n d i ç ã o de commodity, O g o v e r n o d a A l e m a n h a , e m j u n h o d e 2 0 0 0 , resol-
c o m o s e f ô s s e m o s t o d o s u n s tolos. veu d e s a t i v a r s u a s 1 9 p l a n t a s n u c l e a r e s c o r r e s p o n -
N o s a n o s 80, o s E U A c o n c e n t r a v a m n o O r i - d e n d o à geração de 30% de eletricidade atual. A
e n t e M é d i o 60%i de suas i m p o r t a ç õ e s de p e t r ó l e o e d e s a t i v a ç ã o d a última u s i n a elétrica n u c l e a r o c o r r e r á
a p e n a s 2 0 % na A m é r i c a Ibérica (Venezuela c Méxi- em 2 0 2 1 . Q u a n t o à f u s ã o , é de difícil realização, pois
co). H o j e i n v e r t e r a m esses p e r c e n t u a i s d e v i d o a g r a n - o c o r r e a m i l h õ e s d e g r a u s q u a n d o t o d a m a t é r i a sóli-
d e s riscos n o s países á r a b e s . Estes, h á m u i t o , p r o c u - d a o u liquida s e v a p o r i z a .
r a m d e f e n d e r seus p a t r i m ô n i o s e s t r a t é g i c o s c o m ele- O sol, c o m o as d e m a i s estrelas, é, no e n t a n t o ,
v a d o c u s t o de vidas e resistem a brutais e m b a r g o s gigantesco e " e t e r n o " r e a t o r a fusã o nuclear. As f o r m a s
e c o n ô m i c o s . Assim, é mais fácil se a p o d e r a r e m d a s eólica, g e o t é r m i c a , d a s m a r é s , c a p t a ç ã o solar d i r e t a e
r e s e r v a s d e p e t r ó l e o d o Brasil e d a A r g e n t i n a , n e s t e Outras g a n h a m espaço, e m b o r a sejam restritas e locali-
caso já c o n s u m a d o , do q u e e n f r e n t a r os árabes. A zadas. N ã o são, p o r t a n t o , alternativas p a r a a substitui-
r u í n a f i n a n c e i r a d o México p e r m i t i u o c o n t r o l e d o s ção do petróleo, de uso extensivo. A única f o r m a e n e r -
norte-americanos sobre suas reservas de petróleo, gética de d i m e n s õ e s potenciais p a r a o c u p a r o vácuo q u e
entre as maiores do mundo. se f o r m a , c o m o declínio d o s combustíveis fósseis, é a
N ã o é p o r acaso q u e a n o v a lei brasileira so- biomassa, d e p r o d u ç ã o p r e p o n d e r a n t e nos trópicos. Seus
bre o petróleo permite livremente a exportação, que d e r i v a d o s p o d e m substituir sob a f o r m a sólida, líquida e
p a s s a a ser p r o p r i e d a d e d e c o r p o r a ç õ e s e s t r a n g e i r a s gasosa os d e r i v a d o s dos combustíveis fósseis nas d i m e n -
p o r c o m p r a do existente ou descoberta, o q u e não sões do c o n s u m o m u n d i a l , atual e f u t u r o .

22 23

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
fl ' 3 | 'b R A s I L CIVILIZAÇAO SUICIDA
T M 111*

Com exceção das energias das marés, geo-tér- N a s r e g i õ e s tropicais, p r e d o m i n a m vastos ocea-
m i c a e n u c l e a r , t o d a s as o u t r a s f o r m a s u t i l i z a d a s pe- nos e d e s e r t o s , além d e e s t r u t u r a s n a c i o n a i s d e insu -
l o h o m e m , t a n t o fósseis c o m o r e n o v á v e i s , p r o v ê m f i c i e n t e nível técnico, i n c a p a z e s de e x t e n s o s e efici-
d o sol. A e n e r g i a d e o r i g e m fóssil e x i g e c e n t e n a s entes processos produtivos de biomassa e seus deri-
d e m i l h õ e s d e a n o s p a r a s e f o r m a r . Ela r e p r e s e n t a vados energéticos.
capital energético a c u m u l a d o em eras geológicas. O Brasil, e n t r e t a n t o , é o i n c o m p a r á v e l conti-
São, p o r t a n t o , não-renováveis. É impossível recom- n e n t e d o s t r ó p i c o s , c o m mais d e 2 0 % d a á g u a d o c e
p o r s u a s r e s e r v a s q u a n d o e s g o t a d a s . Esse capital so- do p l a n e t a e c o m nível t e c n o l ó g i c o a g r o i n d u s t r i a l p a r a
lar a r m a z e n a d o n o s f ó s s e i s foi d e p a u p e r a d o pelo ser o g r a n d e f o r n e c e d o r de e n e r g i a l i m p a e r e n o v á v e l
u s o d e s o r d e n a d o d e u m a s o c i e d a d e d e c o n s u m o sui- da h u m a n i d a d e . S o m o s p o r isso p r e d e s t i n a d o s a c o n s -
cida. t r u i r a civilização d o s c a r b o i d r a t o s , de e n e r g i a a b u n -
O s c o m b u s t í v e i s d e r i v a d o s d a b i o m a s s a são re- d a n t e , limpa e renovável, q u e d e p e n d e m do sol e da
n o v a d o s p e r m a n e n t e m e n t e pela captação da radia- á g u a , a b u n d a n t e s nos trópicos brasileiros. Somos a Na-
ç ã o solar, g r a ç a s à fotossíntese d o s vegetais, e x c e p c i - ção do Sol e d a s Aguas. Nossa vocação energética n ã o é
onais coletores naturais. a dos combustíveis fósseis, dos h i d r o c a r b o n e t o s , estamos
Essa e n e r g i a é a c u m u l a d a sob a f o r m a q u í m i - p r e d e s t i n a d o s à c o n s t r u ç ã o da C i v i l i z a ç ã o d o s H i d r a t o s
c a n o s c a r b o i d r a t o s ( a ç ú c a r e s , a m i d o s , óleos vegetais, de Carbono, como demonstrou o químico brasileiro
celulose e h e m i c e l u l o s e ) , t o d o s de fácil c o n v e r s ã o em S e b a s t i ã o S i m õ e s Filho.
c o m b u s t í v e i s , c o m tecnologia q u e d o m i n a m o s , a mais O W o r l d w a t c h I n s t i t u t e , 110 r e l a t o Situação do
avançada em todo o m u n d o . Mundo - 1997, p r e v ê o s u r g i m e n t o de n o v o g r u p o de
A i n c i d ê n c i a de r a d i a ç ã o s o l a r s o b r e o h e m i s - p o d e r m u n d i a l , d e s i g n a d o E-9, d e E n v i r o n m e n t (Meio
f é r i o d a T e r r a c o r r e s p o n d e , p o r dia, à m e s m a o r d e m Ambiente), relacionando-o portanto com questões
d e g r a n d e z a d a s r e s e r v a s d e p e t r ó l e o . A r a d i a ç ã o solar, a m b i e n t a i s e , n a t u r a l m e n t e , e n e r g é t i c a s . Ele s e r á mais
p o r é m , concentra-se nas regiões tropicais. Regiões p o d e r o s o 110 f u t u r o q u e o a t u a l G r u p o d o s 7 g r a n d e s
t e m p e r a d a s e f r i a s , o n d e se localizam h o j e os países (G-7), c o n f o r m e atesta. E n t r e os 9 países do E-9, t r ê s
h e g e m ô n i c o s , n ã o t ê m a e s p e t a c u l a r vocação e n e r g é t i c a são c o n s i d e r a d o s s u p e r p o t ê n c i a s : E U A , m a i o r p o t ê n -
d o s t r ó p i c o s . Por isso, s o m o s levados a c o n c l u i r q u e cia e c o n ô m i c o - m i l i t a r e m a i o r a g r e s s o r a m b i e n t a l ;
a s f u t u r a s civilizações a u t ô n o m a s s o m e n t e s e r ã o pos- C h i n a , s e g u n d o m a i o r a g r e s s o r , c o m potencial p a r a
síveis n o s t r ó p i c o s . Sem e n e r g i a n a d a é possível, n e m t o r n a r - s e o p r i m e i r o ; e Brasil, único e n t r e os n o v e não-
o m u n d o econômico, nem as dinâmicas do cosmo ou p r e d a d o r , c o m potencial e c o m p e t ê n c i a técnico-econô-
d o á t o m o . N e m a s civilizações. mica p a r a resolver os previstos colapsos a m b i e n t a l e

24 25

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
e n e r g é t i c o d o p l a n e t a . O s d e m a i s m e m b r o s d o E-9
são: A l e m a n h a , J a p ã o , Rússia, í n d i a , I n d o n é s i a c In-
glaterra.
É neste c o n t e x t o político de p o d e r m u n d i a l q u e
o Brasil tem o d e v e r de colocar-se, d e i x a n d o de c o m -
portar-se c o m o país d e p e n d e n t e , satélite d e d e c a d e n t e s
nações q u e m a n t ê m artificialmente laivos d e h e g e m o n i a .
Essa p o s t u r a leva - está levando - à d e s a g r e g a ç ã o nacio-
CAPÍTULO I!
nal, em p o s t u r a incompatível com nossa história, com o
OCASO DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
q u e nos l e g a r a m nossos ancestrais, além de ser c r i m i n o -
E O NOVO COLONIALISMO
sa p a r a o d e s t i n o d a s f u t u r a s gerações de brasileiros.
Ou a s s u m i m o s nosso papel ou s e r e m o s e s m a g a d o s . A
J. W. Bautista Vidal e

C
história c o s t u m a ser implacável c o m os fracos.
G i l b e r t o Felisberto Vasconcellos
Nações hegemônicas não admitem competi-
d o r e s , m e s m o q u e legítimos. Por isso, m o n t a r a m sis-
t e m a f i n a n c e i r o g u a r n e c i d o p o r "exército d e o c u p a - rise das Nações Hegemônicas. Desmorona-
ç ã o " de t e c n o c r a t a s e políticos q u e d e t ê m o p o d e r . mento do Sistema Financeiro Internacional
S o m e n t e outros diligentes e um novo regime, com- ou d e s m o n t e de Estados N a c i o n a i s com ri-
p r o m i s s a d o s c o m o q u e é essencial à nossa sobrevi- cos p a t r i m ô n i o s naturais. Carências minerais dos
vência c o m o povo e c o m o c u l t u r a , p o d e r ã o n o s sal- grandes blocos econômicos, EUA, União Européia e
var. Nessa e m p r e i t a d a , países i m p o r t a n t e s a n ó s se Japão. Brasil, grande potência ecológica da humani-
j u n t a r ã o e d e nós e s p e r a m p o s t u r a mais c o m p a t í v e l dade. Estratégia geopolítica das potências económi-
com o que representamos. co-militares para a Região Amazônica
Pela n a t u r e z a t r o p i c a l , pela r i q u e z a d o subsolo, Eis a q u e s t ã o f u n d a m e n t a l d e n o s s o t e m p o :
p e l a g e n t e q u e h a b i t a este c o n t i n e n t e , f r u t o d e m a r a - e s t a m o s d i a n t e d e u m a crise d e c o r r e n t e d o d e s m o r o -
vilhosa m i s c i g e n a ç ã o de raças e de c u l t u r a s , pela ale- n a m e n t o estrutural do Sistema Financeiro Internaci-
g r i a d e viver, p e l o q u e f i z e r a m nossos a n c e s t r a i s , so- onal o u ela t e m p o r objetivo p r o m o v e r o d e s m o n t e
m o s p r e d e s t i n a d o s a c o n s t r u i r n o v a civilização, mais d e E s t a d o s N a c i o n a i s d e t e n t o r e s d e ricos p a t r i m ô n i -
justa, se nos libertarmos do colonialismo neoliberal. os n a t u r a i s estratégicos?
A h i s t ó r i a e n s i n a : as civilizações n ã o são e x t e r m i n a - Até h á p o u c o t e m p o , s a b í a m o s p a r a o n d e ca-
d a s , elas se e x t e r m i n a m . minhava a h u m a n i d a d e . Hoje, vagamos perdidos sem
s a b e r p a r a o n d e v a m o s . V i v e m o s a d e s t r u i ç ã o d o s va-

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
C,VIL,ZA
|jl3| 6 R A S I L Ç À0 SUICI0A B R A S I L C I V I L I Z A Ç Ã O SUICIC

lores q u e f u n d a m e n t a r a m nosso passado, sem q u e biodiversidade e energia renovável), no m o m e n t o em


novos v a l o r e s s e j a m c r i a d o s . Fala-se n o f i m d a histó- q u e países h e g e m ô n i c o s , d i t o s ricos, e s t ã o c m situa-
ria, c o m o se isso fosse possível sem d e s t r u i r o h o - ção d e s e s p e r a d o r a e m s e t o r e s n a t u r a i s e s t r a t é g i c o s .
mem. N ã o foi p o r acaso q u e o p r i m e i r o a cair fosse
V i v e m o s p r o f u n d a crise m o n e t á r i a m u n d i a l , o México, d i s p o n d o d e i m p o n e n t e s r e s e r v a s d e pe-
c o m g r a v í s s i m a s c o n s e q ü ê n c i a s sociais, e c o n ô m i c a s , t r ó l e o na A m é r i c a do N o r t e . O e p i c e n t r o da déblãcle,
c u l t u r a i s e geopolíticas. A p ó s d e v a s t a r as f i n a n ç a s do p o r é m , c o m o diz o S e c r e t á r i o - g e r a l d a U n c t a d , R u b e n s
México e de países asiáticos - a n t e r i o r m e n t e tilo elo- R i c u p e r o , localizou-se n a T a i l â n d i a .
giados pelos neoliberais pela integração ao sistema O p o d e r d e s t r u t i v o dessa crise foi c o n c e n t r a -
f i n a n c e i r o m u n d i a l - a l c a n ç a r a m a Rússia e o Brasil, d o e m r e g i õ e s e m t r a n s i ç ã o c o m altíssimas p o t e n c i a -
este e m j a n e i r o d e 1999. Até o Chile, q u e fez t u d o l i d a d e s , m a s s u b m e t i d a s à s r e g r a s i m p o s t a s p e l o FMI,
c o n f o r m e o s c â n o n e s d e s s e sistema, t e r m i n o u o a n o Banco M u n d i a l e b u r g u e s i a f i n a n c e i r a i n t e r n a c i o n a l ,
de 1998 c o m u m d é f i c i t e m c o n t a c o r r e n t e d e 7 % , q u e o s c o m a n d a . Por essa d e p e n d ê n c i a , t o r n a r a m - s e
p r ó x i m o d a s c i f r a s q u e p r o v o c a r a m a s débâcles f i n a n - v u l n e r á v e i s e d é b e i s , pois e s t ã o s u b o r d i n a d a s a um
ceiras no México e na Tailândia e s u p e r i o r ao do suposto processo de integração com os centros de
Brasil. poder financeiro, controladores da moeda de refe-
A crise, p o r t a n t o , n â o é g e o g r á f i c a e n ã o c h e - rência.
gou ao â m a g o do sistema, às nações hegemônicas, O s países d i t o s d e s e n v o l v i d o s , e n t r e t a n t o , n ã o
d e l a s p o r é m se a p r o x i m a e as a m e a ç a . Para o p r ê m i o a p e n a s foram p o u p a d o s dos efeitos desse processo,
Nobel Modigliani, é iminente o colapso. O sistema m a s , a o c o n t r á r i o , f o r a m a l t a m e n t e b e n e f i c i a d o s pol-
f i n a n c e i r o d e p o d e r m o s t r a sinais e v i d e n t e s d e d e c r e - eie. H o j e , p a r e c e c l a r o t e r sid o esse p r o c e s s o m o n t a -
pitude. d o p a r a t o r n a r o s r i c o s a i n d a m a i s ricos p e l a via
Seu i n t e n s o p o d e r d e s t r u t i v o tem sid o r e s e r - monetária, apesar de p r o f u n d a s carências em setores
vado para regiões de economias emergentes dispon- cruciais, c o m o o m i n e r a l e da f o t o s í n t e s e - e n e r g i a . A
do de amplos mercados que, de um m o d o ou de ou- e s t r a t é g i a visa à s u p e r a ç ã o dessas g r a v í s s i m a s v u l n e r a -
tro, dispõem de elevadas potencialidades concretas. bilidades.
U n s , c o m f o r t e s p r o j e t o s n a c i o n a i s e g r a n d e capaci- Eles g a n h a r a m e s c a n d a l o s a m e n t e n e s s e p r o -
d a d e d e t r a b a l h o e d e o r g a n i z a ç ã o , c o m o o s asiáticos; cesso, d e v i d o a o c o l a p s o p r o v o c a d o n o s p r e ç o s i n t e r -
e outros, com elevados potenciais de recursos natu- n a c i o n a i s d e r e c u r s o s n a t u r a i s essenciais à p r o d u ç ã o
rais e s t r a t é g i c o s , c o m o o México ( p e t r ó l e o ) , A r g e n t i - pelos oligopólios e c a r t é i s c o m p r a d o r e s : m a t é r i a s - p r i -
na ( a l i m e n t o s ) , C h i l e (cobre) e Brasil ( m i n é r i o s , mas escassas e energia, além do b a r a t e a m e n t o de

28 29

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
importações de m a n u f a t u r a d o s de nações forçadas a O u t r a característica c o m u m à q u e l e s a t i n g i d o s
desvalorizar suas moedas. pela (iébâcle f i n a n c e i r a e q u e ela se c o n c e n t r a , de m o d o
O i m p a c t o c u m u l a t i v o d e s s e s efeitos, a l é m da p r e f e r e n c i a l , c o m o diz o S e c r e t á r i o - g e r a l d a U n c t a d ,
truculência do sistema financeiro internacional, com e n t r e o s mais a v a n ç a d o s d e s s e s países e m e r g e n t e s q u e ,
o controle de arbitrária e suspeita moeda de referên- ademais, dispõem de importantes mercados internos
cia e s u a s u n i l a t e r a i s p o l í t i c a s i m p o s t a s a o s p a í s e s e destacados patrimônios naturais estratégicos.
d e p e n d e n t e s , explicam o "milagre" da economia nor- Os africanos, que entre os pobres não ofere-
t e - a m e r i c a n a , q u e p e r m i t i u f i n a n c i a r s e u s colossais cem perspectivas de desenvolvimento em f u t u r o pró-
d é f i c i t s e m c o n t a c o r r e n t e . Isto d e u a i m p r o v i s a d o s x i m o , n ã o e s t ã o e n t r e a s vítimas d a drluicle f i n a n c e i r a .
analistas do terceiro m u n d o a impressão de g r a n d e U m a r a z ã o e v i d e n t e é a falta de a c e s s o d e s s e s países
p o d e r , na r e a l i d a d e de n a t u r e z a ilegítima e e s p ú r i a e aos m e r c a d o s f i n a n c e i r o s p r i v a d o s , c u j a v o l a t i l i d a d e
s e m c o n d i ç õ e s d e p e r s i s t i r p o r falta d e f u n d a m e n t o de seus ativos - n e m mais " p a p e l p i n t a d o " é - consti-
c o n c r e t o n o m u n d o físico q u e s u p o r t a a p r o d u ç ã o e tuiu-se na principal causa dos gravíssimos estragos
o poder. causados nos d e s m o r o n a m e n t o s dè m o e d a s nacionais.
A s s i m , c o m p r o v a - s e o e q u í v o c o da idéia -se Ou seja, a p r i n c i p a l r a z ã o do d e s a s t r e está 11a p r ó p r i a
a l g u m m o m e n t o existiu - d e q u e países d i t o s e m d e - essência d o s i s t e m a m o n e t á r i o .
s e n v o l v i m e n t o , s u b j u g a d o s a esse sistema m o n e t á r i o , Diz R u b e n s R i c u p e r o : "Se o d e s e n v o l v i m e n t o
p u d e s s e m f a z e r c r e s c e r s u a s e c o n o m i a s d e f o r m a mais c p r o c e s s o q u e d e v e r i a e m tese r e d u z i r o g r a u d e
a c e n t u a d a q u e a s d o s ricos. Ela f r a c a s s o u , c o m o n ã o vulnerabilidade das economias a choques externos,
poderia deixar de ser, nas condições estabelecidas como explicar que alguns dos mais afetados tenham
p o r esse s i s t e m a d o m i n a n t e . Assim, o p r ó p r i o concei- sido j u s t a m e n t e a q u e l e s c o m o a C ó r e i a 011 H o n g K o n g ,
t o d e países e m d e s e n v o l v i m e n t o d e s m o r o n a . considerados c o m o quase promovidos ao clube dos
O u seja, a c o n c e i t u a ç ã o d e q u e esses p a í s e s ricos? O u e n t ã o países c o m o a M a l á s i a , T a i l â n d i a ,
chegariam ao desenvolvimento, o b e d e c e n d o a regras I n d o n é s i a , Brasil o u , 110 p r é v i o e s i m i l a r e p i s ó d i o de
i m p o s t a s p o r esse s i s t e m a , é falsa. Os r e s u l t a d o s a 95, M é x i c o e A r g e n t i n a , n a ç õ e s q u e s e m p r e f i g u r a -
q u e c h e g a r a m e r a m facilmente previstos q u a n d o con- r a m 110 p e l o t ã o d e f r e n t e d a i n s e r ç ã o n a e c o n o m i a
s i d e r a d a s a s políticas unilaterais q u e lhes f o r a m impos- monetária mundial?"
tas, e s p e c i a l m e n t e q u a n d o s e a c e n t u a r a m o s m e i o s N e s s e s casos, n ã o e s t a r i a e m c o n t r a d i ç ã o a
de o p r e s s ã o s o b r e eles pela via f i n a n c e i r a , 110 c o n t e x - receita q u e r e c o m e n d a a i n s e r ç ã o r á p i d a e radical à
to da ideologia n c o l i b e r a l e d a s p r á t i c a s da globali- e c o n o m i a global c o m o o m e l h o r c a m i n h o p a r a o d e -
zação. s e n v o l v i m e n t o ? Essas n a ç õ e s f r a c a s s a d a s d e n t r o d e s -

30 31

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
se sistema tiveram em c o m u m a suicida aspiração de Na realidade, essas carências f u n d a m e n t a i s
se " i n t e g r a r e m " à e c o n o m i a g l o b a l i z a d a , e s t r u t u r a d a deixam as sociedades industrializadas em situação de
d e m o d o m a t r e i r o , p r i n c i p a l m e n t e pela via f i n a n c e i - grande vulnerabilidade e tendem a promover condi-
r a , p a r a s e r v i r a o s i n t e r e s s e s d o s países ricos, p o r tos s e m e l h a n t e s aos q u e h o j e e x i s t e m n a á r e a d o pe-
meio de implacável destruição daqueles com impor- tróleo.
tantes potenciais em recursos naturais estratégicos. E s s a s i t u a ç ã o fica a g r a v a d a pela d e m a n d a
As nações hegemônicas s o f r e m carências em d e s e n f r e a d a e perdulária q u e as sociedades de con-
q u e s t õ e s essenciais: e n e r g i a , m e i o a m b i e n t e , m a t é r i - s u m o i m p õ e m a s e u s povos, c r i a n d o g r a v e s d e s e q u i -
as-primas, água, p a t r i m ô n i o genético. Além de de- líbrios, q u e t ê m p i o r a d o c o m a c o n c e n t r a ç ã o d e ri-
s o r d e m f i n a n c e i r a , i n c o n s i s t ê n c i a ideológica, d e g e n e - q u e z a n a s m ã o s d e g r u p o s e d e países d i t o s ricos,
r a ç ã o m o r a l , d e s p r e z o p e l o s e r h u m a n o e p e l a vida. c o n f o r m e atesta o "Relatório sobre o Desenvolvimen-
Elas p r e c i s a m u r g e n t e m e n t e e q u a c i o n a r suas to H u m a n o " do Programa das Nações Unidas para o
c a r ê n c i a s , pois estão c r i a n d o situações insustentáveis Desenvolvimento (PNUD), atualizado todos os anos.
p a r a o f u t u r o de seus povos. N ã o se vive e t e r n a m e n t e Nele fica c l a r o q u e a s ações d e globalização n e o l i b e r a l
a p e n a s de falsa m o e d a , seja ela "papel p i n t a d o " ou m o e d a têm g a n h a d o r e s c e r t o s q u e são o s países ditos mais
digital, pois o m u n d o da p r o d u ç ã o e da riqueza consis- ricos. Isto p o d e levar a u m g r a n d e n ú m e r o d e e x p l o -
t e n t e f u n d a m e n t a - s e n o universo c o n c r e t o d e n a t u r e z a sões d e revolta e m várias p a r t e d o m u n d o , c o m o p r e -
física. A farsa da m o e d a fictícia t e n d e a e n t r a r em co- viram m e m b r o s eminentes do neoliberalismo inter-
lapso p o r a b s o l u t a inconsistência c o m a r e a l i d a d e . nacional n a r e u n i ã o d o f ó r o d e Davos, n a Suíça, o n d e
O que fundamenta o projeto das nações anualmente se reúnem.
h e g e m ô n i c a s s ã o r a z õ e s d e n a t u r e z a geopolítica, r e - Esse b r u t a l d e s e q u i l í b r i o e n t r e o s q u e c o n s o -
sultantes de desastrosa situação q u a n t o à disponibili- m e m e os q u e d e t ê m as r e s e r v a s n a t u r a i s é f o r j a d o
d a d e de recursos naturais estratégicos renováveis e pelo arbítrio do p o d e r da m o e d a internacional de
n ã o - r e n o v á v e i s . Essas c a r ê n c i a s s ã o t ã o g r a v e s q u e referência, q u e retira desses recursos as vantagens
p o d e m levar a g r a v e s c o n d i t o s , c o m o a c h a m a d a " g u e r - c o m p a r a t i v a s q u e d e v e r i a m l e r . Essa m o e d a , c o m o
r a d a s m a t é r i a s - p r i m a s " , prevista pelos a u t o r e s n o r - suposto símbolo de todas as riquezas, emitida em re-
te-americanos George Friedman e Meredith Lebard gime de arbítrio, sobrepõe-se a todos os fatores, prin-
cm seu livro " E U A & J a p ã o , G u e r r a à Vista". A d e - c i p a l m e n t e a o q u e é c o n c r e t o , a o m u n d o físico, d e s -
p e n d ê n c i a d o s p r i n c i p a i s blocos e c o n ô m i c o s , E U A , v a l o r i z a n d o - o , c o m o o c o r r e c o m o s escassos r e c u r s o s
J a p ã o e U n i ã o E u r o p é i a (UE), em m i n e r a i s é assusta- minerais estratégicos. Criou-se deste m o d o u m a dita-
dora, c o m o veremos no capítulo seguinte. d u r a f i n a n c e i r a d e m o e d a falsa q u e t o r n a o s países

32 33

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
d e t e n t o r e s d e g r a n d e s r i q u e z a s n a t u r a i s impossibili- m o d o i n t r í n s e c o , ligada aos c o m b u s t í v e i s fósseis e estes
t a d o s d e s e r e m r e c o m p e n s a d o s pela sua c o n t r i b u i ç ã o estão no c e n t r o do j o g o de p o d e r mundial. Neste, os
p a r a o b e m e s t a r d o s ricos. O p o d e r d e s s e d i n h e i r o grandes perdedores seriam as nações atualmente
fictício r e t i r a o valor d o s b e n s essenciais da n a t u r e z a hegemônicas, os g r a n d e s consumidores desses com-
e leva os povos q u e d e t ê m esses p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s bustíveis, s e m a l t e r n a t i v a s válidas. C o m o fim da e r a
i n s u b s t i t u í v e i s à m i s é r i a . A c o m p e t i ç ã o fica r e s e r v a d a do p e t r ó l e o , está em risco a sobrevivência d a s civili-
a p e n a s aos m e m b r o s d o clube f e c h a d o c o n t r o l a d o r zações d e c o n s u m o c o n t e m p o r â n e a s . Por isso, o s E U A
desse f r a u d u l e n t o sistema financeiro internacional. o c u p a r a m militarmente o Oriente Médio.
O controle da situação se dá p o r meio de instrumen- De m o d o s u r p r e e n d e n t e , p o r é m , a classe di-
tos f i n a n c e i r o s u n i l a t e r a l m e n t e e s t a b e l e c i d o s e a d - r i g e n t e b r a s i l e i r a está d e costas p a r a essas gravíssimas
ministrados pelo arbítrio dos emissores monetários, q u e s t õ e s , e a c u l t u r a b r a s i l e i r a s o f r e de a l i e n a ç ã o
tais c o m o t a x a s d e c â m b i o , j u r o s , níveis d e i n f l a - p r o f u n d a em relação ao papel q u e representa c o m o
ç ã o etc.. única s o l u ç ã o i d e n t i f i c a d a : o p o t e n c i a l de nosso ter-
Ademais, há de se considerar o outro g r a n d e ritório tropical, de dimensões continentais.
perigo de colapso mundial, além do energético, q u e As nações hegemônicas, c o n t u d o , postergam
o c o r r e no c a m p o ecológico. O I n f o r m e 1997 "A situ- as soluções dessas questões e p r e f e r e m , em contra-
a ç ã o d o M u n d o " d o Worldwatch Institute, r e f e r i d o no partida, garantir os meios naturais de q u e carecem
c a p í t u l o a n t e r i o r , d e f i n i u u m novo g r u p o d e p o d e r pelo u s o da f o r ç a ou p e l o acesso ilegítimo via o e n -
m u n d i a l , o G r u p o E-9 (E, d e E n v i r o n m e n t ) , c o m p o s - f r a q u e c i m e n t o d e E s t a d o s n a c i o n a i s q u e d e t ê m esses
t o pelos C h e f e s d e E s t a d o d a s n o v e n a ç õ e s mais im- recursos e por meio de um espúrio sistema financei-
portantes do m u n d o no c a m p o ambiental. O Informe ro que controlam.
a f i r m a q u e o E-9 t e r á n o f u t u r o p a p e l d e m a i o r im- O g e n e r a l Patrick H u g h e s , c h e f e d o S e r v i ç o
portância para a h u m a n i d a d e do q u e o atual G r u p o d e I n f o r m a ç õ e s d a s Forças A r m a d a s n o r t e - a m e r i c a -
d o s 7 (G-7), r e s t r i t o às q u e s t õ e s e c o n ô m i c o - f i n a n c e i - nas, e m c o n f e r ê n c i a n o M a s s a c h u s e t s I n s t i t u t e o f
ras, que hoje regem artificialmente o m u n d o . Naque- T e c h n o l o g y - M I T , t e n d o c o m o p a n o d e f u n d o su-
le g r u p o , o Brasil situa-se e n t r e as t r ê s s u p e r p o t ê n - p o s t o s i n c ê n d i o s n a f l o r e s t a t r o p i c a l ú m i d a d e Ro-
cias - as o u t r a s d u a s são E U A e C h i n a , os d o i s p r i n - raima, o n d e existem "campos gerais" e não florestas
cipais a g r e s s o r e s a m b i e n t a i s . E n t r e as n o v e , o Brasil tropicais, a m e a ç a c o m a i n v a s ã o a r m a d a n o r t e - a m e r i -
é o ú n i c o país n ã o p r e d a d o r , q u e tem soluções d e f i - cana nas seguintes hipóteses:
nitivas p a r a a s g r a v e s q u e s t õ e s ecológicas d o p l a n e t a . a) ameaça de desastres ecológicos q u e atin-
A q u e s t ã o a m b i e n t a l m a i s g r a v e , o e f e i t o e s t u f a , é, de j a m em s e u s efeitos o t e r r i t ó r i o d o s E U A ; e

34 35

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
b ) escassez d e r e c u r s o s m i n e r a i s e s t r a t é g i c o s . p a r i d a d e c o m o d ó l a r . N a p r á t i c a , isto r e s u l t o u e m
Nos forjados incêndios da floresta tropical t r a n s f e r ê n c i a p a r a fora d o país d o c o n t r o l e d e p a t r i -
ú m i d a d e R o r a i m a , foi prevista a o c u p a ç ã o d a á r e a m ô n i o s n a t u r a i s e s t r a t é g i c o s ; d e s t r u i ç ã o d o p a c t o fe-
p e l o s "boinas v e r d e s " d a s N a ç õ e s U n i d a s q u e , u m a d e r a t i v o ; d e s m o n t e d o E s t a d o e , e m j a n e i r o d e 99,
vez o c o r r i d a , j a m a i s sairiam d a r e g i ã o . Felizmente, a s débácle d a s f i n a n ç a s n a c i o n a i s , l e v a n d o o país ao d e -
Forças A r m a d a s brasileiras r e a g i r a m e i m p e d i r a m tal sastre econômico.
o c u p a ç ã o i n d e v i d a , q u e feria d e m o d o f r o n t a l nossa T u d o c o m e ç o u , c o m o j á vimos, c o m a m o n t a -
s o b e r a n i a . A s o u t r a s d u a s r a z õ e s p a r a "justificar" u m a gem de impagável dívida externa com j u r o s flutuan-
intervenção militar dos EUA, c o n f o r m e o r e f e r i d o tes a r b i t r a d o s pelos c r e d o r e s , q u e t ê m o a r b í t r i o d o
general, seriam o terrorismo nuclear e o narcotráfico, m o n o p ó l i o d e e m i s s ã o . Esse m o n o p ó l i o foi d e n u n c i a -
t a m b é m c o m s u p o r t e d e forças i n t e r n a c i o n a i s n a re- do d e s d e os a n o s 60 - "inexplicável privilégio" - p o r
gião amazônica. De G a u l l e . C o m a c r i a ç ã o do e u r o , possível a l t e r n a t i -
A possível i n t e r v e n ç ã o m i l i t a r d a s f o r ç a s da va e u r o p é i a ao d ó l a r , essa d e n ú n c i a foi r e i t e r a d a pela
O T A N na regi Ao s u b c o n t i n e n t a l i b e r o - a m e r i c a n a , f o r a F r a n ç a de C h i r a c - J o b i m . O e u r o p o d e r á vir a r e p r e -
da sua área de jurisdição, originalmente limitada à s e n t a r o p a p e l de m o e d a - v e r d a d e , c o n t r a p o n d o - s e à
Europa, representa também grave perigo sobre a ditadura da pseudomoeda dólar.
Amazônia, principalmente depois do q u e ocorreu em E s p ú r i o p r o c e s s o d e " r e n e g o c i a ç ã o " d e nossa
Kosovo, na Iugoslávia. dívida c o n d u z i u o país à i n c a p a c i d a d e de açAo e de
Por essas e o u t r a s "razões", o Brasil é a h o r a da defesa, c o m a c o n i v ê n c i a de i n e s c r u p u l o s o s d i r i g e n -
vez, a naçAo-continente d o s trópicos q u e , s u b m e t i d a a tes. Nessas c o n d i ç õ e s , h o u v e iniervençAo e x t e r n a di-
b r u t a l d e p e n d ê n c i a financeira e x t e r n a , c a m i n h a p a r a a reta e m q u e s t õ e s fiscais, t r i b u t á r i a s , d e gastos p ú b l i -
r u í n a econômica, p a r a o e x t e r m í n i o de seu povo e p a r a cos, r e g i m e c a m b i a l , liberalizaçAo c o m e r c i a l e de in-
o e s f a c e l a m e n t o de seu rico território. P r o t e t o r a d o s es- versões e s t r a n g e i r a s , p r o p r i e d a d e i n d u s t r i a l - n e f a n -
t r a n g e i r o s e republiquetas , impossíveis de se t r a n s f o r - da lei de p a t e n t e s - c n a s c h a m a d a s privatizações.
m a r e m em nações soberanas, sAo o d e s t i n o q u e sua clas- Estas t r a n s f e r i r a m p a r a o c o n t r o l e e x t e r n o , em
s e d i r i g e n t e atual q u e r ver r a p i d a m e n t e c o n s u m a d o p a r a muitos casos de suspeita n a t u r e z a , ou seja, p o r q u a s e
o t e r r i t ó r i o brasileiro. Na realidade, a p ó s a débácle de n a d a , ativos públicos a c u m u l a d o s e m m e i o século d e
j a n e i r o de 1999, pela açAo p r o g r a m a d a do g o v e r n o , o d e d i c a d o t r a b a l h o de t o d o um povo. T u d o com a coni-
Brasil t r a n s f o r m o u - s e em p r o t e t o r a d o do FMI. vência culposa d o Congresso Nacional q u e n ã o a p r e s e n -
A estabilizaçAo m o n e t á r i a , i m p o s t a p o r t a x a tou q u a l q u e r reação c o n t r á r i a e m defesa d o c o n t r o l e
de c â m b i o artificial c r i o u 110 Brasil m o e d a em falsa nacional de cruciais reservas naturais. Esse processo t a m -

36 37

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
bém transferiu o controle de complexas estruturas d ) o p r e ç o d o barril d e p e t r ó l e o , l e v a n d o e m
g u a r d i ã s desses p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s estratégicos: a s c o n t a a d e s v a l o r i z a ç ã o d o d ó l a r , até abril d e 1999,
eficientes e m p r e s a s d e e c o n o m i a mista. Sem q u a l q u e r era inferior ao seu preço antes do e m b a r g o do petró-
d ú v i d a , esse processo caracteriza um p r o j e t o suicida! leo, e m 1973, q u a n d o s e c o n s i d e r a v a q u e a s r e s e r v a s
Nação dc dirigentes subalternos, o d e s m o n t e eram infindáveis;
e s t r u t u r a l d o E s t a d o b r a s i l e i r o foi c o n s e q ü ê n c i a d e e) na agricultura, cada unidade de energia
sistema financeiro opressor que, ademais, i m p e d e po- nela utilizada r e p r o d u z i a - s e e n t r e 15 e 50 vezes. A
líticas p ú b l i c a s dc i n t e r e s s e nacional. N e m m e s m o a agricultura mecanizada atual necessita mais de 15
m o e d a n a c i o n a l r e s t o u . O FMI, o O r g a n i z a ç ã o M u n - unidades dc energia para produzir uma unidade
dial do C o m é r c i o - O M C e o B a n c o M u n d i a l g o v e r - energética em matéria protéica.
n a m d o Palácio d o P l a n a l t o . Mesmo m - incrível! - o s i s t e m a m o n e t á r i o
promove e l e v a i s .ucro para as corporações trans-
Relações da moeda com o m u n d o concreto. Aparato nacionais d o r a m o ! A o n ã o s i m b o l i z a r r i q u e z a c o n -
conceituai das "teorias" económicas. Novo colo- c r e t a , o d i n h e i r o faz seu p r ó p r i o j o g o , r e p r o d u z i n -
nialismo e a Quarta Guerra Mundial. do-se por si mesmo. N e m cocaína consegue d a r a
Nesse q u a d r o , as nações hegemônicas joga- recompensa que a supervalorização da moeda impõe.
ram pesado com a desvalorização dos bens naturais, Essa d e s q u a l i f i c a ç ã o d o s b e n s n a t u r a i s e s s e n c i a i s é
m a t é r i a s - p r i m a s e energia. Vejamos alguns e x e m - p r o m o v i d a p o r s o f i s t i c a d a s "teorias", d i t a s e c o n ô m i -
plos: cas, f u n d a m e n t a d a s e x c l u s i v a m e n t e n e s s a v a r i á v e l
a) os preços do cobre e do chumbo, nos anos m o n e t á r i a q u e n a d a simboliza. Por isso, é i m p e r i o s o
80, c o m a e c o n o m i a m u n d i a l a t i v a d a , e r a m i n f e r i o r e s r e v e r o a p a r a t o c o n c e i t u a i dessas "teorias". Elas são
a o s d e 1932, q u a n d o t u d o estava p a r a d o p e l o "crack" causas p r i n c i p a i s d o s i n f o r t ú n i o s d o s s e r e s h u m a n o s
d e 29; e d e n a ç õ e s q u e t e r i a m t u d o p a r a ser ricas, m a s q u e
b) a tonelada de minério de ferro era expor- r e f l e t e m em m i s é r i a os incríveis a j u s t e s à u m a "or-
t a d a c m 1986 a o v a l o r d e 2 2 g r a m a s d e o u r o ; h o j e , dem" mundial espúria.
m a l c h e g a a o valor d e 1,5 g r a m a ; O q u e c h a m a m de "economia", portanto, não
c) o gigantesco a u m e n t o da d e m a n d a m u n d i - é s e n ã o um s i s t e m a i r r e a l , b a s e a d o em a b s t r a t a e fic-
al dc q u a r t z o , p r o v o c a d o pela tecnologia d o j ã l í c i o , re- tícia variável m o n e t á r i a , s e m vínculo, a i n d a q u e sim-
d u z i u o seu p r e ç o de 5 d ó l a r e s o quilo p a r ^ n e n o s dc bólico, c o m o m u n d o c o n c r e t o , d o q u a l p o r é m d e -
m e i o d ó l a r (o Brasil é p r a t i c a m e n t e o ú n i c o f o r n e c e d o r p e n d e d e m o d o vital. Dele p r o v é m o s f a t o r e s físicos
mundial de quartzo de primeira qualidade); d e p r o d u ç ã o q u e d á vida à s civilizações: e n e r g i a ,

38 39

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
L CIVILIZAÇÃO SUICIDA c i v i u z a ç A o SUICI0A
B R A S I L

matérias-primas e tecnologia. A escamoteação destes, o s e c o n o m i s t a s c h a m a m d e d e s c o l a m e n t o d a realida-


s u b s t i t u í d o s p o r m o e d a q u e n ã o o s simboliza, c o m o d e , c o m o se isso fosse possível e s a u d á v e l e n ã o a p e -
essas falsas t e o r i a s p r o c u r a m i m p o r , d e s f a z vínculos nas u m a i r r e s p o n s á v e l e artificial t e n d ê n c i a d e s t r u i -
essenciais d a r e a l i d a d e física, c o n f i g u r a n d o s u a esca- dora. Uma tendência de má-fé, que configura crime
m o t e a ç ã o . Esta é a c o n c e i t u a ç ã o q u e h o j e c o m a n d a o ao se lhe d a r a condição de inexorável.
poder financeiro mundial. Essa é a c a u s a pela q u a l f a t o r e s q u e f u n d a -
Ao excluírem os fatores nacionais no m o d e - mentam o p o d e r das nações - d i m e n s ã o territorial,
l o d e c r e s c i m e n t o d e p e n d e n t e utilizado n o Brasil nos i m p o r t â n c i a d e m o g r á f i c a e r i q u e z a cm m a t é r i a s - p r i -
ú l t i m o s 50 a n o s - base ideológica da C E P A L -, a u s e n - m a s estratégicas- n ã o m a i s s e c o n s t i t u e m e m r a z ã o d e
tes n o s p a c o t e s tecnológicos a g r e g a d o s fora d o país, poder, mas, ao contrário, de crescentes dificuldades,
d e i x a m esses fatores d e s e r e m opções d e uso. I g n o r a - í n d i a , C h i n a , Brasil, N i g é r i a , I n d o n é s i a , P a q u i s t ã o ,
se, assim, pela n a t u r e z a do m o d e l o d e p e n d e n t e , a valo- México e Rússia são e x e m p l o s dessa s u r r e a l i s t a situa-
rização c o m p a r a t i v a d o s f a t o r e s locais d e p r o d u ç ã o . T u d o ção. O s E U A , q u e d e v e r i a m e s t a r p r ó x i m o s d e s s e
se r e s u m e , p o r t a n t o , à f u n ç ã o do d i n h e i r o , c o m o se ele contexto, apesar de s o f r e r graves carências energéticas
fosse o símbolo absoluto da riqueza e do p o d e r , o q u e é e de matérias-primas estratégicas, diferenciam-se no
falso. Isto se m a n t é m até hoje, e x a c e r b a d o pelo neoli- entanto p o r serem emissores monopolistas da moeda
beralismo; ou seja, a e s c a m o t e a ç ã o é a n o r m a . de referência internacional.
É f u n d a m e n t a l , portanto, na dinâmica m o n e - Surgem, então, hipóteses nada convincentes
tária especulativa em uso, d i s c e r n i r e n t r e o q u e é o u f u n d a m e n t a d a s p a r a e x p l i c a r a s "novas" causas d a
c a u s a e o q u e é efeito. No r o t e i r o q u e vai do c o n c r e t o riqueza d a s nações . Elas p r o c u r a m o b s c u r e c e r o q u e
a o a b s t r a t o , d o s e l e m e n t o s físicos ( e n e r g i a , p o r e x e m - designamos p o r Novo Colonialismo, f r u t o de proces-
plo) p a r a a a b s t r a ç ã o m o n e t á r i a , c o n s t a t a - s e a neces- so opressivo, i n s t a l a d o p r i n c i p a l m e n t e pela via f i n a n -
s i d a d e d e i n v e r t e r a sistemática atual d o m u n d o d e - ceira, f u n d a m e n t a d a e m u m a p s e u d o m o e d a , q u e está
p e n d e n t e , e m q u e s e p a r t e d o a b s t r a t o , pela via d o j o g a n d o os p r i n c i p a i s países ditos e m e r g e n t e s 110 caos
d i n h e i r o de controle externo, para chegar-se ao con- e c o n ô m i c o e o s povos d o m u n d o e m p r o c e s s o d e cres-
c r e t o , à r e a l i d a d e do m u n d o físico e à n e c e s s i d a d e de c e n t e violência. Ele s u b s t i t u i , c o m a c r é s c i m o s , o ve-
s u a v a l o r i z a ç ã o c o m p a r a t i v a . Daí o a b s u r d o : n a ç õ e s lho i m p e r i a l i s m o , e s u b m e r g e 110 d e s e s p e r o p a í s e s
com esplêndidas riquezas naturais caminham para o que tudo teriam para se t r a n s f o r m a r em prósperas e
infortúnio. poderosas nações.
O aparato formal da economia criada p o r o - I g n a c i o R a m o n e t , do Le Monde Diplomatique,
sas "teorias", o c u l t a a b a s e física do u n i v e r s o . É o q u e e v i d e n c i a e m j a n e i r o d e 1999 q u e , d e s d e 1989, f i n a l

40 41

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A

da guerra fria, houve cerca de sessenta conditos ar- É o peso da natureza na estrutura da produ-
mados que causaram centenas dc milhares de mortos ção e do poder, o fundamento concreto para uma
e mais de dezesseis milhões dc refugiados. Ou seja, possível resistência à apocalipse que se aproxima, fruto
estamos na quarta guerra mundial não declarada, dessa celerada política neoliberal. Dessa resistência,
assim como a terceira, que encerrou-se com o fim da podem ser extraídos os elementos para a criação de
guerra fria. entes capazes de simbolizar com legitimidade a ver-
Ante as gravíssimas dificuldades das nações dadeira riqueza, único modo de salvar do descrédito
hegemônicas em questões energéticas - e suas carên- e do colapso universal esse ente essencial às relações
cias em matérias-primas estratégicas -, ficam claras de troca: a moeda.
as contingências que levaram à montagem da falsa O c a m i n h o inverso, que parte dc m o e d a
simbologia monetária, na suposição de que a moeda, especulativa, digital e volátil, para chegar a bens
por natureza - o que é falso - é símbolo automático cruciais da natureza, como se faz hoje, sacrifica e
de todas as riquezas. Trata-se, na realidade, dc uma escamoteia a realidade concreta, a base física do uni-
simbologia esquizofrênica, distante da realidade con- verso. Isso forja a ignorância e a má-fé sobre o valor
creta. Na ausência dc patrimônios naturais estratégi- de elementos essenciais à produção: a energia, a
cos próprios, foi criada essa fraudulenta forma de tecnologia - que dá forma às estruturas dc produção
simbolizar a riqueza que possibilita apoderar-se do e poder - e as matérias-primas estratégicas.
alheio, a troco de nada! Esse é o instrumental usado Esse é o alimento da alienação de dirigentes
na subjugação de Estados nacionais, responsáveis le- ignorantes, desconhecedorcs do espaço e do tempo
gítimos pelo controle desses patrimônios essenciais. em que vivem, sobre o qual deformam a história dos
Daí o crime das "privatizações" - na realidade, inter- ricos territórios nacionais que desgovernam, esface-
nacionalização - das nossas empresas estratégicas de lando-os por m e i o dc falsa s i m b o l o g i a de uma
economia mista, guardiãs desses patrimônios. O Bra- pseudomoeda, de controle externo.
sil é, pois, a mais eloqüente vítima desse processo É preciso, portanto, voltar ao roteiro natural c
que designamos de Novo Colonialismo, mais cruel reconquistar a credibilidade deste ente complementar
que o que criou as tradicionais colônias. essencial às relações mundiais de troca. A atribuição de
Com o indiscutível declínio de uso dos com- valor ao que é concreto, faz ressurgir a seriedade que é
bustíveis fósseis e a escassez de matérias-primas es- exigência básica dc qualquer símbolo respeitável que,
tratégicas, surge assim o tenebroso espectro do Novo com legitimidade, represente o universo dos bens
Colonialismo para subjugar as nações em cujos terri- patrimoniais e dc utilidade. Primeiro a energia, e de-
tórios situam-se portentosos patrimônios naturais. mais recursos naturais estratégicos, que baseiam, fazem

42 43

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
m o v i m e n t a r e t r a n s f o r m a m o m u n d o físico e a vida; b i o d i v e r s i d a d e e v a r i a d a r i q u e z a m i n e r a l . Nessas c o n -
depois, os símbolos q u e , p a r a ser legítimos, necessitam dições, d e s p o n t a o Brasil c o m e x c e p c i o n a i s p o t e n c i a -
r e p r e s e n t a r , simbolizar a r e a l i d a d e concreta do univer- l i d a d e s . E n t r e t a n t o , p o r isso e n a s a t u a i s c i r c u n s t â n -
so físico e d a s relações sociais e h u m a n a s . cias, p o d e se t r a n s f o r m a r - está se t r a n s f o r m a n d o -
A desvinculação da moeda do fluxo de mer- c m vítima, t e n d o o seu p r o j e t o n a c i o n a l t r u n c a d o , a o
c a d o r i a s e serviços assusta e t r a n s f o r m a os m e i o s de ter q u e satisfazer interesses q u e n ã o são o s seus.
t r o c a s e m i n s t r u m e n t o s d e a ç ã o d e m á f i a s especiali- S e g u i n d o a atual t e n d ê n c i a , s u r g i r ã o plantations
z a d a s e m d e r r u b a r m o e d a s nacionais, e m c o n l u i o c o m n o r t e - a m e r i c a n a s n a p r o d u ç ã o d e biomassa p a r a re-
a u t o r i d a d e s f i n a n c e i r a s locais c i n t e r n a c i o n a i s . Deste solver o p r o b l e m a e n e r g é t i c o d o s países h e g e m ô n i c o s ,
m o d o , levaram à miséria milhões de seres h u m a n o s , no sob o c o n t r o l e de c o r p o r a ç õ e s t r a n s n a c i o n a i s e n ã o
México, na I n d o n é s i a , na Coréia do Sul e no Brasil. d e e m p r e s a s d e capital n a c i o n a l , c o m o v e m s e n d o a
p r o d u ç ã o d e álcool c o m b u s t í v e l .
As plantations. O v a t i c í n i o de K i s s i n g e r . D i t a d u r a D e s d e 1930 i m p l a n t a - s e n o Brasil i m p o r t a n t e
f i n a n c e i r a e débácle n a c i o n a l . civilização d o s t r ó p i c o s - cm vez da colonial civiliza-
R e s e r v a s n a t u r a i s d e a l g u n s países p e r m i t e m ção n o s t r ó p i c o s - , c o m e x c e p c i o n a i s c o n d i ç õ e s n a t u -
s u p e r a r as carências estratégicas dos hegemônicos, rais. A a b u n d â n c i a d a s f o n t e s e n e r g é t i c a s , r e n o v á v e i s
e s p e c i a l m e n t e a q u e l a s q u e r e s u l t a m d o ocaso d o s c o m - e limpas, impossíveis de s e r e m a l c a n ç a d a s nas d i m e n -
bustíveis fósseis e da escassez de m a t é r i a s - p r i m a s . A sões brasileiras p o r q u a l q u e r o u t r o país, c o n f o r m a -
e x a u s t ã o de m i n e r a i s ; a escassez de á g u a ; a l i m i t a ç ã o lhe c o n d i ç õ e s únicas.
d o p a t r i m ô n i o g e n é t i c o ; a a u s ê n c i a d e g r a n d e s ex- C o m o a d i s p o n i b i l i d a d e de e n e r g i a é p r é - c o n -
t e n s õ e s de t e r r a s a g r i c u l t á v e i s e, s o b r e t u d o , a r e d u z i - dição p a r a e m p r e e n d i m e n t o s civilizatórios c o n s i s t e n -
da incidência solar representam graves entraves, tes, p o d e - s e p r e v e r q u e a s r e g i õ e s t r o p i c a i s e s t ã o p r e -
e m b o r a possíveis d e ser s u p e r a d o s a p a r t i r d o s t r ó - d e s t i n a d a s à s civilizações p e r m a n e n t e s d o f u t u r o . Elas
picos. jamais serão f r u t o d e a v e n t u r a s p r e c o n i z a d a s pela
O s mais i n d u s t r i a l i z a d a s n ã o p o d e r ã o m a n t e r violência o u pela m a n i p u l a ç ã o d e falsas simbologias.
o s a l u a i s níveis d e c o n s u m o s e lhes f a l t a r e m o s r e c u r - A evolução brasileira, prejudicada desde
sos n a t u r a i s essenciais, escassos o u i n e x i s t e n t e s e m metade dos anos 50 pelo modelo econômico d e p e n -
s e u s t e r r i t ó r i o s . Esses países c a m i n h a m p a r a o d e c l í n i o , d e n t e da C E F A L , a p a r t i r de 1979, foi s u b m e t i d a à
a n ã o s e r q u e v e n h a m a valer-se de p a t r i m ô n i o s es- i n t e r v e n ç ã o e x t e r n a e desvio de r u m o s . Iniciou-se o
tratégicos de nações que dispõem de elevado poten- d e s m o n t e d o E s t a d o , i n t e n s i f i c a d o e m 1989 p e l o p r e -
cial d e e n e r g i a r e n o v á v e l e l i m p a ; a b u n d â n c i a d e á g u a ; sidente Collor de Mello c o m a d o u t r i n a n e o l i b e r a l e

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA

exacerbado por Fernando Henrique Cardoso com o Nem de longe referiu-se à imensa potencialidade bra-
p l a n o d e estabilização m o n e t á r i a d o F M I . sileira, e s p e c i a l m e n t e n o s c r u c i a i s s e t o r e s e n e r g é t i c o
Essa d e v a s t a d o r a d i n â m i c a p r e d a d o r a , p o r é m , e m i n e r a l , em q u e as p o t ê n c i a s e c o n ô m i c a s t ê m ca-
n ã o o c o r r e u p o r acaso. O s a n o s 7 0 f o r a m d e g r a n d e s rências insuperáveis.
a v a n ç o s na c o n s t r u ç ã o do país. O Brasil d e u saltos O p r o c e s s o i n i c i a d o em 1979, c o m a r e t i r a d a
qualitativos i m p o r t a n t e s c o m a i m p l a n t a ç ã o d e i n d ú s - d o controle d e mãos nacionais d c instrumentos d e
tria d e b e n s d e capital p r ó p r i a e d e s e t o r e s i n d u s t r i - ação e d e d e f e s a , t e m sido v e r t i g i n o s o , f r u t o d e p r o -
ais s o f i s t i c a d o s , c o m o f a r m a c ê u t i c o , a e r o n á u t i c o , g r a m a d o r o t e i r o : o Consenso de Washington. A v í t i m a ,
p e t r o q u í m i c o , e l e t r ô n i c o e dc i n s u m o s básicos; a subs- o Brasil, foi e x c l u í d a do "consenso". Nessa sistemáti-
tituição d o s derivados do petróleo p o r combustíveis c a d e i n t e r v e n ç ã o , n ã o resta a o E s t a d o n e m mais o
p r ó p r i o s a o t r ó p i c o e , p r i n c i p a l m e n t e , pela f a s e mais c o n t r o l e d c s e u s ricos p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s , essenci-
i m p o r t a n t e d o processo d e substituição d e importa- ais aos países h e g e m ô n i c o s , c o m c o n s u m o s i n c o m p a -
ções: a do d e s e n v o l v i m e n t o t e c n o l ó g i c o a u t ó c t o n e . Este tíveis c o m s e u s p r ó p r i o s m e i o s .
caminhava de m o d o célere com a inovação do uso de Com processos e s p ú r i o s , ilegais e m e s m o
f o r m a energética p e r m a n e n t e e limpa: a biomassa. em a g r e s s ã o d i r e t a à C o n s t i t u i ç ã o , d e s d e 1979, g r a n -
G r a n d e s avanços na educação de pós-gradua- des transformações o c o r r e r a m no controle desses
ção, c e n t r o s d e p r o d u ç ã o tecnológica c o m c o m p e t ê n - p a t r i m ô n i o s , f r u t o d a ideologia n e o l i b c r a l , d a s p r á t i -
cia i n t e r n a c i o n a l c m á r e a d e vocação n a c i o n a l : e n e r - cas da globalização e dc m e d i d a s j u r í d i c a s c i n s t i t u -
gia r e n o v á v e l , m e t a i s r e f r a t á r i o s , p r o d u t o s f a r m a c ê u - cionais ilegais, p r o p u g n a d a s p e l o Consenso de Washing-
ticos n a t u r a i s , m a t e r i a i s e s t r a t é g i c o s etc., c o n s t i t u í - ton.
r a m - s e e m sólidos pilares p a r a u m d e s e n v o l v i m e n t o A d i t a d u r a f i n a n c e i r a f o r ç o u as "privatizações"
i n d u s t r i a l c o n s i s t e n t e . S u r g i a assim, e m b o r a e m f a s e d e e m p r e s a s e s t r a t é g i c a s e básicas d e e c o n o m i a mis-
incipiente, os primórdios de importante nação indus- ta, sem q u e n e n h u m a d e l a s fosse p r i v a t i z a d a s o b o
trializada competitiva, a partir dos trópicos. c o n t r o l e d e n a c i o n a i s . Foram t r a n s f e r i d a s p a r a g r u -
Essas iniciativas a s s u s t a r a m a s u p e r p o t ê n c i a pos e x t e r n o s , às vezes p a r a c o r p o r a ç õ e s estatais
h e g e m ô n i c a , l e v a n d o H e n r y Kissinger, c o m o r e a ç ã o , estrangeiras e até para e n t i d a d e s dc origens sus-
em 1978, a d i z e r : "A s e g u r a n ç a d o s E U A n ã o p o d e peitas.
p e r m i t i r u m o u t r o J a p ã o a o sul d o e q u a d o r " . S o b a é g i d e d e s s a t i r a n i a , d e u - s e a débâcle fi-
K i s s i n g e r , p o r é m , n ã o disse t u d o a o r e f e r i r - n a n c e i r a , e m j a n e i r o d e 1999. S u a a n a t o m i a i d e n t i -
se ao J a p ã o , a p r i n c i p a l n a ç ã o q u e , n e s t e século, d e u fica-se c o m a s i t u a ç ã o e n c r g é t i c a - a m b i c n t a l m u n d i a l ,
o salto p a s s a n d o a c o m p e t i r c o m as mais p o d e r o s a s . " e s t e início d c milênio.

46

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
A crise do p e t r ó l e o acabou? C o m o será possível a sobrevivência dos g r a n -
A prevista falta cie e n e r g i a m u n d i a l reflete-se des c o n s u m i d o r e s de p e t r ó l e o com a e x a u s t ã o d a s
n a o c u p a ç ã o d o O r i e n t e Médio p o r forças militares reservas e a crescente d e m a n d a m u n d i a l ? Dez países
n o r t e - a m e r i c a n a s . Isto dá aos E U A o c o n t r o l e s o b r e c o n s o m e m cerca d e 80% d a e n e r g i a g e r a d a n o plane-
mais de 7 0 % do q u e resta de p e t r ó l e o e ao d ó l a r a ta. Ademais, há a c e g u e i r a de d i r i g e n t e s de i m p o r -
" c r e d i b i l i d a d e " q u e lhe falta p a r a m a n t e r - s e c o m o t a n t e s n a ç õ e s d e clima t r o p i c a l , n e g l i g e n t e s d i a n t e
m o e d a d e r e f e r ê n c i a , s o m e n t e g a r a n t i d a p o r ser a d a s i m e n s a s p o t e n c i a l i d a d e s d e seus países. M e n t e s
m o e d a q u e c o m p r a petróleo, o combustível q u e ain- colonizadas, eles n ã o se i n t e r e s s a m em c o n h e c e r a
da m o v i m e n t a o m u n d o . n a t u r e z a física d o t e r r i t ó r i o q u e h a b i t a m , p e n s a m e m
A situação das reservas de p e t r ó l e o foi a m - soluções v i n d a s d o m u n d o " a v a n ç a d o " , d a s m e t r ó -
p l a m e n t e discutida até o início d o s a n o s 80, q u a n d o poles coloniais. M e n t e s m a i s c o l o n i z a d a s , é i m p o s -
f i c a r a m claras as c o n s e q ü ê n c i a s do seu ocaso. A p a r - sível!
tir daí, a mídia m u n d i a l impôs silêncio, f e c h a d o blo- C o m o e n e r g i a s o m e n t e existe na n a t u r e z a , o
q u e i o sobre esta questão, d a n d o a i m p r e s s ã o de q u e h o m e m c o l o n i z a d o d o s t r ó p i c o s , a o i g n o r a r seu
a crise, p r e n ú n c i o de colapso, linha a c a b a d o . habitat, d e s c o n h e c e o principal meio q u e a n a t u r e z a
Desde o e m b a r g o do petróleo, cm 1973, n ã o oferece p a r a p e r m i t i r a c o n s t r u ç ã o e a m a n u t e n ç ã o
s e d e s c o b r i r a m reservas d e p e t r ó l e o p a r a u m a n o d e de civilizações, o potencial e n e r g é t i c o d o s trópicos.
c o n s u m o . I n ú m e r o s p r o g r a m a s d e busca d e alterna- O c o m p o r t a m e n t o do h o m e m colonizado, além
tivas n o g o v e r n o C á r t e r f o r a m i n t e r r o m p i d o s sem de i n a d e q u a d o e i n e p t o é p e r i g o s o , pois a f a s t a a bus-
explicações. O e s f o r ç o f r a c a s s a d o na p r o c u r a de no- ca das soluções p a r a os p e r i g o s de colapsos j a m a i s
vas reservas no g o v e r n o Nixon foi tal q u e a revista e n f r e n t a d o s pela h u m a n i d a d e , o e n e r g é t i c o e o am-
Newsweek classificou-o de "frenético". A crise agrava- biental, este ú l t i m o p o n d o cm p e r i g o a estabilidade
se a c a d a dia... e c a m i n h a p a r a o c o n f l i t o . t e r m o d i n â m i c a d a ecosfera. A m b o s resultam d e u m a
E s u r p r e e n d e n t e c o m o , a t é a b r i l d e 1999, mesma causa: a queima descontrolada de combustíveis
q u a n t o mais p r ó x i m o o fim do p e t r ó l e o , mais os p r e - fósseis. E têm c o m o solução a substituição deles p o r
ços baixavam... E r a m inferiores aos preços q u e tinham combustíveis renováveis e limpos d o s trópicos.
a n t e s do e m b a r g o , em 1973! O presidente do Institute of O s c a m i n h o s , p o r é m , p a r a c o n d u z i r essas
Gas Technology, de Chicago, a f i r m o u em 1980: "Há vinte cruciais q u e s t õ e s têm sido pelo u s o d a força, c o m o
anos vimos advertindo ao governo dos EUA q u e este vem o c o r r e n d o d e m o d o s i s t e m á t i c o n a r e g i ã o d o
país caminha para situação gravíssima com a crescen- Golfo Pérsico, ou pela via do e n f r a q u e c i m e n t o d o s
t e escassez d a s reservas m u n d i a i s d e petróleo". Estados nacionais, ou seja, pelo Novo Colonialismo.

48 49

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
E s t e objetiva d e s m o n t a r a s e c o n o m i a s d e países q u e moeda de referência, que é manipulada por especu-
d e t ê m e l e v a d o s p o t e n c i a i s e n e r g é t i c o s e , p o r esse m e i o , ladores e submersa em atmosfera ausente de com-
a p o d e r a r - s e deles, a t r o c o de n a d a . São e x e m p l o s , o p r o m i s s o s sociais e éticos.
México, c o m o p e t r ó l e o , e o Brasil, c o m g r a n d e s p o - C o n v é m insistir q u e o h o m e m nAo cria n e m
tenciais de f o r m a s e n e r g é t i c a s r e n o v á v e i s e l i m p a s . destrói o e n t e físico e n e r g i a - d e f i n i d a pela ciência
Com idênticos objetivos, os EUA t r a ç a r a m como a capacidade de p r o d u z i r trabalho -, a p e n a s a
estratégia militar para o controle dos mares Cáspio e t r a n s f o r m a . Ela s e m p r e p r o v é m d a n a t u r e z a . É f u n -
da China, regiões com perspectivas potenciais de re- d a m e n t a l q u e s e passe a c o n h e c e r , d e m o d o e n f á t i c o ,
servas de petróleo. O c o n f r o n t o com duas potências os p r i n c í p i o s e leis da Física q u e t r a t a m d e s t e e n t e ,
n u c l e a r e s , a Rússia e a C h i n a , n ã o foi s u f i c i e n t e p a r a pois vivemos a m a i o r crise e n e r g é t i c a e de p o d e r da
d e t e r essas p e r i g o s a s e s t r a t é g i a s . história do h o m e m , no limiar de algo novo p o u c o
c o n h e c i d o . É nesse vácuo político, nesse caos p o r omis-
A natureza como f u n d a m e n t o de riqueza. Protetorados sAo e d e s p r e p a r o q u e os h e g e m ô n i c o s i m p l a n t a r a m o
estrangeiros: saldo da destruição nacional. Novo Colonialismo, c o m o e s t r a t é g i a t r u c u l e n t a , pos-
Se a e s t r u t u r a conceituai das "teorias" q u e t o q u e f u n d a m e n t a d a n a força m i l i t a r .
o r i e n t a m as políticas e c o n ô m i c a s tivesse p o r base os Em c o n d i ç õ e s n o r m a i s e sérias, os c o m b u s t í -
c o n t e x t o s n a t u r a i s e sociais a o s q u a i s sAo a p l i c a d a s , veis fósseis d e i x a r i a m de l e r o p a p e l q u e t i v e r a m nos
p o d e r í a m o s e n t e n d e r melhor as motivações do q u e últimos d u z e n t o s a n o s . O p e t r ó l e o pela exausiAo d e
vem o c o r r e n d o . Com a pseudo-economia de f u n d a - suas r e s e r v a s e o c a r v ã o m i n e r a l (e d e m a i s fósseis)
m e n t o s e x c l u s i v a m e n t e f i n a n c e i r o s e d e c o n t r o l e ex- p o r efeitos a m b i e n t a i s d e v a s t a d o r e s .
t e r n o , fica difícil, se nAo impossível, a c o m p r e e n s ã o O horizonte da h u m a n i d a d e , deste m o d o , ori-
d a r e a l i d a d e física. A d e m a i s , o c o n t r o l e d o s m e i o s d e enta-se p a r a os potenciais energéticos das zonas tro-
comunicaçAo de massa por oligarquia externa, picais. S e u s t e r r i t ó r i o s , e s p e c i a l m e n t e d o s t r ó p i c o s
a n t i n a c i o n a l , a n u l a a p o s s i b i l i d a d e d e f o r m a r - s e opi- ú m i d o s , passarão a r e p r e s e n t a r , no c a m p o geopolítico,
niAo p ú b l i c a , f u n d a m e n t a d a nessa r e a l i d a d e e b a s e o q u e hoje r e p r e s e n t a o subsolo 110 O r i e n t e Médio. C o m o
do p o d e r nacional. Inexiste neles a análise i n d e p e n - essa regiAo vive em p e r m a n e n t e potencial de conflito,
d e n t e e , até, a p o s s i b i l i d a d e d o c o n t r a d i t ó r i o . se nAo t o m a r m o s precauções, as terras tropicais trans-
A desvalorização dos recursos naturais, ainda formar-se-ão, e m f u t u r o n ã o l o n g í n q u o , e m zonas d e
q u e e s t r a t é g i c o s e escassos, c o n t r a p õ e - s e a o m u n d o litígio. Ou os brasileiros se p r e p a r a m p a r a r e s p o n d e r ao
c o n c r e t o e, em c o n t r a p a r t i d a , visa à s u p e r v a l o r i z a ç A o p r o b l e m a e n e r g é t i c o m u n d i a l ou o Estado nacional será
do abstrato, suposto símbolo q u e n a d a simboliza: a d e s m o n t a d o p o r ação intervencionista d e países h e g e -

50 51

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A

mõnicos, g r a n d e s consumidores de energia, c o m o o es- de e s p e c u l a d o r e s internacionais a q u a n t i a de 40 bi-


tão f a z e n d o pela via financeira. Já no início do século lhões d e dólares. Além disto f o r a m t r a n s f e r i d o s p a r a
XXI, os EUA t e r ã o de i m p o r t a r o u t r o s combustíveis " s a n e a r " bancos falidos, d e p o i s e n t r e g u e s a g r u p o s
p a r a substituir o s d e r i v a d o s d o petróleo. Mais d o q u e internacionais, o u t r o s 40 bilhões de d ó l a r e s . A s a n -
isso, eles q u e r e m o c o n t r o l e d a s f o n t e s de e n e r g i a gria arterial m o n e t á r i a nAo tem limites! Trata-se de
q u e o s s u b s t i t u a m , estejam a o n d e estiverem. orgia d e s c o n t r o l a d a ! É possível sobreviver nessas sis-
Essa d i n â m i c a p e r v e r s a t e m n o s u p o r t e ideo-
temáticas?
lógico neoliberal, na prática da globalização e no "ca-
tecismo" do Consenso de Washington sua base doutrinária Potencial trágico e d i f i c u l d a d e s na substituição do
e operacional. Ela atua de m o d o p r o g r a m a d o , utilizan- petróleo. Fundamentos nào-científicos das "teorias"
do o Estado nacional c o m o i n s t r u m e n t o p o r meio da econômicas.
ocupação d a s posições chaves p o r a g e n t e s seus.
A relação direta e n t r e r e c u r s o s vegetais d o s
Constitui-se e m p a n a c é i a a t r i b u i r nossas d i f i - trópicos e combustíveis fósseis do subsolo do O r i e n t e
c u l d a d e s à "crise f i n a n c e i r a i n t e r n a c i o n a l " , q u a n d o Médio é t e m a geopolítico c e n t r a l da a t u a l i d a d e c o n -
elas t ê m o u t r a s o r i g e n s q u e precisam ser i d e n t i f i c a d a s , t e m p o r â n e a . NAo é possível q u a l q u e r análise do po-
sob p e n a d e s e r m o s p o r elas t r a g a d o s , pois, c o m o d e r m u n d i a l q u e p r e s c i n d a d o papel d o O r i e n t e Mé-
sabemos, a s o c i e d a d e brasileira c o n f r o n t a hoje situa- dio, assim c o m o é impossível p r e s c i n d i r d o s trópicos,
ç ã o q u e p õ e em risco sua sobrevivência e a p r e s e r v a - em particular da Amazónia, no j o g o de poder neste
ç ã o d a u n i d a d e territorial. H á q u e m a d v i r t a p a r a o milênio q u e c o m e ç a .
p e r i g o d o d e s m e m b r a m e n t o d o Brasil e f o r m a ç ã o d e O petróleo ainda m o v i m e n t a o m u n d o . Dele
a g r e g a d o de p r o t e t o r a d o s e p e q u e n a s r e p ú b l i c a s for- d e p e n d e m a produçAo, as forças a r m a d a s e a vida.
m a n d o a A m é r i c a de língua p o r t u g u e s a . O s E U A , q u e i m p o r t a m mais d e 60% d o p e t r ó l e o
S o m e n t e 110 a n o de 1998, o Brasil p a g o u j u - que consomem, garantem o controle do suprimento
ros de 75 bilhões de dólares, o suficiente p a r a a d q u i - desse combustível pela o c u p a ç ã o militar d o O r i e n t e
rir o c o n t r o l e de n o v e n t a e q u a t r o c o m p a n h i a s Vale Médio e assim sustenta seu status de s u p e r p o t ê n c i a e
d o Rio Doce, a m a i o r m i n e r a d o r a d o m u n d o . Deten- d e c o n t r o l a d o r d o sistema f i n a n c e i r o m u n d i a l . Nes-
do 7.700 concessões m i n e r a i s e r e p r e s e n t a n d o base sas circunstâncias, q u e m p o d e g a r a n t i r p a r a si esse
e c o n ó m i c a p a r a vários séculos de vida d o s brasilei- crucial f l u i d o sem s u b o r d i n a r - s e a esse d o m í n i o mili-
ros, a Vale foi c r i m i n o s a m e n t e e n t r e g u e a r e p r e s e n - tar? Eis a q u e s t ã o f u n d a m e n t a l : qual o c a m i n h o a
tantes de g r u p o s i n t e r n a c i o n a i s suspeitos. A débâcle seguir a n t e a r e d u ç ã o das reservas de p e t r ó l e o e o
f i n a n c e i r a d e j a n e i r o d e 1999 t r a n s f e r i u p a r a g r u p o s seu status militar?

52 53

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIO

Há q u e m ainda pense na fissão nuclear. E n - I É a p r i m e i r a vez na h i s t ó r i a q u e , p o r c i r c u n s -


t r e os q u e c o n h e c e m a q u e s t ã o existe, p o r é m , c l a r a I tâncias n a t u r a i s i r r e m e d i á v e i s , um país passa a t e r
c o n s c i ê n c i a d e n â o ser esta solução, m a s p r o b l e m a . I papel crucial no destino da h u m a n i d a d e . N e n h u m
Insuperáveis questões ambientais - contaminações I p e n s a d o r c o n t e m p o r â n e o v i s l u m b r o u tal p a p e l p a r a
r a d i o a t i v a s - e as de s e g u r a n ç a a exclui c o m c l a r e z a . I o Brasil ou p a r a q u a l q u e r o u t r o país. O f u t u r o da
P o r f a l t a de a l t e r n a t i v a , países c o m o J a p ã o e I humanidade entretanto converge para a encruzilha-
F r a n ç a u s a m e x t e n s a m e n t e e n e r g i a d a fissão n u c l e - I d a d a s c i r c u n s t â n c i a s brasileiras .
a r . C r i a m assim g r a n d e s riscos, p a r a si e p a r a o u t r o s . I Está-se d i a n t e d e o p o r t u n i d a d e histórica ú n i -
Por isso, n e c e s s i t a m p r e p a r a r - s e p a r a o p e r i g o q u e I c a q u e cria p o r é m c o n d i ç ã o d e p e r i g o . E m vez d e
r e p r e s e n t a g r a n d e n ú m e r o d e r e a t o r e s o p e r a n d o . Isto I u f a n i s m o , d e v e m o s nos p r e c a v e r p a r a evitar a r e p e t i -
implica na n e c e s s i d a d e de E s t a d o policial, q u e vise a I ção d a t r a g é d i a q u e r e p r e s e n t a h o j e a s i t u a ç ã o d e
i m p e d i r q u e esses r e a t o r e s possam se t r a n s f o r m a r , opressão sobre os países com p o n d e r á v e i s reservas
p o r acidente ou terrorismo, em perigosas bombas de p e t r ó l e o , I r a q u e , I r ã , M é x i c o e Líbia à f r e n t e .
c a p a z e s d e v a r r e r d o m a p a a vida d e c o n t i n e n t e s in- N ã o s e t r a t a , pois, d e u f a n i s m o n a c i o n a l i s t a o u d e
teiros. A A l e m a n h a , em j u n h o de 2 0 0 0 , t o m o u a bis- I visão g r a n d i o s a s e m f u n d a m e n t o , m a s d e n a t u r a l e
tórica d e c i s ã o d e a b a n d o n a r a a v e n t u r a n u c l e a r c o m o i r r e c u s á v e l r e s p o n s a b i l i d a d e . T e m e m o s assim o p o -
geração de energia. tencial t r á g i c o d e s s a s críticas c i r c u n s t â n c i a s .
Diante das disponibilidades energéticas conhe- D e s p r o v i d o s d e c a p a c i d a d e d e análise d o pa-
cidas, a a l t e r n a t i v a c o m p a t í v e l c o m a s u b s t i t u i ç ã o do pel d o s p o t e n c i a i s e n e r g é t i c o s d a n a t u r e z a n a his-
p e t r ó l e o é a b i o m a s s a . O t e r r i t ó r i o do c o n t i n e n t e b r a - I tória e no f u t u r o do m u n d o , dirigentes brasilei-
sileiro a j u s t a - s e c o m o locus p a r a essa r e a l i d a d e . Ne- I ros atuais não têm d i m e n s ã o intelectual n e m mo-
n h u m a r e g i ã o t r o p i c a l alcança p a r a esse fim seu p o r - ! ral p a r a e x e r c e r as f u n ç õ e s q u e d e l e s o m o m e n t o está
te e c o n d i ç õ e s , p e r m i t i n d o a s u b s t i t u i ç ã o de t o d o s os a exigir.
derivados do petróleo, ademais de elevado potencial O s países h e g e m ô n i c o s , a o s e d e f r o n t a r c o m
de geração de eletricidade e ampla substituição do g r a v e s d i f i c u l d a d e s p e l o o c a s o d o s c o m b u s t í v e i s fós-
c a r v ã o m i n e r a l , c o m o e n e r g é t i c o e c o m o r e d u t o r na | seis, c a m i n h a m p e r i g o s a m e n t e p a r a a falta d e e n e r -
m e t a l u r g i a . Para a q u i l a t a r a s d i f i c u l d a d e s d e s s a a m - gia, o q u e significa a i n c a p a c i d a d e de p r o d u z i r t r a b a -
pla s u b s t i t u i ç ã o , l e m b r e m o s q u e o s e x p l o r a d o r e s d o lho, t o d o t i p o d e t r a b a l h o . E m b o r a o c a r v ã o m i n e r a l
ó l e o d e baleia, c o m o objetivo d e i l u m i n a r a s c i d a d e s , exista a i n d a e m r e s e r v a s d e g r a n d e p o r t e , é impossí-
conseguiram r e t a r d a r p o r muitos anos o uso do pe- vel c o n t i n u a r o seu uso nas a t u a i s d i m e n s õ e s . O r g a -
tróleo. nismos internacionais especializados exigem reduções

54 03

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA |

em 80% na q u e i m a dc carvão mineral ainda q u e cer- vez d e m o d e l o d e d e s e n v o l v i m e n t o - d c d e s e n v o l v i -


c a d e 8 2 % d a e n e r g i a e l é t r i c a g e r a d a n o s E U A te- m e n t o a u t o - s u s t e n t a d o - , o s d i r i g e n t e s b r a s i l e i r o s ig-
n h a m c o m o f o m e c o m b u s t í v e i s fósseis, e s p e c i a l m e n t e n o r a m as vantagens comparativas dos fatores nacio-
o carvão mineral. nais d e p r o d u ç ã o e e n t r e g a m a e s t r u t u r a p r o d u t i v a
O modelo de crescimento, dependente de nacional a interesses de corporações transnacionais
pacotes tecnológicos importados, q u e rege há q u a - q u e a g r e g a m nos pacotes tecnológicos, em uso exten-
r e n t a a n o s a m o n t a g e m de nossa e s t r u t u r a p r o d u t i - sivo 110 p a í s , o s f a t o r e s d e p r o d u ç ã o q u e e s t ã o d e
v a , e m vez d c m o d e l o d e d e s e n v o l v i m e n t o é a p e n a s acordo com suas conveniências e interesses.
de crescimento financeiro, impedindo na maioria das A grave deformação disto resultante, em par-
vezes u m real desenvolvimento. Ao usar opções de ticular no c a m p o energético, afastou do uso as for-
fatores e formas de produção ausentes ou inadequa- mas renováveis e limpas de energia dos trópicos e,
d o s ao país, t o r n a impossível fazer valer as v a n t a g e n s em geral, os d e m a i s fatores dc p r o d u ç ã o q u e nos são
c o m p a r a t i v a s n a c i o n a i s , r e g i o n a i s o u locais. Esse m o d e - a b u n d a n t e s , à s vezes c o m e x c l u s i v i d a d e .
l o d e p e n d e n t e t e m c o m o i n s p i r a ç ã o a escola d a C E P A L , Essas "teorias", assim, e m nada contribuem
a qual tem c o m o um de seus principais ideólogos o para a análise consistente da nossa realidade; ao con-
p r e s i d e n t e F e r n a n d o H e n r i q u e C a r d o s o . Isso explica a trário, dificultam e até i m p e d e m a e l a b o r a ç ã o de es-
a t u a l política e c o n ô m i c a c o n t r á r i a a o d e s e n v o l v i m e n t o sencial e c o n c r e t o d i a g n ó s t i c o . T u d o se faz nelas pela
do Brasil e a aceitação e s c a n d a l o s a do m o d e l o n e o l i b e r a l via d a v a r i á v e l m o n e t á r i a , a b s t r a t a e d e c o n t r o l e e x -
d e ostensivo interesse d o s países a i n d a h e g e m ô n i c o s terno, i g n o r a n d o influências cruciais ao processo dc
e, p a r a nós, de clara conotação suicida. d e s e n v o l v i m e n t o c o m o a energia, da q u a l d e p e n d e to-
As diretrizes d o m i n a n t e s desse m o d e l o são das as t r a n s f o r m a ç õ e s , e o processo tecnológico, q u e dá
c a m u f l a d a s e m " t e o r i a s " f a l s a m e n t e e c o n ô m i c a s . Elas e s t r u t u r a à e s p i n h a dorsal da p r o d u ç ã o . Ademais, peca
excluem dc suas estruturas teóricas n ã o s o m e n t e a pela a u s ê n c i a d e objetivos fins, c o m o o s essenciais d a s
energia, motor de todas as transformações, mas tam- á r e a s sociais e a m b i e n t a i s . As c o n c l u s õ e s d a s e v e n t u a i s
bém a equação transformadora desempenhada pelo análise d e s s a s " t e o r i a s " são, p o r isso, i n c o n s i s t e n t e s c o m
processo tecnológico, c o n s i d e r a d o nelas c o m o variá- nosso m u n d o físico e, n ã o raras, falsas.
vel e x ó g e n a . Isso e v i t a c o n h e c e r s u a n a t u r e z a e a s O d e s v i o do q u e é i m p o r t a n t e , a i g n o r â n c i a
terríveis implicações d a d e p e n d ê n c i a e x t e r n a q u e elas s o b r e o q u e é c o n c r e t o e a o m i s s ã o s o b r e as r e s p o n -
impõem. sabilidades p a r a c o m o país e o seu povo, de m o d o
Ao adotar modelo de crescimento financeiro m u i t o e s p e c i a l a s d e n a t u r e z a social c h u m a n a , i m p l i -
d e p e n d e n t e dc pacotes tecnológicos importados, em cam na impossibilidade de conduzir a nação na dirc-

56

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
BRASIL CIVILIZAÇÃO suiciol

çâo de um projeto q u e vise ao interesse coletivo e à - na criação de c o n d i ç õ e s de g e n e r a l i z a d o


construção de um futuro em que sejamos os conduto-
desemprego;
res do próprio destino.O desafio da adoção de modelo - na situação de descalabro e c o n ô m i c o q u e
de verdadeiro desenvolvimento - e não apenas de cres- leva nossas finanças à ruína.
cimento financeiro - somente é possível com autonomia Tudo sob implacável tirania de moeda fictícia
tecnológica, ou seja, quando as opções de escolha dos de controle externo, com suporte absoluto da grande
fatores de produção obedeçam a nossas realidades e mídia: o c o m p l e x o vídeo-financeiro. O caldo de cul-
interesses. Somente deste modo existem condições para tura da corrupção tempera essa dinâmica, com o es-
nossas empresas poderem competir cm igualdade com tímulo de máfias financeiras.
as estrangeiras aqui localizadas. Existem laços indissociáveis entre o fetichismo
da m o e d a e a ocultação do e s t u p e n d o patrimônio
N o v o c o l o n i a l i s m o , f e t i c h i s m o e ocultação das fon- energético dos trópicos. Se não houver a desalienação
tes energéticas tropicais
energética, ou seja, enquanto não assumirmos nossa
A implantação no Brasil do Novo Colonialismo realidade física no campo energético, não haverá o
começou em 1979 e fundamenta-se: aproveitamento comparativo dos recursos estratégi-
- no predomínio absoluto do dinheiro de con- cos que a natureza tropical oferece. Se também não
trole externo e na desvalorização dos recursos natu- houver a volta à realidade concreta do dinheiro (que
rais locais e do m u n d o físico, o n d e se localizam os hoje nada simboliza) e a eliminação da ditadura fi-
patrimônios que garantem a manutenção e a evolu- nanceira de controle externo, não haverá esperanças
ção da vida dos povos e das civilizações; de sair do caminho inexorável para o desastre.
- na redução do Estado nacional a dimensões Os traços marcantes dessa alienação são a fuga
incompatíveis com nossas necessidades e aspirações; do m u n d o concreto e a montagem da abstração mo-
- na extrema vulnerabilidade da empresa de netária que ignora o que deveria simbolizar, assim
capital nacional que perde pela via do controle fi- c o m o exclui valores espirituais e morais, desenvolvi-
nanceiro externo condições de competir m e s m o no dos em séculos de sofrimento humano.
mercado interno; A programada obsessão pela estabilidade fi-
- na transferência do controle d o s recursos nanceira do sistema hegemônico anglo-saxão está indo
naturais estratégicos para grupos externos; longe demais ao ignorar suas gravíssimas conseqüên-
- no d e s m o n t e da c o m p e t ê n c i a tecnológica cias sociais, ambientais, geopolíticas, e c o n ô m i c a s e
autóctone, provocando uma distribuição mundial do humanas sobre os demais povos. Na realidade, ela
trabalho contrária ao nosso povo; e
*ta arrebentando as economias de dezenas de pai-

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
n ô m i c o t r a n s i t ó r i o q u e , a o nAo ser c o r r i g i d o e m t e m -
ses, e s p e c i a l m e n t e o s c o n s i d e r a d o s e m e r g e n t e s , p a r a
impedi r seus naturais processos de emergência, em po, t o r n a - s e suicida.
b e n e f í c i o d e países d e c a d e n t e s , e m b o r a a i n d a h e g e - Sendo as fontes naturais suporte energético
essencial, a h i p ó t e s e d e l a s s e r e m ilimitadas - equívo-
m ó n i c o s , m a n t i d o s p o r esse e s p ú r i o s i s t e m a f i n a n -
co i m p e r d o á v e l - l e v a r a m os p a í s e s h e g e m ô n i c o s a
ceiro.
c o m e t e r p r o g r a m a d o s u i c í d i o , a p e s a r d e d u r a s evi-
Q u a n d o M a r x s e r e f e r i a a o fetichisino d a m o e -
dências q u e aconselham a p r o c u r a de caminhos q u e
d a , r e p o r t a v a - s e à m o e d a v e r d a d e i r a , s í m b o l o d e ri-
levem a u r g e n t e s e s e g u r a s a l t e r n a t i v a s m e s m o q u e
q u e z a c o n c r e t a . H á algo, p o r t a n t o , n o d ó l a r q u e vai
localizadas f o r a d e s e u s t e r r i t ó r i o s n a c i o n a i s .
a l é m d o f e l i c h i s m o a o nAo c o r r e s p o n d e r a v a l o r e s
q u e r d o u n i v e r s o físico o u q u a l q u e r o u t r o . S u r g e as-
Os tecnocratas e as questões energéticas
sim n a p s e u d o m o e d a d e r e f e r ê n c i a i n t e r n a c i o n a l u m
O s t e c n o c r a t a s q u e g o v e r n a m o Brasil, i m b u -
a d i c i o n a l c o m p r o m e t e d o r q u e nAo foi o b j e t o d a d e -
ídos d o p e n s a m e n t o ú n i c o n e o l i b e r a l , n u n c a c o n s i d e -
núncia de Marx.
r a r a m e m s u a s políticas o p a p e l c r u c i a l d a e n e r g i a .
De um l a d o , t e m o s o sistema f i n a n c e i r o clas-
A o d e s c o n h e c e r s u a n a t u r e z a , estAo i m p o s s i b i l i t a d o s
s i f i c a d o p o r L o r d L e v e r , e x - m i n i s t r o d o T e s o u r o bri-
d e avaliar s u a i m p o r t â n c i a . N e n h u m d e l e s c o n s e g u e
tânico, c o m o uma "orgia" e, de o u t r o , o ocaso dos
t r a n s c e n d e r ao f e l i c h i s m o da m o e d a e a l c a n ç a r o co-
c o m b u s t í v e i s fósseis. Estes m o v i m e n t a r a m o m u n d o
nhecimento que permite desenvolver a capacidade
n o s ú l t i m o s d u z e n t o s a n o s e possibilitaram o a p o g e u
de p r o d u z i r trabalho - energia, q u e m o v i m e n t a o
de a l g u n s países. A débácle f i n a n c e i r a de 1929 nAo
m u n d o e c o n s t r ó i as civilizações. C o m p o r t a m - s e a p e n a s
t i n h a o p e r i g o s o a g r a v a n t e d e e s t a r v i n c u l a d a a o fim
c o m o "moços d e recados", a g e n t e s d a oligarquia f i n a n -
dc u m a e r a e n e r g é t i c a c o m o tem a débácle f i n a n c e i r a
ceira i n t e r n a c i o n a l q u e leva o m u n d o a o d e s a s t r e .
em marcha.
P a r a a l c a n ç a r o d e s e n v o l v i m e n t o , o Brasil n e -
A natureza finita do petróleo, intrínseca ao
cessitaria d i s p o r d e m o e d a q u e r e p r e s e n t e r i q u e z a
s e u c a r á t e r n A o - r e n o v á v e l , leva n e c e s s a r i a m e n t e à
c o n c r e t a e q u e esteja s o b o c o n t r o l e n a c i o n a l , o q u e
exaustAo p r e m a t u r a de suas r e s e r v a s d e v i d o à cres-
nAo o c o r r e h o j e c o m o E s t a d o n a c i o n a l e m f r a n g a -
cente e incontrolável d e m a n d a . As reservas no terri-
lhos, e s m a g a d o p e l o N o v o C o l o n i a l i s m o .
tório dos EUA, que originalmente se aproximavam
A r i q u e z a v e r d a d e i r a d e p e n d e c a d a vez m a i s
d o s 2 0 0 bilhões de b a r r i s , estAo h o j e r e d u z i d o s a 20
da e n e r g i a q u e v e m do r e a t o r a fusAo n u c l e a r , o sol.
bilhões de barris. Jamais consideraram que, sendo
Essa e n e r g i a t o r n a - s e utilizável p o r m e i o d a sua c a p -
finitas, um dia teriam fim. Sem dúvida, a g r a n d e
| taçAo e a r m a z e n a m e n t o n o s h i d r a t o s dc c a r b o n o -
p o t ê n c i a c a m i n h a v a p a r a p r o j e t o d e e s p l e n d o r eco-

61
60

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
C,V,
L U Z A Ç A O SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIC

biomassa - g r a ç a s à f o l o s f n i c s c d a s p l a n t a s . Para f o r - coloniais d e c a d e n t e s , p o r mais i n c o n s i s t e n t e s q u e se-


n u r - s e , n e c e s s i t a m f a r t a r a d i a ç ã o solar, a m p l a d i s p o - j a m , e m c o n f r o n t o c o m a nossa r e a l i d a d e física n a -
nibilidade d e t e r r a s a g r i c u l t á v e i s e á g u a a b u n d a n t e ,
tural.
o que c o n f i g u r a nossa r e a l i d a d e c o n t i n e n t a l t r o p i c a l .
A "cultura" d o s tecnocratas neoliberais res- Totalidade contrapóe-se à globalização. O sol, f o n t e
tringe-se a m a q u i n a ç õ e s n u m é r i c a s s o b r e a m o e d a dc permanente de poder
referência, u m a abstração esquizofrênica, que não U m a visão t o t a l i z a n t e d a q u e s t ã o e n e r g é t i c a
controlam. São servos do p o d e r financeiro externo. evidencia c a m i n h o s q u e visam à s u p e r a ç ã o d a s c o n -
A e c o n o m i a política b r a s i l e i r a , assim, c o m p o r t a - s e dc tingências negativas d o Novo C o l o n i a l i s m o .
modo contrário à natureza, desprezando nosso habitat O p e n s a m e n t o ú n i c o n e o l i b e r a l e as p r á t i c a s
natural, especialmente aquele q u e concentra nossas d a globalização l i m i t a m a s a t i v i d a d e s t r a n s f o r m a d o r a s
características tropicais. Em r e l a ç ã o a estas, os t e c n o - a imitações de m o d e l o s f r a c a s s a d o s , c o m n í t i d a s t e n -
cratas são r e f r a t á r i o s , pois t o d o h o m e m t e n d e a odi- d ê n c i a s s u i c i d a s . Elas r e s t r i n g e m a a ç ã o a o c a m p o
ar o q u e d e s c o n h e c e . Eles p e r t e n c e m à c u l t u r a d o s especulativo, a cópia d e s l u m b r a d a das m e t r ó p o l e s
países a o n d e f o r a m f o r m a d o s . E m g e r a l , e d u c a d o s coloniais, s o b o c o m a n d o c o l o n i z a d o r d o p o d e r v í d e o -
e m m e t r ó p o l e s coloniais, s i t u a d a s e m r e g i õ e s t e m p e - f i n a n c e i r o . Isto leva à d e s o r i e n t a ç ã o e ao caos; o Es-
rada» e f r i a s d o p l a n e t a , n a d a o s vincula a o s t r ó p i c o s . t a d o n a c i o n a l à d e s t r u i ç ã o ; o t e r r i t ó r i o n a c i o n a l ao
O trópico, p a r a eles, é um i n c ô m o d o , c o n s i d e r a m - n o , d e s m e m b r a m e n t o ; a o p i n i ã o pública à d e c o m p o s i ç ã o
n a alienação (pie o s c a r a c t e r i z a m , r a z ã o d e h u m i l h a - e o p o d e r nacional à impotência. Sem caminhos defi-
ç ã o e de v e r g o n h a . nidos e próprios, a Nação soçobra à deriva.
Por essas razões, a escola política da b i o m a s s a A evidência do p o d e r energético da biomassa
e n c o n t r a f o r t e r e s i s t ê n c i a p o r p a r t e d a q u e l e s (pie chama atenção para o que há de original na natureza
manipulam o p o d e r na tirania financeira da pseu- e na c u l t u r a locais e cria c o n d i ç õ e s p a r a a s u p e r a ç ã o
d o m o r d a e x t e r n a . As c ú p u l a s políticas e culturais d o s já e v i d e n c i a d o s colapsos m u n d i a i s : o e n e r g é t i c o e
t a m b é n e s t ã o c o r r o í d a s p o r essas idéias e c o n t r a p õ e m - o a m b i e n t a l . Estes p õ e m cm p e r i g o a e s t a b i l i d a d e d o s
se ao nosso processo civilizatório. Este, c o m o n ã o povos, c u j a v i d a d e p e n d e d e e l e v a d o c o n s u m o d e
p o d e r i i d e i x a r d e s e r , está v i n c u l a d o a o n o s s o m u n - c o m b u s t í v e i s fósseis.
d o físiio, a o n o s s o e s p a ç o , n e s t e s t e m p o s d e p r e v i s ã o O sol está t a m b é m na o r i g e m d o s c o m b u s t í -
d e g n r e c o l a p s o e n e r g é t i c o d o s c o m b u s t í v e i s fósseis veis fósseis, e m b o r a estes levem c e n t e n a s d e m i l h õ e s
q u e , lu d u z e n t o s a n o s , m o v i m e n t a m o m u n d o . Elas d e a n o s p a r a s e f o r m a r : são n ã o - r e n o v á v e i s . A o c o n -
s o n h a m c o m o s c a m i n h o s s e g u i d o s pelas m e t r ó p o l e s trário, a biomassa forma-se de m o d o p e r m a n e n t e :

02 63

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
ela é r e n o v á v e l . T e n d o o sol c o m o o r i g e m c o m u m , os
d o i s g r u p o s d e c o m b u s t í v e i s são, p o r é m , p o r vários
â n g u l o s q u e s e q u e i r a ver, o p ç õ e s p r o f u n d a m e n t e
d i s t i n t a s . O s fósseis s ã o o capital q u e s e f o r m o u e m
e r a s g e o l ó g i c a s e a b i o m a s s a e s e u s d e r i v a d o s os divi-
d e n d o s d a radiaçAo solar.
O o c a s o d o s c o m b u s t í v e i s fósseis cria assim
c r u c i a i s p r o b l e m a s civilizatórios q u e e x i g e m c o m p l e - CAPÍTULO III
x a s soluções, a s q u a i s p a s s a m pelas r e g i õ e s tropicais,
INTERNACIONALIZAÇÃO DA
e m especial e d e m o d o e n f á t i c o p e l o c o n t i n e n t e b r a -
COMPANHIA VALE DO RIO DOCE
sileiro. A b i o m a s s a , a t é a g o r a sem a l t e r n a t i v a s e x t e n -
sivas, r e ú n e c o n d i ç õ e s p a r a ser a p r i n c i p a l f o n t e d e
c o m b u s t í v e l d o s é c u l o X X I c s e g u i n t e s , d e s t a vez d e

A
s o c i e d a d e brasileira assistiu p e r p l e x a e d e s i n -
m o d o p e r m a n e n t e e limpo. f o r m a d a pela m í d i a o p r o c e s s o q u e levou à
i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o d a C o m p a n h i a Vale d o Rio
D o c e , a l i e n a ç ã o c r i m i n o s a c o n t r a o Brasil,
especialmente para as futuras gerações, pelo
governo de Fernando Henrique Cardoso.
Como conseqüência das perdas decorrentes -
patrimônios naturais estratégicos e estruturas opera-
tivas e s s e n c i a i s - a n a ç ã o Brasil p a s s a no c o n t e x t o
m u n d i a l a u m nível d e i m p o t ê n c i a q u e c a m i n h a n a
direção dos problemas de u m a Angola, uma Repúbli-
ca D e m o c r á t i c a do C o n g o (ex-Zaire) e o u t r o s a i n d a
m a i s infelizes.
No campo da corrupção e da moralidade pú-
blica, nossa s i t u a ç ã o , n e s t e c a s o , é c o m p a r á v e l a o s
conhecidos "negócios" da China, Suez ou Panamá,
em dimensões ainda muito maiores e envolvendo
q u e s t õ e s q u e p õ e m e m risco a sobrevivência n o r m a l
d a vida n a c i o n a l . N o p r i m e i r o caso, a i n d a h o u v e o

64

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
a t e n u a n t e d a d e g r a d a ç ã o p r o v o c a d a pela " g u e r r a d o é a b s o l u t o e os p r i n c i p a i s r e s p o n s á v e i s são a p r e s e n t a -
ó p i o " , s í m b o l o d o s meios utilizados pela c o l o n i z a ç ã o d o s c o m o sérios e p r o b o s e x e c u t o r e s d a s f o r m a l i d a -
inglesa, a " p é r f i d a Albión", c o m o se r e f e r i a N a p o l e ã o des públicas e privadas, símbolo do respeito interna-
Bonaparte. cional e r e s p e i t a d o s pela d i m e n s ã o d o s negócios em
E m nosso livro " O E s f a c e l a m e n t o d a Nação", q u e e s t ã o envolvidos! Q u a n d o a l g u m a s p e c t o inconve-
p u b l i c a d o e m 1996, c o m suas edições e s g o t a d a s , a n a - n i e n t e escapa ao controle, é logo restabelecida, de m o d o
lisamos o q u e d e s i g n a m o s de Os Três Níveis de Corrupção. a n ã o a p a r e n t a r dúvidas, a m o r a l i d a d e a r r a n h a d a . Pa-
O p r i m e i r o deles envolve r e c u r s o s f i n a n c e i r o s d e a t é rece q u e n i n g u é m p e r c e b e o clima d e o r g i a c o m o ,
dezenas de milhões de dólares e delinqüentes que, p o r e x e m p l o , é t r a t a d o o sistema f i n a n c e i r o internacio-
c o m p a r a t i v a m e n t e aos d o s o u t r o s níveis, s ã o " l a d r õ e s nal, a q u e se referiu L o r d Levei, ex-ministro do Tesou-
d e g a l i n h a s " . O s c r i m e s d e s t e nível d e c o r r u p ç ã o são r o inglês, j á n a m e t a d e d o s a n o s 80.
o b j e t o d e a m p l a e d e t a l h a d a d i v u l g a ç ã o pela m í d i a , N o s dois níveis s e g u i n t e s a o d o s " l a d r õ e s d e
s e m a n a s a fio... São e x e m p l o s , o e s c â n d a l o d o s " a n õ e s g a l i n h a s " , a d i m e n s ã o d o s valores e n v o l v i d o s é m u i t o
d o O r ç a m e n t o " , a s r o u b a l h e i r a s extra-oficiais d a e r a m a i o r e m u i t í s s i m o mais i m p o r t a n t e s s u a s c o n s e q ü ê n -
Collor, o " a f f a i r e Pitta, na p r e f e i t u r a de São Paulo, cias e s t r a t é g i c a s . N o s e g u n d o nível d e c o r r u p ç ã o , re-
com sua incrível m u l h e r " , e o mais recente, envolvendo f e r e n t e ao sistema f i n a n c e i r o , as r o u b a l h e i r a s são
o "juiz" Lalau, o s e n a d o r Luiz Estevão e um e x - m i n i s - d a o r d e m d e d e z e n a s e c e n t e n a s d e bilhões d e d ó l a -
t r o d e F H C , seu a m i g o pessoal. res. E n v o l v e c o m o massa d e m a n o b r a a m a n i p u l a ç ã o
S o m e n t e n e s t e p r i m e i r o nível, a r o u b a l h e i r a , das dívidas i n t e r n a e e x t e r n a , as emissões m o n e t á -
e m c o m p a r a ç ã o i n s i g n i f i c a n t e aos o u t r o s níveis, t o m a rias, a s t a x a s d e j u r o s , d e c â m b i o , d e i n f l a ç ã o e t a n -
conotação de escândalo, de ilegalidade e o u t r a s tos o u t r o s índices f i n a n c e i r o s , a d r e d e c o n t r o l a d o s d e
" n u a n c e s " típicas de c r ó n i c a policial. Nele, a i m p r e n - m o d o i m p a r c i a l pelos s e n h o r e s a b s o l u t o s d a t i r a n i a
sa t e m p a p e l a m p l o e e s c l a r e c e d o r , c o m d e s t a q u e e monetária internacional.
amplitude, p r e e n c h e n d o com exclusividade semanas O t e r c e i r o nível d e c o r r u p ç ã o r e f e r e - s e à s
e s e m a n a s do noticiário nacional. T u d o se a p r e s e n t a d i t a s "privatizações", q u e e n v o l v e m p a t r i m ó n i o s n a -
c o m o se a m o r a l i d a d e n a c i o n a l estivesse s e n d o passa- t u r a i s p e r t e n c e n t e à Nação, c u j o s c o n t r o l e s e s t ã o s e n d o
d a a l i m p o , salva p o r t a n t o p o r u m a vigorosa o p i n i ã o transferidos para grupos suspeitos externos e que
p ú b l i c a g a r a n t i n d o o fim da i m p u n i d a d e . P u r a ilu- e n v o l v e m t a m b é m o s ativos d e e m p r e s a s e s t r a t é g i c a s
são, p r o g r a m a d a pela m í d i a . d e e c o n o m i a mista, g u a r d i ã s desses r e c u r s o s e m e i o s
O m e s m o não o c o r r e com os níveis de cruciais à g a r a n t i a d e e s t a b i l i d a d e d o E s t a d o - n a ç ã o .
c o r r u p ç ã o q u e s e s e g u e m , d e o u t r a d i m e n s ã o e im- Isso e n v o l v e valores i n i m a g i n á v e i s d e c e n t e n a s d e bi-
p o r t â n c i a p a r a a s o c i e d a d e . Nestes, o silêncio da m í d i a lhões e t r i l h õ e s de d ó l a r e s , na r e a l i d a d e , impossíveis

66 67

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
[ i f i i i v a a a i • l i f i i i i

d e ser a v a l i a d o s p o r m e i o d e m o e d a s fictícias, salvo, t a r um valor natural escasso c, muitas vezes e de m o d o


em tom irônico do c h a m a d o mercado, na ausência de crescente, de crucial importância. Na v e r d a d e , trata-se
q u a l q u e r o u t r o s í m b o l o , sem q u e r e p r e s e n t e v a l o r e s d e sistemática i r r e s p o n s á v e l m o n t a d a p o r a q u e l e s q u e
c o n c r e t o s e essenciais à vida de c e n t e n a s e c e n t e n a s n ã o d i s p õ e m desses b e n s n a t u r a i s sob seu c o n t r o l e e
d e g e r a ç õ e s d e brasileiros. p r e v ê e m s e m p r e o acesso fácil a esses b e n s , pois c o n -
A i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o da C o m p a n h i a Vale do t a m p a r a isso c o m c i r c u n s t â n c i a s e c o n d i ç õ e s f a v o r á -
Rio Doce coloca-se nesse t e r c e i r o nível d e c o r r u p ç ã o , veis, q u a s e s e m p r e p r e c e d i d a s , o u s o b o r i s c o d a
e m d i m e n s õ e s sem similar n a história. N ã o é d e m o d o p r e p o t ê n c i a colonial, da violência e até da g u e r r a .
c o m p a r a t i v o , p o r é m , a c o r r u p ç ã o o mais g r a v e , m a s É impossível d a r p r e ç o à Vale, pois e n v o l v e
a t r a n s f e r ê n c i a p a r a o c o n t r o l e e x t e r n o de q u e s t õ e s p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s essenciais, n a a t u a l i d a d e e , d e
estratégicas q u e c o m p r o m e t e m o f u t u r o nacional. m o d o crescente, para as futuras gerações. Somente
n o seu ú l t i m o b i ê n i o c o m o c o m p a n h i a d e e c o n o m i a
A VALE mista, m e s m o n a s c i r c u n s t â n c i a s d e m e r c a d o a v i l t a d o
p a r a m i n é r i o s , i m p o s t o pelos c a r t é i s c o m p r a d o r e s , a
A C o m p a n h i a Vale do Rio Doce - Vale r e p r e - Vale d e u l u c r o s u p e r i o r a um bilhão de d ó l a r e s . Isto
s e n t a o m a i o r p a t r i m ô n i o m i n e r a l do p l a n e t a s o b o r e p r e s e n t o u mais do q u e p a g o u o suspeito g r u p o
controle de uma só empresa, com jazidas minerais e x t e r n o q u e ficou c o m o c o n t r o l e d a e m p r e s a : 8 0 0
impossíveis d e s e r e m avaliadas e m t e r m o s d e m e r c a - milhões de dólares.
d o , pois s u a utilização e c o n ô m i c a o c o r r e r á e m m u i t a s A Vale, e m p r e s a c o m p r e s t í g i o i n t e r n a c i o n a l
d é c a d a s e séculos à f r e n t e . N ã o há c o n d i ç õ e s , p o r - indiscutível, é a maior e x p o r t a d o r a de m i n é r i o de
t a n t o , d e c o n s i d e r a ç õ e s m o n e t á r i a s nos t e r m o s e m q u e f e r r o , d i s p o n d o d e sistema d e t r a n s p o r t e i n t e g r a d o -
se f a z e m essas avaliações, h o j e f u n d a m e n t a d a s em p r e - f e r r o v i a , p o r t o e f r o t a d e navios - d e g r a n d e s p r o -
ços aviltados d o c h a m a d o m e r c a d o , m a n i p u l a d o s p o r p o r ç õ e s , o mais e f i c i e n t e em l o d o o m u n d o . T e m sob
c o m p r a d o r e s o r g a n i z a d o s em oligopólios e cartéis. sua g u a r d a riquezas minerais de valor planetário,
N a r e a l i d a d e , essas avaliações t r a t a m d e valo- e n q u a n t o a s n a ç õ e s ditas ricas t ê m cruciais c a r ê n c i a s
res q u e nada têm a ver com o significado concreto desses b e n s e s t r a t é g i c o s .
desses estratégicos e limitados recursos naturais não- A Vale é g u a r d i ã de p o n d e r á v e l p o r ç ã o da
r e n o v á v e i s . N a o r d e m d e valor, n ã o são c o n s i d e r a d o s p a r t e mais rica d e nosso t e r r i t ó r i o (solo, subsolo, á g u a s ,
sua e s s e n c i a l i d a d e n e m seus r e d u z i d o s v o l u m e s n a t u - p o r t o s , f e r r o v i a s e florestas), e s p e c i a l m e n t e na r e g i ã o
rais. D ã o - l h e s de m o d o p e j o r a t i v a m e n t e p r o p o s i t a l a a m a z ô n i c a . C o m mais d e 1.800 q u i l ô m e t r o s d e m o -
d e s i g n a ç ã o de covimodity, c o m o algo trivial, de fácil dernas ferrovias; centenas de milhares de hectares
acesso, q u e e s t a r á s e m p r e d i s p o n í v e l , sem r e p r e s e n - d e f l o r e s t a s ; várias fábricas d c celulose; dois p o r t o s d c

68 69

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A
wnsm
elevado calado; 4 1 bilhões d e toneladas d e m i n é r i o d c D e s f a z e r - s e da Vale é a b r i r m ã o da mais im-
f e r r o de excepcional q u a l i d a d e ; 2 bilhões de toneladas portante Agencia de Desenvolvimento nacional, atu-
de bauxila (minério de alumínio) e 1 bilhão de tonela- a n t e e m n o v e e s t a d o s d a F e d e r a ç ã o . O seu t r a b a l h o
d a s d e m i n é r i o d e cobre; 100% d a s reservas d e m a n g a n ê s s o m e n t e é c o m p a r á v e l a o d c m e s m a n a t u r e z a realiza-
do país; a m a i o r f r o t a de g r a n e l e i r o s do m u n d o ; as d o pela P e i r o b r á s , d e e x t r a o r d i n á r i a s c o n s e q ü ê n c i a s
m a i o r e s reservas d e o u r o d a América Latina. Maior p r o - p a r a o país e p a r a o seu povo.
d u t o r a de alumínio do Brasil, a Vale atua nos c a m p o s A Vale d e t i n h a a m a i s i m p o r t a n t e " t r a d e " ,
d e p r o d u ç ã o d e aço, ferro-Iigas, fertilizantes, c a u l i m , depois do extermínio da Interbrás, a outra "trade" em
cobre, p r a t a , níquel etc. Tem i m p o r t a n t e s reservas de mãos nacionais, ligada à Petrobrás, a t u a n d o em todos
m i n é r i o de nióbio, titânio e potássio. O p e r a 34 e m p r e - os r a m o s do c o m é r c i o e x t e r n o e o único s u p o r t e , essen-
sas d e g r a n d e p o r t e , d i r e t a m e n t e o u coligadas. Muito cial, p a r a d e s a m p a r a d a s e m p r e s a s de capital nacional,
m a i o r do q u e ela já é, são suas imensas potencialida- Ela foi d e s t r u í d a no p r i m e i r o dia do e n s a n d e c i d o e cri-
d e s c o m o a m a i o r m i n e r a d o r a do m u n d o q u e d e t é m o minoso g o v e r n o Collor. E n t r e g o u - s e deste m o d o ao con-
m a i o r n ú m e r o de jazidas e u m a imensa potencialidade trole de vorazes forças e x t e r n a s nossas relações c o m e r -
c o m o gestora do riquíssimo subsolo brasileiro, o mais ciais com o exterior, incluindo os principais p r o d u t o s
promissor e menos explorado do planeta. de e x p o r t a ç ã o , m i n é r i o de ferro, açúcar e café. T a m -
Entregar gigantescos patrimônios naturais b é m h o u v e , na m e s m a fase, a d e s t r u i ç ã o d o s Institutos
inalienáveis e não-renováveis a mãos suspeitas não Brasileiro do C a f é - IBC e do A ç ú c a r c do Álcool - IAA,
n a c i o n a i s , sem q u e s e c o n h e ç a m s u a s v e r d a d e i r a s di- q u e c u i d a v a m d a e x p o r t a ç ã o desses i m p o r t a n t e s p r o d u -
m e n s õ e s físicas e , m e n o s a i n d a , suas d i m e n s õ e s m o - tos, c o m o h o u v e a destruição da I n t e r b r á s , q u e cuidava
n e t á r i a s - impossíveis de s e r a v a l i a d a s pela r e p r e s e n - d a s i m p o r t a ç õ e s de petróleo, o q u e lhe dava elevado
t a - t i v i d a d e t e m p o r a l dessas r i q u e z a s e s t r a t é g i c a s e pela p o d e r de b a r g a n h a . A eliminação proposital de nossas
falta d e v a l o r , m e s m o q u e simbólico, d a m o e d a d e "trades" r e p r e s e n t o u ação d e v a s t a d o r a , aniquilação d e
referência internacional que, nem m e s m o "papel pin- i n s t r u m e n t o s essenciais d e atuação d o Brasil n o m e r c a -
t a d o " é m a i s -, é c r i m e j a m a i s c o n s t a t a d o na h i s t ó r i a do externo. Crime inominável!
econômica do m u n d o , nem mesmo aqueles resultan- A Vale, c o m o e m p r e s a de e c o n o m i a mista, s e m -
tes d c b r u t a i s d e r r o t a s bélicas. p r e c o m p o r t o u - s e c o m r e s p o n s á v e l s e n t i d o social e
E n t r e g a r tão e s t u p e n d o p a t r i m ô n i o n a t u r a l p a r a h u m a n o com as comunidades onde operava, tendo
cobrir custos d e u m mês d e u m a dívida i n t e r n a e s p ú r i a , a p l i c a d o n o seu ú l t i m o biênio, c o m o e m p r e s a c o n t r o -
q u e n ã o resiste a u m a simples a u d i t o r i a , é c o m p r o m e - l a d a p e l o E s t a d o , 8 0 m i l h õ e s d e d ó l a r e s nessas o b r a s .
ter a s gerações f u t u r a s d e brasileiros d e m o d o crimino- O risco d e seu a f a s t a m e n t o d e s s e s c o m p r o m i s s o s c o m
so e i r r e m e d i á v e l , a t r o c o de a b s o l u t a m e n t e n a d a . s u a i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o foi o b j e t o d e a d v e r t ê n c i a d o

70

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
n u m a
presidente da CNBB, dom Luciano Mendes de i n t e r e s s e s e x t e r n o s a o país seu i m e n s o a c e r v o d e d a -
A l m e i d a , g r o s s e i r a m e n t e a d v e r t i d o pelo g o v e r n o q u e d o s e s t r a t é g i c o s sigilosos s o b r e o nosso subsolo. Este
p r o c u r a s s e c u i d a r d a s q u e s t õ e s religiosas, c o m o se a acervo, j u n t a m e n t e c o m o a c u m u l a d o e m d é c a d a s pelos
I g r e j a n a d a tivesse c o m as q u e s t õ e s sociais e h u m a - e s t u d o s geofísicos, geológicos, p r o s p e c ç õ e s e p e r f u -
n a s d a vida d a s c o m u n i d a d e s . r a ç õ e s r e a l i z a d a s pela P e t r o b r á s , r e p r e s e n t a m p r e c i o -
A Vale, c o m o a P e t r o b r á s , f o r a m f u n d a m e n - sos c o n h e c i m e n t o s q u e , t o m a d o s g l o b a l m e n t e , s ã o
tais ao d e s e n v o l v i m e n t o da e n g e n h a r i a e da t e c n o l o g i a d a d o s a b s o l u t a m e n t e e s t r a t é g i c o s p a r a u m a N a ç ã o ga-
nacionais. Seus centros tecnológicos r a p i d a m e n t e r a n t i r o f u t u r o d e seu povo. N e m e m d é c a d a d e in-
t r a n s f o r m a r a m - s e nos mais i m p o r t a n t e s d o país, c o m tensos e s t u d o s e bilhões d e d ó l a r e s d e i n v e s t i m e n t o s ,
i n f l u ê n c i a decisiva n o f o r t a l e c i m e n t o t e c n o l ó g i c o d a corporações transnacionais estrangeiras poderiam ter
e m p r e s a d e capital p r i v a d o n a c i o n a l . S u a a t u a ç ã o n a acesso a esse c r u c i a l p a t r i m ô n i o d e c o n h e c i m e n t o s ,
á r e a a m b i e n t a l s e m p r e foi e x e m p l a r . A P e t r o b r á s c o m o ficou c o m p r o v a d o nos fracassados "contratos
c h e g o u a g a n h a r o titulo i n t e r n a c i o n a l da e m p r e s a d e risco" d e triste m e m ó r i a .
de p e t r ó l e o mais l i m p a em t o d o o m u n d o . A c o n t r i - A criação da C o m p a n h i a Vale do Rio Doce está
b u i ç ã o da Vale na á r e a f l o r e s t a l foi i m p o r t a n t í s s i m a . ligada a o d e r r a m a m e n t o d e s a n g u e d e brasileiros n a
A ela e s t a r i a r e s e r v a d a p a p e l decisivo no a p r o v e i t a - Itália, r o m p e n d o a tese colonial q u e nos subjugava a vil
m e n t o e n e r g é t i c o d a b i o m a s s a t r o p i c a l 110 c o l a p s o d e s e m p e n h o nas m ã o s colonizadoras dos ingleses. Ela
m u n d i a l d e c o m b u s t í v e i s fósseis q u e s e a p r o x i m a n a resultou d a devolução a o Brasil d a s minas d e f e r r o d a
m e d i d a q u e as reservas mundiais de petróleo cami- Itabira I r o n Co. c o m o ressarcimento de g u e r r a . Rever-
nham para o esgotamento. tiam-se p a r a os brasileiros bens p a t r i m o n i a i s n a t u r a i s
A Vale e a P e t r o b r á s e r a m nossos p r i n c i p a i s o b j e t o s de f r a c a s s a d a s a v e n t u r a s coloniais. A política
i n s t r u m e n t o s d e a ç ã o n a d e f e s a d o s i n t e r e s s e s nacio- neoliberal d o g o v e r n o atual, p o r é m , i m p õ e brutal re-
nais a n t e a s n e f a s t a s ações d o s g r a n d e s c o n g l o m e r a - trocesso a essa conquista de i n d e p e n d ê n c i a c o m o custo
d o s t r a n s n a c i o n a i s , q u e i m p õ e m d e m o d o t i r â n i c o sua de vidas de brasileiros. Voltamos à República Velha!
p r e s s ã o m a l é f i c a a n t e a s e m p r e s a s d e capital n a c i o n a l M o r r e m assim os ideais do s o n h o de um Projeto Nacio-
q u e , p o r isso, e s t ã o e m fase d e d e s a p a r e c i m e n t o sis- nal existente nas d é c a d a s de 20/30, c u j o c o r o a m e n t o foi
temático, como d e m o n s t r o u relatório p r e p a r a d o para a Revolução de 30. De n a d a a d i a n t o u o sacrifício de
o S e n a d o d o s L U A , pela e q u i p e d o s e n a d o r S n o w . vidas de brasileiros na luta c o n t r a o fascismo na Itália?
O f a m o s o c e n t r o d e p e s q u i s a , p r o s p e c ç ã o mi- Pelas últimas ações do antinacional BNDES e de seus
n e r a l e de d e s e n v o l v i m e n t o t e c n o l ó g i c o da Vale leve a g e n t e s "laranja" - t u d o a ver com a ação de desfolhantes
suas atividades desativadas com sua internaciona- - nas malsinadas bolsas de valores, há clara indicação
lização. Deste m o d o , t r a n s f e r i u p a r a o c o n t r o l e d e q u e o p a t r i m ô n i o atual da Vale, a g i g a n t a d o milhões e

72 73

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A

M iiTtli^oaa3
milhões de vezes, volta, a troco de n a d a , às m ã o s do O trânsfuga dirigente brasileiro atual, respon-
d e c r é p i t o i m p é r i o inglês, via a África do Sul... Q u e ver- sável p o r essa i g n o m í n i a , está l e v a n d o a N a ç ã o à r u -
g o n h a , q u e ignomínia, a n t e o sacrifício dc vidas de nos- ína e ao d e s e s p e r o ao e n t r e g a r a forças e x t e r n a s es-
sos soldados! O q u e t u d o isto significa acerca da quali- p ú r i a s as m a i o r e s p r o v í n c i a s m i n e r a i s do p l a n e t a e o
ficação d a atual g e r a ç ã o d e brasileiros, q u a n d o c o m p a - m a i o r p a t r i m ô n i o g e n é t i c o d a T e r r a . O Brasil d o q u a r t -
r a d a à d a q u e l e s q u e nos legaram esses p a t r i m ô n i o s e a zo e do n i ó b i o , d a s p o r t e n t o s a s f l o r e s t a s tropicais, a
d i g n i d a d e q u e , c o m o h e r a n ç a s a g r a d a , deveria nos ins- N a ç ã o do Sol e o I m p é r i o d a s Á g u a s e s t ã o c a m i n h a n -
pirar? N a d a mais somos q u e u m a g e r a ç ã o de vis trai- do para serem controlados em u m a sórdida situação
dores? e m q u e 70% d o P r o d u t o I n t e r n o Brasileiro j á s e e n -
c o n t r a e m m ã o s d e n ã o - r e s i d e n t e s . O u seja, e m p o u -
A VALE E A A M A Z Ô N I A c o t e m p o , o s r e s i d e n t e s n ã o t e r ã o mais c o n t r o l e d e
nada ou apenas do que não é importante. O nosso
E m b o r a com ação inicialmente c o n c e n t r a d a t e r r i t ó r i o e s u a s r i q u e z a s s e r ã o o b j e t o de '' , in-
n o E s t a d o d c M i n a s G e r a i s , foi n a r e g i ã o a m a z ô n i c a ternacional e n t r e exércitos mercenários patrocinados
o n d e a Vale teve p a p e l f u n d a m e n t a l , d e s l o c a n d o p a r a p o r corporações transnacionais de minerais e madei-
l á u m a p o p u l a ç ã o d e c e r c a d e t r ê s m i l h õ e s d e indiví- reiras, c o m o aquelas q u e devastaram as florestas tro-
d u o s . A o c u p a ç ã o t e r r i t o r i a l dessa r e g i ã o p o r brasi- picais no S u d e s t e da Ásia. O r e g i m e político q u e está
leiros é, c o m o s a b e m o s , o c a m i n h o s e g u r o p a r a salvá- p e r m i t i n d o essa m o n s t r u o s i d a d e é , d e m o d o i n c o m -
l a d o s p r o j e t o s geopolíticos d e o c u p a ç ã o e c o n ô m i c a p a r á v e l , o mais n e f a s t o q u e j a m a i s foi i m p l a n t a d o e m
estrangeira. q u a l q u e r país, pois leva o seu povo à r u í n a e a N a ç ã o
Nessa r e g i ã o , a Vale é crucial i n s t r u m e n t o p a r a a o caos.
t r a n s f o r m a r os imponentes recursos naturais q u e ad- A " r a z ã o " q u e n o r t e o u esse r e g i m e t i r â n i c o
m i n i s t r a , m i n é r i o s e f l o r e s t a s , em f o n t e s de r i q u e z a . d a m o e d a falsa c o m o i n s t r u m e n t o implacável d e d e s -
Por isso, a e n t r e g a da C o m p a n h i a Vale do Rio Doce a t r u i ç ã o foi o de " f a z e r caixa". N e m isso, ele r e p r e s e n -
i n t e r e s s e s e x t e r n o s é um m o d o de e n t r e g a r a A m a z ô - tou p o r é m . A s d í v i d a s i n t e r n a e e x t e r n a a u m e n t a r a m
nia a esses i n t e r e s s e s a n t i n a c i o n a i s . E n t r e g a r a Vale é a s s u s t a d o r a m e n t e , a l c a n ç a n d o v a l o r e s impossíveis d e
o m o d o dc a n u l a r as possibilidades de desenvolvi- ser a s s u m i d o s pela n a ç ã o , f r u t o d e u m a r o l a g e m cri-
m e n t o a t u a l e f u t u r o da A m a z ô n i a . É a g a r a n t i a de m i n o s a . S e fossem v e r d a d e i r o s , n e m havia c o m o p a g á -
m a n t ê - l a e s t a g n a d a c p r e s e r v a r a r e g i ã o cm seu esta- las, pois n o s s o s g r a n d e s p a t r i m ô n i o s , n e s s e r e g i m e ,
d o p r i m i t i v o p a r a uso e b e n e f í c i o d a s p o t ê n c i a s h e g e - j á n ã o mais n o s p e r t e n c e m . N ã o h á c o m o p r o s s e g u i r
m ô n i c a s q u a n d o t i v e r e m posse p l e n a d a r e g i ã o . O u c o m essa l o u c u r a . O d e s a s t r e é inevitável. A m o r t e é
seja, q u a n d o d e i x a r d e s e r brasileira. certa e anunciada!

74

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
A n a t u r e z a do p r o c e s s o de e n t r e g a da Vale O s d i r i g e n t e s b r a s i l e i r o s a t u a i s , c o m o servi-
ficou evidenciada em i n ú m e r o s o u t r o s aspectos da çais, nAo t ê m a c u m p l i c i d a d e da o l i g a r q u i a f i n a n c e i r a
t r a n s f e r ê n c i a d e seu c o n t r o l e p a r a g r u p o s e x t e r n o s internacional, q u e os despreza como traidores de sua
Só n ã o vê q u e m nAo tem c o m p r o m i s s o s c o m a d e c ê n - p á t r i a . Seu c h e f e , q u e n a d a a s s u m e , g o s t a d e s e s p e r a -
cia. O total d a c o m p r a , d o q u a l a p e n a s u m q u a r t o e m d a m e n t e d e p o d e r , mas d c m o d o c o v a r d e e à s o m b r a
e s p é c i e , nAo c o b r e mais q u e a l g u n s dias d e serviço d a de um sistema p l e n o de f a l c a t r u a s . E n t r e g a r a Vale e
d í v i d a d o país. O u seja, j o g o u - s e o m a i o r p a t r i m ô n i o t u d o o m a i s foi feito a t r o c o de a p o i o d e s s a o l i g a r -
m i n e r a l d o p l a n e t a n o ralo. A l g u é m c o n s e g u e identi- quia f i n a n c e i r a i n t e r n a c i o n a l n a c o n t i n u i d a d e d o d o -
f i c a r na h i s t ó r i a da h u m a n i d a d e a l g u m a t o lesivo a mínio e l e i t o r a l do país. O a p o i o existe e n q u a n t o sAo
u m país d e p r o p o r ç A o m a i o r a o q u e foi p e r p e t r a d o servidos em seus objetivos de e s p o l i a r o país p o r m e i o
c o n t r a o p o v o brasileiro n o caso d a i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o de um s i s t e m a político a p o d r e c i d o . O r e g i m e a t u a l
da Vale? existe p a r a facilitar essas ações.
As razões d a d a s pelo g o v e r n o brasileiro, pro-
m e t e n d o investir os recursos m o n e t á r i o s resultantes dessa TIRANIA FINANCEIRA
suposta v e n d a n a c o n s t r u ç ã o d e i n f r a - e s t r u t u r a , apenas
resultou em c o r r u p ç ã o de políticos e g o v e r n a d o r e s levi- O que fundamenta o projetado crime contra
a n o s e falidos. Ou aplicar esses recursos em educaçAo, o Brasil sAo r a z õ e s de n a t u r e z a geopolítica d o s países
s a ú d e , ciência e tecnologia, se tivesse o c o r r i d o , seriam h e g e m ô n i c o s n a s s u a s d e s a s t r a d a s c a r ê n c i a s d e re-
q u a n t i a s tAo ridículos p a r a esses setores q u e nAo os tira- cursos n a t u r a i s n ã o - r e n o v á v e i s e d a q u e l e s r e n o v á v e i s
ria da vexatória situaçAo em q u e se e n c o n t r a m . s o m e n t e possíveis nos trópicos. SAo "razões" tAo g r a -
As promessas f o r a m farsas p a r a e n g a n a r e de ves q u e j á s e p r e v ê e m g r a v e s c o n f l i t o s e n t r e eles c o m o
n a d a t e r i a m a d i a n t a d o se fossem c u m p r i d a s c o m o gotas a c h a m a d a "Guerra das Matérias-primas", prevista
d ' á g u a e m u m o c e a n o d e carências. T u d o , p o r é m , re- pelos a u t o r e s n o r t e - a m e r i c a n o s G e o r g e F r i e d m a n e
sultou n a p e r d a d e p o r t e n t o s o s p a t r i m ô n i o s naturais M e r e d i t h L e b a r d e m seu d e t a l h a d o e f u n d a m e n t a d o
nAo-renováveis, os mais i m p o r t a n t e s do planeta, capa- livro " E U A & J a p ã o , g u e r r a à vista".
zes de s u s t e n t a r um f u t u r o e s p l e n d o r o s o p a r a o nos- A d e p e n d ê n c i a d o s p r i n c i p a i s blocos de p o -
so povo. der, EUA, J a p ã o e União Européia, dos produtos
A hipótese de estar p o r trás dessas criminosas m i n e r a i s listados, e m % , está d e s c r i t a n a t a b e l a n a
e n t r e g a s d e nossos p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s depósitos e m página seguinte.
contas n u m e r a d a s na Suíça p a r a os principais dirigen- Essas carências f o r a m há m u i t o identificadas e
tes t a m b é m nAo faz sentido. Seria t a n t o d i n h e i r o q u e levaram o ex-Secretário de Estado d o s EUA e r e p r e s e n -
iria d e s e q u i l i b r a r o p o d e r d o s m a g n a t a s do m u n d o . tante da Trilateral, H e n r y Kissinger, em 1978, em A s p e n ,

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO S U I C I D A I

EUA UE JAPÃO EUA UE JAPÃO f e r r o (Fe); 102 vezes mais c o b r e (Cu) e 176 vezes mais
c h u m b o (Pb). E n q u a n t o os países ditos desenvolvidos,
NIÓBIO 100 100 100; MICA 100 83 100
m e m b r o s d a O E C D , c o n s o m e m p o r habitante 2 5 vezes
98 100 100; COBALTO 97 100 100 mais a l u m í n i o do q u e os subdesenvolvidos, 29 vezes mais
MANGANÊS
c o b r e , 17 vezes mais e s t a n h o , 134 vezes mais aço, 66
ALUMÍNIO 91 97 100; CROMO 91 97 99 vezes mais níquel, 21 vezes mais c h u m b o , 14 vezes mais
91 100 98
zinco, 7 vezes mais fertilizantes de f ó s f o r o e 11 vezes
TÂNTALO 91 100 100; PLATINA
mais fertilizantes d e potássio.
ESTANHO 82 80 85; NÍQUEL 70 87 100 Esse desequilíbrio m u n d i a l tem p i o r a d o m u i t o
c o m a c o n c e n t r a ç ã o de riqueza em màos de g r u p o s e de
ZINCO 57 57 48; TUNSTÉNIO 52 77 85
países h e g e m ô n i c o s , c o n f o r m e atestam a cada a n o Rela-
ANTIMÔNIO 51 91 100; VANÁDIO 42 100 100 tórios d a s Nações Unidas. Neles ficam evidentes q u e as
ações de globalização têm g a n h a d o r e s certos - os mais
COBRE 13 80 80; CHUMBO 13 44 47
ricos. Essas circunstâncias p o d e m levar a explosões de
FOSFATOS 1 99 100; MOLIBDÉNIO - 100 99 revolta e m várias p a r t e s d o m u n d o , c o m o p r e v ê e m
m e m b r o s d o p o d e r neoliberal internacional.
Esse insólito d e s e q u i l í b r i o e n t r e o s q u e c o n -
A s p e n , Colorado, a d i z e r no início da avalanche de p r o - s o m e m e os q u e d e t ê m as r e s e r v a s n a t u r a i s e s t r a t é g i -
p a g a n d a d o u t r i n á r i a a favor do neoliberalismo: cas é i m p o s t o pelo a r b i t r á r i o p o d e r d a m o e d a i n t e r -
"Os países i n d u s t r i a l i z a d o s n â o p o d e r ã o viver n a c i o n a l d e r e f e r ê n c i a q u e r e t i r a desses r e c u r s o s a s
d a m a n e i r a c o m o e x i s t i r a m até h o j e s e n â o t i v e r e m à v a n t a g e n s c o m p a r a t i v a s q u e r e p r e s e n t a m . Essa m o e -
sua disposição os recursos naturais nâo-renováveis do d a , c o m o fictício símbolo d e t o d a s a s r i q u e z a s , s o b r e -
p l a n e t a . P a r a isso, t e r ã o d e m o n t a r s i s t e m a s m a i s p õ e - s e a o s f a t o r e s c o n c r e t o s , n i e s m o s e n d o escassos e
r e q u i n t a d o s e e f i c i e n t e s de p r e s s õ e s e c o n s t r a n g i - essenciais, dcsvalorizando-os, c o m o o c o r r e com os
mentos, q u e g a r a n t a m a consecução dc seus obje- r e c u r s o s m i n e r a i s . Esse p r e d o m í n i o d o m o n e t á r i o
tivos." sobre os bens que deveria representar, promove um
Essa s i t u a ç ã o fica a g r a v a d a pela d e s e n f r e a d a (ipo d e t i r a n i a q u e impossibilita à s e m p r e s a s d o s pa-
e perdulária d e m a n d a que as sociedades de consumo íses d e t e n t o r e s d e g r a n d e s r i q u e z a s n a t u r a i s , m a s q u e
d o c h a m a d o P r i m e i r o M u n d o i m p õ e m a s e u s povos. nâo fazem parte do fechado clube dos q u e controlam
Nos EUA, com apenas 7% da população mundial, o sistema monetário internacional, de participar de
silo c o n s u m i d o s 45 vezes mais zinco (Zn) do q u e 110 um processo com um m í n i m o de p o d e r de competi-
r e s t o d o m u n d o ; 5 2 mais a l u m í n i o (Al); 6 4 vezes mais ç ã o e d i r e i t o à sobrevivência.

78 79

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I I . C I V I L I Z A Ç Ã O SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO s u i c l

Dá-se, então, a supervalorização monetária q u e estratégicas, c o m o Eletrobrás, Telebrás e a C o m p a n h i a


n a d a simboliza ante riquezas concretas minerais c ou- Vale do Rio Doce e o e s f a c e l a m e n t o em m a r c h a da
t r o s r e c u r s o s n a t u r a i s i n d i s p e n s á v e i s . Esse j o g o d e Petrobrás.
p e r d e d o r certo torna-se possível p o r meio da a r m a d i - A c o m p a n h a o d e s m o n t e do Estado, a transfor-
lha m o n t a d a com as dívidas externas dos países q u e mação das Forças A r m a d a s em polícia, em agressão a
d e t ê m esses patrimônios naturais, às quais alcançaram suas funções constitucionais, e a déhâcle da e s t r u t u r a
híveis impossíveis de serem pagos. A isso são acrescen- produtiva nacional, promovida pelo "Plano Real". Este
tados j u r o s unilateralmente definidos pelos credores q u e foi um habilidoso artifício para e n g a n a r a população
f a z e m essas dívidas crescer c o m o u m a bola de neve, r e t i r a n d o de cena o processo inflacionário. Ele foi m o n -
a l c a n ç a n d o níveis incompatíveis com a realidade, a sen- t a d o pelos mesmos q u e o r e t i r a r a m depois da cena,
satez e a decência. Criaram-se assim condições adversas visando à reeleição do principal dirigente q u e assumiu
íjue p e r m i t i r a m as exigências, com a conotação de c h a n - c o m o missão de seu governo p r o m o v e r o esfacelamento
t a g e m , q u e t o m a r a m a designação de Consenso de Wash- da Nação. A estabilidade monetária foi a c o m p a n h a d a
ington, base instrumental do neoliberalisino. O objetivo do desequilíbrio de nossa balança comercial e de servi-
à e s m a g a r as nações q u e detcm g r a n d e s reservas natu- ços que tiveram p o r "solução" o uso de d i n h e i r o exter-
rais visando à transferência do controle de seus patri- no especulativo p o r meio de empréstimos de c u r t o pra-
m ô n i o s estratégicos para corporações ligadas ao m u n d o zo, com j u r o s extorsivos, q u e nos levaram à débácle fi-
h e g e m ô n i c o , a troco de nada. nanceira em j a n e i r o de 99. Foi essa também a dinâmi-
ca do desastre mexicano, q u e levou ao controle norte-
A RUPTURA americano as suas exportações de petróleo.
Se até aqui os preços d o s m i n é r i o s f o r a m d e -
Para o Brasil, as condições c o m e ç a r a m a m u - f i n i d o s pelos cartéis c o m p r a d o r e s , isso n ã o satisfaz
d a r em finais de 1978. O a n o de 1979 m a r c o u a mais aos países h e g e m ô n i c o s e a suas c o r p o r a ç õ e s .
n e v e r s ã o d o processo d e desenvolvimento brasileiro, A g o r a , q u e r e m o c o n t r o l e d a s reservas, pois as ca-
a g o r a t e n d o p o r base ideológica o n e o l i b e r a l i s m o e rências m i n e r a i s os estão d e i x a n d o cada vez mais vul-
p o r catecismo o Consenso de Washington, q u e levam à neráveis. Isto se deve ao falo das nações d e t e n t o r a s
pterda pelo país de seus principais patrimônios natu- das reservas minerais l e r e m c o n s e g u i d o c o n s t r u i r efi-
rais. Disto resultou a d e r r u b a d a dos monopólios consti- cientes e m p r e s a s q u e estão p r o m o v e n d o a t r a n s f o r -
tucionais do petróleo e das comunicações, a a b e r t u r a da mação de suas m a t é r i a s - p r i m a s estratégicas em p r o -
n a v e g a ç ã o de cabotagem para navios estrangeiros, a re- d u t o s de elevado valor a g r e g a d o . Esla é a razão por-
t i r a d a da Constituição da caracterização da e m p r e s a de q u e é necessário t o m a r desses países seus principais
caipital nacional e a internacionalização das e m p r e s a s i n s t r u m e n t o s de p r o d u ç ã o de r i q u e z a e seus patri-

80 81

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDI

m ô n i o s n a t u r a i s . Esses s ã o o s f u n d a m e n t o s q u e leva- A Comissão P a r l a m e n t a r de I n q u é r i t o - C P I


r a m a e n t r e g a da C o m p a n h i a Vale do Rio Doce inici- c o n s t i t u í d a p a r a a n a l i s a r esse p r o g r a m a d c d e s e s t a -
a l m e n t e a e s p e c u l a d o r e s i n t e r n a c i o n a i s e a g e n t e s "la- tização teve c o m o r e l a t o r o s e n a d o r A m i r L a n d o . S u a s
ranja" para mascarar a entrega definitiva a corpo- atividades, porém, foram interrompidas de modo
r a ç õ e s m i n e r a i s e s t r a n g e i r a s d e l o n g a t r a d i ç ã o co- intempestivo com a substituição do Relator q u a n d o
lonial. este j á t i n h a p r o n t o o R e l a t ó r i o final. F o r a m i m p r o -
Essa d i n â m i c a d c i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o fez p a r - visados novos R e l a t o r e R e l a t ó r i o , e s v a z i a n d o a CPI
te d o s c o m p r o m i s s o s eleitorais q u e g a r a n t i r a m o su- de s e u s s é r i o s p r o p ó s i t o s . Foi assim a b a n d o n a d o o
p o r t e i n t e r n a c i o n a l à reeleição d e F e r n a n d o H e n r i q u e longo e cuidadoso trabalho realizado. A credibilidade
C a r d o s o à P r e s i d ê n c i a da R e p ú b l i c a . Sua escolha p a r a do C o n g r e s s o foi nesse a c o n t e c i m e n t o r e d u z i d a a pó.
s u b s t i t u i r Collor d e Mello d e v e u - s e à i n c a p a c i d a d e H á casos, p o r é m , e m q u e a s e v i d ê n c i a s d e
d e s t e em levar a v a n t e a m i s s ã o q u e l h e foi a t r i b u í d a i l e g a l i d a d e f o r a m ostensivas, c o m o o c o r r e u n a i n t e r -
p e l o Consenso de Washington. Ao c o n t r á r i o de Collor, n a - c i o n a l i z a ç ã o d a C o m p a n h i a Vale d o R i o D o c e .
F H C está d a n d o c o n t a d e s s a m i s s ã o a o e n t r e g a r o N e s t a , foi a f r o n t a d o d i r e t a m e n t e o A r t i g o 142 d o
Brasil ao c o n t r o l e de forças i n t e r n a c i o n a i s . A e n t r e g a C ó d i g o Penal Militar q u e a t r i b u i 2 5 a 3 0 a n o s d e
da Vale é um d o s c o m p r o m i s s o s d e s s e a c o r d o de trai- reclusão ao principal responsável pela i n t e n ç ã o de
ç ã o n a c i o n a l , c o m o o f o r a m a "lei d a s p a t e n t e s " , a internacionalizar área do território nacional superior
internacionalização das empresas estratégicas de ener- a dois mil h e c t a r e s e e n t r e 20 e 25 a n o s ao s e g u n d o
gia e a d e s t r u i ç ã o do E s t a d o n a c i o n a l . r e s p o n s á v e l , s e m a a u t o r i z a ç ã o do C o n g r e s s o . No caso
d a Vale, f o r a m i n t e r n a c i o n a l i z a d o s c e r c a d e 2 8 mi-
Ilegalidades e gigantesca negociata lhões d e h e c t a r e s , c o n f o r m e d o c u m e n t o d o T r i b u n a l
M u i t a s f o r a m as ilegalidades e a f r o n t a s à Cons- d e C o n t a s d a U n i ã o . Para e f e i t o d e c o n s t a t a ç ã o dessa
tituição p r a t i c a d a s 110 c h a m a d o P r o g r a m a de Desesta- a f r o n t a legal, foi a p r e s e n t a d a a o P r o c u r a d o r G e r a l
tização. N o g o v e r n o I t a m a r F r a n c o , a P r o c u r a d o r i a d a J u s t i ç a Militar r e p r e s e n t a ç ã o p r e p a r a d a c o n j u n t a -
Geral da República constituiu um g r u p o de procura- m e n t e pelo a u t o r deste livro e o e x - P r o c u r a d o r Geral
d o r e s p a r a e s t u d a r d o p o n t o d e vista j u r í d i c o a s i n ú - da República, Aristides Alvarenga J u n q u e i r a , e assina-
m e r a s d e n ú n c i a s d e ilegalidades p r o m o v i d a s p o r esse da pelos p r e s i d e n t e s da A BI-Associação Brasileira de
p r o g r a m a . O g o v e r n o F H C i n t e r r o m p e u essas ativi- I m p r e n s a , do IAB - Instituto dos Advogados do Brasil e
d a d e s d i s s o l v e n d o o g r u p o . As a f r o n t a s às leis e a pelo S e c r e t á r i o Executivo d a C o m i s s ã o Brasileira d e
Constituição foram objeto de um g r a n d e n ú m e r o de Justiça e Paz. O e n t ã o P r o c u r a d o r Geral da Justiça Mi-
d e n ú n c i a s f o r m a i s , t o d a s e m p r o c e s s o s a i n d a n ã o sub- litar arquivou a r e p r e s e n t a ç ã o , q u e a g u a r d a o p o r t u n o
m e t i d o s à analise dc m é r i t o . d e s a r q u i - v a m e n t o , com o objetivo de c u m p r i r - s e a lei.

82 83

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDAI

Na r e a l i d a d e , o p r o c e s s o de " p r i v a t i z a ç ã o " foi d e s p r e z a r a m esse c o m p r o m i s s o f o r m a l , l e v a n d o - a a o


uma gigantesca f r a u d e para espoliar os brasileiros ridículo.
dos principais patrimônios naturais e de estratégicas N a g i g a n t e s c a n e g o c i a t a d c 1997, d a q u a l r e -
e m p r e s a s d e e c o n o m i a mista g u a r d i ã s desses p a t r i m ô - s u l t o u a i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o da Vale, h o u v e i n ú m e r a s
nios e doá-los a g r u p o s e s t r a n g e i r o s c o m o se v e n d i d a s j o g a d a s preliminares até chegar à etapa atual de en-
fossem. A d e s i g n a ç ã o de P r o g r a m a dc Desestatizaçao trega do seu c o n t r o l e - o mais e x t r a o r d i n á r i o pa-
t a m b é m é falsa, pois em m u i t o s casos a i n t e r n a c i o - t r i m ô n i o estratégico m i n e r a l do planeta - a m i n e -
nalização d e u - s e p a r a e m p r e s a s estatais e s t r a n g e i r a s , r a d o r a s inglesas localizadas n a Á f r i c a d o Sul, c o m o
c o m o são os casos da Light, d o a d a à Eletricité dc France e foi d e n u n c i a d o d e s d e o início ser o objetivo do p r o -
da E m b r a e r - e m p r e s a s de alta p r i o r i d a d e estratégica cesso. Essas d e n ú n c i a s c a u s a r a m tal m a l - e s t a r q u e seus
nos c a m p o s militar e de o c u p a ç ã o da A m a z ô n i a -, q u e p r o m o t o r e s f i z e r a m d e c o n t a q u e ela p o d e r i a f i c a r
teve o seu c o n t r o l e p a s s a d o a g r u p o s c o m participação sob o c o n t r o l e de uma e m p r e s a privada de capital
d o E s t a d o f r a n c ê s , e n t r e vários o u t r o s casos n ã o explíci- n a c i o n a l . U s a r a m p a r a isso o g r u p o d o m e g a - e m p r e -
tos n a s sistemáticas, hoje universais, dc participação di- s á r i o E r m í r i o d c M o r a i s , q u e fez o j o g o a n t i n a c i o -
reta o u i n d i r e t a d o Estado nos e m p r e e n d i m e n t o s c o m nal p a r a t i r a r b e n e f í c i o p a r a o seu g r u p o . Foi facil-
valor estratégico. Não é p o r acaso q u e a participação m e n t e "passado para trás", apesar de seus inócuos
d o s E s t a d o s nas p r i n c i p a i s e c o n o m i a s capitalistas d o protestos.
O c i d e n t e , c o n f o r m e l e v a n t a m e n t o das Nações Uni- O p r o f e s s o r Benayon do A m a r a l d e m o n s t r o u ,
d a s c i t a d o cm n o s s o livro "A R e c o n q u i s t a do Brasil", e n t ã o , ter sido a Vale "privatizada" p o r valor negativo.
era m u i t o s u p e r i o r à do Estado brasileiro, antes do " U m p a t r i m ô n i o incalculável" - diz o p r o f e s s o r - "em
início d a s privatizações. relação a cuja v e n d a s o m e n t e se p o d e r i a f a l a r em trilhões
N o caso n a E m b r a e r , u m d o s m a i o r e s suces- de d ó l a r e s e c u j o c o n t r o l e foi e n t r e g u e pela bagatela dc
sos d o p o n t o d e vista e m p r e s a r i a l e e s t r a t é g i c o n o RS 3 bilhões, p a r t i c i p a n d o o novo c o n t r o l a d o r c o m ape-
c a m p o d a i n d ú s t r i a d e aviões, o M i n i s t é r i o d a A e r o - nas 800 milhões, com c o m p e n s a ç õ e s financeiras superi-
náutica, f o r ç a d o ao a b a n d o n o de sua participação o r e s ao preço. O g o v e r n o , c o m a n d a n d o os f u n d o s de
m i n o r i t á r i a n o capital d a e m p r e s a , m a n t e v e a f o r m a pensões d a s estatais, fez o a c o r d o de acionistas. Por ele,
j u r í d i c a d e s i g n a d a Golden Sliare, essencial ao p o d e r a U n i ã o r e n u n c i o u p o r inteiro a intervir na Vale, e n t r e -
decisório da União em tão estratégico setor da segu- g a n d o sua gestão a c o n h e c i d o l a r a n j a , a i n d a q u e p e r -
r a n ç a n a c i o n a l . Nas n e g o c i a ç õ e s p o s t e r i o r e s a o início manecia com a m a i o r p a r t e d a s ações".
da privatização, q u a n d o se c o n s u m o u a internacio- M e s m o c o m o e m p r e s a d e e c o n o m i a mista e
nalização da crucial e m p r e s a sob o c o n t r o l e de esta- s e n d o essencial t e r o seu c o n t r o l e c o m o E s t a d o , a
tal e s t r a n g e i r a , b a n q u e i r o s e a g e n t e s " l a r a n j a " locais Vale e x p o r t a v a m i n é r i o de f e r r o a p r e ç o s i n f e r i o r e s a

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)
B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA B R A S I L CIVILIZAÇÃO SUICIDA

s e u s c u s t o s , e m b o r a tivesse o mais e f i c i e n t e sistema bém notório m a n i p u l a d o r financeiro George Soros.


de transporte de g r a n d e porte em todo o m u n d o . É A Billiton é c a n d i d a t a ao c o n t r o l e da Vale, além d a s
e v i d e n t e q u e isso nAo foi i n t e r r o m p i d o . Os l u c r o s da m i n e r a d o r a s Gencor e Anglo-American, todas gover-
m e g a - e m p r e s a c o n t i n u a m a d v i n d o d o s d e m a i s seto- n a d a s p o r capitais b r i t â n i c o s e s e d i a d a s n a A f r i c a d o
res, a l u m í n i o , p a p e l e celulose, t r a n s p o r t e s e o u t r o s . Sul, ou seja, i n t e r l i g a d a s e p o s s u i d o r a s da m e s m a fi-
A g o r a , os g r u p o s e x t e r n o s q u e r e m o c o n t r o l e desses losofia colonial q u e r e i n o u n a A f r i c a d o Sul p o r t a n -
p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s . NAo s e c o n t e n t a m c o m s u a s to tempo.
imensas vantagens mercantis. S e r á q u e o d e s t i n o da Vale, c u j a o r i g e m foi a
Com a internacionalizaçAo da Vale e o peso de d e v o l u ç ã o ao Brasil da Itabira I r o n Co. pelos ingle-
seus p a t r i m ô n i o s minerais no contexto mundial, o Bra- ses, c o m o d e c o r r ê n c i a d e u m p r e t e n s o fim d e ciclo
sil c o r r e o risco de nAo escapar ao m e s m o destino de colonial e c o m o f r u t o d a participaçAo d a FEB n a Itá-
Angola, Zaire e outros. Esses países estAo c o n d e n a d o s e lia, é voltar, m e i o século d e p o i s , às m e s m a s mAos co-
ter suas economias a r r a s a d a s de m o d o a nAo oferecer loniais, d e s t a vez t e n d o seu p a t r i m ô n i o m u l t i p l i c a d o
q u a l q u e r tipo de resistência ao acesso fácil e gratuito m i l h a r e s d e vezes, a t r o c o d e a b s o l u t a m e n t e n a d a d e
d o s cartéis d e c o m p r a d o r e s , ligados aos países hege- positivo?
mônicos, desses preciosos recursos n a t u r a i s nAo-reno- NAo e s q u e ç a m o s q u e t u d o isso é r e s u l t a d o do
váveis. T a m b é m , o d o m í n i o ilegítimo p o r essas minera- colossal p r o c e s s o d e c o r r u p ç A o , sem igual n a história
d o r a s e s t r a n g e i r a s s o b r e tAo gigantescos p a t r i m ô n i o s da h u m a n i d a d e , e inerente ao modelo econômico-
n a t u r a i s irá a c i r r a r a cobiça d a s demais, a t r a i n d o lutas político r e i n a n t e no país, c o m o diz o p r o f e s s o r A d r i a n o
em nosso território e n t r e exércitos mercenários c o m p e - B e n a y o n d o A m a r a l . NAo e s q u e ç a m o s o p a p e l d e f a -
tidores no controle desses patrimônios, c o m o vem ocor- cilitar a internacionalizaçAo d o s p a t r i m ô n i o s n a t u r a i s
r e n d o e m vários países africanos. brasileiros, q u e tiveram e t ê m os f u n d o s de pensAo
Desde j u n h o de 1999, a i m p r e n s a vem notici- d a s nossas e s t r a t é g i c a s e m p r e s a s d e e c o n o m i a mista,
a n d o os e n t e n d i m e n t o s p a r a c o n s o l i d a r a t r a n s f e r ê n - a d m i n i s t r a d o s pelo Executivo, p o r m e i o d o ex-Secre-
cia do c o n t r o l e da C o m p a n h i a Vale do Rio Doce - tário Geral da Presidência da República. L e m b r e m o s
C V R D p a r a f o r ç a s e s t r a n h a s a o Brasil. O s a g e n t e s q u e e m b o r a a U n i Ao, a p ó s a "privatizaçAo" da Vale,
sAo S t e i n b r u c h (CSN), Wilson B r u m e r , e x - p r e s i d e n t e a i n d a detivesse u m a q u a n t i d a d e d c ações s u p e r i o r à s
da C V R D , q u a n d o sob c o n t r o l e estatal e h o j e r e p r e - d o s a g c n t e s - l a r a n j a " a d q u i r e n t e s " , ficou passiva c o m o
s e n t a n d o a m i n e r a d o r a e s t r a n g e i r a Billiton, e o se- se m i n o r i t á r i a fosse!
n h o r J . Pio Borges, n o t ó r i o e x - p r e s i d e n t e d o BNDES, Se havia d ú v i d a s s o b r e a e s t r a t é g i a de des-
r e p r e s e n t a n t e do Bank of América q u e acaba de a d q u i - t r u i ç A o d o n o s s o p a í s c o m o naçAo o r g a n i z a d a , a
r i r ações d a Vale q u e e r a m d e p r o p r i e d a d e d o t a m - internacionalizaçAo d a Vale s u p e r a essas d ú v i d a s .

Document shared on www.docsity.com


Downloaded by: cristiano-carvalho-27 (cristianoespcarvalho@gmail.com)

Você também pode gostar