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TRAÇOS E TIPOS DE PERSONALIDADE

TRAÇOS E TIPOS DE PERSONALIDADE

(2010/2011)

Ana Salgueiro

Eduarda Lopes

Inês Silva

Teresa Rocha

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Docente: Doutor Carlos M. Lopes Pires

Sumário

Este trabalho, realizado no âmbito da área curricular de Psicologia Diferencial, incide sobre uma

das suas vertentes tais como a Personalidade. Relacionado com este tema desenvolveremos o que é a

personalidade, tipos, traços e sobre a medição da personalidade.

Palavras-chave: Psicologia Diferencial, Personalidade, Traços, Medição da Personalidade

1. Definição de Psicologia Diferencial

A Psicologia Diferencial é um campo da psicologia que estuda as diferenças individuais dos

sujeitos, as suas consequências e as suas causas. Como qualquer indivíduo se desenvolve de forma

diferente, esta vertente da psicologia incide os seus estudos nessa variabilidade do ser humano.

2. Noção de Personalidade

Existem muitas definições de personalidade: segundo Allport (1961) é “ (…) a organização

dinâmica no interior do indivíduo dos sistemas psicológicos que determina o seu comportamento e
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pensamento característicos ”. Para Carver e Scheier (2000), a personalidade é uma força interna que

determina como o indivíduo se comportará e corresponde a um conceito psicológico cujas bases são

fisiológicas.

Já em termos genéricos, o senso comum entende a personalidade como o comportamento que é

típico de uma pessoa e a distingue das outras. A utilização quotidiana que fazemos desta noção prende-se,

acima de tudo, com a discrição dos caracteres específicos de determinadas pessoas, sem contudo serem

tomadas precauções que confiram rigor a essas mesmas descrições, enquanto, para o psicólogo, a

personalidade corresponde a uma teoria que se aplica a todos os indivíduos.

A personalidade tem sido estudada de diferentes modos, quer na área clínica, por Freud e

Erickson, quer a nível teórico, por Allport, Cattel e Hans Eysenk. Outros ainda conjugaram clínica com

investigação, como, por exemplo, Kelly, Maslow, e Carl Rogers.

2.1- Tipos de personalidade

A categorização por tipos constitui uma das formas mais antigas de distinguir os indivíduos em

termos de diferenças de personalidade. Na operacionalização do conceito de personalidade, alguns

autores recorrem à noção de tipo e outros à noção de traço. A noção de tipo não é fácil de definir. Em

geral, corresponde a uma diferenciação generalizada dos indivíduos dos grupos, baseada em medidas

somáticas, mas também em avaliações psicológicas.

Existem numerosas tipologias, remontando as mais antigas aos astrólogos. De entre as diversas

concepções destacamos a de Jung e a de Kretschmer. O primeiro desenvolveu e introduziu os conceitos

de extroversão e introversão para o estudo dos tipos de personalidades. Jung via a actividade de uma

personalidade extrovertida direccionada ao mundo externo e a de pessoas introvertidas voltada para

dentro do indivíduo. O extrovertido, segundo o tipo de personalidade de Jung, é uma pessoa activa que

fica mais satisfeita quando está rodeada por pessoas. Por outro lado, o introvertido é em geral um

indivíduo contemplativo, que aprecia a solidão, afastando-se da vida em grupo, tendo um papel social

mais passivo. O mundo de fantasia e intimidade do introvertido torna-se mais importante do que a

verdadeira realidade.

A ideia de relacionar o temperamento com características somáticas (corporais) vai desenvolver-

se especialmente, mais tarde com Krestchmer, psiquiatra alemão que elaborou a classificação dos
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indivíduos em pícnicos (baixos e arredondados), atléticos (fortes e musculados) e leptossómicos (altos e

magros). Este reuniu dados empíricos que o levaram a estabelecer relações entre perturbações mentais e

tipos somáticos: esquizofrénicos tenderiam a ser do tipo leptossómico e os manioco-depressivos do tipo

pícnico. Quanto à personalidade, Kretschmer considerou dois tipos psicóticos: o esquizóide (expresso na

esquizofrenia) e o ciclóide (expresso na psicose maníaco-depressiva). Isto significaria, por exemplo, que

obesos são mais predispostos à psicose maníaco-depressiva e tipos magros são associados à introversão e

timidez (que eram consideradas como formas mais fracas dos sintomas negativos da esquizofrenia).

2.2- Traços

“ Em psicologia da personalidade, classicamente, distingue-se traço de personalidade de tipo de

personalidade.

Um traço de personalidade representa uma característica durável, a disposição do indivíduo para se

comportar de uma determinada maneira em situações diversas. (…) Traços habituais são, por exemplo: a

impulsividade, a generosidade, a sensibilidade, a timidez, a empatia ou a honestidade. Neste caso,

falamos também de subdimensões da personalidade.

(…) Efectivamente, um tipo de personalidade (ou dimensão de personalidade) corresponde, tão-só,

ao composto de diferentes traços (ou subdimensões). Dito de outro modo, trata-se de um qualitativo mais

global que engloba diferentes qualitativos mais específicos. Por exemplo, a extroversão corresponde a um

tipo de personalidade que se encontra frequentemente, compreendendo os seguintes traços: sociabilidade,

dominância, assertividade, actividade e nervosidade.”

Se quisermos uma definição mais teórica, podemos citar Allport & Odbert, que consideram

“Padrões globais de comportamento resultantes de tendências que conferem à personalidade consistência

e esquemas estáveis de ajustamento individual ao seu meio.”

2.3 Medição da personalidade

Uma das formas de se medir a personalidade é utilizando a entrevista, que é usada normalmente

pelos clínicos e visa interrogar as pessoas acerca do que sentem e pensam ou observar o comportamento

destas.
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As entrevistas têm algumas desvantagens como o subjectivismo que lhe está inerente: o

entrevistador cria expectativas sobre a resposta do entrevistado e ele ao responder, já está a fazer uma

elação pessoal sobre o que relata e, assim, será ainda interpretada segundo os critérios subjectivos do

entrevistador, daí que este método é pouco aconselhável para fins científicos.

Por outro lado, pode medir-se a personalidade através de questionários. Estes são os que oferecem

maior confiança: escrever é mais fácil que verbalizar, pois a segunda obriga a um contacto com o outro

(visual, pelo menos) e de certa forma o questionário parece mais confidencial. Se há mais desvantagem

que se possa apontar a este método é que não permite analisar a espontaneidade da resposta do

entrevistado, logo, pode dificultar o diagnóstico, ou em último caso, enviesá-lo.

“ Um dos questionários mais usados inicialmente foi o MMPI (Minnesota Multiphasic Personality

Interrogary). Este teste foi criado em 1942 para discriminar tipos de doentes mentais, mas hoje tem uma

aplicação mais generalizada.”

Os testes de personalidade, contrariamente a um teste de inteligência, não têm uma resposta

correcta. “A pergunta «gosta de ir a festas?» pode ser respondida pela afirmativa por setenta e cinco por

cento das pessoas «neuróticas» e por cinquenta por cento de pessoas «normais». Outra das dificuldades

deste tipo de testes é que a pessoa entrevistada pode dar uma resposta propositadamente falsa para induzir

uma imagem diferente daquela que de outro modo, demonstraria, ou seja, reflectiu a sua auto-percepção.

Conclusão

Por este trabalho pode constatar-se a vastíssima complexidade mas, ao mesmo tempo, fascinante

deste tema da Psicologia Diferencial. Terminamos com uma citação interessante de Fernando Pessoa “ Do

indivíduo temos que partir, ainda que seja para o abandonar” , isto é, se a Psicologia é uma área científica

que procura estudar o comportamento humano tendo em conta o seu papel nos mais variados contextos

(como ser biológico, social, etc) a Psicologia Diferencial, como a própria designação indica, estuda as

diferenças entre os indivíduos, afirmando o mesmo ser humano como idiossincrático, possuidor de

variabilidade psicológica que nos permite “abandoná-lo” para caracterizar grupos humanos.
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Referências

 http://www.infopedia.pt/$psicologia-diferencial

 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Kretschmer

 Jesuíno, Jorge Correia, (2007). O que é Psicologia

 Hansenne, Michel, (…). Psicologia da Personalidade

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