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Este trabalho utiliza-se de uma metodologia qualitativa, exploratória, bibliográfica e documental.

Primeiro, analisa-se o conceito de violência de gênero, a qual é considerada um sinônimo de


violência contra a mulher, por ser esta sua maior vítima, e como a cultura do patriarcado serviu para
legitimar esse tipo de violência, num processo de inferiorização da mulher ante a figura masculina,
passando por uma abordagem dos marcos normativos nacionais e internacionais de combate à
violência de gênero. Em seguida, estuda-se o crime de feminicídio pontualmente, partindo-se da
análise de seus requisitos típicos e as mudanças acarretadas no Código Penal Brasileiro. Discorre-
se, ao final, sobre os dados alarmantes no Mapa da Violência 2016, Homicídio de Mulheres no
Brasil, no qual Pernambuco vem adotando medidas preventivas e de combate para reduzir esse tipo
de crime no estado.
A cultura machista e patriarcal é fator determinante para que o Brasil esteja entre os países que
matam mais mulheres  no mundo por sua condição de gênero. Para mudar essa realidade foi
necessário criar mecanismos a fim de democratizar o estado brasileiro em favor dos direitos das
mulheres, como as secretarias municipais, estaduais e federal de políticas para as mulheres. Essas
estruturas são a resposta do Estado à assimetria de gênero e, por isso, devem ser fortalecidas pelo
governo federal. O Brasil é um país com mais de 200 milhões de habitantes, 52% mulheres, signatário
de acordos internacionais de ações pró-direitos das mulheres, com marco legal avançado e
reconhecido internacionalmente para o enfrentamento da violência, como a Lei Maria da Penha que
criminaliza a violência doméstica e familiar e a Lei do Feminicídio, que tipifica  o assassinato de
mulheres por razão de gênero, em crime hediondo. Isso demonstra o quanto é desafiador reverter
esse quadro. Para tanto, se faz necessário chamar a sociedade para um novo pacto civilizatório, onde
homens e mulheres possam conviver com respeito e dignidade. Nesse sentido, é urgente fortalecer a
Secretaria Nacional de Políticas para as mulheres, hoje, um apêndice do Ministério da Justiça, como
protagonista do Plano Nacional de Segurança, para garantir que se considerem as experiências dos
estados e não incorrer em propostas como a ampliação das Patrulhas Maria da Penha de forma
isolada. Um Plano de Segurança sustentado em ações repressivas e punitivas e que delegue a
responsabilidade unicamente ao sistema clássico de segurança e justiça, por si só, não terá êxito,
uma vez que a violência contra a mulher se estrutura numa cultura que precisa e pode ser mudada.

Pernambuco realiza um trabalho diferenciado, desde 2007, com a criação da Secretaria da Mulher do
estado e a implantação de uma política pública estruturada, com orçamento, plano de ação,
estratégias, equipe qualificada em gênero, controle social e monitoramento dos resultados e com a
inclusão da Política de Enfrentamento da Violência contra a Mulher em sua política de segurança
pública, o Pacto Pela Vida, destinando à Secretaria da Mulher um lugar em seu Conselho Gestor com
a responsabilidade de coordenar a Câmara Técnica de Enfrentamento da Violência de Gênero contra
a Mulher. Essa Câmara reúne semanalmente representantes das secretarias estaduais de Defesa
Social, por meio do Departamento de Polícia da Mulher, Saúde, Educação, Planejamento e Gestão,
Justiça e Direitos Humanos através da Secretaria Executiva de Ressocialização, Desenvolvimento
Social, Criança e Juventude, Tribunal de Justiça de Pernambuco/Coordenadoria da Mulher do TJ,
Defensoria Pública e o Núcleo de Apoio á Mulher do Ministério Público de Pernambuco.

É assim que se faz política pública para mulher, com decisão política, recursos, respeito aos
processos e institucionalidades, articulação intra e  interpoderes, formação técnica qualificada e
participação social. Com a SecMulher-PE, foi estruturada uma Rede de Enfrentamento da Violência
contra a Mulher, com: 1 Departamento de Polícia da Mulher, 10 Delegacias Especializadas de
Atendimento à Mulher, 10 Varas Especializadas em Violência Doméstica e Familiar, 2 Centros de
Apoio às Mulheres em Situação de Violência Sexual, o Centro Wilma Lessa e Centro Sony Santos, 1
Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres, 1 Central de Teleatendimento, 180
Organismos Municipais de Políticas para as Mulheres, 58 Conselhos Municipais de Defesa dos Direitos
das Mulheres, 37 Centros Municipais Especializados no atendimento à mulher em situação de
Violência Doméstica e Familiar, 4 Casas-Abrigo, 193 Núcleos de Estudos de Gênero em Escolas
Estaduais de Nível Médio, Técnicas Estaduais e Federais e Instituições de Ensino Superior. Por fim, o
estado disponibiliza o Teleatendimento Cidadã Pernambucana: 0800-281.8187, que recebe
gratuitamente ligações de telefone fixo e celular, todos os dias, 24 horas.

História Articulação do problema nos escritos de Marx e Engels Num sentido crítico, político, o
conceito de gênero foi articulado e progressivamente contestado e teorizado no contexto dos
movimentos de mulheres feministas do pós-guerra. O conceito feminista moderno de gênero não se
encontra nos escritos de Marx e Engels, embora seus escritos e outras práticas, e as de outros da
tradição marxista, tenham oferecido instrumentos importantes, assim como barreiras, para as
teorizações posteriores sobre gênero. Apesar de importantes diferenças, todos os significados
modernos de gênero se enraízam na observação de Simone de Beauvoir de que “não se nasce
mulher”9 e nas condições sociais do pós-guerra que possibilitaram a construção das mulheres como
um coletivo histórico, sujeito-em-processo. Gênero é um conceito desenvolvido para contestar a
naturalização da diferença sexual em múltiplas arenas de luta. A teoria e a prática feminista em
torno de gênero buscam explicar e transformar sistemas históricos de diferença sexual nos quais
“homens” e “mulheres” são socialmente constituídos e posicionados em relações de hierarquia e
antagonismo. Já que o conceito de gênero está tão intimamente ligado à distinção “Gênero” para um
dicionário marxista 212 ocidental entre natureza e sociedade ou natureza e história, via a distinção
entre sexo e gênero, a relação das teorias feministas de gênero com o marxismo está vinculada à
sorte dos conceitos de natureza e trabalho no cânone marxista e na teoria ocidental de modo mais
geral. As abordagens marxistas tradicionais não levaram a um conceito político de gênero por duas
razões principais: primeiro, as mulheres, como os povos “tribais”, existiam de maneira instável nas
fronteiras do natural e do social nos escritos mais importantes de Marx e Engels, de modo que seus
esforços para explicar a posição subordinada das mulheres foram minados pela categoria da divisão
natural do trabalho, que se apóia numa heterossexualidade inquestionável; segundo, Marx e Engels
teorizaram a relação econômica de propriedade como a base da opressão das mulheres no
casamento, de modo que a subordinação das mulheres pudesse ser examinada em termos das
relações capitalistas de classe, mas não em termos de uma política sexual específica entre homens e
mulheres. O lugar clássico desse argumento está em Engels, em The Origins of the Family, Private
Property and the State [A origem da família, da propriedade privada e do estado]. A prioridade
analítica da família como uma formação mediadora entre as classes e o Estado, em Engels,
“abarcava qualquer consideração independente da divisão dos sexos como uma divisão antagônica”.

Referência Bibliográficas:

__________. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em


5 de outubro de 1988. Disponível em: . Acesso em: 09 dez. 2015. __________. Lei n° 8.072, de 25
de julho de 1990. Lei de Crimes Hediondos. Disponível em: . Acesso em: 29 mar. 2017

__________. Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990. Lei de Crimes Hediondos.


Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015.

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