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Diretoria de Avaliação de
Impacto Ambiental Ana Cristina Pasini da Costa
Diretoria de Controle e
Licenciamento Ambiental Carlos Roberto dos Santos (em exercício)
Diretoria de Engenharia e
Qualidade Ambiental Eduardo Luis Serpa
MISSÃO
Promover e acompanhar a execução das políticas públicas ambientais e de desenvolvimento
sustentável, assegurando a melhoria contínua da qualidade do meio ambiente de forma a atender
às expectativas da sociedade no Estado de São Paulo.
Visão
Buscar a excelência na gestão ambiental e nos serviços prestados aos usuários e à população em
geral, aprimorando a atuação da CETESB no campo ambiental e na proteção da saúde pública.
Valores
Ética, legalidade, transparência, eficiência, eficácia, isonomia, imparcialidade, responsabilidade,
valorização do capital humano e compromisso com a empresa.
Fundamentos do
Controle de
Poluição das Águas
Professor Responsável
Sandra Ruri Fugita
CETESB
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
Av. Profº. Frederico Hermann Júnior, 345 - Alto de Pinheiros -
CEP: 05459-900 - São Paulo - SP
http://www.cetesb.sp.gov.br / e-mail: treinamento_cetesb@sp.gov.br
O Curso “Conformidade Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais”, na modalidade especialização lato sensu, foi autorizado
pelo Conselho Estadual de Educação – CEE, conforme Portaria nº 449, publicada no Diário Oficial, em 20/11/2015
Coordenação do Curso Escola Superior da CETESB
Carlos Roberto dos Santos Supervisão:
Lina Maria Aché Carlos Ibsen Vianna Lacava
Tânia Mara Tavares Gasi ET - Departamento de Apoio Operacional
Secretaria Gerenciamento:
Sonia Ritt Tania Mara Tavares Gasi
Equipe Técnica de Apoio ETG - Divisão de Gestão do Conhecimento
ETGB: Sonia Teresinha Barbosa Margarida Maria Kioko Terada
ETGC: Bruno Marcondes Conceição, Elizeu Vasconcelos ETGB - Setor de Biblioteca e Memória Institucional
O. Barreto, Rita de Cassia Guimarães Irene Rosa Sabiá
ETGD: Alexandre Nery Gerene Ferreira, Lina Maria Aché ETGC - Setor de Cursos e Transferência de Conhecimento
Lina Maria Aché
ETGD - Setor de Capacitação e Formação Continuada
© CETESB, 2018
Este material destina-se a uso exclusivo dos participantes do Curso de Pós Graduação Lato Sensu “Conformidade
Ambiental com Requisitos Técnicos e Legais”, sendo expressamente proibida a sua reprodução total ou parcial,
por quaisquer meios, sem autorização da CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
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1. CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA
1.1 INTRODUÇÃO
Estima-se que a água doce disponível seja de apenas 2,53% do total de água do planeta e
que desse valor, 68,70% correspondem às geleiras e coberturas de neve, 31,01% são as
águas subterrâneas e 0,29% correspondem às águas doces superficiais.
O Brasil ocupa localização privilegiada, possuindo aproximadamente 13% do total de
águas doces do mundo e 53% do continente sul americano, entretanto a distribuição dessa
água doce não acompanha a ocupação territorial brasileira, sendo observado que quase
75% da água doce do Brasil está na Região Amazônica, local que abriga apenas 4,5% da
população brasileira, conforme apresentado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1. Disponibilidade hídrica no Brasil.
População Vazão Vazão Disponibilidade
Região Área
Total 2010 Média Estiagem Hídrica per capita
Hidrográfica (km2)
(hab.) (m3/s) (m3/s) (1) (m3/habxano)
Amazônia (2) 3.869.953 8.584.011 131.947 73.748 484.748
Tocantins / Araguaia 921.921 8.965.523 13.624 2.550 47.922
Atlântico Nordeste
274.301 5.341.162 2.683 328 15.841
Ocidental
Parnaíba 333.056 4.005.872 763 294 6.007
Atlântico Nordeste
286.802 24.225.986 778 32 1.013
Oriental
São Francisco 638.576 14.878.952 2.850 854 6.041
Atlântico Leste 388.160 15.260.464 1.492 253 3.083
Atlântico Sudeste 214.629 28.804.126 3.179 989 3.481
Atlântico Sul 187.522 12.971.394 4.174 624 10.148
Uruguai (3)
174.533 4.387.383 4.121 391 29.621
Paraná 879.873 61.232.611 11.453 4.647 5.899
Paraguai (4)
363.446 2.098.314 2.368 785 35.589
Brasil 8.532.772 190.755.799 179.433 85.495 29.664
Assim como no Brasil, a distribuição hídrica no Estado de São Paulo não acompanha as
taxas de ocupação populacional, sendo observado que a região que abriga mais de 47% da
população possui a menor disponibilidade hídrica per capita, conforme pode ser observado
na Tabela 1.2.
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Tabela 1.2. Disponibilidade hídrica no Estado de São Paulo.
População Vazão Vazão Disponibilidade
Área
UGRHI Total 2010 Média Q95 Hídrica per capita
(km2) (1)
(hab.) (m3/s) (m3/s) (m3/habxano)
1. Mantiqueira 675 64.743 22 10 10.716,09
2. Paraíba do Sul 14.444 1.994.369 216 93 3.415,50
3. Litoral Norte 1.948 281.779 107 39 11.975,17
4. Rio Pardo 8.993 1.107.913 139 44 3.956,54
5. Piracicaba, Capivari e
14.178 5.080.199 172 65 1.067,71 (2)
Jundiaí
6. Alto Tietê 5.868 19.521.971 84 31 135,69 (2)
7. Baixada Santista 2.818 1.664.136 155 58 2.937,31
8. Sapucaí / Grande 9.125 670.526 146 46 6.866,63
9. Mogi-Guaçu 15.004 1.450.298 199 72 4.327,15
10. Tietê/Sorocaba 11.829 1.845.410 107 39 1.828,51 (2)
11. Ribeira do Iguape e
17.068 365.189 526 229 45.422,88
Litoral Sul
12. Baixo Pardo / Grande 7.249 333.045 87 31 8.238,02
13. Tietê / Jacaré 11.749 1.480.575 97 50 2.066,08
14. Alto Paranapanema 22.689 721.976 255 114 11.138,43
15. Turvo / Grande 15.925 1.233.992 121 39 3.092,29
16. Tietê / Batalha 13.149 511.841 98 40 6.038,06
17. Médio Paranapanema 16.749 665.903 155 82 7.340,53
18. São José dos Dourados 6.783 224.140 51 16 7.175,59
19. Baixo Tietê 15.588 753.465 113 36 4.729,57
20. Aguapeí 13.196 364.209 97 41 8.399,00
21. Peixe 10.769 447.838 82 38 5.774,30
22. Pontal do
12.395 478.682 92 47 6.061,04
Paranapanema
Total 248.209 41.262.199 3.120 1.259 2.384,56
Obs.:
(1) Portaria IBGE 05/2002.
(2) Disponibilidade hídrica recomendada pela ONU: 2.500 m3/habxano. Abaixo de 1.500 m3/habxano pode
ser considerado crítica
Fonte: Adaptado de DAEE, 2005; IBGE, 2010.
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Além dos usos citados, a água também é utilizada como veículo natural para recebimento e
diluição de produtos indesejáveis das atividades urbanas, para a preservação da flora e da
fauna, geração de energia, navegação, criação de espécies, recreação e lazer, etc. e sendo
assim, a manutenção de sua qualidade é primordial para a sobrevivência humana, devendo-
se observar que a qualidade requerida está diretamente relacionada ao uso pretendido.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à Qualidade
das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.
Os contaminantes da água, com exceção dos gases dissolvidos contribuem para a carga
de sólidos e por isso são analisados separadamente, podendo ser classificados por suas
características físicas (tamanho) ou químicas.
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A Figura 1.2 apresenta a classificação e distribuição dos sólidos de acordo com suas
características físicas, especificamente em função de seu tamanho.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à Qualidade
das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.
A classificação de acordo com as características químicas dos sólidos é feita pela separação
em sólidos orgânicos e inorgânicos, representados pelos sólidos voláteis e não voláteis
(fixos ou inertes) quando os sólidos são submetidos a uma temperatura elevada (550ºC).
A caracterização biológica da água é realizada a partir da identificação dos microrganismos
existentes no meio, tendo em vista a sua predominância em determinados ambientes, a
sua atuação nos processos de depuração de cargas poluidoras e a sua associação às
doenças de veiculação hídrica.
O Quadro 1.1 apresenta a relação dos principais microrganismos de interessa na Engenharia
Ambiental.
Quadro 1.1. Principais microrganismos de interesse na Engenharia Ambiental
Microrganismo Descrição
Bactérias yy Organismos unicelulares que se apresentam em várias formas e tamanhos;
yy Principais responsáveis pela conversão da matéria orgânica;
yy Algumas são patogênicas, causando principalmente doenças intestinais.
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Microrganismo Descrição
Arqueobactérias yy Similares às bactérias em tamanho e componentes celulares básicos, mas com
(archaea) diferentes parede e material celular e composição do RNA;
yy Importantes nos processos anaeróbios.
Algas yy Organismos autotróficos, fotossintetizantes, contendo clorofila;
yy Importantes na produção de oxigênio nos corpos d’água e em alguns processos
de tratamento de esgotos;
yy Em lagoas e represas podem proliferar em excesso causando deterioração da
qualidade da água.
Fungos yy Organismos predominantemente aeróbios, uni ou multicelulares, não
fotossintéticos, heterotróficos;
yy Importantes na decomposição da matéria orgânica;
yy Podem crescer em condições de baixo pH.
Protozoários yy Organismos unicelulares sem parede celular, sendo a maioria aeróbia ou
facultativa;
yy Alimentam-se de bactérias, algas e outros microrganismos;
yy São essenciais no tratamento biológico para manutenção do equilíbrio de
diversos grupos;
yy Alguns são patogênicos.
Vírus yy Organismos parasitas formados pela associação de material genético (DNA ou
RNA) e uma carapaça protéica;
yy Causam doenças e podem ser de difícil remoção no tratamento da água ou do
esgoto.
Helmintos yy Animais superiores;
yy Ovos de helmintos presentes nos esgotos podem causar doenças.
Fonte: Silva & Mara (1979), Tchobanoglous e Schroeder (1985), Mecalf & Eddy (1991), apud Von Sperling, 2005.
1.2.1.1 Temperatura
Variações de temperatura são parte do regime climático normal e os corpos de água naturais
apresentam variações sazonais e diurnas, bem como estratificação vertical. A temperatura
superficial é influenciada por fatores tais como latitude, altitude, estação do ano, período
do dia, taxa de fluxo e profundidade. A elevação da temperatura em um corpo d’água
geralmente é provocada por despejos industriais (indústrias canavieiras, por exemplo) e
usinas termoelétricas.
A temperatura desempenha um papel crucial no meio aquático, condicionando as influências
de uma série de variáveis físico-químicas. Em geral, à medida que a temperatura aumenta,
de 0 a 30°C, a viscosidade, tensão superficial, compressibilidade, calor específico, constante
de ionização e calor latente de vaporização diminuem, enquanto a condutividade térmica
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e a pressão de vapor aumentam. Organismos aquáticos possuem limites de tolerância
térmica superior e inferior, temperaturas ótimas para crescimento, temperatura preferida
em gradientes térmicos e limitações de temperatura para migração, desova e incubação
do ovo.
1.2.1.2 Cor
A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de intensidade que
a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por absorção de parte da radiação
eletromagnética), devido à presença de sólidos dissolvidos, principalmente material
em estado coloidal orgânico e inorgânico. Dentre os coloides orgânicos, podem ser
mencionados os ácidos húmico e fúlvico, substâncias naturais resultantes da decomposição
parcial de compostos orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos. Os esgotos
domésticos se caracterizam por apresentarem predominantemente matéria orgânica em
estado coloidal, além de diversos efluentes industriais, que contêm taninos (efluentes de
curtumes, por exemplo), anilinas (efluentes de indústrias têxteis, indústrias de pigmentos
etc.), lignina e celulose (efluentes de indústrias de celulose e papel, da madeira etc.).
Há também compostos inorgânicos capazes de causar cor na água. Os principais são
os óxidos de ferro e manganês, que são abundantes em diversos tipos de solo. Alguns
outros metais presentes em efluentes industriais conferem-lhes cor, mas, em geral, íons
dissolvidos pouco ou quase nada interferem na passagem da luz.
O problema maior de cor na água é, em geral, o estético, já que causa um efeito repulsivo
na população.
É importante ressaltar que a medição do parâmetros “coloração”, realizada na rede de
monitoramento, consiste basicamente na observação visual do técnico de coleta no instante
da amostragem.
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1.2.1.4 Turbidez
A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que um feixe de
luz sofre ao atravessá-la (esta redução dá-se por absorção e espalhamento, uma vez que
as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o comprimento de onda da
luz branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais como partículas inorgânicas
(areia, silte, argila) e detritos orgânicos, tais como algas e bactérias, plâncton em geral etc.
A erosão das margens dos rios em estações chuvosas, que é intensificada pelo mau uso
do solo, é um exemplo de fenômeno que resulta em aumento da turbidez das águas e que
exige manobras operacionais nas Estações de Tratamento de Águas, tais como alterações
nas dosagens de coagulantes e produtos auxiliares. Este exemplo mostra também o
caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-relações ou transferência de problemas de
um ambiente (água, ar ou solo) para outro.
Os esgotos domésticos e diversos efluentes industriais também provocam elevações na
turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em consequência das atividades
de mineração, onde os aumentos excessivos de turbidez têm provocado formação de
grandes bancos de lodo em rios e alterações no ecossistema aquático.
Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada submersa e de algas. Esse
desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a produtividade de peixes.
Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas. Além disso, afeta
adversamente os usos doméstico, industrial e recreacional de uma água.
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Isto porque as células vivas são, em última análise, compostos orgânicos e estão presentes
formando flocos em grandes quantidades relativamente à matéria orgânica “morta” nos
tanques de tratamento biológico de esgotos. Embora não representem exatamente a fração
ativa da biomassa presente, os sólidos voláteis têm sido utilizados de forma a atender as
necessidades práticas do controle de rotina de uma Estação de Tratamento de Esgotos.
Algumas frações de sólidos podem ser relacionadas, produzindo informações importantes.
É o caso da relação entre Sólidos em Suspensão Voláteis e Sólidos em Suspensão Totais
(SSV/SST), que representa o grau de mineralização de um lodo. Por exemplo, determinado
lodo biológico pode ter relação SSV/SST = 0,8 e, depois de sofrer processo de digestão
bioquímica, ter esse valor reduzido abaixo de 0,4, já que, no processo de digestão
bioquímica, a fração orgânica é oxidada, enquanto a fração inorgânica se mantém.
Para o recurso hídrico, os sólidos podem causar danos aos peixes e à vida aquática. Eles
podem sedimentar no leito dos rios destruindo organismos que fornecem alimentos ou,
também, danificar os leitos de desova de peixes. Os sólidos podem reter bactérias e resíduos
orgânicos no fundo dos rios, promovendo decomposição anaeróbia. Altos teores de sais
minerais, particularmente sulfato e cloreto, estão associados à tendência de corrosão em
sistemas de distribuição, além de conferir sabor às águas.
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Nas estações de tratamento de águas, são várias as etapas cujo controle envolve as
determinações de pH. A coagulação e a floculação que a água sofre inicialmente é um
processo unitário dependente do pH; existe uma condição denominada “pH ótimo” de
coagulação que corresponde à situação em que as partículas coloidais apresentam menor
quantidade de carga eletrostática superficial. A desinfecção pelo cloro é outro processo
dependente do pH, em meio ácido, a dissociação do ácido hipocloroso formando hipo
clorito é menor, sendo o processo mais eficiente. A própria distribuição da água final é
afetada pelo pH. Sabe-se que as águas ácidas são corrosivas, ao passo que as alcalinas
são incrustantes, por isso, o pH da água final deve ser controlado, para que os carbonatos
presentes sejam equilibrados e não ocorra nenhum dos dois efeitos indesejados. O pH é
padrão de potabilidade, devendo as águas para abastecimento público apresentar valores
entre 6,0 a 9,5, de acordo com a Portaria nº 2.914 de 12/12/2011 do Ministério da Saúde.
Outros processos físico-químicos de tratamento, como o abrandamento pela cal, são
dependentes do pH.
No tratamento físico-químico de efluentes industriais muitos são os exemplos de reações
dependentes do pH: a precipitação química de metais tóxicos ocorre em pH elevado, a
oxidação química de cianeto ocorre em pH elevado, a redução do cromo hexavalente à
forma trivalente ocorre em pH baixo; a oxidação química de fenóis em pH baixo; a quebra
de emulsões oleosas mediante acidificação; o arraste de amônia convertida à forma gasosa
dá-se mediante elevação de pH etc. Desta forma, o pH é um parâmetro importante no
controle dos processos físico-químicos de tratamento de efluentes industriais. Constitui-se
também em padrão de emissão de esgotos e de efluentes líquidos industriais, tanto pela
legislação federal quanto pela estadual. Na legislação do Estado de São Paulo, estabelece-
se faixa de pH entre 5 e 9 para o lançamento direto nos corpos receptores (artigo 18 do
Decreto 8.468/76) e entre 6 e 10 para o lançamento na rede pública seguida de estação de
tratamento de esgotos (artigo 19-A).
1.2.2.2 Acidez
Acidez de uma amostra de água é a medida da sua capacidade de reagir quantitativamente
com uma base forte, de resistir às mudanças de pH causadas pelas bases, até um valor
designado de pH, devido à presença de ácidos fortes (ácidos minerais como H2SO4, HNO3,
HCl, etc.), ácidos fracos (ácidos orgânicos, como o ácido acético, e inorgânicos, como o
ácido carbônico, formado pela dissolução de gás carbônico na água) e sais (sulfato de
alumínio, cloreto férrico, cloreto de amônio, etc.).
Uma fonte habitual de acidez nas águas naturais decorre da presença do gás carbônico
dissolvido (CO2 livre) proveniente da atmosfera, da qual resulta a formação de ácido
carbônico (H2CO3), e da decomposição biológica da matéria orgânica.
A chamada acidez carbônica prevalece em águas com pH entre 4,5 e 8,2. Outras fontes de
acidez em águas naturais devem-se:
yy Ao excesso de ácidos orgânicos voláteis produzidos pela decomposição biológica
anaeróbia incompleta da matéria orgânica;
yy Ao consumo de alcalinidade e consequente redução do pH durante a nitrificação;
yy À geração de ácidos minerais como o ácido sulfúrico (H2SO4), devido à oxidação
de sulfetos presentes em diversos efluentes industriais, como os de metalúrgicas e
siderúrgicas, e em redes de esgotos sanitários;
17
yy À hidrólise de sais de alguns metais utilizados na etapa de coagulação em ETA’s para
abastecimento público, como sulfato de alumínio e cloreto férrico, elevando a acidez
mineral.
Apesar de sua importância no controle de processos anaeróbios de tratamento de efluentes
(quantificação da concentração de ácidos orgânicos voláteis em reatores anaeróbios) e no
consumo de cal no processo “cal e soda” para abrandamento da água, não há praticamente
nenhuma relação do gás carbônico com a qualidade da água, sob o ponto de vista da
saúde pública. A acidez não é considerada como parâmetro nem de potabilidade, nem de
classificação das águas naturais ou de emissão de efluentes em corpos d’águas naturais,
sendo seu efeito controlado legalmente pelo valor do pH. A principal importância do controle
da acidez das águas refere-se ao sabor azedo e à corrosão passível de ser provocada por
ácidos minerais presentes em efluentes industriais e pelo gás carbônico comum em águas
naturais.
1.2.2.3 Alcalinidade
Alcalinidade de uma amostra de água pode ser definida como sua capacidade de reagir
quantitativamente com um ácido forte até um valor definido de pH.
Os principais componentes da alcalinidade são os sais do ácido carbônico, ou seja,
bicarbonatos e carbonatos, e os hidróxidos. Outros sais de ácidos fracos inorgânicos,
como boratos, silicatos, fosfatos, ou de ácidos orgânicos, como sais de ácido húmico,
ácido acético etc., também conferem alcalinidade às águas, mas seus efeitos normalmente
são desconsiderados por serem pouco representativos. Além disto, esta particularização
permite o cálculo dos três componentes da alcalinidade, individualmente.
Os bicarbonatos e, em menor extensão, os carbonatos, que são menos solúveis, dissolvem-
se na água devido à sua passagem pelo solo. Se este solo for rico em calcáreo, o gás
carbônico da água o solubiliza, transformando-o em bicarbonato, conforme a reação:
CO2 + CaCO3 + H2O ↔ Ca (HCO3)2
Os carbonatos e hidróxidos podem aparecer em águas onde ocorrem florações de algas
(águas eutrofizadas), sendo que em período de intensa insolação o saldo da fotossíntese
em relação à respiração é grande e a retirada de gás carbônico provoca elevação de
pH para valores que chegam a atingir 10 unidades. A principal fonte de alcalinidade de
hidróxidos em águas naturais decorre da descarga de efluentes de indústrias, onde se
empregam bases fortes como soda cáustica e cal hidratada. Em águas tratadas, pode-se
registrar a presença de alcalinidade de hidróxidos em águas abrandadas pela cal.
1.2.2.4 Dureza
Dureza de uma água é a medida da sua capacidade de precipitar sabão, isto é, nas
águas que a possuem os sabões transformam-se em complexos insolúveis, não formando
espuma até que o processo se esgote. É causada pela presença de cálcio e magnésio,
principalmente, além de outros cátions como ferro, manganês, estrôncio, zinco, alumínio,
hidrogênio, etc., associados a ânions carbonato (mais propriamente bicarbonato, que
é mais solúvel) e sulfato, principalmente, além de outros ânions como nitrato, silicato e
cloreto. São quatro os principais compostos que conferem dureza às águas: bicarbonato de
cálcio, bicarbonato de magnésio, sulfato de cálcio e sulfato de magnésio.
18
A principal fonte de dureza nas águas é a sua passagem pelo solo (dissolução da rocha
calcárea pelo gás carbônico da água), conforme as reações:
H2CO3 + CaCO3 → Ca (HCO3)2
H2CO3 + MgCO3 → Mg (HCO3)2
Desta forma, é muito mais frequente encontrar-se águas subterrâneas com dureza elevada
do que as águas superficiais. O mapa geológico do território brasileiro permite a observação
de regiões que apresentam solos com características de dureza como no nordeste, centro-
oeste e sudeste, mas o problema é muito mais grave nos Estados Unidos e Europa onde
muitas regiões estão sujeitas a graus bastante elevados de dureza nas águas devido à
composição do solo.
19
Nas lagoas de estabilização fotossintéticas, usadas para o tratamento de esgotos, recorre-
se à fotossíntese como fonte natural de oxigênio para a decomposição da matéria orgânica
pelos microrganismos heterotróficos que, por sua vez, produzem gás carbônico, matéria-
prima para o processo fotossintético. Esta simbiose pode ser representada pelo esquema
da Figura 1.3.
Fonte: CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Superficiais do Estado de São Paulo 2015. São Paulo. 2016
20
No campo do tratamento de esgotos, a DBO é um parâmetro importante no controle das
eficiências das estações, tanto de tratamentos biológicos aeróbios e anaeróbios, bem
como físico-químicos (embora de fato ocorra demanda de oxigênio apenas nos processos
aeróbios, a demanda “potencial” pode ser medida à entrada e à saída de qualquer tipo de
tratamento). Na legislação do Estado de São Paulo, no Decreto Estadual n.º 8.468/76 (SÃO
PAULO, 1976), a DBO de cinco dias é padrão de emissão de esgotos lançados diretamente
nos corpos d’água, sendo exigidos uma DBO máxima de 60 mg/L O2 ou uma eficiência
global mínima do processo de tratamento igual a 80%. Este último critério favorece os
efluentes industriais concentrados, que podem ser lançados com valores de DBO ainda
altos, mesmo com remoção acima de 80%.
A carga de DBO expressa em kg/dia é um parâmetro fundamental no projeto das estações
de tratamento biológico de esgotos. Dela resultam as principais características do sistema
de tratamento, como áreas e volumes de tanques, potências de aeradores, etc. A carga
de DBO é produto da vazão do efluente pela concentração de DBO. Por exemplo, em
uma indústria já existente, em que se pretenda instalar um sistema de tratamento, pode-se
estabelecer um programa de medições de vazão e de análises de DBO para a obtenção
da carga. O mesmo pode ser feito em um sistema de esgotos sanitários já implantado. Na
impossibilidade, costuma-se recorrer a valores unitários estimativos. No caso de esgotos
sanitários, é tradicional no Brasil a adoção de uma contribuição “per capita” de DBO5,20 de
54 g.hab-1.dia-1. Porém, há a necessidade de melhor definição deste parâmetro através de
determinações de cargas de DBO5,20 em bacias de esgotamento com população conhecida.
No caso dos efluentes industriais, também se costuma estabelecer contribuições unitárias
de DBO5,20 em função de unidades de massa ou de volume de produto processado.
21
verificar o atendimento à legislação, uma vez que tanto a legislação federal quanto a do
Estado de São Paulo não incluem a DQO. Parece que os sólidos carreados dos reatores
anaeróbios devido à ascensão das bolhas de gás produzidas ou devido ao escoamento,
trazem maiores desvios nos resultados de DBO do que nos de DQO.
Outro uso importante que se faz da DQO é para a previsão das diluições das amostras na
análise de DBO. Como o valor da DQO é superior e o resultado pode ser obtido no mesmo
dia da coleta, essa variável poderá ser utilizado para balizar as diluições. No entanto, deve-
se observar que a relação DQO/DBO5,20 é diferente para os diversos efluentes e que, para
um mesmo efluente, a relação altera-se mediante tratamento, especialmente o biológico.
Desta forma, um efluente bruto que apresente relação DQO/DBO5,20 igual a 3/1, poderá,
por exemplo, apresentar relação da ordem de 10/1 após tratamento biológico, que atua em
maior extensão sobre a DBO5,20.
22
da poluição orgânica por meio da relação entre as formas de nitrogênio. Nas zonas de
autodepuração natural em rios, distinguem-se as presenças de nitrogênio orgânico na zona
de degradação, amoniacal na zona de decomposição ativa, nitrito na zona de recuperação
e nitrato na zona de águas limpas. Ou seja, se for coletada uma amostra de água de um rio
poluído e as análises demonstrarem predominância das formas reduzidas significa que o
foco de poluição se encontra próximo; se prevalecerem o nitrito e o nitrato, denota que as
descargas de esgotos se encontram distantes.
Os compostos de nitrogênio são nutrientes para processos biológicos e são caracterizados
como macronutrientes, pois, depois do carbono, o nitrogênio é o elemento exigido em maior
quantidade pelas células vivas. Quando descarregados nas águas naturais, conjuntamente
com o fósforo e outros nutrientes presentes nos despejos, provocam o enriquecimento do
meio, tornando-o eutrofizado. A eutrofização pode possibilitar o crescimento mais intenso de
seres vivos que utilizam nutrientes, especialmente as algas. Estas grandes concentrações
de algas podem trazer prejuízos aos múltiplos usos dessas águas, prejudicando seriamente
o abastecimento público ou causando poluição decorrente da morte e decomposição
desses organismos. O controle da eutrofização, através da redução do aporte de nitrogênio
é comprometido pela multiplicidade de fontes, algumas muito difíceis de serem controladas
como a fixação do nitrogênio atmosférico, por parte de alguns gêneros de algas, por isso,
nesse caso, deve-se investir preferencialmente no controle das fontes de fósforo.
Deve-se lembrar também que os processos de tratamento de esgotos empregados
atualmente no Brasil não contemplam a remoção de nutrientes e os efluentes finais tratados
lançam elevadas concentrações destes nos corpos d´água.
Nos reatores biológicos das estações de tratamento de esgotos, o carbono, o nitrogênio
e o fósforo têm que se apresentar em proporções adequadas para possibilitar o
crescimento celular sem limitações nutricionais. Com base na composição das células
dos microrganismos que formam parte dos tratamentos, costuma-se exigir uma relação
DBO5,20:N:P mínima de 100:5:1 em processos aeróbios e uma relação DQO:N:P de pelo
menos 350:7:1 em reatores anaeróbios. Deve ser notado que estas exigências nutricionais
podem variar de um sistema para outro, principalmente em função do tipo de substrato. Os
esgotos sanitários são bastante diversificados em compostos orgânicos; já alguns efluentes
industriais possuem composição bem mais restrita, com efeitos sobre o ecossistema a
ser formado nos reatores biológicos para o tratamento e sobre a relação C/N/P. No
tratamento de esgotos sanitários, estes nutrientes encontram-se em excesso, não havendo
necessidade de adicioná-los artificialmente, ao contrário, o problema está em removê-
los. Alguns efluentes industriais, como é o caso das indústrias de papel e celulose, são
compostos basicamente de carboidratos, não possuindo praticamente nitrogênio e fósforo,
sendo necessária a adição desses nutrientes para possibilitar a realização do tratamento
biológico, de forma a perfazer as relações recomendadas, utilizando-se para isto uréia
granulada, rica em nitrogênio e fosfato de amônia que possui nitrogênio e fósforo, dentre
outros produtos comerciais.
Pela legislação federal em vigor, o nitrogênio amoniacal é padrão de classificação das
águas naturais e padrão de emissão de efluentes. A amônia é um tóxico bastante restritivo à
vida dos peixes, sendo que muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L.
Além disso, como visto anteriormente, a amônia provoca consumo de oxigênio dissolvido
das águas naturais ao ser oxidada biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio.
Por estes motivos, a concentração de nitrogênio amoniacal é um importante parâmetro de
classificação das águas naturais e é normalmente utilizado na constituição de índices de
qualidade das águas.
23
Os nitratos são tóxicos, causando a doença chamada metahemoglobinemia infantil que, é
letal para crianças (o nitrato reduz-se a nitrito na corrente sanguínea, competindo com o
oxigênio livre, tornando o sangue azul). Por isso, o nitrato é padrão de potabilidade, sendo
10 mg/L o valor máximo permitido pela Portaria 2914/11 do Ministério da Saúde.
1.2.2.10 Fósforo
O fósforo aparece em águas naturais devido, principalmente, às descargas de esgotos
sanitários. A matéria orgânica fecal e os detergentes em pó empregados em larga
escala domesticamente constituem a principal fonte. Alguns efluentes industriais, como
os de indústrias de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, conservas alimentícias,
abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam fósforo em quantidades excessivas.
As águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas também podem provocar a presença
excessiva de fósforo em águas naturais.
O fósforo pode se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os fosfatos orgânicos
são a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas, como a de um detergente, por
exemplo. Os ortofosfatos são representados pelos radicais, que se combinam com cátions
formando sais inorgânicos nas águas e os polifosfatos, ou fosfatos condensados, polímeros
de ortofosfatos. Esta terceira forma não é muito importante nos estudos de controle de
qualidade das águas, porque sofre hidrólise, convertendo-se rapidamente em ortofosfatos
nas águas naturais. Os ortofosfatos são biodisponíveis e uma vez assimilados, são
convertidos em fosfato orgânico e em fosfatos condensados. Após a morte de um organismo,
os fosfatos condensados são liberados na água; entretanto, não estão disponíveis para
absorção biológica até que sejam hidrolisados por bactérias para ortofosfatos.
Assim como o nitrogênio, o fósforo constitui-se em um dos principais nutrientes para
os processos biológicos, ou seja, é um dos chamados macronutrientes, por ser exigido
também em grandes quantidades pelas células. Nesta qualidade, torna-se parâmetro
imprescindível em programas de caracterização de efluentes industriais que se pretende
tratar por processo biológico. Em processos aeróbios, como informado anteriormente, exige-
se uma relação DBO5:N:P mínima de 100:5:1, enquanto que em processos anaeróbios
tem-se exigido a relação DQO:N:P mínima de 350:7:1. Os esgotos sanitários no Brasil
apresentam, tipicamente, concentração de fósforo total na faixa de 6 a 10 mg P/L, não
exercendo efeito limitante sobre os tratamento biológicos. Alguns efluentes industriais,
porém, não possuem fósforo em suas composições, ou apresentam concentrações muito
baixas. Neste caso, devem ser adicionados artificialmente compostos contendo fósforo
como o monoamônio-fosfato (MAP) que, por ser usado em larga escala como fertilizante,
apresenta custo relativamente baixo. Ainda por ser nutriente para processos biológicos, o
excesso de fósforo em esgotos sanitários e efluentes industriais conduz a processos de
eutrofização das águas naturais.
24
n-hexano, compreendem ácidos graxos, gorduras animais, sabões, graxas, óleos vegetais,
ceras, óleos minerais etc. Este parâmetro costuma ser identificado também por MSH –
material solúvel em hexano.
Os despejos de origem industrial são os que mais contribuem para o aumento de matérias
graxas nos corpos d’água, entre eles os de refinarias, frigoríficos, saboarias etc. A pequena
solubilidade dos óleos e graxas constitui um fator negativo no que se refere à sua degradação
em unidades de tratamento de despejos por processos biológicos e causam problemas
no tratamento da água quando presentes em mananciais utilizados para abastecimento
público. A presença de material graxo nos corpos hídricos, além de acarretar problemas de
origem estética, diminui a área de contato entre a superfície da água e o ar atmosférico,
impedindo, dessa maneira, a transferência do oxigênio da atmosfera para a água.
Em seu processo de decomposição, os óleos e graxas reduzem o oxigênio dissolvido,
devido à elevação da DBO5,20 e da DQO, causando prejuízos ao ecossistema aquático. Na
legislação brasileira a recomendação é de que os óleos e as graxas sejam virtualmente
ausentes para os corpos d´água de classes 1, 2 e 3.
1.2.2.12 Surfactantes
Analiticamente, isto é, de acordo com a metodologia analítica recomendada, detergentes
ou surfactantes são definidos como compostos que reagem com o azul de metileno em
certas condições especificadas. Estes compostos são designados “substâncias ativas ao
azul de metileno” e suas concentrações são relativas ao sulfonato de alquil benzeno de
cadeia linear (LAS) que é utilizado como padrão na análise.
Os esgotos sanitários possuem de 3 a 6 mg/L de detergentes. As indústrias de detergentes
descarregam efluentes líquidos com cerca de 2.000 mg/L do princípio ativo. Outras
indústrias, incluindo as que processam peças metálicas, empregam detergentes especiais
com a função de desengraxante.
As descargas indiscriminadas de detergentes nas águas naturais levam a prejuízos de
ordem estética provocados pela formação de espumas.
Um dos casos mais críticos de formação de espumas ocorre no Município de Pirapora
do Bom Jesus, no Estado de São Paulo. Localizado às margens do Rio Tietê, a jusante
da Região Metropolitana de São Paulo, recebe seus esgotos, em grande parte, sem
tratamento. A existência de corredeiras leva ao desprendimento de espumas que formam
continuamente camadas de pelo menos 50 cm sobre o leito do rio. Sob a ação dos ventos,
a espuma espalha-se sobre a cidade, contaminada biologicamernte e impregnando-se na
superfície do solo e dos materiais, tornando-os oleosos.
Além disso, os detergentes podem exercer efeitos tóxicos sobre os ecossistemas aquáticos.
Os testes de toxicidade com organismos aquáticos têm sido aprimorados e há certa
tendência a serem mais utilizados nos programas de controle de poluição.
Os detergentes têm sido responsabilizados também pela aceleração da eutrofização. Além
da maioria dos detergentes comerciais empregados possuir fósforo em suas formulações,
sabe-se que exercem efeito tóxico sobre o zooplâncton, predador natural das algas.
1.2.2.13 Sulfatos
O sulfato é um dos íons mais abundantes na natureza. Em águas naturais, a fonte de
sulfato ocorre através da dissolução de solos e rochas e pela oxidação de sulfeto.
25
As principais fontes antrópicas de sulfato nas águas superficiais são as descargas de
esgotos domésticos e efluentes industriais. Nas águas tratadas, é proveniente do uso de
coagulantes.
É importante o controle do sulfato na água tratada, pois a sua ingestão provoca efeito
laxativo. Já no abastecimento industrial, o sulfato pode provocar incrustações nas caldeiras
e trocadores de calor. Na rede de esgoto, em trechos de baixa declividade onde ocorre
o depósito da matéria orgânica, o sulfato pode ser transformado em sulfeto, ocorrendo a
exalação do gás sulfídrico, que resulta em problemas de corrosão em coletores de esgoto
de concreto e odor, além de ser tóxico.
1.2.2.14 Cloretos
O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas, oriundo da percolação da
água através de solos e rochas. Nas águas superficiais, são fontes importantes de cloreto
as descargas de esgotos sanitários, sendo que cada pessoa expele através da urina cerca
4 g de cloreto por dia, que representam cerca de 90 a 95% dos excretos humanos. O
restante é expelido pelas fezes e pelo suor (WHO, 2014). Tais quantias fazem com que os
esgotos apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam 15 mg/L.
Diversos são os efluentes industriais que apresentam concentrações de cloreto elevadas
como os da indústria do petróleo, algumas indústrias farmacêuticas, curtumes etc. Nas
regiões costeiras, através da chamada intrusão da cunha salina, são encontradas águas
com níveis altos de cloreto. Nas águas tratadas, a adição de cloro puro ou em solução leva
a uma elevação do nível de cloreto, resultante das reações de dissociação do cloro na
água.
O cloreto não apresenta toxicidade ao ser humano, exceto no caso da deficiência no
metabolismo de cloreto de sódio, por exemplo, na insuficiência cardíaca congestiva.
A concentração de cloreto em águas de abastecimento público constitui um padrão de
aceitação, já que provoca sabor “salgado” na água. Concentrações acima de 250 mg/L
causam sabor detectável na água, mas o limite depende dos cátions associados. Os
consumidores podem, no entanto, habituarem-se a uma concentração de 250 mg/L, como
é o caso de determinadas populações árabes adaptadas ao uso de água contendo 2.000
mg/L de cloreto. No caso do cloreto de cálcio, o sabor só é perceptível em concentrações
acima de 1.000 mg/L. A Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde estabelece o valor
máximo de 250 mg/L de cloreto na água potável como padrão de aceitação de consumo.
Da mesma forma que o sulfato, sabe-se que o cloreto também interfere no tratamento
anaeróbio de efluentes industriais, constituindo-se igualmente em interessante campo de
investigação científica. O cloreto provoca corrosão em estruturas hidráulicas, como, por
exemplo, em emissários submarinos para a disposição oceânica de esgotos sanitários,
que por isso têm sido construídos com polietileno de alta densidade (PEAD). Interfere na
determinação da DQO e, embora esta interferência seja atenuada pela adição de sulfato
de mercúrio, as análises de DQO da água do mar não apresentam resultados confiáveis.
Interfere também na determinação de nitratos.
Também era utilizado como indicadores da contaminação por esgotos sanitários, podendo-
se associar a elevação do nível de cloreto em um rio com o lançamento de esgotos sanitários.
Hoje, porém, o teste de coliformes termotolerantes é mais preciso para esta função. O
cloreto apresenta também influência nas características dos ecossistemas aquáticos
naturais, por provocarem alterações na pressão osmótica em células de microrganismos.
26
1.2.2.15 Ferro
O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do minério
pelo gás carbônico da água, conforme a reação:
Fe + CO2 + ½ O2 → FeCO3
O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente encontrado em águas de poços contendo
elevados níveis de concentração de ferro. Nas águas superficiais, o nível de ferro aumenta
nas estações chuvosas devido ao carreamento de solos e a ocorrência de processos de
erosão das margens. Também poderá ser importante a contribuição devida a efluentes
industriais, pois muitas indústrias metalúrgicas desenvolvem atividades de remoção
da camada oxidada (ferrugem) das peças antes de seu uso, processo conhecido por
decapagem, que normalmente é procedida através da passagem da peça em banho ácido.
Nas águas tratadas para abastecimento público, o emprego de coagulantes a base de ferro
provoca elevação em seu teor.
O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos problemas para o
abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água, provocando manchas em
roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do desenvolvimento de depósitos em
canalizações e de ferro-bactérias, provocando a contaminação biológica da água na própria
rede de distribuição. Por estes motivos, o ferro constitui-se em padrão de potabilidade, tendo
sido estabelecida a concentração limite de 0,3 mg/L na Portaria nº 2914/11 do Ministério da
Saúde. É também padrão de emissão de esgotos e de classificação das águas naturais. No
Estado de São Paulo estabelece-se o limite de 15 mg/L para concentração de ferro solúvel
em efluentes descarregados na rede coletora de esgotos seguidas de tratamento (Decreto
nº 8.468/76).
No tratamento de águas para abastecimento público, deve-se destacar a influência
da presença de ferro na etapa de coagulação e floculação. As águas que contêm ferro
caracterizam-se por apresentar cor elevada e turbidez baixa. Os flocos formados geralmente
são pequenos, ditos “pontuais”, com velocidades de sedimentação muito baixa. Em muitas
estações de tratamento de água, este problema só é resolvido mediante a aplicação de
cloro, denominada de pré-cloração. Através da oxidação do ferro pelo cloro, os flocos
tornam-se maiores e a estação passa a apresentar um funcionamento aceitável. No entanto,
é conceito clássico que, por outro lado, a pré-cloração de águas deve ser evitada, pois em
caso da existência de certos compostos orgânicos chamados precursores, o cloro reage
com eles formando trihalometanos, associados ao desenvolvimento do câncer.
1.2.2.16 Manganês
O manganês e seus compostos são usados na indústria do aço, ligas metálicas, baterias,
vidros, oxidantes para limpeza, fertilizantes, vernizes, suplementos veterinários, entre outros
usos. Ocorre naturalmente na água superficial e subterrânea, no entanto, as atividades
antropogênicas são também responsáveis pela contaminação da água. Raramente atinge
concentrações de 1,0 mg/L em águas superficiais naturais e, normalmente, está presente
em quantidades de 0,2 mg/L ou menos. Desenvolve coloração negra na água, podendo
se apresentar nos estados de oxidação Mn+2 (mais solúvel) e Mn+4 (menos solúvel).
Concentração menor que 0,05 mg/L geralmente é aceita por consumidores, devido ao fato
de não ocorrerem, nesta faixa de concentração, manchas negras ou depósitos de seu óxido
nos sistemas de abastecimento de água. É muito usado na indústria do aço. O manganês
é um elemento essencial para muitos organismos, incluindo o ser humano. A principal
exposição humana ao manganês é por consumo de alimentos. O padrão de aceitação
27
da Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde para consumo humano do manganês é 0,1
mg/L.
1.2.2.17 Fenóis
Os fenóis e seus derivados aparecem nas águas naturais através das descargas de
efluentes de indústrias, como as de processamento da borracha, colas e adesivos, resinas
impregnantes, componentes elétricos (plásticos) e as siderúrgicas, entre outras.
Os fenóis são tóxicos ao homem, aos organismos aquáticos e aos microrganismos que
tomam parte dos sistemas de tratamento de efluentes. Em sistemas de lodos ativados,
concentrações de fenóis na faixa de 50 a 200 mg/L trazem inibição da atividade microbiana,
sendo que 40 mg/L são suficientes para a inibição da nitrificação. Na digestão anaeróbia,
100 a 200 mg/L de fenóis também provocam inibição. Estudos recentes têm demonstrado
que, em processo de aclimatação, concentrações de fenol superiores a 1000 mg/L podem
ser admitidas em sistemas de lodos ativados.
No Estado de São Paulo, existem muitas indústrias contendo efluentes fenólicos ligados à
rede pública de coleta de esgotos. Para isso, devem sofrer tratamento na própria unidade
industrial de modo a reduzir o índice de fenóis para abaixo de 5,0 mg/L que é o padrão de
emissão para lançamento em rede coletora (Artigo 19-A do Decreto Estadual n.º 8.468/76).
O índice de fenóis constitui também padrão de emissão de esgotos diretamente no corpo
receptor, sendo estipulado o limite de 0,5 mg/L tanto pela legislação do Estado de São
Paulo (Artigo 18 do Decreto Estadual n.º 8.468/76) quanto pela Legislação Federal (Artigo
16 da Resolução n.º 430/11 do CONAMA).
Nas águas naturais, os padrões para os compostos fenólicos são bastante restritivos, tanto
na legislação federal quanto na do Estado de São Paulo. Nas águas tratadas, os fenóis
reagem com o cloro livre formando os clorofenóis que produzem sabor e odor na água.
1.2.2.18 Metais
Do ponto de vista ambiental, metais tóxicos são micropoluentes químicos inorgânicos que
podem ser solúveis em água e que, em determinadas concentrações e tempo de exposição,
oferecem risco à saúde humana e ao ambiente, prejudicando as atividades de organismos
vivos, inclusive daqueles responsáveis pelo tratamento biológico de esgotos. Também
podem ser definidos por sua singular propriedade de serem precipitados por sulfetos.
Desta forma, podem inviabilizar os sistemas públicos de água, uma vez que as estações
de tratamento convencionais não os removem eficientemente e os tratamentos especiais
necessários são muito caros. Dentre os elementos químicos de maior relevância estão o
cádmio, chumbo, mercúrio, níquel, zinco, cromo, arsênio, alumínio, bário, prata e selênio,
entre outros.
Devido aos prejuízos que, na qualidade de tóxicos, podem causar aos ecossistemas
aquáticos naturais ou sistemas de tratamento biológico de esgotos, os metais são
considerados como parâmetro de potabilidade da água para consumo humano estabelecido
na Portaria nº 2.914/11 e como parâmetro de qualidade das águas naturais e de emissão
de efluentes em corpos d’água naturais, definidos tanto na legislação federal quanto na
legislação do Estado de São Paulo.
Nos ambientes aquáticos naturais, as concentrações de metais são normalmente pequenas,
sendo que vários metais, como o zinco, magnésio, cobalto e ferro, em baixas concentrações
são essenciais para o crescimento de organismos vivos (micronutrientes). Já a presença do
chumbo, do mercúrio e do cádmio, que não existem naturalmente em nenhum organismo
28
e não têm função nutricional ou bioquímica em microrganismos, plantas e animais, são
prejudiciais em qualquer concentração.
As fontes de metais em águas naturais estão normalmente relacionadas à disposição de
lodos e ao lançamento de efluentes industriais, especialmente as de extração de metais, de
tintas e pigmentos, galvanoplastias, químicas, farmacêuticas, de couros, peles e produtos
similares, do ferro e do aço, de petróleo e lavanderias.
Nas águas naturais, os metais podem se apresentar na forma de íons hidratados de
complexos estáveis (como os formados com ácido húmico e fúlvico) e de partículas
inorgânicas formando precipitados (como os precipitados de hidróxidos e sulfetos metálicos).
Podem ser absorvidos em partículas em suspensão que se mantêm na massa líquida ou se
misturam nos sedimentos do fundo e também serem incorporados por organismos vivos.
As águas que recebem efluentes contendo metais pesados apresentam concentrações
elevadas destes no sedimento de fundo. Quando lamas insolúveis contendo metais são
lançadas em grandes quantidades, estes podem sofrer transformações químicas inclusive
sob a ação biológica, sendo lançados lentamente na corrente líquida.
29
1.2.3.3 Giardia spp. e Cryptosporidium spp.
Cryptosporidium spp. e Giardia spp. são protozoários parasitas e se destacam dentre
os contaminantes associados à veiculação hídrica, tendo sido reportados mundialmente
325 surtos epidêmicos relacionados a esses organismos (FRANCO et al., 2012). Estudo
conduzido por BALDURSSON & KARANIS (2011) sobre a distribuição global de surtos de
veiculação hídrica causados por protozoários no período de 2004 a 2010 demonstrou que
o Cryptosporidium spp. estava associado com 60,3% dos surtos e Giardia duodenalis com
35,2 %. Esses protozoários podem persistir por longo tempo no ambiente e são resistentes
a processos convencionais de tratamento, sendo portanto, importante o seu monitoramento.
A maior parte dos casos de diarréia não-bacteriana na América do Norte é causada pela
Giardia, estimando-se em 2% da população americana a incidência de infecção, com
prevalência mais elevada em crianças. O Cryptosporidium causa gastroenterite de remissão
espontânea em adultos sadios, mas extremamente grave em grupos mais vulneráveis, tais
como crianças, idosos e imunodeprimidos (HACHICH et al., 2000).
A Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde estabelece no seu artigo 31 que os mananciais
utilizados para abastecimento público nos quais a média geométrica das concentrações da
bactéria indicadora de contaminação fecal Escherichia coli, tenham apresentado valores
superiores a 1.000 NMP ou 10.000 UFC/100mL sejam avaliados quanto às concentrações
de Giardia spp. e Cryptosporidium spp. A referida Portaria recomenda ainda, nos mananciais
onde as médias aritméticas das densidades de Cryptosporidium spp. analisadas em 24
amostras ultrapassarem 3,0 oocistos/L, a obtenção de efluente em filtração rápida com valor
de turbidez menor ou igual a 0,3 μT em 95% das amostras mensais ou uso de processo de
desinfecção que comprovadamente alcance a mesma eficiência de remoção de oocistos
de Cryptosporidium spp.
A CETESB monitora a qualidade das águas superficiais doces no Estado de São Paulo
desde 1974, com objetivo de avaliar a sua conformidade com a legislação ambiental e
evolução temporal de sua qualidade, além de identificar áreas prioritárias para controle de
poluição das águas e subsidiar o diagnóstico e controle da qualidade das águas utilizadas
para abastecimento público, a execução dos Planos de Bacias e Relatórios de Situação
dos Recursos Hídricos e a implementação da Política Nacional de Saneamento (Lei nº
11.445/2007).
O monitoramento é constituído por três redes de amostragem manual e uma rede automática,
conforme apresentado na Tabela 1.3.
Tabela 1.3. Redes de monitoramento de água doce - 2017
Início de
Monitoramento Objetivos Pontos Frequência Variáveis
Operação
Rede Básica Fornecer um diagnóstico 1974 461 Bimestral Físicas,
geral dos recursos hídricos Químicas e
no Estado de São Paulo. Biológicas
Rede de Complementar o 2002 26 Anual Físicas,
Sedimento diagnóstico da coluna Químicas e
d’água. Biológicas
30
Início de
Monitoramento Objetivos Pontos Frequência Variáveis
Operação
Balneabilidade Informar as condições da 1994 35 Semanal / Biológicas
de Rio e água para recreação de Mensal
Reservatórios contato primário / banho à
população.
Monitoramento Controle de fontes 1998 12 Horária Físicas
Automático poluidoras domésticas Químicas
e industriais, bem como
controle da qualidade
da água destinada ao
abastecimento público.
Fonte: CETESB. Relatório de Qualidade das Águas Superficiais do Estado de São Paulo - 2017. São Paulo. 2018.
yy IAP – Índice de Qualidade das Águas para fins de Abastecimento Público: além das
variáveis consideradas no IQA, são avaliadas substâncias tóxicas e as variáveis que
afetam a qualidade organoléptica da água.
Parâmetros utilizados: Temperatura, pH, OD, DBO, E. coli, Nitrogênio Total, Fósforo
Total, Sólidos Totais, Turbidez, Ferro, Manganês, Alumínio, Cobre, Zinco, Potencial
de Formação de Trihalometanos, Número de Células de Cianobactérias (Ambiente
Lêntico), Cádmio, Chumbo, Cromo Total, Mercúrio e Níquel.
yy IVA – Índice de Qualidade das Águas para Proteção da Vida Aquática: considera
variáveis essenciais para os organismos aquáticos além de substâncias tóxicas e grau
de trofia.
Parâmetros utilizados: OD, pH, Ensaio Ecotoxicológico com Ceriodaphnia dubia,
Cobre, Zinco, Chumbo, Cromo, Mercúrio, Níquel, Cádmio, Surfactantes, Clorofila a e
Fósforo Total.
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Caracterização de Fontes Poluidoras
Aula 2
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2. CARACTERIZAÇÃO DE FONTES POLUIDORAS
A quantidade de água que está disponível para consumo humano, é finita e crítica
principalmente nos regiões de grandes concentrações humanas, conforme apresentado no
Capítulo 1. Assim, é importante a conscientização quanto a preservação da qualidade dos
corpos d’águas disponíveis assim como promover o uso racional no consumo e utilização
das águas.
A poluição das águas pode ocorrer de forma pontual ou difusa. A pontual é aquela cujas
fontes são passives de serem identificadas, tais como unidades habitacionais, indústrias,
etc.
Fontes difusas são contribuições que ocorrem de forma indireta, normalmente via drenagem
de águas pluviais que transportam substâncias poluentes presentes nas superfícies
decorrentes das atividades humanas, tanto urbana como agropastoris.
No contexto atual de ocupação urbana, somente com o controle de fonte de poluição direta,
dificilmente ocorrerá a recuperação plena da qualidade das águas dos corpos d’água,
principalmente no Estado de São Paulo, considerando a existência de represamentos de
cursos d’água para fins de geração de energia elétrica e sendo assim, futuramente haverá
necessidade de se prever o tratamento mínimo das águas drenadas das precipitações
iniciais de chuva.
A caracterização de fontes poluidoras é realizada através da avaliação qualitativa e
quantitativa dos efluentes líquidos gerados pelas indústrias, estações de tratamento de
esgotos, aterros sanitários ou plantas de incineração de resíduos, de maneira a possibilitar
a avaliação do possível impacto do lançamento no corpo receptor bem como o atendimento
a legislação ambiental, no que diz respeito aos padrões de emissão e de qualidade do
corpo receptor.
A avaliação dos efluentes líquidos é realizada através de campanha de amostragem
representativa cuja confiabilidade depende da seleção criteriosa dos parâmetros de análise,
locais de coleta das amostras e principalmente da utilização correta das técnicas de coleta
e preservação de amostras.
Os resultados obtidos com a campanha de amostragem possibilitam ainda a avaliação
da eficiência e do funcionamento de sistemas de tratamento de efluentes, obtenção de
dados e informações para subsidiar a elaboração de projetos de sistemas de tratamento, a
verificação da possibilidade de reutilização de efluentes no processo industrial, etc.
Os efluentes gerados em uma indústria são compostos por esgotos domésticos, gerados
nos banheiros e refeitórios, e por efluentes gerados no processo produtivo, águas de
refrigeração, águas de lavagem de equipamentos, efluentes de equipamento de controle
de poluição de ar, águas pluviais contaminadas, efluentes de lavagem de pisos.
39
processos são cíclicos, devem também ser verificados em quais períodos se dá a
geração de efluentes.
yy Número de funcionários: o número de funcionários indicará a carga orgânica dos
esgotos domésticos gerados, devendo ser incluídos todos os funcionários da
produção e da administração. Deve-se também observar a existência ou não de
refeitório, pois isto pode alterar as características do despejo.
yy Fluxograma do processamento industrial: informação de extrema importância, pois
cada tipo de processo utiliza matérias primas e produtos auxiliares específicos que
resultará em efluentes líquidos com características diferentes. O fluxograma do
processo também indicará se haverá necessidade de se realizar a segregação dos
efluentes.
yy Planta da fábrica: deve apresentar informações da localização das redes de
abastecimento de água, águas pluviais e coleta de efluentes bem como a localização
da estação de tratamento e locais para disposição de resíduos, facilitando o
entendimento do fluxo do processo, possibilitando a escolha dos melhores pontos de
amostragem e ainda a visualização de possibilidades de implantação de medidas de
controle interno.
yy Matérias primas: o conhecimento das matérias primas e dos produtos auxiliares
utilizados ajudará na escolha dos parâmetros a serem analisados, sendo importante
o conhecimento do princípio ativo das substâncias, quantidades utilizadas, formas de
armazenamento e condições de segurança quanto a derramamentos.
yy Produção: relação de produtos fabricados, quantidades e freqüência de fabricação,
tipos de embalagens utilizadas, locais de armazenamento e porcentagem de água
incorporada ao produto são informações importantes na caracterização do despejo
industrial.
yy Uso da água: devem ser conhecidas todas as atividades onde a água é utilizada,
como no processo industrial, lavagem de pisos e equipamentos, esgotos domésticos,
etc.
yy Efluentes gerados: devem ser conhecidos o período e a freqüência do descarte dos
efluentes, a existência ou não de segregação de despejos e de sistema de medição
de vazão e as condições de acesso aos pontos de amostragem.
yy Sistema de tratamento de efluentes: conhecimento do sistema de tratamento e de
seu fluxograma permite uma melhor definição dos pontos de amostragem e dos
parâmetros a serem analisados.
yy Condição de funcionamento dos equipamentos: indica a probabilidade ou não de
quebras nos equipamentos, o que pode representar perdas de matéria prima ou de
produtos podendo aumentar a geração de efluentes.
yy Condições de gerenciamento: de maneira geral, em empresas onde há preocupação
com a implantação de programas relacionados ao controle de poluição, as
características de seus efluentes tendem a ser diferentes daquelas indústrias onde
não há sistema de gerenciamento ambiental.
40
Tabela 2.1. Características Típicas de Efluentes Industriais
Concentração DBO
Setor
(mg/L)
Açúcar e Álcool
Lavagem da cana 220
Condensado dos evaporadores 800
Condensado barométricos 90
Restilo 15.000
Lavagem das dornas 5.000
Abatedouro Aves
Sangria 92.000
Escaldagem 1.182
Depenagem 600
Resfriamento 443 a 320
Abatedouro Bovino
Abate bovino - com industrialização (1) 1.250 - 3.760
Abate bovino - sem industrialização (1) 1.100 - 5.520
Abate bovino (1) 2.000
Abatedouro Suíno
Abate suíno - com industrialização (1) 620 - 1.800
Abate suíno - sem industrialização (1) 570 - 1.700
Abate suíno (1) 1.250
Curtumes
Curtimento vegetal 2.430
Remolho 2.680
Caleação 8.435
Lavagem 4.515
Descarnagem 424
Descalcinação e Purga 1.039
Lavagem 46
Piquelagem 14.368
Neutralização 213
Lavagem 10
Tingimento e Engraxe 31.792
Curtimento ao cromo 2.576
Remolho 5.456
Caleação 11.083
Lavagem 2.280
Descarnagem 13.700
Descalcinação e Purga 2.541
Lavagem 2.790
Piquelagem e Curtimento 903
Recurtimento 1.830
Lavagem 1.980
41
Tabela 2.1. Características Típicas de Efluentes Industriais
Concentração DBO
Setor
(mg/L)
Neutralização 695
Lavagem 385
Tingimento e Engraxe 1.422
Curtume - curtimento ao cromo (1) 2.350
Graxaria 1.723
Laticínios
Posto de recepção e refrigeração de leite 1033
Leite pasteurizado e manteiga 487 ; 1319
Leite condensado 875
Leite em pó 761
Leite esterilizado e iogurte 290
Leite pasteurizado e iogurte 3.420
Laticínios (1) 450 a 4.790
Laticínios (1) 4.000
Instalação com recuperação de soro (1) 2.397
Instalação sem recuperação de soro (1) 5.312
Papel e Celulose
Beneficiamento da madeira (1) 0,1 - 5,0
Cozimento (1) 0,8 - 1,2
Lavagem e depuração (1) 5,0 - 8,0
Branqueamento (1) 3,0 - 5,0
Secagem da celulose (1) 0,5 - 2,0
Evaporação de licor negro (1) 0,2 - 1,0
Caldeira de recuperação (1) 0,5 - 1,0
Caustificação (1) 2,0 - 4,0
Forno de cal (1) 0,5 - 1,0
Cervejas e Refrigerantes
Efluente de indústria ineficiente na recuperação de dreche e trub 3.045
Efluente de indústria de refrigerante 940 a 1.335
Efluente Cervejarias 1.611 a 1.784
Indústria de Processamento de Pescados 6.370
Processamento de Atum 700
Processamento de Sardinha 1.300
Processamento de Farinha de Peixe 91 a 380
Indústria Cítrica 2.279
Lavagem da laranja 295
Área de extração 1.380
Fábrica de ração 2.190
Colunas barométricas 654
Fonte: Notas Técnicas elaboradas pela Cetesb, exceto onde indicado.
(1) Guias de P+L publicados pela Cetesb em parceria com a Fiesp
42
2.1.3 Equivalente Populacional
O Equivalente Populacional (EP) é um indicador do potencial poluidor de um despejo
industrial referido ao número de habitantes de uma cidade, isto é, quando o despejo de
uma indústria tem um equivalente populacional de 10.000 habitantes significa dizer que
a carga potencial do efluente industrial é a mesma que a gerada por uma localidade de
10.000 habitantes. A fórmula para o cálculo do Equivalente Populacional é:
Carga substância da indústria (kg/d)
EP (hab.) =
Contribuição per capita da substância (kg/hab.d)
O Equivalente Populacional tem sido utilizado considerando-se como parâmetros o teor
de matéria orgânica representado pela DBO5,20 quando se deseja relacionar o potencial
poluidor do despejo industrial com o esgoto doméstico e o teor de sólidos não filtráveis
quando se deseja relacionar a produção de lodo do despejo industrial com a do esgoto
doméstico.
O uso do equivalente populacional é comum na taxação dos despejos industriais para
lançamento em rede pública de coleta de esgotos para que a cobrança seja relacionada
com a tarifa paga pela população.
Quando se utiliza o equivalente populacional supõe-se que a tratabilidade dos despejos
industrial e doméstico é a mesma, entretanto isso pode não corresponder a realidade visto
que o grau de tratabilidade está diretamente relacionado aos teores de matéria orgânica
biodegradável presente nos efluentes e dessa maneira, não estamos representando o
impacto causado pelo despejo industrial em termos de tratamento.
A Tabela 2.2 apresenta valores de equivalente populacional para algumas atividades
industriais, considerando contribuição de 60 g DBO5,20/habxdia.
Tabela 2.2. Equivalentes Populacionais por Atividade Industrial
Equivalente
Atividade Industrial Unidade
Populacional (hab.) (*)
Lacticínio sem queijaria 1000 L leite 25 - 70
Lacticínio com queijaria 1000 L leite 45 - 230
1 rês = 2,5 porcos 20 - 200
Matadouro
1 ton. de peso em pé 130 - 400
Curral 1 vaca 5 - 10
Chiqueiro 1 porco 3
Granja avícola 1 galinha 0,12 - 0,25
Autoclave de batatas 1 ton. de batatas 25 - 50
Piscicultura 100 kg de trutas 80
Usina de açúcar 1 ton. de beterrabas 45 - 70
Maltaria 1 ton. de cereais 10 - 100
Cervejaria 1000 L cerveja 150 - 350
Destilaria 1000 L cereais 2000 - 3500
Fabrica de fermento biológico 1 ton. de fermento 5000 - 7000
Amindonaria 1 ton. de milho ou trigo 500 - 900
43
Equivalente
Atividade Industrial Unidade
Populacional (hab.) (*)
1000 L de vinho 100 - 140
Indústria vinícola
ou 1 ha de vinhedo 35 - 60
Curtume 1 ton. de pele 100 - 3500
Lanifício (lavagem de lã) 1 ton. de lã 2000 - 4500
Alvejamento de tecidos 1 ton. de produto 1000 - 3500
Tinturaria com alvejantes sulfurados 1 ton. de produto 2000 - 3000
Indústria do linho 1 ton. de linho bruto 700 - 1000
Celulose ao sulfito 1 ton. de celulose 3500 - 5500
Pasta mecânica para papel 1 ton. de madeira 45 - 70
Fábrica de papel 1 ton. de papel 200 - 900
Lã sintética 1 ton. de lã sintética 300 - 450
Lavanderia 1 ton. de roupa 350 - 900
Vazamento de óleo mineral 1 ton. de óleo 11000
Aterro sanitário de lixo 1 ha de área 45
(*) Equivalente Populacional de águas residuárias das indústrias, referidos a uma DBO5 de 60 g./habxdia.
Para transformar os valores acima em outros baseados na equivalência de 54 g DBO5/habxdia, acrescentar
10%.
Fonte: Imhoff, K., Imhoff, K.R. Manual de Tratamento de Águas Residuárias. 1ªed. 1986.
44
Tabela 2.3. Fatores de Emissão de Despejo Industrial em m3 e Kg DBO por base
Vazão Carga Orgânica
Setor Base Específica Específica
(m3/base) (kg DBO/base)
Sangria com recuperação do sangue 1.000 aves 7,7 a 8,1
Depenagem 1.000 aves 5,30
Evisceração 1.000 aves 11,70
Abatedouro Bovino 1.000 kg peso “in
4,323 6,3
vivo”
Abate bovino - com industrialização (1) cabeça 3,76
Abate bovino - sem industrialização (1)
cabeça 2,76
Abate bovino (1)
cabeça 1-5
Abatedouro Suíno
Abate suíno - com industrialização (1) cabeça 0,94
Abate suíno - sem industrialização (1)
cabeça 0,69
Abate suíno (1)
cabeça 0,5 - 2,0
Curtumes
Curtimento vegetal t de pele processada 22,00 55
Curtimento ao cromo t de pele processada 34,00 88
Curtume – convencional (1) t de pele 31,93 48 a 86
Graxaria t de matéria-prima 0,73
Laticínios
Posto de recepção e refrigeração de
t de leite processado 1,06 1,1
leite
Leite pasteurizado e manteiga t de leite processado 0,83 1,09
Leite condensado t de leite processado 3,20 2,8
Leite em pó t de leite processado 5,40 4,1
Leite esterilizado e iogurte t de leite processado 2,90 0,84
Leite pasteurizado e iogurte t de leite processado 4,10 14,24
Laticínios (1) L de leite 1a6L
Papel e Celulose t celulose seca ao ar 50,00 18
Beneficiamento da madeira (1) t celulose seca ao ar 1,30 – 6,00
Cozimento (1) t celulose seca ao ar 1,20 – 2,00
Lavagem e depuração (1) t celulose seca ao ar 3,00 - 7,00
Branqueamento (1)
t celulose seca ao ar 15,00 – 30,00
Secagem da celulose (1)
t celulose seca ao ar 4,00 - 7,00
Evaporação de licor negro (1)
t celulose seca ao ar 0,50 – 2,00
Caldeira de recuperação (1)
t celulose seca ao ar 1,00 – 2,00
Caustificação (1) t celulose seca ao ar 1,00 – 2,00
Forno de cal (1)
t celulose seca ao ar 1,00 – 2,00
Cervejas e Refrigerantes
Efluente de indústria ineficiente na
m3 cerveja 17
recuperação de dreche e trub
Efluente de indústria de refrigerante m3 refrigerante 4,00 4,8
45
Tabela 2.3. Fatores de Emissão de Despejo Industrial em m3 e Kg DBO por base
Vazão Carga Orgânica
Setor Base Específica Específica
(m3/base) (kg DBO/base)
Efluente Cervejarias m3 cerveja 5,50 a 8,30 9,43 a 11,8
Efluente Levedura m3 cerveja 3,71
Trub m cerveja
3
3,21
Lúpulo m cerveja
3
0,39
Licor dos grãos prensados m3 cerveja 0,85
Lavagens m3 cerveja 2,09
Efluentes dos filtros m cerveja
3
0,5
Engarrafamento m3 cerveja 1,2
Outros m3 cerveja 0,42
Indústria Têxtil
Engomagem de Fios t de tecido de algodão 4,20 2,8
Desengomagem t de tecido de algodão 22,00 58
Cozimento t de tecido de algodão 100 53
Alvejamento t de tecido de algodão 100 8
Mercerização t de tecido de algodão 35 8
Tingimento t de tecido de algodão 50 60
Estampagem t de tecido de algodão 14 54
Raiom t tecido sintético 42 30
Acetato t tecido sintético 75 45
Náilon t tecido sintético 125 45
Acrílico t tecido sintético 210 125
Poliéster t tecido sintético 100 185
Indústria de Processamento de
400
Pescados
Processamento de Atum dia 247 a 13.680
Processamento de Sardinha dia 304
Processamento de Farinha de Peixe dia 144 a 350
Processamento de Camarão
Descascamento t de camarão 49
Descabeçamento t de camarão 5,1
Fervura t de camarão 1,5
Lavagem t de camarão 6,6
Diversos t de camarão 6,2
Indústria Cítrica t de laranja 0,90 2
Frigorífico
Frigoríficos (1) t peso vivo 4,80 - 6,70 5,2 - 6,7
Frigoríficos - presunto cozido (1) t 10 - 21 (kg DQO)
Frigoríficos - presunto curado, carne
t 20 - 25 (kg DQO)
enlatada, produtos conserva (1)
Fonte: Notas Técnicas elaboradas pela Cetesb, exceto onde indicado.
(1) Guias de P+L publicados pela Cetesb em parceria com a Fiesp.
46
2.1.5 Cálculo da Vazão e Carga Orgânica Potencial de Efluentes Industriais
yy Vazão (Q): volume de efluentes líquidos gerados em um empreendimento em um
determinado período, expresso em m3/d, m3/h, L/d, L/h.
Q (m3/d) = Produção (base/d) x Vazão Específica (m3/base)
47
2.2.3 Características dos Esgotos Domésticos
As características dos esgotos dependem de sua fonte de geração, ou seja, do uso que foi
dado à água, de condições sócio-econômicas e hábitos da população e ainda de condições
climáticas, sendo formado por aproximadamente 99,9% de água e 0,1% de impurezas, que
podem ser de natureza física, química e biológica.
As impurezas físicas correspondem as substâncias que afetam as características da água
como partículas insolúveis ou sólidos que alteram a transparência da água e precipitam-se
na forma de lodo ou que causem cor, odor ou elevação da temperatura.
As impurezas químicas correspondem as substâncias orgânicas e minerais, sendo a fração
orgânica representada por proteínas, gordura, hidratos de carbono, fenóis e substâncias
artificiais como detergentes e defensivos agrícolas e a fração mineral representada por
nutrientes (nitrogênio e fósforo em especial), enxofre, metais pesados e compostos tóxicos.
As impurezas de natureza biológica são os seres vivos liberados junto com os dejetos
humanos, como vírus, bactérias, leveduras, helmintos (vermes e protozoários). Alguns
desses seres habitam o intestino humano e não prejudicam a saúde, outros podem causar
doenças e são denominados organismos patogênicos.
Cada indivíduo gera em média 1,80 Litros de excreta diariamente, correspondendo a 350
gramas de sólidos secos, incluindo 90 gramas de matéria orgânica, 20 gramas de nitrogênio,
mais outros nutrientes como fósforo e potássio.
Na Tabela 2.4 estão apresentadas as características típicas para esgotos domésticos,
que são classificados como esgoto forte, médio e fraco, dependendo, principalmente, das
concentrações de matéria orgânica e nas Tabelas 2.5 e 2.6 estão apresentados alguns
organismos patogênicos encontrados nos esgotos domésticos e doenças provocadas e
indicadores, respectivamente.
Tabela 2.4. Características Típicas dos Esgotos Domésticos
48
Tabela 2.5. Organismos patogênicos encontrados nos esgotos domésticos
49
Contribuição per Concentração
Tipo Organismo
capita (org/habxd) (org/100 mL)
Contribuição de
Prédio Unidade
esgoto (L/d)
1. Ocupantes permanentes
Residência
Padrão alto Pessoa 160
Padrão médio Pessoa 130
Padrão baixo Pessoa 100
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 100
Alojamento provisório Pessoa 80
2. Ocupantes temporários
Fábrica em geral Pessoa 70
Escritório Pessoa 50
Edifício público ou comercial Pessoa 50
Escolas (externatos) e locais de longa permanência Pessoa 50
Bares Pessoa 6
Restaurantes e similares Pessoa 25
Cinemas, teatros e locais de curta permanência Lugar 2
Sanitários públicos (1) Bacia sanitária 480
(1) Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio de
esportes, locais para eventos etc.).
Fonte: NBR 7229/93 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos
50
O cálculo da vazão de esgotos domésticos é expresso em termos de volume por unidade
de tempo e é calculada considerando-se a população e a respectiva contribuição per capita
de esgoto ou consumo per capita de água multiplicado pelo coeficiente de retorno Água/
Esgoto (c).
Q (L/d) = Pop. (hab.) x Contribuição per capita de esgoto (L/hab.xd)
Q (L/d)= Pop. (hab.) x Consumo per capita de água (L/hab.xd) x c
c - coeficiente de retorno Água/Esgoto - de 0,60 a 0,80
Q (m3/d) = Q (L/d)
1.000
O cálculo da carga poluidora dos esgotos domésticos é expresso em termos de massa
por unidade de tempo e no caso de esgotos domésticos é calculada considerando-
se a população e sua respectiva contribuição per capita ou a vazão de contribuição e a
concentração de determinado poluente.
Carga (kg/d) = População (hab) x carga per capita (g/habxd)
1.000 (g/kg)
Carga (kg/d) = concentração (g/m3) x vazão (m3xd)
1.000 (g/kg)
Concentração de um determinado poluente (C) é a quantidade em massa presente em um
determinado volume de efluente, expresso em mg/L, kg/m3.
C (kg/m3) = Carga Orgânica Potencial (kg/d)
Vazão Efluente (m3/d)
C (mg/L) = C (kg/m3) x 1.000
C (g/m3) = C (kg/m3) x 1000 (g/kg)
Na Tabela 2.8 a seguir estão apresentadas as contribuições diárias de despejos e de
carga orgânica por tipo de prédio e de ocupantes, conforme estabelecido na norma NBR
13.969/97.
Tabela 2.8. Contribuição Diária de Carga Orgânica por Tipo de Prédio e de Ocupantes
Contribuição de carga
Prédio Unidade
orgânica (g DBO/d)
1. Ocupantes permanentes
Residência
Padrão alto Pessoa 50
Padrão médio Pessoa 45
Padrão baixo Pessoa 40
Hotel (exceto lavanderia e cozinha) Pessoa 30
Alojamento provisório Pessoa 30
51
Contribuição de carga
Prédio Unidade
orgânica (g DBO/d)
2. Ocupantes temporários
Fábrica em geral Pessoa 25
Escritório Pessoa 25
Edifício público ou comercial Pessoa 25
Escolas (externatos) e locais de longa permanência Pessoa 20
Bares Pessoa 6
Restaurantes e similares Pessoa 25
Cinemas, teatros e locais de curta permanência Lugar 1
Sanitários públicos (1) Bacia sanitária 120
(1) Apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio de
esportes, locais para eventos etc.).
Fonte: NBR 13.969/97 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes
líquidos - Projeto, construção e operação.
52
yy Condições ambientais como tipo de solo e fatores climáticos como temperatura, chuva
e vento;
yy Tipo de cultura, existência de irrigação.
Para a caracterização da poluição provocada pelo uso de fertilizantes deve-se verificar
a facilidade de carreamento dessas substâncias, devido a sua aplicação sem proteção
adequada, quando da ocorrência de enxurradas em épocas de chuva.
53
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55
56
57
58
Política de Controle de Poluição
Aula 3
59
60
3. POLÍTICA DE CONTROLE DE POLUIÇÃO
No Brasil a legislação relativa aos assuntos de meio ambiente é dividida em três níveis
hierárquicos: o Governo Federal estabelece as normas gerais para todo o território nacional,
o Estado estabelece normas peculiares e o Município estabelece as normas que visam
atender aos interesses locais. Atualmente existem diversas leis para a proteção ambiental
e gestão dos recursos ambientais para assegurar sua preservação e manejo sustentado.
A Lei nº 6.938 de 31/08/81 estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente com objetivo
de preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental, de maneira a assegurar
condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses de segurança nacional e
à proteção da vida humana. Estabeleceu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, criou o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e instituiu o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e instrumentos de Defesa Ambiental.
Esta foi a primeira lei federal a abordar as questões de interesse ao meio ambiente, tendo
sido alterada pelas Leis nº 7.804 de 18/07/89 e nº 8.028 de 12/04/90, sendo regulamentada
pelo Decreto nº 99.274 de 06/06/90 com alterações dadas pelo Decreto nº 99.355 de
27/06/90.
Em seu Artigo 2º são apresentados os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente
conforme descrito a seguir:
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido,
tendo em vista o uso coletivo;
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII – recuperação de áreas degradadas;
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X – educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
No Artigo 3º são apresentadas as seguintes definições:
I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II – degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente;
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
61
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta
ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
(Redação dada pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
No Artigo 4º são apresentados os objetivos da Política Nacional Meio Ambiente:
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Territórios e dos Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas relativas
ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso
racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização
racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com
fins econômicos.
Os instrumentos para a Política Nacional de Meio Ambiente são apresentados no Artigo 9º:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse
ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
62
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis-IBAMA;
(Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
Poder Público a produzi-las, quando inexistentes; (Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 7.804,
de 1989).
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras
dos recursos ambientais. (Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 7.804, de 1989).
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros. (Acrescentado (a) pelo (a) Lei nº 11.284, de 2006).
O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA - é constituído por órgãos e entidades
dos Governos Federal, Estaduais, Municipais, do Distrito Federal e dos Territórios, assim
como fundações instituídas pelo Poder Público que são responsáveis pela proteção e
melhoria da qualidade ambiental.
O SISNAMA possui como órgão superior o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
– que foi criado para auxiliar o Presidente da República na formulação das diretrizes da
Política Nacional do Meio Ambiente, sendo composto por representantes dos Governos
dos Estados, das Confederações Nacionais do Setor Produtivo, da Associação Brasileira
de Engenharia Sanitária e da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza e
dois representantes, nomeados pelo Presidente da República, de Associações legalmente
constituídas para a defesa dos recursos naturais e de combate a poluição.
Entre as atribuições do CONAMA está o estabelecimento mediante proposta do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, dos demais
órgãos integrantes do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, de normas e critérios
para o licenciamento de atividades poluidoras; determinar a realização de estudos de
alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados;
decidir por meio da Câmara Especial Recursal – CER como última instância sobre multas
e outras penalidades; determinar mediante representação do IBAMA a perda ou restrição
de benefícios fiscais e a perda ou suspensão de participação em linhas de crédito oficiais;
estabelecer normas e padrões para controle de poluição de veículos automotores,
aeronaves e embarcações; e estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle
e manutenção da qualidade do meio ambiente.
63
No capítulo II é apresentada a classificação dos corpos de água segundo a qualidade
requerida para os seus usos preponderantes, conforme descrito a seguir:
64
“ÁGUAS SALINAS” (Artigo 5°) (salinidade igual ou superior a 0,5‰)
I - Classe Especial - águas destinadas:
a) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção
integral; e
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.
II - Classe 1 - águas que podem ser destinadas:
a) à recreação de contato primário, conforme Resolução CONAMA 274/2000;
b) à proteção das comunidades aquáticas; e
c) à aqüicultura e à atividade de pesca.
III - Classe 2 - águas que podem ser destinadas:
a) à pesca amadora; e
b) à recreação de contato secundário.
IV - Classe 3 - águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
65
Tabela 3.1. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Doces
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Condições
Toxicidade crônica aos organismos Não Não
- -
aquáticos verificação verificação
Toxicidade aguda aos organismos Não
- - -
aquáticos verificação
Virtualmente Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Materiais flutuantes
ausentes ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Óleos e graxas -
ausentes ausentes ausentes
Não objetáveis
Substâncias que comuniquem Virtualmente Virtualmente Virtualmente
(odor e
gosto ou odor ausentes ausentes ausentes
aspecto)
Não será Não será
Virtualmente
Corantes (fontes antrópicas) permitida a permitida a -
ausentes
presença presença
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Resíduos sólidos objetáveis -
ausentes ausentes ausentes
2500/100 mL
Conama Conama
(recreação
274/00 274/00
de contato
(recreação) (recreação)
secundário)
1000/100 mL
200/100 mL 1000/100 mL (dessedenta-
(demais usos) (demais usos) ção de
Coliformes termotolerantes animais) -
4000/100 mL
E.coli – valor E.coli – valor (demais usos)
a critério a critério E.coli – valor
do órgão do órgão a critério
ambiental) ambiental) do órgão
ambiental)
DBO5,20 (mg/L O2) ≤ 3,0 ≤ 5,0 ≤ 10,0 -
OD (mg/L O2) ≥ 6,0 ≥ 5,0 ≥ 4,0 ≥ 2,0
Turbidez (UNT) ≤ 40,0 ≤ 100,0 ≤ 100,0 -
Cor verdadeira (mg Pt/L) Natural ≤ 75,0 ≤ 75,0 -
pH 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0
Padrões / Parâmetros
Clorofila a (µg/L) 10,0 30,0 60,0 -
20.000,0 cel/ 50.000,0 cel/ 100.000,0 cel/
-
Densidade de cianobactéria mL mL mL
2,0 mm3/L 5,0 mm3/L 10,0 mm3/L -
Sólidos dissolvidos totais (mg/L) 500,0 500,0 500,0 -
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
66
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Alumínio dissolvido (mg/L Al) 0,1 0,1 0,2 -
Antimônio (mg/L Sb) 0,005 0,005 - -
0,01 0,01
Arsênio total (mg/L As) 0,033 -
0,14 mg/L (1)
0,14 mg/L (1)
Bário total (mg/L Ba) 0,7 0,7 1,0 -
Berílio total (mg/L Be) 0,04 0,04 0,1 -
Boro total (mg/L B) 0,5 0,5 0,75 -
Cádmio total (mg/L Cd) 0,001 0,001 0,01 -
Chumbo total (mg/L Pb) 0,01 0,01 0,033 -
Cianeto livre (mg/L CN) 0,005 0,005 0,022 -
Cloreto total (mg/L Cl) 250,0 250,0 250,0 -
Cloro residual total (combinado +
0,01 0,01 - -
livre) (mg/L Cl)
Cobalto total (mg/L Co) 0,05 0,05 0,2 -
Cobre dissolvido (mg/L Cu) 0,009 0,009 0,013 -
Crômio total (mg/L Cr) 0,05 0,05 0,05 -
Ferro dissolvido (mg/L Fe) 0,3 0,3 5,0 -
Fluoreto total (mg/L F) 1,4 1,4 1,4 -
Fósforo total (ambiente lêntico)
0,020 0,030 0,05 -
(mg/L P)
Fósforo total (ambiente
intermediário, com tempo de
residência entre 2 e 40 dias, e 0,025 0,050 0,075 -
tributários diretos de ambiente
lêntico) (mg/L P)
Fósforo total (ambiente lótico
e tributários de ambientes 0,1 0,1 0,15 -
intermediários) (mg/L P)
Lítio total (mg/L Li) 2,5 2,5 2,5 -
Manganês total (mg/L Mn) 0,1 0,1 0,5 -
Mercúrio total (mg/L Hg) 0,0002 0,0002 0,002 -
Níquel total (mg/L Ni) 0,025 0,025 0,025 -
Nitrato (mg/L N) 10,0 10,0 10,0 -
Nitrito (mg/L N) 1,0 1,0 1,0 -
67
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
13,3 p/ pH ≤
3,7 p/ pH ≤ 7,5 3,7 p/ pH ≤ 7,5
7,5
2,0 p/ 7,5 2,0 p/ 7,5 5,6 p/ 7,5
Nitrogênio amoniacal total (mg/L N) <pH≤ 8,0 <pH≤ 8,0 <pH≤ 8,0 -
1,0 p/ 8,0<pH≤ 1,0 p/ 8,0 2,2 p/ 8,0
8,5 <pH≤ 8,5 <pH≤ 8,5
0,5 p/ pH ≥ 8,5 0,5 p/ pH ≥ 8,5 1,0 p/ pH ≥ 8,5
Prata total (mg/L Ag) 0,01 0,01 0,05 -
Selênio total (mg/L Se) 0,01 0,01 0,05 -
Sulfato total (mg/L SO4) 250,0 250,0 250,0 -
Sulfeto (H2S não dissociado) (mg/L
0,002 0,002 0,3 -
S)
Urânio total (mg/L U) 0,02 0,02 0,02 -
Vanádio total (mg/L V) 0,1 0,1 0,1 -
Zinco total (mg/L Zn) 0,18 0,18 5,0 -
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Acrilamida (mg/L) 0,5 0,5 - -
Alacloro (mg/L) 20,0 20,0 - -
Aldrin + Dieldrin (mg/L) 0,005 0,005 0,03 -
Atrazina (mg/L) 2,0 2,0 2,0 -
Benzeno (mg/L) 0,005 0,005 0,005 -
0,001 0,001
Benzidina (mg/L) - -
0,0002 (1) 0,0002 (1)
0,05 0,05
Benzo(a)antraceno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
0,05 0,05
Benzo(a)pireno (mg/L) 0,7 -
0,018 (1) 0,018 (1)
0,05 0,05
Benzo(b)fluoranteno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
0,05 0,05
Benzo(k)fluoranteno (mg/L) - -
0,018 (1)
0,018 (1)
Carbaril (mg/L) 0,02 0,02 70,0 -
Clordano (cis + trans) (mg/L) 0,04 0,04 0,3 -
2-Clorofenol (mg/L) 0,1 0,1 - -
0,05 0,05
Criseno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
2,4-D (mg/L) 4,0 4,0 30,0 -
68
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Demeton (demeton-O +
0,1 0,1 14,0 -
demeton-S) (mg/L)
0,05 0,05
Dibenzo(a,h)antraceno (mg/L) - -
0,018 (1) 0,018 (1)
3,3 Diclorobenzidina (mg/L) 0,028 (1) 0,028 (1) - -
1,2-Dicloroetano (mg/L) 0,01 0,01 0,01 -
1,1-Dicloroeteno (mg/L) 0,003 0,003 30,0(mg/L) -
2,4-Diclorofenol (mg/L) 0,3 0,3 - -
Diclorometano (mg/L) 0,02 0,02 - -
DDT (p,p’ DDT+p,p’ DDE+p,p’
0,002 0,002 - -
DDD) (mg/L)
Dodecacloro pentaciclodecano
0,001 0,001 0,001 -
(mg/L)
Endossulfan (a+b+sulfato) (mg/L) 0,056 0,056 0,22 -
Endrin (mg/L) 0,004 0,004 0,2 -
Estireno (mg/L) 0,02 0,02 - -
Etilbenzeno (mg/L) 90,0 90,0 - -
Fenóis totais (substâncias que
reagem com 4-aminoantipirina) 0,003 0,003 0,01 -
(mg/L C6H5OH)
Glifosato (mg/L) 65,0 65,0 280,0 -
Gution (mg/L) 0,005 0,005 0,005 -
69
CLASSE DO RIO 1 2 3 4
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 14 Artigo 15 Artigo 16 Artigo 17
Substâncias tensoativas que
reagem com o azul de metileno 0,5 0,5 0,5 -
(mg/L LAS)
2,4,5-T (mg/L) 2,0 2,0 2,0 -
0,002 0,002
Tetracloreto de carbono (mg/L) 0,003 -
1,6 (mg/L) (1) 1,6 (mg/L) (1)
0,01 0,01
Tetracloreteno (mg/L) 0,01 -
3,3 (mg/L) (1) 3,3 (mg/L) (1)
Tolueno (mg/L) 2,0 2,0 - -
0,01 0,01
Toxafeno (mg/L) 0,21 -
0,00028 (1) 0,00028 (1)
2,4,5-TP (mg/L) 10,0 10,0 10,0 -
Tributilestanho (mg/L TBT) 0,063 0,063 2,0 -
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB+1,2,4-
0,02 0,02 - -
TCB) (mg/L)
Tricloroeteno (mg/L) 0,03 0,03 0,03 -
0,01 0,01
2,4,6-Triclofenol (mg/L) 0,01 -
2,4(mg/L) (1) 2,4(mg/L) (1)
Trifluralina (mg/L) 0,2 0,2 - -
Xileno (mg/L) 300,0 300,0 - -
(1) Padrões para corpos d’água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo.
OBSERVAÇÃO: Para as águas doces de Classe 4 (Artigo 17) às substâncias facilmente sedimentadas que
contribuam para o assoreamento de canais de navegação deverão estar virtualmente ausentes.
70
Tabela 3.2. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Salinas
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 18 Artigo 19 Artigo 20
Condições
Toxicidade crônica aos organismos
Não verificação - -
aquáticos
Toxicidade aguda aos organismos
- Não verificação -
aquáticos
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Materiais flutuantes
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Toleram-se
Óleos e graxas
ausentes ausentes iridescências
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Substâncias que produzem odor e turbidez
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Corantes (fontes antrópicas)
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Resíduos sólidos objetáveis
ausentes ausentes ausentes
Conama 274/00
(recreação)
43/100 mL (cultivo
de moluscos
bivalves) 2500/100 mL 4000/100 mL
88/100mL
(percentil 90%
Coliformes termotolerantes não deverá ser
ultrapassado)
1000/100 mL
(demais usos) E.coli – valor a E.coli – valor a
E.coli – valor a critério do órgão critério do órgão
critério do órgão ambiental) ambiental)
ambiental)
Carbono orgânico total (mg/L C) ≤ 3,0 ≤ 5,0 ≤ 10,0
Oxigênio dissolvido (mg/L O2) ≥ 6,0 ≥ 5,0 ≥ 4,0
pH 6,5 a 8,5 * 6,5 a 8,5 * 6,5 a 8,5 *
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Alumínio dissolvido (mg/L Al) 1,5 1,5 -
0,01 0,069
Arsênio total (mg/L As) -
0,14 (mg/L)(1) 0,14 (mg/L)(1)
Bário total (mg/L Ba) 1,0 1,0 -
Berílio total (mg/L Be) 5,3 5,3 -
Boro total (mg/L B) 5,0 5,0 -
Cádmio total (mg/L Cd) 0,005 0,04 -
Chumbo total (mg/L Pb) 0,01 0,21 -
Cianeto livre (mg/L CN) 0,001 0,001 -
71
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 18 Artigo 19 Artigo 20
Cloro residual total (combinado mais livre)
0,01 19,0 mg/L -
(mg/L Cl)
Cobre dissolvido (mg/L Cu) 0,005 7,8 mg/L -
Crômio total (mg/L Cr) 0,05 1,1 -
Ferro dissolvido (mg/L Fe) 0,3 0,3 -
Fluoreto total (mg/L F) 1,4 1,4 -
Fósforo total (mg/L P) 0,062 0,093 -
Manganês total (mg/L Mn) 0,1 0,1 -
Mercúrio total (mg/L Hg) 0,0002 1,8 mg/L -
Níquel total (mg/L Ni) 0,025 74,0 mg/L -
Nitrato (mg/L N) 0,40 0,70 -
Nitrito (mg/L N) 0,07 0,20 -
Nitrogênio amoniacal total (mg/L N) 0,40 0,70 -
Polifosfatos (determinado pela diferença
entre fósforo ácido hidrolisável total e 0,031 0,0465 -
fósforo reativo total) (mg/L P)
Prata total (mg/L Ag) 0,005 0,005 -
Selênio total (mg/L Se) 0,01 0,29 -
Sulfetos (H2S não dissociado) (mg/L S) 0,002 0,002 -
Tálio total (mg/L Tl) 0,1 0,1 -
Urânio total (mg/L U) 0,5 0,5 -
Zinco total (mg/L Zn) 0,09 0,12 -
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Aldrin + Dieldrin (µg/L) 0,0019 0,03 -
700 700
Benzeno (µg/L) -
51 (1)
51 (1)
Benzidina (µg/L) 0,0002 (1) 0,0002 (1) -
Benzo(a)antraceno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Benzo(a)pireno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(b)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Benzo(k)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Carbaril (µg/L) 0,32 0,32 -
Clordano (cis +trans) (mg/L) 0,004 0,09 -
Criseno (mg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
2-clorofenol (mg/L) 150,0 (1) 150,0 (1) -
2,4 D (mg/L) 30,0 30,0 -
2,4 diclorofenol (mg/L) 290,0 (1) 290,0 (1) -
1,2-dicloroetano (mg/L) 37,0 (1) 37,0 (1) -
72
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 18 Artigo 19 Artigo 20
1,1-dicloroeteno (mg/L) 3,0 (1) 3,0 (1) -
3,3-diclorobenzidina (mg/L) 0,028 (1) 0,028 (1) -
Dibenzo(a,h)antraceno (mg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
DDT (p,p’ DDT+ p,p’ DDE+ p,p’ DDD)
0,001 0,13 -
(mg/L)
Demeton (demeton-O + demeton-S) (mg/L) 0,1 0,1 -
Dodecacloro pentaciclodecano (mg/L) 0,001 0,001 -
Endossulfan (a+b+sulfato) (mg/L) 0,01 0,01 -
Endrin (mg/L) 0,004 0,037 -
Etilbenzeno (mg/L) 25,0 25,0 -
Fenóis totais (substâncias que reagem
com 4-aminoantipirina) 60,0 60,0 -
(mg/L C6H5OH)
Gution (mg/L) 0,01 0,01 -
0,001 0,053
Heptacloro epóxido + heptacloro (mg/L) -
0,000039 (1)
0,000039(1)
Hexaclorobenzeno (mg/L) 0,00029 (1) 0,00029 (1) -
Indeno (1,2,3-cd) pireno(mg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Lindano (g-HCH) (mg/L) 0,004 0,16 -
Malation (mg/L) 0,1 0,1 -
Metóxicloro (mg/L) 0,03 0,03 -
Monoclorobenzeno (mg/L) 25,0 25,0 -
7,9 13,0
Pentaclorofenol (mg/L) -
3,0 (1)
3,0 (1)
0,03 0,03
PCBs-Bifenilas Policlororadas (mg/L) -
0,000064 (1)
0,000064(1)
Substâncias tensoativas que reagem com
0,3 0,3 -
azul de metileno (mg/L LAS)
2,4,5-T (mg/L) 10,0 10,0 -
Tolueno (mg/L) 215,0 215,0 -
Toxafeno (mg/L) 0,0002 0,210 -
2,4,5-TP (mg/L) 10,0 10,0 -
Tributil estanho (mg/L TBT) 0,01 0,37 -
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)
80,0 80,0 -
(mg/L)
Tricloroeteno (mg/L) 30,0 30,0 -
Tetracloroeteno (mg/L) 3,3 (1) 3,3 (1) -
2,4,6-triclorofenol (mg/L) 2,4 (1)
2,4 (1)
-
* Não devendo haver uma mudança do pH natural maior do que 0,2 unidade.
(1) Padrões para corpos d’água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo.
73
Tabela 3.3. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Salobras
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
Condições
Toxicidade crônica aos organismos aquáticos Não verificação - -
Toxicidade aguda aos organismos aquáticos - Não verificação -
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Materiais flutuantes
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente Toleram-se
Óleos e graxas
ausentes ausentes iridescências
Virtualmente Virtualmente Virtualmente
Substâncias que produzem cor, odor e turbidez
ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente
Resíduos sólidos objetáveis -
ausentes ausentes
Conama
274/00
(recreação)
43/100 mL
(cultivo de
moluscos 2500/100 mL 4000/100 mL
bivalves)
88/100mL
(percentil 90%
não deverá ser
Coliformes termotolerantes
ultrapassado)
200/100 mL
(irrigação)
1000/100 mL E.coli – valor E.coli – valor
(demais usos) a critério a critério
do órgão do órgão
E.coli – valor
ambiental) ambiental)
a critério
do órgão
ambiental)
Carbono orgânico total (mg/L C) ≤ 3,0 ≤ 5,0 ≤ 10,0
Oxigênio dissolvido (mg/L O2) ≥ 5,0 ≥ 4,0 ≥ 3,0
pH 6,5 a 8,5 6,5 a 8,5 5,0 a 9,0
Substâncias facilmente sedimentáveis que
Virtualmente
contribuam para o assoreamento dos canais - -
ausentes
de navegação
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Alumínio dissolvido (mg/L Al) 0,1 0,1 -
0,01 0,069
Arsênio total (mg/L As) -
0,14 µg/L (1)
0,14 µg/L(1)
Berílio total (µg/L Be) 5,3 5,3 -
74
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
Boro total (mg/L B) 0,5 0,5 -
Cádmio total (mg/L Cd) 0,005 0,04 -
Chumbo total (mg/L Pb) 0,01 0,210 -
Cianeto livre (mg/L CN) 0,001 0,001 -
Cloro residual total (combinado mais livre)
0,01 19,0 µg/L -
(mg/L Cl)
Cobre dissolvido (mg/L Cu) 0,005 7,8 µg/L -
Crômio total (mg/L Cr) 0,05 1,1 -
Ferro dissolvido (mg/L Fe) 0,3 0,3 -
Fluoreto total (mg/L F) 1,4 1,4 -
Fósforo total (mg/L P) 0,124 0,186 -
Manganês total (mg/L Mn) 0,1 0,1 -
Mercúrio total (mg/L Hg) 0,0002 1,8 µg/L -
Níquel total (mg/L Ni) 0,025 74,0 µg/L -
Nitrato (mg/L N) 0,40 0,70 -
Nitrito (mg/L N) 0,07 0,20 -
Nitrogênio amoniacal total (mg/L N) 0,40 0,70 -
Polifosfatos (determinado pela diferença entre
fósforo ácido hidrolisável total e fósforo reativo 0,062 0,093 -
total) (mg/L P)
Prata total (mg/L Ag) 0,005 0,005 -
Selênio total (mg/L Se) 0,01 0,29 -
Sulfetos (H2S não dissociado) (mg/L S) 0,002 0,002 -
Zinco total (mg/L Zn) 0,09 0,12 -
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Aldrin + Dieldrin (µg/L) 0,0019 0,03 -
700 700
Benzeno (µg/L) -
51 (1) 51 (1)
Benzidina (µg/L) 0,0002 (1) 0,0002 (1) -
Benzo(a)antraceno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Benzo(a)pireno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(b)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Benzo(k)fluoranteno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
Carbaril (µg/L) 0,32 0,32 -
Clordano (cis +trans) (µg/L) 0,004 0,09 -
Criseno (µg/L) 0,018 (1)
0,018 (1)
-
2-clorofenol (µg/L) 150,0 (1) 150,0 (1) -
75
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
2,4 D (µg/L) 10,0 10,0 -
2,4 diclorofenol (µg/L) 290,0 (1) 290,0 (1) -
1,2-dicloroetano (µg/L) 37,0 (1) 37,0 (1) -
1,1-dicloroeteno (µg/L) 3,0 (1)
3,0 (1)
-
3,3-diclorobenzidina (µg/L) 0,028 (1) 0,028 (1) -
Dibenzo(a,h)antraceno (µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
DDT (p,p’ DDT+ p,p’ DDE+ p,p’ DDD) (µg/L) 0,001 0,13 -
Demeton (demeton-O + demeton-S) (µg/L) 0,1 0,1 -
Dodecacloro pentaciclodecano (µg/L) 0,001 0,001 -
Endossulfan (a+b+sulfato) (µg/L) 0,01 0,01 -
Endrin (µg/L) 0,004 0,037 -
Etilbenzeno (µg/L) 25,0 25,0 -
Fenóis totais (substâncias que reagem com
4-aminoantipirina) 0,003 0,003 -
(mg/L C6H5OH)
Gution (µg/L) 0,01 0,01 -
0,001 0,053
Heptacloro epóxido + heptacloro (µg/L) -
0,000039(1) 0,000039(1)
Hexaclorobenzeno (µg/L) 0,00029 (1) 0,00029 (1) -
Indeno (1,2,3-cd) pireno(µg/L) 0,018 (1) 0,018 (1) -
Lindano (g-HCH) (µg/L) 0,004 0,160 -
Malation (µg/L) 0,1 0,1 -
Metóxicloro (µg/L) 0,03 0,03 -
Monoclorobenzeno (µg/L) 25,0 25,0 -
Paration (µg/L) 0,04 0,04 -
7,9 13,0
Pentaclorofenol (µg/L) -
3,0 (1) 3,0 (1)
0,03 0,03
PCBs-Bifenilas Policlororadas (µg/L) -
0,000064 (1)
0,000064(1)
Substâncias tensoativas que reagem com azul
0,2 0,2 -
de metileno (mg/L LAS)
2,4,5-T (µg/L) 10,0 10,0 -
Tolueno (µg/L) 215,0 215,0 -
Toxafeno (µg/L) 0,0002 0,210 -
2,4,5-TP (µg/L) 10,0 10,0 -
Tributil estanho (µg/L TBT) 0,010 0,37 -
Triclorobenzeno (1,2,3-TCB + 1,2,4-TCB)
80,0 80,0 -
(µg/L)
76
CLASSE DO RIO 1 2 3
Resolução CONAMA n° 357/05 Artigo 21 Artigo 22 Artigo 23
Tricloroeteno (µg/L) 30,0 (1)
30,0 (1)
-
Tetracloroeteno (µg/L) 3,3 (1) 3,3 (1) -
2,4,6-triclorofenol (µg/L) 2,4 (1) 2,4 (1) -
(1) Padrões para corpos d’água onde haja pesca ou cultivo de organismos para fins de consumo intensivo.
77
CENO: Concentração de efeito não observado: maior concentração do efluente que não
causa efeito deletério estatisticamente significativo na sobrevivência e reprodução dos
organismos, em um determinado tempo de exposição, nas condições de ensaio.
78
Tabela 3.5. Súmula dos Padrões de Qualidade – Águas Doces
CLASSE DO RIO 2 3 4
Regulamento da Lei 997/76
Artigo 11 Artigo 12 Artigo 13
Parâmetros Unidade
Materiais flutuantes inclusive Virtualmente Virtualmente Virtualmente
-
espumas não naturais ausentes ausentes ausentes
Virtualmente Virtualmente
Substâncias solúveis em hexana - -
ausentes ausentes
Substâncias que comuniquem Virtualmente Virtualmente
- -
gosto ou odor ausentes ausentes
Odor e aspecto - - - Não objetáveis
Amônia mg/L N 0,5 0,5 -
Arsênio mg/L As 0,1 0,1 -
Bário total mg/L Ba 1,0 1,0 -
Cádmio total mg/L Cd 0,01 0,01 -
Crômio total mg/L Cr 0,05 0,05 -
Cianeto mg/L CN 0,2 0,2 -
Cobre total mg/L Cu 1,0 1,0 -
Chumbo total mg/L Pb 0,1 0,1 -
Estanho mg/L Sn 2,0 2,0 -
Fenóis mg/L C6H5OH 0,001 0,001 1,0
Flúor mg/L F 1,4 1,4 -
Mercúrio mg/L Hg 0,002 0,002 -
Nitrato mg/L N 10,0 10,0 -
Nitrito mg/L N 1,0 1,0 -
Selênio mg/L Se 0,01 0,01 -
Zinco total mg/L Zn 5,0 5,0 -
Corantes artificiais que não
sejam removíveis por processo
- Ausência Ausência -
de coagulação, sedimentação e
filtração convencionais
Coliformes totais NMP / 100 mL 5.000,0* 20.000,0* -
Coliformes fecais NMP / 100 mL 1.000,0* 4.000,0* -
DBO5,20 mg/L O2 ≤ 5,0 ≤ 10,0 -
Oxigênio dissolvido (OD) mg/L O2 ≥ 5,0 ≥ 4,0 > 0,5
* Para 80% de, pelo menos, 5 amostras colhidas, num período de até 5 semanas consecutivas.
79
Tabela 3.6. Súmula dos Padrões de Emissão de Efluentes Líquidos
Condições / Padrões Unidade Artigo 18 (4) Artigo 16 (5) Artigo 19-A (6)
Condições
pH - ≥ 5,0 e ≤ 9,0 ³ 5,0 e ≤ 9,0 ³ 6,0 e ≤ 10,0
Temperatura °C < 40 < 40 (1)
< 40
Materiais sedimentáveis (teste de
mL/L ≤ 1,0 ≤ 1,0 (7) ≤ 20,0
1 hora em “cone Imhoff”)
Óleos e graxas mg/L ≤ 100,0 (8) - ≤ 150,0 (8)
Óleos minerais mg/L - ≤ 20,0 -
Óleos vegetais e gorduras
mg/L - ≤ 50,0 -
animais
Materiais flutuantes - - Ausência -
DBO (demanda bioquímica de
mg/L O2 60,0 (2) (9)
-
oxigênio)
Solventes combustíveis,
- - - Ausência
inflamáveis etc.
Despejos causadores de
- - - Ausência
obstrução na rede
Substâncias potencialmente
- - - Ausência
tóxicas
Padrões / Parâmetros Inorgânicos
Arsênio total mg/L As 0,2 0,5 1,5 (3)
Bário total mg/L Ba 5,0 5,0 -
Boro total mg/L B 5,0 5,0 (10)
-
Cádmio total mg/L Cd 0,2 0,2 1,5 (3)
Chumbo total mg/L Pb 0,5 0,5 1,5 (3)
Cianeto total mg/L CN 0,2 1,0 0,2
Cianeto livre (destilável por
mg/L CN - 0,2 -
ácidos fracos)
Cobre mg/L Cu 1,0 1,0 (dissolvido) 1,5 (3)
Crômio hexavalente mg/L Cr+6 0,1 0,1 1,5
Crômio trivalente mg/L Cr+3 - 1,0 1,5
Crômio total mg/L Cr 5,0 - 5,0 (3)
Estanho total mg/L Sn 4,0 4,0 4,0 (3)
Ferro solúvel mg/L Fe 15,0 15,0(dissolvido) 15,0
Fluoreto total mg/L F 10,0 10,0 10,0
Manganês solúvel mg/L Mn 1,0 1,0 (dissolvido) -
Mercúrio total mg/L Hg 0,01 0,01 1,5 (3)
Níquel total mg/L Ni 2,0 2,0 2,0 (3)
Nitrogênio amoniacal total mg/L N - 20,0 -
Prata total mg/L Ag 0,02 0,1 1,5 (3)
Selênio total mg/L Se 0,02 0,30 1,5 (3)
Sulfato mg/L SO4 - - 1.000,0
Sulfeto mg/L S - 1,0 1,0
80
Condições / Padrões Unidade Artigo 18 (4) Artigo 16 (5) Artigo 19-A (6)
Zinco total mg/L Zn 5,0 5,0 5,0 (3)
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Benzeno mg/L - 1,2 -
Clorofórmio mg/L - 1,0 -
Dicloroeteno (somatória de 1,1 +
mg/L - 1,0 -
1,2 cis + 1,2 trans) (10)
Estireno mg/L - 0,07 -
Etilbenzeno mg/L - 0,84 -
Fenóis totais (substâncias que mg/L
0,5 (fenol) 0,5 5,0 (fenol)
reagem com 4 – aminoantipirina) C6H5OH
Padrões / Parâmetros Orgânicos
Tetracloreto de carbono mg/L - 1,0 -
Tolueno mg/L - 1,2 -
Tricloroeteno mg/L - 1,0 -
Xileno mg/L - 1,6 -
(1) A variação de temperatura no corpo receptor não deverá exceder a 3°C no limite da zona de mistura.
(2) Este valor poderá ser ultrapassado desde que o tratamento reduza no mínimo 80% da carga, em termos
de DBO.
(3) Concentração máxima do conjunto de elementos grafados sob este índice será de 5 mg/L.
(4) Do Regulamento da Lei Estadual 997 de 31/05/76 aprovado pelo Decreto 8468 de 08/09/76.
(5) Da Resolução CONAMA n° 430 de 13/05/2011 (válido para todos os efluentes, exceto os oriundos
de sistemas de tratamento de esgotos sanitários e os esgotos sanitários lançados através de emissários
submarinos) que alterou o Artigo 34 da Resolução CONAMA nº 357 de 17/03/05.
(6) Do Regulamento da Lei Estadual 997 de 31/05/76 aprovado pelo Decreto 8468 de 08/09/76 e
alterado pelo Decreto 15425 de 23/07/80.
(7) Em teste de uma hora em cone Inmhoff. Para lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de
circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão ser virtualmente ausentes.
(8) Substâncias solúveis em hexana.
(9) DBO 5 dias a 20ºC: remoção mínima de 60% de DBO sendo que este limite só poderá ser
reduzido no caso de existência de estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
(10) Não se aplica para lançamento em águas salinas.
Tabela 3.7. Súmula dos Padrões de Emissão da Resolução CONAMA nº 430/11 para
Efluentes oriundos de Sistemas de Tratamento de Esgotos Sanitários e Esgotos Sanitários
Lançados por meio de Emissários Submarinos
Condições / Padrões Unidade Artigo 21 (1) Artigo 22 (2)
Condições
pH -
≥5e≤9 ≥5e≤9
Temperatura ºC < 40 (3)
< 40 (3)
Materiais sedimentáveis mL/L ≤ 1 (4) -
DBO mg/L O2 (5)
-
Substâncias solúveis em hexano (óleos e graxas) mg/L ≤ 100 -
Matérias flutuantes - Ausência -
81
Condições / Padrões Unidade Artigo 21 (1) Artigo 22 (2)
Sólidos grosseiros e materiais flutuantes - - Virtualmente ausente
Sólidos em suspensão totais - - (6)
(1) Da Resolução CONAMA nº 430 de 13/05/2011 aplicável para efluentes oriundos de sistemas de
tratamento de esgotos sanitários.
(2) Da Resolução CONAMA nº 430 de 13/05/2011 aplicável para lançamento de esgotos sanitários por meio
de emissários submarinos.
(3) A variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3ºC no limite da zona de mistura.
(4) Em teste de uma hora em cone Inmhoff. Para o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de
circulação seja praticamente nula, os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes.
(5) Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO 5 dias, 20ºC: máximo de 120 mg/L sendo que este limite
somente poderá ser ultrapassado no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência de
remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que comprove o
atendimento às metas de enquadramento do corpo receptor.
(6) Eficiência mínima de remoção de 20%, após desarenação.
(7) Conforme o parágrafo 1º do Artigo 21 as Condições e Padrões de Lançamento (emissão) relacionados
no Artigo 16 da Resolução CONAMA nº 430/11 poderão também ser aplicáveis aos sistemas de tratamento
de esgotos sanitários, a critério do órgão ambiental competente, em função de suas características locais,
não sendo exigível o Padrão de Nitrogênio Amoniacal Total.
STAR STAR
STAR
RPC
RPC
ETE
PE (Artigo 18 Legislação Estadual
Artigo 21 Legislação Federal)
PQ PQ PQ
CORPO RECEPTOR
onde:
PUFn = Preço Unitário Final correspondente a cada variável n considerada na fórmula da
cobrança;
PUBn = Preço Unitário Básico definido para cada variável n considerada na fórmula da
cobrança.
Xi =coeficientes ponderadores para captação, extração, derivação e consumo.
Yi = coeficientes ponderadores para os parâmetros de carga lançada.
Os valores de n correspondem a:
CAP = captação, extração, derivação;
CONS = consumo;
Parâmetro(x) = lançamento de carga.
Cada Comitê de Bacia Hidrográfica estabelecerá os critérios para definição dos Coeficientes
Ponderadores assim como os Preços Unitários Básicos (PUB). Os coeficientes ponderadores
poderão levar em conta a classe do corpo d’água, a disponibilidade hídrica, o tipo de uso,
eficiência do sistema de tratamento, tipo de empreendimentos, práticas de reuso de água,
etc.
84
3.4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL E CARGAS POLUIDORAS
O Licenciamento Ambiental das fontes de poluição das águas é importante ferramenta para
a manutenção ou restituição da qualidade da água dos corpos d’água, devendo ser exigido
o atendimento aos padrões de emissão de efluentes líquidos previstos na legislação federal
e estadual, devendo-se ainda observar que o lançamento de efluentes líquidos não poderá
provocar o desenquadramento do corpo d’água receptor.
Em alguns casos onde o lançamento de efluentes é feito em corpo d’água que já está
com sua qualidade comprometida, recomenda-se que o efluente líquido atenda os padrões
de qualidade para os parâmetros em desconformidade, por exemplo, se um corpo d’água
Classe 3 estiver desenquadrado para o parâmetro DBO, o efluente deverá ser lançado com
concentração de DBO menor ou igual a 10 mg/L, que é o limite estabelecido para esse
parâmetro nos padrões de qualidade para corpo d’água Classe 3.
Outro mecanismo utilizado para o controle das fontes de poluição é o estabelecimento da
carga máxima para o lançamento de determinado poluente de maneira a não provocar o
desenquadramento do corpo d’água, visto que o potencial poluidor de um efluente está
diretamente relacionado não só a concentração do poluente, mas também com a vazão de
lançamento.
85
86
87
88
89
90
Autodepuração dos Corpos D’Água
Aula 4
91
92
4. AUTODEPURAÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA
Um curso d’agua em seu estado natural se constitui em ecossistema, onde coexistem
inúmeros organismos que se relacionam entre si e com o próprio ambiente e sendo assim,
qualquer modificação introduzida pode provocar sérios desequilíbrios, eliminando algumas
espécies, desenvolvendo exageradamente outras, enfim, provocando a alteração do meio
ambiente.
A maioria das espécies de organismos que habita um curso d’agua necessita de oxigênio
dissolvido (OD) no meio líquido para sua sobrevivência e sendo assim, sua existência
nesse meio, implica num consumo contínuo de oxigênio e caso não haja um processo de
suprimento, em pouco tempo ocorreria a morte da maioria dos organismos.
O lançamento de efluentes nos corpos d’água provocará alterações em suas características
físicas, químicas e biológicas, dependendo do tipo de carga poluidora lançada. Assim, para
fins de avaliação da qualidade de um corpo receptor são considerados três casos gerais:
yy Parâmetros Conservativos: quando a concentração do parâmetro não decai no tempo
ou não desaparece no corpo receptor por meio de processos de sedimentação,
absorção ou outros. Exemplo: Sólidos Dissolvidos, Cloretos, Pesticidas, Herbicidas,
observando que esses dois últimos tem decaimento muito lento;
yy Parâmetros não Conservativos: quando a concentração do parâmetro decai no tempo.
Exemplo: DBO, Oxigênio Dissolvido, Coliformes, entre outros;
yy Nitrogênio e Fósforo: que possuem formas individuais que variam ao longo do
percurso. Por exemplo, o nitrogênio amoniacal se transforma em nitrito e depois em
nitrato.
O lançamento de efluentes nos corpos d’água, especialmente esgotos sanitários, pode
resultar indiretamente no consumo de oxigênio dissolvido, tendo em vista a introdução de
matéria orgânica no meio, que constitui um dos principais problemas de poluição das águas.
Assim, a escolha do sistema de tratamento de efluentes deverá considerar, além das
características dos efluentes brutos, as características de uso da água a jusante do
lançamento e a capacidade de autodepuração, ou seja, a capacidade natural do corpo
receptor em restabelecer o equilíbrio do meio líquido através de processos de decomposição
biológica.
O teor de oxigênio dissolvido em um corpo d’água ou a porcentagem da Concentração de
Saturação de oxigênio (Cs) depende de vários fatores, entre eles a altitude, temperatura,
acidentes geográficos, salinidade, vazão, velocidade de escoamento, etc. Quanto maior
a temperatura menor é a concentração de oxigênio dissolvido presente na água; quanto
maior a altitude, menor a concentração de OD; e quanto maior a salinidade também é
menor a concentração de OD.
A Concentração da Saturação de oxigênio (Cs) é função da temperatura da água e da
altitude e pode ser calculada com base em considerações teóricas ou fórmulas empíricas.
Maiores temperaturas reduzem a concentração de saturação, assim como o aumento da
altitude.
A Tabela 4.1 apresenta informações preliminares de condição de vida aquática, porcentagens
de saturação de oxigênio dissolvido e concentração de DBO dependendo das condições do
corpo d’água.
93
Tabela 4.1 Condições de Vida Aquática
Aspecto OD, %
Condição do Rio DBO5,20º (mg/L) Vida peixes
estético saturação
Muito limpo 1 Bom 80% Vida aquática
Limpo 2 Bom 80% Vida aquática
Relativamente limpo 3 Bom 80% Vida aquática
Duvidoso 5 Turvo 50% Só os mais resistentes
Pobre 7,5 Turvo 50% Só os mais resistentes
Mau 10 Mau Quase nulo Difícil
Péssimo 20 Mau Quase nulo Difícil
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
94
Figura 4.1. Delimitação das zonas de autodepuração.
Fonte: Von Sperling, M. Introdução à Qualidade das águas e ao Tratamento de Esgotos. 2005.
95
a) Zona de Degradação
Localiza-se logo após o lançamento. A água apresenta-se turva e escura. Os sólidos
sedimentáveis do esgoto tendem a se depositar no fundo, onde entram em decomposição
anaeróbica. As concentrações de oxigênio dissolvido caem rapidamente, havendo aumento
dos teores de gás carbônico e amônia, podendo ocorrer redução do pH, tornando a água mais
ácida. O número de seres vivos diminui, podendo ser extintos ou expulsos, dependendo de
sua resistência às novas condições do meio. Observa-se a presença de bactérias, fungos e
protozoários e evasão de hidras, esponjas, musgos, crustáceos, moluscos e peixes.
c) Zona de Recuperação
Localiza-se após a zona de decomposição ativa e corresponde a um lento crescimento
do nível de oxigênio dissolvido. A água está mais clara e os depósitos de lodo no fundo
apresentam textura mais granulada, não havendo mais desprendimento de gases e mau
cheiro. A maior parte da matéria orgânica já foi parcialmente estabilizada nas zonas de
montante, ou seja, foi transformada em compostos inertes, reduzindo assim o consumo
de oxigênio dissolvido, cujas concentrações tendem a subir, pois a quantidade de oxigênio
fornecida pela reaeração é maior que o consumo devido a respiração bacteriana. O
gás carbônico e a amônia decrescem, e nota-se a presença de nitratos provenientes da
mineralização da matéria orgânica. O número de bactérias diminui devido à redução da
matéria orgânica que lhes serve de alimento. Reaparecem os fungos e algumas algas.
Há presença de moluscos e vários vermes, esponjas, musgos e larvas de insetos e com
a diversificação da cadeia alimentar começam a surgir peixes mais resistentes e plantas
aquáticas.
96
4.1 BALANÇO DO OXIGÊNIO DISSOLVIDO
97
Efluente de tratamento secundário 0,10 – 0,20 0,04 – 0,08
Corpo d’água - kr
Pouco poluído 0,10 – 0,15 0,04 – 0,06
Com oxidação biológica “normal” 0,10 – 0,60 0,04 – 0,25
Com alguma sedimentação 0,60 – 0,80 0,26 – 0,35
Com sedimentação ou rasos com elevada oxidação 1,00 – 3,00 0,43 – 1,30
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
4.1.2 Reaeração
O oxigênio dissolvido de um corpo d’água resulta principalmente, do processo natural
de reaeração, ou seja, da absorção do ar pela água durante o escoamento, sendo maior
quando há maior turbulência, dependendo assim das características da seção do rio e
existência de cascatas, corredeiras, etc.
O coeficiente de reaeração – k2 de um corpo d’água é função da temperatura da água e
da área superficial de interface ar/água e das condições de escoamento e sendo assim
apresenta variações ao longo de um mesmo rio. A Tabela 4.3 apresenta faixas de variação
de k2 para algumas características de rios.
Tabela 4.3 Faixas de variação do Coeficiente de Reaeração – k2
98
Figura 4.1 Curva de Depleção de Oxigênio
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
Qr.Cr + Qe.Ce
C0 =
Qr + Qe
99
onde:
C0 = concentração do constituinte na mistura (mg/L ou g/m3)
Cr = concentração do constituinte no rio (mg/L ou g/m3)
Ce = concentração do constituinte no efluente (mg/L ou g/m3)
Qr = Vazão do rio (L/s ou m3/s)
Qe = Vazão do efluente (L/s ou m3/s)
A razão de diluição, ou seja, a razão entre a vazão do rio e a vazão de esgotos pode
ser utilizada para se avaliar rapidamente o impacto de um determinado lançamento. Por
exemplo, um efluente com concentração de DBO de 100 mg/L lançado em um rio limpo
com DBO de 0 mg/L e sendo a razão de diluição de 10, resultará em concentração de DBO
na mistura de 100/10=10 mg/L.
Para a vazão do rio, considera-se a vazão crítica, ou seja, a situação mais desfavorável
quando a vazão é mínima e consequentemente a capacidade de diluição é menor.
O Estado de São Paulo adota como vazão crítica ou de referência, a vazão Q7,10, que
corresponde a mínima vazão com um período de retorno de 10 anos e período de duração
da mínima de 7 dias consecutivos. Alguns órgãos ambientais adotam como vazão de
referência a Q90 (ou Q95), que corresponde a vazão em que 90% (ou 95%) dos dados diários
de vazão de uma série histórica são superiores a ela, ou seja, 10% (ou 5%) das vazões
diárias são inferiores.
100
101
102
103
104
Tratamento de Efluentes Líquidos
Aula 5
105
106
5. TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS
Para a definição da concepção de um sistema de tratamento de efluentes devem ser
considerados:
yy Caracterização qualitativa e quantitativa do efluente a ser tratado;
yy Análise técnico-econômica;
yy Área disponível;
yy Classe do corpo receptor;
yy Legislação;
yy Características meteorológicas da região;
yy Recurso financeiro disponível;
yy Projeções e prospecções;
yy Localização da ETE.
E = CB – CT x 100
CB
onde:
E – Eficiência de remoção (%)
CB – Concentração efluente bruto (mg/L)
CT – Concentração efluente tratado (mg/L)
107
5.1 PRINCIPAIS TIPOS DE SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES
NÍVEL DE TRATAMENTO
ITEM
PRELIMINAR PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO
Sólidos não
Nutrientes;
sedimentáveis;
Sólidos Matéria orgânica;
DBO em suspensão
Sedimentáveis; Sólidos
fina;
Poluentes DBO em suspensão suspensos;
Sólidos Grosseiros. DBO solúvel;
removidos (matéria orgânica Patógenos;
Nutrientes
presente nos sólidos Poluentes
(parcialmente);
sedimentáveis). tóxicos ou
Patógenos
biodegradáveis.
(parcialmente).
SS: 80 a 99%;
SS: 5 a 20%; SS: 40 a 70%; SS: 65 a 95%;
DBO: 40 a 99%;
DBO: 5 a 10%; DBO: 25 a 50%; DBO: 60 a 95%;
Eficiência Nutrientes: até
Nutrientes: não Nutrientes: não Nutrientes: 10 a
de Remoção 99%;
remove; remove; 50%;
Bactérias: até
Bactérias: 10 a 20%. Bactérias: 25 a 75%. Bactérias: 70 a 99%.
99,999%.
Físico, Físico- Físico, Físico-
Mecanismo Físico. Químico ou Biológico. Químico ou
Biológico. Biológico.
Atende
padrão de Não. Não. Usualmente sim. Sim.
emissão
Tratamento mais
completo para Tratamento
matéria orgânica avançado para
Montante de Tratamento parcial; e sólidos em polimento visando
elevatória; Etapa intermediaria suspensão (para atendimento
Aplicação
Etapa inicial de de tratamento mais nutrientes e a padrões de
tratamento. completo. coliformes, com emissão mais
adaptações ou restritivos ou
inclusão de etapas reuso de água.
especificas).
Lagoas de
Polimento;
Filtros Biológicos;
Sedimentação; Filtração com
Gradeamento; Lodos Ativados;
Flotação; Membranas;
Peneiras; Caixa Valos de Oxidação;
Unidades Precipitação Filtração Lenta ou
de Areia; Caixa de Lagoas de
Química; Sistemas Rápida através de
Gordura. Estabilização;
Anaeróbios. meios porosos;
Lagoas Aeradas.
Tratamento Físico
– Químico.
108
5.1.1 Tipos de Processo
yy Processos Físicos: se caracterizam pela remoção de substâncias fisicamente
separáveis dos líquidos ou que não estejam dissolvidas através de processos
predominantemente físicos, que incluem remoção de sólidos grosseiros, de sólidos
sedimentáveis e sólidos flutuantes, remoção de umidade de lodo, filtração dos
esgotos, etc.
yy Processos Químicos: quando há a adição de produtos químicos, geralmente utilizado
quando os processos físicos e biológicos não atendem as características desejadas
para o efluente tratado ou para melhorar o desempenho de processos físicos e
biológicos. Os processos químicos normalmente adotados são: coagulação e
floculação, precipitação química, oxidação química, cloração e correção de pH.
yy Processos Biológicos: dependem da ação de microrganismos presentes no esgoto
para a degradação da matéria orgânica e procuram reproduzir os fenômenos
biológicos observados na natureza em unidades projetadas e em tempos
economicamente justificáveis. Na alimentação predominam fenômenos que
transformam compostos complexos em compostos simples como sais minerais,
gás carbônico, etc. Os processos biológicos são divididos em processos aeróbios e
anaeróbios.
yy Dentre os processos aeróbios podemos citar lodos ativados, filtros biológicos, valos de
oxidação e lagoas de estabilização. Os processos anaeróbios são reatores anaeróbios
de fluxo ascendente, lagoas anaeróbias e tanques sépticos.
5.2.1 Gradeamento
Esta unidade tem como finalidade a proteção de tubulações, peças e equipamentos do
sistema de tratamento de esgotos. Os dispositivos utilizados são barras de ferro ou aço
paralelas, verticais ou inclinadas, com espaçamento adequado para retenção de material
sem produzir grandes perdas de carga.
As grades são classificadas de acordo com o seu espaçamento e seção transversal típica
conforme apresentado na Tabela 5.2 a seguir.
Tabela 5.2. Classificação das Grades
Espaçamento
Tipo de Grade Seção Transversal Típica (pol.)
(mm)
3/8 x 2
3/8 x 2 ½
Grade Grosseira 40 a 100
1/2 x 1 ½
1/2 x 2
5/26 x 2
Grade Média 20 a 40 3/8 x 1 ½
3/8 x 2
1/4 x 1 ½
Grade Fina 10 a 20 5/16 x 1 ½
3/8 x 1 ½
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
109
A inclinação das grades depende da maneira como será realizada a limpeza, sendo 45 a
60º para grades com limpeza manual com ancinhos e 70 a 90º para limpeza mecanizada
realizada com rastelo.
5.2.2 Peneiras
Tem como finalidade a remoção de sólidos finos ou fibrosos e são classificadas em estáticas
e móveis.
yy Peneiras Estáticas
– Retenção de material através do efeito do fluxo líquido durante o peneiramento;
– Não requer energia e não possui peças móveis;
– Ocupam maiores áreas;
– Abertura da malha da peneira: de 0,25 a 2,5 mm.
110
yy Peneiras Móveis
– Principais tipos constituídos de cilindros giratórios formados por barras de aço
inoxidável;
– Abertura da malha da peneira: 0,25 a 2,50 mm;
– Classificação: de fluxo tangencial, axial e frontal.
Peneiras Móveis de Fluxo Tangencial
- Operação e manutenção simplificada;
- Grande capacidade de processamento de efluente líquido;
- Elevada eficiência na remoção de material flutuante;
- Baixa eficiência para a remoção de DBO e SST.
111
Figura 5.4 Peneira Móvel de Fluxo Axial.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
112
Caixa de Areia com velocidade controlada
por Calha Parshall.
113
Figura 5.5 Calha Parshall.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
114
2’ 0,610 1,550 1,426
3’ 0,915 1,566 2,182
4’ 1,220 1,578 2,935
6’ 1,830 1,595 4,515
8’ 2,440 1,606 6,101
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
Deve-se ressaltar que a relação descrita somente é válida para escoamento em descarga
livre e em condições onde a Calha Parshall operar afogada seja pela existência de obstáculos
ou por níveis elevados nas unidades a jusante, as medições devem ser corrigidas.
O escoamento será livre quando a relação entre as profundidades medidas na seção
convergente e na garganta for igual ou inferior a 0,60 para calhas de 3, 6 ou 9” e igual ou
inferior a 0,70 para calhas de 1 a 8’. Nas demais condições considera-se que o escoamento
é afogado.
A Calha Parshall também pode ser utilizada para controlar a velocidade de escoamento
na caixa de areia, para isso deve ser instalada imediatamente a jusante dessa unidade
(retangular e com seção trapezoidal) devendo existir um desnível ou rebaixo “z” entre o
fundo da calha e o fundo da caixa de areia de maneira a possibilitar variação nas lâminas
d’água de acordo com a variação das vazões afluentes, mantendo assim a velocidade
constante de escoamento.
O cálculo do rebaixo “z” é realizado a partir da escolha da calha Parshall e definição da
garganta característica, possibilitando o cálculo das alturas de lâminas d’água para as
vazões mínimas e máximas. O rebaixo “z” é calculado admitindo-se que a velocidade na
caixa de areia é praticamente constante e assim temos:
Q=S.v = [b.(h-z)].v
Qmin= [b.(hmín – z)].v
Qmáx= [b.(hmáx – z)].v
Qmin hmín – z
=
Qmáx hmáx – z
115
Figura 5.6 Calha Parshall a jusante da Caixa de Areia.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
116
5.3.1 Decantador Primário
O Decantador Primário que tem a função de reter parte dos sólidos em suspensão, bem
como o material que tende a flotar, ou seja, em um tempo de detenção adequado, os sólidos
com peso específico maior do que o da água sedimentam e os com peso específico menor
ascendem. Essa unidade reduz a carga orgânica, minimizando os custos de implantação e
operação no tratamento biológico.
A eficiência na remoção de DBO é de 25 a 35% e de SS é de 40 a 60%.
Os decantadores são classificados conforme apresentado a seguir:
yy Quanto à geometria:
- Decantadores retangulares;
- Decantadores circulares.
117
Figura 5.8 Decantador – Defletor Horizontal para evitar arraste de sólidos.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 4 – Lodos Ativados. 2ªed.
2002.
118
5.3.2 Flotadores
Os Flotadores podem ser utilizados para a remoção de óleos e graxas e sólidos em
suspensão, adensamento de lodos biológico e de processos físico-químico e em substituição
aos decantadores secundários em sistemas de lodos ativados.
A separação dos sólidos é realizada com a aplicação de ar, que pode ser realizada na
entrada da unidade com a saturação da massa líquida, ou seja, o efluente passa por um
tanque de retenção onde é aplicada pressão de 3 a 5 kg/cm2, suficiente para a saturação do
ar na água, e depois segue para o Flotador, onde minúsculas bolhas de ar são desprendidas
e arrastam os sólidos em suspensão e os óleos e graxas para a superfície. A pressurização
dos efluentes pode ser total no caso de pequenas instalações ou parcial, normalmente no
caso de grandes instalações.
O fornecimento de ar pode também ser realizado no fundo do tanque com difusores, no
entanto esse sistema apresenta baixa eficiência na remoção de sólidos e óleos.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
A eficiência típica de remoção em termos de DBO situa-se entre 40% e 50%, de SS entre
50% e 70% e de coliformes entre 60% e 90%.
5.3.3 Filtração
A filtração é utilizada quando se pretende a remoção de sólidos em suspensão, cor, ferro
trivalente e até mesmo DBO e compreende duas etapas, a filtração onde o efluente passa
pelo material filtrante, podendo o fluxo ser ascendente ou descendente, e a limpeza ou
retrolavagem do filtro, cuja periodicidade depende do tipo de operação do sistema, que
pode ser contínuo ou descontínuo.
Os filtros podem operar por gravidade, com camada simples ou dupla de meio filtrante, ou
pressurizados que podem operar até com tripla camada.
119
O meio filtrante do tipo granular é definido, dependendo das taxas de aplicação, do tipo de
efluente a ser tratado e eficiência desejada, podendo ser utilizados areia lavada, antracito,
carvão ativado, zeólitas e seixos. Os filtros de areia são projetados para remoção de sólidos
com granulometria maior que 20 mm e os filtros pressurizados com elemento filtrante pré-
fabricado podem remover sólidos com granulometria inferior a 5 mm.
As taxas de aplicação para os filtros por gravidade de camada simples variam entre 5 a 10
m3/m2.h e os de camada dupla entre 10 a 15 m3/m2.h, já para os filtros pressurizados as
taxas de aplicação variam de 8 a 15 m3/m2.h.
A lavagem dos filtros normalmente é realizada em contracorrente e depende do tipo de
filtro, meio filtrante e efluente tratado, sendo adotados normalmente tempos de lavagem de
5 a 10 minutos para filtros por gravidade e de 10 a 20 minutos para filtros pressurizados.
120
Tabela 5.5. Classificação das membranas.
Pressão de Taxa de fluxo Contaminantes
Membrana Porosidade (µ)
operação (kPa) (L/m2.d) removidos
Bactérias, vírus, sólidos
Microfiltração
0,1 – 10 6,89 - 206,70 405 a 1600 suspensos, emulsões
(MF)
oleosas, cryptosporidium.
Proteínas, amidos,
antibióticos, vírus, sílica
Ultrafiltração
0,01 – 0,1 20,67 – 551,20 405 a 815 coloidal, orgânicos,
(UF)
bactérias, óleo solúvel,
biomassa de lodo ativado.
Amidos, açúcares,
pesticidas, herbicidas,
Nanofiltração
0,001 – 0,01 482,30 – 1.515,80 200 a 815 pirógenos, íons divalentes,
(NF)
orgânicos, metais
pesados, detergentes.
Íons monovalentes,
Osmose
< 0,001 5.512 – 8.268 320 a 490 açúcares, sais aquosos,
Reversa (OR)
corantes sintéticos.
Fonte: Adaptado de WEF, 2006; Cavalcanti, 2009; Nuvolari; Costa, 2010.
Na Tabela 5.6 são apresentadas as dimensões dos principais componentes presentes nas
águas naturais e os tipos de membranas passíveis de utilização.
Tabela 5.6. Dimensões dos principais componentes presentes em águas naturais e tipos de
membranas.
121
Para o tratamento de efluentes são utilizadas apenas membranas sintéticas de origem
orgânica (celulose, polímero) ou inorgânicas (cerâmica, alumínio), dependendo de sua
utilização e requisitos operacionais (PINNEKAMP, 2006).
O sistema de separação por membranas é composto por módulos que contêm os seguintes
elementos: membranas, estrutura de suporte da força aplicada ao sistema e canais de
alimentação, de remoção do permeado e do concentrado (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001;
WEF, 2006; NUVOLARI; COSTA, 2010).
Os principais tipos de módulos de membranas utilizados no tratamento de efluentes são:
placas planas, tubulares, espirais, com fibras ocas e com discos rotatórios.
yy Módulos com placas planas
É a configuração mais simples dos módulos de membranas, sendo utilizada nos processos
de ultrafiltração, nanofiltração, osmose reversa e reatores biológicos. O sistema consiste
no empilhamento vertical ou horizontal de membranas planas e placas de suporte e
possui densidade volumétrica entre 100 e 400 m2/m3 (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). O
espaçamento médio entre placas é de aproximadamente 10 mm (WEF, 2006). A Figura
5.10 apresenta um módulo de placas planas.
yy Módulos tubulares
Os módulos são formados por tubos individuais ou conjuntos de tubos de diâmetro entre
6 e 40 mm que são revestidos internamente com membranas e são colocados no interior
de cilindros de suporte. A principal desvantagem desse sistema está relacionada a sua
baixa densidade volumétrica, entretanto possibilita altas velocidades de transporte do
líquido (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). A Figura 5.11 apresenta exemplos de módulos de
membrana tubulares.
122
Figura 5.11. Módulos tubulares.
Fonte: Boldman; Latz apud Schneider; Tsutiya, 2001.
yy Módulos espirais
O módulo de membranas espirais é formado pelo conjunto de tubos de pressão de PVC
ou de aço inox e de elementos de membranas espirais inseridos no interior dos tubos. O
elemento de membrana é formado por um pacote de membranas e espaçadores enrolados
em volta de um tubo central que coleta o permeado. O diâmetro dos elementos pode chegar
a 300 mm e o comprimento a 1,5 m e possui densidade volumétrica da ordem de 700 a
1.000 m2/m3 (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). A Figura 5.12 apresenta esquema típico de
um módulo espiral.
Esses módulos são mais utilizados quando há necessidade de pressões altas e
intermediárias, ou seja, nanofiltração e osmose reversa.
123
yy Módulos com fibras ocas
São utilizados principalmente em grandes sistemas de produção de água por microfiltração,
ultrafiltração e osmose reversa (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001).
Nos sistemas utilizados para microfiltração e ultrafiltração são utilizadas de centenas a
22.500 fibras ocas que são fixadas às duas extremidades de um tubo, resultando em
densidade volumétrica de aproximadamente 1.000 m2/m3. O fluxo de efluente pode ser
bombeado pelo interior das fibras com o permeado sendo coletado no centro do tubo ou
ser bombeado dentro do tubo e o permeado coletado nas extremidades depois de percolar
por entre as fibras.
Nos sistemas de osmose reversa são utilizadas 650.000 fibras com 41 mm de diâmetro interno
e 110 mm de diâmetro externo e a densidade volumétrica do sistema é de aproximadamente
10.000 m2/m3. Nesse tipo de sistema, as fibras são longas de maneira a serem inseridas no
tubo formando um “U” ou como pacotes de fibras paralelas e o efluente é bombeado para
o interior do tubo (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001).
O diâmetro externo das fibras ocas varia de 1 a 2 mm e a sua elevada densidade volumétrica
e a baixa pressão requerida resultam em um custo baixo e dessa maneira, os sistemas com
fibras ocas estão se tornando bastante populares em sistemas de tratamento municipais.
(WEF, 2006). A Figura 5.13 apresenta exemplos de módulos de fibras ocas.
(a)
(b)
Figura 5.13. Módulo com fibras ocas.
Fonte: (a) Catálogo Norit, 2008; (b) Catálogo GE Power Water, 2011.
124
por membranas fixadas em placas redondas em um eixo vertical e o movimento giratório
remove a camada retida em sua superfície. Possui alto consumo de energia e se restringe
a instalações de pequeno porte (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). O sistema com movimento
giratório foi criado com a intenção de reduzir os problemas com fouling (WEF, 2006). Na
Figura 5.14 são apresentados detalhes dos módulos com discos rotatórios.
Figura 5.14. Módulo com discos rotatórios. (a) Módulo completo. (b) Detalhe de montagem
do disco de membrana.
Fonte: Schneider; Tsutiya, 2001.
125
Figura 5.15. Processo de Osmose Reversa
Fonte: Schneider; Tsutiya, 2001.
5.4.1 Coagulação
É a operação unitária responsável pela desestabilização das partículas coloidais em um
sistema aquoso, preparando-as para a sua remoção nas etapas subseqüentes do processo
de tratamento.
São utilizados como coagulantes o Sulfato de Alumínio (sólido ou líquido), Cloreto Férrico
(líquido), Sulfato Férrico (líquido), Cloreto de Polialumínio (sólido ou líquido), Sulfato Ferroso
(sólido ou líquido) e Coagulantes Orgânicos Catiônicos (sólido ou líquido). A quantidade
dosada de produtos químicos normalmente é definida em ensaios de laboratório (Jar-Test).
O processo requer uma agitação elevada com Gradiente de Velocidade G entre 700 e 1500
s-1 e tempo de detenção inferior a 30 s, preferencialmente entre 5 a 10 s e a dosagem dos
produtos químicos, que requer mistura rápida, pode ser realizada diretamente na Calha
Parshall ou em tanque com misturadores mecanizados.
5.4.2 Floculação
É um processo físico-químico no qual as partículas coloidais são colocadas em contato
umas com as outras de modo a permitir o aumento de seu tamanho físico, alterando, desta
forma, a sua distribuição.
Normalmente segue-se à coagulação e é realizada com 3 estágios de gradiente de
velocidade G decrescentes, variando de 20 a 1000 s-1 e tempo de detenção de 10 a 30
minutos.
126
São utilizados como coagulantes: Eletrólitos, Agentes Tensoativos e Polieletrólitos e
a mistura lenta desses produtos com os efluentes pode ser realizada em tanques com
chicanas ou com misturadores mecanizados com pás rotativas.
128
Figura 5.16. Filtro Biológico de Baixa Carga.
yy Filtros Biológicos de Alta Carga: similar aos Filtros Biológicos de Baixa Carga,
apresentando maiores taxas de aplicação por área superficial, resultando em menores
eficiências na remoção de DBO (80 a 90%). O sistema conta com recirculação do
efluente de maneira a manter as vazões afluentes e o lodo gerado não é estabilizado,
sendo necessárias etapas de adensamento, digestão e desidratação. A profundidade
varia de 0,90 a 2,00 m,
129
Figura 5.17. Filtro Biológico de Alta Carga.
131
Filtro Biológico Percolador. Filtro Biológico. Distribuidor Rotativo de Esgotos.
Filtro Biológico. Meio Suporte de Filtro Biológico. Filtro Biológico. Detalhe de Meio Suporte modelo
Randômico
132
O sistema de lodos ativados possui três modalidades principais:
Convencional: no sistema de lodos ativados convencional o tempo de detenção do líquido
é baixo, da ordem de 6 a 8 horas e o tempo de retenção de sólidos (idade do lodo) é
da ordem de 4 a 10 dias, sendo que esta maior permanência dos sólidos no sistema é
responsável por sua maior eficiência na remoção de matéria orgânica. Para a economia
de energia do sistema de aeração, parte da matéria orgânica é retirada no decantador
primário, antes do tanque de aeração. O tratamento da fase sólida deste sistema exige
as etapas de estabilização, adensamento e desidratação, pois o lodo biológico excedente
apresenta elevado teor de matéria orgânica biodegradável e o lodo primário retirado do
decantador primário também não está estabilizado. A eficiência na remoção de DBO é de
85 a 93%, de SS é de 87 a 93% e de Nitrogênio >80%.
133
Figura 5.20. Lodos Ativados Aeração Prolongada.
yy Lodos Ativados por Batelada: essa variante do sistema de lodos ativados opera com
fluxo intermitente, isto é, todas as etapas do tratamento são realizadas em uma única
unidade, através do estabelecimento de ciclos de operação com duração definida. Os
ciclos normais do tratamento são: Enchimento (entrada do esgoto no reator), Reação
(aeração e mistura da massa líquida), Sedimentação, Esvaziamento (retirada do esgoto
tratado) e Repouso (remoção do lodo excedente). A eficiência na remoção de DBO é de
90 a 97%, de SS é de 87 a 93% e de Nitrogênio >80%.
134
Figura 5.21. Lodos Ativados Batelada.
135
Sistema Vantagens Desvantagens
Aeração yy Idem Lodos Ativados Convencionais. yy Baixa eficiência na remoção de
Prolongada yy Sistema com maior eficiência na coliformes.
remoção da DBO. yy Elevados custos de implantação e
yy Nitrificação consistente. operação.
yy Operação mais simples. yy Sistema com maior consumo de
energia
yy Menor geração de lodo que lodos
ativados convencional. yy Elevado índice de mecanização.
yy Estabilização do lodo no próprio
reator.
yy Elevada resistência a variações de
carga e a carga tóxicas.
yy Satisfatória independência das
condições climáticas.
Sistema por yy Elevada eficiência na remoção de yy Baixa eficiência na remoção de
Batelada DBO. coliformes.
yy Satisfatória remoção de N e yy Elevados custos de implantação e
possivelmente P. operação.
yy Baixos requisitos de área. yy Maior potência instalada que os
yy Operação mais simples que os demais sistemas de lodos ativados.
demais sistemas de lodos ativados. yy Mais competitivo economicamente
yy Flexibilidade operacional. para populações pequenas e médias.
yy Não há necessidade de Decantador
secundário e elevatória de
recirculação.
Lodos yy Idem lodos ativados convencional. yy Idem lodos ativados convencional.
Ativados com yy Elevada eficiência na remoção de yy Necessidade de recirculações
Remoção nutrientes. internas.
Biológica de
yy Aumento da complexidade
Nutrientes
operacional.
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 4 – Lodos Ativados. 2ªed.
2002.
O sistema de lodos ativados pode ser também utilizado para o pós-tratamento de efluentes
anaeróbios de reatores tipo UASB. Nessa configuração, o decantador primário é substituído
pelo reator UASB que recebe o lodo biológico excedente do tanque de aeração, simplificando
o tratamento da fase sólida, pois no reator UASB o lodo biológico excedente é adensado
e estabilizado juntamente com lodo anaeróbio, sendo nesse caso, necessário apenas a
etapa de desidratação.
As principais vantagens desta configuração são:
yy Menor produção de lodo;
yy Menor consumo de energia;
yy Menor consumo de produtos químicos na desidratação;
yy Menor necessidade de equipamentos;
yy Maior simplicidade.
A aeração no sistema de lodos ativados tem a função de promover mistura dos esgotos
com o lodo ativado, a fim de não permitir a sedimentação do floco, bem como aumentar
o contato entre alimento e microrganismos, além de fornecer oxigênio necessário para
136
a sua reprodução. Podem ser utilizados aeradores superficiais ou difusores. No sistema
de difusores o ar é fornecido por um compressor ou soprador, sendo o ar introduzido em
microbolhas. Já no sistema com aeradores superficiais o oxigênio é introduzido graças à
exposição à atmosfera e à agitação do líquido, sendo que os aeradores podem ser fixos ou
montados sobre flutuadores.
Difusores Aeradores Superficiais
137
Figura 5.22. Processos que ocorrem em uma Lagoa de Estabilização.
As principais vantagens do sistema de lagoas são o baixo custo de implantação, projeto e
operação simples e terreno reaproveitável. As desvantagens são necessidade de grandes
áreas, excesso de algas no efluente final e maus odores no caso das lagoas anaeróbias.
As lagoas se classificam em: Anaeróbias, Facultativas, Aeradas Facultativas, Aeradas de
Mistura Completa, de Maturação e de Polimento.
yy Lagoas Facultativas: é o processo mais simples dentre os diversos tipos de lagoas de
estabilização, pois depende apenas de fenômenos naturais e dessa maneira apresenta
tempo de detenção bastante elevado, normalmente superior a 20 dias, podendo chegar
a 45 dias, para a estabilização da matéria orgânica, resultando na necessidade de
grandes áreas para as lagoas. Parte da matéria orgânica presente no esgoto sedimenta
formando o lodo de fundo, que será decomposto por microrganismos anaeróbios. A
matéria orgânica dissolvida permanece dispersa na massa líquida e será decomposta
por bactérias facultativas, que utilizam a matéria orgânica como fonte de energia através
da respiração. O oxigênio necessário para a respiração aeróbia é suprido através da
fotossíntese das algas, sendo utilizado como fonte luminosa o sol, sendo assim, sua
profundidade varia de 1,50 a 2,00 m. A eficiência na remoção de DBO é de 75 a 85% e
de SS é de 70 a 80%.
138
Figura 5.23. Lagoa Facultativa.
139
Figura 5.24. Sistema Australiano – Lagoa Anaeróbia seguida de Lagoa Facultativa.
140
Figura 5.25. Lagoa Aerada Facultativa.
141
Figura 5.26. Lagoa Aerada de Mistura Completa seguida de Lagoa de Decantação.
142
Tabela 5.8. Vantagens e Desvantagens dos sistemas de Lagoas de Estabilização
143
5.6 TRATAMENTO BIOLÓGICO ANAERÓBIO
144
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT publicou duas normas com
recomendações para projeto, construção e operação de fossas sépticas e unidades
complementares de tratamento, relacionadas a seguir:
yy NBR 7.229 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos, de Set/93;
yy NBR 13.969 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição
final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação, Jan/97.
145
Figura 5.28. Filtro Anaeróbio com fundo falso.
Fonte: Chernicharo, C.A. de L. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 5 – Reatores
Anaeróbios. 2ªed. 2007
146
Figura 5.29. Esquema de Reator de Manta de Lodo – UASB.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
147
5.7 TECNOLOGIAS RECENTES
148
Figura 5.31 Configurações possíveis de wetlands construídas
Fluxo Superficial.
Fluxo Sub-superficial.
149
Fluxo Horizontal Fluxo Vertical
Figura 5.32 Classificação das Wetlands quanto ao fluxo.
Fonte: Salati, E.; Salati Filho, E.; Salati, E. Utilização de Sistemas de Wetlands Construídas para Tratamento de Águas.
Piracicaba. 2009.
Dotro, G.; Langergraber, G.; Molle, P.; Nivala, J.;Puigagut, J.; Stein, O.; Von Sperling, M.. Biological Wastewater
Treatment Series. Volume 7 – Treatment Wetlands. 1ªedição. Londres: IWA Publishing, 2017.
As wetlands construídas híbridas (sistemas compostos por uma câmara de fluxo vertical
seguido por uma câmara de fluxo horizontal ou vice-versa, com lâmina líquida superficial
ou subsuperficial) têm como vantagens a possibilidade de elevação da remoção de
nutrientes, patógenos, matérias orgânica e inorgânica, a minimização da área superficial
do leito filtrante e o retardamento da colmatação do leito filtrante e de possíveis problemas
operacionais subsequentes.
As condições operacionais e os critérios normalmente utilizados nas etapas de concepção
e projeto de wetlands construídas são: tempo de detenção hidráulica; área superficial
do leito filtrante; altura da lâmina líquida ou altura do substrato submerso; profundidade
do meio filtrante; taxa de carregamento hidráulico, taxa de carregamento de matéria
orgânica e taxa de carregamento de sólidos (TCHOBANOGLOUS e col., 1991; CRITES
e TCHOBANOGLOUS, 1998; CORAUCCI FILHO e col., 2001). Alguns autores indicam
tempos de detenção de 5 a 14 dias para sistemas de fluxo superficial e 2 a 7 dias para
sistemas de fluxo subsuperficial e áreas requeridas de 0,002 a 0,014 ha/m3xd e de 0,001 a
0,007 ha/m3xd, para fluxo superficial e subsuperficial, respectivamente.
Os fatores mais influentes no desempenho do processo referem-se aos microrganismos
(responsáveis pela decomposição biológica da matéria orgânica e nutrientes), ao substrato
(meio filtrante), às macrófitas aquáticas (retirada de nutrientes), às condições ambientais
locais (chuvas, insolação, temperatura, umidade, etc.) e ao projeto hidráulico do sistema
(KIVAISI, 2001).
O meio filtrante tem como funções auxiliar o processo de formação de biofilme para remoção
de matéria orgânica, auxiliar o processo de filtração do esgoto para remoção de sólidos
suspensos e servir como meio de sustentação para as macrófitas aquáticas.
A remoção dos poluentes é realizada por diversos mecanismos de tratamento (Quadro 5.1)
incluindo sedimentação, filtração, precipitação e adsorção químicas, interações microbianas
e absorção pela vegetação, sendo verificadas eficiências de remoção de DBO > 80%, entre
10 e 20% para Fósforo e entre 20 a 30% para Nitrogênio Amoniacal para sistemas de
150
fluxo horizontal e > 90% para DBO, entre 10 e 20% para Fósforo e > 90% para Nitrogênio
Amoniacal para fluxo vertical, quando utilizadas como sistema de tratamento secundário.
Quadro 5.1. Mecanismos de remoção dos poluentes constituintes do esgoto
Componente do
Mecanismo de remoção (Agente atuante)
esgoto
Sedimentação (meio filtrante)
Sólidos suspensos
Filtração (meio filtrante)
Matéria orgânica
Degradação biológica aeróbia e anaeróbia (microrganismos)
biodegradável solúvel
151
5.7.2 Sistema MBR
O sistema MBR (membrane bio reactor) ou Reator com Membranas é a associação do
tratamento biológico convencional (reator ou biorreator) com o tratamento físico (filtração
por membranas) (Nuvolari; Costa, 2010; WEF, 2006).
Nos sistemas de lodos ativados os componentes dissolvidos presentes no esgoto são
transformados no reator aerado em material particulado (biomassa) e em agregados
sólidos sedimentáveis, que são removidos no decantador secundário. Sua eficiência está
associada à boa separação da biomassa no decantador e sob o ponto de vista de saúde
pública os organismos patogênicos não são completamente removidos nessa unidade. A
tecnologia de membranas possibilita a retenção total da biomassa no reator, aumentando
sua eficiência, assim como a retenção de microrganismos (Schneider; Tsutiya, 2001).
O sistema MBR possibilita elevadas idades de lodo, minimizando os picos de carga orgânica
e resultando em menores tempos de detenção hidráulica devido a elevada concentração
de biomassa (DEZOTI et al, 2008). Na Figura 5.33 é apresentado o fluxograma típico de
um sistema MBR.
Tratamento do Disposição
lodo Final
152
Figura 5.34. Tipos de sistemas com membranas. (a) Membrana Externa. (b) Membrana
Interna.
Fonte: Schneider; Tsutiya, 2001.
5.7.3 Reator com Biofilme em Leito Móvel (MBBR – Moving Bed Biofilm Reactor)
O processo de tratamento de efluentes com o uso de reatores com biofilme em leito
móvel (MBBR - Moving Bed Biofilm Reactors) é baseado na utilização de biofilmes para
153
a degradação de matéria orgânica e remoção de nutrientes, resultando em sistemas de
dimensões relativamente reduzidas.
O biofilme consiste em comunidades de microrganismos desenvolvidas aderidas a
superfícies, nesse caso, aos elementos de suporte que são pequenas peças de polietileno
(Figura 5.35), que apresentam grande área superficial específica (300 a 500 m²/m³) e se
encontram em suspensão e em movimento no leito do reator. A agitação é proporcionada
pelo próprio sistema de aeração, constituído por difusores de ar instalados no fundo do
tanque (HEM, 1994).
154
5.8 DESINFECÇÃO
5.8.1 Cloração
A cloração é um processo de desinfecção bastante utilizado e é realizada com o uso de
cloro em sua forma gasosa, hipoclorito de sódio ou hipoclorito de cálcio, que destroem os
microrganismos ao penetrar em suas células e reagir com suas enzimas. Para a desinfecção
utilizando compostos a base de cloro, com exceção do dióxido de cloro, a norma ABNT
NBR 12209/11 recomenda que seja garantido cloro residual de 0,50 mg/L em um tempo
de contato de no mínimo 30 minutos em relação a vazão média e 15 minutos em relação a
vazão máxima. Para o dióxido de cloro, recomenda residual de 0,10 mg/L após tempo de
contato de 5 minutos em relação a vazão máxima.
Recentemente pesquisas estão sendo realizadas para verificar os efeitos da cloração na
matéria orgânica, na formação de compostos organoclorados e trihalometanos e seus
possíveis efeitos carcinogênicos e ainda a possível toxicidade à biota aquática.
Para reduzir o impacto do lançamento de efluentes tratados com cloração no meio ambiente
pode-se proceder a descloração que geralmente é feita com dióxido de enxofre.
5.8.3 Ozonização
O processo consiste na aplicação do ozônio (O3) que é um oxidante bastante reativo e
bactericida, através da difusão do gás no líquido que pode ser feita por meio da difusão
do ar ozonizado, hidroejetores, emulsantes e misturadores estáticos. Recomenda-se sua
aplicação apenas em efluentes que tenham passado por processos de nitrificação ou
filtração.
O ozônio se decompõe em oxigênio elementar em curto espaço de tempo e devido a essa
instabilidade é gerado no local onde será aplicado. A geração de ozônio se dá através da
passagem de uma massa de ar filtrado com alto teor de oxigênio entre dois eletrodos onde
se aplica uma alta voltagem.
O mecanismo de desinfecção inclui a destruição parcial ou total da parede celular levando
à lise das células, reações com radicais livres (peróxido de hidrogênio e íon hidroxila) da
155
decomposição do ozônio e danos a constituintes do material genético. Uma das vantagens
desse processo é a não formação de trihalometanos, entretanto, pouco se sabe sobre a
formação de sub produtos, sendo sua aplicação restrita a estações de médio e grande
porte dada a complexidade da tecnologia e custos operacionais.
156
Tabela 5.10. Vantagens e Desvantagens dos Principais Processos de Desinfecção
Agente
Processo Vantagens Desvantagens
orgânicos e inorgânicos.
Cloração/
yy Flexibilidade de dosagens. yy Gera subprodutos
descloração
potencialmente perigosos.
yy Aumenta os sólidos totais
dissolvidos.
yy Alguns patógenos são
resistentes.
yy Mais efetivo na destruição de yy Baixas doses podem não inativar
vírus e bactérias que o cloro. alguns vírus, esporos e cistos.
yy Utiliza curto tempo de contato yy Tecnologia mais complexa que a
Processos artificiais
Fonte: Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à Qualidade
das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.
157
5.9 DISPOSIÇÃO CONTROLADA NO SOLO
158
A aplicação dos efluentes é intermitente de maneira a possibilitar um período de descanso
do solo e pode ser feita por descarga direta ou por aspersores de alta capacidade. Dentre
os processos de disposição no solo é o que apresenta menor requisito de área.
159
Figura 5.38. Sistema de Escoamento Superficial.
160
Sistema de Frequência Adensamento Digestão Desidratação Disposição
Tratamento de remoção Final
Lodo Ativado
Aeração contínua X X X
prolongada
Lodo Ativado
contínua X X X
(Batelada)
Filtro Biológico
contínua X X
(baixa carga)
Filtro Biológico
contínua X X X X
(alta carga)
Biodiscos contínua X X
Reator
Anaeróbio variável X X
(UASB)
Tanque
Séptico+Filtro variável X X
Anaeróbio
Fonte: Adaptado de Von Sperling, M. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias. Volume 1 – Introdução à
Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 3ªed. 2005.
5.10.1 Adensamento
O adensamento tem como finalidade remover a umidade do lodo, aumentando assim o
teor de sólidos e reduzindo o volume de lodo a ser desidratado. Os principais processos
utilizados são: adensamento por gravidade, flotadores por ar dissolvido, centrífugas e
prensas desaguadoras.
Os adensadores por gravidade geralmente são circulares e com alimentação central e
saída do lodo pelo fundo e do material sobrenadante pela periferia, que é retornado para a
entrada da estação de tratamento. O teor de sólidos para lodo primário é entre 4 a 8%, para
lodo secundário de 2 a 3% e para lodo misto de 3 a 7%.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
161
Nos flotadores por ar dissolvido a separação do lodo é realizada com a introdução de ar
difuso, sendo obtido teor de sólidos para lodo secundário de 2 a 5%.
Nas centrífugas e prensas desaguadoras o teor de sólidos para lodo secundário varia entre
3 a 7% e para lodo misto entre 4 e 8%.
Fonte: Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
A estabilização do lodo também pode ser feita com a adição de produtos químicos alcalinos
para elevar o pH até 12 ou mais por pelo menos 2 horas, aumentando a temperatura
e resultando na inativação dos microrganismos. O produto alcalino de fácil aplicação e
162
igualmente econômico e mais utilizado é a cal - cal virgem, CaO, ou cal apagada, Ca(OH)2.
A principal desvantagem é o aumento dos custos operacionais e o aumento na geração de
lodo, que inclui a massa da cal adicionada. Os principais indicadores para avaliação de sua
eficiência são redução de organismos patogênicos no lodo e redução de odor (a fração de
H2S decresce a medida que o pH aumenta).
Outro método de estabilização do lodo é por secagem térmica.
163
yy Uma camada de areia grossa de 5 cm a 15 cm logo abaixo da camada suporte, usada
para facilitar o assentamento em nível dos tijolos.
yy 3 camadas sucessivas de brita, com granulometrias crescentes em direção ao fundo
do leito: camada superior com britas 1 e 2 de 10 cm a 15 cm de espessura; camada
intermediária com britas 3 e 4 de 10 cm a 30 cm de espessura; e camada inferior com
pedra de mão.
Fonte: Adaptado de Jordão, E.P., Pêssoa, C.A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª Ed. 2005
164
yy Filtro Prensa: conjunto de placas verticais revestidas por tecido filtrante, o lodo é
acumulado no centro da placa. Teor de Sólidos na torta entre 25 e 40% e necessidade
pré-condicionamento do lodo
yy Filtro Esteira: o lodo é colocado em uma seção da esteira onde a água é retirada por
gravidade, em seguida o lodo é comprimido entre duas esteiras que se deslocam entre
roletes. Teor de Sólidos na torta entre 15 a 25% e necessidade de pré-condicionamento
do lodo.
yy Centrífuga: tambor de formato cilíndrico-cônico com rosca sem fim concêntrica ao
tambor, sendo a remoção dos sólidos realizada pela ação da força centrífuga. Teor de
Sólidos na torta entre 20 a 35% e necessidade de pré-condicionamento do lodo.
yy Secagem Térmica: submeter o lodo a uma fonte de calor para evaporar a água presente,
aumentando o teor de sólidos. Teor de Sólidos na torta entre 80 a 90%.
165
As taxas de aplicação dos efluentes no solo devem ser controladas de acordo com as
características do solo e principalmente das necessidades das culturas irrigadas de maneira
a evitar problemas de contaminação de lençol freático e do solo assim como danos as
plantas.
166
167
168
169
170
Reuso deÁgua
Aula 6
171
172
6. REUSO DE ÁGUA
173
6.3 TIPOS DE REUSO
A literatura sobre reuso de água apresenta diferentes definições, de diversos autores, sobre
os tipos de reuso, isto devido à dificuldade em se definir quando está sendo feito o reuso,
pois temos, por exemplo, corpos d’água que recebem contribuições de esgotos de diversas
cidades e ao mesmo tempo são utilizados como fonte de abastecimento de água, nesse
caso a configuração da prática de reuso depende da capacidade de autodepuração do corpo
receptor em recuperar sua qualidade natural, isto é, deve considerar o volume de esgoto
lançado e o volume de água existente nos corpos d’água, bem como suas características
hidráulicas.
De maneira geral o reuso pode ocorrer de maneira direta ou indireta, planejada ou não e
alguns autores classificam o reuso como potável e não potável.
yy Reuso Direto Planejado: quando o reuso resulta de uma ação humana consciente após
o ponto de lançamento do efluente, pressupõe a existência de um sistema de tratamento
para garantir o atendimento aos padrões de qualidade da água para o uso pretendido.
yy Reuso Indireto não Planejado: quando a água residuária é lançada no corpo d’água e
utilizada novamente a jusante, em sua forma diluída, sendo o reuso não intencional e
não controlado.
yy Reuso Indireto Planejado: quando os efluentes tratados são lançados no corpo d’água
e utilizados a jusante, em sua forma diluída e de maneira controlada.
yy Reciclagem de Água: trata-se de um caso particular de reuso direto, consiste na utilização
de águas residuárias, antes do seu encaminhamento para um sistema de tratamento ou
local de disposição, como fonte de abastecimento suplementar do uso original.
174
yy Recarga de Aqüíferos Subterrâneos: a recarga pode ser realizada de forma direta com
a injeção sob pressão de efluente tratado ou indiretamente com águas superficiais que
tenham recebido efluentes tratados.
yy saúde pública;
yy aceitação da água pelo usuário;
yy preservação do ambiente;
yy qualidade da fonte da água para reuso;
yy adequação da qualidade da água ao uso pretendido.
175
yy Lei nº 12.183, de 29/12/05 - Dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos
hídricos do domínio do Estado de São Paulo.
yy Decreto nº 50.667 de 30/03/06 – Regulamenta dispositivos da Lei nº 12.183 de 29/12/05,
que trata da cobrança pela utilização dos recursos hídricos do domínio do Estado de
São Paulo e dá providências correlatas;
yy Lei nº 12.526 de 02/01/07 – Estabelece normas para contenção de enchentes e
destinação de águas pluviais (e redução do consumo de água).
yy Deliberação CRH nº 156, de 11/12/13 – Estabelece diretrizes para reuso direto de água
não potável, proveniente de ETEs de sistemas públicos para fins urbanos e dá outras
providências, no âmbito do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
yy Portaria DAEE nº 2.069, 19/09/14 – Disciplina a utilização de recursos hídricos
provenientes de rebaixamento de lençol freático em edificações e obras de construção.
yy Portaria DAEE nº 2.434, de 10/10/14 – Disciplina a utilização de recursos hídricos
subterrâneos provenientes de processo de remediação em áreas contaminadas.
yy Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH-01, de 28/06/17 – Disciplina o reuso de água
para fins urbanos, proveniente de Estações de Tratamento de Esgoto Sanitário e dá
providências correlatas.
A Resolução divide as águas de reuso de acordo com as restrições impostas à circulação
de pessoas nas áreas de aplicação da água de reuso, quais sejam: ”Uso com restrição
Moderada” para uso em Irrigação paisagística, Lavagem de logradouros e outros espaços
públicos privados, Construção Civil, Desobstrução de galerias de águas pluviais e rede de
esgotos, Lavagem de veículos e Combate a Incêndio e “Uso com Restrição Severa” para
todos os usos citados com exceção de combate a incêndio e lavagem interna de veículos,
sendo definidos os padrões de qualidade indicados na Tabela 6.1.
Tabela 6.1. Padrões de Qualidade - Resolução Conjunta SES/SMA/SSRH-01
176
Padrões de Qualidade Categorias
Distância de Precaução (8) 70 (para poços de captação de água potável)
(m)
Tipo de Tratamento Tratamento secundário, Tratamento secundário,
desinfecção e filtração. desinfecção e filtração.
Este tratamento não poderá
ter níveis mensuráveis de
patógenos. (9)
(1) O Critério de Turbidez deve ser respeitado antes da desinfecção. Esse critério deve ser baseado na média
das medições horárias da Turbidez dentro de um período de 24 horas. Nenhuma medição horária deve
exceder 5 UNT. No caso de utilização de sistemas de membrana filtrante, a Turbidez não poderá exceder 0,2
UNT e os Sólidos Suspensos Totais, 0,5 mg/L, uma vez que concentrações superiores a esses valores são
indicativas de problemas de integridade desse sistema.
(2) Caso seja utilizado o parâmetro E. coli, o limite para o uso restrito deve ser 120 UFC/100mL.
(3) Também poderá ser aceito o parâmetro ovos viáveis de Ascaris sp, que deverá limitar-se a <0,1 ovo viável
por litro para Uso com Restrição Moderada e a 0,1 ovo viável por litro para Uso com Restrição Severa.
(4) Outros tratamentos que não utilizem o cloro seão aceitos para desinfecção, desde que tenham eficiência
semelhante.
(5) A fim de minimizar problemas de permeabilidade dos solos, o critério da RAS deverá ser interpretado em
conjunto com a Condutividade Elétrica (CE), conforme quadro a seguir.
177
yy Decreto nº 44.128, de 19/11/03 – Regulamenta a utilização pela Prefeitura do Município
de São Paulo, de Água de Reuso não potável, a que se refere a Lei nº 13.309, de
31/01/02.
yy Lei nº 16.160, de 13/04/15 – Cria o programa de reuso de água em postos de serviços
e abastecimento de veículos e lava-rápidos no município de São Paulo, e dá outras
providências.
178
Esta norma estabelece critérios e procedimentos para o armazenamento e aplicação
no solo, do Estado de São Paulo, da vinhaça gerada pela atividade sucroalcooleira no
processamento de cana-de-açúcar. São apresentadas condições para a escolha da área
de aplicação da vinhaça, critérios para o correto armazenamento, procedimentos para
caracterização da vinhaça e monitoramento da aplicação no solo e ainda critérios para a
suspensão da aplicação.
Caracterização da vinhaça para aplicação:
yy pH, resíduo não filtrável total, dureza, condutividade elétrica, série nitrogenada
completa (N-Kjeldahl, N-amoniacal, N-nitrato, N-nitrito), sódio, cálcio, potássio,
magnésio, sulfato, fosfato total, DBO e DQO.
yy semanalmente deve ser determinado o teor de K2O, expresso em kg/m3 para a
determinação da dosagem da vinhaça a ser aplicada.
Aplicação
yy pomares;
yy culturas que não são consumidas cruas;
yy forrageiras, exceto para pastejo direto;
yy áreas de reflorestamento e plantações florestais;
yy irrigação paisagística ou esportiva.
179
yy características físico-químicas do esgoto doméstico tratado para aplicação em
culturas.
Tabela 6.4. Características Físico-Químicas do esgoto doméstico tratado para aplicação
Substâncias Concentração (mg/L)
Alumínio 5,00
Arsênio 0,10
Bário 5,00 (**)
Berílio 0,10
Boro 0,50 (***)
Cádmio 0,01
Chumbo 0,50 (**)
Cianeto 0,20 (**)
Cloreto 106,50 (***)
Cobalto 0,05
Cobre 0,20
Cromo 0,10
Fenóis totais (substâncias que reagem
0,50 (*)
com 4-aminoantipirina)
Ferro 5,00
Fluoreto 1,00
Manganês 0,20
Mercúrio 0,01 (**)
Molibdênio 0,01
Níquel 0,20
Prata 0,02
Selênio 0,02
Sódio 69,00 (***)
Sulfeto 1,00 (*)
Vanádio 0,10
Zinco 2,00
Clorofórmio 1,00 (*)
Dicloroeteno 1,00 (*)
Tetracloreto de carbono 1,00 (*)
Tricloroeteno 1,00 (*)
Fonte: Water Quality for Agriculture. FAO - Food and Agriculture. 1994
(*) Resolução CONAMA 357/05
(**) Decreto Estadual 8.468/76
(***) Concentração de boro acima de 0,5 mg/L, de cloreto acima de 106,5 mg/L e de sódio acima de 69 mg/L
são tóxicas para plantas sensíveis, como frutíferas, principalmente por sistemas de aspersão e, somente
serão aceitas para aplicação desde que seja apresentado parecer conclusivo de instituição oficial ou
credenciada de pesquisa sobre a viabilidade agrícola de seu uso.
180
yy valores microbiológicos para uso de esgoto doméstico tratado
Tabela 6.5. Características Microbiológicas do esgoto doméstico tratado para aplicação
Campos
esportivos, trabalhador,
A qualquer ≤ 0,10 ≤ 200
parques público
públicos
B1
trabalhadores
(exceto
crianças
(a) aspersão ≤ 1,00 ≤ 105
menores de
Cereais, 15 anos),
cultura a ser comunidades
industrializada, vizinhas
silvicutura, (b) inundação /
B B2 idem B1 ≤ 1,00 ≤ 103
árvores canal
frutíferas d, B3
forrageira para trabalhadores
feno e silagem e incluindo
crianças
qualquer ≤ 0,10 ≤ 103
menores
de 15 anos,
comunidades
vizinhas
Aplicação
localizada de
culturas da
categoria B se gotejamento,
C nenhum não aplicável não aplicável
não ocorrer microaspersão
exposição de
trabalhadores e
público
Fonte: World Health Organization. 2000
(a) Ascaris e Trichuris e ancilóstomo, esse valor tem também a intenção de proteger contra riscos de
protozoários;
(b) média aritmética do nº de ovos por litro, durante o período de aplicação;
(c) média geométrica do nº por 100 mL, durante o período de aplicação (contagem preferencialmente
semanal e no mínimo mensal);
(d) para árvores frutíferas a aplicação deve ser interrompida duas semanas antes da colheita, fruta não deve
ser colhida do chão. Aspersão convencional não deve ser usada;
(e)aplicação em plantas forrageiras não será permitida para pastejo direto. Forrageira no cocho é
considerado como pastejo direto.
181
Gerenciamento da aplicação dos esgotos
yy monitoramento do solo, das águas subterrâneas e dos esgotos tratados.
182
Caracterização e Condicionantes da Área de Aplicação
yy Não estar em Área de Preservação Permanente – APP e de reserva legal;
yy Se a área estiver em Área de Proteção Ambiental – APA ou Área de Proteção e
Recuperação de Mananciais – APRM a aplicação de efluentes deverá estar de acordo
com os seus regulamentos ou ser aprovado pelo órgão gestor;
yy Não estar em área de proteção de poços ou estar, no mínimo, a 100 m de poço de
abastecimento;
yy Estar afastada, no mínimo, 500 m de perímetros urbanos;
yy Estar afastada, no mínimo, 6 m de APP e com proteção por terraços de segurança;
yy Profundidade do nível d’água deve ser, no mínimo, 2 m no final da estação das
chuvas;
yy Declividade do terreno máxima de 15%;
yy Os tanques de armazenamento de efluentes devem estar a 200 m dos corpos d’água;
yy As concentrações de sódio das amostras coletadas até no máximo 2 m de
profundidade, e de potássio trocáveis no solo não poderão exceder 6% e 5% da
Capacidade de Troca Catiônica – CTC, respectivamente.
Condicionantes para Manejo da Aplicação
yy a concentração de potássio atingir 5% da Capacidade de Troca Catiônica – CTC,
a aplicação de efluentes ficará restrita à reposição desse nutriente em função da
extração média pela cultura e desde que os teores de potássio não ultrapassem a
somatória dos teores de cálcio mais magnésio;
yy a concentração de sódio atingir 6% da CTC, o manejo da área de aplicação de
efluente deverá ser modificado visando à redução da PST no solo, e aumentada a
freqüência de monitoramento, a critério da CETESB;
yy forem observadas concentrações de nitrato nas águas subterrâneas acima de 5 mg/L,
o manejo integrado da aplicação de efluente e outras práticas agrícolas deverá ser
modificado visando à redução do nitrogênio.
Condicionantes para Suspensão da Aplicação
yy a concentração de sódio ultrapassar 15% da CTC, nos resultados obtidos até a
profundidade máxima de 2 (dois) metros;
yy as substâncias presentes no efluente ou lodo fluido apresentarem concentrações, no
solo, acima dos Valores de Prevenção para solo estabelecidos pela CETESB;
yy ocorrerem concentrações de substâncias nas águas subterrâneas estatisticamente
comprovadas acima os respectivos Valores de Intervenção.
183
novas e existentes, que inclui estudo de viabilidade técnica e econômica, controle de
pressões e vazões, análise da demanda de água, etc.
Esse manual apresenta ainda as exigências mínimas da água não potável para uso em
edifícios, os padrões de qualidade da água para reuso e estudos de caso.
Exigências Mínimas
yy não deve propiciar infecções ou a contaminação por vírus ou bactérias prejudiciais à
saúde humana
yy não deve deteriorar os metais sanitários, máquinas e equipamentos;
yy não deve formar incrustações.
Padrões de Qualidade da Água para Reuso
Água de Reuso Classe 1
yy descarga de bacias sanitárias;
yy lavagem de pisos;
yy fins ornamentais (chafarizes, espelho de água, etc.);
yy lavagem de roupas;
yy lavagem de veículos.
Tabela 6.7. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 1.
Parâmetros Concentrações
Coliformes fecais (1) Não detectáveis
pH entre 6,0 e 9,0
Cor (UH) ≤ 10
Turbidez (UT) ≤2
Odor a aparência Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/L) ≤1
DBO (2) (mg/L) ≤ 10
Compostos orgânicos voláteis (3) Ausentes
Nitrato (mg/L) ≤ 10
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) ≤ 20
Nitrito (mg/L) ≤1
Fósforo total (4) (mg/L) ≤ 0,1
Sólidos suspensos totais - SST (mg/L) ≤2
Sólidos dissolvidos totais - SDT (5) (mg/L) ≤ 500
(1) Parâmetro prioritário para os usos considerados.
(2) O controle da DBO evita a proliferação de microrganismos e cheiro desagradável, devido ao processo de
decomposição que pode ocorrer em linhas e reservatórios.
(3) O controle deste composto visa evitar odores desagradáveis, principalmente em aplicações externas em
dias quentes.
(4) O controle de formas de nitrogênio e fósforo visa evitar a proliferação de algas e filmes biológicos que
podem formar depósitos em tubulações, peças sanitárias, reservatório, tanque, etc.
(5) Valor recomendado para lavagem de roupas e veículos.
184
Água de Reuso Classe 2
yy lavagem de agregados;
yy preparação de concreto;
yy compactação do solo;
yy controle de poeira.
Tabela 6.8. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 2.
Parâmetros Concentrações
Coliformes fecais ≤ 1000/mL
pH entre 6,0 e 9,0
Odor a aparência Não desagradáveis
Óleos e graxas (mg/L) ≤1
DBO (mg/L) ≤ 30
Compostos orgânicos voláteis Ausentes
Sólidos suspensos totais - SST (mg/L) 30
Parâmetros Concentrações
pH entre 6,0 e 9,0
0,7 < EC (dS/m) < 3,0
Salinidade
450 < SDT (mg/L) < 1500
Sódio (SAR) entre 3 e 9
Para irrigação superficial Cloretos (mg/L) < 350
185
Água de Reuso Classe 4
yy resfriamento de equipamentos de ar condicionado (torres de resfriamento).
Tabela 6.10. Padrões de Qualidade para Água de Reuso Classe 4.
186
Tipos de Reuso na Indústria:
yy Reuso macro externo: reuso de efluentes tratados de estações de tratamento
administradas por concessionárias ou outras indústrias;
yy Reuso macro interno: uso interno de efluentes, tratados ou não, provenientes de
atividades realizadas na própria indústria
-- reuso em cascata: efluente industrial originado em um determinado processo
industrial é diretamente utilizado em processo subsequente;
-- reuso de efluentes tratados: efluente industrial é encaminhado para tratamento e
posteriormente é reutilizado nos processos industriais.
Tabela 6.11. Padrão de qualidade recomendado para água de resfriamento e geração de
vapor
Geração de vapor
Água de Caldeira de Caldeira de Caldeira de
Parâmetro
resfriamento baixa pressão média pressão alta pressão
(< 10 bar) (10 a 50 bar) (> 50 bar)
Cloretos (mg/L) 500 (**) (**) (**)
Sólidos dissolvidos totais
(mg/L) 500 700 500 200
Dureza (mg/L) 650 350 1,0 0,07
Alcalinidade (mg/L) 350 350 100 40
pH 6,9 a 9,0 7,0 a 10,0 8,2 a 10,0 8,2 a 9,0
DQO (mg/L) 75 5,0 5,0 1,0
Sólidos suspensos totais (mg/L) 100 10 5 0,5
Turbidez (UT) 50 - - -
DBO (mg/L) 25 - - -
Compostos orgânicos (mg/L) (*) 1,0 1,0 1,0 0,5
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 1,0 0,1 0,1 0,1
Fosfato (mg/L) 4,0 - - -
Sílica (mg/L) 50 30 10 0,7
Alumínio (mg/L) 0,1 5,0 0,1 0,01
Cálcio (mg/L) 50 + 0,4 0,01
Magnésio (mg/L) 0,5 + 0,25 0,01
Bicarbonato (mg/L) 24 170 120 48
Sulfato (mg/L) 200 (**) (**) (**)
Cobre (mg/L) - 0,5 0,05 0,05
Zinco (mg/L) - (**) 0,01 0,01
Substâncias extraídas em
Tetracloreto de Carbono (mg/L) - 1 1 0,5
Sulfeto de hidrogênio (mg/L) - (**) (**) (**)
Oxigênio dissolvido (mg/L) - 2,5 0,007 0,0007
187
Fonte: Water Reclamation and Reuse. J. Crook. 1996 apud SAUTCHUK, C. et. al. Conservação e Reuso de Água:
Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d
(*) substâncias ativas ao azul de metileno
(**) aceito como recebido, caso sejam atendidos outros valores limites
188
Tabela 6.13. Requisitos de qualidade para a água de uso industrial
Parâmetros (mg/L, exceto onde indicado)
Indústria e Sólidos
Processo Cor Alcalinidade Dureza Sólidos
pH (un) dissolvidos Cloreto
(UH) (CaCO3) (CaCO3) suspensos
totais
Petróleo 350 6,0 - 9,0 1000 10 300
Ferro e Aço
Laminação a
quente 5,0 - 9,0
Laminação a
frio 5,0 - 9,0 10
Têxtil
Engomagem 5 25 6,5 - 10,0 100 5
Lavagem 5 25 3,0 - 10,5 100 5
Branqueamento 5 25 2,0 - 10,5 100 5
Tingimento 5 25 3,5 - 10,0 100 5
Papel e Celulose
Processo
mecânico 30 6,0 - 10,0 1000
Processo
químico
Não
branqueado 30 100 6,0 - 10,0 10 200
Branqueado 10 100 6,0 - 10,0 10 200
Diversos
Frutas e
vegetais
enlatados 5 250 250 6,5 - 8,5 500 10 250
Refrigerantes 10 85
Curtimento de
couro 5 150 6,0 - 8,0 250
Cimento 400 6,5 - 8,5 600 500 250
Fonte: Industrial and Hazardous Waste Treatment. N. L. Nemerov and A. Dasgupta. 1991 apud SAUTCHUK, C. et. al.
Conservação e Reuso de Água: Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d.
Produtos
Químicos
Cloro e Álcali 0,1 0,1 40 8 100
Carvão de alcatrão 0,1 0,1 200 50 14 60
Compostos
orgânicos 0,1 0,1 75 50 12 128
189
Parâmetros (mg/L, exceto onde indicado)
Indústria e
Processo Ferro Manganês Nitrato Sulfato Sílica Cálcio Magnésio Bicarbonato
Compostos
inorgânicos 0,1 0,1 90 60 25 210
Plásticos e resinas 0,005 0,005 0 0 0,02 0 0 0,1
Borracha sintética 0,005 0,005 0 0 0,05 0 0 0,5
Produtos
farmacêuticos 0,005 0,005 0 0 0,02 0 0 0,5
Sabão e
detergentes 0,1 0,1 150 30 12 60
Tintas 0,1 0,1 125 37 15 125
Madeira e resinas 0,3 0,2 5 100 50 100 50 250
Fertilizantes 0,2 0,2 5 150 25 40 20 210
Explosivos 0,1 0,1 2 150 20 20 10 120
Petróleo 1 75 30
Ferro e Aço
Laminação a
quente
Laminação a frio
Têxtil
Engomagem 0,3 0,05
Lavagem 0,1 0,01
Branqueamento 0,1 0,01
Tingimento 0,1 0,01
Papel e Celulose
Processo mecânico 0,3 0,1
Processo químico
Não branqueado 1 0,5 50 20 12
Branqueado 0,1 0,05 50 20 12
Diversos
Frutas e vegetais
enlatados 0,2 0,2 10 250 50 100
Refrigerantes 0,3 0,05
Curtimento de
couro 50 60
Cimento 25 0,5 0 250 35
Fonte: Industrial and Hazardous Waste Treatment. N. L. Nemerov and A. Dasgupta. 1991 apud SAUTCHUK, C. et. al.
Conservação e Reuso de Água: Manual de Orientações para o Setor Industrial. São Paulo: FIESP/CIESP, s.d.
190
Planejamento do sistema de reuso:
yy Definição dos usos previstos;
yy Volumes;
yy Grau de Tratamento;
yy Sistema de reservação e distribuição;
yy Manual de operação e treinamento de pessoal.
Classes da Água de Reuso
Tabela 6.14. Classes de Água de Reuso e Tratamento Mínimo – ABNT 13969/97
191
yy Tubulações identificadas e diferenciadas das tubulações de água potável;
yy Realizar manutenção periódica de todo sistema de coleta, armazenamento e
distribuição.
Tabela 6.16. Padrões de Qualidade da Água de Chuva para Aproveitamento – ABNT
15.527/07
192
yy Food and Agriculture Organization – FAO
A FAO publicou o documento Water Quality for Agriculture que contem sugestões para a
obtenção do máximo aproveitamento da água disponível e máxima produção e apresenta
valores orientadores para a qualidade da água de reuso baseados em eventuais restrições
no uso relacionadas com salinidade, taxa de infiltração no solo, toxicidade iônica e outros
efeitos diversos.
O documento tem como objetivo fornecer orientações para avaliar e identificar possíveis
problemas relacionados à qualidade da água e apresenta ainda alternativas de gestão para
se contornar esses problemas.
As diretrizes são baseadas em discussões e experiências adquiridas em muitas áreas
agrícolas em todo o mundo, principalmente em regiões áridas e semi-áridas e em especial
da região ocidental dos EUA, portanto deve-se estar atento para as condições locais quando
da aplicação das informações apresentadas.
193
194
195
196
197
198
Referências Bibliográficas
199
200
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208
Exercícios
209
210
UNIDADES
Para converter em Multiplique por
cm 100
m
mm 1.000
g 1.000
kg
mg 1.000.000
m3 L 1.000
m3/h m3/d 24
m3/h 3.600
m3/s 3
m /d 86.400
m3/h 3,6
L/s 3
m /d 86,4
kg/m3 0,001
mg/L
g/m3 1
211
EXERCÍCIOS
1. Determine a vazão (m3/d), carga orgânica potencial (Kg DBO/d), a
concentração de DBO (mg/L de O2) e o equivalente populacional do efluente
(bruto) gerado no abate diário de 5.000 porcos.
Dados:
Fatores de emissão:
- Vazão específica: 0,40 m3 (efluente)/porco
- Carga orgânica específica: 0,60 kg DBO/porco
- Contribuição per capita de carga orgânica: 0,054 kg DBO/hab. x dia
212
213
2. Determine a vazão (m3/d), carga orgânica potencial (Kg DBO/d) e a
concentração de DBO (mg/L de O2) dos esgotos sanitários gerados em um
município de 30.000 habitantes.
Dados:
- Consumo per capita de água: 200 L/hab. x dia
- Coeficiente de retorno: 0,80
- Contribuição per capita de carga orgânica: 0,054 kg DBO/hab. x dia
214
215
3. Supondo que um efluente de indústria têxtil, após equalização, acerto de pH
e adição de nutrientes, seja submetido a um tratamento biológico através de
um sistema de lodos ativados e encaminhado a um rio Classe 2, verifique o
atendimento aos Padrões de Emissão (PE) e de Qualidade do Corpo
Receptor (PQ) em relação a matéria orgânica. Caso o Padrão de Qualidade
não seja atendido, qual será a eficiência mínima, em termos de DBO, e a
vazão de Q7,10 do corpo receptor para o atendimento?
• DBO efluente industrial bruto: 800,00 mg/L
• DBO efluente industrial tratado: 80,00 mg/L
• DBO do rio a montante do lançamento: 2,00 mg/L
• Q7,10 do rio: 12.000 m3/d
• Vazão média do efluente bruto: 600 m3/d
• Padrão de Emissão: eficiência mínima de remoção de carga orgânica = 80%
• Padrão de Qualidade: DBO ≤ 5,00 mg/L O2
216
217
218
219
4. Verifique apresentando os devidos cálculos se ocorre ou não o atendimento
aos padrões de emissão (PE) e aos padrões de qualidade (PQ) em relação a
matéria orgânica, indicando a eficiência mínima do sistema de tratamento,
dados:
Tipo de indústria: Alimentícia
PE – Remoção mínima de 80% CO
PQ – DBO < 5,00 mg/L
Vazão efluente bruto = 100 m3/d
DBOBruto = 1.000 mg/L
DBOTratado = 100 mg/L
Vazão Q7,10 corpo receptor = 10.000 m3/d
DBORio = 3,00 mg/L
220
221
222
223
5. Verifique para as indústrias abaixo se a Resolução SMA nº 03 de 22/02/00 é
atendida. Em caso de não atendimento, indique o valor da toxicidade
(máxima) permissível.
CE50 Vazão do efluente Q7,10 do corpo
Nº da Indústria
Efluente Tratado (m3/d) receptor (m3/d)
1 29,00 148,00 2.485,70
2 32,70 126,40 38.884,30
3 21,00 1.464,00 570.240,00
224
225
226
FISCALIZAÇÃO, PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL