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LN040A I

MINI STÉRIO DA ECONOMIA

SECRETA R IA OE ESTACO CA IN D ÚSTR1 A

DIRECÇÃO-GERAL DE MINAS E SERVIÇOS GEOLóGICOS

SERVIÇOS GEOLóGICOS DE PORTUGAL

CARTA GEOLOGICA
DE

PORTUGAL
NA ESCALA DE 1/ 50 000

NOTÍCIA EXPLICATIVA DA FOLHA 40-A

ÉVORA
por
A. BARROS E CARV ALHOSA e A. M . GALOPIM DE CARVALHO
Geólogo dos Servicos Geológicos AssistEnte da. F~W. de Ciências de Lisboo.

ESTUDOS PETROGRÁFICOS
por

C. A. MATOS ALVES
Professor Extraordinário da Faculdade de Ciências de Lisboa

ARQUEOLOGIA E PRÉ-HISTÓRIA
por
HENRIQUE L. PINA
Ex-Assistente da FaculdadE de L etras do Porto

LISBOA
1969
SERVIÇOS GEOLOGIOOS DE PORTUGAL
Rua da Academia das Ciências, 19, 2. 0
LISBOA-2- PORTUGAL

AS doutrlna.s expostas são


de completa responsablll-
dade dos sens autores
CDU 65 :~12 (469.51:3.15)

NOTICIA EXPLICATIVA DA FOLHA 40-A

ÉVORA
Comp. e imp. na Sociedade Astória , Lda. • Reguelrão dos Anjos, 68 • Llsboa-1
MINI STÉRIO D A ECO N O M I A

SECRETARIA OE ESTADO DA INDÚSTRIA

DIRECÇÃO -GER AL DE MINAS E SERVIÇOS GEOL óGICOS

SERVIÇOS GEOLóGICOS DE PORTUGAL

,.

CARTA GEOLOGICA
DE

PORTUGAL
NA ESCALA DE 1 / 50 000

NOTÍCIA EXPLICATIVA DA FOLHA 40- A

ÉVORA
por

A. BARROS E CARV ALHOSA


e A. M. GALOPIM DE CARVALHO
Geólogo dos Se r viços G eológicos Assisten te da F ac. de Ciê ncias de Lisboa

ESTUDOS PETROGRÁFICOS
por

C. A. MATOS ALVES
Professor Extrao rd iuá rio d a F aculdade d e Ciências de Lisboa

ARQUEOLOGIA E PRÉ-HISTÓRIA
por

HENRIQUE L. PINA
Ex-Ass is t e nte da F aculdaJde d e L et ras d o P orto

LISBOA
1969
I -INTRODUÇÃO

A folha 40-A (Évora), da Carta Geológica de Portugal,


na escala de 1/ 50 000, abrange a área correspondente às folhas
459, 460, 4 70 e 471 da Carta Militar de Portugal, na escala
de 1/ 25 000, que serviram de base topográfica para o levanta-
mento geológico.
O aparecimento da Carta Geológica de Évora, muito mais
cedo do que o que seria de esperar, em face da posição de
ordem que lhe cabia de acordo com o plano de cobertura geoló-
gica do país, na escala de 1/ 50 000, deve-se ao entusiasmo e à
estreita colaboração que se conseguiu entre a Junta Distrital
de Évora, os Serviços Geológicos de Portugal e o Centro de
Estudos de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa.
Os trabalhos de campo tiveram início em Agosto de 1965
e prolongaram-se pelo período de férias de Verão desse ano
e dos anos seguintes.
Além dos colectores dos Serviços Geológicos, A. LEANDRO
e J. BARROSO, trabalharam nos levantamentos os alunos fina-
listas da Faculdade de Ciências de Lisboa: MARIA DA CoNCEIÇÃO
CASQUINHA LoPES BORGES, MARIA MARGARIDA BRAVO DA MATA,
ANTÓNIO MANUEL LARANJEIRA GoMES 0oELHO, ARMANDO FER-
REffiA DIAS MOREIRA, JOSÉ ESTEVES DE MATOS, JOSÉ SoARES
SANTOS P'IMENTEL, JOSÉ ToMÁS DE OLIVEIRA, e JOAQUIM CA-
NHOTO SANTANA, subsidiados pela Junta Distrital de Évora,
e ÁLVARO CALDEIRA e NuNo DE SANTA MARIA FERNANDES a
expensas da Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos.
O trabalho dos alunos foi orientado no terreno pelo assis-
tente da Cadeira de Geologia e a direcção superior ficou a
cargo do Director do Centro de Estudos de Geologia da Fa-
culdade de Ciências de Lisboa.
-6 -

A mesma Faculdade oficializou a actividade dos alunos,


averbando-a como trabalho de estágio.
Os estudos petrográficos da amostragem colhida ficam a
dever-se ao Prof. Doutor C. A. MATOS ALVES e foram em parte
subsidiados pela Junta Distrital de Évora.
0 Dr. HENRIQUE LEONOR PINA, orientou a classificação
e inventariação das estações arqueológicas, além de que pro-
cedeu a estudos em algumas delas, em colaboração directa
com a referida Junta Distrital.
Os trabalhos de revisão ficaram a cargo do Doutor A.
BAROOS E CARV ALHOSA, geólogo dos Serviços Geológicos de
Portugal, os quais aceitaram inserir os levantamentos efec-
tuados no seu plano de cartografia geral do país. Não só os
ditos Serviços puseram à disposição das brigadas de alunos
todos os meios e facilidades necessárias, como também, toma-
ram a seu cargo a publicação do mapa geológico e da respec-
tiva notícia explicativa.
É grato verificar os resultados positivos obtidos através
deste tipo de colaboração estreita entre as autarquias locais,
desejosas de incrementar o fomento cultural e económico da
sua região, e os organismos centrais, científicos e técnicos.
Deste modo nasce a primeira carta geológica elaborada
nestes moldes que muito se espera constituam exemplo a
seguir.

II- GEOMORFOLOGIA

A área a que se refere o mapa geológico de Évora faz


parte da grande peneplanície do Alentejo. Esta superfície,
levemente dissecada pela rede hidrográfica, revela, na região
em causa, altitudes bastante uniformes, compreendidas entre
230 e 260 metros.
Desta superfície sobressaem alguns relevos de dureza como
os que se alongam na direcção NW-SE entre Azambuja e Es-
pinheira (270 m) constituídos por alinhamentos quartzíticos.
Do mesmo modo os calcários metamórficos formam , também,
-7-

em geral, relevos de dureza, alongados, como os situados a Sul


de São Marcos da Abóbada, orientados sensivelmente N-S. Em
Forno da Trave, atingem a altitude de 292m.
A pequena elevação onde se situa a cidade de Êvora
(301 m), talhada nos gnaisses, que na região se comportam
como rocha branda, deve corresponder a um relevo residual
( «fernling») no ponto de encontro de três importantes bacias hi-
drográficas: a do Tejo, a do Guadiana e a do Sado. A primeira
não está pràticamente representada, desenvolvendo-se para
norte da área correspondente ao mapa. A segunda ocupa as
regiões situadas a leste e a sudeste da cidade; tem como repre-
sentantes principais o rio Degebe e seus afluentes. A rede
hidrográfica mais desenvolvida, na região, é a que pertence
à bacia do Sado. Abrange a maior área, espraiando-se pelas
regiões situadas a oeste, a sudoeste e a sul da mesma cidade.
As ribeiras das Alcáçovas e de Xarrama, são os principais
cursos de água.
Outro pequeno relevo, também de posição, à semelhança
do descrito atrás, é o que na região se designa por «alto de
S. Bento» (363m). Está situado a cerca de 3 km a WNW
da cidade. A natureza das rochas que o constituem- granitos
ou quartzodioritos porfiróides, deve ter contribuído, também,
para a sua conservação.
O rebaixamento da superfície, verificado a sudoeste do
mapa, deve-se à maior densidade e importância da rede hidro-
gráfica ligada ao Sado.
Além do elemento peneplanície, mais ou menos conser-
vada, existe outra unidade morfológica digna de registo. Tra-
ta-se dos relevos que constituem a região noroeste do mapa,
onde se situam as povoações de Giesteira, Boa Fé e São Brissos.
Tais relevos correspondem à extremidade sudeste da serra de
Monfurado.
A constituição petrográfica da dita região montanhosa está
representada essencialmente por gnaisses, aos quais correspon-
dem os cumes mais elevados - São Sebastião ( 443 m), Ban-
deiras (410 m). Além destas rochas existem corneanas, que
não obstante serem rochas mais duras, não formam relevos.
Pelo contrário correspondem-lhes áreas rebaixadas.
- 8

Não sucede o mesmo com os alinhamentos de calcário


cristalino (nos quais se situam as grutas da Sala) e de quartzi-
tos que de São Brissos se prolongam para Escoural (fora do
mapa), orientados na direcção NW-SE, formando cristas, por
erosão diferencial. Nos pontos mais elevados estas linhas de
altura atingem altitudes próximas de 400 m.
Na génese da serra de Monfurado, ainda mal esclarecida,
também não devem ser alheios os efeitos de desnivelamentos
tectónicos, como o admitiram P. BIROT e M. F'Eio [1948]. Com
efeito, algumas das relações entre o relevo e a natureza geoló-
gica dos terrenos, agora melhor conhecida, corroboram a opi-
nião daqueles geomorfólogos.

ill-GEOLOGIA

Do ponto de vista geológico, a área abrangida pelo mapa


de Évora compreende as seguintes formações:

1 - Depósitos ceno-antropozóicos

a) Aluviões
b) Depósitos de cascalheiras

2 - Séries cristalofílicas) azóicas) de idade indeterminada

a) Micaxistos
b) Rochas verdes
c) Quartzitos
d) Calcários e dolomitos
e) Leptinitos

3 - Corneanas

4- Gnaisses granitóides e migmatitos

5 - Rochas eruptivas de idade hercínica

a) Granito porfiróide de grão grosseiro a médio


b) Granito de grão fino, não porfiróide
-9-

c) Quartzodiorito e granodiorito porfiróide de grão


grosseiro a médio
d) Quartzodiorito e granodiorito de grão médio, não
porfiróide
e) Quartzodiorito e granodiorito de grão fino, não
porfiróide
f) Gabro e diorito
g) Pórfiros da região de Beja

6- Rochas filonianas

a) Filões de quartzo
b) Filões aplito-pegmatíticos
c) Zonas de filões e massas aplito-pegmatíticas
d) Basalto

DEPóSITOS CENO-ANTROPOZOICOS

a- Aluviões

Constituem-nas, em geral, areias e cascalheiras que reflec-


tem não só a herança detrítica proveniente da erosão do soco
antigo, como também o desmantelamento de vasto manto de
depósitos que em período anterior cobriu a região.
Na área do mapa as aluviões são bastante reduzidas.
Apenas os cursos de água principais possuem, nalguns troços,
depósitos que, em período anterior, cobriu a região.
utilizada.

Q- Depósitos de cascalheira

Alguns retalhos, ou vestígios destes depósitos, encon-


tram-se disseminados por toda a área do mapa. São o que
resta de cobertura, sem dúvida, mais extensa. Apenas os mais
bem conservados foram cartografados.
A norte de Tourega e de Vale Rodrigo localizam-se duas
pequenas manchas que ocupam uma posição de sopé (a 210 m
de altitude) a SE da serra de Monfurado.
-10-

Na reg1ao da albufeira do Torres (Vale de Moura) dis-


põe-se uma série de retalhos de depósitos semelhantes que
coroam os cimos aplanados dos interflúvios, atapetando uma
superfície muito bem conservada, levemente inclinada para Sul.
As altitudes variam 257 e 225 m.
Os referidos depósitos, muito desmantelados, são o que
resta da ablação selectiva dos materiais mais finos. Ãs vezes
assumem o aspecto de cascalheiras residuais dispersas sobre
a superfície arrasada do soco antigo.
Os elementos detríticos que as constituem são, geralmente,
de quartzo filoniano e de quartzito da região, em regra quase
nada rolados ou subangulosos.
Quanto à idade não é possível qualquer atribuição pelo
que se deixam sob a designação vaga de ceno-antropozóicos.

S1:RIES CRISTALOFILICAS, AZOICAS, DE IDADE INDETERMINADA

As formações metamórficas, designadas por «séries cris-


talofílicas, azóicas, de idade indeterminada» na Carta Geoló-
gica de Portugal, na escala de 1/ 1 000 000, de 1968, estão
representadas na região estudada. A idade destes terrenos
é duvidosa, em virtude de serem desprovidos de fósseis. No
entanto, pela comparação dos aspectos petrográficos e da su-
cessão das séries estratigráficas, da área cartografada, com as
as de outras regiões, tanto de Portugal como do país vizinho,
onde o Câmbrico fossilífero é conhecido, parece estarem repre-
sentados terrenos câmbricos, incluindo, muito provàvelmente,
formações mais antigas.
Estes terrenos foram intensamente dobrados, epimetamor-
fizados e afectados pela intrusão de maciços eruptivos.

Z- Mica.xistos

A principal mancha de micaxistos situa-se no canto nor-


deste da folha. A povoação de Nossa Senhora de Machede
assenta nestas formações.
Estes xistos são, frequentemente, mosqueados e contactam,
com· as rochas eruptivas do maciço de Évora, por intermédio
duma faixa de corneanas pelíticas. Os xistos referidos, em-
-11-

bora não muito variados, podem ser de vanos tipos. Assim,


assinalámos, pelo menos, xistos sericítico-cloríticos e micaxistos
de duas micas, muito dobrados e, ainda, xistos quartzo-micá-
ceos, andaluzíticos, com carácter porfiroblástico.

Zõ -- Rochas Verdes

Merece referência a faixa de xistos verdes de S. Marcos


da Abóbada. Esta inclui, também, leptinitos e calcários, e li-
ga-se com a mancha de Atalaia (Portel), fora da área da
folha.
Os xistos verdes estão, muitas vezes, intensamente meta-
morfizados no contacto com rochas ígneas. Incluem, funda-
mentalmente, rochas cloríticas, clorítico-anfibólicas, anfibólicas
e anfibolitos. Encontra-se, também, associadas com elas, rochas
básicas (principalmente de tipo dolerítico) muito uralitizadas
e cloritizadas podendo, apenas, atribuir-se-lhes origem eruptiva,
pela persistência de relíquias de textura. Como se disse ante-
riormente não são incomuns nestas manchas de rochas verdes,
rochas leptiníticas e outras predominantemente calcárias.
As rochas anfibolíticas são, muitas vezes, de derivação
duvidosa parecendo, pelo menos em parte, que muitas resul-
tam de rochas dioríticas fortemente anfibólicas que passam,
aqui e acolá, a rochas quase melanocráticas. Nas rochas anfi-
bolíticas encontram-se, sempre, os acessórios habituais: apa-
t eite, esfena e sulfuretos metálicos de vários tipos.
Alguns dos anfibolitos são muito orientados e apresentam
texturas de fluxo podendo corresponder a metavulcanitos bá-
sicos como é a rocha situada 500 m a SSW da Escola de
Regentes Agrícolas. Certos anfibolitos conservam, ao lado da
anfíbola, dominante, cristais de piroxena.

Z- Quartzitos

São conhecidos, nesta área, alguns afloramentos quartzí-


ticos que dão origem a certos alinhamentos de relevos, como
sejam os de Espinheira-Azambuja e de Malhada das Varandas,
a norte do v. g. da Nogueirinha.
Estes quartzitos são habitualmente negros e acinzentados.
Parecem ter sofrido recristalização devido à proximidade de
-12-

rochas eruptivas. A cor negra que apresentam é, pelo menos


em alguns casos, devido à presença de grafite.

Z- Calcários e dolomitos

Rochas carbonatadas, sobretudo dolomíticas, não são raras


na região estudada. Encontram-se na maior parte afectadas
pela proximidade das rochas eruptivas, pelo que incluem, habi-
tualmente, escarnitos e corneanas calcárias no sentido mais
geral. São, frequentemente, acompanhadas por mineralizações
de pirite e de magnetite, tendo sido algumas delas objecto
de exploração.
Os afloramentos mais importantes são: Sala, Monte do
Correia, S. Marcos da Abóbada, que se estende para o Monte
do Marco (Atalaia) , fora da área da folha, além de alguns
retalhos de calcários incluídos nas manchas de gnaisses, pró-
ximo de Evora (Montes dos Pinheiros e da Lagoa).

Z- Leptinitos

Estas rochas quartzo-feldspáticas são pouco abundantes.


Estão representadas pelos afloramentos de S. Marcos da Abó-
bada.
Alguns leptinitos foram transformados em gnaisses, nor-
malmente finos, devido a processos de granitização. E o que
parece verificar-se na mancha de gnaisses a sul de S. Brás
do Regedouro, quando se caminha em direcção aos leptinitos
da serra de Viana do Alentejo.

'Y• - GNAISSES GRANITOIDES E MIGMATITOS

Grande parte do maciço cristalino de Évora é constituído


por rochas granitóides, sintectónicas, que compreendem gnais-
ses e migmatitos com texturas muito . variadas. A lineação e
foliação encontram-se sempre bem patentes. Estão associadas
a maciços granitóides, geralmente, de idêntica composição, mas
sem orientação dos elementos mineralógicos.
Por vezes, a passagem às rochas granitóides, não orien-
tadas, é gradual e dá-se por intermédio de «granitos » gnáis-
-13-

sicos. Algumas fácies graníticas mostram evidente paralelismo


dos constituintes máficos. Não é raro observarem-se encraves
de gnaisses e migmatitos, por vezes alinhados, incluídos nas
rochas granitóides. Estas são, em muitos casos, discordantes
com os gnaisses migmatíticos, cortando francamente a foliação
original.
Os gnaisses e os migmatitos metamorfizam os diversos
metassedimentos (câmbricos?) , com que contactam, tais como:
calcários (Minas da Nogueirinha, v. g. da Sala, etc.), rochas
verdes, quartzitos (Espinheira) e micaxistos.
As formações gnáissico-migmatíticas revelam grande hete-
rogeneidade, devido à presença de numerosos encraves às
vezes de grandes dimensões. Este facto observa-se quase por
toda a parte. Estes encraves podem encontrar-se alinhados e
paralelos à foliação do gnaisse ou, também, dispostos de ma-
neira discordante. Algumas vezes, os encraves conservam a
xistosidade e dobras dos metassedimentos, anteriores à folia-
ção do gnaisse.
Pode dizer-se que, de maneira geral, os gnaisses são
concordantes com os metamorfitos da região, notando-se a
orientação comum das respectivas foliações. Os maciços gnáis-
sico-migmatíticos apresentam-se distribuídos paralelamente à
orientação da tectónica regional, que é também a direcção
predominante da foliação dos gnaisses e dos metassedimentos.
Este alinhamento comum das estruturas, das diferentes rochas
da região, parece indicar que a origem destas está em relação
com os mesmos esforços tectónicos.
Às vezes, nota-se a existência de tectonização paralela
aos contactos que atinge indistintamente os gnaisses de injec-
ção, as rochas granitóides e, até, filões de aplito e quartzo,
dando origem a foliação secundária.
Tal como as texturas, as composições mineralógicas tam-
bém não são uniformes. Há gnaisses de composição granodio-
rítica, quartzo-diorítica e, menos frequentemente, de composi-
ção granítica. Os porfiroblastos são invariàvelmente de quartzo
e de feldspato, conferindo a algumas destas rochas texturas
oceladas. Em certas amostras encontrou-se cordierite, quase
sempre muito alterada nos produtos habituais. Os minerais
filitosos comuns são biotite e moscovite. Além da cordierite,
-14-

existem, em certos gnaisses, andaluzite e fibrolite. Numa das


amostras estudadas encontrou-se turmalina.
Embora provenientes de manchas gnáissicas, certas ro-
chas são de carácter anfibolítico, tendo-se posto a hipótese
da sua ligação genética com tufos básicos. Por outro lado,
um exemplar proveniente da estrada de Alcácer do Sal para
Évora, nas proximidades de Alturas do Catalão, mostra belos
exemplos de recristalização de quartzo aparentemente detrí-
tica, o que faz pensar na sua filiação numa sequência arenítica.
Se abstrairmos a grande cobertura da região, devido à
erosão, é possível observar em vários locais, belos aspectos
de formações gnáissico-migmatíticas, como nas pedreiras de
Valverde, na estrada de Escoural para Valverde, perto de
S. Brissos, nos cortes da estrada de Escoural, que liga com
a de Êvora, nas pedreiras e barreiras das estradas, próximas
de Êvora, etc. Também, nestes locais, é possível observar a
relação dos gnaisses com as rochas granitóides.
Em diversas barreiras da estrada de Êvora para Escoural,
podem ver-se aspectos muito interessantes de migmatitos, es-
pecialmente, de agmatitos. Merecem referência, entre outros,
os afloramentos migmatíticos da ribeira de S. Brissos, no troço
junto de Boa Fé. Em certos pegmatitóides ocorrem granadas
e berilo. Nesta ribeira, mais a sul, no Moinho das Falés, obser-
va-se um filão de rocha granitóide, de grão fino, cortando
transversalmente a foliação do gnaisse.
Na pedreira de Valverde, junto à ribeira do mesmo nome,
estão bem representados gnaisses de injecção com bandas
quartzo-feldspáticas, alternando com outras esse~cialmente
biotíticas.

Z' - CORNEANAS

A instalação das rochas granitóides e gnaisses migmatí-


ticas, entre os sedimentos antigos, deu origem a corneanas de
natureza diversa (pelíticas, básicas e calcárias). Estas ocor-
rem em auréolas de contacto ou em encraves de dimensões
muito variáveis.
Entre as rochas originadas por metamorfismo de con-
tacto predominam, largamente, na área abrangida pelo mapa,
-15-

as corneanas calcíticas ou calco-silicatadas embora existam,


também, corneanas pelíticas e, mais raramente, corneanas de
tipo básico.
As corneanas derivadas de calcários apresentam dentro
da sua uniformidade, alguma variação mineralógica sendo as
fácies principais: calcite-vesuvianite-diópsido-epídoto; calcite-
-vesuvianite-volastonite-diópsido e calcite-vesuvianite, grossu-
lária-diópsido.
Além destes tipos mais comuns encontram-se rochas cal-
cíticas resultantes de metamorfismo essencialmente térmico,
contendo ao lado dos minerais antes citados, ou de alguns
deles, plagioclase e esfena, plagioclase e quartzo, ou só este
último mineral.
:Às vezes, o predomínio dos minerais epidóticos (princi-
palmente pistacite) é tão manifesto que certas rochas, quase
monominerálicas, podem denominar-me epidotitos ou epidotitos
calcíticos. O mesmo acontece, por outro lado, com rochas que
localmente comportam quase exclusivamente piroxena. Tal é o
caso de uma rocha calcítica com anfíbola fibrosa tremolítica
que, lateralmente, na direcção do maciço intrusivo, se trans-
forma em rocha exclusivamente piroxénica.
Dentre as corneanas não calcíticas não é, às vezes, fácil
distinguir as corneanas pelíticas das básicas, porque há grande
predomínio de rochas anfibolíticas que tanto podem derivar de
sedimentos argilosos como, em certos casos, de rochas erupti-
vas, hipabissais ou efusivas. É verdade, no entanto, que certos
tipos petrográficos não deixam qualquer dúvida quanto à sua
derivação sedimentar. É o caso das corneanas quartzo-feldspá-
ticas com micas, cordierite e granadas como, por exemplo, a
que pode observar-se junto de Atafonas e noutros locais. Mas
certas corneanas listradas, quartzo-anfibolíticas, com ou sem
piroxena, por vezes muito alteradas, são de atribuição duvidosa.

ROCHAS ERUPTIVAS

As rochas granitóides não orientadas representam a maior


parte das rochas eruptivas da região. Têm, habitualmente,
composição quartzodiorítica, granodiorítica e, mais raramente,
granítica. Distribuem-se por várias manchas, constituindo
-16-

vasto maciço, bastante heterogéneo, que se estende para su-


deste ligando-se às manchas de Monte do Trigo e de Aguiar,
fora da área da folha. Para noroeste, estas formações prolon-
gam-se em direcção à mancha de S. Sofia.
As diversas manchas granitóides são, frequentemente, cir-
cunscritas, cortando a xistosidade dos metassedimentos e, às
vezes, a foliação dos gnaisses. O alongamento destas manchas
é, regra geral, paralelo à direcção da tectónica regional. Não
apresentam, normalmente, orientação preferida dos seus com-
ponentes mineralógicos, com excepção de algumas fácies de
bordadura, onde está bem patente a lineação. Por vezes, parece
haver transição para os gnaisses vizinhos.
As rochas granitóides têm composição mineralógica e
textura variáveis. As rochas de granularidade grosseira pare-
cem. ser mais recentes do que as restantes, de grão médio e
fino, embora pertencendo todas ao mesmo ciclo de granitização.
Na região estudada estão, também, representados alguns
afloramentos de rochas gabro-dioríticas.

Granitos calco-alcalinos e quartzodioritos

As rochas quartzodioríticas, associadas muitas vezes a


granodioritos, dominam largamente nos maciços granitóides.
A rocha mais representativa é o quartzodiorito de grão médio,
não porfiróide ou com tendência a porfiróide. A fácies porfi-
róide situa-se nas proximidades de Évora, constituindo duas
manchas principais, muitas vezes, associada a pegmatitos e
aplitos. As rochas de grão fino, não porfiróide, ocupam uma
área relativamente grande, atravessada pela ribeira de Xar-
rama. Nela se situam S. Brás do Regedouro, Pero Peão, Monte
do Zambujeiro, os v. g. da Falcoreira e da Camoeira. As res-
tantes áreas de rochas granitóides são ocupadas, predomi-
nantemente, por quartzodiorito de grão médio. Quanto aos
granitos propriamente ditos são, fundamentalmente, calco-alca-
linos e não muito frequentes, sendo os principais afloramentos
os de Barroco, Courela do Matias e o de Rebaldia. Para efeitos
-17

de sistematização consideramos as seguintes divisões petro-


gráficas :

'Y1tg- Granito porfirõide de grã o g rosseiro a m édio (manch a do


B a rroco )

y1t ' t - Gr a nito lle g rão fino não porfirõide (afloramentos de Courela
do Ma t ias e de R ebaldia)

Ay1t - Quartzodiorito e granodiorito porfiróide de grão grosseiro a


m édio

A ym - Quartzodiorito e granodiorito de grão m édio, não porfiróide

Ayf - Quartzodiorito e granodiorito de grão fino, nã{) podirõide

Os tipos petrográficos considerados nesta rubrica parecem


constituir uma série de rochas granitóides de grande ampli-
tude, que vai dos dioritos quartzíferos aos granitos calco-
-alcalinos de carácter monzonítico, passando por tipos inter-
mediários, em resultado do balanço e qualidade dos feldspatos
presentes. Os feldspatos alcalinos são, com maior frequência ,
microclina, embora não seja impossível encontrar ortoclase. As
rochas predominantes são, como se disse antes, de natureza
diorítica, ou melhor, quartzodiorítica. Um factor constante, e
dominante, das rochas deste tipo, é a presença de horneblenda,
podendo ou não acompanhar-se de biotite. Estes dioritos não
são, na maioria dos casos, totalmente desprovidos de feldspato
alcalino, cujas proporções o relegam, no entanto, para mineral
acessório. As plagioclases que se determinaram neste cortejo
petrográfico vão, por ordem decrescente de basicidade, da
andesina intermédia (com cerca de 40 % de moles de an.) até
à oligoclase ácida. Apenas num caso ou noutro se determinou
albite. Segue-se que são raridades locais, os exemplares que
apresentam características alcalinas. A variedade da série pe-
trográfica repousa, principalmente, na microclinização, certa-
mente correspondente a uma fase de granitização em que pre-
dominam os fenómenos metassomáticos. Estes traduzem-se na
substituição por corrosão das plagioclases, na formação de
auréolas mirmequíticas, no aparecimento de texturas pecilí-
-18-

ticas com quartzo goticular, etc. Parece acompanhar esta


tendência alcalinizante, potássica e silícica, a substituição da
horneblenda pela biotite ou biotite mais moscovite. O primeiro
daqueles filossilicatos está 'na origem do aparecimento da clo-
rite, que se encontra, profusamente, em sua substituição.
Algumas rochas de carácter diorítico, quártzicas ou
q uartzíferas, mostram texturas microgranulares onde, de uma
matriz microgranular fina , por vezes equigranular, se desta-
cam macrocristais euédricos de plagioclase e de anfíbola. Estas
rochas mostram, no terreno, como nos exemplares de mão,
carácter microporfiróide.
Alguns dos granitos estão endometamorfizados apresen-
tando cordierite. Isso deve resultar da assimilação de material
xistento com que contactam ou em cuja proximidade se en-
contram.

y- Gabros e dioritos

Estas rochas encontram-se, normalmente, lado a lado e


são pouco abundantes nesta região. A mancha mais extensa
é a de Torre de Coelheiras, predominantemente diorítica.
No entanto, apesar da sua escassez, há rochas de carácter
gabro-diorítico extremamente curiosas, pelo carácter meso-me-
lanocrático que apresentam, provocado pela enorme concen-
tração de mafitos e escassez, ou mesmo ausência, de minerais
félsicos.
Tais rochas são, às vezes, verdadeiramente ultramáficas,
constituídas por horneblenda castanha e por piroxena. Um e
outro mineral encontram-se, com frequência, extremamente
alterados. Há, no entanto, rochas que patenteando estes ma-
fitos, apresentam, simultâneamente, plagioclases básicas que
podem ser andesina ou labrador e, mesmo, algum feldspato
alcalino intersticial. Correspondem, assim, a dioritos, a gabros,
ou a rochas de carácter horneblendítico. Embora não dispondo
de momento de elementos suficientes parece-nos, entretanto,
que se tratam de fácies de diversificação resultantes da assimi-
lação de material calcário, pelo magma diorítico, mais gene-
ralizado na área em estudo.
-19-

De entre as rochas citadas nesta rubrica, destacam-se


algumas pelo carácter dolerítico, geralmente correspondentes
a estruturas filonianas.

1t - Pórfiros de Beja

O canto sudoeste da folha é ocupado por uma mancha


de rochas porfiríticas, que faz parte do extenso afloramento
designado por «Complexo eruptivo de Beja».

ROCHAS FILONIANAS

q- Filões de quartzo

Conhecem-se alguns filões de quartzo leitoso. O de Alca-


lainha foi alvo de persquisas mineiras. Algumas destas rochas
contêm, associada com o quartzo, uma variedade de clorite de
cor violácea que se não determinou.

y a p - Aplitos e pegmatitos

Rochas aplíticas e pegmatíticas estão representadas um.


pouco por toda a parte, quer em filões e massas, quer em zonas
ou manchas.
Alguns pegmatitos contêm, além do quartzo, feldspato e
micas, turmalina, granadas e, raras vezes, berilo. Também se
conhecem aplitos com granada e turmalina, cujos feldspatos
são albite e oligoclase. Mostram-se frequentemente zonados.
As manchas mais importantes situam-se nas proximidades de
Évora (S. Bento e S. Caetano). Também, se encontram nume-
rosos aplitos e pegmatitos na área de Água de Lupe e a sul
do Monte da Silema.

~- Basalto

O único afloramento de rocha basáltica foi encontrado a


este de Évora (1,3 km a SW de Vale Melhorado). Trata-se de
basalto olivínico com textura um pouco dolerítica pelo que será
de relacionar com a diabase olivínica que SouzA BRANDÃO

---------
-20-

[1912] estudou, proveniente dum afloramento situado 400 m


a S 80° W do Convento da Cartucha.

ROCHAS TECTONIZADAS

Encontram-se com certa frequências na área estudada


rochas tectonizadas. Se algumas apenas apresentam ligeiros
sintomas de deformação outras há, que mostram verdadeira
cataclase que dá origem, às vezes, a milonitos e a brechas.
O primeiro caso pode observar-se ao Km 2 da estrada de Évora
para Casa Branca, perto da ponte do Almeirim.

IV- TECTóNICA
J
As observações efectuadas no terreno e a interpretação
do levantamento geológico, desta região, permitem tirar as I
seguintes conclusões:
I
1) Os metassedimentos (câmbricos e precâmbricos) são
anteriores aos gnaisses e às rochas granitóides. I
2) O metamorfismo regional e dobramento, daquelas for-
J
mações, é anterior aos gnaisses e migmatitos. Estes parecem
representar, no maciço de Évora, a fase mais antiga, sintectó-
nica, do ciclo de granitização hercínica.
I
Certos encraves nos gnaisses conservam dobras e xistosi-
dade anteriores à foliação destes.
I
3) Seguiu-se a instalação dos diversos afloramentos gra- I
nitóides, tardi-tectónicos e, em menor número, pós-tectónicos.
A fácies de granularidade grosseira, porfiróide, é a mais
recente.
4) Determinações de idade absoluta, efectuadas em amos-
tras de gnaisses e quartzodioritos, do maciço de Évora, corro-
boram a idade hercínica destas rochas. Os resultados obtidos
foram os seguintes [F. MENDES, 1968]:
gnaisse (estrada Montemor-Arraiolos) 323 M. A . (Biotite)
quartzodiorito do Vimieiro .... ........ . . . 253 M. A . (Biotite)
quartzodiorito de ~vora .. ............. . .. . . 304 ± 4 M. A . (Biotite )
-21-

granito de Pedrógão ........ .. . ............ . 308 ± 4 M . A . ( Biotite)


quartzodiorito de Reguengos ..... . ... .. .. . 328 ± 29 M. A . (Biotite)
» » » 359 ± 76 M. A . (Rocha total )
» » » 307 ± 9 M . A . (Biotite)

5) Os processos de granitização tiveram papel importante,


embora não exclusivo, na concentração de mineralizações de
ferro, sobretudo em rochas carbonatadas.
6) Parece ter havido, pelo menos, duas deformações du-
rante o ciclo de granitização. Nota-se, por vezes, que os gnaisses
foram deformados conjuntamente com os encraves e, até, com
alguns filões de quartzo e massas aplito-pegmatíticas, que
denotam foliação secundária.
As rochas granitóides vizinhas não mostram deformação,
salvo, esporàdicamente, na bordadura de alguns maciços. Mais
raramente, a tectonização atingiu as rochas granitóides e res-
pectivas corneanas, além dos gnaisses, como pode verificar-se
numa barreira da estrada para Torre de Coelheiros, 500 m a
sul de S. Jordão.
7) As corneanas da região resultaram da acção, sobre os
metassedimentos, de rochas granitóides e de gnaisses migma-
títicos.
8) Os pegmatitos e aplitos são francamente pós-tectónicos,
assim como a quase totalidade das rochas filonianas, que cor-
tam as estruturas tectónicas (foliação, lineação, etc.).
9) Finalmente, a região foi intensamente erodida e apla-
nada, conservando-se alguns retalhos de depósitos ceno-antro-
pozóicos. Ê grande a cobertura, nesta área, devido à meteori-
zação das rochas.

V- RECURSOS MINERAIS

1 -Minérios de ferro

Na região abrangida pelo mapa são vários os locais com


vestígios de pesquisas mineiras. Merecem referência as minas
de ferro das Herdades da Defesa e Sala, Nogueirinha e do
Montinho, situadas numa faixa mineralizada que se estende
em. direcção a Montemor-o-Novo. As minas da Herdade dos
Monges, Carvalhal, Serrinha, etc., fora do mapa, localizam-se
na referida faixa.
-22-

Aquelas minas encontram-se, actualmente, paralisadas. As


mineralizações constam, habitualmente, de magnetite e pirite,
além de hematite. A magnetite aparece relacionada, principal-
mente, com as rochas carbonatadas (corneanas calco-silica-
tadas).
2- Calcários

De entre os recursos minerais, não metálicos, tem impor-


tância a exploração de calcários cristalinos, utilizados como
mármores, na construção civil e no fabrico de cal. As pedreiras
da Herdade da Sala produziram 2085 t., em 1967.
3-Granitos

São conhecidas, também, var1as pedreiras nos granitos,


em que se extrai a pedra para construção e cantaria. Segundo
os elementos fornecidos pela Circunscrição Mineira do Sul, a
produção atingiu, em 1967, o valor de 24 424 t.

VI- ARQUEOWGIA E PRÉ-IDSTóRIA


1 - Neo-eneolitico

Além da grande abundância de peças avulsas deste pe-


ríodo (machados, principalmente) são ainda muito numerosos
os vestígios da cultura megalítica. Na área abrangida pela
folha existem algumas dezenas de «dolmens» ou antas, um
«menhir» e um «Cromlech».
Dos «dolmens» destacaremos apenas, por serem monumen-
tos excepcionais, o «dolmen» de falsa cúpula de Vale Rodrigo,
sob mamoa bem conservada, a Anta Grande da Herdade do Zam-
bujeiro (Valverde), «dolmen» de corredor de dimensões excep-
cionais, sob mamoa e a Anta Pequena do «monte» do Zambu-
jeiro que documenta o tipo galeria coberta, baixa e alongada.
O «menhir» situa-se junto do «monte» dos Almendros e, ao
que parece em relação com o «Cromlech» situado a cerca de
1200 m a WSW. Este último é um recinto com cerca de 90 mo-
nólitos, alguns dos quais de grandes dimensões e documenta
um tipo de monumento megalítico que até há pouco não tinha
sido assinalado em Portugal.
-23-

2 - Bronze

Na Herdade das Cabanas (Tourega), num local chamado


Cemitério Velho encontra-se um conjunto de cistas da época do
bronze.

3- Ca.stros e recintos fortificados

Como núcleos castrejos que desde o Neolítico se prolon-


garam pela idade do ferro, e época luso-romana devem refe-
rir-se o Castelo do Geraldo e a Coroa do Frade, próximos de
Valverde (Tourega), o Castro de São Bento junto de Évora
e o próprio sítio de Évora.
São também de assinalar as numerosas construções cir-
culares, relativamente pequenas e nem sempre em sítios ele-
vados, semelhantes a cercas de gado, mas às vezes muito
fortificadas, cuja ocupação deverá ter vindo até época muito
tardia, mas que se assimilam às construções castrejas.
Este tipo de estação, representado em toda a área estu-
dada, é mais frequente na região de São Jordão (Torre dos
Coelheiras).

4- il:poca romana e paleo-cristã

Claramente documentada em Évora pelo famoso templo,


pelos restos de muralha, de pavimento de estrada e pelo arco
da porta de D. Isabel, a época romana e paleo-cristã deixou
vestígios em muitos locais onde a cerâmica ( «tegula», «imbri-
ces», tijolos diversos) é abundante. Junto à igreja da Tourega
puderam assinalar-se restos de mosaico de «tesselae» pretas
e brancas.
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