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RESUMO
ABSTRACT
Figura 1. Seção geológica esquemática da Bacia de Pelotas (compilada de Ojeda y Ojeda & Cesero, 1973;
Ojeda y Ojeda & Silva, 1975; Gonçalves et al., 1979; Sanguinetti, 1979, 1980; Ornelas, 1981;
Asmus & Guazelli, 1981 e Ojeda y Ojeda, 1982 apud Villwock, 1984).
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Segundo Asmus & Porto (1972) a Bacia de Fontana (1990b, 1996) identificou uma Fase
Pelotas é definida como uma bacia marginal Pré-rifte e uma Pós-rifte. A primeira é
subsidente preenchida por seqüências clásticas representada por uma seqüência basáltica
continentais e transicionais. Sua origem está associada ao início do rifteamento. A segunda
relacionada ao rifteamento que marcou a corresponde ao soterramento das seqüências do
abertura do Atlântico Sul a partir do Jurássico, rifte sob um espesso prisma sedimentar. Uma
iniciando a formação das bacias marginais discordância de idade albo-aptiana encobriu
brasileiras. Dentro da classificação de Klemme todas as unidades inferiores pelo progressivo
(1980), enquadra-se no Tipo V – crosta onlap em direção à linha de charneira. No
intermediária e costeira, compreendendo o Mioceno a subsidência passou a ser mais efetiva
trecho meridional da margem continental pela atuação da flexura, acentuando-se os onlaps
brasileira ao sul da Plataforma de Florianópolis. costeiros notados desde o Paleoceno. No
Na porção rasa a espessura dos sedimentos Pleistoceno, um pacote de maior espessura foi
não excede 3.000 m, na área mais profunda depositado no Cone do Rio Grande. A
distinguem-se três compartimentos semi- configuração da bacia sugere um abatimento
isolados, com espessuras de 6.000, 7.000 e 8.000 longitudinal, relativamente raso. As falhas
m nos seus depocentros, respectivamente de normais e as linhas de flexura são paralelas à
norte para sul. Segundo Fontana (1989) a maior margem continental, formando degraus
espessura deve ultrapassar 10.000 m. escalonados (Fig. 2).
De acordo com Asmus (1983), a Bacia de A Planície Costeira do Rio Grande do Sul
Pelotas se diferencia das demais bacias da corresponde a uma feição fisiográfica onde estão
margem continental brasileira por registrar expostos os sedimentos da porção superficial da
apenas o último estágio evolutivo, o oceânico. Bacia de Pelotas, ou seja, os sedimentos da
Segundo esse autor, os registros dos estágios cobertura depositados desde o Terciário sob a
anteriores deveriam ocorrer mais afastados da influência de oscilações glacio-eustáticas do
linha de costa, e estariam encobertos por nível do mar e acentuadas variações climáticas.
espessos pacotes sedimentares.
Figura 2. Fisiografia e principais estruturas da Bacia de Pelotas e área continental adjacente (modificado de
Urien & Martins, 1978, apud Dillenburg, 1988).
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128 Cronoestratigrafia da Bacia de Pelotas: uma revisão das seqüências deposicionais
Figura 3. Perfil esquemático transversal aos sistemas deposicionais da Planície Costeira do Rio Grande do Sul
na latitude de Porto Alegre. As barreiras são correlacionas aos últimos maiores picos da curva
isotópica de oxigênio (modificado de Tomazelli & Villwock, 2000).
No estudo apresentado por Dias et al. (1994), A divisão da Bacia de Pelotas por Dias et al.
os autores reconhecem nove formações (1994) em nove formações litoestratigráficas são
litoestratigráficas na Bacia de Pelotas (Fig. 4). A descritas e reconhecidas como:
carta cronoestratigráfica apresentada por estes Formação Imbituba - designa as rochas
autores tem um caráter genérico, não basálticas subjacentes aos conglomerados
representando todas as relações estratigráficas Cassino. O basalto é cinza-escuro e castanho-
sugeridas pelos levantamentos sísmicos, nem avermelhado, com textura porfiritica a
todas as variações de conteúdo litológico do subafanitica, e tem amigdalas preenchidas por
pacote sedimentar. A generalização presente é quartzo, zeolitas, calcita e outros minerais. A
conseqüência do reduzido número de poços Formação Imbituba correlaciona-se com as
perfurados na Bacia de Pelotas. formações Camboriú, da Bacia de Santos, e
Cabiúnas, da Bacia de Campos.
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Figura 5. Composição da curva de subsidência e a sua relação com as megaseqüências das bacias
da margem leste brasileira (modificado de Chang et al., 1988).
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Atualmente, reconhece-se que desde o final (1990) e Koutsoukos et al. (1991) parece ser
do Jurássico até os dias de hoje a margem leste gradacional.
brasileira pode ser subdividida em seis Cada uma dessas megaseqüências pode ser
megaseqüências deposicionais (Fig. 6): composta por uma ou várias seqüências
deposicionais, de acordo com os modelos
- Megaseqüência continental pré-rifte; propostos por Mitchum (1977), e Van Wagoner
- Megaseqüência continental rifte; et al. (1988, 1990). Conforme Asmus (1975),
- Megaseqüência transicional evaporítica; Asmus & Guazelli (1981), Asmus (1982) e Dias
- Megaseqüência de plataforma carbonática rasa; et al. (1990), a evolução estratigráfica da Bacia
- Megaseqüência marinho transgressiva; de Campos compreende quatro das grandes
- Megaseqüência marinho regressiva. megaseqüências tectono-sedimentares, que
correspondem a três estágios evolutivos:
Essas megaseqüências são limitadas por
discordâncias regionais que, no caso das - Megaseqüência Continental (estágio rifte);
sucessões marinhas, podem ter relacionadas suas - Megaseqüência Transicional (estágio golfo
concordâncias relativas. Existe somente uma proto-oceano);
exceção que é o limite entre as megaseqüências - Megaseqüência Carbonática Marinha (estágio
transicional evaporítica e a de plataforma oceânico);
carbonática rasa, o qual segundo Guardado et al. - Megaseqüência Clástica Marinha (estágio
oceânico).
Figura 6. Seção geológica esquemática das bacias da margem leste brasileira, apresentando as
principais unidades litoestratigráficas e seus respectivos depósitos associados, bem como
a evolução dessas bacias desde a fase da megaseqüência deposicional continental Pré-
rifte (modificado de Bruhn, 1993).
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132 Cronoestratigrafia da Bacia de Pelotas: uma revisão das seqüências deposicionais
Figura 7. Seção sísmica na região norte da Bacia de Pelotas. Na cor vermelha, provavelmente, os
primeiros seaward-dipping-reflectors da bacia. O refletor B representa o contato entre as
lavas basálticas sotopostas e os sedimentos da Fase Rifte sobrepostos (B-D) (modificado
de Fontana, 1996).
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134 Cronoestratigrafia da Bacia de Pelotas: uma revisão das seqüências deposicionais
Figura 8. Composição entre as seqüências propostas por Fontana (1996) e a curva de variação
global do mar de Haq et al. (1987).
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