Você está na página 1de 37

TA 836 – TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS

AULA 9- Lagoas de Estabilização

Profª. TÂNIA FORSTER


TRATAMENTO SECUNDÁRIO

- 1. LODOS ATIVADOS
- 2. AERAÇÃO PROLONGADA
PROCESSOS - 3. TANQUES SÉPTICOS
- 4. FILTROS BIOLÓGICOS
- 5. UASB
- 6 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
- Lagoas facultativas
- Lagoas anaeróbias e Lagoas facultativas
- Lagoas aeradas facultativas
- Lagoas de maturação e polimento

Rio Grande do Sul- Sitel@Corsan.com.br


Sistemas de lagoas de estabilização têm sido amplamente utilizados na prática de
tratamento de esgoto sanitário em todo o Brasil, tendo-se observado resultados
satisfatórios em termos da qualidade do efluente, sempre quando o projeto é
tecnicamente adequado e existe um mínimo de operação e manutenção. Como
diz o próprio nome, o objetivo principal de lagoas de estabilização é estabilizar, ou
seja, transformar em produtos mineralizados o material orgânico presente na
água residuária a ser tratada

Aspectos Relevantes às Condições Brasileiras

- Disponibilidade de área
- Clima favorável (temperatura e insolação)
- Operação simples
- Pouca mecanização

DESVANTAGEM

- Alto tempo de detenção (20 a 30 días), tempo para remoção completa dos
ovos de helmintos e eficiência elevada de remoção de coliformes fecais (CF)
- Remoção do lodo produzido
Manual de avaliação de desempenho de lagoas de estabilização: manual
técnico

As lagoas de estabilização são um dos sistemas mais usados em cidades de


pequeno e médio porte do interior paulista e são operadas pela Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) em 319 municípios
do estado

Lagoas revestidas com geomembrana de PEAD, formando um linear impermeável e que


protege o meio ambiente do contato com o efluente gerado
 USO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA

 produção de um quilo de arroz, por exemplo, necessita de 2 - 5 mil litros de


água

 cana-de-açúcar, conseguiu elevar em até 50% a produtividade ao irrigar a


lavoura com esgoto doméstico tratado
LAGOAS FACULTATIVAS –

 unidades simples
(fenômenos naturais)

 DBO particulada
(matéria orgânica em suspensão) tende
a sedimentar e sofre decomposição por
microrganismos anaeróbios – CH4+H2S

a fração inerte fica no fundo e necessita


Manutenção

 DBO solúvel (matéria orgânica


dissolvida) não sedimenta permanecendo
dispersa na massa líquida e sua
decomposição ocorre através dos
microrganismos facultativos

presença ou não de O2
LAGOAS FACULTATIVAS
Produção
durante o
Vento dia
O2 CO2
O2
Mistura e reaeração

Novas células Algas NH3, PO4, etc


Esgoto Zona
aeróbia
O2 CO2 H2S + 2O2  H2SO4

Bactérias Novas células


NH3, PO4, etc Zona
Sólidos
facultativa
sedimentáveis
Células mortas
Zona
Lodo Ácidos orgânicos CO2, NH3, H2S, CH4 anaeróbia
ETE da cidade de Luz: localizada próximo à fábrica de produtos alimentícios Maricota, a ETE
garante a coleta do esgoto doméstico (6000 mil casas) e da indústria.

-2 lagoas anaeróbicas, 2 lagoas facultativas,

Operações unitárias: gradeamento dos sólidos, caixas de remoção de areia, desinfecção do


esgoto tratado por luz ultravioleta.
Taxa de Aplicação Superficial
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E PROJETO Profundidade
Tempo de Detenção
Geometria
Taxa de Aplicação Superficial e Área

A área é calculada em função da taxa de aplicação superficial

Q (1)
I 𝑄.𝑆0
A I= 𝐿 = 𝑄. 𝑆0
𝐴𝑠
onde, L0 = Carga de DBO/DQO afluente (Kg /d)
I = Taxa de aplicação superficial (Kg/ha.d)
A = Área longitudinal ou superficial requerida para a lagoa (ha) 1ha=10000 m2

L
A
I I  350 * (1,107  0,002 * T ) (T  25)
Taxa de Aplicação Superficial
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E PROJETO Profundidade
Tempo de Detenção
Geometria

I –Taxa de escoamento superficial: depende da temperatura, latitude, exposição solar,


altitude e outros

I  350 * (1,107  0,002 * T ) (T  25) (2)

onde T é a temperatura média do ar no mês mais frio (ºC)

Valores típicos de taxa de aplicação superficial (I):


- I em regiões com inverno quente e elevada insolação= 240 a 350 Kg/ha.d
- I em regiões com inverno e insolação moderados= 120 a 240 Kg/ha.d
- I em regiões com inverno frio e baixa insolação= 100 a 180 Kg/ha.d
Taxa de Aplicação Superficial
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E PROJETO Profundidade
Tempo de Detenção
Geometria

Profundidade (H): parâmetro a ser adotado

Onde,
V = volume
A= área

Lagoas  H < 1 m, podem-se comportar como totalmente aeróbias, penetração


rasas da luz ao longo da profundidade é praticamente total

 área requerida é bem elevada

 produção de algas é maximizada e o pH é usualmente elevado


(devido a fotossíntese), acarretando a precipitação de fosfato
(remoção de nutrientes)

 remoção de patogênicos é maior

 maior variação da temperatura ambiente ao longo do dia, podendo


atingir condições anaeróbias em períodos quentes
Lagoas  H> 1,2 m possibilitam um maior TDH para a estabilização da
profundas matéria orgânica
 performance mais estável e menos afetada pelas condições
ambientais
 maior volume de armazenamento do lodo
 camada inferior permanece em condições anaeróbias (degradação
aeróbia e anaeróbia)
 sub-produtos de decomposição anaeróbia são liberados para as
camadas superiores, mas os riscos de mau odores são reduzidos,
pelo fato da camada aeróbia oxidar química e biologicamente o gás
sulfídrico gerado (H2S)
 lagoas mais profundas permitem a expansão futura para a inclusão
de aeradores, transformando em lagoas aeradas

Valores típicos: adota-se lagoas não muito rasas

H = 1,5 a 3,0 m
 Volume: como não conhecemos o TDH, o volume do reator pode ser
calculado por:

V = A. H (3)

onde, V = volume da lagoa (m3)


A = Área longitudinal ou superficial requerida para a lagoa
H = altura adotada (m)
Taxa de Aplicação Superficial
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E PROJETO Profundidade
Tempo de Detenção
Geometria
Tempo de Detenção hidráulica (TDH)

Tempo necessário para que os microrganismos procedam a estabilização da


matéria orgânica
𝑉
TDH = (4)
onde, V = volume da lagoa (m3)
𝑄
Q = vazão média do afluente (m3/d)
TDH = tempo de detenção (d)

Valores típicos: TDH = 15 a 45 dias

TDH - I: critérios complementares (área e volume devem ser coerentes)

I A Adotar TDH V obtêm-se H (verifica-se limites)

I A Adotar H V obtêm-se TDH (verifica-se limites)


Taxa de Aplicação Superficial
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E PROJETO Profundidade
Tempo de Detenção
Geometria
Geometria: Relação comprimento / largura

-sistemas com L/B elevado: fluxo em pistão


-sistemas com L/B próximos a 1,0 (lagoas quadradas): mistura completa

Valores típicos: Relação comprimento/largura = 2 a 4


Coeficiente de remoção de DBO em uma temperatura (KT)

 o modelo de mistura completa tem sido adotado por ser simples e mais empregado
 o coeficiente de remoção de DQO (K) foi obtido por diversos estudos

KT  K 20 * (T  20) (11.5)

onde KT: coeficiente de remoção de DBO em uma temp. do líquido qualquer (d-1)
K20: coeficiente de remoção da DQO (d-1)
θ: coeficiente de temperatura (1,085)

Valores típicos de K (20º):


Lagoas primárias 0,30 a 0,40 d-1
Lagoas secundárias 0,25 a 0,32 d-1
Para o cálculo da concentração efluente S (DBO Solúvel):

• 4 tipos de regime hidráulico:

 Fluxo em Pistão

 Mistura Completa (1 célula)

 Mistura Completa (células iguais em série)

 Fluxo Disperso
 Fluxo em Pistão

𝐒 = 𝐒𝟎 . 𝐞−𝐊𝐭 .𝐓𝐃𝐇

 Mistura Completa (1 célula)

𝐒𝟎
𝐒=
(𝟏 + 𝐊 𝐭 . 𝐓𝐃𝐇)

• S0 = concentração de DBO total afluente (mg/L)


• S = concentração de DBO solúvel efluente (mg/L)
• Kt = coeficiente de remoção de DBO (d-1)
• TDH = tempo de detenção hidráulica (d)
TRATAMENTO SECUNDÁRIO

- 1. LODOS ATIVADOS
- 2. AERAÇÃO PROLONGADA
PROCESSOS - 3. TANQUES SÉPTICOS
- 4. FILTROS BIOLÓGICOS
- 5. UASB
- 6 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
- Lagoas facultativas
- Lagoas anaeróbias e Lagoas facultativas
- Lagoas aeradas facultativas
- Lagoas de maturação e polimento

Rio Grande do Sul- Sitel@Corsan.com.br


LAGOAS ANAERÓBIA e LAGOAS FACULTATIVAS (Sistema Australiano)

 Como as lagoas facultativas requerem grande área, uma solução para reduzir
a área consiste em associar 2 lagoas:
Lagoa anaeróbia Lagoa facultativa
(lagoa secundária)

 O objetivo é promover uma remoção da DBO na ordem de 50 a 70% somente


para aliviar a carga; Como a lagoa facultativa recebe menor carga de esgoto
bruto (30 a 50%) elas podem ter menores dimensões
ETE de Votuporanga: R$ 17 milhões (área ± 30 campos de futebol)

 capacidade para receber 370 L/s de esgoto capaz de atender a produção


diária de 21 milhões de litros de esgotos
 efluente percorre um trajeto de 14 km de emissários (instalados na zona rural
da cidade) até chegar à caixa de areia ao lado das lagoas somente pela força
gravitacional
 ETAPA 1: peneirar o esgoto com grades e caixas de areia
 ETAPA 2: passa 4 dias na Lagoa Anaeróbia, mais 7 dias na Lagoa
Facultativa, e o ciclo se completa com a passagem da água por escadas
hidráulicas responsáveis pela oxigenação do líquido e despejo no córrego.
ETE do município de Franca

 (lagoa anaeróbio + lagoa facultativa) + uma lagoa de maturação (para a remoção


de patogênicos)
 população atendida é de 17.385 habitantes
ETE de Ribeirão Lajeado (Penápolis)

 Dois complexos de Lagoas de estabilização tipo sistema australiano


 capacidade de tratar 350 litros/segundo de esgoto com TDH de 45 dias
Ausência
H2S de O2

Esgoto
CHONPS Ácidos voláteis CH4 + CO2 + H2O

N Orgânico N Amoniacal Zona


 
anaeróbia
NO NO N
Sólidos
3 2 2

sedimentáveis SO 2 2
S (H S )
4 2

Lodo Ácidos orgânicos CO2, NH3, H2S, CH4


Taxa de Aplicação Superficial
CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO E PROJETO Tempo de Detenção
Profundidade e Geometria

Profundidade (H)

 Profundidade elevada para garantir a predominância das condições anaeróbias,


evitando que estas lagoas trabalhem como facultativa
 No entanto escavações muito profundas tendem a ser mais caras

Valores típicos: H = 3,5 a 5,0 m

Geometria: Relação comprimento / largura

-variam entre quadradas ou levemente retangulares

Valores típicos: Relação comprimento/largura = 2 a 4


TRATAMENTO SECUNDÁRIO

- 1. LODOS ATIVADOS
- 2. AERAÇÃO PROLONGADA
PROCESSOS - 3. TANQUES SÉPTICOS
- 4. FILTROS BIOLÓGICOS
- 5. UASB
- 6 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
- Lagoas facultativas
- Lagoas anaeróbias e Lagoas facultativas
- Lagoas aeradas facultativas
- Lagoas de maturação e polimento

Rio Grande do Sul- Sitel@Corsan.com.br


 A lagoa aerada é dimensionada quando a disponibilidade de área é insuficiente para a
instalação de uma lagoa facultativa convencional ou uma solução para lagoas
facultativas que operam de forma saturada e não possuem área suficiente para sua
expansão

 Após a aeração, obtenção de oxigênio, parte da matéria orgânica é estabilizada e


parte é sedimentada formando o lodo de fundo que será estabilizado
anaerobicamente como em uma lagoa facultativa convencional
 A principal diferença entre este tipo de sistema e uma lagoa facultativa convencional é
que o oxigênio, ao invés de ser produzido por fotossíntese realizada pelas algas, é
fornecido por aeradores mecânicos

 Os aeradores mecânicos: ar difuso ou aeração superficial (turbinas rotativas de eixo


vertical) que causam um grande turbilhonamento, que facilita a penetração e
dissolução do oxigênio

O aumento no OD reduz volume da lagoa e aumenta tempo de detenção hidráulica


variando entre 5 a 10 dias
TRATAMENTO SECUNDÁRIO

- 1. LODOS ATIVADOS
- 2. AERAÇÃO PROLONGADA
PROCESSOS - 3. TANQUES SÉPTICOS
- 4. FILTROS BIOLÓGICOS
- 5. UASB
- 6 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
- Lagoas facultativas
- Lagoas anaeróbias e Lagoas facultativas
- Lagoas aeradas facultativas
- Lagoas de maturação e polimento

Rio Grande do Sul- Sitel@Corsan.com.br


 Principal objetivo:
- Remoção de organismos patogênicos (bactérias, vírus, cistos de protozoários e
ovos de helmintos) e não remoção adicional de DBO

 Bactérias e vírus: temperatura, insolação, pH, escassez de alimento, compostos


tóxicos (são representados pelos coliformes)
 Cistos e ovos de helmintos: sedimentação

 Alternativa econômica à desinfecção do efluentes por métodos mais convencionais,


como a cloração
Lagoa de polimento

 São semelhantes as lagoas de maturação porém lagoas de polimento tem como


objetivo reduzir a DBO de outros sistemas tais como, reator tipo UASB

Lagoa de polimento- Suzano SP


Exercício 1 - Dimensionar uma lagoa facultativa retangular
(L=2B) de acordo com os seguintes dados de projeto:
população de 42.000 hab; vazão afluente de 3983 m3/d;
concentração de DQO afluente 413 g/L, coeficiente de remoção
de DQO (K20) de 0,41 d-1 e temperatura 28°C, coeficiente de
temperatura de (θ) de 1,05. Calcule:
a) Carga de efluente de DQO (Kg/d)
b) Área requerida (A) (m2) considerando a temperatura média
do ar no mês mais frio 23°C;
c) Adotar profundidade e justificar (H) (m);
d) Volume (V) (m3);
e) Tempo de detenção hidráulico (TDH) (d);
f) Coeficiente de remoção de DQO em uma temperatura de um
líquido qualquer (d-1);
g) Estimativa da DQO solúvel no efluente, considerando um
modelo de mistura completa (S) (mg/L), atende a legislação?
h) Dimensões L e B

Você também pode gostar