Você está na página 1de 56

Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

1ª Edição: setembro/2014

Transcrição:

Else Albuquerque

Copidesque:

Nicibel Silva

Revisão:

Adriana Santos

Capa e Diagramação:

Junio Amaro
INTRODUÇÃO

Nesta mensagem vou elucidar sobre os sete


degraus que podem levar à queda de um cren-
te em Jesus. Como exemplo, vou falar de um
homem com quem podemos nos identificar,
seu nome era Pedro. Ele foi um crente que ti-
nha tudo para não descer os degraus que serão
aqui descritos, e nos deixou exemplos para não
fazermos o que ele fez.
Vejamos os textos bíblicos que fundamen-
tam o tema desta mensagem:
Mateus, capítulo 16, versos 16: “Respon-
dendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho

5
do Deus vivo.” Verso 22: “E Pedro, chamando-o
à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem
compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te
acontecerá.”
Verso 24: “Então, disse Jesus a seus discípulos:
Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se ne-
gue, tome a sua cruz e siga-me.”
Marcos 8.31: “Então, começou ele a ensinar-
lhes que era necessário que o Filho do Homem
sofresse muitas coisas, fosse rejeitado pelos anci-
ãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas,
fosse morto e que, depois de três dias, ressusci-
tasse.”
Marcos 14.71: “Ele, porém, começou a pra-
guejar e a jurar: Não conheço esse homem de
quem falais.”
Lucas 22.31-34: “Simão, Simão, eis que Sa-
tanás vos reclamou para vos peneirar como tri-
go! Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé
não desfaleça; tu, pois, quando te converteres,
fortalece os teus irmãos. Ele, porém, respondeu:
Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a
prisão como para a morte. Mas Jesus lhe disse:

6
Afirmo-te, Pedro, que, hoje, três vezes negarás
que me conheces, antes que o galo cante”
Como disse, veremos no decorrer desta lei-
tura sobre os sete degraus que levam a queda
de um crente. Boa leitura!

7
8
A CAMINHADA
COM O
SENHOR

Como está a sua caminhada com o Senhor?


Como você tem vivido hoje, como está o zelo
do seu coração pelo Senhor? O salmista disse
no Salmo 94, verso 18: “Quando eu digo: resva-
la-me o pé (estou descendo um degrau), a tua be-
nignidade, SENHOR, me sustém.”
De todos os apóstolos do Senhor, Simão
Pedro é um dos mais conhecidos, porque,

9
normalmente, nos identificamos com ele. A
história desse discípulo de Jesus começou
quando seu irmão André o levou diante de
Jesus, como lemos em João, capítulo 1, versos
41 e 42:
“Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Si-
mão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer
dizer Cristo), e o levou a Jesus. Olhando Jesus
para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu se-
rás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)”.
Simão Pedro nunca tinha visto Jesus. Jesus
encontrou André, e este levou seu irmão, Si-
mão para também tivesse um encontro com o
Senhor. E Jesus não apenas olhou para Simão,
como o viu em seu interior. Jesus viu o interior,
o coração de Pedro. Não houve nenhuma outra
palavra, quando Simão chegou diante do Se-
nhor, Jesus disse que ele era o filho de João e
seria chamado Cefas, que quer dizer Pedro. E
Pedro significa pedra.
Dentre as coisas maravilhosas manifestas
no encontro de Simão com Jesus, o que muito
impressiona é que este não disse nada, sendo

10
que uma de suas características fortes era ser
muito falante. Mas naquele momento ele ficou
calado. Penso que deve ter sido por causa do
novo nome que o Senhor deu a ele.
Simão era volúvel, falava muito e por impul-
so, e, de repente, Jesus lhe disse: “Você será cha-
mado Pedro (pedra)”. Ele não tinha consciência
de como o Senhor o conhecia. Jesus conhecia
toda a história dele, sabia de sua personalida-
de, que falava impulsivamente. No entanto, a
partir daquele instante, Simão decidiu buscar a
realidade de seu novo nome: Pedro. Desde en-
tão, começou a andar com Jesus, tornando-se
um de seus discípulos. Ele foi um dos discípulos
mais conspícuos, testemunhou milagres como
a ressurreição da filha de Jairo, andou sobre as
águas para ir ao encontro de Jesus, confessou
que Jesus era “o Cristo, o Filho do Deus vivo”, foi
abençoado por Ele e também censurado, esta-
va sempre com Jesus.
O Senhor viu as possibilidades que estavam
ocultas na vida de Simão e começou a transfor-
mação na vida dele, declarando, desde o início

11
que ele se chamaria, a partir de então, Pedro.
Ao dizer este novo nome foi como se Jesus to-
masse Simão Pedro pelas mãos e nunca mais
soltasse; até o momento da negação, quando
parecia que Ele havia cometido um “suicídio es-
piritual”, Jesus lançou sobre ele o mesmo olhar
de quando o encontrou pela primeira vez.
Conhecemos a história, Pedro negou a Je-
sus por três vezes e, depois que o galo cantou,
Jesus olhou para Pedro. E no momento em
que Pedro estava embaixo, no mais profundo,
como num abismo, ele encontrou o olhar do
Senhor.
Em Lucas 22, verso 61 encontramos a mes-
ma palavra, o mesmo olhar, diz assim: “Então,
voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro
[...]”. Jesus chamou a Pedro, Ele o olhou nos
olhos e, quando estava no mais profundo abis-
mo, depois de ter descido os sete degraus (para
ser um exemplo para nós, hoje, não fazermos
o mesmo), o olhar do Senhor era o mesmo. O
olhar do Senhor continua o mesmo.
É verdade que Pedro se acovardou, mas

12
também é verdade que sua fé não desfaleceu,
pois o Senhor intercedeu por ele. Os métodos
do Senhor são misericordiosos ao tratar com
seus filhos.
Nós nos identificamos com Simão Pedro. E
ainda há, no Velho Testamento, um persona-
gem com o qual também muitos de nós nos
identificamos, Jacó. Às vezes, encontro irmãos
tão parecidos com Jacó que tenho vontade de
chamá-los por este nome, pois ora estão para
“cima”, ora estão tão para “baixo”. Ora estão
vendo uma escada para os céus, ora estão que-
brados no chão.
O exemplo de Jacó e Pedro nos mostra
como o Senhor nos quebra para que tenhamos
a vida Dele em nós. Este é o propósito do Se-
nhor para nós, que possamos viver a vida de
Deus.

13
14
JESUS
MANIFESTA
GRANDE
AMOR E
MISERICÓRDIA
PARA COM O
SERVO FRACO

Como Jesus manifesta o seu grande amor,


a sua misericórdia para com o servo fraco e
desobediente? Como Ele demonstra amor por
aquele que fica oscilando, tendo “altos e bai-
xos”?
Há tantos filhos de Deus que caíram e conti-
nuam prostrados no meio do caminho. Muitos

15
não conheceram ainda a história da queda e
restauração de Pedro; por isso, não tomaram
posse da promessa de Jesus que está em João
6, verso 37: “Todo aquele que o Pai me dá, esse
virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum
o lançarei fora”. E João 10.28 diz: “[...] e ninguém
o arrebatará da minha mão”. Podemos contar
com a abundância da graça do Senhor.
Vejamos então os degraus que o apóstolo
Pedro desceu e a restauração que recebeu:

16
1º DEGRAU: A
REJEIÇÃO DA
CRUZ

Mateus 16, versos 21 e 22:


“Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a
mostrar a seus discípulos que lhe era necessário
seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos
anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas,
ser morto e ressuscitado no terceiro dia. E Pedro,
chamando-o à parte, começou a reprová-lo,
dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de

17
modo algum te acontecerá”. Fazendo referên-
cia a Lucas 9.23 em que Jesus diz: “Se alguém
quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia
tome a sua cruz e siga-me”. Simão Pedro recu-
sou “tomar a cruz” e começou a descer em dire-
ção à negação da cruz. Pedro pronunciou duas
declarações, as mais absurdas, como vemos no
verso 16: “Respondendo Simão Pedro, disse: Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Foi uma decla-
ração fortíssima, a ponto de Jesus dizer a Pedro
que ele não cogitava das coisas de Deus, mas
sim das dos homens (Mt 16.23).
Em Marcos 14, verso 71, lemos:
“Ele, porém, começou a praguejar e a jurar:
Não conheço esse homem de quem falais!”. E Pe-
dro fez também outra declaração, dizendo: “Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, mas seis meses
depois, declarou: “Não conheço esse homem”.
Essas declarações nos levam a perguntar:
Será que essas palavras foram proferidas pelo
mesmo homem? Sim. Ele era convertido quan-
do isso aconteceu? Sim. A Palavra diz: “Aquele,
pois, que pensa estar de pé veja que não caia”

18
(1 Coríntios 10.12). Precisamos reconhecer
nossa dependência de Deus, sempre!
Mateus 16, verso 13: “Indo Jesus para os la-
dos de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discí-
pulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?”.
Logo depois Pedro disse: “Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo”. Então, Jesus começou a falar cla-
ramente sobre a Sua morte. No verso 21 está
escrito: “Desde esse tempo, (ou seja, desde essa
declaração), começou Jesus Cristo a mostrar a
seus discípulos que lhe era necessário seguir para
Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos
principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e
ressuscitado no terceiro dia”.
Jesus proferiu essas palavras, e logo no ver-
so 22 Pedro teve uma atitude, veja: “E Pedro,
chamando-o à parte, começou a reprová-lo,
dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de
modo algum te acontecerá”.
Note bem, Pedro começou a confrontar Je-
sus e a reprová-lo. O que estava acontecendo
na mente de Pedro para que tivesse tal atitu-
de? Era uma tentativa de desviar Jesus da cruz,

19
mas o Senhor percebeu que isso não era fruto
da mente de Pedro; mas de Satanás. Veja o ver-
so 23 que diz: “Mas Jesus, voltando-se, disse a
Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de
tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus,
e sim das dos homens”.
O primeiro degrau para a queda de um
crente é a rejeição da cruz. E o que é a cruz?
Jesus disse, no verso 24: “Se alguém quer vir
após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz
e siga-me”.
Nós temos aprendido que a cruz é a vonta-
de do Senhor. A cruz é quando a minha vonta-
de, que é horizontal, cruza com a vontade de
Deus, que é vertical, e escolho a vontade de
Deus. A cruz não é doença, desemprego, filho
viciado em drogas, a cruz é a vontade de Deus.
A Bíblia fala sobre fardos, que são as situações
difíceis, problemas, e que devemos levar os far-
dos uns dos outros, mas ninguém pode levar a
cruz do outro.
Pedro desceu o primeiro degrau para a que-
da de um crente, quando quis convencer Jesus

20
de não ir para a cruz. Ele rejeitou a cruz. Usou
de argumentos para que Jesus não cumprisse
a vontade de Deus. Jesus disse: “Arreda, Sata-
nás!” Satanás estava agindo por meio de Pedro;
por isso, a repreensão de Jesus não foi dirigida
a Simão Pedro, mas a Satanás.
Pedro se lembrava do que Jesus havia dito
a ele: “Eu te darei as chaves do Reino, o que liga-
res será ligado e o que desligares será desligado”.
Recordava-se dos milagres de Jesus, a multipli-
cação dos pães, Jesus andando sobre as águas,
os milagres nas pescarias que Ele fez. Por isso,
a advertência do Senhor tocou o coração dele.
Em 1 Coríntios, capítulo 10, verso 12, diz assim:
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não
caia”.

21
22
2º DEGRAU: A
ARROGÂNCIA
ESPIRITUAL

Arrogante é aquele que estufa o peito e


olha de cima para baixo.
Em Marcos, capítulo 14, versos 27 a 3, está
escrito:
“Então, lhes disse Jesus: Todos vós vos escan-
dalizareis, porque está escrito: Ferirei o pastor,
e as ovelhas ficarão dispersas. Mas, depois da
minha ressurreição, irei adiante de vós para a

23
Galileia. Disse-lhe Pedro: Ainda que todos se es-
candalizem, eu, jamais! Respondeu-lhe Jesus: Em
verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que
duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes.
Mas ele insistia com mais veemência: Ainda que
me seja necessário morrer contigo, de nenhum
modo te negarei. Assim disseram todos”.
A arrogância precede a ruína. Tudo o que
recebemos é pela graça do Senhor. E uma das
características da nossa fé é a humildade. Je-
sus disse: “Aprendei comigo que sou manso e
humilde de coração”. Humildade não significa
andar sujo, roupas rasgadas, não é ser pobre.
Podemos encontrar pessoas arrogantes nas
periferias e encontrar pessoas humildes nas
mansões. Humildade está no coração.
Às vezes ficamos decepcionados quando
encontramos pessoas que um dia foram tão
usadas por Deus e que abençoaram a nossa
vida, mas que hoje, estão longe, afastadas do
Senhor. Quantos estão longe do Senhor por
que se esqueceram de ser humildes; a arrogân-
cia apodrece a vida.

24
“Ainda que todos se escandalizem, mas eu?
Eu jamais”. O verso 31 diz: “Ainda que me seja
necessário morrer contigo, de nenhum modo te
negarei”. E Pedro contagiou aos outros que dis-
seram a mesma coisa. Este é o segundo degrau
para a queda, a arrogância.

25
26
3º DEGRAU:
A DEVOÇÃO
RELAXADA

Expressamos nossa fé por meio das disci-


plinas espirituais: a oração, a leitura da Bíblia,
a participação nas celebrações, a fidelidade ao
Senhor nos dízimos e nas ofertas. Quando há
“relaxamento” nessas disciplinas espirituais, co-
meçamos a descer mais um degrau.
Uma das disciplinas mais fáceis de
abandonarmos é a oração. Não existe

27
nenhuma disciplina que diz que temos que
dizimar durante as 24 horas do dia, que temos
que cantar o tempo todo. A única disciplina
que deve ser constante é a oração: “Orai sem
cessar”.
A oração é uma disciplina, mas isso não sig-
nifica que temos que orar com olhos fechados
o tempo todo. O mais importante é manter a
comunhão com o Senhor, não nos desligando
dele em momento algum. Que haja sempre re-
lacionamento com Deus. Não é uma questão
de entrarmos e sairmos da presença dele, mas
vivermos na presença de Deus. Seja na igreja,
no trabalho em casa ou em qualquer lugar. Te-
mos que ser constantes na nossa fé, na nossa
comunhão com o Senhor!
O terceiro degrau é o relaxamento na de-
voção. Vejamos o que está escrito em Marcos,
capítulo 14, versos 37 a 42:
“Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pe-
dro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem
uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas

28
a carne é fraca. Retirando-se de novo, orou repe-
tindo as mesmas palavras. Voltando, achou-os
outra vez dormindo, porque os seus olhos esta-
vam pesados; e não sabiam o que lhe responder.
E veio pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis
e repousais! Basta! Chegou a hora; o Filho do Ho-
mem está sendo entregue nas mãos dos peca-
dores. Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se
aproxima”.
Jesus convidou Pedro, Tiago e João para es-
tarem com Ele no Getsêmani, para orarem com
Ele. Jesus se afastou um pouco para orar e dei-
xou Pedro vigiando. Este último disse que esta-
va pronto para dar a vida pelo Senhor e vigiar
em oração, mas Pedro não pôde cumprir sua
palavra. Ele e os outros dormiram. Quando Je-
sus voltou “achou-os dormindo; e disse a Pedro:
Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma
hora”? (v.37).
O relaxamento nas disciplinas espirituais
leva ao afastamento do Senhor. Era uma hora
em que Jesus mais precisava da presença dos
discípulos. Pedro disse que estava pronto para

29
dar a vida pelo Senhor, mas naquela hora ele
não queria dar sequer uma hora de oração.
João, capítulo 13, versos 36 a 38, diz assim:
“Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para
onde vais? Respondeu Jesus: Para onde vou, não
me podes seguir agora; mais tarde, porém, me
seguirás. Replicou Pedro: Senhor, por que não
posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida.
Respondeu Jesus: Darás a vida por mim? Em ver-
dade, em verdade te digo que jamais cantará o
galo antes que me negues três vezes”.
Querido, é preciso voltar ao primeiro amor,
seja disciplinado com as coisas de Deus: “Lem-
bra-te de onde caístes! Volta à prática das primei-
ras obras” (Apocalipse 2.5). O primeiro amor
nunca deve deixar de existir.

30
4º DEGRAU:
O ZELO SEM
ENTENDIMENTO

Simão Pedro já tinha descido três degraus


em direção à negação e, a essa altura, quem
sabe ele pensou ter feito tudo errado, porque
ao tentar defender o Senhor da morte foi se-
veramente repreendido. Declarou sua total
dedicação a Ele, mas sua motivação estava
equivocada e, por isso, não recebeu nenhum
crédito. Aceitou passar um tempo de oração

31
com Ele, mas acabou vencido pelo sono. Os
amigos estavam comentando como o Senhor
o repreendeu. Então, ele precisava fazer algu-
ma coisa para mudar aquela situação. Ele re-
pentinamente lançou mão desse pensamento
no meio da noite.
Veja o que diz Marcos, capítulo 14, verso 43:
“E logo, falava ele ainda, quando chegou Ju-
das, um dos doze, e com ele, vinda da parte dos
principais sacerdotes, escribas e anciãos, uma
turba com espadas e porretes”.
Quando Pedro viu a turba chegando com
espadas e porretes, ele talvez tenha pensado
que fosse o momento adequado para fazer
algo diante da multidão de inimigos enfure-
cidos, se levantar e dar prova de que estaria
pronto para morrer pelo Senhor. Que os outros
discípulos iam testemunhar como ele se ofere-
ceu para defender o Mestre, mesmo correndo
o risco de ser morto.
Veja o verso 47 que diz: “Nisto, um dos
circunstantes, sacando da espada, feriu o servo
do sumo sacerdote e cortou-lhe a orelha”. Nem

32
Mateus, nem Marcos ou Lucas disseram o
nome desse discípulo nos evangelhos, mas é
interessante que em João 18, versículo 10 o
nome dele foi citado: Diz assim: “Então, Simão
Pedro puxou da espada que trazia e feriu o
servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha
direita; e o nome do servo era Malco”. Com este
gesto de violência, Simão Pedro nos deixou um
exemplo do que é o zelo sem entendimento.
Não podemos compensar com ações a nos-
sa falta de zelo. Obras não substituem caráter.
Pedro queria ser zeloso com o Senhor, mas não
ao modo do Senhor. Ele não levou em conta
que o Reino de Deus não é conquistado com
espadas. Pedro teve um zelo sem entendimen-
to, e aqueles que agem dessa forma descem
mais um degrau.
Pedro tinha perdido a comunhão com
o Senhor e pensou que podia se redimir
mostrando um grande zelo, sem entendimento
tentou defendê-lo com espada. Mas a
repreensão foi imediata, como vemos no verso
11: “Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na

33
bainha; não beberei, porventura, o cálice que o
Pai me deu?”. O zelo sem entendimento não
traz edificação ao Reino de Deus.

34
5º DEGRAU: A
FIDELIDADE
PARCIAL

O quinto degrau para a queda do crente é o


que chamamos de fidelidade parcial.
Em Marcos, capítulo 14, verso 54, está escri-
to assim: “Pedro seguia-o de longe até ao interior
do pátio do sumo sacerdote e estava assentado
entre os serventuários, aquentando-se ao fogo”.
Fidelidade parcial. Pedro seguia Jesus de
longe. Às vezes você pode pensar: “Eu vou

35
seguir a Jesus, mas de longe. Vou segui-lo,
mas não precisa ser tão de perto”, ou mesmo
dizer que é um crente, mas não precisa ser
consagrado, que vai segui-lo, pois Ele está lá,
tão distante e você aqui. Segui-lo com os olhos,
mas não segui-lo andando junto Dele.
Amado(a), só existe uma maneira de seguir
a Jesus, é estar junto Dele. Ele mesmo disse:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração; e achareis descan-
so para a vossa alma”.
O jugo é um apetrecho que é colocado so-
bre dois bois, e estes são presos a um carro de
boi, para que caminhem juntos. Assim, eles
não conseguem ficar longe um do outro.
Quando observamos a caminhada de Pedro
galgando o quinto degrau, seguindo Jesus
de longe, percebemos que ele tinha uma
fidelidade parcial. Novamente ele foi exposto
diante dos irmãos, com o olhar de reprovação
do Senhor depois de ferir o servo do sumo

36
sacerdote. Então, mais uma vez pensa: Tudo
o que faço está errado e, por isso, vou me
afastar, sou um provocador de problemas,
sendo assim, vou ficar de longe para não criar
dificuldades. E a partir daquele instante, como
diz o texto: “Pedro o seguia de longe”.
Muitas vezes, quando uma pessoa está tris-
te e abatida, ela começa a se afastar da comu-
nhão com os irmãos e do Senhor. Ninguém
se afasta de Deus e da igreja da noite para o
dia, é um processo. Primeiro, ela deixa de par-
ticipar do culto em um domingo, isso provoca
nela uma inquietação, mas então, ela falta mais
um domingo e já não dói tanto; sente até que
alguma coisa está errada, mas continua e falta
um mês inteiro. Então, não importa mais, pois
já está num processo de afastamento. Deixa de
entregar o dízimo uma vez, isso a incomoda,
dói, diz que vai entregar da próxima vez, aca-
ba não cumprindo e assim sucessivamente, até
que também não se importa mais. Começa de-
vagar, nas pequenas atitudes; não existe o fato
de alguém cair de repente, é um processo.

37
O quinto degrau é a fidelidade parcial e,
com ela, vem o desânimo e um espaço aberto
no coração para a raiz de amargura. A dificul-
dade em lidar com algumas situações chega e
com isso vem também o resfriamento. A pes-
soa que tem uma fidelidade parcial deixa de ir
aos cultos por qualquer motivo, por coisas ba-
nais, como assistir a TV, entre outras coisas. É
preciso cuidado!

38
6º DEGRAU: A
COMUNHÃO
COM O
MUNDO

O sexto degrau que pode levar à negação é


a comunhão com o mundo.
Marcos, capítulo 14, verso 54 diz assim: “Pe-
dro seguira-o de longe até ao interior do pátio do
sumo sacerdote e estava assentado entre os ser-
ventuários, aquentando-se ao fogo”.

39
Pedro ficou no pátio, junto às pessoas que
eram inimigas de Jesus. Pedro chegou ao local
em que Jesus seria julgado, era um momento
dramático, e ele se escondeu na casa do sumo
sacerdote, se assentando junto aos que não
conheciam o Senhor, como podemos ler em
João, capítulo 18 do verso 15 a 18:
“Simão Pedro e outro discípulo seguiam a
Jesus. Sendo este discípulo conhecido do sumo
sacerdote, entrou para o pátio deste com Jesus.
Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. Sain-
do, pois, o outro discípulo, que era conhecido
do sumo sacerdote, falou com a encarregada
da porta e levou a Pedro para dentro. Então, a
criada, encarregada da porta, perguntou a Pe-
dro: Não és tu também um dos discípulos deste
homem? Não sou, respondeu ele. Ora, os servos e
os guardas estavam ali, tendo acendido um bra-
seiro, por causa do frio, e aquentavam-se. Pedro
estava no meio deles, aquentando-se também”.
A Palavra de Deus diz que estamos neste
mundo, mas não somos deste mundo. A nossa
alegria não está nas coisas que o mundo nos

40
oferece, mas no Senhor. Um grande perigo
para a queda de um crente é se juntar àqueles
que não têm o Senhor e desejar aquecer o co-
ração com o mesmo “fogo” que eles aquecem o
coração deles. A Palavra diz: “Bem-aventurado
o homem que não anda no conselho dos ímpios,
não se detém no caminho dos pecadores, nem
se assenta na roda dos escarnecedores” (Salmo
1.1). A alegria do cristão é saber que o nome
dele está escrito no Livro da Vida. É esta alegria
que aquece o nosso coração.
Pedro, este valente, foi se deteriorando, se
envolvendo no meio dos inimigos do Senhor.

41
42
7º DEGRAU: A
NEGAÇÃO DO
SENHOR

O último degrau, o mais terrível, é a negação


do Senhor.
Em Marcos, capítulo 14, o verso 71 vemos
como Pedro chegou ao mais baixo nível de
sua queda, diz assim: “Ele, porém, começou a
praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de
quem falais!”.

43
Jesus estava sendo julgado por Caifás, o
sumo sacerdote, como registrado com deta-
lhes no evangelho de Mateus capítulo 26, ver-
sos 63 e 64:
“Jesus, porém, guardou silêncio. E o sumo sa-
cerdote lhe disse: Eu te conjuro pelo Deus vivo
que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.
Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto,
eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do
Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e
vindo sobre as nuvens do céu”.
Um tempo antes Jesus ouviu a confissão de
Pedro que está registrada em Mateus 16, verso
16, diz assim: “Respondendo Simão Pedro, disse:
Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus, em
seu julgamento, declarava, diante de Caifás, as
mesmas palavras da confissão de Pedro.
Perto de onde Jesus estava algo estranho
acontecia: uma simples criada (não era um
centurião nem um soldado com espada), ela
se dirigiu a Pedro e lhe fazendo uma pergunta,
como está relatado em Mateus 26, versos 69 a
75:

44
“Ora, estava Pedro assentado fora no pátio; e,
aproximando-se uma criada, lhe disse: Também
tu estavas com Jesus, o galileu. Ele, porém, o ne-
gou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
E, saindo para o alpendre, foi ele visto por outra
criada, a qual disse aos que ali estavam: Este
também estava com Jesus, o Nazareno. E ele ne-
gou outra vez, com juramento: Não conheço tal
homem. Logo depois, aproximando-se os que ali
estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, és
também um deles, porque o teu modo de falar o
denuncia. Então, começou ele a praguejar e a ju-
rar: Não conheço esse homem! E imediatamente
cantou o galo. Então, Pedro se lembrou da pala-
vra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante,
tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou
amargamente”.
Ali, na noite escura da negação, temos a vi-
são das lágrimas de Pedro. O texto diz que ele
chorou amargamente.

45
46
CONCLUSÃO

Como foi a negação de Pedro? No texto de


Mateus 26.69-75 vemos a tríplice negação de
Pedro:
1ª) “Não sei o que dizes”;
2ª) “Não conheço tal homem”;
3ª) “Não conheço esse homem!”.
Na segunda vez ele jurou e, na terceira
vez, praguejou. Vejo que Pedro não conhecia
a si mesmo. Conhecer a nós mesmos, nossas
limitações e fraquezas é muito importante.
Alguns irmãos têm dificuldade em frequentar
uma célula, pois as pessoas normalmente se

47
abrem, falam de si mesmas, e deixam-se ser co-
nhecidas, mas a única maneira de você viver,
querido(a), é se deixar conhecer. É importante
ter ao nosso lado pessoas que oram, estejam
conosco e nos ouça. Você e eu não somos sim-
plesmente um número no meio de milhares de
membros da igreja, cada um de nós é único.
Eu creio que Deus permitiu que tudo (a
história de Pedro) fosse relatado para que pu-
déssemos saber que existe uma maneira de
descermos os degraus da vida cristã e apren-
dermos o que não devemos fazer.
Pedro errou ao apontar o dedo para Jesus,
dizendo que não o conhecia, mas, ao fazer isso
ele estava apontando e afirmando que não
conhecia a si mesmo. Muitas pessoas que não
se firmam na fé são porque não se conhecem.
E por conta disso negam-se a deixarem a em-
páfia, o orgulho, o sentimento de autossufici-
ência. A nossa fé é um relacionamento com o
Senhor. Precisamos deixar a nossa vida total-
mente nas mãos Dele, os mínimos detalhes o
controle é do Senhor.

48
Se Pedro tivesse se rendido na sua fraqueza,
na falta de conhecimento de si mesmo e dito:
“Senhor, eu não conheço este homem, dá-me
entendimento pleno de mim mesmo”, talvez ele
não tivesse negado a Cristo. Pedro não se co-
nhecia e tampouco conhecia profundamente
quem era o Senhor. E a nossa fé é conhecermos
o Senhor. A Palavra diz: “Conheçamos e prossi-
gamos em conhecer o Senhor” (Os 6.3).
E para concluir, cito João, capítulo 1, versos
31 a 33, que dizem assim:
“Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que
ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, bati-
zando com água. E João testemunhou, dizendo:
Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar
sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que
me enviou a batizar com água me disse: Aquele
sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é
o que batiza com o Espírito Santo”.
Por que estamos nesta Terra? Para fa-
zermos o que está escrito em Filipenses, ca-
pítulo 3, versos 8 a 11: “Sim, deveras considero
tudo como perda, por causa da sublimidade do

49
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por
amor do qual perdi todas as coisas e as considero
como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado
nele, não tendo justiça própria, que procede de
lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a jus-
tiça que procede de Deus, baseada na fé; para o
conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a co-
munhão dos seus sofrimentos, conformando-me
com ele na sua morte; para, de algum modo, al-
cançar a ressurreição dentre os mortos”.
Jó, em determinado momento disse: “Eu te
conhecia só de ouvir falar, mas agora meus olhos
te veem” (Jó 42.5). Ele passou por uma aflição
tremenda, mas aprendeu a conhecer a Deus,
e reconheceu que não conhecia o Senhor in-
timamente, mas só de ouvir falar, e pôde con-
templar a bênção não só da restituição de tudo
que tinha perdido, mas a mais gloriosa dela,
o conhecimento de Deus a ponto de dizer “...
agora os meus olhos te veem”. Aleluia!
Seguindo a história de Pedro vemos que
ele subiu esses degraus e voltou a ser o que
o Senhor sonhou para ele. A comunhão foi

50
restaurada. E em Lucas, capítulo 22, verso 32,
Jesus disse a ele: “Eu, porém, roguei por ti, para
que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te
converteres, fortalece os teus irmãos”.
Romanos, capítulo 8 versos 28 a 30 diz as-
sim:
“Sabemos que todas as coisas cooperam para
o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito. Por-
quanto aos que de antemão conheceu, também
os predestinou para serem conforme à imagem
de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a es-
ses também chamou; e aos que chamou, a esses
também justificou; e aos que justificou, a esses
também glorificou”.
Dizemos que todas as coisas cooperam para
o nosso bem, mas olhamos apenas por um lado,
precisamos ver qual é esse bem. Que você e eu
possamos aprender com o exemplo de Pedro o
que não devemos fazer. Buscar o conhecimen-
to de Deus, seguir a vontade de Deus em tudo
quanto nos dispormos a fazer, mas lembrando

51
que Deus pode restaurar aquele que tropeçou
em sua caminhada. No Senhor encontramos a
graça maravilhosa que é a constante misericór-
dia, buscando realmente moldar cada um de
nós segundo a imagem de Jesus.

Deus abençoe!

Márcio Valadão

52
53
54
55
Uma publicação da Igreja Batista da Lagoinha

Gerência de Comunicação

Rua Manoel Macedo, 360 - São Cristóvão

CEP: 31110-440 - Belo Horizonte - MG

www.lagoinha.com

Twitter: @Lagoinha_com

56

Você também pode gostar