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Após a Guerra dos Cem Anos, a Inglaterra viveu uma forte crise dinástica, quando duas famílias de
nobres disputaram o trono, envolvendo o país na chamada Guerra das Duas Rosas (1455 - 1485). O
conflito terminou quando Henrique Tudor foi coroado rei, com o nome de Henrique VII. Nesse momento,
a autoridade do monarca esbarrou no Parlamento, que restringiu sua atuação e impediu a implantação do
absolutismo. Com a morte de Henrique VII, o poder foi transmitido a seu filho Henrique VIII, que
começou a impor seu poder aos nobres feudais, com a ajuda da burguesia, carente de apoio na sua expansão
comercial.
A partir desse momento, o poder real passou a centralizar-se cada vez mais na figura do rei. Este rei
rompeu com a Igreja Católica, apoderando-se de todos os seus bens e aumentando seu poder político. Por
meio do Ato de Supremacia (1534), o Parlamento investiu o rei com a suprema autoridade eclesiástica, ou
seja, o rei da Inglaterra agora era o chefe da igreja, não mais o papa. O rei governava por decretos que não
eram submetidos à sanção parlamentar. O Parlamento era figura decorativa, sendo convocado em raras
oportunidades. O Conselho real era instrumento fundamental do poder monárquico. No governo da rainha
Elizabeth I, que reinou entre 1558 e 1603, o Parlamento foi mantido com um poder apenas aparente, porém
o absolutismo foi implantado de fato. Nesse momento, a Inglaterra passou a exercer a supremacia
comercial no Atlântico.
proprietários rurais. As Leis de Cercamentos (Enclosure Acts) foram sendo editadas por sucessivos
monarcas ingleses, mas que ganharam maior fôlego a partir de meados do século XVIII. Essas leis
consistiram em uma crescente ação de privatização de terras, que antes eram de uso comum dos
camponeses ou por eles arrendadas, através do cercamento desses locais. A paisagem rural inglesa que era
caracterizada pelo openfield (o campo aberto) passou a ter sua exploração nos campos fechados.
As terras comunais inseriam-se em uma tradição econômica de utilização comunitária que remontava
à Idade Média, e sua privatização representava a ruptura das relações capitalistas com o antigo mundo
feudal. O senhor feudal deixava, assim, de ser o detentor da posse de terras para se tornar o seu proprietário.
Os camponeses que utilizavam as terras de forma comunal e dela extraíam madeira, caça e outros produtos
viram-se privados dessa fonte de recursos. Os cercamentos das terras impunham restrições ao uso da terra e
Assim, essas terras apropriadas pelos senhores foram dividas em lotes num sistema de arrendamento,
isto é, os senhores alugavam lotes de terra para alguns camponeses que se tornaram seus inquilinos. Os
camponeses mais pobres poderiam viver nos lotes de propriedade do senhor, em troca de cultivar sua terra.
Este sistema facilitou o pastoreio e a rotação de culturas, torando-as mais produtivas, o que permitiu a
formação de uma classe de prósperos arrendatários. Porém, ao mesmo tempo, a incapacidade de produção de
alguns camponeses em seus pequenos lotes de terras obrigou esses camponeses a abandoná-las, sendo então
Em busca de melhores retornos financeiros, os proprietários das terras e seus arrendatários buscaram
técnicas agrícolas mais eficientes implicava propriedades aumentadas e concentradas. Pra isso, era preciso
eliminar os antigos costumes e práticas que atrapalhassem o uso mais produtivo da terra. Do ponto de vista
dos proprietários e dos arrendatários, a terra devia ser liberada de todo tipo de obstrução ao seu uso
produtivo e lucrativo. Entre os séculos XVI e XVIII, houve uma pressão contínua para a extinção dos
direitos dos costumes que impediam a concentração e o uso privado das terras. Esse processo é marcado por
uma mudança na noção tradicional de propriedade que passou a ser substituída por um conceito novo, o
propriedade foi introduzida na transição do feudalismo para o capitalismo para controlar o acesso às terras
produtivas, que de feudo ou terra comum passaram a constituir propriedade. A transformação do feudo em
seus meios de subsistência obrigando-os a vender sua força de trabalho e assim transformou os servos e
que tomar a terra produtiva e lucrativa, “melhorá-la” (improve it). Assim, não é trabalho estabelece (ou
funda) o direito de propriedade, ou seja, a terra não pertence aos camponeses unicamente por eles
trabalharem nelas, mas pertencem aqueles que utilizarem a propriedade de modo produtivo e lucrativo, isto
“melhoramentos” fundamenta seu direito à propriedade não pelo seu trabalho direto, mas pela exploração
produtiva da sua terra pelo trabalho de outras pessoas. Terras sem “melhoramentos”, terra que não se toma
produtiva e lucrativa (como, por exemplo, as terras dos indígenas nas Américas) constituem desperdício e,
como tal, estabelecem o direito e até mesmo o dever de aqueles decididos a “melhorá-las” se apropriarem
Assim, ao longo do século XVI e XII, os grandes senhores de terras procuraram retirar os
camponeses das terras que podiam se tomar mais rentáveis se usadas para pasto para ovelhas – fornecedoras
de lã. Com a permissão do governo inglês os camponeses foram retirados de suas terras, dando lugar a
grandes proprietários. Os pequenos proprietários então eram obrigados a deixar suas terras e ir para as
cidades, consequentemente virando mão-de-obra barata. Os donos de terras criavam ovelhas para produzir lã
e vender para a indústria de tecido, que na época estava tendo um grande desempenho. Os trabalhadores
eram expulsos de suas terras não encontravam mais oferta de trabalho no meio rural, pois o pastoreio e o
emprego de novas técnicas de cultivo requisitava menor emprego de mão de obra. Restava apenas o
abandono do campo e migração para as cidades: o êxodo rural. Esses trabalhadores expropriados iriam às