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ocial
O SOCIAL
É O QUE
Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo
IMPORTA
da Escola da Indústria Criativa da
Universidade Municipal de Pag. 2
Ano 10 - Nº 50 - Outubro de 2019 São Caetano do Sul
Inovação Página 3
Ilustração: Paulo Alves de Lima
Iniciativas
Foto: Camila Lopes
Venda
porta a porta
resiste, ganha
espaço e atrai
sustentáveis no
profissionais de ABC Paulista
Fotos: Divulgação/PSA
Página X Aplicativo de
viagens rápidas
aumentam
segurança para
X
a população
Várzea vive: elite não é LGBTQIA+
maioria no futebol brasileiro
Página 5 Esportes - Página 7 Página 4
2 Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50
lhar
ocial
Olhar diferente lhar
Aline Santana
É inevitável pensar em uma vida
além de cobrir a contratação milionária
de um jogador de futebol por um time
espanhol ou uma premiação importante,
todas as perguntas (quem?, quando?,
como?, onde?, o quê?, por quê?) para
publicar o mais próximo da realidade.
Além disso, o jornalista tem grandes
aliados. A Internet e as redes sociais pro-
porcionam maior proveito e repercussão
ocial
longe do acesso da informação, sem
como o Oscar e o Grammy. Eu diria que São horas em frente ao computador para das notícias, além de possibilitar um Ano10 - Edição 50
saber o que acontece do outro lado
Outubro de 2019
do mundo ou do outro lado de nossa o jornalista é como um herói das histó- construir uma matéria e deixá-la com novo formato de propagá-las como as
calçada. Pode ser uma nova tecnologia rias dos quadrinhos da Marvel ou DC clareza e objetividade. São dias, semanas sequências de stories no Instagram, info- Jornal - Laboratório
que irá revolucionar a ciência ou uma Comics, com seus altos e baixos, vitórias e até meses de acompanhamento e gráficos no Facebook, podcasts, blogposts, do Curso de Jornalismo
campanha de vacinação na cidade. e derrotas. É preciso ser destemido para pesquisa sobre certo assunto. Para isto, há entre outros. Se antes, os profissionais da da Escola da Indústria Criativa
Cada uma dessas notícias são cruciais ultrapassar as barreiras e chegar até as uma renúncia de horas de sono e lazer. comunicação passavam horas para publi-
para nosso cotidiano como seres huma- fontes para apurar todo o acontecimen- No dia seguinte, precisa enfrentar chefes, car uma notícia com o uso da tipografia,
nos. E quem está lá para transmiti-las? to. E o seu principal vilão? Ele mesmo que irão contra a sua ideia, autoridades hoje, a praticidade e agilidade das redes
Nós, jornalistas. contra o relógio. que irão recusar dar entrevistas ou fugir- permitem ao leitor saber sobre um fato
Os jornalistas são como um corpo Imagine ter uma pauta perfeita, rão da pergunta com respostas triviais. em tempo real. Universidade Municipal de
vulnerável, sempre expostos para rece- que irá abrir os olhos da sociedade para Também terá de saber como enfren- O jornalista é um camaleão, sempre São Caetano do Sul
ber qualquer informação e repassá-las, o atual cenário do país e revelar todos tar as dores da vida, e não apenas a sua, se adequa às mudanças que ocorrem
como um vírus. Rápido e direto. Claro, os embaraços dos bastidores do governo? mas de dezenas de pessoas, que perderam ao seu redor. E eu, particularmente, Reitor
não podemos deixar de agradecer ao Agora, imagine ser censurado por tal filhos durante um tiroteio em uma acredito que esta seja uma das melhores Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi
nosso amigo Johannes Gutenberg por pauta. Ou melhor, imagine ser cassado e escola, a fuga de famílias refugiadas por características da nossa profissão. Ter a mbassi@uscs.edu.br
iniciar essa mudança nos meios de até morrer pelo mesmo governo por obter conta de uma guerra ou quem perdeu liberdade para se reinventar e inovar,
Pró-Reitor Administrativo
comunicação, com a criação dos tipos esse tipo de informação? sua casa durante uma forte enchente. mas permanecer fiel ao compromisso e Financeiro
móveis, responsável por impulsionar o O jornalista está em uma constante A emoção vem à tona, entretanto, após diário de fornecer informações e ser a voz Prof. Ms. Paulo Sérgio Lopes Ruiz
contágio das notícias e revolucionar a luta. Desde a graduação, é cobrado para um longo suspiro para se recompor, ele da sociedade, de maneira que, leitores, pruiz@uscs.edu.br
área até os dias atuais. ser a pessoa mais informada. Durante prossegue com o seu maior propósito: ouvintes e telespectadores consumam a
A vida de um jornalista vai muito a carreira, é preciso ter a resposta para informar. verdade em nome do interesse público. Pró-Reitor de Graduação
Prof. Dr. Leandro Campi Prearo
leandro.prearo@uscs.edu.br
eficiência “batuta” dos professores Ana roubada. E eu não me sentia nada Prof. Ms. Luciano de Souza
Paula Oliveira e Paulo Alves de Lima... preparada para isso. souza@uscs.edu.br
Nossa edição número 1 destacava, O que posso dizer, quatro anos Coordenação do Projeto Integrado
entre vários assuntos, a difícil situação depois? Que a cada edição publi-
Prof. Ms. Flávio Falciano Profa. Ms. Ana Paula Oliveira (PI) da edição do jornal
vivida pelos moradores de rua nas cidades cada, reciclamos nossos conceitos, Profa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira
Gestor da Escola do ABC, a necessidade de oferecer cultura Editora do aprendizados e ensinamentos sobre
da Indústria Criativa para as comunidades carentes, o quanto o Jornal-Laboratório técnicas de reportagem, apuração, Editor Jornal Olhar Social
e do Curso de esporte (no caso, o skate) pode contribuir Olhar Social e Professora do narrativa e jornalismo. A roti- Prof. Dra. Profa. Lilian Crepaldi Ayala
Jornalismo da USCS para a inclusão social, e o importante Curso de Jornalismo da USCS na de uma redação, o timing da
Chefia de Redação
trabalho de voluntários que se dedicam a publicação impressa, a busca da Profa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira
alegrar quem sofre nos hospitais. fonte, a data final de envio à grá-
O SOCIAL É O É triste verificar que esses assuntos,
10 anos depois, ainda se mostram tão O PRAZER DA fica. Tudo continua igual na sua
essência, mas se renova totalmente
Fotojornalismo
Prof. Ms. Vitor Mizael Rubinatti Dias
a população LGBTQIA+
fica uma mudança de cenário para para oferecer um serviço com exce-
essa população. lência aos passageiros.
O estudo mostra que, do dia A equipe de reportagem entrou
1º de janeiro ao dia 15 de maio de em contato co m a Uber, mas até o
2018, foram registradas 153 mortes, fechamento da matéria não houve ne-
no mesmo período em 2019, foram Plataforma também pode ser usada por heterossexuais que apoiam o movimento nhuma resposta por parte da empresa.
141 mortes, uma diminuição de
8%. Em relação aos assassinatos, no
ano de 2018 foram 111 mortes, já nário da população LGBTQIA+
nesse ano totalizaram 126, um au- comuns. Famosos também são atin-
no Brasil. Nesse estudo, 2,7% das
mento de 14% de mortes ocorridas gidos. Linn da Quebrada, atriz, can-
445 vítimas registradas eram hete-
por homicídio. tora e compositora brasileira de funk
rossexuais, mas apoiavam o movi-
Esses casos de discriminação e pop, foi alvo de discriminação por
mento, e, também foram alvo da
não se aplicam apenas às pessoas um motorista da Uber.
discriminação.
A Drag Queen, Enrico Salvatore
Com esse cenário, a empresa
Foto: Google Images
Camila Lopes Empresas de Vendas Diretas) os canais mais atenção a eles. Um já estava com larguei minha profissão pois amo ser
Venda A venda direta teve início no fim digitais são relevantes, pois por muitas 8 anos e o bebê por vir”, explica. Pris- cabeleireiro, mas esse modelo de ne-
século 18, com o americano David vezes o cliente não está disposto a bus- cila começou a vender os brigadeiros gócio me proporcionou liberdade fi-
porta a porta
Mc Connell, vendedor de enciclo- car ativamente o produto. em seu antigo trabalho e deu tão certo nanceira depois de quase 2 anos, pois
pédias britânicas. Para impulsionar a O setor de vendas diretas no país que acabou pedindo pedindo demis- além da venda, tenho minha própria
resiste, ganha
venda dos livros, ele aceitou a sugestão movimentou R$ 42,2 bilhões em são. “Fui vendendo nos lugares onde rede de fornecedores.”.
da esposa de distribuir perfumes como 2017 e envolve mais de 4,1 milhões tinha conhecidos e o famoso boca a Celso diz que as redes sociais são
brinde. A estratégia deu tão certo que de empreendedores independentes, boca gerou bastante clientes. ” um canal forte, mas que não utiliza
de diversas
David foi pioneiro a realizar as toria LCA e dados do Painel ABEVD mana e as novidades. “No começo em condomínios, levo minhas coisas e
vendas porta a porta, e a companhia Em 2017, dados da World Fede- não foi fácil, toda semana eu eu saia demonstro, gosto muito disso. ”
áreas
a primeira em trazer o modelo para o ration of Direct Selling Associations para vender bolo em pedaços nos lo- No início, teve de enfrentar a timi-
Brasil, em 1959. Seguida pela japone- (WFDSA), apontam que o Brasil ocu- cais onde tinha conhecidos para divul- dez e o medo de rejeição: “pensamos:
sa Yakult em 1968 e em 1969 com a pava a 6ª colocação no mercado global gar meu trabalho. A maior dificuldade o que as pessoas vão achar de mim?
brasileira Natura. de venda direta, atrás apenas dos Es- é não ter salário fixo todo mês, então No grupo Hinode, como em outras
Boca a boca ainda é o No modelo de venda direta os tados Unidos, China, Coréia do Sul, temos que batalhar e correr atrás. Se marcas, existem médicos, donos de
meio que mais funciona, produtos são ofertados por meio Alemanha e Japão. não trabalha, não ganha”. empresas, atores. Mas somos tachados
pessoal, catálogo, porta a porta ou O sucesso desse modelo está nos Priscila trabalha até aos domingos, como “’os vendedorezinhos de perfu-
mas catálogos virtuais e até mesmo pela internet e aplicativos relacionamentos, na maioria das vezes, faz entregas fora do horário comercial me”’. O que muita gente não sabe é
Whatsapp tornaram-se como Whatsapp, que acabou tor- o revendedor inclui entre os principais e é feliz profissional e pessoalmente. que o “vendedorzinho de perfume”
grandes aliados para obter nando-se peça-chave para sucesso nas clientes amigos, familiares e colegas de “Trabalhando em casa dou mais aten- atuando três, quatro horas por dia ga-
sucesso na hora da venda vendas de qualquer produto. Segundo trabalho, o que aumenta a confiança ção à minha família e faço o que gos- nha muito mais do que muita gente
a ABEDV (Associação Brasileira de nas marcas e fidelização do cliente, to. Meu sonho é abrir minha própria que trabalha oito horas por dia em um
além de ser uma ótima oportunida- confeitaria e sei que vou conseguir!” escritório”, observa.
Foto: Camila Lopes
de de trabalho para quem quer tentar Celso Alves Ferreira, 32 anos, ca- Celso destaca a importância do
Celso Alves, empreender, com horários flexíveis e beleireiro de Santo André, também sorriso, da simpatia e da boa aparência
representante do autonomia ou ainda para quem busca resolveu entrar no ramo de venda na hora da venda. “A gente deixa uma
Grupo Hinode. uma renda extra. direta. Há 4 anos e meio trabalha amostra grátis de algum produto, seja
Foi o que aconteceu com Priscila como representante do grupo Hino- um energético geladinho, uma barra
de Barros Rodrigues, consultora de de “Sinceridade? Entrei nesse merca- de cereal, um perfume, um creme...,
viagens por 17 anos, hoje confeiteira, do para consumir os produtos mais mas o mais importante é o sorriso no
(39), de Santo André. Após o nasci- baratos, hoje sou apaixonado por rosto e a boa aparência.”
mento de seu segundo filho, em 2015, vendas”. O sonho de Celso é poder apo-
ela decidiu fazer um curso de brigadei- Celso não largou a profissão de ca- sentar seus pais com a renda obtida
ros gourmet online. “Quando meu beleireiro, corta cabelo em domicílio, na venda porta a porta e dar a eles
primeiro filho nasceu trabalhava fora e mas o emprego em um salão fixo, sim. qualidade de vida, além de manter sua
não curti a infância dele, então pensei A principal fonte de renda vem da liberdade financeira e fazer seus horá-
que se trabalhasse em casa, poderia dar venda direta, mas não é a única. “Não rios de trabalho.
Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS Cidadania + Inovação lhar
ocial Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50 5
Olhos que não veem, ouvidos que não ouvem
Aline Miranda Visão, audição, olfato, tato e paladar. Cegos e surdos Os integrantes surdos da ONG na maioria das vezes, feita por meio
O mundo com suas cores e sons já assistiram a algumas apresentações das redes sociais, o que para Katytullin
é percebido de maneira diferente por usam outros sentidos para expressar e absorver arte acessíveis no teatro Paulo Machado dificulta o acesso de pessoas com defi-
cegos e surdos. Nesse processo, a arte de Carvalho. Para a coordenadora ciências visuais. Já para Fabiano Cam-
desempenha papel fundamental. Cria Andreia Miguel, “o teatro realmen- pos, a divulgação digital por meio de
espetáculos acessíveis e pode se tornar te transforma a vida das pessoas vídeos em LIBRAS chama a atenção
uma atividade profissional para pes- com deficiência. Você percebe que do público surdo.
soas com deficiência, que correspon- elas têm muito potencial. Também A acessibilidade passou a ser uma
dem a 24% da população brasileira, é uma possibilidade de melhorar a preocupação na esfera artística. O que
de acordo com dados de 2010 do qualidade de vida. Já tivemos teatro antes era uma porta fechada, hoje é
IBGE (Instituto Brasileiro de Geo- aqui, só que era uma parceria com um caminho repleto de possibilidades
grafia e Estatística). a prefeitura de São Caetano do Sul. para cegos e surdos.
O Teatro Cego, por exemplo, é Com as mudanças de gestão, não
um formato teatral trazido da Argen- conseguiram dar continuidade”. Coordenadora e integrante do CIVE
tina pela produtora Caleidoscópio Mesmo assim, não desistiram de
Comunicação & Cultura, em 2011. buscar outras possibilidades. “Nos
Para simular a percepção dos cegos, os inscrevemos duas vezes esse ano em
espetáculos deixam de lado o formato projetos com instituições para con-
tradicional. Na escuridão total, o pú- seguir verba, só que não consegui-
Foto: Aline Miranda
blico ocupa o mesmo lugar dos atores mos. Infelizmente, não temos como
e assiste à apresentação por meio dos arcar com um profissional de teatro
cheiros e sons produzidos. O grupo e por isso, eles acabam ficando sem
integra atores e músicos, cegos ou esse benefício”, complementa.
não, que participam de um processo Em Santo André, Ray Katytullin
de preparação específico para a reali- tem baixa visão, o que não o impede
zação de cada peça. Fabiano Eduardo) atende pessoas com defici- de trabalhar como artista plástico,
A Língua Brasileira de Sinais (LI- Campos, ência. Com uma equipe especializa- ator, palhaço e professor de dança. “A
BRAS) é outro recurso do teatro aces- Intérprete da, oferece exercícios físicos, artesa- maior dificuldade como ator é deco-
sível. O intérprete de LIBRAS, além de Libras nato, atividades da vida diária, aula rar o texto e situar-se no espaço. Mui-
de traduzir, interpreta o que acontece de dança, entre outras. Porém, sofre tas vezes o deficiente visual não sabe
no palco. Para Fabiano Campos, essa personagens e incorporar isso no meu com a falta de mais ajuda financei- em que lugar do palco está”, destaca.
é a parte mais difícil de sua profissão. corpo e na minha língua de sinais, para ra, mesmo com o auxílio anual da Atores com deficiência visual costu-
prefeitura. Por isso, para captação
maioria das vezes insetos, para levar as Abaixo, abelha Robótica modelo Brambleee da mercial, para evitar um colapso nas
estruturas reprodutivas de uma planta Universidade de West Virginia, nos EUA. empresas produtoras de alimentos”.
a outra, ocorrendo assim a fecunda- Mais abaixo, à direita, biodrone desenvolvido na Segundos os pesquisadores, uma
ção e, por consequência, a formação Universidade de Harvard, também nos EUA. das causas de queda nas populações
do fruto. é o uso indiscriminado de agrotó-
Porém, as abelhas, um dos insetos xicos, principalmente quando as
responsáveis por esta função, estão de- plantas estão floridas, atraindo seres
saparecendo por nossa culpa, seja pelo vivos para disseminar seu pólen. “O
aquecimento global ou por níveis ele- manejo correto de agrotóxicos evita
vados de poluição. danos maiores ao meio ambiente”,
Juliana Beringer, Mestre em Bio- assegura.
Foto Divulgação: Universidade de West Virginia (EUA)
logia Celular e Molecular pela UFR- Joatan percebe que este cenário
GS (Universidade Federal do Rio pode ser alterado principalmente com
Grande do Sul), discorre sobre as abe- a educação básica, quando as crianças
Universidade de Harvard (EUA)
Foto Divulgação:
lhas e a polinização. “Algumas plantas são ensinadas a não matar o inseto que
realizam sua polinização apenas com entra em casa. “Essa abelha está ape-
abelhas, há um mutualismo identifi- nas procurando pólen, não é agressi-
cado pela ciência”, afirma. va, basta retirá-la”, explica. “Um terço
Reverter o aquecimento global e dos alimentos produzidos no planeta
níveis alarmantes de poluição são pro- dependem de polinização de insetos,
cessos longos. Desta forma, ao buscar por isso eles devem ser preservados”,
alternativas, cientistas da Universida- partir de um algoritmo de visão. Para Outro exemplo deste tipo de o drone tem a capacidade apenas de complementa.
de de West Virginia (EUA) criaram a avaliar o trabalho do robô, QR codes iniciativa vem da Universidade Poli- fecundação de plantas. O avanço tecnológico, neste
BrambleBee, abelhas robóticas que fa- (leitura de imagens com códigos) são técnica de Varsóvia, na Polônia, onde Juliana Beringer, é categórica caso, pode mudar o cenário, mas será
zem o processo de polinização de uma colocados nos galhos das árvores. os pesquisadores começam a testar o quanto à importância das abelhas mesmo que é a melhor alternativa
forma artificial. O projeto chamou atenção de drone em em campo para reconhecer para os ecossistemas: “Sem abelhas, há para solucionar a possível extinção
O robô, ainda em fase de testes, uma rede de supermercados que fi- uma flor, transferir o pólen e fertilizar efeitos em cascata, como perda de ali- de uma espécie? Preservar é sempre
recebe o mapa em 3D da estufa que nancia parte da pesquisa e realiza o outra planta. Segundo estudos desen- mentos, animais, produtos a até mes- a melhor solução, mas os biodrones
o permite detectar flores e traçar as pedido de patentes para os drones au- volvidos por Rafael Dalewski, pes- mo a extinção da espécie humana”. podem ganhar muito mais espaço
melhores rotas para coleta do pólen, a tônomos de polinização. quisador da Universidade polonesa, Juliana também é contra as pes- no futuro.
6 Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50
lhar
ocial Mulheres Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS
Ilustração: Paulo Alves de Lima
lógico é o ponto inicial. “É algo que “Eu era uma pessoa cheia perseguições. Em janeiro, saiu de sua
Silêncio
Letícia Matos feito alimentações superficiais durante eles, eu não estava machucada e deveria a roupa que estava vestindo”, fala.
Com base nos dados da Secre- os nove meses de gravidez, chegando a ter vergonha por prestar queixa contra Para Joana Carvalho é um alívio
taria de Segurança Pública, no ano pesar 45 quilos. Apesar de subnutrida, um trabalhador”, lembra. Como deci- acordar todos os dias e saber que não
que mata: passado, o número de denúncias de o bebê nasceu saudável. diram não fazer um Boletim de Ocor- foi mais uma vítima de feminicídio.
lesão corporal por violência domés- Após o nascimento do segundo rência, a estudante recorreu ao Fórum, “O mais importante é recomeçar mi-
a luta contra
tica, decorrentes de agressões por filho, quase todas as relações sexuais onde recebeu assistência de uma dele- nha vida, terminar meus estudos e cui-
parte de companheiros e ex-compa- que teve com o marido foram força- gada. Participou dos exames de corpo dar dos meus filhos, sabendo que te-
nheiros, foi de 28.440. das. “Me trancava no quarto com os de delito e a partir desse dia, o marido nho uma nova oportunidade”, finaliza.
a violência
Em contraste, a análise realizada meninos, e ainda, tinha que encostar a foi obrigado a sair de casa.
pelo Instituto de Pesquisa Datafolha, cama em frente a porta, pois várias ve- A medida protetiva de 300 me- * Para proteger
zes ele tentou arrombar a fechadura”, a vítima, o
doméstica
no início do ano, identificou que mais tros de distância não foi um impe-
nome real da
de 52% das vítimas não recorrem à diz. Relutante em pedir auxílio para as dimento para o marido, que alugou personagem
polícia. Para Joana Carvalho*, vítima autoridades, Joana vivia assombrada uma casa no mesmo bairro de Joana. não pôde ser
identificado
de violência doméstica, o abuso psico- pelos anos de censura e negligência, As ameaças continuaram, além de
Ex-pacientes de câncer
Para a melhoria desse quadro, se esconder do marido, namorado ou Eu não sabia, mas estava grávida. Dei
alguns médicos indicam a micro- até delas mesmas”, detalha. à luz em casa e, com ajuda do meu
pigmentação para a reconstrução de Ele explica que o procedimento marido e da minha filha, nasceu a Na-
recuperam autoestima
aréola, processo mais simples que dura cerca de uma hora, podendo tália”, conta. Três meses depois, ou-
uma tatuagem, no qual um profis- ser realizado em até três sessões. Na tro nódulo a levou à mastectomia da
com micropigmentação
sional dermopigmentador usa um inicial, há a demarcação da aréola e mama direita. “Hoje, após 13 anos e
dermógrafo. É um aparelho leve e a definição dos pigmentos que serão com as mamas reconstruídas, estamos
delicado, específico para esse traba- utilizados. As demais sessões servem aqui com saúde alegria e muita força
lho com colorações que buscam o para retoques. para viver”, complementa.
Mulheres mastectomizadas e procedimentos estéticos: tom da pele da paciente. Uma das pacientes atendidas “Por acharem que não existe so-
uma história de superação O micropigmentador Ronaldo pela ONG, Maria de Almeida (60), lução, a depressão encontra um am-
Coelho (70), trabalha como volunta- contou sua história após todo o so- biente propício para se desenvolver
Layanni Roberta rio na ONG Viva Melhor, que atua frimento. “Descobri um nódulo na nesses casos. Temos que levar essa
Apenas em 2018, de acordo com resultado da biópsia fazem com que, em parceria com a Faculdade de Me- mama esquerda ao realizar o auto- técnica ao maior número possível de
o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 70% dos casos, seja necessária uma dicina do ABC, atendendo mulheres exame. Fiz uma quadrantectomia pacientes com câncer de mama, bem
o câncer de mama representou 29,5% mastectomia (retirada total do seio). que foram mastectomizadas pelo SUS e, cinco anos depois, surgiu outro como aos médicos que desconhecem
dos casos da doença, afetando qua- O levantamento feito pela Socie- e não têm condições de arcar com os nódulo na mesma mama e tive que a técnica, para que possam indicá-
se 60 mil mulheres no país. Quando dade Brasileira de Mastologia (SBM), custos do procedimento. “Faço aten- retirá-la, passando por novas sessões -la”, finaliza Ronaldo, que viaja por
descoberto no início, com menos de com base em dados do Departamen- dimento em média de oito mulheres de quimioterapia. todo o Brasil e, se possível, para ou-
dois centímetros, as chances de sucesso to de Informática do Sistema Único por dia. Minha missão é que todas No dia seguinte da última sessão tros países como voluntário para en-
alcançam quase 100% de cura, porém de Saúde (DataSUS), indica que ape- sofram menos com o pós-operatório, - em 3 de agosto de 1997 -, senti for- sinar outras pessoas e conseguir que
60% das mulheres atendidas pelo Siste- nas 20% das 92,5 mil mulheres que orientando-as para que não precisem tes dores, achando até que iria morrer. o procedimento seja reconhecido.
ma Único de Saúde (SUS) chegam aos fizeram a cirurgia de mastectomia
consultórios com tumores avançados, para tratamento do câncer de mama,
com menor chance de cura. A demora entre 2008 e 2015, passaram pelo
no diagnóstico e receber tardiamente o procedimento de reconstrução ma-
mária. Para a SBM, a situação é ex-
“Minha missão é que plicada pela falta de estrutura e pelo
número insuficiente de médicos qua-
todas sofram menos lificados para o procedimento.
com o pós-operatório, De acordo com a entidade, pelo
orientando-as para que menos 74 mil mulheres já fizeram
mastectomia no país, mas não têm
não precisem se esconder condições de fazer a reconstrução.
do marido, namorado ou Após o processo de tratamento, no
delas mesmas” entanto, muitas entram em depressão Foto do acervo pessoal
e perdem a autoestima, mesmo após do micropigmentador
Ronaldo Coelho o implante de silicone. Ronaldo Coelho
Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS Esportes lhar
ocial Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50 7
Várzea vive: elite não é maioria no futebol brasileiro
Modalidade amadora ganha espaço após aumento no preço dos ingressos das competições profissionais
Mário Jorge apreciarem uma partida gratuita. ABC Paulista, entre eles, o Brothers
obstáculos da rua, como corrimãos, meninos e conta com o apoio de vencedor, isto é, a pontuação máxi-
rampas e escadarias. Mas, nas ruas seis patrocinadores. “O meu sonho ma válida para a corrida olímpica. Construção da
de verdade, são as más condições é que isso se amplie no Brasil intei- Na competição masculina, o cam- SB Skate Plaza
ainda prevalecem, o que prejudica ro, que a gente sirva de exemplo e peão foi o havaiano Heimana Rey-
o desempenho dos atletas. modelo para outros grupos de skatis- nolds (21). O Brasil ficou com dois
No ABC paulista, isso não é tas.” declara Lardieri. O atleta Júlio lugares no pódio, com Luiz Francisco
diferente. Para combater a falta de Ferreira (23), diz que já participou e Pedro Quintas, respectivamente em
investimentos dos órgãos públicos, de mutirões em prol da revitalização segundo e terceiro lugar. Já na compe-
Rafael Lardieri (26), fundador da da pista de skate de Mauá. “Já estive tição feminina, quem levou a melhor
Skater Boys, criou o projeto “SB em três mutirões, durante o tempo foi a japonesa Misugu Okamoto (13),
Skate Plaza”, no bairro do Jardim em que a prefeitura não fornecia o seguida da também japonesa Sakura
Las Vegas, em Santo André. A ideia suporte para que pudéssemos reali- Yosozumi (17) e, para completar o
surgiu em 2016, com o intuito de zar a ação”, complementa. pódio, a britânica Sky Brown (11).
agregar as modalidades mais prati- Devido ao aumento de prati- O estigma de que o skate é um
cadas, como o street e o park e criar cantes, segundo o IBOPE (Instituto esporte da marginalidade fica cada
um lugar com as condições ideais Brasileiro de Opinião Pública e Esta- dia mais para trás “De modo geral,
para a prática do skate. tística), o mercado brasileiro de skate vejo que as Olimpíadas foram um Rafael Lardieri e
O trabalho é voluntário e os gera mais de 1 bilhão de reais ao ano benefício para o skate. E isso só Alonso Martinez na
Foto Raquel Santos
próprios skatistas da região constru- em venda de roupas e acessórios para confirma que somos atletas de alto SB Skate Plaza
íram a pista. Rafael Lardieri conta skatistas e simpatizantes do esporte, rendimento se assim quisermos”,
que jovens de 15 anos, sem nenhum sendo que, o setor calçadista geral conclui Lardieri.