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lhar

ocial
O SOCIAL
É O QUE
Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo
IMPORTA
da Escola da Indústria Criativa da
Universidade Municipal de Pag. 2
Ano 10 - Nº 50 - Outubro de 2019 São Caetano do Sul

Foto: Layanni Roberta

Ilustração: Paulo Alves de Lima


Mulheres
Página 6 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA
TRABALHANDO PELO CIDADÃO

Inovação Página 3
Ilustração: Paulo Alves de Lima

Foto: Ivan Radic / Flickr


Mulheres Quando foi Inovação
Página 5
a última vez
que você viu
Ex-pacientes de uma abelha?
câncer recuperam
autoestima com Silêncio que mata:
a luta contra a Cultura - Página X
micropigmentação violência doméstica
Página 6

Iniciativas
Foto: Camila Lopes

Venda
porta a porta
resiste, ganha
espaço e atrai
sustentáveis no
profissionais de ABC Paulista
Fotos: Divulgação/PSA

diversas áreas Sustentabilidade


Página 6 Página 3
Foto: Aline Miranda

Foto: Mario Jorge

Tela do APP Homo Driver

Página X Aplicativo de
viagens rápidas
aumentam
segurança para
X
a população
Várzea vive: elite não é LGBTQIA+
maioria no futebol brasileiro
Página 5 Esportes - Página 7 Página 4
2 Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50
lhar
ocial
Olhar diferente lhar
Aline Santana
É inevitável pensar em uma vida
além de cobrir a contratação milionária
de um jogador de futebol por um time
espanhol ou uma premiação importante,
todas as perguntas (quem?, quando?,
como?, onde?, o quê?, por quê?) para
publicar o mais próximo da realidade.
Além disso, o jornalista tem grandes
aliados. A Internet e as redes sociais pro-
porcionam maior proveito e repercussão
ocial
longe do acesso da informação, sem
como o Oscar e o Grammy. Eu diria que São horas em frente ao computador para das notícias, além de possibilitar um Ano10 - Edição 50
saber o que acontece do outro lado
Outubro de 2019
do mundo ou do outro lado de nossa o jornalista é como um herói das histó- construir uma matéria e deixá-la com novo formato de propagá-las como as
calçada. Pode ser uma nova tecnologia rias dos quadrinhos da Marvel ou DC clareza e objetividade. São dias, semanas sequências de stories no Instagram, info- Jornal - Laboratório
que irá revolucionar a ciência ou uma Comics, com seus altos e baixos, vitórias e até meses de acompanhamento e gráficos no Facebook, podcasts, blogposts, do Curso de Jornalismo
campanha de vacinação na cidade. e derrotas. É preciso ser destemido para pesquisa sobre certo assunto. Para isto, há entre outros. Se antes, os profissionais da da Escola da Indústria Criativa
Cada uma dessas notícias são cruciais ultrapassar as barreiras e chegar até as uma renúncia de horas de sono e lazer. comunicação passavam horas para publi-
para nosso cotidiano como seres huma- fontes para apurar todo o acontecimen- No dia seguinte, precisa enfrentar chefes, car uma notícia com o uso da tipografia,
nos. E quem está lá para transmiti-las? to. E o seu principal vilão? Ele mesmo que irão contra a sua ideia, autoridades hoje, a praticidade e agilidade das redes
Nós, jornalistas. contra o relógio. que irão recusar dar entrevistas ou fugir- permitem ao leitor saber sobre um fato
Os jornalistas são como um corpo Imagine ter uma pauta perfeita, rão da pergunta com respostas triviais. em tempo real. Universidade Municipal de
vulnerável, sempre expostos para rece- que irá abrir os olhos da sociedade para Também terá de saber como enfren- O jornalista é um camaleão, sempre São Caetano do Sul
ber qualquer informação e repassá-las, o atual cenário do país e revelar todos tar as dores da vida, e não apenas a sua, se adequa às mudanças que ocorrem
como um vírus. Rápido e direto. Claro, os embaraços dos bastidores do governo? mas de dezenas de pessoas, que perderam ao seu redor. E eu, particularmente, Reitor
não podemos deixar de agradecer ao Agora, imagine ser censurado por tal filhos durante um tiroteio em uma acredito que esta seja uma das melhores Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi
nosso amigo Johannes Gutenberg por pauta. Ou melhor, imagine ser cassado e escola, a fuga de famílias refugiadas por características da nossa profissão. Ter a mbassi@uscs.edu.br
iniciar essa mudança nos meios de até morrer pelo mesmo governo por obter conta de uma guerra ou quem perdeu liberdade para se reinventar e inovar,
Pró-Reitor Administrativo
comunicação, com a criação dos tipos esse tipo de informação? sua casa durante uma forte enchente. mas permanecer fiel ao compromisso e Financeiro
móveis, responsável por impulsionar o O jornalista está em uma constante A emoção vem à tona, entretanto, após diário de fornecer informações e ser a voz Prof. Ms. Paulo Sérgio Lopes Ruiz
contágio das notícias e revolucionar a luta. Desde a graduação, é cobrado para um longo suspiro para se recompor, ele da sociedade, de maneira que, leitores, pruiz@uscs.edu.br
área até os dias atuais. ser a pessoa mais informada. Durante prossegue com o seu maior propósito: ouvintes e telespectadores consumam a
A vida de um jornalista vai muito a carreira, é preciso ter a resposta para informar. verdade em nome do interesse público. Pró-Reitor de Graduação
Prof. Dr. Leandro Campi Prearo
leandro.prearo@uscs.edu.br

CONHEÇA A HISTÓRIA DO JORNAL OLHAR SOCIAL: Pró-Reitora de


Pós-Graduação e Pesquisa
TODAS AS 50 EDIÇÕES DOS ÚLTIMOS 10 ANOS ESTÃO Profa. Dra. Maria do Carmo Romeiro
mromeiro@uscs.edu.br
DISPONÍVEIS ONLINE EM: jornalolharsocial.wordpress.com Gestor da Escola
da Indústria Criativa
Prof. Ms. Flávio Falciano
falciano@uscs.edu.br
EDITORIAL

para apuração e produção das matérias A primeira reação foi achar


e falta de experiência dos nossos valoro- que aquilo nunca daria certo! Curso de Jornalismo
sos estudantes. Trabalhar com alunos no final do Prof. Ms. Flávio Falciano
Mas, desde o princípio, a proposta segundo ano, explicar o básico da falciano@uscs.edu.br
foi abraçada por todos, professores e reportagem, fazê-los entender a im- Curso de Publicidade e Propaganda
alunos, e a cada semestre o projeto foi se portância de um lead de impacto, Prof. Ms. Leandro Novi
desenvolvendo e aprimorando. uma boa imagem, um bom título leandronovi@uscs.edu.br
Uma década depois creio que e o maior desafio – respeitar os
estamos no caminho certo, agora sob a prazos de fechamento... seria uma Curso de Rádio,TV e Internet
Foto: Acervo Pessoal

Foto: Acervo Pessoal

eficiência “batuta” dos professores Ana roubada. E eu não me sentia nada Prof. Ms. Luciano de Souza
Paula Oliveira e Paulo Alves de Lima... preparada para isso. souza@uscs.edu.br
Nossa edição número 1 destacava, O que posso dizer, quatro anos Coordenação do Projeto Integrado
entre vários assuntos, a difícil situação depois? Que a cada edição publi-
Prof. Ms. Flávio Falciano Profa. Ms. Ana Paula Oliveira (PI) da edição do jornal
vivida pelos moradores de rua nas cidades cada, reciclamos nossos conceitos, Profa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira
Gestor da Escola do ABC, a necessidade de oferecer cultura Editora do aprendizados e ensinamentos sobre
da Indústria Criativa para as comunidades carentes, o quanto o Jornal-Laboratório técnicas de reportagem, apuração, Editor Jornal Olhar Social
e do Curso de esporte (no caso, o skate) pode contribuir Olhar Social e Professora do narrativa e jornalismo. A roti- Prof. Dra. Profa. Lilian Crepaldi Ayala
Jornalismo da USCS para a inclusão social, e o importante Curso de Jornalismo da USCS na de uma redação, o timing da
Chefia de Redação
trabalho de voluntários que se dedicam a publicação impressa, a busca da Profa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira
alegrar quem sofre nos hospitais. fonte, a data final de envio à grá-
O SOCIAL É O É triste verificar que esses assuntos,
10 anos depois, ainda se mostram tão O PRAZER DA fica. Tudo continua igual na sua
essência, mas se renova totalmente
Fotojornalismo
Prof. Ms. Vitor Mizael Rubinatti Dias

QUE IMPORTA atuais e os problemas que eles retratam


ainda são tão graves em nossa socieda- REPORTAGEM a cada turma.
Em tempos de narrativas Direção de Arte
Prof. Ms. Paulo Alves de Lima
de... Focar nossas pautas em questões O ano era 1995. Primeiro dia híbridas, dispositivos multiplatafor-
“Um jornal que pretende falar do
sociais não só se mostrou uma aposta na universidade. Primeiro dia em mas, jornalismo baseado em dados, Equipe de fechamento dessa edição
ser humano”. Com esse enfoque nasceu
adequada como, cada vez mais, se faz busca do sonho de viver da escrita, Inteligência Artificial, fake news e Profa. Ms. Ana Paula Borges de Oliveira,
no final de 2008, então editado pela
necessário, num país que, ano após retratar o mundo, aprender a contar compartilhamento de informações Prof. Ms. Paulo Alves de Lima
profa. Mônica Caprino, o nosso “Olhar
ano, continua convivendo com níveis boas histórias e levar ao leitor o que por algoritmos baseados no compor-
Social”. Apesar de parecer óbvio e lógi- Colaboração Especial
absurdos de desigualdade. ainda não era público, mas que era tamento do leitor, a ética e a práxis
co, o objetivo nos diferenciava – e ainda Logotipo do Jornal Olhar Social
Esperamos que os hoje jornalistas, de interesse público. Havia oportu- jornalística segue cada vez mais em
diferencia – da maioria dos veículos AG - Agência Experimental de
que ao longo dos anos ajudaram a cons- nidades de emprego, novos canais xeque, em todo o mundo.
de informação impressos, até mesmo Publicidade da USCS
truir a história do Jornal Olhar Social, e formatos, tínhamos inúmeras O que tentamos passar aos nossos
no segmento universitário. Tentar
assim como os estudantes atuais – e os possibilidades e uma vida inteira alunos da USCS e futuros jornalis- Secretaria da Escola de Comunicação
dar espaço para assuntos que afetem
muitos que ainda virão – entendam pela frente para desbravar. tas, em 50 edições do Olhar Social, é cccom@uscs.edu.br
diretamente a sociedade, mas que
a responsabilidade do Jornalismo em Fast forward. Corte para 2015. que o jornalismo continua sendo um Fone: (11) 4239-3212
normalmente são deixados de lado pela
olhar, enxergar e torna público os Quase 20 anos depois de formada, pilar fundamental da democracia,
imprensa tradicional. Procurar ouvir Impressão dessa edição:
assuntos que realmente afetam a vida aceito - com muito frio na barri- cidadania e de espaço que dá voz à
pessoas comuns, cidadãos praticamente PlenaPrint Gráfica e Editora
das pessoas, com apuração responsável ga, confesso, - o desafio proposto comunidade regional. Se conse-
invisíveis por não serem “autoridades”. www.plenaprint.com
e criticidade. O desenvolvimento dessa por Flávio Falciano, que naquele guirmos seguir essa mesma rota nas
A tarefa era – e ainda é – ousada,
percepção e a oportunidade de colocá-la momento passou da posição de meu próximas edições, já estamos com o
principalmente por estarmos falando
em prática procuramos sempre propi- ex-professor universitário, para saldo positivo! Nossa missão é tentar DISTRIBUIÇÃO
de um jornal-laboratório, ou seja,
ciar aqui na USCS. Gestor em minha nova jornada mostrar na prática, mesmo que
totalmente produzido por estudantes
Que venham novas décadas do acadêmica na Graduação. Missão: em menor escala, como se faz um GRATUITA
de Jornalismo da USCS, ligado a
disciplinas do curso, com as naturais
nosso jornal-laboratório e que ele (assim ajudar na edição e fechamento do jornalismo sério, com credibilidade, Tiragem: 300
como nossos estudantes) continue tendo Jornal Laboratório de Jornalismo da reputação e relevância que busca-
limitações no que diz respeito a tempo
esse “Olhar Social”. mos, incessantemente, todos os dias. Exemplares
USCS – o Olhar Social.
Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS Inovação & Sustentabilidade lhar
ocial Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50 3
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA TRABALHANDO PELO CIDADÃO
Prefeitura de Santo André lança programa de inovação para resolver problemas em diversas áreas
Vinícius Cavallero
A praticidade invadiu o nosso “O benefício
cotidiano. Com a internet podemos esperado é
fazer tudo que desejarmos, basta um
simples toque na tela do celular. Isso
basicamente
não é novidade, mas pensar nos servi- imediato. A ideia
ços públicos tão criticados seguindo é que no final
esse mesmo caminho de facilidade, do ano, a gente

Ilustração: Paulo Alves de Lima


dando autonomia ao cidadão co- Logo oficial do Projeto
mum, isso sim é diferente. Santo
comece a utilizar
André está seguindo os princípios de as soluções para os Um exemplo considerado bem-
Smart City (cidades inteligentes), é o problemas que temos -sucedido pela prefeitura é a parceria
com o Colab. Funciona em um apli-
primeiro município do Brasil a lançar e não conseguimos cativo, como se fosse uma rede social,
o Pitch Gov, um programa de parce-
ria entre o serviço público e startups
resolver” e pode ser resumida em uma rede
que podem escolher um problema de colaboração entre o munícipe e o
Pedro Seno, Superintendente
apresentado pelo governo e, em até município, em que o cidadão colabo-
de Planejamento e
12 meses, implantar uma solução. Assuntos Estratégicos ra ativamente com o serviço público
O Pitch Gov foi idealizado e de- alertando sobre questões do dia-a-dia
senvolvido pelo Governo do Estado “A grande novidade do Pitch Gov tos. Os três melhores serão premia- com as soluções, como as empresas como uma lixeira quebrada, uma
de São Paulo em 2015. A cidade de é a escala, escala de governo total. dos com um prêmio em dinheiro, também conseguem ganhar nesse árvore precisando de poda ou ainda
Santo André buscou adotá-lo para Todas as áreas envolvidas, secretarias o único gasto do município com o processo. “É muito comum a gente buracos nas ruas. Assim, a prefeitura
solucionar problemas na gestão e até gerências estratégicas. Pelo ta- programa. receber visitas de empresas querendo sabe onde deve agir, podendo se pro-
pública, que oficialmente não con- manho dos desafios, nós abraçamos o O período de 12 meses para a vender uma solução, e a pergunta na- gramar para resolver todas as pendên-
seguir resolver por diversas razões. governo todo. É a tecnologia invadin- startup desenvolver o seu trabalho tural é onde que essa solução funcio- cias em um curto período de tempo.
Funciona como uma competição, do o espaço público de vez”, explica é compreendido como um período na para vermos quais os resultados, O programa Pitch Gov deve
a prefeitura elencou em agosto des- Thiago Rocha, membro da diretoria de testes, ou seja, é um tempo para como foi implantada”, conta. A ideia acontecer a cada dois anos. Com
te ano 42 desafios de atuação para na unidade de planejamento e assun- adaptações e verificar a eficácia (ou é oferecer ambiente real para que as isso é possível oferecer todo suporte
startups, por meio de oficinas rea- tos estratégicos. não) da solução. Em caso de sucesso, startups testem suas soluções. “Se for da prefeitura para a startup, a fim de
lizadas em todas as áreas do gover- As empresas selecionadas irão a prefeitura poderá comprar o serviço bem implantada, funcionar os 12 juntas conseguirem atender direta-
no, que apresentarão suas soluções para o Pitch, uma final com os me- prestado e irá incorporá-lo na admi- meses, a gente faz a contratação da mente o cidadão comum com acesso
tecnológicas até o mês de outubro lhores projetos escolhidos por uma nistração municipal. solução, ela ganha uma oportunidade a internet, grande maioria da popu-
e até oito empresas serão escolhidas comissão criada pela Unidade de A vantagem do programa é a for- de rentabilizar e um case de sucesso lação andreense, resultando em uma
para trabalharem já em 2020 no de- Planejamento. Cada projeto poderá ma como ele ajuda os dois lados en- para levar à outras prefeituras”, com- eficiência dos serviços e praticidade
safio escolhido. ser apresentado em até três minu- volvidos, tanto a cidade se beneficia plementa Pedro Seno. na vida dos moradores da cidade.

Iniciativas sustentáveis no ABC Paulista


Matheus Correa cicláveis até o ponto de encontro do
O que é sustentabilidade? A pa- SEMASA na comunidade.
lavra é derivada de sustentável, que O projeto de sustentabilidade de
vem do latim sustentare, que significa Mauá é a “Fábrica de mudas”. Em um
Projetos como “Moeda Verde” e “Fábrica de Mudas” reforçam valores socioambientais espaço localizado no centro da cidade,
apoiar, conservar e cuidar. O termo
surge como método de preservação 7.400 mudas de brócolis, alface, acel-
no. Márcia Nonato (55) é uma delas. paulista, as cidades de Santo André andreense. “Iniciamos o projeto em
de recursos da natureza. Para fun- ga, morango e couve estão disponíveis
A aposentada separa os resíduos de e Mauá possuem programas que aju- 2017, e já chegamos a décima co-
cionar, a sustentabilidade age em três para os munícipes. A iniciativa, criada
seu apartamento em recicláveis e não dam simultaneamente o meio am- munidade beneficiada aqui em Santo
pontos: social, ambiental e econômi- pela vice-prefeita Alaíde Damo, teve
recicláveis. “Eu já faço isso há 4 anos. biente, a sociedade e a economia. André. Até o final do ano, levaremos
co. O primeiro ponto engloba as pes- custo zero para os cofres da Prefeitura
Aqui no prédio, todo lixo reciclável é Santo André criou o “Moeda Ver- o programa para mais 4 núcleos, tota-
soas e suas condições de vida, como e visa distribuir os alimentos colhidos
destinado para um centro de recicla- de”, iniciativa gerida pelo Serviço Mu- lizando 14 comunidades”. Cicote fala
educação, saúde e outros aspectos. O na estufa para a merenda das escolas
gem, lá o material é reaproveitado e nicipal de Saneamento Ambiental do ainda sobre a incrível marca atingida
segundo ponto refere-se aos recursos da cidade e também para moradores
reutilizado para diversos fins”, conta. Município (SEMASA). O programa pelo Moeda Verde. “Em junho, bate-
naturais do planeta e a forma como que possuem hortas em suas casas. A
“Eu acredito que essa rotina de sepa- acontece em comunidades carentes e mos a marca de 100 toneladas de re-
são utilizados pela sociedade, comu- Fábrica de Mudas foi aberta no dia 1°
ração do lixo ajuda a sociedade como troca 5 quilos de resíduos recicláveis, síduos coletados a partir da iniciativa.
nidades ou empresas. O último está de agosto deste ano e já distribui ali-
um todo. Com toda a certeza muitas trazidos pelos próprios moradores, Em troca, disponibilizamos 20 tone-
relacionado à produção, distribuição mentos para 4 Emebs de Mauá. Para
pessoas estão se beneficiando com os por 1 quilo de alimentos de hortifrú- ladas de legumes, frutas e hortaliças
e consumo de bens e serviços. A eco- o secretário de Segurança Alimentar
materiais recicláveis”, acredita. ti (plantados por produtores locais). para moradores das comunidades”,
nomia tem que estar alinhada com a do município, Matheus Ferreira, a
Além das pessoas e empresas; ges- Segundo o superintendente do SE- descreve. Não é necessário nenhum
questão socioambiental. iniciativa beneficia o coletivo. “Isso
tões públicas fazem sua parte para um MASA, Almir Cicote, o Moeda Verde tipo de inscrição para participar do
Em alta, o tema antes era pouco aqui, sem sombra de dúvidas, é um
mundo mais sustentável. No ABC tem papel fundamental na sociedade projeto, basta levar os materiais re-
comentado. Em uma edição de 2009, projeto totalmente sustentável. Ajudar
o jornal Olhar Social publicou uma as escolas e distribuir para os muní-
Fotos: Divulgação/PMM
matéria que citava a baixa divulgação cipes é uma forma de abordar toda a
da sustentabilidade para a sociedade. sociedade”, conta. De acordo com o
Passados 10 anos, o engajamento de secretário, toda a plantação funciona
assuntos sustentáveis avançou a passos em modo ecológico. “As mudas ou
largos. De acordo com uma pesqui- plantas amassadas que recebemos são
sa realizada pela FSC (Forest Stewar- depositadas em nosso minhocário, lá
dship Council), entidade não gover- todo o material se transforma em adu-
namental focada no meio ambiente, bo natural para terra. É bom salientar
60 % da população mundial pagaria que toda água utilizada no sistema de
mais caro por produtos de empresas irrigação é de captação da chuva, ou
sustentáveis. No Brasil, segundo dados Acima, mudas crescendo seja, temos um sistema sustentável”,
do Ibope, 61% das pessoas mudariam na “Fábrica de mudas” explica. A administração pública de
seu estilo de vida para beneficiar o em Mauá Mauá estuda a possibilidade de ex-
Fotos: Divulgação/PSA

meio ambiente. A preocupação com a pandir o programa para os centros de


sustentabilidade é latente. atenção psicossocial do município,
A esquerda, Moeda Verde
É fácil encontrar pessoas que pos- buscando novos métodos de trata-
no núcleo Sorocaba
suem hábitos sustentáveis no cotidia- mento de pessoas especiais.
4 Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50
lhar
ocial Inovação & Economia Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS

João Delfito e que respeitem estas escolhas como

Aplicativo de viagens rápidas


A população LGBTQIA+, liberdade. Exemplo disso são as mui-
principalmente no Brasil, possui tas solicitações que o app recebe de
os maiores índices de agressões do mulheres heterossexuais, pois ale-
mundo, levando casos à morte. Es- gam se sentir mais seguras. São ava-

aumentam segurança para


ses incidentes são estudados pelo liados todos os dados, documentos e
‘Grupo Gay da Bahia’. Em 2019 os informações pela equipe, e treinados
números foram menores compara- os motoristas para conhecerem e en-
dos aos de 2018, porém não signi- tenderem a política de privacidade

a população LGBTQIA+
fica uma mudança de cenário para para oferecer um serviço com exce-
essa população. lência aos passageiros.
O estudo mostra que, do dia A equipe de reportagem entrou
1º de janeiro ao dia 15 de maio de em contato co m a Uber, mas até o
2018, foram registradas 153 mortes, fechamento da matéria não houve ne-
no mesmo período em 2019, foram Plataforma também pode ser usada por heterossexuais que apoiam o movimento nhuma resposta por parte da empresa.
141 mortes, uma diminuição de
8%. Em relação aos assassinatos, no
ano de 2018 foram 111 mortes, já nário da população LGBTQIA+
nesse ano totalizaram 126, um au- comuns. Famosos também são atin-
no Brasil. Nesse estudo, 2,7% das
mento de 14% de mortes ocorridas gidos. Linn da Quebrada, atriz, can-
445 vítimas registradas eram hete-
por homicídio. tora e compositora brasileira de funk
rossexuais, mas apoiavam o movi-
Esses casos de discriminação e pop, foi alvo de discriminação por
mento, e, também foram alvo da
não se aplicam apenas às pessoas um motorista da Uber.
discriminação.
A Drag Queen, Enrico Salvatore
Com esse cenário, a empresa
Foto: Google Images

(18), conta que viveu uma situação


Homo Driver criou um aplicativo
constrangedora. “Eu estava na Vila
de transporte e viagens rápidas, es-
Mariana e precisava de um táxi; os
pecialmente para a população LGB-
motoristas ficavam jogando um pro
TQIA+, que tanto sofre discrimina-
outro, fazendo gracinhas. Fiquei
ção por parte de motoristas.
constrangido sem saber o que falar.
O serviço de atendimento ao
No final da corrida ele disse: ‘tchau,
cliente da Homo Driver informa
viado!’. Não foi uma brincadeira
que a seleção dos usuários motoris-
agradável. Não deu tempo de anotar
tas e passageiros ocorre de forma na-
a placa. Fiquei transtornado. A gente Gráfico baseado no estudo do GGB (Grupo Gay da Bahia) tural, gerando interesse nas pessoas
vê tantos casos na mídia e acabamos
LGBT+ para utilizar a plataforma.
nem pensando que isso possa passar
É possível também alcançar pessoas
próximo de nós", conta. por causa do constrangimento, não heterossexuais, que são simpatizan-
"No dia eu não estava montado pega mais táxi. tes da identidade de gênero existente
de Drag Queen, sem peruca nem Os dados de 2017, com levan-
nada. Estava de cropped e uma tamentos feitos pelo GGB (Grupo Tela abertura do APP
calça cintura alta”, lembra. Enrico, Gay da Bahia), exemplificam o ce- Homo Driver

Camila Lopes Empresas de Vendas Diretas) os canais mais atenção a eles. Um já estava com larguei minha profissão pois amo ser

Venda A venda direta teve início no fim digitais são relevantes, pois por muitas 8 anos e o bebê por vir”, explica. Pris- cabeleireiro, mas esse modelo de ne-
século 18, com o americano David vezes o cliente não está disposto a bus- cila começou a vender os brigadeiros gócio me proporcionou liberdade fi-

porta a porta
Mc Connell, vendedor de enciclo- car ativamente o produto. em seu antigo trabalho e deu tão certo nanceira depois de quase 2 anos, pois
pédias britânicas. Para impulsionar a O setor de vendas diretas no país que acabou pedindo pedindo demis- além da venda, tenho minha própria

resiste, ganha
venda dos livros, ele aceitou a sugestão movimentou R$ 42,2 bilhões em são. “Fui vendendo nos lugares onde rede de fornecedores.”.
da esposa de distribuir perfumes como 2017 e envolve mais de 4,1 milhões tinha conhecidos e o famoso boca a Celso diz que as redes sociais são
brinde. A estratégia deu tão certo que de empreendedores independentes, boca gerou bastante clientes. ” um canal forte, mas que não utiliza

espaço e atrai passou a vender cosméticos no lugar


das enciclopédias. Fundou a Califór-
que atuam como revendedores de
produtos de saúde, beleza, utilidades
Hoje a venda direta de brigadeiros
e bolos é sua principal fonte de renda.
tanto, o boca a boca ainda é sua prin-
cipal arma. “É tomando café, visitan-

profissionais nia Perfume Company, que, mais tar-


de, mudaria seu nome para Avon.
domésticas, vestuário, alimentos, jo-
alheria, segundo pesquisas da consul-
Como aliadas, Priscila utiliza as redes
sociais, onde envia o cardápio da se-
do as pessoas, às vezes num shopping,
em festas de aniversários de amigos,

de diversas
David foi pioneiro a realizar as toria LCA e dados do Painel ABEVD mana e as novidades. “No começo em condomínios, levo minhas coisas e
vendas porta a porta, e a companhia Em 2017, dados da World Fede- não foi fácil, toda semana eu eu saia demonstro, gosto muito disso. ”

áreas
a primeira em trazer o modelo para o ration of Direct Selling Associations para vender bolo em pedaços nos lo- No início, teve de enfrentar a timi-
Brasil, em 1959. Seguida pela japone- (WFDSA), apontam que o Brasil ocu- cais onde tinha conhecidos para divul- dez e o medo de rejeição: “pensamos:
sa Yakult em 1968 e em 1969 com a pava a 6ª colocação no mercado global gar meu trabalho. A maior dificuldade o que as pessoas vão achar de mim?
brasileira Natura. de venda direta, atrás apenas dos Es- é não ter salário fixo todo mês, então No grupo Hinode, como em outras
Boca a boca ainda é o No modelo de venda direta os tados Unidos, China, Coréia do Sul, temos que batalhar e correr atrás. Se marcas, existem médicos, donos de
meio que mais funciona, produtos são ofertados por meio Alemanha e Japão. não trabalha, não ganha”. empresas, atores. Mas somos tachados
pessoal, catálogo, porta a porta ou O sucesso desse modelo está nos Priscila trabalha até aos domingos, como “’os vendedorezinhos de perfu-
mas catálogos virtuais e até mesmo pela internet e aplicativos relacionamentos, na maioria das vezes, faz entregas fora do horário comercial me”’. O que muita gente não sabe é
Whatsapp tornaram-se como Whatsapp, que acabou tor- o revendedor inclui entre os principais e é feliz profissional e pessoalmente. que o “vendedorzinho de perfume”
grandes aliados para obter nando-se peça-chave para sucesso nas clientes amigos, familiares e colegas de “Trabalhando em casa dou mais aten- atuando três, quatro horas por dia ga-
sucesso na hora da venda vendas de qualquer produto. Segundo trabalho, o que aumenta a confiança ção à minha família e faço o que gos- nha muito mais do que muita gente
a ABEDV (Associação Brasileira de nas marcas e fidelização do cliente, to. Meu sonho é abrir minha própria que trabalha oito horas por dia em um
além de ser uma ótima oportunida- confeitaria e sei que vou conseguir!” escritório”, observa.
Foto: Camila Lopes

de de trabalho para quem quer tentar Celso Alves Ferreira, 32 anos, ca- Celso destaca a importância do
Celso Alves, empreender, com horários flexíveis e beleireiro de Santo André, também sorriso, da simpatia e da boa aparência
representante do autonomia ou ainda para quem busca resolveu entrar no ramo de venda na hora da venda. “A gente deixa uma
Grupo Hinode. uma renda extra. direta. Há 4 anos e meio trabalha amostra grátis de algum produto, seja
Foi o que aconteceu com Priscila como representante do grupo Hino- um energético geladinho, uma barra
de Barros Rodrigues, consultora de de “Sinceridade? Entrei nesse merca- de cereal, um perfume, um creme...,
viagens por 17 anos, hoje confeiteira, do para consumir os produtos mais mas o mais importante é o sorriso no
(39), de Santo André. Após o nasci- baratos, hoje sou apaixonado por rosto e a boa aparência.”
mento de seu segundo filho, em 2015, vendas”. O sonho de Celso é poder apo-
ela decidiu fazer um curso de brigadei- Celso não largou a profissão de ca- sentar seus pais com a renda obtida
ros gourmet online. “Quando meu beleireiro, corta cabelo em domicílio, na venda porta a porta e dar a eles
primeiro filho nasceu trabalhava fora e mas o emprego em um salão fixo, sim. qualidade de vida, além de manter sua
não curti a infância dele, então pensei A principal fonte de renda vem da liberdade financeira e fazer seus horá-
que se trabalhasse em casa, poderia dar venda direta, mas não é a única. “Não rios de trabalho.
Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS Cidadania + Inovação lhar
ocial Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50 5
Olhos que não veem, ouvidos que não ouvem
Aline Miranda Visão, audição, olfato, tato e paladar. Cegos e surdos Os integrantes surdos da ONG na maioria das vezes, feita por meio
O mundo com suas cores e sons já assistiram a algumas apresentações das redes sociais, o que para Katytullin
é percebido de maneira diferente por usam outros sentidos para expressar e absorver arte acessíveis no teatro Paulo Machado dificulta o acesso de pessoas com defi-
cegos e surdos. Nesse processo, a arte de Carvalho. Para a coordenadora ciências visuais. Já para Fabiano Cam-
desempenha papel fundamental. Cria Andreia Miguel, “o teatro realmen- pos, a divulgação digital por meio de
espetáculos acessíveis e pode se tornar te transforma a vida das pessoas vídeos em LIBRAS chama a atenção
uma atividade profissional para pes- com deficiência. Você percebe que do público surdo.
soas com deficiência, que correspon- elas têm muito potencial. Também A acessibilidade passou a ser uma
dem a 24% da população brasileira, é uma possibilidade de melhorar a preocupação na esfera artística. O que
de acordo com dados de 2010 do qualidade de vida. Já tivemos teatro antes era uma porta fechada, hoje é
IBGE (Instituto Brasileiro de Geo- aqui, só que era uma parceria com um caminho repleto de possibilidades
grafia e Estatística). a prefeitura de São Caetano do Sul. para cegos e surdos.
O Teatro Cego, por exemplo, é Com as mudanças de gestão, não
um formato teatral trazido da Argen- conseguiram dar continuidade”. Coordenadora e integrante do CIVE
tina pela produtora Caleidoscópio Mesmo assim, não desistiram de
Comunicação & Cultura, em 2011. buscar outras possibilidades. “Nos
Para simular a percepção dos cegos, os inscrevemos duas vezes esse ano em
espetáculos deixam de lado o formato projetos com instituições para con-
tradicional. Na escuridão total, o pú- seguir verba, só que não consegui-
Foto: Aline Miranda

blico ocupa o mesmo lugar dos atores mos. Infelizmente, não temos como
e assiste à apresentação por meio dos arcar com um profissional de teatro
cheiros e sons produzidos. O grupo e por isso, eles acabam ficando sem
integra atores e músicos, cegos ou esse benefício”, complementa.
não, que participam de um processo Em Santo André, Ray Katytullin
de preparação específico para a reali- tem baixa visão, o que não o impede
zação de cada peça. Fabiano Eduardo) atende pessoas com defici- de trabalhar como artista plástico,
A Língua Brasileira de Sinais (LI- Campos, ência. Com uma equipe especializa- ator, palhaço e professor de dança. “A
BRAS) é outro recurso do teatro aces- Intérprete da, oferece exercícios físicos, artesa- maior dificuldade como ator é deco-
sível. O intérprete de LIBRAS, além de Libras nato, atividades da vida diária, aula rar o texto e situar-se no espaço. Mui-
de traduzir, interpreta o que acontece de dança, entre outras. Porém, sofre tas vezes o deficiente visual não sabe
no palco. Para Fabiano Campos, essa personagens e incorporar isso no meu com a falta de mais ajuda financei- em que lugar do palco está”, destaca.
é a parte mais difícil de sua profissão. corpo e na minha língua de sinais, para ra, mesmo com o auxílio anual da Atores com deficiência visual costu-
prefeitura. Por isso, para captação

Foto: Aline Miranda


“Tem um espetáculo rolando. Eu não que o público surdo entenda da mes- mam ampliar o texto, transformar em
vou lá e só traduzo para a língua de ma forma que a gente entende”, conta. de recursos, conta com doações, ri- áudio ou ler em braile.
sinais, eu de fato interpreto. Eu preci- Em São Caetano do Sul, a ONG fas e barracas nos eventos da cidade, Um dos problemas enfrentados por
so, por exemplo, pegar elementos dos CIVE (Centro de Integração Vitor como a tradicional Festa Italiana. essas atividades é a falta de divulgação,

Quando foi a última vez que


Bruno Cunha quisas com os biodrones. “Deverí-
A possível extinção das abelhas é amos pensar em como salvar as es-
um dilema atual que assusta muitos pécies ao invés de substituí-las, isso

você viu uma abelha?


especialistas ambientais, devido aos al- beira o absurdo e, claramente, não é
tos níveis de poluição e aquecimento a melhor opção”, assegura.
global. Isso é mais um sinal de como o Corroborando com a pesquisa-
ecossistema de nosso planeta está em Principais polinizadores do reino animal começam a ser substituídos dora, Joatan Machado, Doutor em
total desequilíbrio. Entomologia pela Universidade Fe-
A polinização é a reprodução
por drones para evitar maiores danos ambientais deral de Pelotas (RS), acredita que
das plantas, que utilizam animais, na “essas pesquisas têm um apelo co-
Foto: Ivan Radic / Flickr

maioria das vezes insetos, para levar as Abaixo, abelha Robótica modelo Brambleee da mercial, para evitar um colapso nas
estruturas reprodutivas de uma planta Universidade de West Virginia, nos EUA. empresas produtoras de alimentos”.
a outra, ocorrendo assim a fecunda- Mais abaixo, à direita, biodrone desenvolvido na Segundos os pesquisadores, uma
ção e, por consequência, a formação Universidade de Harvard, também nos EUA. das causas de queda nas populações
do fruto. é o uso indiscriminado de agrotó-
Porém, as abelhas, um dos insetos xicos, principalmente quando as
responsáveis por esta função, estão de- plantas estão floridas, atraindo seres
saparecendo por nossa culpa, seja pelo vivos para disseminar seu pólen. “O
aquecimento global ou por níveis ele- manejo correto de agrotóxicos evita
vados de poluição. danos maiores ao meio ambiente”,
Juliana Beringer, Mestre em Bio- assegura.
Foto Divulgação: Universidade de West Virginia (EUA)

logia Celular e Molecular pela UFR- Joatan percebe que este cenário
GS (Universidade Federal do Rio pode ser alterado principalmente com
Grande do Sul), discorre sobre as abe- a educação básica, quando as crianças
Universidade de Harvard (EUA)
Foto Divulgação:

lhas e a polinização. “Algumas plantas são ensinadas a não matar o inseto que
realizam sua polinização apenas com entra em casa. “Essa abelha está ape-
abelhas, há um mutualismo identifi- nas procurando pólen, não é agressi-
cado pela ciência”, afirma. va, basta retirá-la”, explica. “Um terço
Reverter o aquecimento global e dos alimentos produzidos no planeta
níveis alarmantes de poluição são pro- dependem de polinização de insetos,
cessos longos. Desta forma, ao buscar por isso eles devem ser preservados”,
alternativas, cientistas da Universida- partir de um algoritmo de visão. Para Outro exemplo deste tipo de o drone tem a capacidade apenas de complementa.
de de West Virginia (EUA) criaram a avaliar o trabalho do robô, QR codes iniciativa vem da Universidade Poli- fecundação de plantas. O avanço tecnológico, neste
BrambleBee, abelhas robóticas que fa- (leitura de imagens com códigos) são técnica de Varsóvia, na Polônia, onde Juliana Beringer, é categórica caso, pode mudar o cenário, mas será
zem o processo de polinização de uma colocados nos galhos das árvores. os pesquisadores começam a testar o quanto à importância das abelhas mesmo que é a melhor alternativa
forma artificial. O projeto chamou atenção de drone em em campo para reconhecer para os ecossistemas: “Sem abelhas, há para solucionar a possível extinção
O robô, ainda em fase de testes, uma rede de supermercados que fi- uma flor, transferir o pólen e fertilizar efeitos em cascata, como perda de ali- de uma espécie? Preservar é sempre
recebe o mapa em 3D da estufa que nancia parte da pesquisa e realiza o outra planta. Segundo estudos desen- mentos, animais, produtos a até mes- a melhor solução, mas os biodrones
o permite detectar flores e traçar as pedido de patentes para os drones au- volvidos por Rafael Dalewski, pes- mo a extinção da espécie humana”. podem ganhar muito mais espaço
melhores rotas para coleta do pólen, a tônomos de polinização. quisador da Universidade polonesa, Juliana também é contra as pes- no futuro.
6 Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50
lhar
ocial Mulheres Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS
Ilustração: Paulo Alves de Lima
lógico é o ponto inicial. “É algo que “Eu era uma pessoa cheia perseguições. Em janeiro, saiu de sua

Ilustração: Paulo Alves de Lima


entra na sua mente, e por mais inte- cidade natal com os filhos.
ligente que você seja, termina acredi- de sonhos, mas depois do De acordo com a psicóloga Lucia-
tando que é incapaz”, relata. meu casamento, perdi na Santos, tratar o pós trauma é essen-
Com 37 anos, a estudante de cial para a recuperação e conscientiza-
enfermagem conta que viveu 14
minha identidade”, ção da vítima, além de contribuir para
anos em um casamento abusivo. “A desabafa a vítima o desenvolvimento da autonomia
primeira vez que fui agredida fisica- emocional. “Trabalho para que con-
mente por meu marido, estava grá- especialmente por parte da própria sigam identificar um relacionamento
vida do meu filho. Ele socou meu família. “Queria me divorciar, mas ele abusivo, auxiliando no processo de
rosto com tanta força, que quebrou dizia que de casa eu só sairia para o reconstrução da autoestima e identi-
meu dente”, descreve. cemitério”, relembra a vítima. dade dessas vítimas”, explica a especia-
As ameaças e agressões começa- As agressões eram presenciadas lista, que já vivenciou uma relação de
ram a ser parte do cotidiano de Joana, pelas crianças, que já não aguenta- abuso e violência.
principalmente depois do nascimento vam a situação. “Aos 12 anos, meu A violência doméstica também
do primeiro filho. Convencida a deixar filho perguntou até quando eu iria impacta negativamente o crescimento
seu emprego, passou a depender finan- ficar em silêncio, e essa foi uma das de diversas crianças. Conforme sua
ceiramente do marido. “Não tive mais coisas que me motivaram a pedir história, o estudante da Universidade
vida social, às vezes ia no culto da igreja, ajuda”, complementa. Com uma Federal do ABC Fagner Batista (25)
mas só quando ele permitia”, declara. costela quebrada e diversos hemato- afirma sentir-se culpado por não ter
Quando a criança estava com mas, tomou uma decisão. conseguido defender sua mãe. “Eu
2 anos, Joana foi violentada sexual- No momento em que o marido tinha 12 anos, sei que não teria muito
mente pelo marido, resultando na sua saiu para trabalhar, Joana pegou o te- o que fazer, mas reflito qual atitude
segunda gestação. “Não fiz pré-natal, lefone e ligou para o disque denúncia deveria ter tomado”, expõe. Além das
eu não queria mais um filho vivendo 180. “A viatura chegou em minha casa agressões, o padrasto incendiou a casa
nessas condições”, narra. Abalada, a e dois policiais do sexo masculino co- em que viviam. “Perdemos grande
estudante de enfermagem confessa ter meçaram a fazer perguntas. Segundo parte do que tínhamos, só fiquei com

Silêncio
Letícia Matos feito alimentações superficiais durante eles, eu não estava machucada e deveria a roupa que estava vestindo”, fala.
Com base nos dados da Secre- os nove meses de gravidez, chegando a ter vergonha por prestar queixa contra Para Joana Carvalho é um alívio
taria de Segurança Pública, no ano pesar 45 quilos. Apesar de subnutrida, um trabalhador”, lembra. Como deci- acordar todos os dias e saber que não

que mata: passado, o número de denúncias de o bebê nasceu saudável. diram não fazer um Boletim de Ocor- foi mais uma vítima de feminicídio.
lesão corporal por violência domés- Após o nascimento do segundo rência, a estudante recorreu ao Fórum, “O mais importante é recomeçar mi-

a luta contra
tica, decorrentes de agressões por filho, quase todas as relações sexuais onde recebeu assistência de uma dele- nha vida, terminar meus estudos e cui-
parte de companheiros e ex-compa- que teve com o marido foram força- gada. Participou dos exames de corpo dar dos meus filhos, sabendo que te-
nheiros, foi de 28.440. das. “Me trancava no quarto com os de delito e a partir desse dia, o marido nho uma nova oportunidade”, finaliza.

a violência
Em contraste, a análise realizada meninos, e ainda, tinha que encostar a foi obrigado a sair de casa.
pelo Instituto de Pesquisa Datafolha, cama em frente a porta, pois várias ve- A medida protetiva de 300 me- * Para proteger
zes ele tentou arrombar a fechadura”, a vítima, o

doméstica
no início do ano, identificou que mais tros de distância não foi um impe-
nome real da
de 52% das vítimas não recorrem à diz. Relutante em pedir auxílio para as dimento para o marido, que alugou personagem
polícia. Para Joana Carvalho*, vítima autoridades, Joana vivia assombrada uma casa no mesmo bairro de Joana. não pôde ser
identificado
de violência doméstica, o abuso psico- pelos anos de censura e negligência, As ameaças continuaram, além de

Ex-pacientes de câncer
Para a melhoria desse quadro, se esconder do marido, namorado ou Eu não sabia, mas estava grávida. Dei
alguns médicos indicam a micro- até delas mesmas”, detalha. à luz em casa e, com ajuda do meu
pigmentação para a reconstrução de Ele explica que o procedimento marido e da minha filha, nasceu a Na-

recuperam autoestima
aréola, processo mais simples que dura cerca de uma hora, podendo tália”, conta. Três meses depois, ou-
uma tatuagem, no qual um profis- ser realizado em até três sessões. Na tro nódulo a levou à mastectomia da

com micropigmentação
sional dermopigmentador usa um inicial, há a demarcação da aréola e mama direita. “Hoje, após 13 anos e
dermógrafo. É um aparelho leve e a definição dos pigmentos que serão com as mamas reconstruídas, estamos
delicado, específico para esse traba- utilizados. As demais sessões servem aqui com saúde alegria e muita força
lho com colorações que buscam o para retoques. para viver”, complementa.
Mulheres mastectomizadas e procedimentos estéticos: tom da pele da paciente. Uma das pacientes atendidas “Por acharem que não existe so-
uma história de superação O micropigmentador Ronaldo pela ONG, Maria de Almeida (60), lução, a depressão encontra um am-
Coelho (70), trabalha como volunta- contou sua história após todo o so- biente propício para se desenvolver
Layanni Roberta rio na ONG Viva Melhor, que atua frimento. “Descobri um nódulo na nesses casos. Temos que levar essa
Apenas em 2018, de acordo com resultado da biópsia fazem com que, em parceria com a Faculdade de Me- mama esquerda ao realizar o auto- técnica ao maior número possível de
o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 70% dos casos, seja necessária uma dicina do ABC, atendendo mulheres exame. Fiz uma quadrantectomia pacientes com câncer de mama, bem
o câncer de mama representou 29,5% mastectomia (retirada total do seio). que foram mastectomizadas pelo SUS e, cinco anos depois, surgiu outro como aos médicos que desconhecem
dos casos da doença, afetando qua- O levantamento feito pela Socie- e não têm condições de arcar com os nódulo na mesma mama e tive que a técnica, para que possam indicá-
se 60 mil mulheres no país. Quando dade Brasileira de Mastologia (SBM), custos do procedimento. “Faço aten- retirá-la, passando por novas sessões -la”, finaliza Ronaldo, que viaja por
descoberto no início, com menos de com base em dados do Departamen- dimento em média de oito mulheres de quimioterapia. todo o Brasil e, se possível, para ou-
dois centímetros, as chances de sucesso to de Informática do Sistema Único por dia. Minha missão é que todas No dia seguinte da última sessão tros países como voluntário para en-
alcançam quase 100% de cura, porém de Saúde (DataSUS), indica que ape- sofram menos com o pós-operatório, - em 3 de agosto de 1997 -, senti for- sinar outras pessoas e conseguir que
60% das mulheres atendidas pelo Siste- nas 20% das 92,5 mil mulheres que orientando-as para que não precisem tes dores, achando até que iria morrer. o procedimento seja reconhecido.
ma Único de Saúde (SUS) chegam aos fizeram a cirurgia de mastectomia
consultórios com tumores avançados, para tratamento do câncer de mama,
com menor chance de cura. A demora entre 2008 e 2015, passaram pelo
no diagnóstico e receber tardiamente o procedimento de reconstrução ma-
mária. Para a SBM, a situação é ex-
“Minha missão é que plicada pela falta de estrutura e pelo
número insuficiente de médicos qua-
todas sofram menos lificados para o procedimento.
com o pós-operatório, De acordo com a entidade, pelo
orientando-as para que menos 74 mil mulheres já fizeram
mastectomia no país, mas não têm
não precisem se esconder condições de fazer a reconstrução.
do marido, namorado ou Após o processo de tratamento, no
delas mesmas” entanto, muitas entram em depressão Foto do acervo pessoal
e perdem a autoestima, mesmo após do micropigmentador
Ronaldo Coelho o implante de silicone. Ronaldo Coelho
Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS Esportes lhar
ocial Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50 7
Várzea vive: elite não é maioria no futebol brasileiro
Modalidade amadora ganha espaço após aumento no preço dos ingressos das competições profissionais
Mário Jorge apreciarem uma partida gratuita. ABC Paulista, entre eles, o Brothers

Foto: Mario Jorge


O preço dos ingressos para assis- Para a população se manter atualiza- MJ, time de várzea de São Caetano,
tir ao futebol brasileiro dobrou nos da sobre novidades dentro do estilo que conta com o investimento do
últimos 10 anos. Em 2006, custava de futebol, os jogos são transmitidos jogador e de seu irmão.
R$ 19. No Campeonato Brasileiro online por portais nas redes sociais. Além da Copa Brothers, a região
de 2019, o ticket médio das equipes Um dos administradores dessas conta com outros campeonatos, os
sai por R$ 36. Após esse aumento, páginas é José Carlos de Almeida “Especiais”, e, recentemente, no
a diversidade de público nos está- (55), que gerencia o “Cantinho da Especial de Mauá, o Clube Itapeva,
dios diminuiu e a quantidade de Várzea”. Ele trabalha diariamente voltou a vencer um título após 19
pagantes atualmente é de aproxima- com o objetivo de deixar o público anos. “A emoção de torcer para um
damente 22 mil pessoas, de acordo informado sobre os jogos. “A paixão time de várzea é muito grande. A
com dados fornecidos pela CBF das pessoas pelo futebol amador é gente sabe que ali é tudo de verda-
(Confederação Brasileira de Fute- até maior do que pelos times pro- de, é tudo por amor. Faz mais de 30
bol), equivalente a 48% da ocupa- fissionais, por ser normalmente um anos que eu acompanho esse time,
ção total dos estádios. O futebol de clube de bairro, onde o pai ou avô já Campo do Alvi meu pai me levou pela primeira vez
várzea, por outro lado, surgiu como acompanhava a equipe. É um amor Negro, time de várzea ao campo quando ainda era peque-
alternativa e atraiu mais as pessoas de outras gerações, além de ser de de Santo André no e, desde então, acompanho todos
para seus campos. graça, é um programa da família”, os jogos, é uma paixão impossível de
Uma pesquisa realizada pelo explicou. Para ele, esses são os mo- descrever”, contou Anderson Ribei-
LANCE!, em 2016, em parceria tivos dos torcedores hoje estarem ro (39), torcedor do Bordô, o time

Foto: Divulgação Facebook da Torcida da Barroca


Torcida do Alvi
com o IBOPE, revelou que o públi- mais presentes na várzea. de várzea de Mauá.
Negro, chamada
co está mais habituado a ir aos cam- O futebol teve seu primeiro
"Torcida da Barroca"
pos amadores. Cerca de 13,1% dos Celeiro de atletas registro em território brasileiro
entrevistados confirmaram assistir em 1895, quando Charles Miller
aos jogos da várzea, frente a 10,5% O ABC Paulista é um local de organizou uma partida na antiga
das pessoas que assistem em arenas grande representatividade dos clu- Várzea do Carmo, onde atualmen-
e estádios. Entre o público frequen- bes de várzea, com o investimento te é a região do Brás. A partida foi
tador dos jogos do Brasileirão, mais de empresários e jogadores de fute- disputada por funcionários de uma
da metade recebe 5 ou mais salários bol. É o caso de Mário Fernandes, companhia de gás, e empregados
mínimos (cerca de R$ 5 mil). nascido em São Caetano do Sul, que de uma ferroviária. Com o devido
O futebol de várzea demonstra participou da Copa do Mundo de investimento e reconhecimento, o
grande importância social e abre 2018 defendendo a seleção russa, futebol de várzea, que faz parte de
portas para o início do sonho de ser após se naturalizar, em 2016. O jo- nossa história, resgata o orgulho ao
jogador profissional, além de pro- gador idealizou a “Copa Brothers”, esporte no Brasil e leva felicidade ao
porcionar chance de os torcedores que reúne os principais times do seu público apaixonado.

O fim de uma carreira pela escolha precipitada


Bruno Bertucci, conta um pouco da sua carreira, que acabou com o doping, e passa lição de vida aos seus companheiros da USCS
Jefferson Zuleger Paulo de Futebol Júnior, em 2009, e, surpreso com a estrutura da cidade de corria. Infelizmente, aconteceu e aca- seus alunos e companheiros de time
Bruno Bertucci, aluno de Educa- aos olhos de Mano Menezes, chegou Baku, onde ocorre também a Fórmu- bou com a minha carreira, mas hoje da USCS: “A lição que tiro é buscar
ção Física da Universidade Municipal a jogar com o profissional do Corin- la 1. Foi uma experiência bem legal eu levo isso como um aprendizado. sempre fazer as coisas corretas. Você
de São Caetano do Sul (USCS) e thians, fazendo parte do elenco cam- e profissionalmente tive meu maior Levo lições para a vida e minha car- nunca acha que vai acontecer com
também jogador de futebol da Atlé- peão da Copa do Brasil 2009. desempenho. Joguei em alto nível, reira acabou como eu não esperava”, você. Eram 18 jogadores e eu fui o
tica da universidade, tem em sua “Tive grandes momentos e ex- mesmo sendo um país desconhecido conta Bruno, que lamenta muito o sorteado. Passo isso para os meus
bagagem uma ampla experiência no periências que vou levar comigo pra no mundo do futebol”, descreve. Lá, caminho que sua carreira tomou. alunos da escolinha e quem convive
esporte, incluindo uma carreira pro- sempre: a felicidade de ser campeão ganhou três competições nacionais e Hoje, ele é professor em uma es- comigo no futebol. É sempre bom
fissional. Desde os 14 anos na base do paulista e da Copa do Brasil, e jogar levou o time à classificação do cam- colinha de futebol vinculada ao nome tomar cuidado com o que injeta nem
Corinthians, onde se destacou e foi ao lado de jogadores renomados do peonato europeu. “Nenhum time do de Ronaldo Fenômeno. Procura pas- seu corpo, ficar atentos e sempre bus-
convocado para a seleção brasileira, futebol brasileiro. Algo marcante foi país tinha conseguido e o time foi à sar o caso como um aprendizado para car um médico”, alerta o ex-atleta.
disputando a Copa do Mundo sub estar ao lado de um dos maiores do fase de grupos da Liga Europa”, com-
17 e sub-20, no qual foi vice-campeão cenário mundial, Ronaldo Fenôme- plementa o jogador. Bruno Bertucci atuou pela equipe do Neftchi Baku FC do Azerbaijão na Europa
mundial. “A derrota fica marcada, no”, comenta. Querendo ser visto no mundo do Ligue entre 2012 e 2014, abaixo momentos antes de enfrentar a Inter de Milão.
mas ter jogado uma copa do mundo Por ser da base as chances eram futebol, tomou decisões precipitadas
é algo gratificante”, conta. O atleta poucas, e com a chegada de jogado- e retornou para o Brasil. Foi para a
teve a honra de vencer a Copa São res como Robertos Carlos as chances Portuguesa, mesmo sabendo das di-
diminuíram mais ainda, fazendo com ficuldades financeiras. Com a queda
Foto: Nicat49 (Wikimedia Commons) Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0
Divulgação: @futeboloficialuscs

que fosse emprestado ao AD São do time para a segunda divisão do


Caetano. Pouco utilizado, foi para a estadual, Bruno viu sua carreira no
Suíça atuar pelo Grasshoppers. “Foi momento mais difícil. Após seis me-
meu primeiro contato com a cultura ses parado foi para o Atibaia dispu-
europeia, gratificante, um novo estilo tar o Campeonato Paulista série A3.
de vida em um país tão desenvolvido Lesionado, tomou uma decisão que
como a Suíça”, recorda. Naquele país, mudou o destino da sua carreira no
chamou a atenção do Neftchi, do esporte. “O caso do doping foi de-
Azerbaijão. “É um país muçulmano, e sagradável, me prejudicou e acabou
me trouxe novos aprendizados. Fiquei com a minha carreira profissional.
Não foi algo premeditado, nem esco-
Tributo do perfil da equipe de lha minha. Foi em conjunto com o
futebol da Atlética da USCS (@ clube que achou viável tomar a inje-
futeboloficialuscs) ao atleta Bruno ção pra poder jogar. Acabei aceitan-
Bertucci do, mesmo sabendo dos riscos que
4 Outubro de 2019
Ano 10 - Nº 50
lhar
ocial Cultura + Esporte Universidade Municipal de
São Caetano do Sul - USCS

20 filmes que um bom


jornalista DEVE assistir
Bruno Cunha

1- The Post (Stephen Spielberg, 2018)


2- Spolight (Thomas McCarthy, 2016)
3- A História Verdadeira (Rupert Goold, 2015)
4- Zodíaco (David Fincher, 2007)
5- O Abutre (Dan Gilroy, 2014)
6- Cidadão Kane (Orson Welles, 1941)
7- Repórteres de Guerra (Steven Silver, 2011)
8- Conspiração e Poder (James Vanderbilt, 2016)
9- Uma Manhã Gloriosa (Roger Michell, 2010)
10- Frost/Nixon (Ron Howard, 2009)
11- Chatô, o Rei do Brasil (Guilherme Fontes, 2015)
12- A montanha dos Setes Abutres (Billy Wilder, 1951)
13- Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000)
14- Capote (Bennett Miller, 2006)
15- Hebe – A Estrela do Brasil (Maurício Farias, 2019)
16- O Quarto Poder (Costa-Gavras, 1997)
17- Rede de Intrigas (Sidney Lumet, 1976)

Fotomontagem Bruno Cunha


18- Íntimo e Pessoal (Jon Avnet, 1996)
19- Tudo pelo Poder (George Clooney, 2011)
20- Todos os homens do presidente (Alan J. Pakula, 1976)

Skater Boys: a construção de um sonho


Grupo de skatistas se reúne em Santo André para criar sua própria pista
Raquel Santos conhecimento de construção, se em- movimenta mais de 40 bilhões de
A prática profissional de ska- penharam na realização do projeto. reais ao ano.
te dobrou no país nos últimos seis “Procuramos vereadores locais que Além disso, o Brasil já é reconhe-
anos. De acordo com o instituto disseram que o projeto era inviável. cido mundialmente como um polo
de pesquisas Datafolha, em 2009, Provamos para eles que não”, conta. de atletas de alto desempenho no
havia cerca de 4 milhões de skatis- A Prefeitura autorizou a utilização esporte. Em setembro deste ano, a
tas. Em 2015, esse número passou do espaço, “então pedimos ajuda cidade de São Paulo recebeu o cam-
para 8,5 milhões de brasileiros nas para a iniciativa privada, que forne- peonato Mundial de Skate Park, rea-
pistas. O esporte também irá es- ceu todo o material. A mão de obra lizado no parque Cândido Portinari.
trear nas Olimpíadas de 2020, em foi a nossa”, complementa Lardieri. A cidade recepcionou 160 atletas de
Tóquio. Uma das modalidades é Atualmente, o projeto da SB 31 países, entre homens e mulheres.
o street, em que a pista simula os Skate Plaza dispõe da ajuda de 16 A competição dá 80 mil pontos ao
Foto Rafael Lardieri

obstáculos da rua, como corrimãos, meninos e conta com o apoio de vencedor, isto é, a pontuação máxi-
rampas e escadarias. Mas, nas ruas seis patrocinadores. “O meu sonho ma válida para a corrida olímpica. Construção da
de verdade, são as más condições é que isso se amplie no Brasil intei- Na competição masculina, o cam- SB Skate Plaza
ainda prevalecem, o que prejudica ro, que a gente sirva de exemplo e peão foi o havaiano Heimana Rey-
o desempenho dos atletas. modelo para outros grupos de skatis- nolds (21). O Brasil ficou com dois
No ABC paulista, isso não é tas.” declara Lardieri. O atleta Júlio lugares no pódio, com Luiz Francisco
diferente. Para combater a falta de Ferreira (23), diz que já participou e Pedro Quintas, respectivamente em
investimentos dos órgãos públicos, de mutirões em prol da revitalização segundo e terceiro lugar. Já na compe-
Rafael Lardieri (26), fundador da da pista de skate de Mauá. “Já estive tição feminina, quem levou a melhor
Skater Boys, criou o projeto “SB em três mutirões, durante o tempo foi a japonesa Misugu Okamoto (13),
Skate Plaza”, no bairro do Jardim em que a prefeitura não fornecia o seguida da também japonesa Sakura
Las Vegas, em Santo André. A ideia suporte para que pudéssemos reali- Yosozumi (17) e, para completar o
surgiu em 2016, com o intuito de zar a ação”, complementa. pódio, a britânica Sky Brown (11).
agregar as modalidades mais prati- Devido ao aumento de prati- O estigma de que o skate é um
cadas, como o street e o park e criar cantes, segundo o IBOPE (Instituto esporte da marginalidade fica cada
um lugar com as condições ideais Brasileiro de Opinião Pública e Esta- dia mais para trás “De modo geral,
para a prática do skate. tística), o mercado brasileiro de skate vejo que as Olimpíadas foram um Rafael Lardieri e
O trabalho é voluntário e os gera mais de 1 bilhão de reais ao ano benefício para o skate. E isso só Alonso Martinez na
Foto Raquel Santos

próprios skatistas da região constru- em venda de roupas e acessórios para confirma que somos atletas de alto SB Skate Plaza
íram a pista. Rafael Lardieri conta skatistas e simpatizantes do esporte, rendimento se assim quisermos”,
que jovens de 15 anos, sem nenhum sendo que, o setor calçadista geral conclui Lardieri.

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