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ANÁLISE EXERGÉTICA PARA CONDICIONADORES

DE AR DE USO DOMÉSTICO

Bernardo Gelelete Mayolino

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de


Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Nísio de Carvalho Lobo Brum

Rio de Janeiro
Agosto, 2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ

ANÁLISE EXERGÉTICA PARA CONDICIONADORES


DE AR DE USO DOMÉSTICO

Bernardo Gelelete Mayolino

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO


DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO MECÂNICO.

Examinada por:

____________________________________________
Prof. Nísio de Carvalho Lobo Brum, D.Sc – Orientador

___________________________________________
Prof. Albino José Kalab Leiróz, Ph.D.

___________________________________________
Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


Agosto de 2015
Mayolino, Bernardo Gelelete
Análise Exergética Para Condicionadores de Ar de
Uso Doméstico / Bernardo Gelelete Mayolino. – Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014.
VIII, 46p.:il.; 29,7 cm
Orientador: Nísio de Carvalho Lobo Brum.
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Mecânica, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 45.
1.Exergia 2. Eficiência Exergética. I. Brum, Nísio de
Carvalho Lobo. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica. III. Análise Exergética Para Condicionadores
de Ar de Uso Doméstico

i
Dedicatória

Aos meus pais, Aloysio Ramos Mayolino e Elaine Gelelete Bandeira, por todo
amor incondicional e por me prepararem para a vida.

Aos meus irmãos, Helena e Pedro, por sempre acreditarem em mim e me apoiar.

À minha namorada, companheira e melhor amiga, Fernanda, por me inspirar a


nunca desistir dos meus objetivos.

ii
Agradecimentos

Agradeço ao professor e orientador Nísio de Carvalho Lobo Brum, pelo tempo e


atenção dedicados a este projeto.

Também agradeço a todos os outros professores que fizeram parte da minha


formação em uma das melhoras universidades do país.

Por último gostaria de agradecer à todos os meus amigos que eu fiz durante essa
jornada e que dividiram comigo longas e cansativas noites de estudos.

iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ANÁLISE EXERGÉTICA PARA CONDICIONADORES DE AR DE


USO DOMÉSTICO

Bernardo Gelelete Mayolino

Agosto/2015

Orientador: Nísio de Carvalho Lobo Brum

Curso: Engenharia Mecânica

Um sistema de ar-condicionado é composto basicamente por quatro elementos: o


condensador, o dispositivo de expansão, o evaporador e o compressor. O desempenho
do aparelho depende diretamente do desempenho individual de cada um desses
componentes. Desse modo é interessante analisar a eficiência de cada componente
identificando falhas e estipulando melhorias.

Para analisarmos o desempenho de um sistema é necessário estudarmos a


destruição de exergia de cada componente. Para isso é necessário fazer o balanço
energético do sistema com o intuito de dimensionar o coeficiente de performance
máximo que podemos obter em cada projeto específico. Neste trabalho será feita uma
análise completa da destruição de exergia e do balanço de energia para os quatro
elementos básicos de um sistema de refrigeração e após ser identificado qual elemento
que possui maior destruição de exergia, será estipulada alguma solução viável para a
redução deste valor.

Palavras-chave: Exergia, Energia, Eficiência, Entalpia, Entropia, Potência, Capacidade


Frigorífica.

iv
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Mechanical Engineer.

EXERGETIC ANALISYS FOR HOME AIR CONDITIONERS

Bernardo Gelelete Mayolino

Agosto/2015

Advisor: Nísio de Carvalho Lobo Brum

Course: Mechanical Engineering

An air-conditioning system is basically composed of four elements: the


condenser, the expansion device, the evaporator and the compressor. The device's
performance depends directly on the individual performance of each of these
components. Thus, it is interesting to analyze the effectiveness of each component
identifying faults and stipulating improvements.

To analyze the performance of a system is necessary to study the exergy’s


destruction of each component. This requires making the energy balance of the system
in order to scale the maximum coefficient of performance we can get on each specific
project. This work will be a complete analysis of exergy destruction and energy balance
for the four basic elements of a cooling system and after being identified which element
that has greater destruction of exergy, will be stipulated any viable solution to reducing
this value.

Keywords: Exergy, Energy, Efficiency, Enthalpy, Entropy, Power, Cooling Capacity.

v
Sumário
1 Introdução.................................................................................................................. 1
1.1 Objetivo ............................................................................................................. 1
2 Dados do Projeto ....................................................................................................... 2
2.1 Condições de Operação ..................................................................................... 2
2.2 Análise Psicrométrica ........................................................................................ 4
2.2.1 O saturador adiabático ................................................................................ 5
2.3 Dados Termofísicos ........................................................................................... 7
2.3.1 Condensador ............................................................................................... 7
2.3.2 Evaporador.................................................................................................. 9
2.3.3 Ar-padrão .................................................................................................. 10
2.3.4 Fator de desvio (bypass) ........................................................................... 11
2.3.5 Cálculo da entropia do ar úmido .............................................................. 13
2.3.6 Calculo da entalpia ................................................................................... 17
3 Análise do Ciclo de Refrigeração............................................................................ 19
3.1 Análise Energética ........................................................................................... 21
3.2 Análise Exergética ........................................................................................... 24
3.3 Análise do Ciclo de refrigeração com Perdas de Carga ................................... 30
3.3.1 Análise energética e exergética de cada componente. .............................. 31
4 Melhoria do Sistema................................................................................................ 36
4.1 Variação da vazão de ar ................................................................................... 36
4.2 Variação do fator de bypass ............................................................................. 38
5 Análise dos Resultados obtidos ............................................................................... 40
5.1 Variação da vazão de ar ................................................................................... 40
5.2 Variação do fator de bypass ............................................................................. 42
6 Conclusão e sugestões ............................................................................................. 45
7 Referências Bibliográficas ...................................................................................... 46

vi
Lista de Figuras

Figura 2-1 - Saturador Adiabático .................................................................................... 5


Figura 2-2 - Evaporador ................................................................................................... 9
Figura 3-1 - Esquema do ciclo de refrigeração............................................................... 19
Figura 3-2 - Diagrama Pressão x Entalpia ...................................................................... 20
Figura 3-3 - Novo diagrama Pressão x Entalpia ............................................................. 24
Figura 3-4 - Compressor ................................................................................................. 25
Figura 3-5- Condensador ................................................................................................ 26
Figura 3-6 - Dispositivo de expansão ............................................................................. 27
Figura 3-7 - Evaporador ................................................................................................. 28
Figura 3-8 - Parcela da exergia destruída ....................................................................... 29
Figura 3-9 - Ciclo de refrigeração com perdas de carga................................................. 31
Figura 5-1 - Exergia destruída por componente ............................................................. 41
Figura 5-2 - Eficiência exergética de cada componente ................................................. 41
Figura 5-3 - Exergia destruída por componente com variação de bypass ...................... 43
Figura 5-4 - Eficiência exergética de cada componente variando com o fator de bypass
........................................................................................................................................ 44

vii
Lista de Tabelas

Tabela 2-1 - Dados do ambiente ....................................................................................... 2


Tabela 2-2 - Condições de operação................................................................................. 2
Tabela 2-3 - Dados do sistema de refrigeração (RAS-50WX8/ RAC-50WX8) .............. 3
Tabela 2-4 - Capacidade de aquecimento sensível ........................................................... 4
Tabela 2-5 - Vazões Pertinentes ....................................................................................... 4
Tabela 2-6 - Propriedades do Ar em uma pressão de 101.325 kPa ................................ 18
Tabela 2-7 - Propriedades do R-410A em uma pressão de 101.325 Kpa ....................... 18
Tabela 3-1 - Valores do Ciclo ........................................................................................ 20
Tabela 3-2 - Novos valores do ciclo de refrigeração ...................................................... 23
Tabela 3-3 - Exergia destruída e eficiência exergética de cada componente ................. 29
Tabela 3-4 - Parâmetros do ciclo de refrigeração com perda de carga........................... 31
Tabela 3-5 - Tabela atualizada do ciclo com perdas de carga ........................................ 33
Tabela 3-6 - Comparação entre os dois ciclos ................................................................ 35
Tabela 4-1 - Temperatura de saída ................................................................................. 37
Tabela 4-2 - Exergia destruída e eficiência exergética para aumento da vazão ............. 37
Tabela 4-3 - Temperatura de saída ................................................................................. 37
Tabela 4-4 - Exergía e eficiência exergética para redução da vazão .............................. 38
Tabela 4-5 - Valores de entalpia e entropia para o ar saindo do evaporador ................. 38
Tabela 4-6 - Temperatura de saída do condensador ....................................................... 39
Tabela 4-7 - Exergia destruída e eficiência exergética para redução do fator de bypass 39
Tabela 4-8 - Exergia destruída e eficiência exergética para aumento do fator de bypass
........................................................................................................................................ 39
Tabela 5-1 - Variação da exergia destruída e da eficiência exergética em função da
vazão de ar ...................................................................................................................... 40
Tabela 5-2 - Variação da exergia destruída e da eficiência exergética em função do fator
de bypass ........................................................................................................................ 42

viii
1 Introdução

Os aparelhos de ar-condicionado possuem grande importância na sociedade


moderna. Eles estão presentes nas residências, indústrias, comércio e nos meios de
transporte. Apesar do conforto proporcionado por esses aparelhos, eles são um dos
principais responsáveis pelo grande consumo de energia.

Desta forma, é importante que sejam feitas análises para avaliar o desempenho
do aparelho e descobrir qual dos componentes possui maior irreversibilidade. Após o
estudo será possível tomar as devidas providencias a fim de melhorar ao máximo o
funcionamento do aparelho de ar-condicionado reduzindo assim seu consumo de
energia.

1.1 Objetivo

Este documento realizará a análise de energia e exergia dos quatro componentes


básicos de um aparelho de ar-condicionado que são: o compressor, o condensador, o
dispositivo de expansão e o evaporador.

O modelo escolhido para a análise será o RAS-50WX8/RAC-50WX8 com


capacidade entre 0,9 e 5,2 kW de potência. O subconjunto RAS-50WX8 representa a
parte localizada no interior do cômodo que contém o evaporador, já o subconjunto
RAC-50WX8 se refere à unidade condensadora e se localiza na parte externa. Esse
modelo foi retirado do catalogo da fabricante HITACHI.

A Hitachi foi escolhida entre outras empresas fabricantes de aparelhos de ar-


condicionado, pois ela possuía um catálogo com mais informações que permitiria
melhores análises do ciclo de refrigeração e com isso seria possível encontrar resultados
mais precisos e próximos da realidade.

As análises energética e exergética se basearam na estrutura de cálculo


apresentada em DINÇER et al (2010) com o auxílio de simulações da ferramenta
REFRIGERATION UTILITIES do software COOLPACK com responsabilidade de
MORTEN J.
1
2 Dados do Projeto

Neste capítulo serão apresentadas as características do sistema de refrigeração


analisado assim como os dados de operações e as propriedades dos fluidos presentes.

2.1 Condições de Operação

A Hitachi considera as condições padrão de operação de seus aparelhos, as


mesmas encontradas na norma ISO 5151:

Tabela 2-1 - Dados do ambiente

Condições de Operação Resfriamento Aquecimento


Temperatura do ar interior admitido (BS) 27,0 °C 20,0 °C
Temperatura do ar interior admitido (BU) 19,0 °C
Temperatura do ar exterior admitido (BS) 35,0 °C 7,0 °C
Temperatura do ar exterior admitido (BU) 6,0 °C

onde,

BS = Bulbo Seco
BU = Bulbo Úmido

De acordo com o Handbook Fundamentals da ASHRAE (2009) as condições


padrão de operação para aparelhos com capacidade entre 1,2 e 10 kW são as seguintes:

Tabela 2-2 - Condições de operação

Temperatura de evaporação 7,2°C


Temperatura de sucção do compressor 18,3°C
Temperatura de condensação 54,4°C
Temperatura do líquido 46,1°C
Temperatura Ambiente 35,0°C

A norma ABNT NBR 16401-1 diz que o ar-padrão se encontra a temperatura


T0=20 ºC, a uma pressão barométrica igual a P0=101,325 kPa (1 atm), uma umidade
absoluta de 0 kg de vapor de água/kg de ar seco, com massa específica de 1,2 kg/m³.
Esta mesma norma também diz que a temperatura de bulbo seco com freqüência anual
de 2% no Rio de Janeiro é de 35 ºC, acompanhada da temperatura de bulbo úmido de 27
ºC.Dados do Sistema de Condicionamento de Ar

2
3
aquecimento sensível do aparelho para diversas combinações de temperatura do
equipamentos. A tabela 2-3 mostra diversos valores de potência exigida pelo
compressor, capacidade frigorífica do aparelho e a tabela 2-4, a capacidade de
O catálogo Hitachi possui muitas informações pertinentes sobre seus

Tabela 2-3 - Dados do sistema de refrigeração (RAS-50WX8/ RAC-50WX8)

Temperatura
Temperatura Externa (ºC)
interna
BU BS -10 21 27 32 35 40 43
ambiente externo e temperatura do ambiente interno.

°C °C CF Pot CF Pot CF Pot CF Pot CF Pot CF Pot CF Pot


12 18 3010 671 3409 797 3155 939 4100 1431 3950 1493 3700 1602 3550 1664
14 20 3010 671 3663 797 3409 951 4400 1446 4250 1508 3950 1617 3800 1695
16 22 3010 682 3916 808 3626 962 4700 1462 4550 1539 4250 1648 4100 1711
18 25 3227 692 4170 818 3844 973 5000 1477 4800 1539 4500 1664 4300 1726
19 27 3336 703 4315 829 3989 984 5200 1493 5000 1555 4700 1664 4500 1726
22 30 3699 703 4787 829 4424 984 5750 1508 5550 1571 5000 1726 4650 1819
24 32 3953 713 5113 839 4714 995 6150 1508 5900 1586 5200 1773 4750 1882
BU = Bulbo Úmido
BS = Bulbo Seco
CF = Capacidade Frigorífica [W]
Pot = Potência exigida pelo compressor [W]

Tabela 2-4 - Capacidade de aquecimento sensível

BU BS Temperatura Externa (ºC)


°C °C 10 21 27 32 35 40 43
12 18 1931 2575 2377 3106 2970 2799 2663
14 20 1931 2575 2401 3106 3004 2799 2697
16 22 2055 2575 2401 3106 3004 2799 2697
18 25 2203 2798 2600 3379 3243 3038 2901
19 27 2278 2946 2723 3550 3414 3209 3072
22 30 2253 2921 2699 3516 3379 3277 3209
24 32 2253 2921 2699 3516 3379 3345 3311

CAS = Capacidade de aquecimento sensível [W]

Outros dados importantes que também são encontrados no catálogo, são os que
se referem às vazões de ar existentes no aparelho. A tabela 2-5 mostra estas vazões
através do condensador e do evaporador que farão parte da presente análise.
Tabela 2-5 - Vazões Pertinentes

Fluxo de ar (condensador) m³/min 36


Fluxo de ar (evaporador) m³/min 11,5

2.2 Análise Psicrométrica

Neste capítulo serão abordadas as equações necessárias para a determinação dos


parâmetros referentes ao ar úmido do sistema.

O ar úmido é formado pelo vapor d’água e pelo ar seco. A Lei de Dalton diz que
o ar seco e o vapor d’água se comportam na mistura como se estivessem submetidos a
uma pressão denominada parcial, a qual seria materializada se um dos componentes
ocupasse sozinho todo o volume na mesma temperatura, i. e. a mistura de ar seco e
vapor d’água se comporta como um gás ideal assim como os dois constituintes.

4
De acordo com a Lei de Dalton podemos definir a razão de umidade para uma
mistura de vapor d’água com ar sendo

𝑃𝑣
𝜔 = 0,622 (2.1)
𝑃 − 𝑃𝑣

onde 𝑃𝑣 é pressão parcial do vapor d’água e P é a pressão atmosférica e vale 101,325


kPa.

2.2.1 O saturador adiabático

O saturador adiabático visa determinar a umidade absoluta 𝜔1 .

Ar Ar
𝑚𝑎 𝑚𝑎
𝑡1 𝑡2
𝜔1 𝜔2𝑠

Água
𝑚𝑤
𝑡𝑤
Figura 2-1 - Saturador Adiabático

No ponto 2, temos o vapor d’água saturado então podemos reescrever a equação 2.1
para este estado:
𝑃𝑣𝑠
𝜔2𝑠 = 0,622 (2.2)
𝑃 − 𝑃𝑣𝑠

A pressão de saturação do vapor d’água, 𝑃𝑣𝑠 , será calculada através da formula


apresentada no Handbook Fundamentals da ASHRAE (2009), válida para o intervalo de
0 ºC até 200 ºC

ln(𝑃𝑣𝑠 ) = 𝐶8 /𝑇 + 𝐶9 + 𝐶10 𝑇 + 𝐶11 /𝑇 2 + 𝐶12 /𝑇 3 + 𝐶13 ln⁡


(𝑇) (2.3)

5
onde,
𝐶8 = −5,800 200 6 𝐸 + 03 𝐶11 = 4,176 476 8 𝐸 − 05
𝐶9 = 1,391 499 3 𝐸 + 00 𝐶12 = −1,445 209 3 𝐸 − 08
𝐶10 = −4,864 023 9 𝐸 − 02 𝐶13 = 6,545 967 3 𝐸 + 00

𝑇 é a temperatura absoluta (K) correspondente a pressão de saturação aproximada pela


temperatura de bulbo úmido.

A tabela 2-1 diz que a temperatura de bulbo úmido do ar na entrada do


evaporador vale 19 ºC. Utilizando as equações 2.2 e 2.3, achamos um valor de razão de
umidade 𝜔2𝑠 igual a 0,0138.

Para gases ideais a entalpia depende somente da temperatura. Usando como


referencia para entalpia nula uma temperatura de 0 ºC temos que a entalpia do ar seco
vale

𝑕𝑎 = 𝑐𝑝𝑎 𝑡 (2.4)

onde o calor específico do ar vale 𝑐𝑝𝑎 = 1,0035 kJ/kgK e t é a temperatura de bulbos


seco em ºC.

Já para o vapor d’água temos adotando o estado de referência, a água no estado


líquido a 0ºC,

𝑕𝑣 = 𝑐𝑝𝑣 𝑡 + 𝑕𝑙𝑣 (0 °𝐶) (2.5)

onde 𝑐𝑝𝑣 e 𝑕𝑙𝑣 são o calor específico para o vapor d’água e a variação da entalpia de
vaporização a 0 ºC respectivamente,com valores assumidos de
kJ kJ
𝑐𝑝𝑣 = 1,873 𝑒 𝑕𝑙𝑣 = 2501,2 kg .
kgK

Com isso a entalpia para o ar úmido se torna

𝑕𝑎𝑢 = 𝑐𝑝𝑎 𝑡 + (𝑐𝑝𝑣 𝑡 + 𝑕𝑙𝑣 )𝜔 (2.6)

6
A entalpia da água líquida é calculada pela seguinte expressão

𝑕𝑤 = 𝑐𝑤 𝑡 (2.7)

onde 𝑐𝑤 é o calor específico da água e vale 4,186 kJ/(kg K)

Como não existe troca de calor com o meio ambiente consideramos que a
entalpia do sistema se conserva entre os pontos 1 e 2. Com isso podemos dizer que

𝑕𝑎𝑢 1 𝑚𝑎 = 𝑕𝑎𝑢 2 𝑚𝑎 + 𝑚𝑤 𝑕𝑤 (2.8)


onde,
𝑚𝑤 = 𝑚𝑎 𝜔2 − 𝜔1 (2.9)

Sabemos que no ponto 2 temos vapor saturado, logo podemos dizer que
𝜔2 = 𝜔2𝑠 . Isolando 𝜔1 temos

(𝑕𝑣2 − 𝑕𝑤2 )𝜔2𝑠 − 𝑐𝑝𝑎 (𝑡1 − 𝑡2 ) (2.10)


𝜔1 =
𝑕𝑣1 − 𝑕𝑤1

2.3 Dados Termofísicos

Nesta seção, serão calculadas e listadas as propriedades termofísicas para os


fluidos presentes no sistema.

2.3.1 Condensador

Como dito anteriormente, a norma ABNT NBR 16401-1 indica uma temperatura
de bulbo seco no Rio de Janeiro de 35 ºC, acompanhada da temperatura de bulbo úmido
de 27 ºC.

No condensador não ocorre desumidificação do ar, o que significa que a


umidade absoluta é considerada fixa neste caso.

O calculo da umidade absoluta neste caso também se faz com utilização das
equações 2.2 e 2.3, resultando em uma umidade absoluta igual a 0,019 kgv kga .

7
Fazendo o equilíbrio global de energia em um sistema de condicionamento de ar
teórico, podemos dizer que o calor trocado no condensador é igual a soma da potencia
exigida pelo compressor e a potencia frigorífica do sistema.
A tabela 2-3 nos fornece a potência total que o compressor exige que é composta
pela potência do compressor mais a potência das perdas.

𝑊𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 . + 𝑊𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠

Como ainda não temos os dados termofísicos referentes ao refrigerante no


sistema, não é possível calcular a potência do compressor que será necessária para
calcular o calor trocado entre o refrigerante e o ar que passa pelo condensador. Esse
parâmetro será calculado mais a frente no momento das análises ebergética e exergética
do compressor.

Isolando o condensador e analisando a troca de energia do ar escrevemos a


equação de equilíbrio de energia a seguir:

𝑄𝐻 = 𝑚𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . 𝑐𝑝𝑎 (𝑡2 − 𝑡1 ) (2.11)

O volume específico é definido pelo Handbook Fundamentals da ASHRAE


(2009) como
0,287042 𝑡 + 273,15 (1 + 1,607858𝜔) (2.12)
𝑣=
𝑃

onde P é a pressão total da mistura e vale 101,235 kPa, t é a temperatura de bulbo seco e
𝜔 = 0,019 kgv kga .

Logo, utilizando o valor da vazão volumétrica do ar no condensador da tabela 2-


5, temos

𝑉𝑎
𝑚𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . = = 0,67 kg/s
𝑣

8
2.3.2 Evaporador

No caso do evaporador devemos dar atenção a desumidificação do ar. O ar ao


passar pelo evaporador se desumidifica e perde calor para o refrigerante. Usando as
equações apresentadas na análise psicrométrica podemos encontrar a temperatura de
saída do ar úmido no evaporador.

Com as equações 2.2, 2.3 e 2.10 junto com os valores de temperatura de bulbo
seco igual a 27 ºC e úmido igual a 19 ºC, achamos 𝜔1 = 0,0105 kgv kga . Com o valor
da umidade absoluta, utilizamos a equação 2.6 para calcular a entalpia do ar úmido na
entrada do evaporador

𝑕𝑎𝑢 = 53,8 kJ/kga

A desumidificação do ar que passa pelo evaporador gera uma vazão de água para
fora do aparelho, como mostra a figura 2-2.

Ar úmido Ar úmido
𝑚𝑎 𝑚𝑎
𝑡1 𝑡2
𝑄
𝜔1 𝜔2

𝑚𝑤
𝑡𝑤
Figura 2-2 - Evaporador

A troca de calor ocorre entre o ar e o refrigerante pode ser descrita como

𝑄 = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . (𝑕𝑎𝑢 1 − 𝑕𝑎𝑢 2 ) − 𝑕𝑤 𝑚𝑤 (2.13)

onde hw é a entalpia da água e 𝑚𝑤 é a vazão de água que sai do aparelho.


Substituindo a equação 2.6 na equação 2.13 e considerando 𝑕𝑣 = 𝑕𝑙𝑣 , temos

𝑄 = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 𝑐𝑝𝑎 (𝑡1 − 𝑡2 ) + 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 2501,2(𝜔1 − 𝜔2 ) (2.14)

9
onde o primeiro termo é a taxa de calor sensível (CS) e o segundo termo a taxa de
calor latente (CL). Os termos referentes à água são desprezados, pois possuem valores
muito pequenos em relação aos outros. Da equação 2.14 temos

𝐶𝑇 = 𝐶𝑆 + 𝐶𝐿 (2.15)
A tabela 2-5 nos diz que a vazão volumétrica do ar que passa pelo evaporador
vale 11,5 m³/min. Usando o volume específico calculado através da equação 2.12
podemos achar a vazão mássica de ar que passa pelo evaporador.

𝑉𝑎
𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . = = 0,22 kg/s
𝑣

Com os valores de calor sensível fornecidos na tabela 2-3 calcula-se o valor da


temperatura de saída do ar no evaporador, com o primeiro termo da equação 2.15
reorganizada com a temperatura de saída em evidência

𝐶𝑆
𝑡2 = 𝑡1 − = 11,7 ℃
𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 𝑐𝑝𝑎

Conhecendo os valores da carga térmica total e do calor sensível podemos


calcular o calor latente com a fórmula 2.15.

𝐶𝐿 = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 2501,2(𝜔1 − 𝜔2 ) (2.16)

A partir da formula 2.16 calculamos o valor de 𝜔2 .

𝐶𝐿 kgv
𝜔2 = 𝜔1 − = 0,008
𝑚𝑎 2501,2 kga

2.3.3 Ar-padrão

Os parâmetros relativos à temperatura de ar-padrão definidas pela norma


também devem ser calculados. Uma vez que para o ar padrão 𝜔 = 0, com a equação 2.6
temos que

𝑕𝑎𝑢 = 𝑐𝑝𝑎 𝑡 = 20,07 kJ/kga

10
2.3.4 Fator de desvio (bypass)

A tabela 2-2, apresentada pela ASHRAE indica uma temperatura de evaporação


de 7,2 ºC. Entretanto, cada aparelho de ar condicionado possui um valor específico de
para a temperatura de evaporação para as condições de projeto. Esse valor pode ser
aproximado pela temperatura de ponto de orvalho do equipamento (apparatus dew
point) que depende da estrutura da serpentina do evaporador e a velocidade do ar sendo
a temperatura que se encontra a água que condensa do ar que desumidificado quando
passa pelo evaporador, quando toca na serpentina do evaporador.

O fator de bypass é definido como

𝑕𝑠𝑎 − 𝑕𝐴𝐷𝑃 (2.17)


𝐵𝐹 =
𝑕𝑒𝑎 − 𝑕𝐴𝐷𝑃

onde 𝑕𝑠𝑎 é a entalpia do ar saindo do evaporador, 𝑕𝑒𝑎 é a entalpia do ar entrando no


evaporador e 𝑕𝐴𝐷𝑃 é a entalpia do ponto de bypass do ar. Todos estão na mesma
unidade kJ/kga .

Definindo o fator de calor sensível efetivo como a razão entre o calor sensível e
a capacidade total, temos

𝐶𝑆
𝐸𝑆𝐻𝐹 = = 0,6828
𝐶𝑇

As taxas e calor sensível do recinto podem ser reescritas em função do fator de


bypass
𝐶𝑆 = 𝑚𝑠𝑎 𝑐𝑝𝑎 (1 − 𝐵𝐹) 𝑡𝑅𝐴 − 𝑡𝐴𝐷𝑃 (2.18)

onde 𝑡𝑅𝐴 é a temperatura de entrada do ar no evaporador e 𝑡𝐴𝐷𝑃 é temperatura


de ponto de orvalho do equipamento.
Analogamente

0
𝐶𝐿 = 𝑚𝑠𝑎 𝑕𝑙𝑣 1 − 𝐵𝐹 𝜔𝑅𝐴 − 𝜔𝐴𝐷𝑃 (2.19)

11
O fator de calor sensível efetivo pode ser reescrito como

𝑚𝑠𝑎 𝑐𝑝𝑎 (1 − 𝐵𝐹) 𝑡𝑅𝐴 − 𝑡𝐴𝐷𝑃 (2.20)


𝐸𝑆𝐻𝐹 = 0
𝑚𝑠𝑎 𝑐𝑝𝑎 (1 − 𝐵𝐹) 𝑡𝑅𝐴 − 𝑡𝐴𝐷𝑃 + 𝑚𝑠𝑎 𝑕𝑙𝑣 1 − 𝐵𝐹 𝜔𝑅𝐴 − 𝜔𝐴𝐷𝑃

Para o cálculo de 𝜔𝐴𝐷𝑃 temos as equações 2.2 e 2.3.

Com um valor inicial de bypass igual a 0,2, junto com o valor do fator de calor
sensível e as equações 2.18, 2.19, e 2.20, usamos o Solver do Excel (MS) para resolver
a equação não linear e achar o valor aproximado da temperatura de bypass.

Após termos a resposta inicial, variamos o fator de bypass até acharmos um


valor de capacidade total do sistema (CT) próximo daquele determinado pela Hitachi.
Fazendo isso chegamos aos seguintes valores:

𝑚𝑎 = 11,5 m³/min

𝐵𝐹 = 0,1473

𝑡𝑎𝑑𝑝 = 9,1 ℃

𝑕𝑎𝑑𝑝 = 27,39 kJ/kga

𝜔𝐴𝐷𝑃 = 0,0072 kg v kga

12
2.3.5 Cálculo da entropia do ar úmido

Um importante dado que falta ser calculado para todas as condições vistas
(condensador, evaporador, ar-padrão) é a entropia do ar úmido presente. Os cálculos
apresentados seguem o documento Psychrometrics Theory and Practice da ASHRAE
que foi escrito por OLIVIERI et al. (1996).

A equação de estado mais comum para um gás é chamada de equação virial. A


equação virial para o ar úmido segundo a referência citada acima é definida como

𝑃𝑣𝑚 𝐵𝑚 𝐶𝑚 (2.21)
=1+ +
𝑅𝑇 𝑣𝑚 𝑣𝑚2
onde
𝐵𝑚 = 𝑥𝑎2 𝐵𝑎𝑎 + 2𝑥𝑎 𝑥𝑤 𝐵𝑎𝑤 + 𝑥𝑤2 𝐵𝑤𝑤 (2.22)
e
𝐶𝑚 = 𝑥𝑎3 𝐶𝑎𝑎𝑎 + 3𝑥𝑎2 𝑥𝑤 𝐶𝑎𝑎𝑤 + 3𝑥𝑎 𝑥𝑤2 𝐶𝑎𝑤𝑤 + 𝑥𝑤3 𝐶𝑤𝑤𝑤 (2.23)

As equações 2.18 e 2.19 possuem diversos coeficientes viriais e suas derivadas


que são definidos como:

 Coeficientes viriais para o ar seco

0,668772 × 104 0,210141 × 107


2 (2.24)
𝐵𝑎𝑎 = 0,349568 × 10 − −
𝑇 𝑇2
0,924746668772 × 108
+ cm3 /mol
𝑇3

0,190905 × 106 0,632467


𝐶𝑎𝑎𝑎 = 0,125975 × 104 − + cm6 /mol2 (2.25)
𝑇 𝑇2

e suas respectivas derivadas são

𝑑𝐵𝑎𝑎 0,668772 × 104 0,420282 × 107


= +
𝑑𝑇 𝑇2 𝑇3
(2.26)
0,277424 × 109
− cm3 /(mol. K)
𝑇4

13
𝑑𝐶𝑎𝑎𝑎 0,190905 × 106 0,126493 × 109
= − cm6 /(mol2 . K) (2.27)
𝑑𝑇 𝑇2 𝑇3

 Coeficientes viriais para o vapor d’água


𝐵𝑤𝑤 = 𝑅𝑇𝐵𝑤𝑤 cm3 /mol (2.28)

2 ′ ′ 2
𝐶𝑤𝑤𝑤 = 𝑅𝑇 𝐶𝑤𝑤𝑤 + 𝐵𝑤𝑤 cm6 /mol2 (2.29)

com derivadas


𝑑𝐵𝑤𝑤 𝑑𝐵𝑤𝑤 ′
=𝑅 𝑇 + 𝐵𝑤𝑤 cm6 /mol2 K (2.30)
𝑑𝑇 𝑑𝑇

′ ′
𝑑𝐶𝑤𝑤𝑤 2
𝑑𝐶𝑤𝑤𝑤 ′
𝑑𝐵𝑤𝑤
= 𝑅𝑇 + 2𝐵𝑤𝑤 + 2𝑅 2 𝑇 [𝐶𝑤𝑤𝑤

𝑑𝑇 𝑑𝑇 𝑑𝑇 (2.31)
′ 2 6 2
+ 𝐵𝑤𝑤 ] cm /mol K

onde

1734 ,29

𝐵𝑤𝑤 = 0,7,× 10−8 − 0,147184 × 10−8 𝑒 𝑇 1/Pa (2.32)

3645 ,09

𝐶𝑤𝑤𝑤 = 0,104 × 10−14 − 0,335297 × 10−7 𝑒 𝑇 1/Pa2 (2.33)

e

𝑑𝐵𝑤𝑤 0,255260 × 10−5 1734 ,29
= 𝑒 𝑇 1/(Pa. K) (2.34)
𝑑𝑇 𝑇2


𝑑𝐶𝑤𝑤𝑤 0,122219 × 10−13 3645 ,09
= 𝑒 𝑇 1 (Pa2 . K) (2.35)
𝑑𝑇 𝑇2

14
 Coeficientes viriais cruzados para o ar úmido

0,141138 × 105
𝐵𝑎𝑤 = 0,32366097 × 102 −
𝑇
0,1244535 × 107
− (2.36)
𝑇2
0,2348789 × 1010
− cm3 /mol
𝑇4

3
0,05678 × 106 0,656394 × 108
𝐶𝑎𝑎𝑤 = 0,482737 × 10 + −
𝑇 𝑇2
(2.37)
0,294442 × 1011 0,319317 × 10^13
+ − cm6 /mol2
𝑇3 𝑇4

𝐶𝑎𝑤𝑤 = −1 × 106
0,347802 × 104
+ exp −0,10728876 × 102 +
𝑇 (2.38)
0,383383 × 106 0,33406 × 108
− + cm6 /mol2
𝑇2 𝑇3

e suas respectivas derivadas são

𝑑𝐵𝑎𝑤 0,141138 × 105 0,248907 × 107


= +
𝑑𝑇 𝑇2 𝑇3
(2.39)
0,93951568 × 1010
+ cm3 /(mol. K)
𝑇5

𝑑𝐶𝑎𝑎𝑤 −0,105678 × 106 0,131279 × 109


= +
𝑑𝑇 𝑇2 𝑇4
(2.40)
0,127727
+ cm6 /(mol2 K)
𝑇5

15
𝑑𝐶𝑎𝑤𝑤 −0,347802 × 104 0,766765 × 106
= 𝐶𝑎𝑤𝑤 +
𝑑𝑇 𝑇2 𝑇3
(2.41)
0,100218 × 109
− cm6 /(mol2 K)
𝑇4

A entropia do ar úmido é definida como

𝑠𝑚
𝑠= kJ/kga K (2.37)
28,9645𝑥𝑎

onde 𝑠𝑚 é a entropia molar do ar úmido e 𝑥𝑎 é a fração molar de ar seco.

A entropia molar do ar úmido é definida como

4 5
𝑖
𝑠𝑚 = 𝑥𝑎 𝑔𝑖 𝑇 + 𝑔5 ln 𝑇 + 𝑠𝑎 + 𝑥𝑤 𝑘𝑖 𝑇 𝑖 + 𝑘6 ln 𝑇 + 𝑠𝑤
𝑖=0 𝑖=0
𝑃 𝑃𝑣𝑚
− 𝑅0 ln + 𝑥𝑎 𝑅0 ln
101325 𝑥𝑎 𝑅𝑇
𝑃𝑣𝑚 (2.42)
+ 𝑥𝑤 𝑅0 ln
𝑥𝑤 𝑅𝑇
𝑑𝐵𝑚 1 1 𝑑𝐶𝑚 1
− 𝑅0 𝐵𝑚 + 𝑇 + 𝐶𝑚 + 𝑇 kJ
𝑑𝑇 𝑣𝑚 2 𝑑𝑇 𝑣𝑚2
/kgmol ∙ K

onde
g 0 = 0.34373874 × 102 k 0 = 0.2196603 × 101
g1 = 0.52863609 × 10−2 k1 = 0.19743819 × 10−1
g 2 = −0.15608795 × 10−4 k 2 = −0.70128225 × 10−4
g 3 = 0.24880547 × 10−7 k 3 = 0.14866252 × 10−6
g 4 = −0.122304164 × 10−10 k 4 = −0.14524437 × 10−9
g 5 = 0.28709015 × 102 k 5 = 0.55663583 × 10−13
sa = −0.196125465 kJ mol. K k 6 = 0.32284652 × 102
sw = −0.06331449 kJ mol. K R = R 0 106
R 0 = 3.1441 kJ kg mol. K

16
A fração molar de ar seco 𝑥𝑎 é definida como

0.62198
𝑥𝑎 = (2.43)
0.62198 + 𝜔

e o volume molar 𝑣𝑚 , é definido como

𝑅𝑇
𝑣𝑚 = 𝑍 cm³/mol (2.44)
𝑃

onde o fator de compressibilidade Z vale 0,9997 para uma temperatura de bulbo seco
27ºC, uma razão de umidade 0,0105 a uma pressão de 101,325 kPa.

2.3.6 Calculo da entalpia

Os cálculos de entalpia apresentados nas seções 2.4.1, 2.4.2 e 2.4.3 possuem


uma referência diferente daquela usada nos cálculos de entropia que foi apresentado
anteriormente. Para que não haja erros nos cálculos é necessário que a entalpia também
seja calculada com a equação existente no documento Psychrometrics Theory and
Practice da ASHRAE que possui a mesma referência da entropia.

A entalpia do ar úmido é definida como

𝑕𝑚 kJ
𝑕= (2.45)
28,9645𝑥𝑎 Kg a

O termo 𝑕𝑚 é a entalpia molar que é escrita como

5 5
𝑖
𝑕𝑚 = 𝑥𝑎 𝑎𝑖 𝑇 + 𝑕𝑎 + 𝑥𝑤 𝑑𝑖 𝑇 𝑖 + 𝑕𝑤
𝑖=0 𝑖=0

𝑑𝐵𝑚 1 1 𝑑𝐵𝑚 1 (2.46)


+ 𝑅𝑇 𝐵𝑚 − 𝑇 + 𝐶𝑚 − 𝑇 kJ
𝑑𝑇 𝑣𝑚 2 𝑑𝑇 𝑣𝑚2
/(kg mol)

17
onde
𝑎0 = 0,63290874 × 101 𝑑0 = −0,5008 × 10−2
𝑎1 = 0,28709015 × 102 𝑑1 = 0,32491829 × 102
𝑎2 = 0,26431805 × 10−2 𝑑2 = 0,65576345 × 10−2
𝑎3 = −0,10405863 × 10−4 𝑑3 = −0,26442147 × 10−4
𝑎4 = 0,18660410 × 10−7 𝑑4 = 0,51751789 × 10−7
𝑎5 = −0,97843331 × 10−11 𝑑5 = −0,31541624 × 10−10
𝑕𝑎 = −7,9141982 kJ/mol 𝑕𝑤 = 35,99417 kJ/mol

Utilizando as temperaturas e umidades absolutas calculadas anteriormente nas


equações 2.42 e 2.48, é possível montar uma tabela com os dados termofísicos
relevantes do sistema.

Tabela 2-6 - Propriedades do Ar em uma pressão de 101.325 kPa

kgv kJ kJ
𝑇(℃) 𝜔 𝑕 𝑠
kga kga kga K
20 0 293,327 6,836
35 0,0193 319,402 7,127
44,8 0,0193 329,608 7,159
27 0,0105 306,170 6,993
11,7 0,0075 288,949 6,904

Para recuperar os dados do refrigerante utilizado no sistema, o R-410A, a


ferramenta Refrigeration Utilities do COOLPACK foi utilizado.

Tabela 2-7 - Propriedades do R-410A em uma pressão de 101.325 Kpa

kJ kJ
𝑇(℃) 𝑕 𝑠
kga kga K
20 451,75 2,14

18
3 Análise do Ciclo de Refrigeração
Os componentes de um ciclo de refrigeração devem ser analisados para que seja
possível descobrir qual deles possui o maior valor de exergia destruída. Para isso é
necessário que uma avaliação energética e exergética seja feita em cada um desses
componentes.

Esta análise segue o texto apresentado no DINÇER et al (2010). Inicialmente


será feita a análise energética de cada um dos componentes e em seguida a análise
exergética. A figura 3-1 é um desenho esquemático do ciclo de refrigeração que será
analisado.

TH

𝑄𝐻
1’
4s
Condensador

Dispositivo 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 .
de expansão Compressor

2 3’
Evaporador

𝑄𝐿

TL

Figura 3-1 - Esquema do ciclo de refrigeração

19
A figura 3-2 representa o diagrama Pressão x Entalpia referente ao ciclo de refrigeração.

P
𝑇𝑐𝑜𝑛𝑑 .
Isotermas
1’ 1 4s
𝑄𝐻
𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
𝑇𝑒𝑣𝑎𝑝 .
𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
𝑄𝐿 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 .

3’ 3
2

Figura 3-2 - Diagrama Pressão x Entalpia

Utilizando o COOLPACK e os valores da tabela 2-2, considerando o novo valor de


evaporação calculado, podemos criar uma tabela com os valores referentes a cada ponto
do ciclo da figura 3-2. Como o dispositivo de expansão no aparelho não contempla
controle do grau de superaquecimento, este parâmetro foi tomado como nulo.

Tabela 3-1 - Valores do Ciclo

Ponto T [°C] P [bar] v[m³/kg] h[kJ/kg] s [kJ/(kgK)]


1’ 45,941 33,505 - 283,18 1,274
1 54,4 33,505 0,00125 303,09 1,3333
2 9,1 10,535 0,00877 283,18 1,295
3’ 9,1 10,535 0.025298 428.093 1.8084
3 20,209 10,535 0,026978 438,177 1,8435
4s 86,302 33,505 0,00899 472,075 1,8435

20
3.1 Análise Energética

Considerando o fluxo de refrigerante em regime estacionário, a energia cinética


e potencial sendo negligenciadas, podemos analisar cada componente do ciclo de acordo
com a primeira lei da termodinâmica:

 Evaporador

𝐸𝑒 = 𝐸𝑠

𝑚𝑕2 + 𝑄𝐿 = 𝑚𝑕3

𝑄𝐿 = 𝑚(𝑕3′ − 𝑕2 ) (3.1)

Com ajuda da tabela 2-3 podemos encontrar a capacidade frigorífica para as


condições do ciclo (TL = 27 ºC e TH = 35 ºC):

𝑄𝐿 = 5000 𝑊

Utilizando os valores da tabela 3-1 para 𝑕2 e 𝑕3′ e substituindo na equação 3.1


encontramos a vazão de refrigerante sendo igual a 0,0345 kg/s.

 Compressor

Como dito anteriormente na seção 2.4.1, para o cálculo da potência do


compressor era necessário termos os valores dos dados termofísicos referentes
ao refrigerante no ciclo. Isolando o compressor e fazendo o equilíbrio de energia
no componente nós temos
𝐸𝑒 = 𝐸𝑠

𝑚𝑕3 + 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = 𝑚𝑕4

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 . = 𝑚(𝑕4 − 𝑕3 ) (3.2)

21
Utilizando a tabela 3-1, somos capazes de calcular o valor da potência
isentrópica do compressor, uma vez que a simulação inicial no Coolpack considerou um
compressor isentrópico (𝜂𝑠 = 1).

𝑊𝑠 = 𝑚 𝑕4𝑠 − 𝑕3 = 1,17 kW

Sabendo que a eficiência isentrópica é definida como sendo a razão entre a


potência isentrópica e a potência do compressor podemos calcular a potência do
compressor através de uma estimativa da eficiência isentrópica. Definindo a eficiência
isentrópica do compressor sendo 80%, encontramos a eficiência do compressor

𝑊𝑠
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 = = 1,46 kW
𝜂𝑠

Para esse valor de potência do compressor temos que a entalpia do refrigerante


na saída do compressor, 𝑕4 vale 480,55 kJ/kg.

O valor de potência calculado para o compressor nos diz que aproximadamente


9% da potência fornecida é perdida.

 Condensador
𝐸𝑒 = 𝐸𝑠

𝑚𝑕4 = 𝑚𝑕1′ + 𝑄𝐻

𝑄𝐻 = 𝑚(𝑕4 − 𝑕1′ ) (3.3)

Utilizando o valor de 𝑕4 calculado temos

𝑄𝐻 = 6,81 kW

Colocando 𝑡2 em evidência na equação 2.11, achamos uma temperatura de 45,2


ºC para o ar que sai do condensador

22
 Dispositivo de expansão

O dispositivo de expansão não possui troca de calor nem demanda ou produz


potência. Com isso seu equilíbrio energético se torna

𝐸𝑒 = 𝐸𝑠

𝑚𝑕1′ = 𝑚𝑕2

𝑕1′ = 𝑕2

Para esse ciclo temos um coeficiente de performance (COP) igual a

𝑄𝐿
𝐶𝑂𝑃 = = 3,215
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 .

Ao final da análise energética podemos atualizar a tabela 3-1 e o diagrama


Pressão versus Entalpia com a ajuda do COOLPACK.

Tabela 3-2 - Novos valores do ciclo de refrigeração

Ponto 𝑇 [°C] 𝑃 [bar] 𝜗 [m3 kg] 𝑕[kJ/kg] 𝑠 [kJ/(kgK)]


1’ 45,941 33,505 - 283,18 1,274
1 54,4 33,505 0,00125 303,09 1,3333
2 9,1 10,535 0,00877 283,18 1,295
3’ 9,1 10,535 0.025298 428.093 1.8084
3 20,209 10,535 0,026978 438,177 1,8435
4s 86,302 33,505 0,00899 472,075 1,8435
4 93,4 33,505 0,00938 480,550 1,8668

23
P
𝑇𝑐𝑜𝑛𝑑 .
Isotermas
1’ 1 4s 4
𝑄𝐻 s
𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
𝑇𝑒𝑣𝑎𝑝 .
𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
𝑄𝐿 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 .

3’ 3
2

Figura 3-3 - Novo diagrama Pressão x Entalpia

3.2 Análise Exergética

O coeficiente de performance máximo (COP de Carnot) de um ciclo de


refrigeração é calculado com as temperaturas limites do ciclo analisado. No caso
estudado temos 𝑇𝐻 = 54,4 °C = 327,55 K e 𝑇𝐿 = 9,1 °C = 282,25 K. Com isso temos o
COPCARNOT.

𝑇𝐿
𝐶𝑂𝑃𝐶𝑎𝑟𝑛𝑜𝑡 = = 6,23
𝑇𝐻 − 𝑇𝐿

Entretanto um ciclo de refrigeração real não é tão eficiente quanto o modelo


ideal de Carnot devido às irreversibilidades existentes no sistema.

O objetivo da análise exergética é determinar as irreversibilidades, ou a exergia


destruída em cada componente do sistema e sua eficiência exergética. O componente
com maior destruição de exergia é o que tem maior potencial de melhora no sistema.

A exergia destruída será calculada através da diferença das exergias na entrada e


na saída de cada componente.

24
A exergia é calculada através da equação abaixo:

𝐵𝑖 = 𝑚 𝑕𝑖 − 𝑕0 − 𝑇0 (𝑠𝑖 − 𝑠0 ) (3.4)

 Compressor

Figura 3-4 - Compressor

𝐵𝑒 − 𝐵𝑠 − 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 . = 0

𝐵𝑒 − 𝐵𝑠 = 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 . (3.5)

𝐵𝑒 = 𝑊 + 𝐵3

𝐵𝑠 = 𝐵4

Temos como balanço de exergia a equação a seguir:

𝐵3 + 𝑊 − 𝐵4 = 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .

Utilizando a equação 3.4 e 3.5 e os valores da tabela 3-2 para os pontos 3 e 4


chegamos na equação para a exergia destruída no compressor:

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑐𝑜𝑚𝑝 . = 𝑚 𝑊 − 𝑕4 − 𝑕3 − 𝑇0 𝑠4 − 𝑠3 = 0,235 kW

25
A eficiência exergética é a razão entre o trabalho reversível sobre o trabalho real.

𝑊𝑟𝑒𝑣 . = 𝑚 𝑕4 − 𝑕3 − 𝑇0 𝑠4 − 𝑠3 = 1,23 kW

𝑊𝑟𝑒𝑣 .
𝜂𝑒𝑥 = = 0,83
𝑊
 Condensador

O condensador deve ser analisado como um trocador de calor entre os fluxos de


refrigerante e de ar. A figura 3-5 mostra o esquema do condensador analisado:
1’ 4
R-410A

Ar

e s
Figura 3-5- Condensador

Com os valores de entalpia e entropia das tabelas 2-6 e 3-2 podemos calcular
diretamente a variação de exergia para cada fluido presente no sistema. Para o ar temos

𝐵𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 𝑚𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . 𝑕𝑒.𝑎𝑟 − 𝑕𝑠.𝑎𝑟 − 𝑇0 𝑠𝑒.𝑎𝑟 − 𝑠𝑠.𝑎𝑟 = 0,461 kW

Da mesma forma podemos calcular a variação de exergia do R-410A no


condensador:

𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 𝑚 𝑕1′ − 𝑕4 − 𝑇0 𝑠1′ − 𝑠4 = 0,814 kW

A exergia destruída é a diferença entre a soma da variação de exergia do


refrigerante e a do ar.

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . − 𝐵𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 0,353 kW

26
A eficiência exergética de um trocador de calor segundo SHAPIRO et al. (2008)
é a razão entre a variação de exergia do fluido frio sobre a variação de exergia do fluido
quente. No caso do condensador o fluido frio é o ar e o fluido quente o refrigerante.
Com isso temos

𝑚𝑓𝑟𝑖𝑜 𝐵𝑓𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 .


𝜂𝑒𝑥 = = = 57%
𝑚𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐵𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑐𝑜𝑛𝑑 .

 Dispositivo de expansão

1’

Figura 3-6 - Dispositivo de expansão

𝐵𝑑𝑖𝑠𝑝 .𝑒𝑥𝑝 . = 𝑚 𝑕1′ − 𝑕2 − 𝑇0 𝑠1′ − 𝑠2 = 𝑚𝑇0 𝑠1′ − 𝑠2 = 0,21 kW

Para o dispositivo de expansão temos que a variação de exergia é igual a destruída então

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑑𝑖𝑠𝑝 . = 𝐵𝑑𝑖𝑠𝑝 .𝑒𝑥𝑝 . = 0,21 kW

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .
𝜂𝑒𝑥 = 1 − =0
𝐵𝑑𝑖𝑠𝑝 .𝑒𝑥𝑝 .

27
 Evaporador

2 3
R-410A

Ar
s e
𝑚𝑤
Figura 3-7 - Evaporador

O evaporador assim como o condensador é um trocador de calor entre os fluxos


de refrigerante e ar. A vazão de água que sai do evaporador foi considerada nula.

Calculando a entropia e a entalpia através das fórmulas apresentadas nas seções


2.4.5 e 2.4.6 calculamos a variação de exergia do ar no evaporador

𝐵𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 𝑕𝑠.𝑎𝑟 − 𝑕𝑒.𝑎𝑟 − 𝑇0 𝑠𝑠.𝑎𝑟 − 𝑠𝑒.𝑎𝑟 = 1,938 kW

e para o refrigerante, utilizando os valores recuperados com o Coolpack

𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 𝑚 𝑕2 − 𝑕3 − 𝑇0 𝑠2 − 𝑠3 = 0.1928 kW

com isso a exergia destruída do evaporador se torna

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 𝐵𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . − 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 1,745 kJ/kg

Neste caso o fluido frio é o refrigerante, e o quente é o ar. Então a eficiência exergética
se torna
𝑚𝑓𝑟𝑖𝑜 𝐵𝑓𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑒𝑣𝑎𝑝 .
𝜂𝑒𝑥 = = = 10%
𝑚𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐵𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 .

A exergia destruída no sistema é a soma das exergias destruídas em cada


componente.

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑐𝑜𝑚𝑝 . + 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . + 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑑𝑖𝑠𝑝 . + 𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑒𝑣𝑎𝑝 = 2,546 kW

28
A partir dos resultados obtidos na análise exergética de cada componente é
possível descobrir qual o componente com maior destruição de exergia.

Tabela 3-3 - Exergia destruída e eficiência exergética de cada componente

Componente 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝜼𝒆𝒙


Compressor 0,236 84%
Condensador 0,353 57%
Dispositivo de expansão 0,212 0%
Evaporador 1,745 10%
Total 2,546 -

Observando a tabela 3-3, concluímos que o evaporador é o componente com


maior destruição de exergia com uma parcela de aproximadamente 69% da exergia
destruída no sistema como mostra a figura abaixo:

Exergia Destruída

9%

14% Compressor
Condensador
8% Dispositivo de expansão

69% Evaporador

Figura 3-8 - Parcela da exergia destruída

29
3.3 Análise do Ciclo de refrigeração com Perdas de Carga

Anteriormente o ciclo de refrigeração foi analisado desconsiderando as possíveis


perdas de carga. Entretanto um ciclo real possui perdas de cargas que podem influenciar
na análise das exergias destruídas do sistema. Por isso nesta seção será avaliada a
energia e a exergia de um ciclo de refrigeração com perda de carga.

O Handbook Systems and Equipiment da ASHRAE (2008) indica alguns valores


de perda de carga para cada componente do sistema.

Para o condensador, existe um valor de queda de pressão equivalente a um valor


entre 0,6 e 2,2 K para mudança de temperatura saturada.

O evaporador do ciclo possui a estrutura similar ao condensador, onde dois


fluidos trocam calor. Por isso é possível dizer que o intervalo de queda de pressão é o
mesmo que para o condensador.

O compressor por sua vez se trata de um modelo scroll. Segundo a ASHRAE a


tecnologia scroll oferece algumas vantagens: as grandes portas de sucção e descarga
reduzem as quedas de pressão e, além disso, este tipo de compressor possui trocas de
calor muito reduzidas como ambiente. Por isso então não serão consideradas perdas de
carga nem troca de calor para esse componente.

Os dispositivos, por sua vez trabalham com a perda de carga propriamente dita.

Com isso será considerado o pior caso para a queda de pressão no condensador e
evaporador, ou seja, 2,2 K equivalente de mudança de temperatura.

Simulando o ciclo novamente no Refrigeration Utilites com as duas quedas de


pressão obtemos um ciclo como o esboço abaixo:

30
P

4
4s
1’ 1

2
3

h
Figura 3-9 - Ciclo de refrigeração com perdas de carga

Os parâmetros de cada ponto estão contidos na tabela 3.


Tabela 3-4 - Parâmetros do ciclo de refrigeração com perda de carga

Ponto T [°C] P [bar] v[m³/kg] h[kJ/kg] s [kJ/(kgK)]


1’ 43,907 32,012 - 278,687 1.254
1 51,462 31,495 0.0019 296.12 1.313
2 11,297 11,274 0,00719 278,687 1.270
3’ 9,332 10,581 0,02519 428,18 1,808
3 20,209 10,535 0,026978 438,177 1,8435
4s 86,302 33,505 0,00894 472,075 1,8435

3.3.1 Análise energética e exergética de cada componente.

A partir dos pontos da tabela 3 uma nova análise energética e exergética são
feitas para cada componente do sistema.

 Evaporador

Energia:

𝑄𝐿 = 𝑚(𝑕3′ − 𝑕2 ) (3.6)

𝑄𝐿 = 5 kW

𝑚 = 0,033 kg/s

31
Exergia:

As temperaturas de entrada e saída do ar no evaporador continuam as mesmas


que no caso sem perda de carga, pois mantivemos a capacidade frigorífica do sistema
em 5 kW. Com isso temos que os valores de entalpia e entropia para o ar são aqueles
contidos na tabela 2-6. Calculando as variações de exergia para cada fluido como feito
anteriormente temos:

𝐵𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 𝑕𝑠.𝑎𝑟 − 𝑕𝑒.𝑎𝑟 − 𝑇0 𝑠𝑠.𝑎𝑟 − 𝑠𝑒.𝑎𝑟 = 1,938 kW

𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 𝑚 𝑕2 − 𝑕3′ − 𝑇0 𝑠2 − 𝑠3′ = 0.205 kW

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 𝐵𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . − 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑒𝑣𝑎𝑝 . = 1,732 kJ/kg

𝑚𝑓𝑟𝑖𝑜 𝐵𝑓𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑒𝑣𝑎𝑝 .


𝜂𝑒𝑥 = = = 11%
𝑚𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐵𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 .

 Compressor

Como feito anteriormente na análise de energia para o ciclo sem perda de carga,
a eficiência isentrópica será considerada igual a 80%

Energia:
𝑊𝑠 = 𝑚 𝑕4𝑠 − 𝑕3 = 1,12 kW

𝑊𝑠
𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 . = = 1.4 kW
𝜂𝑠

𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 . = 𝑚(𝑕4 − 𝑕3 )

𝑕4 = 480,55 kJ/kg

32
Exergia:

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑐𝑜𝑚𝑝 . = 𝑚 𝑊 − 𝑕4 − 𝑕3 − 𝑇0 𝑠4 − 𝑠3 = 0,2 kJ/kg

𝑊𝑟𝑒𝑣 . = 𝑕4 − 𝑕3 − 𝑇0 𝑠4 − 𝑠3

𝑊𝑟𝑒𝑣 .
𝜂𝑒𝑥 = = 0,85
𝑊

Com o calculo da eficiência isentrópica do compressor é possível achar o ponto


4 do ciclo e criar a nova tabela com todos dos valores do ciclo.

Tabela 3-5 - Tabela atualizada do ciclo com perdas de carga

Ponto 𝑇 [°C] 𝑃 [bar] 𝑣 [m³/kg] 𝑕 [kJ/kg] 𝑠 [kJ/(kgK)]


1 51.462 31,483 0.00119 296.12 1.319
1’ 43,907 32,012 - 278,687 1.254
2 11,297 11,274 0,00719 278,687 1.270
3’ 9,239 10,578 0,02519 428,13 1,808
3 20,273 10,534 0,02699 438,24 1,844
4s 87.153 33.505 0.00899 473.102 1.8463
4 93,4 33,505 0,00938 480,550 1,8668

 Condensador

Energia:

Consideramos que as condições apresentadas pelo catálogo da Hitachi e o calor


perdido através do aquecimento inútil na saída do evaporador temos

𝑄𝐻 = 𝑄𝐿 + 𝑄𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 + 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝 . = 6,76 kW

Exergia:

𝐵𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 𝑚𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . 𝑕𝑒.𝑎𝑟 − 𝑕𝑠.𝑎𝑟 − 𝑇0 𝑠𝑒.𝑎𝑟 − 𝑠𝑠.𝑎𝑟 = 0,46 kW

33
𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 𝑚 𝑕1′ − 𝑕4 − 𝑇0 𝑠1′ − 𝑠4 = 0,76 kW

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑐𝑜𝑛𝑑 . − 𝐵𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . = 0,30 kW

𝑚𝑓𝑟𝑖𝑜 𝐵𝑓𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 .


𝜂𝑒𝑥 = = = 60%
𝑚𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐵𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑡 . 𝐵𝑟𝑒𝑓 .𝑐𝑜𝑛𝑑 .

 Dispositivo de expansão

Energia:

𝐸𝑒 = 𝐸𝑠

𝑚𝑕1′ = 𝑚𝑕2

𝑕1′ = 𝑕2

Exergia:

𝐵𝑑𝑖𝑠𝑝 .𝑒𝑥𝑝 . = 𝑚 𝑕1′ − 𝑕2 − 𝑇0 𝑠1′ − 𝑠2 = 0,10 kW

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .𝑑𝑖𝑠𝑝 . = 𝐵𝑑𝑖𝑠𝑝 .𝑒𝑥𝑝 . = 0,10 kW

𝐵𝑑𝑒𝑠𝑡 .
𝜂𝑒𝑥 = 1 − =0
𝐵𝑑𝑖𝑠𝑝 .𝑒𝑥𝑝 .

Ao fim da análise notamos que os valores entre o ciclo com perda de carga não
se afasta muito dos valores do ciclo ideal. Através da tabela abaixo podemos comparar
os valores de ambos os ciclos.

34
Tabela 3-6 - Comparação entre os dois ciclos

Sem Perdas Com Perdas


Componente 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙 Variação
Compressor 0,236 83% 0,2 85% 1%
Condensador 0,353 57% 0,35 56% 0%
Dispositivo de expansão 0,212 0% 0,10 0% 53%
Evaporador 1,745 10% 1,663 11% 4%
Total 2,546 - 2,323 - 1%

Podemos ver que a variação nos valores de exergia destruída são muito
pequenos se comparadas com o modelo sem perdas de carga. O único componente que
reage mais a essa mudança é o dispositivo de expansão, pois ele trabalha diretamente
com diferenças de pressão.

Concluímos através da análise da tabela 3-6 que a existência de perda de carga


no sistema não altera a análise do sistema.

35
4 Melhoria do Sistema
O evaporador foi identificado como o componente com maior destruição de
exergia. Devemos então analisar possíveis alterações que levem a redução deste fator

O primeiro parâmetro que será analisado é a vazão de ar que passa pelo


evaporador. O segundo será a alteração do fator de bypass do projeto.

4.1 Variação da vazão de ar

O catálogo da Hitachi nos fornece informações sobre o aparelho escolhido para a


velocidade máxima de escoamento de ar no evaporador, que vale 11,5 m³/min.

A variação deste parâmetro vem junto com a variação da capacidade térmica do


sistema. Para que essa variação na vazão do ar seja feita, será considerado o fator de
calor sensível, que é a razão entre o calor sensível e a capacidade total do sistema, como
sendo fixo em 0,6828.

Um aumento de 50% na vazão do ar (17,25 m³/min = 0,33kg/s) faz com que a


capacidade total do sistema passe a valer aproximadamente 7,5 kW. Como o fator de
calor sensível do sistema está fixo temos um calor sensível de 5,12 kW. O calculo da
capacidade total do sistema é feito a partir da seguinte equação

𝐶𝑇 = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 1 − 𝐵𝐹 (𝑕𝑅𝐴 − 𝑕𝐴𝐷𝑃 )

O valor do fator de calor sensível fixo mantém constante a temperatura de


bypass do sistema e consequentemente a temperatura de evaporação também tem seu
valor constante. Com isso temos os mesmos pontos para o diagrama Pressão x Entaplia
apresentados na figura 3-3, o que nos permite calcular a exergia destruída de cada
componente.

As alterações da vazão e da capacidade térmica do sistema geram novos valores


de potência exigida pelo compressor e consequentemente, um novo valor de calor

36
rejeitado pelo condensador, 𝑄𝐻 = 10,2 kW. Esse novo valor de 𝑄𝐻 faz com que o ar
saia com uma temperatura diferente.

𝑄𝐻
𝑡2 = + 𝑡1 = 50,2 ℃
𝑚𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑑 . 𝑐𝑝𝑎

Essa nova temperatura faz com que seja necessário recalcular os valores de
entalpia e entropia do ar na saída do condensador como foi feito na seção de cálculo de
entropia.
Tabela 4-1 - Temperatura de saída

T (ºC) s (kJ/(kg K) h (kJ/kg)


50,2 7,17689 335,271

Com todos os valores de entropia e entalpia para o ar e o refrigerante podemos


calcular novamente todas as irreversibilidades do sistema. Esses valores são
apresentados na tabela 4-2 abaixo

Tabela 4-2 - Exergia destruída e eficiência exergética para aumento da vazão

𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙
Evaporador 2,624 9,93%
Compressor 0,354 83,88%
Condensador 0,451 63,0%
Dispositivo de Expansão 0,319 0,00%
Exergia Destruída Total 3,747 -

Agora reduziremos a vazão em 50% (5,75 m³/min = 0,13 kg/s) temos um valor
de carga térmica igual a 5,432 kW. Refazendo o mesmo processo que foi feito para o
aumento da vazão temos

Tabela 4-3 - Temperatura de saída

T (ºC) s (kJ/(kg K)) h (kJ/kg)


40,1 7,14369 324,69

37
o que nos leva,

Tabela 4-4 - Exergía e eficiência exergética para redução da vazão

𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙
Evaporador 0,875 9,93%
Compressor 0,157 50%
Condensador 0,220 47,03%
Dispositivo de Expansão 0,106 0,00%
Exergia Destruída Total 1,302 -

4.2 Variação do fator de bypass

Assim como a vazão do ar, o fator de bypass será avaliado com um aumento e
uma redução de 50% do valor inicial. A vazão que será usada nesta análise é de 11,5
m³/min.

Sabendo que

𝐶𝑇 = 𝑚𝑎𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 1 − 𝐵𝐹 (𝑕𝑅𝐴 − 𝑕𝐴𝐷𝑃 )


e

𝐶𝑆
𝑡𝑠 = 𝑡𝑒 −
(𝑚𝑎𝑒 𝑒𝑣𝑎𝑝 . 𝑐𝑝𝑎 )

Podemos concluir que variação do fator de bypass altera o valor da temperatura


de saída do ar do evaporador. A tabela abaixo mostra os respectivos valores de entalpia
e entropia das temperaturas de saída nas condições de redução e aumento do fator de
bypass em 50%:
Tabela 4-5 - Valores de entalpia e entropia para o ar saindo do evaporador

BF 0,074 0,221
CT (kW) 5,432 4,569
T (ºC) 10,368 13,012
h (kJ kga ) 287,513 290,466
s (kJ kga K) 6,896 6,912

38
Assim como para o caso em que a vazão do ar modificada, os valores de
capacidade térmica do sistema assim como a potência exigida variam com a variação do
fator de bypass. Com isso temos novos valores de temperatura do ar na saída do
condensador. Esses valores estão na tabela 4-6 abaixo.

Tabela 4-6 - Temperatura de saída do condensador

T (ºC) 44,27 46,03


s (kJ kga K) 7,158 7,163
h (kJ kga ) 329,07 330,89

Analogamente ao caso de variação da vazão, podemos calcular a exergia


destruída e a eficiência exergética de cada componente para a redução do fator de
bypass e para o aumento:

Tabela 4-7 - Exergia destruída e eficiência exergética para redução do fator de bypass

𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙
Evaporador 1,906 10,99%
Compressor 0,256 83,88%
Condensador 0,374 57,73%
Dispositivo de Expansão 0,231 0,00%
Exergia Destruída Total 2,767

Tabela 4-8 - Exergia destruída e eficiência exergética para aumento do fator de bypass

𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙
Evaporador 1,586 11,11%
Compressor 0,215 83,88%
Condensador 0,331 55,48%
Dispositivo de Expansão 0,194 0,00%
Exergia Destruída Total 2,326

39
5 Análise dos Resultados obtidos

Nesta seção será analisado dos resultados obtidos das variações de vazão e
bypass e como elas influenciam na destruição de exergia dos componentes do sistema.

5.1 Variação da vazão de ar

A tabela 5-1 mostra os valores de exergia destruída para cada componente do


sistema nas três vazões simuladas.

Tabela 5-1 - Variação da exergia destruída e da eficiência exergética em função da vazão de ar

Vazão volumétrica de ar no evaporador (m³/min)


5,75 11,5 17,25
𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙
Evaporador 0,875 9,93% 1,745 9,95% 2,624 9,93%
Compressor 0,118 83,88% 0,236 83,88% 0,354 83,88%
Condensador 0,203 50,02% 0,353 56,57% 0,451 63,05%
Dispositivo de
0,106 0,00% 0,212 0,00% 0,319 0,00%
Expansão
Exergia Destruída
1,302 - 2,546 - 3,747 -
Total

Observamos que ao reduzirmos a vazão de ar através do evaporador temos uma


redução conjunta das exergias destruídas de cada componente.

Quando reduzimos a vazão de ar, reduzimos também a carga térmica que entra
no sistema. Uma vez que a temperatura de evaporação está fixada pelo fator de calor
sensível, temos a redução da vazão de refrigerante. Essa redução é acompanhada da
redução da vazão de ar que foi imposta inicialmente e causa reduções nas variações de
exergia da água e do refrigerante.

Isso se reflete diretamente nos valores de exergia destruída dos outros


componentes assim como do sistema como um todo. Podemos dizer que a variação da
exergia destruída de um sistema é proporcional a variação da vazão de ar que passa pelo
evaporador quando temos a temperatura de evaporação fixa.

40
Esse fato pode ser visto mais claramente através da figura 5-1.

Exergia Destruída
3,000
2,500
2,000
kW

1,500 5,75 (m³/min)


1,000 11,5 (m³/min)
0,500 17,25 (m³/min)
0,000
Evaporador Compressor Condensador Dispositivo de
Expansão

Figura 5-1 - Exergia destruída por componente

Podemos notar que a eficiência exergética tende a se manter constante para os


componentes.

Entretanto para o condensador existe um aumento da eficiência com o aumento


da vazão de ar. Isso se deve ao fato de aumentarmos a capacidade térmica do sistema e
não variarmos a vazão de ar no condensador, o que gera valores maiores para o calor
rejeitado pelo condensador e valores maiores para a vazão de refrigerante no sistema. A
temperatura de saída do ar então se torna maior, o que aumenta a entalpia e a entropia.
O aumento desses dois fatores gera um aumento da variação de exergia do ar no
condensador. Esse aumento é proporcionalmente maior (56%) que o aumento gerado
pela variação da vazão do refrigerante (50%).

Eficiência Exergética
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00% 5,75 (m³/min)
40,00%
30,00% 11,5 (m³/min)
20,00%
10,00% 17,25
0,00%
Evaporador Compressor Condensador Dispositivo de
Expansão

Figura 5-2 - Eficiência exergética de cada componente

41
5.2 Variação do fator de bypass

A tabela 5-2 reúne os valores das exergias destruídas e faz eficiências


exergéticas de cada componente variando de acordo com o fator de bypass imposto.

Tabela 5-2 - Variação da exergia destruída e da eficiência exergética em função do fator de bypass

Fator de By-Pass
0,07365 0,1473 0,22095
𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙 𝑩𝒅𝒆𝒔𝒕. 𝒌𝑾 𝜼𝒆𝒙
Evaporador 1,906 10,00% 1,745 9,95% 1,586 9,90%
Compressor 0,256 83,88% 0,236 83,88% 0,215 83,88%
Condensador 0,374 57,73% 0,353 56,61% 0,331 55,48%
Dispositivo de
0,231 0,00% 0,212 0,00% 0,194 0,00%
Expansão
Exergia
2,767 2,546 2,326
Destruída Total

Diferente da vazão de ar através do evaporador, a redução do fator de bypass,


aumenta os valores de exergia destruída no sistema.

Quando reduzimos o fator de bypass, estamos aumentando a carga térmica e


reduzindo temperatura de saída do ar que passa pelo evaporador. O aumento da carga
térmica gera um aumento na vazão do refrigerante e com isso um aumento na variação
de exergia no refrigerante. A redução da temperatura de saída do ar também reduz os
valores de entalpia e entropia. Como o valor de entrada do ar é constante (27 ºC) temos
uma diferença maior entre os valores de entalpia e entropia desses dois estados, o que
justifica esse aumento para o evaporador.

Assim como para a variação na vazão do ar, temos aqui uma variação na
potência exigida pelo compressor devido a variação da carga térmica do sistema. O
aumento do bypass aumenta a potência exigida pelo compressor. Com isso temos um
aumento na exergia destruída do compressor.

42
O condensador também tem seus valores de calor rejeitado variando de acordo
com a variação do fator de bypass. Isso gera uma alteração na temperatura de saída do
ar que passa por ele. Assim como no evaporador os valores de entalpia e entropia se
tornam muito grandes o que aumenta a variação de exergia do ar.

O dispositivo de expansão reage diretamente à variação da vazão de refrigerante


uma vez que os valores de entalpia e entropia do refrigerante na sua entrada e saída não
variam.

A figura 5-3 mostra a variação das exergias destruídas de cada componente de


acordo com o bypass:

Exergia destruída
2,500

2,000

1,500
kW

BF=0,07365
1,000 BF=0,1473

0,500 BF=0,22095

0,000
Evaporador Compressor Condensador Dispositivo de
Expansão

Figura 5-3 - Exergia destruída por componente com variação de bypass

A figura 5-4 mostra que com o aumento do fator de bypass temos uma redução
da eficiência exergética do evaporador e do condensador. Isso ocorre porque quando
variamos o fator de bypass estamos variando também as temperaturas de saída do ar no
evaporador e condensador de tal maneira que a diferença entre as entalpias de entrada e
saída se tornam maiores. Com isso temos um aumento na variação de exergia do ar em
ambos os componentes, acompanhado por um aumento proporcionalmente menor da
variação de exergia do refrigerante.

43
Eficiência Exergética
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
BF=0,07365
40,00%
30,00% BF=0,1473
20,00% BF=0,22095
10,00%
0,00%
Evaporador Compressor Condensador Dispositivo
de Expansão

Figura 5-4 - Eficiência exergética de cada componente variando com o fator de bypass

Em ambas as análises, temos o COP fixo. Isso se deve ao fato de que a variação
da carga térmica não vem acompanhada de uma variação da temperatura de evaporação
em nenhum dos casos analisados. Com isso os valores de 𝑄𝐿 e 𝑊𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑜𝑟 aumentam
na mesma proporção e como resultado o COP se mantém constante.

44
6 Conclusão e sugestões
Analisando os resultados obtidos, concluímos que quando comparadas as
variações percentuais, temos um melhor resultado na diminuição da exergia destruída
do evaporador ao diminuirmos a vazão de escoamento do ar no evaporador do que
quando aumentamos o fator de bypass na mesma proporção. Este modelo apresentou
uma redução de 50% da exergia destruída no evaporador com uma redução de 50% da
vazão de escoamento do ar.

Para obtermos o mesmo resultado utilizando o fator de bypass como parâmetro


variável no sistema, seria necessário aumentarmos este fator em 300% para obtermos a
mesma redução de 50% na exergia destruída do evaporador.

Apesar de mostrar como a exergia destruída se comporta com a variação de dois


parâmetros importantes em um aparelho de ar condicionado, este modelo não considera
variações nas temperaturas de evaporação e condensação o que causariam mudanças
nos coeficientes de performance do sistema. Esse fato pode levar a diferenças
quantitativas significativas nas variações dos valores de exergia destruída de cada
componente.

Qualitativamente, este modelo atende as necessidades de localização do


componente com maior exergia destruída e de que forma a vazão de ar no evaporador e
o fator de bypass devem ser modificados (redução da vazão de ar e aumento do fator de
bypass) para que a exergia destruída seja reduzida. Entretanto vale ressaltar que a
alteração de ambos os fatores em um sistema de ar condicionado tem um custo e cabe
ao responsável do projeto fazer a melhor escolha afim de melhor equilibrar o trade-off
econômico e energético.

Em estudos mais aprofundados, o modelo apresentado pode sofrer o acréscimo


da variação do fator de calor sensível como sendo mais um dado de entrada do sistema.
Com isso seria possível observar e avaliar as variações de exergia destruída de cada
componente assim como a variação de suas eficiências exergéticas em um modelo mais
próximo da realidade.

45
7 Referências Bibliográficas
ASHRAE, Fundamentals Handbook, 2009, Georgia, Atlanta: ASHRAE.

ASHRAE, Systems & Equipiment Handbook, 2008, Georgia, Atlanta: ASHRAE.

DINÇER, I. KANOGLU, M., 2010, Refrigeration Systems and Applications, 2010, 2a


Ed., Chichester: John Wiley & Sons, Ltd.

LIENHARD IV, J.H., LIENHARD V, J.H., 2012, A Heat Transfer Textbook, 4 Ed.,
Massachusets: Philogiston Press.

OLIVIERI, j. SINGH, T., Psychrometrics Theory and Practice, 1996, Georgia, Atlanta:
ASHRAE

SHAPIRO, H.N., MORAN, M.J., 2008, Fundamentals of Engineering


Thermodynamics, 6a Ed., Hoboken: John Wiley & Sons, Ltd.

46

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