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COMPONENTES DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Análise – PNM e PNAF

O PNM e PNAF permitem diferentes áreas de atuação como: administração, utilização e


liberação de medicamentos. Compreendem a atividade de recursos de cada supervisor, a
identificação de quais medicamentos são fundamentais, a liberação de medicamentos, a
infraestrutura e a o vínculo do profissional farmacêutico, sendo fundamental a habilidade de
recursos humanos. O PNAF não leva em consideração apenas a competência e
reconhecimento do profissional farmacêutico, o mesmo considera importante também o
investimento em ciência e tecnologia visando à redução a dependência inovadora.

Tanto o PNM quanto o PNAF integram as bases da assistência farmacêutica, sendo esta
caracterizada pelo conjunto de ações que promovem a proteção de qualidade e uso racional
de medicamentos para os usuários. A assistência farmacêutica demonstra três segmentos:
Básico, Estratégico e Especializado. Existe também, a farmácia popular, mas esta não é
classificada como um segmento, e sim como outra forma de utilização de medicamentos no
setor saúde. A obtenção e o recursos da assistência farmacêutica originam muitas
discordâncias, necessitando identificar a mesma como muito mais que a distribuição e
obtenção de medicamentos , porém, quando colocado em prática, esta é sua principal ação,
pois se atribui a aquisição a um gestor especifico, ocorre menor comprometimento, o
que produz um efeito de transferência de autoridade entre as esferas de poder.

Segundo a RENAME, até o ano de 2010, a PNAF deveria ser guia para processos clínicos e
administrativos segundo os critérios de essencialidade. Assim, a OMS define
medicamentos essenciais como: “ medicamentos que atendem as necessidades prioritárias
de saúde da população, sendo selecionados de acordo com sua pertinência para saúde
pública, com a existência de evidências sobre sua eficácia e segurança e comparação de
custos”. Contudo, esta definição é resultado de modificações derivadas da epidemia de
AIDS, a qual pode não apresentar tão alta prevalência, porém apresenta alto prejuízo
econômico e social.

A partir desta definição passada, os medicamentos para AIDS não seria enquadrados como
fundamentais. A Constituição, juntamente com a lei 8080/90 , garantem a assistência
terapêutica, inclusive farmacêutica, assegurando assim, o acesso a medicamentos, mesmo
que estes não estejam inclusos na RENAME, uma vez que os medicamentos inclusos
nesta são os mais vantajosos em termos de custo, acesso e benefício terapêutico,
apresentando prescrição preferencial e de uso generalizado. Eventualmente, se algum
paciente não se adequar ao tratamento ou não seja responsivo, assim como, necessite de
medicamentos que não estejam na RENAME, existe a proteçã0, apenas a esse grupo, do
acesso a medicamentos que não estejam na RENAME, com a finalidade de garantir o
principio da integralidade. Desde 2010, a partir do decreto sobre a integralidade no SUS, a
mesma é garantida pelo Ministério da Saúde, logo a definição do que faz parte da
integralidade é determinada pelo MS, e o que não estiver contemplado nessa definição do
Ministério da Saúde de essencial, deve ter evidências enviadas ao MS a fim de justificar a
integralidade. Após 2012 ocorreram mudanças na definição de medicamentos essências os
quais são aqueles definidos pelo SUS para garantir o acesso do usuário ao tratamento
medicamentoso. Com isso a RENAME deixa de ser lista de seleção para ser de seleção e
padronização de medicamentos, onde os medicamentos que estão na lista serão pagos
pelo SUS, e os que não estiverem o SUS não paga. Com isso se perde o critério de
que pode ser usado para uso generalizado e para uso específico.

O compromisso do financiamento do componente básico da assistência farmacêutica é


tripartite, com um valor per capta repassado, onde uma localidade com maior população
apresenta mais verbas. Os municípios são responsáveis pela aquisição, distribuição e
dispensação. Na bipartite, os conselheiros decidem com base no perfil epidemiológico
local, quais os medicamentos da RENAME serão disponibilizados. Até 15% dos recursos
estaduais e municipais para AF podem ser usados para infraestrutura das farmácias, aquisição
de equipamentos e mobiliário e formação continuada de recursos humanos . Fazem
parte do componente básico, mas o financiamento é direto do MS as insulinas, os
contraceptivos e insumos dp programa de saúde da mulher, uma vez que estão além das
vulnerabilidades regionais.

O componente Estratégico engloba as doenças endêmicas e de impacto socioeconômico.


Estão inclusos nesse componente os hemoderivados, os soros e vacinas, medicamentos
para tuberculose e hanseníase, DST/AIDS, Influenza, doenças endêmicas locais como Chagas,
Dengue, Malária, dentre outros. É de competência do M S, o qual programa, planeja e
financia tudo, sendo responsável por distribuir para os estados, os quais armazenam e
distribuem para os municípios, os quais armazenam e distribuem para as unidades de
saúde , as quais dispensam. O Componente especializado garante os mecanismos de
acesso aos medicamentos que estão fora da RENAME, m as sem serem aplicados a uso
generalizado. São medicamentos destinados a doenças crônicas e raras e garante a
integralidade de tratamento.

Se a prescrição não est á dentro dos diagnósticos da CID para aquele quadro clínico, não
deve ser inserido no componente especializado. Tem financiamento de acordo com TRÊS
grupos:

- Grupo 1: financiamento pela União. Contém protocolos para condições clínicas que
apresentem refratariedade às primeira e segunda linhas de tratamento contidas na
RENAME, e com alto impacto financeiro. Dividido em grupo 1A, o qual é adquirido e
financiado pelo MS, sendo medicamentos de alto custo; e grupo 1B, o qual a União financia
e os estados adquirem.

- Grupo 2: financiamento pelo estado;. Contém protocolos para 78 condições clínicas


que apresentam refratariedade para a primeira linha de tratamento.

- Grupo 3: financiamento pelos municípios, com mesma regra de financiamento que o


componente básico. Apresentam protocolos para 78 condições clínicas, as mesmas do
componente básico. São os medicamentos que mais necessitam de quebra de patente para a
produção de genéricos. O programa Farmácia Popular foi instaurado pela lei 10.858/2004
visando ampliar o acesso a medicamentos essenciais. Esse programa oferece
medicamentos que estão na RENAME e que são oferecido s pelo SUS. Foi criado a partir
da alegação de que grande parte da população recorre à assistência médica privada,
mas as prescrições privadas não são aceitas para aquisição de medicamentos no SUS.
Destina-se principalmente ao acesso de medicamentos de uso crônico para asma,
hipertensão e diabetes. Inicialmente houve a criação da rede própria, sendo as farmácias
do SUS, as quais apresentariam melhor infraestrutura para dispensação e assistência
terapêutica (em tese). Em 2009, pela portaria 3089/2009 houve a expansão do programa
para farmácias privadas, mas sem existência de preços tabelados, as quais não devendo
aceitar prescrições do SUS e sim apenas privadas (em tese). A portaria 749/2009
instaurou o programa Saúde não tem preço, o qual fornece medicamentos gratuitos para
asma, hipertensão e diabetes.

É importante destacar que todas essas diretrizes da Política Nacional de Medicamentos


encontram-se implementadas por intermédio de ações específicas, projetos ou programas que
detalham as atividades e metas correspondentes. Entre as medidas já adotadas, destacam-se a
revisão da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – Renome –, aprovada pela Portaria
N.º 507, de 19 de maio do ano passado; a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e
o estabelecimento de medicamento genérico no Brasil (respectivamente, Leis Nºs 9.782 e
9.787, ambas de 1999).

O acesso a medicamentos está associado ao estado do mercado farmacêutico, onde os


medicamentos que apresentam muitos concorrentes genéricos apresentam valo r unitário
muito baixo e, nesse caso , basta escolher a melhor forma de distribuição. Já para
medicamentos com menos concorrentes e que apresentam uma maior complexidade de
produção o preço é mais elevado e o acesso e a distribuição são mais dificultados. A
dependência do mercado farmacêutico brasileiro em relação à tecnologia promove o
aumento dos preços e, o investimento em pesquisa e desenvolvimento é importante,
pois leva ao aumento da concorrência, o que reduz os preços, além de fortalecer os
sistemas de base do SUS. A Conferência de Alma – Ata (1978) foi a primeira a elucidar a
importância do acesso a medicamentos na atenção básica, a fim de garantir a universalização
da atenção à saúde, inclusive no acesso a medicamentos.

As estratégias para o acesso a medicamentos apresentam 4 pilares: 1. Seleção e uso racional:


as prioridades clínicas e de formulação de politicas industriais, determinando quais
medicamentos são mais adequados àquele sistema de saúde. 2. Preços acessíveis: os quais
são possíveis pela regulação de mercado e pelo desenvolvimento da política de
genéricos, onde os mesmos geram competição e reduzem o preço. As prescrições devem
ser realizadas DCB, o que permite o consumidor reconhecer a similaridade do IFA,
cabendo ao próprio consumidor decidir pela escolha do maior ou menor preço. 3.
Funcionamento sustentável: depende do perfil de renda e do sistema de saúde do país,
no caso do SUS é a garantia do orçamento. 4. Sistemas de saúde confiáveis: requerendo
infraestrutura adequada para armazenamento, distribuição, dispensação e prescrição. As
prioridades para promoção do acesso a medicamentos no SUS são: a ampliação e
qualificação do acesso; a racionalização e ampliação do financiamento; o
estabelecimento de mecanismos para regulação e monitoramento do mercado; a
qualificação dos serviços de assistência farmacêutica; o incentivo à produção pública de
medicamentos e a incorporação e desenvolvimento de tecnologias. Como incentivo à
produção pública temos os 27 laboratórios oficiais, os quais produzem medicamentos,
soros e vacinas para atender a s necessidades dos programas do SUS. Muitos desses
produtos produzidos pelos laboratórios oficiais não são de interesse das empresas privadas,
pois muitas vezes se tratam de medicamentos para tratamento de doenças negligenciadas,
os quais estão presentes no Componente Estratégico. As principais estratégias para
incentivo a produção pública são: a transferência de tecnologia das empresas privadas
para os laboratórios oficiais; a consolidação de acordos entre os laboratórios oficiais e as em
presas privadas; e a lista de produtos estratégicos prioritários para o SUS. Para a incorporação
e desenvolvimento de tecnologias existem as politicas intersetoriais e as ações estruturantes,
que consistem no estímulo a P&D tecnológico nacional; estímulo ao desenvolvimento
industrial nacional; utilização do poder de compra do Estado e a política de acesso à tecnologia
internacional. A Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde tem como
objetivo a produção de novos conhecimentos de acordo com as necessidades em saúde
do país, promove a criação do Sistema Nacional de Inovação em Saúde, a Agenda
Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, a Avaliação de Tecnologias em Saúde e
Ações em Biotecnologia, Biossegurança e Bioética em Saúde.

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