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O PAPEL DAS ENTIDADES PRIVADAS NO COMBATE A DESIGUALDADE

Mesmo sendo o sistema econômico com maior aderência ao redor do mundo (levando em
conta suas diferentes versões – capitalismo estatal chinês 1 ou o estado de bem estar na
Europa) e tenha se mostrado o modelo mais adequado ao longo da história 2 ele ainda é cheio
de falhas. O Capitalismo passou por inúmeras mudanças desde seu nascimento no período
mercantilista, até sua soberania após a queda do muro de Berlim.

Em seu livro A 4° Revolução - A corrida global para reinventar o Estado. Ainda na introdução o
autor nos apresenta a Academia Chinesa de Liderança Executiva. Instituto localizado Xangai e
responsável por formar os futuros governantes da China. Com uma formação de caráter
executivo aliada ao conceito de pragmatismo (isto pode ser aplicado aqui?) A China está na
ponta dessa corrida em direção ao futuro. Esta maratona, entretanto, não será disputada
apenas pelos governos, mas também pelas empresas e até mesmo pela sociedade civil.

Neste contexto a célula primordial do capitalismo (a empresa) também sofreu


transformações3, embora o propósito de toda companhia sempre seja o lucro, atualmente
apenas isto já não é suficiente para se manter competitivo neste novo jogo de mercado. A
missão atual compreende um conceito de responsabilidade – social. Em 1962 Friedman
afirmou que a única responsabilidade social de uma empresa é usar seus recursos para se
empenhar em atividades designadas para aumentar seus lucros desde que ela se mantenha
nas regras do jogo. Ou seja, dedicar-se em mercado livre e competitivo sem decepção ou
fraude. Hoje em dia este pensamento não é apenas “moralmente” antiquado, mas até mesmo
ineficiente.

Nas companhias de hoje, os consumidores esperam que as empresas – como um ente


responsável por distribuir riqueza na sociedade, além de fornecer um bom serviço causem um
impacto positivo. Impacto em diferentes vertentes, tanto a social, como ambiental e a
econômica. Juntamente com um processo produtivo que mitigue os danos ambientais, as
empresas devem se atentar a sua importância para solucionar os problemas sociais. Entre eles,
ganha destaque o problema da desigualdade social. Já foi previamente explicado que mais
preocupante que a desigualdade é o problema da pobreza. A desigualdade (embora um vício
que deve ser sanado) é menos prejudicial para uma sociedade com um alto grau de
produtividade.

Como exemplo explícito deste novo sentido do mercado, podemos citar os investimentos nas
áreas de ASG que apenas nos EUA somam mais de 12$ Trilhões de dólares sob gestão. 4
Juntamente com isto temos o as empresas que carregam o selo de B – CORPORATIONS 5. Estas
são empresas que se dispõem a serem avaliadas por uma auditoria externa (processo que
pode durar até 2 anos) e onde serão questionadas a respeito de seu impacto e até mesmo seu
estatuto.

1
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49877815

2
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-09/pobreza-extrema-atinge-menor-nivel-
da-historia-diz-banco-mundial
3
https://blackboard.faap.br/bbcswebdav/pid-975588-dt-content-rid-
2285708_2/courses/2019_2.8DR420.ADR/The%20Economist%20-%20Big%20business%20is
%20beginning%20to%20accept%20broader%20social%20responsibilities.pdf
4
https://www.bloomberg.com.br/blog/demanda-por-investimentos-em-esg-cresce-necessidade-de-
dados-de-alta-qualidade-tambem-aumenta/
5
https://bcorporation.net/
Para fazer parte da lista de Corporações B, as empresas devem explicitar em seu próprio
estatuto interno, o seu compromisso em ultrapassar a mera busca pelo lucro. Se
comprometendo a ser um núcleo positivo nas questões éticas, sociais, ambientais e até
mesmo a forma como ela trata seus colaboradores.

Segundo Joseph Stiglitz, ganhador do prêmio Nobel as empresas têm 2 principais missões. A
1° Pagar seus Impostos. A 2° Cuidar de seus Colaboradores.

Além disso, o papel e as funções da empresa no combate à desigualdade não são mesmo em
todo lugar do mundo. Não existe uma fórmula genérica que funcionará em todas as
sociedades do globo, de forma que estas ações exigem uma análise do ambiente em questão.
No caso Brasileiro, a questão da desigualdade tem uma grande conexão com a questão racial.
Segundo o IBGE, entre a minoria dos 1% mais ricos no Brasil apenas 20% são negros. Quando
se trata dos 1% mais pobres os números se invertem. Logo, em solo nacional o combate à
desigualdade exige uma postura mais ativa das empresas nas suas políticas de inclusão.

Passando por um processo de revisão dos métodos de contratação e até mesmo dos métodos
de promoção dentro da escala corporativa. Inclusão não é apenas convidar a pessoa para a
festa, mas é também deixar ela dançar. Na visão contemporânea, a sustentabilidade não se
refere somente a aspectos ambientais, mas também as questões sociais (diversidade,
igualdade, e etc.…)

Ainda não explorado no Brasil, uma forma de investimento que contempla sustentabilidade
neste sentido mais amplo são os títulos verdes. Títulos de investimentos como qualquer
outros, todavia eles somente são concedidos a projetos que além de lucrativos sejam
ecologicamente sustentáveis. Os “green bonds” em 2018 movimentaram mais de 150bi
dólares ao redor do mundo.6

Existem diversas outras formas que as entidades privadas podem atuar no combate à
desigualdade, seja por meio de ações sociais da própria empresa, seja por meio das parcerias
público-privadas, seja por meio do empreendedorismo social.... O Fato é que as empresas têm
uma importante missão neste quesito, e as companhias que souberem como executa-la da
melhor serão recompensadas. Esta recompensa irá advir tanto dos consumidores que estão
buscando cada vez mais praticar um consumo consciente, quanto dos próprios resultados
positivos que estas práticas proporcionam.

6
https://maisretorno.com/blog/termos/g/green-bonds

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