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VERA PINK
A ESPOSA DO EDITOR
Diane Bucknell
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Traduzido do original em Inglês


Mrs. Vera E. Pink - the Editor's Wife
By Diane Bucknell

Via: TheologyForGirls.com

Tradução e Capa por Camila Almeida


Revisão por William Teixeira

1ª Edição: Março de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a graciosa


permissão de Diane Bucknell em nome do Blog Theology For Girls (TheologyForGirls.com), sob a
licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public
License.

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Vera Pink, A Esposa do Editor


Por Diane Bucknell

“Eu gosto dessas palavras, ‘Nossa vida é como a tessitura do tecelão’, pois isso é tão verda-
deiro quanto à vida. Nós vemos apenas o lado avesso do tecido, agora, pois o Tecelão não
finalizou a sua obra. Mas, no Dia vindouro, onde a veremos de Seu lado, então contem-
plaremos a formosura da Sua obra e não os nós e fins que os nossos pecados e fracassos
têm causado” — Vera E. Pink, em uma carta a uma amiga [1].

É dito que “Por trás de todo grande homem, ali está uma mulher” e isso foi certamente ver-
dade em relação ao notável escritor e mestre Arthur W. Pink. Este homem viveu a maior
parte de sua vida na obscuridade, porque ele esteve tanto à frente quanto atrás de seu
tempo. Ele abraçou os escritos dos Puritanos há muito esquecidos e as Doutrinas da Graça
em uma época em que a maior parte do evangelicalismo era ferrenhamente Arminiano.

Pink nasceu em 1886, em Nottingham, Inglaterra, e mais tarde veio para a América para
estudar no Moody Bible Institute. Sua passagem pelo instituto durou apenas seis semanas
antes que ele sentisse que estava perdendo tempo e decidiu entrar no ministério. Seu pri-
meiro cargo foi no Colorado e de lá ele pregou na Califórnia e Inglaterra e, em seguida, pas-
toreou igrejas na Carolina do Sul e na zona rural de Kentucky. Foi ali, em Kentucky, em
1916 que Deus respondeu a sua oração por “uma mulher piedosa e espiritual” [2], dando-
lhe Vera E. Russell, “uma Cristã pequena, vivaz, que falava com um forte sotaque de Ken-
tucky” [3].

A inspiradora biografia “A Vida de Arthur W. Pink”, por Iain Murray nos diz: “Ao lado de sua
própria conversão Vera deveria ser a maior bênção na vida de Arthur Pink” [4]. E isso ela
foi! Para nosso conhecimento, eles nunca tiveram filhos e eles se mudavam frequentemen-
te, porquanto o Sr. Pink nunca estabeleceu-se em um pastorado a longo prazo. Embora ele
tenha pregado em todo os EUA, Canadá, Austrália e Reino Unido, seu ministério ocorreu
principalmente através de seus “Studies in the Scriptures” (Estudos nas Escrituras). Este
era um periódico mensal que o Sr Pink escrevia e Vera ajudava a produzir, o qual era
enviado para um número relativamente pequeno de assinantes em todo o mundo de 1922
a 1953. Os Pinks mudaram-se para Hove, Inglaterra, em 1936, e depois de desistirem da
esperança de quaisquer futuros ministérios de pregação pública, eles continuaram os [peri-
ódicos] Estudos, nunca tendo faltado nem mesmo uma única publicação mensal. Quando
a Segunda Guerra Mundial iniciou eles permaneceram por tanto tempo quanto poderiam,
em Hove mas ataques aéreos e bombardeios contínuos fizeram com que eles se mudas-

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sem para a calma vila litorânea de Stornoway, Escócia, onde eles continuaram o seu traba-
lho e sossegadamente viveram o restante de seus dias.

Os Pinks nunca se encaixaram nas igrejas de fala gaélica, em Stornoway, então, eles mes-
mos permaneciam a maior parte do tempo e observavam o Sabath em casa. Eles eram o
que chamaríamos hoje de minimalistas, vivendo com humildade e livres das armadilhas do
materialismo. Eles nunca possuíram um carro e geralmente alugavam pequenos aparta-
mentos que tinham, muitas vezes, não mais do que dois quartos. Arthur permanecia longas
horas em sua mesa de trabalho, enquanto Vera, além de auxiliar o marido, cuidava de jar-
dins, fazia suas próprias conservas e cozinhava, e era tão moderada que ela nunca desper-
diçava mesmo um “pedaço de nabo”.

Vera raramente falava de sua contribuição para o ministério de seu marido, mas escreveu
em uma carta a uma amiga,

“Ninguém imagina as horas e horas de intenso esforço mental envolvidos na


composição e prosseguimento no fundamento de assegurar-se que nenhum erro que
conduza algumas ovelhas a desviarem-se de verdes pastos seja impresso. Depois da
revisão — o trabalho de um homem — além da composição. Por último, mas não
menos importante, o cuidado com as correspondências. Assim, você percebe que o
Sr. Pink realmente faz o trabalho de três homens. Por essa razão, eu faço tudo o que
posso no processo de contabilidade, datilografia e endereçamento dos envelopes para
auxilia-lo” [5].

A parte da Sra. Pink no ministério não era uma tarefa pequena porque por volta de 1946
seu marido havia escrito mais de 7.000 páginas de estudos e 20.000 cartas de correspon-
dência aos seus assinantes! Juntos, eles fielmente produziram os Estudos até o fim. O Sr.
Pink sofreu com uma forma dolorosa de anemia, que veio a causar sua morte e entrou no
gozo de seu Mestre em 15 de julho de 1952, aos 66 anos. Vera contou a triste notícia aos
seus assinantes, que carinhosamente o conheciam como o Editor, na edição de setembro,
em artigo intitulado “The Late Editor’s Last Days” (Os Últimos Dias Do Recém Falecido
Editor — Apêndice deste e-book).

“... Em uma noite, em maio, ele teve uma convulsão que durou vários minutos. Depois
que isso passou, ele disse, ‘eu logo estarei em casa na glória, eu não posso ir cedo o
bastante. ‘Bendito seja o Senhor, ó minha alma, e tudo o que há em mim bendiga o
Seu santo nome’. Eu estou muito feliz, me sinto como a cantar por meio deste salmo'.
Ele observou que eu estava chorando e perguntou: ‘Minha querida, por que choras?
Você deveria estar regozijando-se que eu estarei em breve em casa’. Eu disse a ele

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que eu estava chorando por mim mesma, por estar sendo deixada para trás. Eu sabia
que era bom para ele, mas eu temia a separação. Ele gentilmente disse: ‘O Senhor
tem sido tão maravilhosamente bom para nós por todos esses anos e nos trouxe
completamente em segurança até agora. Ele não te abandonará em sua hora de maior
necessidade. Apenas confie nEle com todo seu coração. Ele não te deixará” [6].

Vera conta sobre a história das últimas palavras de seu amado marido, que foram:

“‘As Escrituras explicam a si mesmas’, mostrando-nos em que a sua mente estava.


Então, depois de ter findado o seu curso, e completado o seu trabalho, ele partiu para
estar com Aquele, a quem amou e serviu por tantos anos. ‘Oh, engrandeça ao Senhor
comigo, e juntos exaltemos o Seu nome’” [7].

Embora seu profundo luto a levou a ficar doente por um tempo, Vera nunca deixou de louvar
ao Senhor por Sua bondade para com ela. Ela sofreu um acidente vascular encefálico en-
quanto trabalhava nas edições remanescentes que o Sr. Pink concluiu antes de sua morte,
mas com a ajuda de amigos, ela foi capaz de publicá-los. Vera viveu 10 anos além de seu
marido e foi uma alegria e bênção para todos que a conheciam em Stornoway. Em 17 de
julho de 1962, com a idade de 69 anos, Vera E. Pink foi para casa para estar com o seu
Senhor.

Arthur Pink foi muitas vezes desencorajado pelo relativo pouco interesse em suas obras
publicadas, ainda assim, eles prosseguiram, orando para que Deus ampliasse as suas fron-
teiras e que Ele pudesse assim fazê-lo mesmo depois que eles partissem desta terra. Em
seus últimos anos os Pinks começaram a ver um maior interesse em seu trabalho por prega-
dores, o que muito encorajou os seus corações.

É maravilhoso testemunhar a resposta de Deus às suas orações, visto que o fruto do seu
trabalho continua a multiplicar-se nesta geração. O Tecelão, de fato, teceu uma bela tape-
çaria a partir das vidas destes dois fiéis servos de Cristo. A vida de Vera Pink se destaca
como um exemplo para as mulheres na atualidade sobre o que o Senhor tinha em mente
quando disse:

“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora
idônea para ele” (Gênesis 2:18).

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Este artigo é baseado em informações colhidas a partir de “A Vida de Arthur W. Pink”, por
Iain H. Murray, Edição revisado e ampliada; Banner of Truth Trust; 2004.

Notas:

[1] A vida de Arthur W. Pink por Iain H. Murray, edição revista e ampliada; Banner of Truth
Trust; 2004; p. 237.
[2] Ibid página 34.
[3] Ibid, página 35.
[4] Ibid página 37.
[5] Ibid página 241.
[6] Ibid página 273.
[7] Ibid página 276.

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Os Últimos Dias de A. W. Pink*


Por Vera Pink

O escrito de um relato sobre o recém falecido Editor, meu querido marido, recai sobre mim,
e eu me sinto tão desqualificada para uma tarefa tão sagrada que eu tremo ao tentar fazê-
lo. Fazendo das palavras do profeta as minhas próprias, “eu não sou profetisa, nem filha de
profeta” [Amós 7:14], mas eu sinto que os caros leitores de Estudos nas Escrituras são ami-
gos e desejo dar-lhes alguns detalhes de seus últimos dias conosco. Eu sei que o seu amor
cobrirá todos os erros encontrados neste pequeno escrito. Como ele abominava a lisonja,
eu confio que vou dar-lhes um relatório verdadeiro em minha maneira débil. O senhor Pink
manteve um padrão tanto na espiritualidade quanto na dicção fato que torna difícil para al-
guém rivalizar com ele, como se fosse um dom especial para o labor designado a ele. Que
Aquele, que uma vez usou uma “pequena criada” se agrade em ajudar-me agora, e Ele terá
todo o louvor.

Há um versículo da Bíblia que se grava em minha mente mais do que qualquer outro en-
quanto eu busco trazer meus pensamentos ao objetivo destas linhas, e que me permitiu
formar o todo em minha mente sobre como eu deveria apresentar o que segue. Em Hebreus
13:7, lemos: “Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé
dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver”. Certamente não há poucos leitores
em todo o mundo que passaram a ver o Sr. Pink como seu instrutor espiritual ou guia para
a verdade, como muitas, muitas dezenas de cartas abundantemente testificam, e estou cer-
ta de que ele será lembrado por muito tempo por cada um deles, os quais lamentam profun-
damente a sua perda. Ele procurou escrever-vos (e falar com as pessoas com quem ele
entrou em contato) a Palavra de Deus como ela foi-lhe dada, não omitindo nada que ele
sentia ser proveitoso para as nossas almas, seja isso exortação, reprovação ou correção.
Nós confiamos que existem centenas espalhados aqui e acolá no mundo que conhecem o
significado da próxima cláusula: “a fé dos quais imitai”, que não precisam ser admoestados
por esta pobre escriba, mas eu preciso transformar essas palavras em oração para que eu
possa “cumpri-las”. ESTUDOS NAS ESCRITURAS é um monumento vivo de sua fé na ve-
racidade da Palavra de Deus, na grandiosa e gloriosa obra redentora de Cristo, e na obra
do Espírito Santo na aplicação da verdade para a alma em poder vivificante, e não é neces-
sária nenhuma palavra minha para confirmar que ele permaneceu nos fundamentos da fé.

__________
* Titulo Origial: The Late Editor’s Last Days (Os Últimos Dias do Recém-Falecido Editor), By Vera E. Pink. In
STUDIES IN THE SCRIPTURES, Vol. XXXI September, 1952 Nº 9. Via: ChapelLibrary.org © 2015, Mount
Zion Bible Church. Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida
permissão de Chapel Library (ChapelLibrary.org), um ministério de Mount Zion Bible Church, sob a licença
Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

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Ele considerava os leitores de ESTUDOS NAS ESCRITURAS como amigos, e estava a ca-
da dia em oração por todos, mostrando que ele tinha um verdadeiro amor pastoral. Até os
últimos três dias de sua vida, ele tinha um interesse mui vivo em todas as cartas que vieram
à mão e quis agradecer ao Senhor pelas encorajadoras palavras nelas contidas. Ele era
um fervoroso estudante das Escrituras, muitas vezes sendo tão absorto em suas medita-
ções a ponto de perder todo o rastro de tempo, ou qualquer consciência da minha existência
no ambiente. Muitas vezes eu o ouvi exclamar: “Ah, isso é maravilhoso. Eu nunca vi isso
antes. Alegro-me como aqueles que encontram grande despojo quando o Senhor tem o
prazer de abrir a Sua verdade para mim. É indizivelmente precioso que Ele me conduza à
Sua verdade. Quanto mais eu estudo a Palavra de Deus, mais preciosa eu a encontro, e
tanto mais eu me maravilho com os inesgotáveis tesouros contidos nela. Quão incompa-
ravelmente glorioso é pensar que vamos passar a eternidade com Cristo, e Ele, nosso
Mestre, desvelando a nós os grandes mistérios da Sua ‘Palavra viva, e que permanece
para sempre’. O que acabo de ver é apenas uma antecipação que faz com que eu deseje
que Ele apresse o dia em que deve ter concluído com todas as coisas seculares”.

Ele era tão cheio de ação de graças e louvor por tudo, e embora muito fraco no corpo, ele
era “fortificado na fé, dando glória a Deus” [Romanos 4:20], de forma contínua. Ele não era
desatento com as muitas gentilezas mostradas a ele pelos muitos amigos queridos que es-
tavam trazendo coisas à porta ou enviando. Sentindo-se tão indigno da menor de todas as
Suas misericórdias, suplicou as mais ricas bênçãos do Senhor a cada um que tão genero-
samente ministrava às suas necessidades temporais.

“Atentando para a sua maneira de viver”. Este é o propósito deste escrito e há muito diante
de mim, embora seja difícil para mim, contudo, eu confio que eu possa ser capaz de escre-
ver para Seu louvor, pois eu bem sei que o meu querido marido não desejava nenhum [lou-
vor] para si mesmo. O seu espírito era o do apóstolo, “e que tens tu que não tenhas rece-
bido?”. Vários meses antes do fim, eu vi que ele estava desfalecendo e isso me preocupou
muito. Cada vez que eu fazia uma referência a ele, sempre dizia: “É a velhice, minha queri-
da. Graças ao Senhor que é assim. Eu sou grato que eu estou assim perto do fim, e não
apenas começando a vida. Eu sinceramente me apiedo dos jovens de hoje que estão ape-
nas começando. Será terrivelmente difícil para aqueles que estão conscientes. Os tempos
são tão sombrios e ficará muito mais tenebroso para eles, mas o Senhor sustentará os Seus
próprios”. Muitas vezes ele parecia tão cansado e exausto como se ele estivesse perdendo
a sua energia, que eu gostava de pressionar-lhe para descansar e ele poderia ser mais
capaz de fazer o seu trabalho. Ao que ele sempre responderia: “Nós devemos trabalhar en-
quanto é dia. A noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Eu desejo ser encontrado em
meu posto, quando o chamado vier”. Ele não parava com exceção dos intervalos curtos em
que ele estava acostumado a sair todas as manhãs, ao que ele continuou até três semanas
antes de sua morte. Ele nunca deixou de louvar o Senhor por nos trazer para a Ilha de Le-

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wis, e por colocar-nos na casa em que ele tem sido nosso privilégio feliz de permanecer por
12 anos. Ele sentia que era uma marca distintiva de favor que estivéssemos com aqueles
que amam e honram o Sabath como nós, também sempre fizemos. Ele amava o Sabath.
Era um dia sagrado e santo para ele, e ele amava aqueles que tinham a mesma reverência
por ele. Na paz e sossego aqui em Lewis, buscávamos e apreciávamos seus estudos longe
das insensatas multidões das cidades. Mais de uma vez ele me disse que não tinha nenhum
desejo que estivesse em qualquer outro lugar e nunca esperava deixá-lo, até que o Senhor
o levasse para glória.

Em uma noite, em maio, ele teve uma convulsão que durou vários minutos. Depois que
passou, ele disse: “Eu, em breve estarei em casa na glória. Eu não posso ir breve o sufi-
ciente. ‘Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo
nome’. Estou tão feliz que eu sinto vontade de cantar através deste salmo”. Ele observou
que eu estava chorando, e perguntou: “Minha querida, por que você chora? Você deveria
estar se alegrando que eu em breve estarei em casa”. Eu disse a ele que eu estava cho-
rando por mim mesma, por ser deixada para trás. Eu sabia que era bom para ele, mas eu
temia a separação. Ele gentilmente disse: “O Senhor tem sido tão maravilhosamente bom
para nós por todos esses anos e nos trouxe em segurança até agora. Ele não abandonará
você em sua hora de maior necessidade. Apenas confie nEle com todo seu coração. Ele
não lhe faltará”.

Depois daquela noite, ele estava fazendo planos e ordenando todas as coisas para a sua
partida, como se ele estivesse indo para uma longa viagem, e ele gostaria de dizer-me o
que fazer. Entre outras coisas, ele queria que eu publicasse em ESTUDOS NAS ESCRITU-
RAS todo o material que ele estava deixando comigo antes de concluir a revista. Como ele
viu que o seu tempo era curto, ele se aplicou mais vigorosamente à composição dos artigos,
de modo a deixar o máximo que pôde e completar o máximo possível de algumas séries
em que ele estava trabalhando. “O Senhor é bom e faz o bem” esteve diariamente em seus
lábios. Ele descansou como poucos na soberania de Deus e parecia estar completamente
resignado à Sua vontade em relação a ele, a tal ponto que ele disse muitas vezes: “Que
Ele faça comigo o que bem Lhe parecer”. Uma vez, quando estávamos falando dos lidares
do Senhor no passado e presente em nossa peregrinação, ele disse: “‘Ele tudo faz bem’
[Marcos 7:37]. Tudo, minha querida, não algumas coisas”.

Na manhã de quarta-feira antes de sua morte na seguinte manhã de terça-feira, enquanto


ainda na cama, e eu com meus deveres na sala, ele começou a falar: “A escuridão é
passada e a verdadeira luz já brilha. Sim, ela vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”.
Levantando a mão em direção ao teto, ele disse: “Tudo é glória diante de mim. Eu não
posso dizer com o Sr. Rutherford, ‘escura, escura tem sido a meia-noite’, pois a minha expe-
riência tem sido tão diferente da dele. Mas eu posso dizer: 'A aurora está à mão, e glória,

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glória habita na terra de Emanuel’. Eu estou deixando a escuridão para trás, para você, que
ainda tem que terminar a sua peregrinação”. Eu disse a ele: “Isso é tudo muito bonito para
você”. Ao que ele respondeu rapidamente: “E isso pode ser para você também se deixar de
lado as suas dúvidas e medos e colocar toda a sua confiança nEle”. Ele sentou-se na cadeira
a maior parte do dia ditando um artigo com grande esforço, pois ele estava muito desejoso
de terminá-lo, mas disse que ele sentia que havia deixado para fazê-lo tarde demais. Falta-
vam apenas quatro sentenças quando ele parou, colocou o seu papel e óculos, e disse:
“Ponha-me à cama”. Eu nunca saberei como eu o levei à cama, mas pela misericórdia do
Senhor eu o fiz, apoiando-o por mais de uma hora, até que ele obteve alívio e eu pude dei-
tá-lo. Depois de alguns minutos de repouso, ele disse: “Pegue seus óculos, e papel, e lápis
e venha para a cama, e eu lhe darei as últimas quatro frases e você pode digitá-las quando
eu me for”. Abaixei-os e quando eu terminei de escrever, ele disse: “Meu trabalho está termi-
nado. Minha carreira está cumprida. Eu estou pronto para ir. Eu não posso ir breve o suficien-
te”. Ele jamais levantou-se depois disso, mas ainda permaneceu feliz e louvando o Senhor.

O Salmo 23 esteve quase constantemente em seus lábios, tanto para mim e para a enfer-
meira Cristã, e ele disse muitas coisas maravilhosas para nós, entre as quais: “Nem uma
boa coisa falhou de todas as coisas boas que Ele prometeu”. Outra vez o ouvi dizer: “Ele
não lidou comigo conforme os meus pecados, nem me recompensou segundo as minhas
iniquidades”. Mais uma vez: “Noites de trabalho me prepararam, mas não tenho nada a di-
zer, porque o Senhor tão maravilhosamente poupou-me da dor corporal por toda a minha
vida até agora”. Uma vez o ouvimos perguntar à enfermeira se ela conhecia aquelas linhas
amáveis: “O Rei do Amor é o meu Pastor, cuja bondade nunca desfalece; nada me falta se
eu sou dEle, e Ele é meu para sempre”. Uma vez, em grande agonia, ele disse: “Provai e
vede que o Senhor é bom, bem-aventurado é o homem que nEle confia”. Uma querida ami-
ga veio aliviar a enfermeira e estar comigo e vimos o seu rosto radiante muitas vezes, e nos
asseguramos de que ele estava tendo visões da glória. Então, nós o ouvimos dizer aquelas
que foram as suas últimas palavras: “As Escrituras explicam a si mesmas”, mostrando-nos
no que sua mente estava. Então, depois de ter terminado o seu caminho, e completado o
seu labor, ele partiu para estar com Aquele a que ele amou e serviu durante tantos anos.
“Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome” [Salmos 34:3].

Agradeço a todos os queridos leitores que enviaram essas cartas amorosas de empatia
neste momento de meu doloroso luto, e sinceramente peço as orações de todos em minha
hora de maior necessidade.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!

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2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
6
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 10
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
11
se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12 13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
14
por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
15
também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
16
Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
17
interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
18
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se 12
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não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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