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Presidente da República

Decreto do Presidente da República nº /2020

Declaração do estado de emergência

A pandemia de COVID-19, que está a atingir o território nacional e


continua em crescimento exponencial, constitui uma calamidade pública
que ameaça muito seriamente a vida e a integridade física dos Portugueses.
O combate ativo a essa epidemia requer a adoção de medidas
extraordinárias, que podem ter de envolver, com respeito do princípio da
proporcionalidade, o decretamento de limitações temporárias a direitos
fundamentais como a liberdade de deslocação, a liberdade de entrada e
saída do país, a liberdade de reunião e de manifestação, a inviolabilidade
das telecomunicações, na vertente relativa ao controlo do paradeiro do
utente de serviços de telecomunicações, o direito ao controlo de dados
pessoais informatizados, o direito de propriedade privada, e o direito de
iniciativa económica privada. Limitações semelhantes têm, aliás, vindo a ser
decretadas também noutros países, com ordens constitucionais
democráticas, como meios necessários para o combate à pandemia.
Impõe-se, para o efeito, decretar o estado de emergência em todo o
território nacional, pelo prazo de 15 dias, habilitando o Governo, através do
seu Primeiro-Ministro e dos seus ministros, a tomar as providências
necessárias e adequadas ao combate à epidemia do COVID-19. Essas
medidas poderão consistir em: impedir ou reduzir a circulação interna de
pessoas e bens em qualquer parte do território nacional; impor o
confinamento de pessoas em domicílio ou estabelecimento adequado com
objetivos preventivos; impor o internamento de pessoas em
estabelecimento de saúde com fins terapêuticos; impedir a entrada e a
saída de território português, através do encerramento, total ou parcial, das
suas fronteiras; exigir o conhecimento em tempo real do paradeiro de
pessoas através do recurso a geolocalização; requisitar o uso de bens
móveis e imóveis com vista ao apoio das ações de prevenção e de mitigação
da pandemia; requisitar a prestação de serviços de saúde, serviços similares
e outros que se considerem complementares; encerrar estabelecimentos
comerciais, de diversão e equiparados, ou reduzir a sua atividade e
laboração; fixar limites máximos a preços de bens necessários para a
prevenção e combate à pandemia; e orientar a produção industrial de bens
no sentido de favorecer o combate à pandemia.
As medidas a decretar e sua execução deverão sempre respeitar o
princípio da proporcionalidade e limitar-se, nomeadamente quanto à sua
extensão e duração e aos meios utilizados, ao estritamente necessário ao
pronto restabelecimento da normalidade, mediante combate à pandemia
de COVID-19. Todas as pessoas e entidades públicas e privadas ficam
obrigadas a colaborar com as autoridades que se ocuparem da execução da
presente declaração do estado de emergência sob pena de crime de
desobediência. A execução das medidas decretadas poderá, durante o
estado de emergência, ser assegurada pelas forças de segurança e pelas
Forças Armadas.

Com esta fundamentação, ao abrigo dos artigos 19.º, 134º, al. d), e
138º, nº 1, da Constituição, e nos termos da Lei nº 44/86, de 30 de
setembro, alterada pela Lei Orgânica nº 1/2012, de 11 de maio, ouvido o
Governo e após autorização da Assembleia da República/Comissão
Permanente da Assembleia da República, declaro o estado de emergência,
nos seguintes termos:

Art. 1º
Âmbito espacial e duração
É declarado o estado de emergência por razões de calamidade
pública no território nacional pelo período de 15 dias, o qual começa a
vigorar às 0 horas de 19 de março de 2020 e terminará às 24 horas de 2 de
abril de 2020.

Art. 2º
Fundamentação
A presente declaração do estado de emergência funda-se na
necessidade de combater ativamente a pandemia do COVID-19
reconhecida pela Organização Mundial de Saúde.

Art. 3º
Direitos fundamentais suscetíveis de limitação
Na pendência do estado de emergência, podem verificar-se limitações
aos seguintes direitos fundamentais, na medida do necessário para o
combate à pandemia do COVID-19:
a) Liberdade de deslocação;
b) Liberdade de entrada e saída do país;
c) Liberdade de reunião e de manifestação;
d) Inviolabilidade das telecomunicações, na vertente relativa ao
controlo do paradeiro do utente de serviços de telecomunicações;
e) Direito ao controlo de dados pessoais informatizados;
f) Direito de propriedade privada;
g) Direito de iniciativa económica privada.

Art. 4º
Execução administrativa
1. Fica o Governo habilitado, através do seu Primeiro-Ministro e dos seus
ministros, a tomar as providências necessárias e adequadas ao combate da
epidemia do COVID-19, consistentes em:
a) Impedir ou reduzir a circulação interna de pessoas e bens em
qualquer parte do território nacional;
b) Impor o confinamento de pessoas em domicílio ou estabelecimento
adequado com objetivos preventivos;
c) Impor o internamento de pessoas em estabelecimento de saúde com
fins terapêuticos;
d) Impedir a entrada e a saída de território português, através do
encerramento, total ou parcial, das suas fronteiras;
e) Exigir o conhecimento em tempo real do paradeiro de pessoas
através do recurso a geolocalização;
f) Requisitar o uso de bens móveis e imóveis com vista ao apoio das
ações de prevenção e de mitigação da pandemia;
g) Requisitar a prestação de serviços de saúde, serviços similares e
outros que se considerem complementares;
h) Encerrar estabelecimentos comerciais, de diversão e equiparados, ou
reduzir a sua atividade e laboração;
i) Fixar limites máximos a preços de bens necessários para a prevenção
e combate à pandemia;
j) Orientar a produção industrial de bens no sentido de favorecer o
combate à pandemia.
3. As medidas decretadas e a sua execução devem respeitar o princípio
da proporcionalidade e limitar-se, nomeadamente quanto à sua extensão e
duração e aos meios utilizados, ao estritamente necessário ao pronto
restabelecimento da normalidade, mediante combate à pandemia de
COVID-19.
4. Todas as pessoas e entidades públicas e privadas ficam obrigadas a
colaborar com as autoridades que se ocuparem da execução da presente
declaração do estado de emergência sob pena de crime de desobediência.
5. A execução das medidas decretadas poderá, durante o estado de
emergência, ser assegurada pelas forças de segurança e pelas Forças
Armadas.

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