Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Com esta fundamentação, ao abrigo dos artigos 19.º, 134º, al. d), e
138º, nº 1, da Constituição, e nos termos da Lei nº 44/86, de 30 de
setembro, alterada pela Lei Orgânica nº 1/2012, de 11 de maio, ouvido o
Governo e após autorização da Assembleia da República/Comissão
Permanente da Assembleia da República, declaro o estado de emergência,
nos seguintes termos:
Art. 1º
Âmbito espacial e duração
É declarado o estado de emergência por razões de calamidade
pública no território nacional pelo período de 15 dias, o qual começa a
vigorar às 0 horas de 19 de março de 2020 e terminará às 24 horas de 2 de
abril de 2020.
Art. 2º
Fundamentação
A presente declaração do estado de emergência funda-se na
necessidade de combater ativamente a pandemia do COVID-19
reconhecida pela Organização Mundial de Saúde.
Art. 3º
Direitos fundamentais suscetíveis de limitação
Na pendência do estado de emergência, podem verificar-se limitações
aos seguintes direitos fundamentais, na medida do necessário para o
combate à pandemia do COVID-19:
a) Liberdade de deslocação;
b) Liberdade de entrada e saída do país;
c) Liberdade de reunião e de manifestação;
d) Inviolabilidade das telecomunicações, na vertente relativa ao
controlo do paradeiro do utente de serviços de telecomunicações;
e) Direito ao controlo de dados pessoais informatizados;
f) Direito de propriedade privada;
g) Direito de iniciativa económica privada.
Art. 4º
Execução administrativa
1. Fica o Governo habilitado, através do seu Primeiro-Ministro e dos seus
ministros, a tomar as providências necessárias e adequadas ao combate da
epidemia do COVID-19, consistentes em:
a) Impedir ou reduzir a circulação interna de pessoas e bens em
qualquer parte do território nacional;
b) Impor o confinamento de pessoas em domicílio ou estabelecimento
adequado com objetivos preventivos;
c) Impor o internamento de pessoas em estabelecimento de saúde com
fins terapêuticos;
d) Impedir a entrada e a saída de território português, através do
encerramento, total ou parcial, das suas fronteiras;
e) Exigir o conhecimento em tempo real do paradeiro de pessoas
através do recurso a geolocalização;
f) Requisitar o uso de bens móveis e imóveis com vista ao apoio das
ações de prevenção e de mitigação da pandemia;
g) Requisitar a prestação de serviços de saúde, serviços similares e
outros que se considerem complementares;
h) Encerrar estabelecimentos comerciais, de diversão e equiparados, ou
reduzir a sua atividade e laboração;
i) Fixar limites máximos a preços de bens necessários para a prevenção
e combate à pandemia;
j) Orientar a produção industrial de bens no sentido de favorecer o
combate à pandemia.
3. As medidas decretadas e a sua execução devem respeitar o princípio
da proporcionalidade e limitar-se, nomeadamente quanto à sua extensão e
duração e aos meios utilizados, ao estritamente necessário ao pronto
restabelecimento da normalidade, mediante combate à pandemia de
COVID-19.
4. Todas as pessoas e entidades públicas e privadas ficam obrigadas a
colaborar com as autoridades que se ocuparem da execução da presente
declaração do estado de emergência sob pena de crime de desobediência.
5. A execução das medidas decretadas poderá, durante o estado de
emergência, ser assegurada pelas forças de segurança e pelas Forças
Armadas.