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PARACOCCIDIOIDOMICOSE

A paracoccidioidomicose (PCM) é a principal micose sistêmica no Brasil. Essa doença


representa uma das dez principais causas de morte por doenças infecciosas e
parasitárias, crônicas e recorrentes no país.

Esses fungos estão dispersos no meio ambiente. A exposição ao fungo está


relacionada com o manejo do solo contaminado, como em atividades agrícolas,
terraplenagem, preparo de
solo, práticas de jardinagem, transporte de produtos vegetais, entre outras.

AGENTE ETIOLÓGICO

Causada pelos fungos Paracoccidioides brasiliensis e P. lutzii (Onygenales,


Onygenaceae, Paracoccidioides) dimórficos que, à temperatura ambiente (4 a 28ºC),
apresentam-se sob a forma micelial e a 37ºC desenvolvem-se como levedura.

DOENÇA CAUSADA

A principal porta de entrada do fungo no organismo é por via inalatória. Os órgãos


comumente afetados são os pulmões
(50%-100%), seguidos da pele, mucosas, linfonodos, adrenais, sistema nervoso
central, fígado e ossos.

O período de estabelecimento inicial do patógeno no organismo do hospedeiro é


assintomático, embora haja desenvolvimento de resposta imunitária humoral e celular.
Os
esporos ou partículas infectantes atingem facilmente as unidades bronquíolo-
alveolares, onde ocorre sua transformação em leveduras, e passam a multiplicar-se
por brotamento múltiplo.

A maioria das pessoas que inala os esporos desenvolvem uma infecção que não
causa sintomas. Os sintomas, se ocorrerem, geralmente surgem de meses a anos
após a exposição inicial

A paracoccidioidomicose, quando surge, geralmente lembra pneumonia, causando


tosse, febre, falta de ar e dificuldade em respirar e pode desaparecer por si só.

A infecção pode se disseminar dos pulmões para outras partes do corpo. Podem surgir
feridas doloridas na boca e na pele. Os linfonodos infectados se tornam inchados e
podem secretar pus que irrompe pela pele, embora cause pouca dor. Os linfonodos
mais comumente afetados são aqueles do pescoço e das axilas. O fígado e o baço
podem aumentar causando às vezes dor abdominal. Às vezes, os sintomas duram um
longo período, mas a infecção raramente é fatal.

Algumas pessoas com paracoccidioidomicose desenvolvem um distúrbio pulmonar


crônico que causa formação de tecido cicatricial (fibrose) e danos generalizados nos
pulmões (enfisema).
A resposta imunológica do hospedeiro determinará a evolução do complexo primário,
desde assintomático até com sintomatologia intensa e grave, acometendo órgãos de
porta de entrada ou tornando-se sistematizada, na dependência da extensão e
intensidade da reação inflamatória, da carga de partículas infectantes inaladas, e da
virulência da cepa do patógeno

Forma pulmonar primária


Sem importância clínica;
Assintomática ou apresenta manifestações respiratórias discretas;

Pode ou não haver infiltrados pulmonares e linfadenomegalia hilar (Quando um


gânglio incha e fica dolorido, significa que o sistema imunológico está combatendo
uma infecção nas proximidades daquela estrutura inchada no exame radiológico)

Raramente o diagnóstico é feito e costuma ter regressão espontânea independente


do tratamento.(ou seja o corpo consegue combater o fungo)

Em alguns casos, o agente etiológico permanece viável, promovendo a formação de


foco latente ou quiescente, que pode perdurar por anos ou pelo resto da vida do
hospedeiro, identificada apenas pela reação cutânea do hospedeiro à
paracoccidioidina, tornando-se ativa se for favorecida por algum fator de
imunossupressão, idade, sexo ou genética. Hábitos como tabagismo e etilismo
também são considerados fatores de risco frequentemente associados à micose, e ao
agravamento do seu quadro clínico.

Forma aguda ou subaguda (tipo juvenil): a progressão das lesões primárias evolui
rapidamente, de semanas a meses. Essa forma clínica é considerada grave, devido a
elevadas taxas de letalidade em crianças e adolescentes. Os sinais podem se
manifestar como hipertrofia do sistema retículo endotelial e acometimento
generalizado de linfonodos, que geralmente fistulizam (se rompem). O fungo pode se
disseminar para outros órgãos ou sistemas como pele, ossos e sistema gastrintestinal,
além do fígado, baço e medula óssea;

Forma crônica (tipo do adulto): responsável pela maioria dos casos de PCM, com
prevalência de 74% a 96%. Os indivíduos entre 30 e 60 anos de idade e do sexo
masculino são os mais acometidos por essa doença. Essa forma clínica manifesta-se
de forma mais lenta, com duração da sintomatologia entre quatro a seis meses,
inclusive acima de um ano. O comprometimento pulmonar está presente em 90% dos
indivíduos. Os pulmões, a mucosa das vias aerodigestivas superiores e a pele são os
locais mais acometidos pela PCM;
Sua maior prevalência entre homens parece estar associada à proteção feminina
proporcionada pelo estrogênio, que inibe a transformação do micélio em levedura.
Essa concepção é reafirmada pela prevalência semelhante entre os sexos na primeira
e após a sexta décadas de vida.

Possui também caráter oportunista,pois associa-se às formas graves e disseminadas


com fatores de imunodeficiência como leucemia, linfoma, imunossupressão
medicamentosa, estado pós-transplantes e síndrome de imunodeficiência adquirida.
Nestes casos a evolução clínica tende a ser aguda ou subaguda,febril e sistêmica,
com granulomas frouxos e ricos em fungos demonstráveis em exames
histopatológicos.

Quando a paracoccidioidomicose ocorre em pessoas mais jovens ou em pessoas com


infecção por HIV ou AIDS, a infecção é mais agressiva. Ela se espalha amplamente,
inclusive para a medula óssea e outros órgãos. As pessoas têm febre e perdem peso.
Os linfonodos, o fígado e o baço aumentam de tamanho e surge anemia.

Forma residual: também chamada “sequelas”, manifesta-se clinicamente com


alterações anatômicas e funcionais causadas pelas cicatrizes que se seguem ao
tratamento da PCM. As sequelas podem ser observadas em vários órgãos, com maior
frequência nos pulmões, pele, laringe, traqueia, glândulas adrenais, mucosa das vias
aerodigestivas superiores, sistema nervoso central e sistema linfático

SEQUELAS DA PARACOCCIDIOIDOMICOSE

-As principais sequelas caudadas pela paracoccidioidomicose são:

Piora da DPOC

Disfunção suprarrenal (15-50% dos casos )

Disfonia e/ou obstrução da laringe

Epilepsia e/ou hidrocefalia(6-25%dos casos)

EPIDEMIOLOGIA

A maioria dos indivíduos que adoeceram com a PCM apresenta história de atividade
agrícola exercida nas duas primeiras décadas de vida. Hábitos como tabagismo e
etilismo também são considerados fatores de risco frequentemente associados à
micose, e ao agravamento do seu quadro clínico.Não existe transmissão inter-humana
do fungo Paracoccidioides spp., nem de animais ao homem. No entanto, os indivíduos
estão expostos ao risco por inalação de propágulos infectantes, dispersos no solo.
As áreas endêmicas situam-se em regiões de florestas tropicais ou subtropicais, com
temperaturas médias entre 14 e 20ºC, precipitações pluviométricas entre 800 e 2.000
mm e umidade do ar relativamente alta. O Brasil possui o maior número de casos
descritos de PCM, seguido da Colômbia, Venezuela e Guatemala. Sua distribuição
regional é heterogênea, com maior prevalência nos estados do Rio Grande do Sul,
Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
do Sul, Mato Grosso e Amazônia. Observa-se, nos últimos anos, aumento crescente
de registros de casos nos estados da região Centro-Oeste e Norte associados ao
avanço da fronteira agrícola nos limites da floresta amazônica.

PREVENÇÃO

Não há medida de controle disponível. Deve-se tratar os doentes precoce e


corretamente, visando impedir a evolução da doença e suas complicações. Ainda não
existem vacinas para a prevenção da PCM. Recomenda-se, tanto no ambiente rural
como no periurbano, evitar a exposição à poeira originada de escavação do solo, de
terraplanagem e de manipulação de vegetais.

Para os trabalhadores rurais e motoristas de trator constantemente expostos à poeira


mais densa, particularmente os que fazem a coleta manual, limpeza (abano) e varrição
do café, é presumível que evitar a exposição com máquinas de cabine bem vedada ou
máscaras protetoras tipo N95 (quando disponíveis) possa proteger da infecção por
Paracoccidioides spp. Aconselha-se evitar a exposição de crianças e indivíduos
imunodeprimidos a situações de risco em zona rural. Em laboratórios, a manipulação
de isolados do fungo, sempre que possível, deve ser feita em capela de segurança,
principalmente de cultivos na forma de micélio.

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