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Metodologia OFICINA MAIO 68
Metodologia OFICINA MAIO 68
1. Apresentação do grupo
A oficina inicia com apresentação dos oficineiros.
Em seguida, é posta a música “Parque Industrial” (Tom Zé, presente no disco Panis Et
Circense, 1968) em que os participantes percorrem o espaço livremente para se olharem, se
conhecerem. Devem utilizar o plano baixo e o plano alto (Galego). Ao sinal dos oficineiros, eles
param e se aglutinam com as pessoas próximas.
A partir disso, serão dadas as instruções para que inicie a primeira atividade. Os estudantes
devem conversar entre si para que possam se apresentar para todo o grupo. Esta apresentação
deverá ser orientada pela frase que constará no quadro:
Quem somos e de onde vem as nossas ideias?
A partir da reflexão dessa frase, os estudantes devem ficar em grupos de três compartilhando
suas impressões acerca da frase e relacionando aquilo com suas vidas. A partir do
compartilhamento, eles devem elaborar uma apresentação (objetivação estética) para todo o
grupo que expresse uma síntese da história de vida dos três, aquilo que os identifica, os une. Esse
momento servirá para que os participantes e os oficineiros se conheçam, compartilhem um pouco
de suas trajetórias de ativismo, militância, indignação, consciência social.
Obs: (Os oficineiros darão para os grupos uma linguagem específica que pode exprimir a
síntese daquela história. Exemplos: fotografia humana, escolha de uma canção, um filme, um
personagem, um diálogo – definir e dividir os grupos a partir das linguagens – podem ser
repetidas)
A partir do que foi compartilhado, será dado início à etapa 2.
2. Exposição dos temas teóricos e históricos que articulam a frase utilizada com o contexto dos
acontecimentos do ano de Maio de 1968.
É nesse contexto que a insatisfação na França cresce. Na França, foi justamente em razão
de uma questão desse tipo que sindicato dos trabalhadores consegue mobilizar uma das maiores
greves da história de luta operária, que, com a adesão do já atuante movimento estudantil e
artístico deflagrou as condições para o assalto às ruas de Paris.
A juventude mundial não ficou alheia a esses ataques, antes o contrário, através de
diversos movimentos constituiu formas organizativas de luta, e, assim, realizaram importantes
resistências durante o processo. Na realidade, foi o protagonismo da juventude que provocou
toda a movimentação política daquela década. O que expressa a importância da organização de
juventude e estudantil no enfrentamento das lutas sociais daquele tempo e do tempo presente.
O movimento urbano do Maio de 1968 que conhecemos foi uma articulação entre o
movimento estudantil e os operários em greve que deflagrou as condições subjetivas para que as
ruas fossem tomadas; no Brasil, algo muito semelhante ocorria à época, a marcha por melhoria
na educação realizada pelo Diretório Central dos Estudantes foi atacada, levando a morte do
estudante Edson Luís de Lima Souto, cujo ápice foi a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro;
Ao passo em que o capitalismo vivencia sua fase de Bem-Estar Social nos países do
centro europeu, o mundo afora vivencia diferentes processos de recusa a esse sistema. São
exemplos os movimentos de libertação nacional dos países de 3º mundo, como o da Argélia –
colonizada pela França, a guerra do Vietnã (Invasão dos EUA), a instauração de ditaduras nos
países da América Latina e a resistência a eles, a formação da Cuba comunista, dentre outros.
Michel Lowy define assim um aspecto ligado à crítica social, desenvolvida pelo
movimento operário tradicional, que denuncia a exploração dos trabalhadores, a miséria das
classes dominadas, e o egoísmo da oligarquia burguesa que confisca os frutos do progresso; II) a
o romantismo revolucionário, que denuncia, em nome da liberdade, um sistema que produz
alienação e opressão. Um denuncia as mazelasda vida objetiva, o outro atenta para as misérias
subjetivas que daí decorrem.
Então tomou o nome de FUA. Sua ação foi metódica e eficaz : contando com arquivos
bastante completos, organizava uma batida em regra de todo o Bairro Latino e expulsava das
faculdades os militantes de extrema direita, simpatizantes e gente semelhante. Dona já do
terreno, a FUA realizava intensa agitação em favor da independência da Argélia, com incursões
relâmpagos contra as reuniões favoráveis à OAS, onde quer que se celebrassem. A vitória
material conseguida em algumas semanas sobre os fascistas dava a FUA um prestígio enorme.
Rapidamente esteve em condições de mobilizar dentro de prazos mínimos manifestações por
surpresa milhares de estudantes. No dia da proclamação da independência argelina, seus
militantes içaram por cima da Sorbone a bandeira da FNL.
Crise da UEC [organização estudantil do PCF]. Aposta de ums setor da esquerda que
reivindicava o caminho eleitoral, recusa em apostar na mobilização. Governo de esquerda,
apoiado nos sindicatos. Grupos concentravam a energia às escolas de formação diárias na
Sorbonne, com uma repercussão importante: o grande anfiteatro cheio todos os dias!
Edson era do Pará e estava há dois meses no RJ, onde foi estudar. Estudava no Instituto
Cooperativo de Ensino, que funcionava no Calabouço. A área incluía um teatro, uma clínica e
um pequeno comércio, além de sediar a União Metropolitana dos Estudantes (UME). A entidade
administrava o restaurante, custeado pelo Ministério da Educação. Para ganhar um dinheiro
extra, engraxava os sapatos dos colegas mais abastados e limpava o restaurante.
Em 1968, o "Calaba" era visto pelo regime militar como um centro de agitação estudantil,
de onde partiam aguerridas manifestações lideradas pela Frente Unida dos Estudantes do
Calabouço (Fuec). Protestavam especialmente contra a qualidade da comida, ou reivindicavam a
conclusão das obras no local - o primeiro restaurante fora demolido dois anos antes para
intervenções no trânsito. Edson não era activista da luta contra a ditadura, mas lutava pelo
restaurante onde comia, e participava ajudando a colar cartazes e jornais nos murais. No dia 28
de Março daquele ano, mais uma manifestação era organizada. Por volta das 18h, a tropa da
Polícia Militar chegou.
Cassetetes dispersaram os cerca de 600 estudantes. Eles voltaram, atirando paus e pedras.
A polícia revidou à bala, e um disparo de pistola 45, atribuído ao aspirante Aloisio Raposo,
acertou no coração de Edson Luis. Imediatamente os estudantes cercaram o colega para evitar
que a PM o levasse. Sem camisa, Edson foi carregado. O seu corpo abria espaço para um cortejo
que se formava rumo à Assembleia Legislativa, hoje Câmara de Vereadores, na Cinelândia,
centro do Rio.
LOWY, Michel. O romantismo revolucionário de Maio 68. In: Revue Contretemps 22, mai
2008. Mai 68: un monde en révoltes. Dossier coordonné par Antoine Artous, Jean Ducange,
Lilian Mathieu