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Disciplina: Geologia de Moçambique

Cursos: Engenharia de Minas


e de Processamento Mineral

TEMA:
Conceitos Básicos e Orogenias Africanas e Sua
Evolução

Docente: Gilberto Rogaciano Goba Sabonete (Geólogo)


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1. Conceitos básicos
1.1 Rocha
• Rocha é um agregado sólido que ocorre naturalmente e é
constituído por um ou mais espécies minerais, resultante de
processos geológicos.

• As rochas formadas por apenas um tipo de mineral,


denominam-se monominerálicas (fig.1), como o mármore,
composto unicamente por calcite. Já as formadas por espécies
diferentes de minerais, são denominadas por pluriminerálicas
(fig.2), como o granito, constituído por vários minerais tais
como o quartzo, feldspatos, micas, entre outros.

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Fig.1 – Exemplo de rocha (Mármore) Fig.2 – Exemplo de rocha (Granito)
1.1.1 O ciclo das rochas
• As rochas estão todas envolvidas num ciclo de transformação
que se pode repetir indefinidamente. O ciclo das rochas (Fig.3)
é um meio de visualizar a origem dos três tipos básicos de
rochas e o modo como os vários processos geológicos
transformam um tipo de rocha noutro diferente.
METEORIZAÇÃO EE EROSÃO
METEORIZAÇÃO EROSÃO

DEPOSIÇÃO
DEPOSIÇÃO

SOERGUIMENTO
SOERGUIMENTO

DIAGÉNESE
DIAGÉNESE
SOERGUIMENTO
SOERGUIMENTO

SOERGUIMENTO
SOERGUIMENTO

AUMENTO DE
AUMENTO DE AUMENTO DE
AUMENTO DE
PRESSÃO EE
PRESSÃO PRESSÃO EE
PRESSÃO
TEMPERATURA
TEMPERATURA TEMPERATURA
TEMPERATURA
ARREFECIMENTO
ARREFECIMENTO

FUSÃO
FUSÃO

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Fig.3 – Ciclo de rochas
1.1.2 Métodos de Datação das Rochas
• Datação Relativa: método que avalia a idade das formações
geológicas umas em relação às outras. Como? Analisando a
posição relativa dessas formações e averiguando acerca da
existênia de fósseis (de idade). A base deste tipo de datação
são os diversos princípios estratigráficos: Sobreposição;
Identidade Paleotológica; Intersecção e Inclusão.

• Princípio de Sobreposição: Se não ocorrerem deformações, a


deposição ocorre por ordem cronológica, da base para o topo –
uma camada é mais recente que a que lhe serve de base e mais
antiga do que as que lhe estão acima.

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1.1.2 Métodos de Datação das Rochas Cont.)
• Princípio da Intersecção (a): este princípio aplica-se a
estratos afectados por estruturas (falhas, intrusões
magmáticas). A estrutura que intersecta é mais recente do que
aquela que é intersectada.

• Princípio da Inclusão (b): este princípio aplica-se, a rochas


compostas por fragmentos de outras. Fragmentos ou porções
de uma rocha que se encontram incorporados (inclusão) noutra
são mais antigos que as rochas que os contêm.

• Identidade Paleontológica (c): diz que os estratos com o


mesmo conteúdo fossilífero têm a mesma idade.
Mais Antigo

Mais Recente Mais Antigo

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(a) (b) (c)
1.1.2 Métodos de Datação das Rochas Cont.)

• Datação Absoluta: método que avalia a idade das formações


geológicas usando referências numéricas (M.a.). Como?
Através de um complexo uso de tecnologias e análises
laboratoriais de amostras das rochas que se pretendem datar.

• A datação absoluta é, então, a única forma de determinar a


idade absoluta da rocha. Este processo é baseado na emissão
de radiação pelos núcleos instáveis de certos elementos
químicos presentes em determinadas rochas.

• Quando um núcleo radioactivo se desintegra, os produtos


formados podem ser instáveis, desintegrando-se
posteriormente até encontrar um equilíbrio.

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1.2 Cratão
• Cratões são os blocos da litosfera continental que
representam núcleos que se mantiveram firmes depois da
sua consolidação em tempos remotos. São zonas rígidas, com
estabilidade termo tectónica, onde o gradiente geotérmico
normalmente é baixo (25 0C/Km).

• Por estabilidade entende-se que estes se mantiveram


preservados e foram pouco afectados por processos
tectónicos de separação e amalgamação de continentes ao
longo da história geológica do planeta.

• Quando falamos que os cratões são estáveis, não significa


que não passam por transformações. Porém neles, os agentes
endogénos ou internos de transformação do relevo
praticamente não actuam. Por isso, as rochas são,
externamente, muito desgastadas, em virtude da acção dos
agentes externos ou exógenos.
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1.2 Cratão (Continuação)
• A figura a seguir mostra o cratão de Zimbabwe, rodeado por
cinturões de Moçambique, Zambeze e Limpopo que o separa
do cratão Transvaal ( Kaapvaal).

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1.3 Ciclo Orogénico
• Representa todas as fases de desenvolvimento de uma
montanha.

• O ciclo orogênico inicia pela acumulação de grandes


quantidades de sedimentos em bacias sedimentares, se
prolonga pela sua deformação e metamorfismo e culmina
com a edificação do orógeno (montanha).

1.4 Orogenia/Orogénese
• É o conjunto de processos geológicos que conduzem à
formação ou rejuvenescimento de montanhas ou cadeias de
montanhas produzidos principalmente pelo diatrofismo
(dobramentos, falhas ou combinação dos dois).

• Resulta de movimentos orogénicos, principalmente


caracterizados por intensa deformação das rochas e
consequentemente dobramentos e fracturação; processos
tectónicos (tectonismo) e processos metamórficos
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(metamorfismo).
1.5 Orogenia que Afectaram o Continente Africano

• Os vários eventos orogénicos que afectaram as áreas


africanas são:

1. Orogenia Bulawaiano que ocorreu por volta de 3000 Ma.

2. Orogenia Shamwaiano que ocorreu no intervalo de (2800 -


2500) Ma.

3. Orogenia Eburniana que ocorreu por volta de (1850±250)


Ma.

4. Orogenia Kibariana que ocorreu por volta de (1100±200) Ma.

5. Orogenia Pan-Africana que ocorreu por volta de (550±100)


Ma.
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1.5.1 Evolução do Continente Africano em Função dos Eventos
Orogénicos

1. Após as Orogenias Bulawaiano e Shamvaiano

• Após orogenia Bulawaiano + Shamvaiano o continente


Africano era formado por 8 unidades, como ilustra a figura 1,
a seguir que são:

1. Cratão de Transval;
2. Cratão de Zimbabwe;
3. Cratão da Zâmbia;
4. Cratão de Dodoma-Nyanza;
5. Cratão de Kasai;
6. Cratão de Gabão - Camarões;
7. Cratão da Serra Leõa - Costa de Marfim; e
8. Cratão da Mauritânia.
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1. Após Orogenia Bulawaiano + Shamvaiano (Cont.)
• A figura 1 a seguir ilustra as 8 unidades:

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1. Após Orogenia Bulawaiano + Shamvaiano (Cont.)

• Características Litostratigráficas de Cada Unidade

1. Cratão de Transvaal: é caracterizado por um complexo de


metassedimentos, metavulcanitos e rochas plutônicas de
idade arcáica.

2. Cratão de Zimbabwe: é caracterizado por um complexo


granítico-gnaisse, constituido por gnaisses e pegmatitos.

3. Cratão da Zâmbia: é composto por um complexo granito-


gnaissíco.

4. Cratão de Dodoma-Nyanza é constituido por duas partes:


♦ Uma parte abrange a parte central da Tanzânia, e é
composta por granito, gnaisse, granodiorito e pegmatitos,
associados a rochas ultramáficas do sistema de Dodoma.
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• Características Litostratigráficas de Cada Unidade Cont.)

♦ A outra parte abrange norte da Tanzânia, parte ocidental do


Kênia e parte oriental do Uganda, que constitui o sistema de
Nyanza composto por rochas vulcânicas ácidas e básicas,
pelitos, quartzitos e taberito (rocha ferruginosa).

5. Cratão de Kasai: é constituido por granito-gnaisse e por


uma sequência de charnoquito, gabro e granodiorito.

6. Cratão de Gabão-Camarões: é constituido por rochas


graníticas e um complexo charnoquítico;

7. Cratão da Serra Leoa-Costa de Marfim: é constituido por


micaxisto, quartzito, rochas calcáreas, lavas ácidas e básicas,
e granitos.

8. Cratão de Mauritânia: é constituido por metassedimentos


associados a pegmatitos e migmatitos. 14
2. Após Orogenia Eburniana

• Após a Orogenia Eburniana o continente Africano era


formado por 4 unidades, como ilustra a figura 2 a seguir:

1. O Cratão de Zimbabwe juntou-se com o de Transvaal


(Kalahari);

2. O Cratão da Zâmbia juntou-se com o de Dodoma-Nyanza


formando o Cratão da Tanzânia;

3. O Cratão de Kasai juntou-se com o de Gabão-Camarões


formando o Cratão de Angola-Kasai; e

4. Cratão de Serra Leoa-Costa de Marfim juntou-se com o de


Mauritânia formando o Cratão Oeste-Africano.

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2. Após Orogenia Eburniana (Cont.)
• Figura 2 que mostra as 4 unidades que formavam o
continente Africano após a orogenia Eburniana.

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3. Após Orogenia Kibariana
• Após a Orogenia Kibariana o Continente Africano era
formado por 3 unidades, como ilustra a figura 3 a seguir:
1. Cratão de Zimbabwe-Transvaal = Cratão de Kalahari;
2. Cratão Centro-Africano = Cratão de Congo, resulta da
junção do cratão da Tanzânia com o de Angola-Kasai
3. Cratão Oeste-Africano.

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3. Após Orogenia Kibariana (Cont.)

• Durante a Orogenia Kibariana houve grande actividade


ígnea que culminou com a formação de Kimberlitos do
pérmico como:

- Complexo de Blow fontain;


- Complexo de Pain Berg do Cratão de Zimbabwe;
- Complexo de Andasítico no Cratão de Kasai (Angola);

• Ao mesmo tempo em algumas áreas houve acumulação


activa de sedimentos. A fase tectónica de Kibaride originou
granitos biotíticos e na fase pós tectónica houve intrusões de
grandes corpos biotíticos com quartzo e pegmatitos
equigranulares com muscovite e estanho.

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4. Após Orogenia Pan-Africana
• Após a Orogenia Pan-Africana o Continente Africano
permaneceu inalterado, ou seja continuava com as 3
unidades como na orogenia Kibariana como mostra a (fig.3):

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