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Caruaru
2017
Neila Patrícia Lins da Silva
Caruaru
2017
Neila Patrícia Lins da Silva
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Profª. Ms. Mirela Ricarte
Orientador (a)
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Profª. Ms. Juliana Barros
Avaliador (a)
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Profª. Ms. Camila Stor
Avaliador (a)
Caruaru
2017
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Resumo
O câncer cerebral e um dos tipos que vem sendo apresentado como uma das doenças
que mais matas crianças, no entanto o avanço tecnológico da neurocirurgia vem
proporcionando um maior quantitativo em sobrevidas. A literatura apresenta números
que trazem um alarmante dado, no qual lançam a hipótese de implicações
neuropsicológicas provenientes dos tratamentos oncológicos recebidos pelas crianças.
Neste sentido, o objetivo deste estudo foi identificar as alterações decorrentes dos
tratamentos oncológicos de cirurgia, radioterapia e quimioterapia em crianças e
adolescentes com até 19 anos de idade. Para tanto, foi conduzida uma revisão de artigos
publicados entre 2006 e 2016 nas bases de dados eletrônicas SciELO, PubMed,
PsycINFO e Ebsco. Dentre os seis artigos analisados, cinco deles apontaram que o
aumento de sobrevida vem acompanhado de alterações cognitivas, tais como déficits na
atenção, em funções executivas, na velocidade de processamento, na memória de
trabalho e na aprendizagem. E um dos artigos não apresentavam relação. Considerando
a relevância da identificação dos déficits cognitivos decorrentes do tratamento do câncer
para a melhoria da qualidade de vida do sujeito, acredita-se que é essencial que estudos
sobre essa relação sejam conduzidos no país.
Introdução
No Brasil, o INCA (2017) apresenta o câncer como a doença que mais mata
crianças e adolescentes. Essa afirmação se baseia em dados levantados no período de
2009 a 2013 em que mostra a mortalidade entre as faixas etárias, sendo: 12% dos casos
de óbitos entre 1 e 14 anos, 8% entre 1 e 19 anos e tendo 2.724 casos de óbitos em
2014. Dados atuais do Instituto apontam que no ano de 2017 estima-se o número de
12.600 novos casos de câncer infanto-juvenil, apresentando a leucemia com percentual
de 26%, os linfomas 14% e os tumores do SNC 13%.
Tendo em vista os impactos que esses déficits cognitivos trazem para a vida das
crianças, a neuropsicologia busca métodos para minimizar esses danos, uma vez que a
mesma possui ferramentas que mostram essas interferências de modo isolado ou em
conjunto. Tais ferramentas (por exemplo, aplicação de testes de rastreio e processo de
reabilitação) possibilitam avaliar e desenvolver estratégias de intervenções eficazes para
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o não avanço dos déficits, além de propiciar melhora qualidade de vida do sujeito
(LEZAK; HOWIESON; LORING, 2004).
Essa área da psicologia relaciona dois grandes aspectos do estudo sobre o câncer
infantil: o primeiro leva em consideração a imaturidade do cérebro, apontando para a
maior vulnerabilidade às neurotoxinas do tratamento (DUFFENER, 2010); o segundo
leva em consideração os tumores do SNC, pois um evento nessa área pode levar a uma
nova reorganização dos processos naturais de maturação, tendo perdas significativas no
desenvolvimento cognitivo (MELLO; MIRANDA; FELDMAN; SINNES; BARBOSA;
BELTRAMI, 2006).
Método
Material
Procedimento
Após a seleção das bases de dados, foram definidos os descritores. Para isso,
uma busca prévia foi realizada nas bases selecionadas para confirmar a presença ou
ausência de resultados para cada um dos descritores. Foram utilizados nesta revisão
sistemática quatro eixos com os seguintes descritores: (1) “tumor cerebral” (“brain
tumor”) AND (2) déficit cognitivo (“cognitive déficit”) OR “neurocognitivo”
(“neurocognitive”) AND (3) “efeitos tardios” (“late effects”) AND (4) “infância”
(“childhood”).
Os critérios de inclusão dos artigos foram: (a) apresentar estudos empíricos, (b)
ter como população crianças e adolescentes com até 19 anos de idade, (c) estar
publicado nos idiomas português, inglês ou espanhol, (d) estar disponível na íntegra na
base de dados na modalidade de artigo científico e (e) ter sido publicado no período de
01/01/2006 até 31/12/2016. Foram excluídos os artigos que se tratavam de estudos
teóricos e revisões sistemáticas. Dissertações e teses também não foram consideradas.
Figura 1. Fluxograma
Resultados
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tratamento e alterações cognitivas (GARCIA et. al., 2014; LEAH et. al., 2009;
ARMSTROG, 2010; LOPES, et, al., 2013; MABBOTT, et, al., 2008) outro não
apresentou ligações acima citada (SANTOS et al., 2013).
No que diz respeito aos grupos clínicos, todos os artigos analisados levaram em
consideração a idade que receberam o diagnóstico, tempo entre diagnóstico e a avalição
neuropsicológica, diagnóstico e tratamento recebido, localização do tumor e tipos de
testes realizados.
Nos estudos de Garcia et. al. (2014); Leah et. al. (2009); Armstrong, (2010),
Lopes, et. al., (2013); Mabbott (2008) foram apresentados várias faixas etárias nos
testes o que dificulta uma ligação exata entre idade e as alterações neuropsicológicas
provenientes dos tratamentos. Porém, foi observado que quanto mais recente estiver o
processo Maturacional do SNC expostas as neurotoxinas, maiores serão os riscos, de
forma que é pertinente ressaltar que, ainda, em relação aos danos relacionados à idade
existem os critérios associados como, a natureza da lesão, tratamento adotado e
intensidade dos mesmos.
Garcia et. al. (2014) em seu estudo apresentou um grupo de crianças que
passaram por remoção de tumor sem a necessidade de RT e QT coaduna com a
literatura observando que nem a idade nem o tamanho do tumor tiveram relevância
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Discussão
avaliações, apresentando uma vasta gama de testes e deixando sugestões para novas
investigações.
Em Mabbott et. al. (2008) não foram apresentados dados entre idade e
alterações, nem tamanho do tumor, o que foi apresentado é que a localização do tumor
mostra o quanto de devastação pode-se observar, leva em consideração que quando o
tumor é apresentado do lado esquerdo (hemisfério responsável por toda parte lógica) os
déficits são mais severos. Outra variável que também não influenciou nos resultados dos
estudos foi o sexo. Em relação a variável tempo de tratamento, Santos et. al. (2013)
apresenta que com um curto período de tratamento não foram notadas alterações no
desenvolvimento cognitivos das crianças. Já para as alterações de médio e longo prazo
Armstrong et. al. (2010) e Leah et. al (2009) apresentam dados positivos nos adultos
que tiveram câncer na infância e foram avaliados.
Considerações finais
longo prazo e de trabalho, entre outros danos psiquiátricos, tais como, depressão,
transtorno de personalidade e transtornos alimentares. Esta pesquisa objetivou
desenvolver uma revisão do diálogo entre o vasto campo da neuropsicologia e oncologia
pediátrica, o que nos aguça o interesse de novos estudos na área para a obtenção de
dados que possibilite traçar um método em que a neuropsicologia possa agregar aos
tratamentos oncológicos com suas baterias de avaliações e seu processo de reabilitação.
Referências
DUFFNER, P. K. Risk factors for cognitive decline in children treated for brain tumors.
European Journal of Paediatric Neurology, v. 14, p. 106-115. 2010.
LOPES, A. P.; TELDESCHE, A.L.; MIELE, F.; MESQUITA, C.; BORGES, M. C.;
COUTINHO, G.; MATTOS, P. Neuropsychological assessment before and after
radiotherapy in a child with an intracranial tumor: case report. Trends Psychiatry
Psychother, v. 35(4), p.299-303, 2013.
MABBOTT, D. J.; PENKMAN, L.; WITOL, A.; STROTHER, D.; BOUFFET,E. Core
neurocognitive functions in children treated for posterior fossa tumors.
Neuropsychology, v. 22(2), p. 159–68, 2008.
MULHERN, R. K.; MERCHANT, T. E.; GAJJAR, A.; REDDICK, W. E.; KUN, L.E.
Late neurocognitive sequelae in survivors of brain tumours in childhood. The Lancet,
5(July), 399–408, 2004. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1470204504015074>. Acesso em:
27 de junho de 2017.
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NOOGLE, C.; DEAN, R. The neuropsychology of cancer and oncology. Nova Iorque:
Springer, 2013.
SANTOS, M. Z.; SARDÁ JÚNIOR, J. J.; MENEZES, M.; THIEME, A. L.et al.
Avaliação do desenvolvimento cognitivo de crianças com câncer por meio do DFH III.
Avaliação Psicológica. Santa Catarina, v. 12(3), p. 325-332, 2013.
Referências