Os dois rins contêm em torno de 2.400.000 unidades funcionais, chamadas néfrons O néfron compõe-se de glomérulo, túbulos contornados (proximal e distai), alça de Henle e tubo coletor. O glomérulo ou corpúsculo renal é formado pelo tufo glomerular e cápsula de Bowman. O tufo glomerular é constituído de três tipos de células especializadas: células endoteliais, que revestem o lúmen dos capilares; células mesangiais, localizadas entre as alças dos capilares glomerulares, na região denominada mesângio, dão suporte estrutural ao glomérulo. São unidades contráteis que participam da regulação da filtração glomerular, secretam substâncias, captam imunocomplexos e estão envolvidas na ocorrência de doenças glomerulares. Por último, as células epiteliais viscerais, também conhecidas como podócitos, que se localizam na superfície externa dos capilares. As células epiteliais formam os processos podocitários, que são prolongamentos que se interdigitam, formando fendas de filtração ao longo da parede capilar. A cápsula de Bowman é revestida por uma camada de células epiteliais parietais. Fisiologia renal Os rins exercem inúmeras funções. A principal delas é manter o volume e a composição química dos líquidos corporais dentro de limites adequados à função celular. A parada súbita da função renal coloca o indivíduo em perigo de morte, pois logo é prejudicado o funcionamento das funções de diversos outros órgãos e sistemas (coração, sistema nervoso, pulmões etc.). Os rins também apresentam funções endócrinas e, deste modo, participam de outros mecanismos essenciais de manutenção da vida. Assim, atuam no controle da pressão arterial pela produção da renina, que irá induzir a síntese da angiotensina li, um potente agente vasoconstritor e importante estímulo para a secreção de aldosterona e para desencadear o mecanismo da sede. O tecido renal é o principal local para a síntese da eritropoetina, hormônio que regula a produção de hemácias pela medula óssea. O hormônio antidiurético (HAD) aumenta a permeabilidade do tubo coletor à água, o que possibilita a eliminação de solutos em menor quantidade de água, concentrando a urina e poupando água para o organismo. O hormônio paratireoidiano (PTH) atua no túbulo proximal, ampliando a síntese intracelular do AMP- cíclico e, deste modo, aumentando a absorção de cálcio e de magnésio e inibindo a absorção de fosfato e de bicarbonato. Filtração glomerular. A formaç.ão de urina tem início no glomérulo, no qual se processa a filtração de aproximadamente 1.200 ml de sangue por minuto. A determinação do volume de ultrafiltrado formado por minuto pelos rins constitui a taxa de filtração glomerular (TFG). Aporte sanguíneo e filtração glomerular. Os rins recebem aproximadamente 25% do total do volume sanguíneo ejetado pelo coração a cada minuto. O FPR e a filtração glomerular são mantidos estáveis graças a um eficiente mecanismo de autorregulação, mesmo quando a pressão arterial média sofre amplas variações. Permeabilidade glomerular. Os capilares glomerulares apresentam elevada permeabilidade à água e a pequenos solutos como eletrólitos, glicose, ureia e aminoácidos. Função tubular. Os túbulos processam, por meio de mecanismos de absorção e secreção, todo o volume de líquido ultrafiltrado pelos glomérulos- cerca de 180 f. por dia- resultando na eliminação de 1.500 a 2.500 mililitros de urina por dia. As alterações do volume compreendem a oligúria, a anúria e a poliúria. Enquanto a disúria, a urgência, a polaciúria, a hesitação, a noctúria, a retenção urinária, a incontinência e a piúria compreendem as alterações da micção. Oligúria. Caracteriza-se por excreção de um volume de urina inferior às necessidades de excreção de solutos. A oligúria costuma decorrer de redução do fluxo sanguíneo renal (desidratação, hemorragia, insuficiência cardíaca) ou por lesões renais (glomerulonefrite aguda, necrose tubular aguda). .,.. Anúria. Caracteriza-se por volume urinário inferior a 100 mf/24 h. Anúria ocorre na obstrução bilateral das artérias renais ou dos ureteres, na necrose cortical bilateral e insuficiência renal aguda (IRA) grave. .,.. Poliúria. Corresponde a um volume urinário superior a 2.500 mf! dia. Existem 2 mecanismos básicos de poliúria: por diurese osmótica, decorrente da excreção de um volume aumentado de solutos, determinando maior excreção de água (p. ex., diabetes melito descompensado), ou por incapacidade de concentração urinária (p. ex., diabetes insípido, hipopotassemia). Disúria. É a nomenclatura dada à micção associada à sensação de dor, queimor ou desconforto. Ocorre na cistite, prostatite, uretrite, traumatismo geniturinário, irritantes uretrais e reação alérgica. .,.. Urgência. Corresponde à necessidade súbita e imperiosa de . unnar. .,.. Polaciúria. Caracteriza-se pelo aumento da frequência miccional, com intervalo entre as micções inferior a 2 h e sem que haja concomitante aumento do volume urinário; traduz irritação vesical. Nictúria ou noctúria. Caracteriza-se quando o ritmo de diurese se altera, havendo necessidade de esvaziar a bexiga durante a noite. Reflete a perda da capacidade de concentrar a urina, como ocorre na fase inicial da insuficiência renal crônica, podendo-se observar nos pacientes com insuficiência cardíaca ou hepática que retêm líquido durante o dia, principalmente nos membros inferiores. Quando eles se deitam à noite, o excesso de líquido retido retoma à circulação, resultando em aumento da diurese. Retenção urinária. É a incapacidade de esvaziar a bexiga, apesar de os rins estarem produzindo urina normalmente e o indivíduo apresentar desejo de esvaziá-la. lncontinênàa urinária. É a eliminação involuntária de urina, sendo normal em crianças até 1 ano e meio de idade, ocorrendo também na bexiga neurogênica, nas cistites e aos esforços quando há alteração dos mecanismos de contenção da urina (lesões tocoginecológicas, principalmente em mulheres multíparas). As principais alterações da cor e aspecto da urina são a ocorrência de urina avermelhada (hematúria, hemoglobinúria, mioglobinúria e porfirinúria) e urina turva, outra condição em que a cor da urina se altera. Urina turva, formando depósito esbranquiçado e quase sempre com odor desagradável, está associada à infecção urinária, seja cistite, pielonefrite, abscesso renal, perirrenal, uretral ou prostático. Urina com aumento da espuma Decorre da eliminação aumentada de proteínas na urina, presente em glomerulonefrites, nefropatia diabética, nefrites intersticiais. Mau cheiro O odor característico de urina decorre da liberação de A'amo ma. Cólica renal ou nefrética. Esta denominação é dada a um tipo especial de dor decorrente de obstrução do trato urinário, com dilatação súbita da pelve renal ou do ureter, que se acompanha de contrações da musculatura lisa dessas estruturas. A dor da cólica renal costuma começar no ângulo costovertebral, acometer a região lombar e flanco, irradiando-se para a fossa ilíaca e região inguinal, alcançando o testículo e o pênis, no homem, e o grande lábio, na mulher. Dor hipogástrica ou dor vesical. É a dor originada no corpo da bexiga que geralmente é percebida na região suprapúbica. Quando ela decorre de irritação envolvendo a região do trígono e do colo vesical, a dor irradia-se para a uretra e meato externo, podendo ser relatada como uma sensação de queimor. A retenção urinária completa aguda acompanha-se de dor intensa na região suprapúbica e intenso desejo de urinar. .,.. Estrangúria ou tenesmo vesical. É perceptível quando há inflamação vesical intensa, podendo provocar a emissão lenta e dolorosa de urina, chamada estrangúria, e que é decorrente de espasmo da musculatura do trígono e colo vesical . .,.. Dor perineal. É decorrente normalmente da infecção aguda da próstata, que causa dor perineal intensa, sendo referida no sacro ou no reto. Pode causar também estrangúria.