Você está na página 1de 39

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FRANCISCO HINÁIO DE PAIVA

LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO UTILIZANDO DIFERENTES


EQUIPAMENTOS TOPOGRÁFICOS

MOSSORÓ - RN
2012
FRANCISCO HINÁIO DE PAIVA

LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO UTILIZANDO DIFERENTES


EQUIPAMENTOS TOPOGRÁFICOS

Monografia apresentada à Universidade


Federal Rural do Semi - Árido - UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas para a obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. DSc. Francisco de Assis


de Oliveira - UFERSA

MOSSORÓ - RN
2012
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e
catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
P149l Paiva, Francisco Hináio de.
Bibliotecária: Levantamento planimétrico utilizando diferentes equipamentos
Vanessa de topográficos. / Francisco Hináio de Paiva. -- Mossoró, 2012.
Oliveira
38 f.: il.
Pessoa
CRB15/453
Monografia (Graduação em Ciência e tecnologia) –
Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
Orientador: Francisco de Assis de Oliveira.

1.GPS. 2. Receptor de navegação. 3. Levantamento topográfico.


I. Título.

CDD: 526.98
FRANCISCO HINÁIO DE PAIVA

LEVANTAMENTO PLANIMÉTRICO UTILIZANDO DIFERENTES


EQUIPAMENTOS TOPOGRÁFICOS

Monografia apresentada à Universidade


Federal Rural do Semi - Árido - UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas para a obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.
AGRADECIMENTOS

Á Deus que esteve sempre presente na minha vida, ajudando-me em todos os sentidos;

Aos meus pais que sempre me apoiaram durante toda a minha jornada acadêmica e
sempre estiveram do meu lado dando força para vencer os desafios da vida;

Ao meu amigo Elias Marques Dias que me ajudou muito durante todo esse tempo que
me encontrei nesta universidade;

Ao meu amigo Paulo Augusto Nogueira, no qual estudamos juntos por muitos anos,
além de estudarmos algumas disciplinas juntos ainda hoje;

A todos os meus amigos que sempre me apoiaram nos momentos mais difíceis;

Aos amigos do Grupo de Pesquisa em Irrigação e Nutrição de Plantas


(IRRIGANUTRI) pela importante na coleta de dados, principalmente aos seguintes
componentes: Lilia, Ronimeire, Juliana, Mardones e Luan;

Aos meus amigos da Vila Acadêmica da UFERSA, em especial a todos da casa 13


masculina na qual faço parte.

Ao meu professor e orientador Dr. Francisco de Assis de Oliveira (Thikão) pela


dedicação ao meu trabalho e todo o conhecimento e experiência que pude adquirir;

Aos meus irmãos que contribuíram financeiramente para que eu pudesse me manter
aqui nessa universidade.
RESUMO

Os receptores GPS de mão ou navegação estão se tornando cada vez mais populares.
Devido a facilidade de manipulação e preço acessível, seu uso para em levantamentos
planimétricos vem aumentando consideravelmente, podendo haver erros nas estimativas
das dimensões de terrenos. Este trabalho teve como objetivo estudar e aplicar o GPS de
navegação em levantamentos planimétricos de pequenas áreas, e avaliar o seu
desempenho por meio de comparações com equipamentos tradicionais usados em
topografia. Foram realizados levantamentos planimétricos de três poligonais de
dimensões diferentes, utilizando o aparelho receptor GPS de navegação, um Teodolito
Eletrônico e uma trena. Em cada poligonal foram realizadas duas repetições nos
levantamentos realizados com o GPS e o Teodolito, e uma repetição com a trena. Os
dados obtidos foram trabalhados utilizando software topográficos (Track Maker e
MapSource) para determinação de comprimento de lados e perímetros, e das áreas das
poligonais. A partir dos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que o GPS de
navegação apresentou variações nas dimensões das poligonais das dimensões em
comparação com o teodolito eletrônico. A trena apresenta maior erro no levantamento,
principalmente em áreas de maior dimensão. O GPS de navegação é uma ferramenta de
trabalho muito eficiente para trabalhos preliminares de topografia.

Palavras chave: GPS. Receptor de navegação. Levantamento topográfico.


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comprimento de lados e perímetro da poligonal P1 determinados com


diferentes equipamentos ................................................................................................. 30
Gráfico 2 - Áreas da poligonal P1 determinadas com diferentes equipamentos ......... 31
Gráfico 3 - Comprimento de lados e perímetro da poligonal P2 determinados com
diferentes equipamentos ................................................................................................. 32
Gráfico 4 - Áreas da poligonal P2 determinadas com diferentes equipamentos ......... 33
Gráfico 5 - Comprimento de lados e perímetro da poligonal P3 ................................. 33
Gráfico 6 - Áreas da poligonal P3 determinadas com diferentes equipamentos ......... 34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados de campo coletado com o GPS no levantamento da Poligonal P1 ... 25


Tabela 2 - Dados de campo coletado com o GPS no levantamento da Poligonal P2 ... 26
Tabela 3 - Dados de campo coletado com o GPS no levantamento da Poligonal P3 ... 27
Tabela 4 - Dados de campo coletado com o Teodolito eletrônico no levantamento das
poligonais ....................................................................................................................... 29
Tabela 5 - Dados de campo coletado com a Trena no levantamento das poligonais .... 30
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelos de diastímetros (Trena de lona (A) e de fibra de vidro (B)) ......... 12
Figura 2 - Esquema do levantamento planimétrico por irradiação............................... 14
Figura 3 – Esquematização de um levantamento planimétrico por intercessão ........... 15
Figura 4 - Representação do alinhamento curvo e da linha auxiliar traçada ................ 15
Figura 5 - Representação esquemática de um levantamento por caminhamento ......... 16
Figura 6 - Visão aérea do terreno da área utilizada no trabalho ................................... 20
Figura 7 - Esquematização do terreno dividido nas áreas estudadas............................ 21
Figura 8 - Teodolito eletrônico utilizado no levantamento........................................... 21
Figura 9 - Esquema do terreno com a estação no seu interior. ..................................... 22
Figura 10 - GPS de navegação utilizado neste trabalho ............................................... 23
Figura 11 - Trena utilizada neste trabalho .................................................................... 24
Figura 12 - Vista aérea (Google earth) da poligonal P1 delimitada pela coordenadas
coletadas com o GPS Garmin. ........................................................................................ 26
Figura 13 - Vista aérea (Google earth) da poligonal P2 delimitada pela coordenadas
coletadas com o GPS Garmin ......................................................................................... 27
Figura 14 - Vista aérea (Google earth) da poligonal P3 delimitada pela coordenadas
coletadas com o GPS Garmin. ........................................................................................ 28
SUMÁRIO

Sumário
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 11
2.1. Importância da topografia para projetos de engenharia................................................. 11
2.2. Processos de medição de distâncias............................................................................... 12
2.3. Tipos de levantamentos topográficos ............................................................................ 12
2.3.1.Levantamento por irradiação......................................................... .................... ..13
2.3.2.Levantamento por interseção.................................................... .................... .......14
2.3.3.Levantamento por ordenadas............................................. ................... ...............15
2.3.4.Levantamento por caminhamento ou poligonação................ .................. ............16
2.4.1.Tipos de Receptores GPS............................................................................ .........17
2.4.1.1.GPS de Navegação.................................................... ................... ...........17
2.4.1.2.DGPS – GPS diferencial................................................ ..................... ....18
2.4.1.3.Cadastrais...................................................................................... ......... .18
2.4.1.4.Topográficos................................................................................. .......... .18
2.4.1.5.Geodésicos............................................................................. ............... ..18
2.4.2.Uso de GPS de navegação em levantamentos topográficos............... ................. 19
2.4.2.1.Vantagens e limitações do uso de GPS de navegação em levantamentos
topográficos................ ....................................................................................................... .......19
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 20
3.1. Caracterização e localização da área de estudo ............................................................. 20
3.2. Levantamento topográfico realizado com o teodolito ................................................... 21
3.3. Levantamento topográfico realizado com o gps de navegação ..................................... 23
3.4. Levantamento topográfico realizado com a trena.......................................................... 24
3.5. Análise dos dados .......................................................................................................... 24
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 25
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 36
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 37
10

1. INTRODUÇÃO

Levantamentos planialtimétricos topográficos ou geodésicos, quer seja nas áreas


de irrigação e drenagem, execução de barragens, sistemas de abastecimento de água e
esgoto sanitário ou área civil são fundamentais, tendo em vista que todo o projeto
necessita de planta topográfica (SILVEIRA, 2000).
Um dos adventos mais importantes da tecnologia utilizada nos levantamentos
sobre a superfície da Terra foi o surgimento do Sistema de Posicionamento Global,
conhecido mundialmente pela sigla GPS. O GPS é um sistema de navegação eletrônica
baseado numa rede de satélites artificiais que permitem a obtenção instantânea do
posicionamento tridimensional (latitude, longitude e altitude), velocidade e tempo. Estas
informações podem ser obtidas em qualquer ponto da superfície terrestre, a qualquer
momento, sob quaisquer condições atmosféricas, ininterruptamente (LAZZAROTTO,
2000).
A disponibilidade de GPS no mercado é bastante diversificada; os receptores vêm
evoluindo a cada dia, minimizando a interferência, melhorando blindagens e reduzindo
ruídos. Os preços de GPS variam muito, sendo os mais acessíveis a partir de US$ 300,00 e
os mais caros podem custar US$ 40 mil. Essa variação no preço é basicamente devido à
tecnologia utilizada no receptor. Há modelos que são propícios para navegação e outros
que são utilizados para levantamentos topográficos e que chegam a ter precisão de 2 a 20
cm, como receptores geodésicos, utilizando o posicionamento diferencial (REID, 1998).
Entre os vários tipos de GPS, destaca-se o GPS de navegação, que apesar de não
apresentar alta precisão, possui a vantagem de preço acessível, além de ser fácil de operar,
podendo ser usado em trabalhos topográficos simples. No entanto, estudos avaliando a
precisão desses equipamentos na determinação de áreas, agrícolas ou urbanas, têm
demonstrado que o uso indiscriminado destes receptores tem ocasionado em dados
errôneos na determinação de áreas ou de perímetros (LUZ et al., 1996; CÂMARA;
SILVA, 2005; STABILE et al., 2006).
Diante do exposto, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo avaliar o uso de
GPS de navegação na determinação de áreas e perímetros, e avaliar a precisão destes
receptores por meio de comparações com outros equipamentos usados em topografia.
11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Importância da topografia para projetos de engenharia
Antigamente, o estudo da topografia era feito em locais restritos, isso
porque o principal foco era reduzir os problemas que a curvatura da terra provocava na
representação. Porém, depois surgiu a necessidade de obter representações de
superfícies cada vez maiores, isso, por sua vez fez com que a limitação do território
fosse alargada e a curvatura da terra teve de ser considerada (RIBEIRO et al., 2006 ).
Devido ao fenômeno citado anteriormente a topografia passou a relaciona-se
com a geodésia. Esta permite considerar a curvatura da terra em um estudo topográfico
de terrenos de grandes dimensões. Os sistemas de referências geodésicos são adotados
internacionalmente (RIBEIRO et al., 2006).
Segundo Loch (2000), a topografia consiste no conhecimento dos instrumentos
e métodos os quais têm por finalidade determinar o contorno, dimensão e posição
relativa de uma porção limitada da superfície terrestre, sem considerar a curvatura
resultante da esfericidade terrestre.
Muitos trabalhos de engenharia, arquitetura e agronomia, faz-se necessário o
uso adequado da topografia. Na construção civil é de fundamental importância um
estudo conveniente do terreno onde será construído a obra. Isso contribui para o bom
aproveitamento do terreno acarretando consequências econômicas, técnicas e estéticas
da obra. O conhecimento topográfico é indispensável até mesmo no acompanhamento
da execução da obra (GIACOMIN et al., 2009).
Os trabalhos de engenharia civil, arquitetura, urbanismo, agrícola, e outras
engenharias, são desenvolvidos sobre o terreno onde poderá ter obras viárias,
hidrografia, projetos de irrigação, reflorestamentos, etc. Os conhecimentos da
topografia poderão ser usados em diversas áreas, tais como: agronomia, para práticas
conservativas do solo; engenharia agrícola para, por exemplo, projetos de irrigação e
drenagem; engenharia florestal em urbanismo; engenharia de pesca para a construção
de tanques; engenharia civil para a criação de rodovias (VERA JÚNIOR et al., 2003).
12

2.2. Processos de medição de distâncias


Para a medição de distâncias existem dois tipos de processos: os diretos e os
indiretos. No processo direto a distância é obtida através de diastímetros, que são
unidades retilíneas aplicadas no terreno. A trena é o diastímetro mais comum que
existe, podendo ser de lona, aço ou fibra de vidro.

Figura 1 - Modelos de diastímetros (Trena de lona (A) e de fibra de vidro (B))


A B

No processo direto, se a distância a ser medida for maior do que o


comprimento da trena, deverá ser feito a materialização do alinhamento do terreno.
Assim é necessário subdividir o alinhamento que será medido em trecho menor de
modo que a trena seja suficiente para medir.
No processo indireto não há a necessidade de percorrer ao alinhamento, pois
nesse tipo de processo é instalado um instrumento em um extremo do alinhamento e
um complemento no outro extremo. A distância pode ser através de dois princípios:
ótico (estadimetria) ou físico (propagação de ondas eletromagnéticas).

2.3. Tipos de levantamentos topográficos

Os principais métodos de levantamentos topográficos planimétricos


utilizados são: ordenadas, irradiação, interseção e caminhamento. Independente do
método escolhido, é necessário que ele seja utilizado de forma conveniente no
levantamento topográfico para uma melhor eficiência.
Quando se faz um levantamento topográfico em uma determinada região é
obtido com precisão os elementos necessários e suficientes ao desenho de sua planta
13

na escala conveniente. Esses elementos são os ângulos e distâncias que definirão, no


desenho, as posições, tanto planimétricas como altimétricas, dos pontos levantados.
Na execução de um levantamento topográfico pode-se considerar três fases
importantes:
1) Reconhecimento da área: nessa fase é analisada a região a ser levantada , daí
escolhendo os principais vértices da poligonal básica do levantamento, escolhendo
e determinando o ponto de partida do levantamento. Caso seja necessário
determinar, neste ponto, o valor da declinação magnética para a orientação da
planta. Nesta fase do levantamento, deverá conter no terreno piquetes e estacas
testemunhas.
2) Levantamento da poligonal básica: depois de ter escolhido o ponto de partida, é
iniciado o levantamento da poligonal básica, percorrendo-se todo o seu perímetro
até seu fechamento. Os dados obtidos deverão ser registrados, de preferência, em
cadernetas apropriadas.
3) Levantamento de detalhes: depois que é fechado a poligonal básica é lançada
poligonais abertas no interior da área, partindo de vértices escolhidos no perímetro.

Depois de ter em vista o reconhecimento do terreno, os trabalhos e os


equipamentos necessários que serão utilizados no levantamento, tem-se diversos
métodos de levantamento topográfico, tais como: levantamento por irradiação;
levantamento por ordenadas; levantamento por interseção e levantamento por
caminhamento ou poligonação,

2.3.1. Levantamento por irradiação

Segundo Ângulo Filho (2007), o levantamento por irradiação ( também chamado


de método das coordenadas polares) é um método com uma precisão aceitável e boa
quando o operador torna-se cuidadoso. Além disso, é um método bastante simples
aplicado em áreas pequenas, uma vez que ele baseia-se na medição de alinhamentos
(ângulos e distâncias) formados pelo ponto de estacionamento do aparelho e os
vértices do perímetro, sendo, geralmente um método auxiliar para o levantamento por
caminhamento.
14

No trabalho de campo referente a esse método, o ponto escolhido, podendo ser


dentro (Figura 2A) ou fora da área (Figura 2B), deve visar todos os vértices do
perímetro, de modo que seja possível anotar os ângulos horizontais e as distâncias
entre a estação do teodolito e o ponto visado. Se, por acaso, o terreno a ser levantado
tiver algum lado curvo, é necessário fazer um número maior de radiações para um
bom delineamento das curvas (Figura 2C).

Figura 2 - Esquema do levantamento planimétrico por irradiação

A. B. C.

2.3.2. Levantamento por interseção

O método da interseção também é conhecido como método das coordenadas


bipolares. Assim como no método da irradiação, este método é empregado para
pequenas superfícies, mas de relevo acidentado. (BRANDALIZE et al. , 2008).
Após a marcação do contorno da superfície a ser estudada, através desse método é
localizado, estrategicamente, dois pontos (P) e (Q), dentro ou fora da superfície
demarcada de modo que possa ser avistados todos os demais pontos que a definem.
Feito isso mede-se a distância horizontal entre os dois pontos estratégicos (P) e (Q),
que constituirão uma base de referência. (BRANDALIZE et al. , 2008 )
A medida da distância fica a critério de quem ta fazendo o levantamento, podendo
ser determinado através de método direto, indireto ou eletrônico. Para a determinação
dos ângulos pode-se usar teodolitos ópticos ou eletrônicos. Para tal levantamento, a
precisão dependerá do tipo de dispositivo ou equipamento utilizado.
15

A Figura 3 ilustra uma superfície demarcada por sete pontos com os pontos (P) e
(Q) estrategicamente localizados no interior da mesma. De (P) e (Q) são medidos os
ângulos horizontais entre a base e os pontos (1 a 7).

Figura 3 – Esquematização de um levantamento planimétrico por intercessão

2.3.3. Levantamento por ordenadas

O levantamento por ordenadas consiste em um método usado para alinhamentos


curvos, sendo auxiliar ao método de caminhamento ou poligonação. Nesse método é
traçado um alinhamento auxiliar e, a partir daí, levantam-se tantas ordenadas quantas
forem necessárias para a representação do alinhamento que se está levantando. A
Figura 4 mostra um esquema do alinhamento curvo com a presença da linha auxiliar
(VERA JÚNIOR et al., 2003).

Figura 4 - Representação do alinhamento curvo e da linha auxiliar traçada


16

2.3.4. Levantamento por caminhamento ou poligonação

Esse tipo de levantamento consiste em se caminhar ao longo da poligonal em


que se deseja levantar, medindo os ângulos e as distâncias entre os vários alinhamentos
que constituem a poligonal. Além de ser empregado para áreas pequenas ( como os
métodos anteriores), este tipo de levantamento também é utilizado para áreas grandes,
portanto, é o método mais utilizado e também que apresenta um maior controle em
termos de erros de fechamento angular e linear. Os métodos anteriores são, na verdade,
complementos do método de caminhamento. Na Figura 5 é mostrado um esquema de
um levantamento por caminhamento com a orientação do norte magnético (VERA
JÚNIOR et al., 2003).

Figura 5 - Representação esquemática de um levantamento por caminhamento

2.4. Sistema de Posicionamento Global (GPS)

O GPS (Global Positioning System) é um sistema de posicionamento de


cobertura global que teve origem nos Estados Unidos da América, sendo criado com
base em um sistema análogo, iniciado em 1960 pela Força Aérea dos E.U.A. e pela
NASA, o sistema TRANSIT. Esse sistema baseia-se na medição de distâncias através
de tempos de percurso e diferença de fase de sinais eletromagnéticos emitidos por uma
constelação de satélites artificiais. Além disso, o mesmo pode ser utilizado em
qualquer ponto da superfície da terra. (ANTUNES, 1995)
17

O sistema de posicionamento global (GPS) surgiu devido a guerra fria, onde o


principal foco era obter, em tempo real a posição exata de alguma entidade do mundo
real como, por exemplo, veículo, embarcação e o próprio homem. No ano de 1957 os
soviéticos lançaram o satélite SPUTIK I, e a partir daí começou a utilização de
satélites para o posicionamento geodésico. Dez anos depois foi liberado, para uso
civil, o sistema denominado Navy Navigation Satellite System (NNSS), também
chamado de Transit. Em 1973 o Departamento de defesa (DoD) dos Estados Unidos
projetou o Global Positioning system (GPS) para oferecer a posição instantânea, a
velocidade e o horário de um ponto qualquer sobre a superfície terrestre (BORGES,
2002 ).
Atualmente é muito comum o uso do GPS em aplicações topográficas. Isso
acontece muito porque os usuários, em um levantamento de uma área, tentam ocupar o
máximo de pontos com o GPS. Porém, pode ocorrer casos de alguns pontos não
poderem ser ocupados por o mesmo. Para esse caso é sugerido realizar uma poligonal
topográfica do tipo “aberta apoiada”, onde, esse tipo de poligonal inicia-se e termina
em pontos conhecidos levantados pelo uso do posicionamento com GPS, e os pontos
intermediários são levantados a partir de medições de ângulos e distâncias horizontais
onde normalmente é utilizado estação total (AZAMBUGA; MATSUOKA; 2007).

2.4.1. Tipos de Receptores GPS

Existem vários tipos de receptores GPS, onde, podemos citar: receptores de


navegação, GPS diferencial, cadastrais, topográficos e geodésicos. Esses aparelhos são
descritos com as precisões fornecidas pelos fabricantes. Porém, alguns vendedores
superestimam a capacidade do seu produto com o objetivo de vendê-lo, assim, o
consumidor deve ficar atento a esse tipo de coisa e procurar escolher um equipamento
adequado as suas necessidades. Abaixo são descritos cada um dos receptores citados
anteriormente (BORGES, 2002 ).

2.4.1.1. GPS de Navegação


Os equipamentos de navegação são aqueles que nos mostram o tempo real,
sendo baseado no código C/A ou P. Em C/A a precisão é de 5 a 15 metros, com o SA
desligado e precisão PPS (código P) da ordem de 3 a 10 metros. Vale ressaltar que o
código P é restrito ao uso das forças militares norte americano.
18

2.4.1.2. DGPS – GPS diferencial


Esse tipo de equipamento é semelhante ao de navegação, porém, possui um link
de rádio que é utilizado para receber as correções diferenciais provenientes de uma
estação base. Com essas possíveis correções em tempo real, é possível eliminar o
maior erro do GPS que é AS, obtendo-se precisões da ordem de 1 a 3 metros.

2.4.1.3. Cadastrais
São os aparelhos que trabalham com código C/A ( aparelhos de SIG) e os que
trabalham com a fase da portadora L1 (o código C/A é o modulado sobre ela), através
da resolução da ambiguidade de cada satélite.
A grande diferença deste tipo de equipamento é a sua capacidade de aquisição e
armazenamento de dados alfanuméricos associados às feições espaciais levantadas
(ponto, linha e área). Este equipamento é utilizado para levantamentos cadastrais de
escala 1:50.000 ou menor, sendo que o pós-processamento é realizado em gabinete
com o uso de software específico.

2.4.1.4. Topográficos
São aparelhos que possuem uma precisão da ordem de 1 cm, sendo considerados
cadastrais por ser semelhante a este, e são utilizados para levantamentos topográficos
que permitem aquisição de dados para escalas 1:2000 ou menor. O pós-processamento
é realizado da mesma forma que nos aparelhos cadastrais.

2.4.1.5. Geodésicos
Este tipo de aparelho possui dupla frequência (sofrem menos interferência da
ionosfera), recebendo a frequência L1 (e código C/A) e a frequência L2 (código C/A
ou P). Estes instrumentos são indicados para trabalhos geodésicos como transportes de
coordenadas e controle de redes. Sendo utilizados em trabalhos topográficos
conseguem produtos de escala 1:1000, ou menor. O pós-processamento é realizado da
mesma forma que nos aparelhos cadastrais e topográficos, ou seja, em gabinete
utilizando-se um software específico.
19

2.4.2. Uso de GPS de navegação em levantamentos topográficos

Os receptores de navegação usam o posicionamento por ponto (absoluto) simples


em tempo real para fornecer a sua posição de modo instantâneo. Porém, não são
capazes de armazenar as observáveis de pseudodistância e/ou fase da onda portadora
(também chamados de “dados brutos”) transmitidas pelos satélites GPS (MATSUOKA
et al., 2008).
A GARMIN divulgou o protocolo de entrada e saída de dados de alguns modelos
de receptores de navegação GPS onde, a partir daí, foram desenvolvidos programas de
computador capazes de obter os dados brutos daí advindos. Tais programas tornam
possível extrair as informações necessárias para a geração de um arquivo de dados de
receptores de navegação de modo a realizar pós-processamento e o posicionamento
relativo (MATSUOKA et al., 2008).

2.4.2.1. Vantagens e limitações do uso de GPS de navegação em levantamentos


topográficos
O uso de GPS de navegação para levantamentos topográficos precisa ser
analisado a partir de diferentes pontos de vista. Dentre as vantagens do uso desta
tecnologia, pode-se destacar o preço acessível e a facilidade de manuseio.
Segundo Borges (2002) o uso do GPS de navegação apresenta algumas vantagens,
tais como: o sistema é totalmente gratuito; quando se usa GPS em algum levantamento
não é necessário um aumento da equipe de campo; a qualificação dos usuários não
exige conhecimentos específicos como nos casos das técnicas convencionais; as
informações obtidas são geralmente armazenadas no próprio aparelho. Porém, esse
sistema apresenta algumas limitações como, o fato de o sinal de transmissão poder ser
interrupta pelos satélites e o mesmo sistema poder ser desligado a qualquer momento
pelo departamento de defesa dos EUA.
Apesar de inúmeras vantagens, esta tecnologia apresenta algumas limitações, com
destaque para a baixa precisão dos levantamentos, conforme observado por Melo et al.
(2011), os quais analisaram a precisão destes receptores em levantamentos
planimétricos e altimétricos, e constataram que para trabalhos em áreas de pequena
dimensão em torno de 1 hectare, não seria aconselhável, podendo ser utilizado apenas
como estimativa. Esses mesmos autores também concluíram que não seria viável o uso
do GPS de navegação para levantamentos altimétricos.
20

3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização e localização da área de estudo
O trabalho de campo foi realizado no campus sede da Universidade Federal
Rural do Semi Árido – UFERSA, em Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte –
RN, localizada nas seguintes coordenadas geográficas: Latitude 5º 11’ S; Longitude
37º 20’ O; altitude média de 18 m.
O terreno em estudo localiza-se próximo a vila acadêmica feminina e do
conjunto de prédios do Departamento de Ciências Animais, por trás do Laboratório de
Biotecnologia da UFERSA. O terreno também é delimitada próximo ao muro da
universidade. A Figura 6 mostra a visão aérea do terreno vista de longe e de perto( A e
B), respectivamente.
Figura 6 - Visão aérea do terreno da área utilizada no trabalho

A.

B.

Área do estudo

Fonte: (Autor, 2012)


21

Foram realizados levantamentos topográficos com três equipamentos, GPS de


navegação, Teodolito eletrônico e Trena. Para realização dos levantamentos o terreno
foi dividido em três áreas, sendo cada área representada por um polígono de quatro
vértices. Foram realizados duas repetições para o GPS e o Teodolito e uma repetição
para a Trena. A área 1 continha os vértices 1, 5, 6 e 10; a área 2 continha os vértices 2,
4, 7 e 9; a área 3 continha os vértices 2, 3, 8 e 9 (Figura 7).
Figura 7 - Esquematização do terreno dividido nas áreas estudadas
6

7
10 9 8

Área 1
Área 2
3 4
2 5 Área 3
1

3.2. Levantamento topográfico realizado com o teodolito


O teodolito usado foi um Teodolito Eletrônico da marca FOIF® – Série DT200,
trabalhando com precisão de 10’’ (Figura 8). O levantamento foi realizado utilizando o
método da irradiação, instalando-se o aparelho dentro do terreno, em local que
permitiu a visualização de todos os vértices, de forma que de uma única estação foram
realizadas medidas das três áreas, no sentido anti-horário. Entre as repetições mudou-
se o aparelho lugar, em aproximadamente 5 metros, de forma que para cada repetição
utilizou-se uma estação.

Figura 8 - Teodolito eletrônico utilizado no levantamento.


22

Inicialmente localizou-se o norte magnético utilizando bússola, modelo CSR


DC-45-6 (CRS®)(Figura 9). Em seguida, zerou-se o ângulo horizontal do teodolito e
visualizou-se o piquete localizado no vértice 1, no qual foram realizadas leituras no
retículo inferior e superior, além do ângulo zenital, para determinação da distância
entre o aparelho e o referido vértice. Para o segundo vértice girou-se a luneta do
teodolito no sentido anti-horário até localizar o piquete, e após o completo o ajuste,
realizou-se leituras de retículo inferior e superior, ângulo zenital, e interno em relação
ao vértice 1, repetindo-se este procedimento durante todo o levantamento. Como a
estação ficou localizada no interior do terreno, ao final do levantamento, obteve o
ângulo interno acumulado de 360º (Figura 9).
Figura 9 - Esquema do terreno com a estação no seu interior.

10 9 8

Área 1
4 Área 2
3
2 5 Área 3
1

A distância entre o teodolito e cada vértice foi determinado utilizando a equação

DH = 100 (Ls-Li).cos2α
Em que:
DH – Distância horizontal, m;
Ls – Leitura no retículo superior, m;
Li – Leitura no retículo inferior, m;
α – Inclinação (90 – Zenital)
23

3.3. Levantamento topográfico realizado com o gps de navegação

Os levantamentos foram realizados utilizando o aparelho GPS de navegação


usado foi da marca Garmim®, modelo Etrex Venture HC (Figura 10).

Figura 10 - GPS de navegação utilizado neste trabalho

Para a medição da área com o aparelho GPS foi usado o seguinte procedimento.
Ligou-se o aparelho, e escolheu-se a página que mostra os satélites. Depois o aparelho
GPS foi colocado em um ponto central (polo) e esperou-se chegar à melhor precisão,
marcou-se o ponto e anotou-se a precisão mostrada na página de satélites. Depois fez-
se o mesmo para a baliza inicial, localizada no vértice zero do terreno a ser medido
(vértice 1). Em seguida contornou-se a área, passando-se por todos os vértices, em
sequência, até se chegar novamente no vértice inicial. Depois de todo o terreno ser
contornado, gravou-se o trajeto no aparelho. Esse método possibilita adquirir o
desenho e os dados de área e perímetro do terreno medido.
Em cada vértice foram coletados as coordenadas em UTM, em seguida os dados
foram tabulados em planilha eletrônica (Excel®), para determinação da área cada
parcela. Foram determinados os lados de cada parcela, o perímetro e a área.
24

3.4. Levantamento topográfico realizado com a trena

O levantamento com a trena foi realizado apenas uma vez, utilizando uma Trena
de fibra de vidro, fabricado pela Tramontina® com arco em ABS à prova d’água, com
largura de 13 milímetro (mm), graduação métrica de 2 em 2 mm, numerada em
centímetros a cada metro (Figura11).

Figura 11 - Trena utilizada neste trabalho

O levantamento com a trena foi realizada apenas uma vez, para cada área
separadamente. Utilizou-se trena com 50 metros de comprimento, assim, nos
alinhamentos que apresentaram mais de 50 metros foram realizadas mais de uma
medida, tomando-se o cuidado de demarcar o limite da medida anterior, utilizando um
piquete, tomando-se o cuidado para não forçar a trena nem estende-la sobre a
vegetação.

3.5. Análise dos dados


Os dados obtidos foram trabalhados utilizando software topográficos (Track-
Maker e MapSource) para determinação de comprimento de lados e perímetros, e das
áreas das poligonais. Os dados obtidos com os três instrumentos foram analisados
graficamente, utilizando a planilha eletrônica Excel®, considerando as medidas de
arestas, perímetro e áreas das poligonais estudadas.
25

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são mostradas as coordenadas (UTM) obtidas como o GPS de
navegação Garmin coletadas para a Poligonal P1, bem como as distâncias entre os
vértices, nas duas repetições. Pode-se observar que ocorreram variações nas coordenadas
coletadas, ocorrendo diferença absoluta máxima de 5 m (9,80%) no comprimento do lado
1-2, e de 2 m no perímetro (0,83%). Para a área da poligonal, verificou-se diferença
absoluta de 7 m2 (0,20%).

Tabela 1 - Dados de campo coletado com o GPS no levantamento da Poligonal P1


Coordenadas Medidas
Repetições Vértice
Leste Norte Lados Distâncias (m)
1 0685198 9424550 1–2 56,0
R1 2 0685239 9424590 2–3 78,0
3 0685185 9424642 3–4 54,0
4 0685163 9424593 4–1 56,0
Perímetro (m) 244
Área (m2) 3498
1 0685203 9424550 1–2 51,0
R2 2 0685240 9424585 2–3 79,0
3 0685184 9424639 3–4 56,0
4 0685161 9424588 4–1 56,0
Perímetro (m) 242
Área (m2) 3505

Na Figura 12 é mostrada a imagem aérea da poligonal P1 obtida utilizando o


Google earth, e a sua delimitação a partir de coordenadas coletadas com o receptor GPS
Garmin. Pode-se observar que, apesar de ter havido variação nas coordenadas,
praticamente não ocorreu deformação no formato da poligonal nas repetições.
Na poligonal P2 foi observado comportamento semelhante ao ocorrido na
poligonal P1, apresentando pequena variação entre coordenadas obtidas. Avaliando os
valores de comprimento, verificou-se maior variação no lado 2-3, no qual verificou-se
diferença absoluta entre as repetições de 4 m (4,44%), enquanto para o perímetro
ocorreu diferença entre repetições de 3 m (0,84%). Quanto a área da poligonal, ocorreu
diferença absoluta de 34 m2, correspondente a diferença em aproximadamente 0,45%
(Tabela 2).
26

Figura 12 - Vista aérea (Google earth) da poligonal P1 delimitada pela coordenadas


coletadas com o GPS Garmin.

Tabela 2 - Dados de campo coletado com o GPS no levantamento da Poligonal P2


Coordenadas Medidas
Repetições Vértice
Leste Norte Lados Distâncias (m)
1 0685200 9424550 1–2 107,0
2 0685275 9424627 2–3 90,0
R1
3 0685207 9424684 3–4 107,0
4 0685161 9424589 4–1 54,0
Perímetro (m) 358
Área (m2) 7543
1 0685202 9424598 1–2 109,0
2 0685277 9424625 2–3 94,0
R2
3 0685205 9424685 3–4 105,0
4 0685165 9424588 4–1 53,0
Perímetro (m) 361
Área (m2) 7577

Quanto ao formato da poligonal, também não houve grande deformação entre as


repetições, semelhante ao ocorrido na poligonal P1, de forma que, mesmo havendo
variação nas coordenadas, essa variação não causou maior efeito no formato da
poligonal (Figura 13).
27

Figura 13 - Vista aérea (Google earth) da poligonal P2 delimitada pela coordenadas


coletadas com o GPS Garmin

Na poligonal P3, apesar de também ter ocorrido variação entre as coordenadas,


não houve diferença no comprimento dos lados 1-2 e 2-1. No entanto, houve diferença
absoluta entre as repetições para os lados 3-4 (4 m) e 4-1 (2 m). Para o comprimento,
houve diferença de 6 m (1,28%), enquanto que para a área da poligonal verificou-se
variação de 803 m2, correspondente a variação de 7,31% entre as repetições (Tabela 3).

Tabela 3 - Dados de campo coletado com o GPS no levantamento da Poligonal P3


Coordenadas Medidas
Repetições Vértice Distâncias
Leste Norte Lados
(m)
1 0685188 9424532 1–2 157,0
R1 2 0685292 9424649 2–3 96,0
3 0685231 9424723 3–4 168,0
4 0685160 9424571 4–1 46,0
Perímetro (m) 467
Área (m2) 10988
1 0685190 9424530 1–2 157,0
R2 2 0685295 9424645 2–3 96,0
3 0685237 9424722 3–4 164,0
4 0685169 9424573 4–1 44,0
Perímetro (m) 461
Área (m2) 10185

A poligonal P3, delimitada a partir de coordenadas coletadas com o receptor GPS


Garmim, é mostrada na Figura 14, na qual percebe-se que, apesar de ter havido variação
nas coordenadas, entre as repetições, ocorreu pouca variação no formato da poligonal.
28

Figura 14 - Vista aérea (Google earth) da poligonal P3 delimitada pela coordenadas


coletadas com o GPS Garmin

As variações nos valores de coordenadas de um mesmo ponto, coletadas no


mesmo instante, por vários receptores GPS de navegação de mesmas especificações
contribui para a confirmação de sua utilização apenas em levantamentos preliminares
onde a precisão não é fator limitante, estando assim, de acordo com os resultados
obtidos por Tragueta (2008).
Na Tabela 4 são mostradas medidas de campo coletadas com o Teodolito
eletrônico, e as distâncias entre cada vértice e a estação, bem como os ângulos internos
dos alinhamentos, e as distâncias de cada lado das poligonais. Na poligonal P1
verificou-se diferenças absolutas, entre as repetições, variando de 0,12 a 1,38 m, nos
lados 1-2 e 4-1, respectivamente. Verificou-se ainda variação de 2,55 m no perímetro, e
de 28 m2 (0,79%) na área da poligonal (Tabela 4).
Na poligonal P2 foram observadas diferenças entre as repetições variando de 0,28
m (lado 3-4) a 0,81 m (lado 1-2). Para o perímetro verificou-se variação de 2,23 m entre
as repetições, enquanto que para a área foi observada diferença absoluta de apenas 5 m 2
(0,07%) (Tabela 4).
Com relação à poligonal P3, a maior variação entre repetições ocorreu no lado 1-1
(0,68 m), e a menor variação no lado 3-4 (0,26 m), enquanto que para o perímetro
verificou-se diferença absoluta de 0,27 m. Para a área foi observa variação de 26 m 2,
correspondente a diferença percentual de 0,22% (Tabela 4).
29

Tabela 4 - Dados de campo coletado com o Teodolito eletrônico no levantamento das


poligonais
Distância do Ângulo
Comprimento
Repetição Ponto Teodolito ao Lado formado entre
dos lados (m)
ponto (m) os lados
Poligonal P1
1 23,89 1–2 103,87° 53,31
R1 2 20,89 2–3 136,21° 77,32
3 60,88 3–4 55,06° 54,71
4 57,28 4–1 64,87° 56,85
Perímetro (m) 237,12
Área (m2) 3507
1 36,79 1–2 109,50° 53,19
R2 2 28,39 2–3 114,51° 77,77
3 61,58 3–4 52,69° 55,55
4 49,84 4–1 83,29° 58,23
Perímetro (m) 239,79
Área (m2) 3535
Poligonal P2
1 23,89 1–2 146,17° 109,11
R1 2 70,29 2–3 64,76° 91,09
3 95,21 3–4 84,21° 106,04
4 57,28 4–1 64,87° 51,86
Perímetro (m) 340,1
Área (m2) 7127
1 36,49 1–2 138,85° 109,92
R2 2 79,79 2–3 59,91° 91,62
3 100,24 3–4 82,94° 106,32
4 49,84 4–1 78,29° 52,47
Perímetro (m) 363,33
Área (m2) 7132
Poligonal P3
1 69,75 1–2 157,63° 161,87
R1 2 95,18 2–3 49,37° 98,64
3 129,15 3–4 112,97° 167,91
4 68,15 4–1 40,01° 46,22
Perímetro (m) 475,64
Área (m2) 11442
1 59,39 1–2 153,71° 161,19
R2 2 104,67 2–3 46,45° 98,96
3 135,66 3–4 116,75° 168,17
4 59,32 4–1 43,09° 46,59
Perímetro (m) 473,31
Área (m2) 11468
30

Na Tabela 5 são mostrados os valores de comprimento dos lados e perímetros das


três poligonais obtidos com a Trena. Com foi realizado apenas uma medida da poligonal
utilizando a trena, esses valores foram utilizados na comparação com os valores obtidos
com os outros equipamentos.

Tabela 5 - Dados de campo coletado com a Trena no levantamento das poligonais


Poligonal P1 Poligonal P2 Poligonal P3
Lados Distâncias(m) Lados Distâncias(m) Lados Distâncias(m)
1–2 53,2 1–2 108,0 1–2 162,4
2–3 77,9 2–3 91,4 2–3 99,4
3–4 54,9 3–4 106,5 3–4 169,8
4–1 55,8 4–1 55,8 4–1 47,9
Perímetro (m) 241,8 361,7 479,4
Área (m2) 3447,0 7496,0 12073,0

No Gráfico 1 são mostrados os valores médios de lados e perímetros das


poligonais obtidos com os diferentes equipamentos na poligonal P1. Verificou-se que
para a maioria dos lados, as medidas realizadas com o Teodolito resultaram em
comprimentos de lados maiores que as obtidas com a Trena, com diferenças variando de
0,20 a 1,7 m, correspondentes as diferenças percentuais de 0,09 e 3,02%, nos lados 2-3
e 4-1, respectivamente. Quanto ao perímetro, verificou-se que a Teodolito proporcionou
comprimento maior que a Trena, com 243,5 e 241,8 m, respectivamente.

Gráfico 1 - Comprimento de lados e perímetro da poligonal P1 determinados com


diferentes equipamentos
31

Avaliando a diferença na P1 entre os dados coletados com o GPS e o Teodolito,


verificou-se que o GPS apresentou maior comprimento nos lados 1-2 (0,20 m) e 2-3
(1,0 m), enquanto o Teodolito apresentou maior comprimento nos lados 3-4 (0,10 m) e
4-1 (1,5 m). Para o perímetro, o Teodolito apresentou maior comprimento que o GPS,
com diferença absoluta de 0,5 m (Gráfico 1).
Na Gráfico 2 é mostrada a área média da poligonal P1, obtida através dos três
equipamentos, na qual pode-se observar que houve variação nas áreas de acordo com o
equipamento utilizado, sendo a maior área obtida com a trena (3547,0 m2), enquanto
que no GPS e no Teodolito foram obtidas áreas médias de 3501,5 e 3521,0 m2,
respectivamente. Comparando-se os resultados encontrados, verificou-se que o GPS
apresentou área menor que o Teodolito em 19,5 m2, e 45,5 m2 em comparação com a
Trena.
Já com relação às áreas obtidas com a Trena e com o Teodolito, foi observada
diferença entres estes equipamentos de 26 m2. Essa pequena diferença deve-se ao
reduzido tamanho da poligonal, pois, como utilizou-se uma Trena de 50 m, facilitou a
leitura dos lados, além da pequena diferença de relevo na área, o que minimizou o erro
na coleta de dados (Gráfico 2). Quanto à diferença entre o GPS e os demais
equipamentos, de certa forma, este resultado já era previsto, tendo em vista que o
aparelho utilizado (GPS de navegação) apresenta baixa precisão, ficando mais evidente
em pequenas áreas.

Gráfico 2 - Áreas da poligonal P1 determinadas com diferentes equipamentos


3600
3580
3560
3540
3520
Área (m2)

3500
3480
3460
3440
3420
3400
Trena Teodolito GPS
Equipamentos
32

Para a poligonal P2, verificou-se menores diferenças entre as repetições do que as


observadas na poligonal P1. O uso da Trena resultou em maior comprimento nos lados
3-4 (0,30 m) e 4-1 (3,6 m), correspondente a diferenças percentuais de
aproximadamente 0,30 e 6,96%, respectivamente (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Comprimento de lados e perímetro da poligonal P2 determinados com


diferentes equipamentos
Trena Teodolito GPS
400
350
300
Comprimento (m)

250
200
150
100
50
0
lado 1-2 lado 2-3 lado 3-4 lado 4-1 Perímetro
Lados da poligonal

Comparando os resultados encontrados com o Teodolito e com o GPS, verificou-


se que o GPS apresentou menor valor no lado 1-2, com diferença de 1,5 m (1,39%), e
no lado 3-4, com diferença absoluta de 0,20 m (0,19%). Com o GPS obteve-se maiores
valores nos lados 2-3 (0,60 m) e 4-1 (1,30 m).
Para o perímetro, verificou-se que o maior valor ocorreu com a Trena (361,7 m),
enquanto o Teodolito e o GPS apresentaram perímetros bem próximos, com valor médio
de 359,35 m (Gráfico 3).
Avaliando o desempenho dos equipamentos na determinação da área da poligonal
P2, verificou-se que a maior área ocorreu a partir de dados coletados com o GPS
(7560m2), enquanto que nos demais, foram observadas áreas de 7129,5 e 7496,0 m2,
para o Teodolito e a Trena, respectivamente (Gráfico 4). A partir destes dados, verifica-
se que a área obtida com o GPS é maior, em valores absolutos, cerca de 430,5 m²
(5,69%) em comparação com o Teodolito, e de 64,0 m2 (0,85%) em comparação com a
Trena.
33

Gráfico 4 - Áreas da poligonal P2 determinadas com diferentes equipamentos


7700

7600

7500

7400

Área (m2 )
7300

7200

7100

7000

6900

6800
Trena Teodolito GPS
Equipamentos

No Gráfico 5 são mostrados os valores de comprimentos dos lados e dos


perímetros da poligonal P3 obtidos a partir de dados coletados com Trena, Teodolito e
GPS. Comparando-se os comprimentos de lados obtidos com a Trena e com o
Teodolito, verificou-se que a Trena possibilitou maior comprimento em todos os lados,
com destaque para os lados 3-4 e 4-1, com diferenças de 1,8 m (1,02%) e 1,4 m (3,11%)
respectivamente. Já com relação aos valores obtidos com o Teodolito e com o GPS,
verificou-se maiores comprimentos dos lados com o uso do Teodolito, com maior
diferença no lado 1-2, com 4,5 m (Gráfico 5).
Cm relação ao perímetro, também foi observado maior comprimento com o uso
da Trena (479,4 m), seguida pelo Teodolito (474,8 m). Comparando os resultados dos
três equipamentos, verificou-se que a Trena proporcionou diferença absoluta de 4,6 m
(0,96%) em relação ao Teodolito, e de 15,4 m (3,31%) em relação ao GPS. Verifica-se
ainda que o perímetro obtido com o Teodolito foi maior em 10,8 m (2,27%) em relação
ao comprimento obtido com o GPS (Gráfico 5). Melo et al. (2011) também encontraram
diferenças no perímetro de poligonais, determinados com GPS de navegação e
Teodolito.

Gráfico 5 - Comprimento de lados e perímetro da poligonal P3


Trena Teodolito GPS
600

500
Comprimento (m)

400

300

200

100

0
lado 1-2 lado 2-3 lado 3-4 lado 4-1 Perímetro
Lados da poligonal
34

No Gráfico 6 são mostradas as áreas da poligonal P3 obtidas com cada


equipamento, onde pode-se observar que a o uso da Trena resultou em maior área
(12073 m2), enquanto que com o GPS foi encontrado a menor área (10586,5 m2), o que
corresponde a diferença de 1486,5 m2. A maior diferença encontrada na área
determinada a partir de dados da Trena com os demais aparelhos, ocorreu por limitações
e dificuldades do uso deste equipamento, tendo em vista dificuldade na leituras dos
lados da poligonal, na qual foi necessário dividir cada lado em vários setores, o que
resulta em erros acumulados, além da dificuldade em consequência da irregularidade do
terreno.
Comparando-se os dados obtidos com o Teodolito e com o GPS, verificou-se
diferença de 868,5 m2 , com maior área obtida com o Teodolito (Gráfico 6). Estes
resultados estão acordo com os obtidos por Melo et al. (2011), os quais trabalhando com
determinação de áreas utilizando o GPS de navegação e o Teodolito, também
constataram diferença entre as áreas medidas. Assim, de acordo com esses autores, o
uso do GPS de navegação para trabalhos de planimetria em terrenos com áreas em torno
de 1 hectare não seria recomendada.

Gráfico 6 - Áreas da poligonal P3 determinadas com diferentes equipamentos


12500

12000

11500
Área (m2 )

11000

10500

10000

9500
Trena Teodolito GPS
Equipamentos

Os resultados obtidos neste trabalho demonstram que medidas de terrenos


utilizando uma trena pode resultar em grandes erros na determinação de perímetros e
áreas, principalmente no caso de terreno com grandes dimensões, em virtude, de fatores
como ser necessário realizar várias tomadas de medidas, devido o tamanho da trena, da
presença de obstáculos na superfície do terreno, a além da dificuldade de se manter a
trena na posição correta para determinação de distancias horizontais.
35

Lima Filho e Pereira (2010) realizaram medidas de terrenos utilizando a trena e o


GPS de navegação, em comparação com os resultados obtidos com a estação total, e
verificaram erros percentuais de 5,54 e 0,14% para a trena e o GPS de navegação,
respectivamente. Na determinação da área obtida por estes equipamentos, esses autores
constataram erros de 5,54% nas medidas realizadas com a trena, e de 2,69% nas
medidas feitas com o GPS de navegação.
Segundo Rocha (2004), um GPS de Navegação civil, trabalhando apenas com o
código C/A, tem uma precisão variando de 5 a 15 metros, podendo variar de acordo
com as efemérides da constelação de satélites observadas, atenuações atmosféricas,
efeito de sombreamento, ondas refletidas, topografia do local e local de observação.
36

5. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos neste trabalho pode concluir que:


O uso do GPS de navegação na determinação de áreas não é indicado para trabalhos
que exija elevada precisão, apesar de permitir boa configuração do formato do terreno
estudado.
O uso da trena superestima a área da poligonal, e o erro na determinação aumenta
em áreas maiores.
37

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGULO FILHO, Rúbens. Apontamentos das aulas de topografia e


geoprocessamento I. Disponível em <
http://www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Topo/LEB340/Angulo/ApostilaLER3402007.pdf >
Acessado em 05 de maio de 2012.

ANTUNES, Carlos Manuel Correia Antunes. Apontamentos da topografia. Disponível


em <
http://www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Topo/LEB340/Angulo/ApostilaLER3402007.pdf >
Acessado em 22 de maio de 2012.

AZAMBUJA, J. L. F.; MATSUOKA, M. T. Topografia e GPS – Conquistas e desafios.


II Seminário Anual de Pesquisas em Geodésia na UFRGS, RS , 2007.

BORGES, Gustavo Marques Borges. Introdução ao sistema de posicionamento global.


Disponível em:< http://www.topografia.ufsc.br/Apostila-GPS.pdf> Acessado em: 25 de
Abril de 2012.

BRANDALIZE, Maria Cecília Bonato Brandalize. Apostila topografia 2. Disponível em


< www.ebah.com.br/content/ABAAAACjUAG/apostila-topografia-2 > Acessado em 22
de maio de 2012.

CÂMARA, M. J. C.; SILVA, L. H. S. Avaliação da acurácia das coordenadas pós-


processadas com dados RINEX obtidos por meio de um receptor GPS de navegação.
Campo Grande, Universidade Católica Dom Bosco, 2005. 46p. (Monografia
Aperfeiçoamento/Especialização em Georreferenciamento de Limites Rurais por GPS).

ESPARTEL,

GIACOMIM, Regiane F. Giacomim. Apostila de Topografia. Disponível em:


<http://notedi1.files.wordpress.com/2010/02/apostila_topografia.pdf > Acessado em: 03
de Maio de 2012.

JÚNIOR, Luis Vera Júnior. Topografia – Notas de aula. Disponível em: <
http://www.recife.ifpe.edu.br/topografia/topufrpe.pdf > Acessado em 04 de maio de 2012.

LAZZAROTTO, D.R. GPS - Sistema de posicionamento global. Disponível em:


<http://www.fatorgis.com.br.htm> Acesso em: 05 de maio de 2012.

LIMA FILHO, A. F.; PEREIRA, F. A. C. Avaliação do perímetro e da área de uma


poligonal por meio de diferentes equipamentos topográficos. In: Reunião Regional da
SBPC no Recôncavo Baiano. 2010. Disponível em:
http://www.sbpcnet.org.br/livro/reconcavo/resumos/727.htm. Acessado em: 18 de out de
2012.

LOCH, C. Topografia contemporânea: planimetria. 2. Ed. Florianópolis: Ed. da UFCS,


2000.
38

LUZ, R. T.; CORREIA, J. D.; PESSOA, L. M. C. Posicionamento com receptores GPS


amadores: Alguns resultados. In: GIS BRASIL 96 - CONGRESSO E FEIRA PARA
USUÁRIOS DE GEOPROCESSAMENTO, 2., Curitiba, 1996. Anais... Curitiba, Sagres,
1996. p.475-483

MATSUOKA, M. T.; SOARES, D. M.; SOUZA, S. F.; VERONEZ, M. R. Análise da


aplicação de receptor GPS de navegação no posicionamento relativo estático de linha-base
curta. Journal of Geoscience. Prague, vol. 4, n. 2, p. 88-93, 2008.

REID J.F. Precision guidance for agricultural vehicles, 1998. Disponível em:
<http://www.age.uiuc.edu/oree/pdf/uilu-eng-98-7031.pdf>. Acesso em: fev. 2004

RIBEIRO, José Pedro Reis Gonçalves Macedo Ribeiro. Aplicações da Topografia.


Disponível em:< http://www.mat.uc.pt/~vicente/Pedro%20Reis%20Estagio.pdf >
Acessado em: 01 de Maio de 2012.

ROCHA, C. H. B. 2004. Uso eficiente do GPS de navegação no cadastro das feições


lineares. In: Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário (COBRAC). SC:
Universidade Federal de Santa Catarina, Resumos.

SILVEIRA, L. C. Fundamentos de topografia. Criciúma: Escola Brasileira de


Agrimensura, Curso Técnico de Agrimensura a Distância, 2000. p.381-502.

STABILE, M. C. C.; BALASTREIRE, L. A. Comparação de três receptores GPS para uso


na agricultura de precisão. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p. 215-233,
2006.

TRAGUETA, N. L. Implicações do uso de receptores GPS de navegação sem


conhecimento de suas limitações e configurações básicas. 2008. 89 p. Dissertação
(Mestrado em Energia na Agricultura) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Botucatu, 2008.

Você também pode gostar