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BRASIL
Desvende o
mistério da
colaboração
Seis novas ferramentas
46
hbrbr.com.br
Novembro 2019
R$ 49,90
Índice
Novembro 2019
23
Foco
CEO 100,
EdiçãO
dE 2019
24 LIDERANÇA
Os CEOs de melhor
desempenho
no mundo
Última edição da lista
anual da HBR
32 LIDERANÇA
O ciclo de vida
do CEO
Estudo do desempenho
ao longo do tempo
James M. Citrin,
Claudius A. Hildebrand e
Robert J. Stark
38 GESTÃO PESSOAL
O guia da
aposentadoria
do CEO
Saiba quando se afastar —
e planeje-se para o
que vem depois
Bill George
Desvende o mistério
da colaboração
sustentável
Seis novas ferramentas
para treinar as pessoas a
trabalhar melhor juntas.
Francesca Gino
56 cliEnTES
Como entender o
esquivo consumidor
verde
Ele quer produtos sustentáveis,
mas não costuma comprá-los.
Saiba como mudar isso.
Katherine White, David J.
Hardisty e Rishad Habib 46
66 TEcnOlOGiA
11 82
Aprenda a trabalhar
com máquinas
inteligentes
O modo como as empresas
estão organizando a IA e a
robótica está comprometendo raDar ExpEriência
as técnicas tradicionais de Novas ideias, Conselho e inspiração
treinamento, como mentoria pesquisas em andamento.
e aprendizado on-the-job.
Precisamos saber como 11 GÊnErO 18 cOMO EU FiZ 82 ESTUDO DE cASO
compatibilizar o antigo
com o novo. Os segredos das mulheres O CEO da Bayt.com fala Nossa expansão foi
Matt Beane
que possuem uma rede sobre a construção da muito precipitada?
76 inOvAçÃO profissional de sucesso cultura da internet onde O CEO de uma academia de
ginástica em ascensão repensa seu
A jornada da Quatro comportamentos as
distinguem. MAIS “Você está mais
a internet não existe plano de crescimento internacional.
inovação aberta perto das pessoas do que imagina”. A Bayt passou de uma ferramenta Simon Greathead
dE Artigos
Editora José Luiz Bichuetti
Amy Bernstein Murilo Portugal
publishEr Pedro Parente
Joshua Macht publishEr
dA HBRBR
dirEtora Editorial Roberto Müller Filho
Sarah Cliff rmuller@rfmeditores.com.br
Editora ExECutiva dirEtora-gEral
Ania G. Wieckowski Carolina Martinez
dirEtor dE Criação carolina@rfmeditores.com.br
John Korpics Editora-ChEfE
Editora hbr.org Ana de Magalhães
Maureen Hoch ana@rfmeditores.com.br
EditorEs sEniorEs Editora dE artE
Alison Beard, Daniel McGinn, Débora de Bem
David Champion, Eben Harrell, debora@rfmeditores.com.br
A GRANDE IDEIA
O QUE É Gardiner Morse, Jeff Kehoe, proJEtos EspECiais E publiCidadE
Laura Amico, Scott Berinato, Gerente: Daisy Fernandes
Scott LaPierre, Steven Prokesch, daisy@rfmeditores.com.br
Toby Lester, Vasundhara Sawhney HBR Brasil Channel: Christine Salomão
EditorEs assoCiados
Vinte anos após a introdução da teor a, rev sitamos o que ela
explica e o que não explica
christine@hbrbr.com.br
Courtney Cashman, Dave Lievens,
CLAYTON M. CHRISTENSEN, MICHAEL RAYNOR E RORY MCDONALD
Bruno Ascenso
Andrew O’Connell, Jane Heifetz, bruno@rfmeditores.com.br
Durante anos os gestores foram John Landry, Karen Dillon
encorajados a elogiar e criticar
ConsElho Consultivo Editorial CirCulação E assinatura
construtivamente quase todas as Azeem Azhar, Bharat Anand, John Battelle, Vendas: atendimento@rfmeditores.com.br
atividades de seus funcionários. Nicco Mele, Vivek Shah
Mas há melhores formas de
ajudá-los a progredir e se superar.
a falácia do feedback nota aos lEitorEs Rua Paulistânia, 551
São Paulo, SP, CEP 05440-001
As opiniões expressas nos artigos são as
Marcus Buckingham é chefe de pesquisa de pessoas e desempenho do Instituto de Pesquisa ADP
Jornalista rEsponsávEl
Roberto Müller Filho
peça um orçamento
e adquira:
(11) 3094.8404
reprint@hbrbr.com.br
Radar
Novas ideias, pesquisas em progresso
NA TEORIA
“Você está
quando dar menos ênfase a antigas cone- aconselha abordá-los “não com ‘Aqui está o
xões em prol de novas (seja cortando os la- que eu preciso’, mas com ‘Podemos tomar
ços de forma proativa ou simplesmente dei- um café e discutir possibilidades de traba-
xando de manter contato). Por exemplo, afir-
ma Cross, “quando se está em um ponto de
lharmos juntos?’”. Empresas como a Ford e
a Booz Allen Hamilton tentaram institucio- mais
inflexão no trabalho ou embarcando em um
novo projeto, deseja-se pensar sobre novas
nalizar essa prática por meio da criação de
grupos multifuncionais de mulheres com perto das
pessoas
metas e em quem pode ajudá-lo a alcan- alto potencial que se reúnem regularmente
çá-las — sejam essas metas políticas (ter com executivos C-level.
acesso mais próximo junto àqueles cujas
do que
Equilibradas no tocante à sua energia.
opiniões são vistas como mais importantes), Mais de duas décadas de estudo mostram,
evolutivas (preenchendo lacunas em suas talvez sem surpresa, que as pessoas de me-
habilidades), voltadas para a inovação (bus-
car novos insights) ou relacionadas às me-
lhores práticas (encontrar pessoas compe-
lhor desempenho são vistas como aque-
las mais ativas em suas redes profissionais
— como aquele colega que torna o trabalho
imagina”
tentes)”. Ele admite que algumas mulheres mais envolvente, o que, então, leva a melho- Julie Lodge-Jarrett trabalha na
consideram isso inautêntico, até maquiavé- res desempenhos. Contudo, espera-se que Ford há 21 anos, ocupando cargos
em todo o mundo. Atualmente,
lico, mas aponta que os homens veem es- homens e mulheres levem diferentes ener-
é diretora de RH e lidera uma
se mesmo tipo de comportamento como a gias para os relacionamentos, e é nisso que iniciativa para encorajar os
priorização do trabalho. Ele afirma que não mulheres que possuem uma rede profissio- colegas a desenvolver redes
há problema em ter uma “curva do sino” em nal de sucesso se distinguem daquelas me- profissionais melhores entre os
relacionamentos profissionais. As mulheres nos bem-sucedidas. Elas demonstram tanto 73 mil assalariados da empresa.
devem, claro, manter alguns conselheiros competência quanto cordialidade, inteligên- Ela falou com a HBR sobre os
conhecidos de longa data. Mas devem, de cia e inteligência emocional. Como indicam desafios específicos enfrentados
por profissionais do sexo
maneira sistemática, fazer novas conexões, os estudos — de diferentes pesquisadores
feminino quando tentam
e as empresas podem ajudá-las instituindo —, elas devem construir confiança. “As mu- realizar conexões.
processos como análise das relações profis- lheres mais bem-sucedidas não minimizam Trechos editados a seguir:
sionais logo no início de novas tarefas ou du- seus conhecimentos, suas habilidades e con-
rante avaliações de desempenho. quistas; elas demonstram evidências de que Como uma executiva do sexo
Ampliação das fronteiras. As mulheres são capazes de fazer as coisas”, afirma Cross. feminino, de que maneira
você abordou a rede de
com os melhores cargos e as melhores re- “Mas também usam senso de humor, pre-
profissionais? Durante minha
des profissionais se conectam com pessoas sença e pequenos gestos para mostrar cari-
carreira eu frequentemente
de uma variedade de funções, localizações nho e positividade e empregam habilidades era a única mulher presente na
e unidades de negócio. Uma vez mais, mu- de escutar os outros para incentivar o pensa- sala. Ao desenvolver minha rede
lheres menos bem-sucedidas em suas re- mento criativo entre os colegas.” profissional sempre me assegurei
des profissionais tendem a se afastar dessa Os pesquisadores afirmam que têm espe- de que era algo autêntico e
tática por se sentirem desconfortáveis ou a rança de que mais mulheres adaptem seus significativo. Não procurava as
pessoas porque achava que eram
virem como excessivamente promocional. comportamentos relacionados às suas redes
importantes e queria que me
“Ouvimos mulheres afirmarem que gosta- profissionais com base nessas quatro carac-
conhecessem. Procurei descobrir
vam de suas próprias comunidades”, relata terísticas. E acrescentam que as empresas quem eu precisava conhecer e
Carboni, ao passo que ampliar fronteiras as também têm um importante papel a desem- por quê, e então marcava uma
deixava receosas de “repercussões negati- penhar. “O objetivo é incrustar esses com- reunião para conseguir obter
vas” e “estressadas”. No entanto, esse com- portamentos e essas práticas de forma que as melhores informações delas.
portamento é fundamental para ter aces- sejam a regra para todos”, relata Cross. Quando você se aproxima como
um aprendiz, as pessoas querem
so a novas informações, liderar inovações HBR Reprint F1911A–P Para pedidos, página 10
compartilhar seus insights e suas
e buscar avanços profissionais, tanto para
experiências. Depois, quando
homens quanto para mulheres. Cross reco- tinha mais perguntas a fazer,
menda que as pessoas pensem, de maneira SObRE O ESTuDO: How Successful pedia para aqueles com quem
periódica, nos líderes de sua empresa e se Women Manage Their Networks, de Inga havia estabelecido uma relação
perguntem: “Quem não faz parte da minha Carboni et al. (em andamento). para me conectarem com outras
Fotografia CJ bENNINGER
14 Harvard Business Review
Novembro 2019
em cada categoria de atratividade — pa-
ra garantir que não houvesse outra coisa
na pessoa mostrada, ou na própria foto,
dEFENdA sEU EstUdo ca! As notícias não são todas ruins para
as mulheres: as menos atraentes recebe-
ram avaliações mais altas nos itens ho-
nestidade e confiança do que os homens,
independentemente da aparência.
ocEodABAYt.coMFALAsoBrEA
e m 2 0 1 8 , d U r a n t e uma de minhas
frequentes visitas à Arábia Saudita,
me encontrei com um diretor de uma
coNstrUÇÃodAcULtUrAdAiNtErNEt
grande empresa de transporte e distri-
buição. Descrevi os serviços que
minha empresa de recrutamento
que outros métodos usados para contra- A crise das empresas que operavam pela todo o Oriente Médio para um road show.
tação, gastando menos dinheiro e menos internet havia se iniciado em março da- Depois de conversar com centenas de in-
tempo. Para esses cargos, voltei-me para quele ano e as ações das empresas vol- vestidores em potencial, conseguimos
minha rede de contatos pessoais. Nosso tadas para a internet estavam em queda um contrato com apenas um, no valor de
US$ 1,5 milhão. Sem a opção de conquis- sem que indicassem detalhes como seu Foi assim que saí da proteção de do-
tar mais investidores de risco, sabíamos nome e a empresa em que trabalhavam. cumentos físicos na InfoFort para sua
que tínhamos de nos tornar autossusten- Elas podiam esconder seus currículos en- proteção digital na Bayt.
táveis rapidamente. Em 18 meses nos- quanto procuravam vagas disponíveis; se
so fluxo de caixa já era positivo. Com o achassem alguma coisa que lhes interes-
tempo, à medida que a estrela da Bayt sasse, podiam se candidatar diretamen- PARA ALÉM dE duBAi
começava a subir, chamamos a atenção te por meio do nosso site, mantendo-se Nosso plano sempre foi expandir pa-
de investidores internacionais, e uma tanto invisíveis para as empresas quan- ra além de Dubai e em três anos havía-
grande empresa de investimento com- to alheias a qualquer tipo de contato por mos aberto mais 12 escritórios, em cida-
prou algumas cotas de participação. Já parte dessas empresas. Isso fez com o que des como Abu Dhabi, Riad, Kuwait City,
recuperamos essas cotas e a Bayt está to- o poder de buscar e contatar possíveis Amã, Cairo e Lahore. Isso significava que
da nas mãos de seus fundadores, tendo empregadores recaísse estritamente nas eu estava constantemente na estrada
feito apenas um financiamento ao longo mãos dos próprios candidatos. — uma situação que meu pai, intrigado
de seus 19 anos de história. Como o conceito de economia online com o fato de uma empresa digital preci-
Consolidar o negócio não foi fácil. Não não estava estabelecido na região e por- sar de tantos escritórios físicos, sempre
apenas tivemos de vender nossos servi- que muitos países ali ainda precisavam mencionava. Como lhe expliquei, nossa
ços para empresas que não tinham expe- elaborar leis que governassem empresas meta era criar um novo tipo de cultura
riência com a internet, mas muitas vezes de internet, enfrentamos outros obstácu- profissional que colocasse as pessoas no
nos pegamos nos comunicando com di- los tanto em relação aos donos das empre- centro de nossas operações. Isso exigia
retores de RH que nunca haviam sequer sas quanto aos que buscavam um empre- um novo nível de serviço aos clientes.
usado um computador e estavam presos go. Alguns tentaram roubar nossos dados. Para convencer as empresas do valor da-
aos modelos tradicionais de recrutamen- Outros postaram conteúdo sobre assuntos quilo que tínhamos para oferecer, pre-
to, apesar de seus custos exorbitantes. As- que não se relacionavam a emprego e se cisávamos estar por perto e disponíveis
sim, tomamos para nós a tarefa de educar comunicaram de maneira inapropriada para orientar gerentes e treiná-los a ma-
os clientes acerca dos mínimos detalhes com alguns dos assinantes de nosso ser- ximizar o retorno sobre o investimento.
do universo digital. Instalamos o primeiro viço. Houve, ainda, os que inventaram Estávamos comprometidos a oferecer
navegador de muitos de seus computa- informações em seus currículos. Em res- um serviço todos os dias; nosso modelo
dores, treinamos os diretores de RH a se posta, criamos determinadas formas de não era resolver determinados proble-
conectar à internet e imprimimos e entre- proteção: pedimos para que os candidatos mas e depois ir embora. Queríamos cul-
gamos currículos, tudo para facilitar o en- nos avisassem a respeito de qualquer vio- tivar um relacionamento genuíno que
volvimento com nossos serviços. lação ou atitudes inapropriadas que teste- aumentasse a empregabilidade em geral.
Atingir possíveis candidatos a vagas munhassem e que as empresas nos infor- Desenvolver operações junto ao público
de emprego foi outro desafio que enfren- massem sobre currículos fraudulentos ou em geral também nos deu uma vanta-
tamos — e não apenas porque eles, tam- comunicações ameaçadoras. gem estratégica fundamental quando
bém, precisavam se atualizar com o mun- Atualmente, com dezenas de milha- corporações internacionais notaram nos-
do digital. Os trabalhadores mostravam- res de empresas registradas e mais de so sucesso e tentaram se intrometer, mas
se receosos em tornar suas candidaturas 36 milhões de pessoas em busca de em- nenhuma conseguiu se firmar.
públicas temendo que seus empregado- prego, temos uma base de dados maior Ter uma presença significativa por
res descobrissem que estavam buscando do que a de muitos governos. Aqueles todo o Oriente Médio nos colocou em
uma nova oportunidade. Por isso, cria- que postam em nosso site nos confiam uma situação positiva em relação a ou-
mos ferramentas que davam às pessoas suas informações pessoais e profissio- tro aspecto: éramos capazes de identifi-
controle total sobre sua privacidade, per- nais, e estamos comprometidos com a car e capitalizar diferenças essenciais en-
mitindo que publicassem seus currículos preservação de sua privacidade. tre os mercados. Por exemplo, em 2011 o
governo saudita anunciou o Nitaqat, uma que o candidato a uma vaga envie um ví- empresas listadas na Fortune 500, bem
iniciativa de “arabização” que exigia que deo curto de si mesmo no qual responde a como universidades de ponta.
as empresas presentes no reino saudita ti- várias perguntas feitas pelo empregador.
vessem em sua força de trabalho uma par- Os gerentes podem rapidamente julgar O esPíritO emPreendedOr ainda corre
cela de funcionários locais em vez de tra- a adequação do candidato pelo vídeo, o forte nas veias da equipe da Bayt e porque
balhadores estrangeiros. Caso não tivésse- que permite que eles reduzam o núme- criamos uma cultura profissional centra-
mos compreendido essa exigência, que se ro de telefonemas necessários para filtrar da na criatividade e no empoderamento,
aplica tanto aos níveis mais altos da gestão candidatos, bem como a quantidade de nos tornamos uma incubadora de dife-
executiva como às ocupações que reque- entrevistas realizadas pessoalmente. rentes empreendimentos da região. Em
rem trabalho manual, não poderíamos ter Depois disso ampliamos nosso es- 2010, lançamos a GoNabit, o primeiro
ajudado nossos clientes de maneira eficaz copo geográfico lançando e promoven- site de compra e venda no Oriente Médio
a realizar contratações naquele país. do a vFairs — uma alternativa às feiras e no norte da África, que foi comprado
O passo seguinte em nossa expansão de trabalho e de produtos. Para muitos pela LivingSocial no ano seguinte. Em
envolveu nos transformar de uma fer- visitantes, ir até o local onde acontece- 2012, membros de nossa equipe criaram a
ramenta de recrutamento regional para rá o evento pode ser difícil, do ponto de Yalla-Motor, uma plataforma para compra
uma plataforma tecnológica mundial. vista logístico, além de consumir muito e venda de automóveis. Em 2011, nossa
Um serviço que acrescentamos para es- tempo, e a grande quantidade de pessoas diretora de marketing, minha irmã, nos
se fim foi um sistema de rastreamento faz com que se torne mais difícil ter in- deixou para dar início à Mumzworld, uma
de candidatos, ou ATS (na sigla em in- teirações significativas com as empresas varejista virtual para produtos para mães
glês). Hoje em dia, a maioria das empre- nesse ambiente. Os expositores, por sua e bebês. Nesse mesmo ano, nosso gerente
sas anuncia vagas e recebe inscrições de vez, acham o formato caro, desgastante de vendas, Dany Farha, saiu para criar a
candidatos em seus próprios sites; um e, muitas vezes, ineficaz. Com a vFairs, BECO Capital, que financiou uma grande
ATS permite que elas automatizem e ge- no entanto, os expositores preparam pla- quantidade de startups de sucesso na re-
renciem melhor todas as atividades re- taformas digitais. Qualquer pessoa pode gião, incluindo a empresa de transporte
lacionadas a esse processo, do estabele- visitá-la, de qualquer parte do mundo, Careem e o portal Property Finder, volta-
cimento das exigências para a função e para ver vídeos e outros conteúdos e bai- do para o mercado de imóveis.
identificação dos candidatos promisso- xar materiais (da mesma maneira que Nesse ínterim, nossa atividade na
res até agendar entrevistas e circular as muitos visitantes pegam folhetos e mate- Bayt se expandiu ainda mais com a apli-
informações dos entrevistados. Atual- riais promocionais em feiras físicas con- cação de dados tecnológicos e inteligên-
mente, nosso sistema está em operação forme vão de um estande para outro). cia artificial no processo de recrutamen-
em centenas de empresas e escritórios Os visitantes podem compartilhar seus to online. Se for realizada uma pesquisa
estatais por todo o Oriente Médio. currículos com as empresas na platafor- cidade a cidade em todas as áreas que
Acrescentamos, ainda, o Evalufy, uma ma, trocar cartões de visita e usar janelas cobrimos, se verá que em qualquer lo-
plataforma de avaliação por vídeo criada de chat para se comunicar. A vFairs ul- calização dois terços dos trabalhado-
para empregadores que se veem atola- trapassou nossas expectativas e a adap- res postaram seus currículos com nossa
dos por centenas de candidatos para uma tamos para outros tipos de cliente. Por empresa. De fato, o número de usuários
única vaga. Muitos gerentes nos disse- exemplo, as universidades podem, ago- registrados em nosso site excede a popu-
ram que muitas vezes são capazes de des- ra, participar de feiras virtuais que lhes lação de praticamente todos os países do
cartar um candidato incompatível com permitem apresentar seus programas a Golfo Pérsico. E na maior parte do Orien-
um telefonema de dois minutos — uma alunos em potencial e receber inscrições. te Médio a cultura da internet está pros-
atividade que, quando multiplicada, po- Hoje em dia o negócio produz mais de perando — uma cultura que ajudamos a
de rapidamente consumir uma enorme 90% de sua receita na América do Norte construir, tijolo por tijolo.
quantidade de tempo. O Evalufy permite e possui centenas de clientes, incluindo hbr reprint R1911A–P para pedidos, página 10
Os CEOs de melhor
desempenho no mundo – 2019
Ilustrações CARL DE TORRES
Harvard Business Review
Novembro 2019 23
Foco
Os CEOs
estáveis. Não é surpresa, portanto, que
65 dos CEOs do ano passado reapareçam
neste ano.
Isso acontece não obstante uma mu-
dança metodológica. Desde 2015, nosso
de melhor
ranking não se baseia apenas no desem-
penho financeiro, mas também em clas-
sificações ambientais, sociais e de gover-
nança (ESG). Nos últimos quatro anos,
ponderamos as pontuações ESG para que
desempenho
representem 20% da classificação final
de cada CEO. Neste ano, aprimoramos a
fórmula, aumentando essa participação
para 30% (veja o quadro “Como calcu-
lamos os rankings”). A mudança reflete
no mundo
o fato de que um número crescente de
fundos e indivíduos considera muito
mais do que resultados quando toma de-
cisões de investimento. Um sinal dessa
mudança de sensibilidade: em agosto
de 2019, 181 CEOs dos Estados Unidos
e m 1 9 9 3 , J e n s e n H Ua n g , um dos fun- aparecendo dentro de veículos autôno- que são membros da Business Roundta-
dadores da NVIDIA, tinha em mente um mos, robôs, drones e dezenas de outras ble assinaram uma declaração afirman-
único nicho ao criar a empresa: a cons- ferramentas de alta tecnologia. O gráfico do que o objetivo de uma empresa não é
trução de chips poderosos capazes de de ações da NVIDIA mostra que a apos- servir apenas os acionistas, mas também
gerar gráficos para videogames de alta ta valeu a pena: do fim de 2015 ao fim outros quatro grupos de stakeholders:
velocidade. Em 1999, quando a empresa de 2018, as ações da empresa cresceram funcionários, clientes, fornecedores e
abriu o capital e à medida que crescia nos 14 vezes — o que coloca Huang no pri- comunidades.
anos 2000, os videogames continuaram meiro lugar da nova lista da HBR de CEOs A mudança na ponderação do ESG
impulsionando seu crescimento — mas, com melhor desempenho do mundo. prejudicou uma pessoa em particular: o
mesmo naquela época, Huang, um imi- Huang estreia no primeiro lugar, mas CEO da Amazon, Jeff Bezos. Apenas com
grante de Taiwan que estudou engenha- não na lista: ficou em 2º lugar em 2018 e base no desempenho financeiro, Bezos
ria elétrica no Oregon State University e em 3º em 2017 (O CEO com melhor de- fica no topo da lista em todos os anos,
na Stanford University, vislumbrou um sempenho no ano passado, Pablo Isla, da desde 2014. No entanto, ele não conse-
caminho diferente. Os cientistas de da- varejista espanhola Inditex, passou de guiu entrar na lista neste ano devido
dos começavam a usar computadores pa- CEO a presidente, deixando de concor- à pontuação relativamente baixa no
ra cálculos muito mais sofisticados e rápi- rer em 2019). Essa consistência é típica ESG da Amazon. De acordo com a
dos e a NVIDIA passou a gastar bilhões de na lista. Diferentemente dos rankings ba- Sustainalytics, uma das duas empresas
dólares em pesquisa e desenvolvimento seados em avaliações subjetivas ou mé- de dados ESG que auxiliam a HBR em
para criar chips compatíveis com aplicati- tricas de curto prazo, baseia-se em me- seu ranking, a pontuação reflete riscos
vos de inteligência artificial (IA). Em me- didas objetivas de desempenho ao lon- criados pelas condições de trabalho e
ados de 2010, seus chips para IA passa- go de todo o mandato do CEO — e esses políticas de emprego, segurança de da-
ram a dominar esse mercado nascente, “indicadores de carreira” tendem a ser dos e questões antitruste.
NVIDIA 1993 Salesforce. 2001 Kering 2005 Texas 2004 Iberdrola 2001
com Instruments
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
6 7 8 9 10
Shantanu Narayen Ajay Banga Johan Thijs Satya Nadella Bernard Arnault
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Adobe 2007 Mastercard 2010 KBC 2012 Microsoft 2014 LVMH 1989
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Tecnologia da ✓ Tecnologia da ✓ Serviços financeiros ✓ Tecnologia da ✓ Bens de consumo ×
Informação Informação Informação
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Estados Unidos ✓ Estados Unidos ✓ Bélgica × Estados Unidos ✓ França ×
RANKING FINANCEIRO 43 RANKING FINANCEIRO 13 RANKING FINANCEIRO 78 RANKING FINANCEIRO 86 RANKING FINANCEIRO 7
RANKING SUSTAINALYTICS 204 RANKING SUSTAINALYTICS 166 RANKING SUSTAINALYTICS 36 RANKING SUSTAINALYTICS 99 RANKING SUSTAINALYTICS 337
RANKING CSRHUB 82 RANKING CSRHUB 284 RANKING CSRHUB 111 RANKING CSRHUB 13 RANKING CSRHUB 154
Os CEOs: [ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 ] 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
1
Keith Block se tornou coCEO em Agosto de 2018
26 Harvard Business Review
Novembro 2019
11 12 13 14 15
Erik Engstrom Michael Mussallem Elmar Degenhart Anders Runevad 1 Bernard Charlès
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
RELX 2009 Edwards Lifesciences 2000 Continental 2009 Vestas 2013 Dassault Systèmes 1995
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Serviços comerciais ✓ Saúde ✓ Automotivo × Manufatura × Tecnologia da ✓
Informação
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Reino Unido ✓ Estados Unidos × Alemanha × Dinamarca ✓ França ×
RANKING FINANCEIRO 97 RANKING FINANCEIRO 18 RANKING FINANCEIRO 67 RANKING FINANCEIRO 114 RANKING FINANCEIRO 24
RANKING SUSTAINALYTICS 75 RANKING SUSTAINALYTICS 195 RANKING SUSTAINALYTICS 153 RANKING SUSTAINALYTICS 27 RANKING SUSTAINALYTICS 373
RANKING CSRHUB 2 RANKING CSRHUB 254 RANKING CSRHUB 177 RANKING CSRHUB 85 RANKING CSRHUB 174
16 17 18 19 20
Nancy McKinstry Hamid Moghadam Benoît Potier Jean-Paul Agon Mark Parker
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Wolters Kluwer 2003 Prologis 1997 Air Liquide 1997 L’Oréal 2006 Nike 2006
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Serviços comerciais ✓ Imobiliário ✓ Insumos básicos ✓ Bens de consumo ✓ Bens de consumo ✓
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Holanda ✓ Estados Unidos ✓ França × França × Estados Unidos ×
RANKING FINANCEIRO 94 RANKING FINANCEIRO 52 RANKING FINANCEIRO 66 RANKING FINANCEIRO 142 RANKING FINANCEIRO 22
RANKING SUSTAINALYTICS 211 RANKING SUSTAINALYTICS 111 RANKING SUSTAINALYTICS 61 RANKING SUSTAINALYTICS 129 RANKING SUSTAINALYTICS 522
RANKING CSRHUB 83 RANKING CSRHUB 382 RANKING CSRHUB 384 RANKING CSRHUB 1 RANKING CSRHUB 183
21 22 23 24 25
Jacques Simon Borrows Jamie Dimon Laurence Fink Gregory Goodman
Aschenbroich
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Valeo 2009 3i 2012 JPMorgan Chase 2005 BlackRock 1988 Goodman 1995
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Automotivo × Serviços financeiros ✓ Serviços financeiros ✓ Serviços financeiros ✓ Imobiliário ✓
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
França × Reino Unido ✓ Estados Unidos ✓ Estados Unidos ✓ Austrália ×
RANKING FINANCEIRO 159 RANKING FINANCEIRO 145 RANKING FINANCEIRO 84 RANKING FINANCEIRO 5 RANKING FINANCEIRO 42
RANKING SUSTAINALYTICS 92 RANKING SUSTAINALYTICS 39 RANKING SUSTAINALYTICS 188 RANKING SUSTAINALYTICS 308 RANKING SUSTAINALYTICS 228
RANKING CSRHUB 15 RANKING CSRHUB 140 RANKING CSRHUB 311 RANKING CSRHUB 571 RANKING CSRHUB 479
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
1
deixou o cargo em 1º de agosto de 2019
Harvard Business Review
Novembro 2019 27
Os CEOs Em média, se
tornaram CEO
26 27 aos 45 anos 28
e estão no
Lisa Su Xavier Huillard Alfred Chan
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Advanced Micro 2014 Vinci 2006 Hong Kong 1997
cargo há
Devices and China Gas
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Tecnologia da ✓ Manufatura ✓ Serviços públicos ✓
Informação
15 anos.
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Estados Unidos × França × Hong Kong ×
RANKING FINANCEIRO 72 RANKING FINANCEIRO 83 RANKING FINANCEIRO 47
RANKING SUSTAINALYTICS 141 RANKING SUSTAINALYTICS 396 RANKING SUSTAINALYTICS 432
RANKING CSRHUB 428 RANKING CSRHUB 128 RANKING CSRHUB 266
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Imobiliário × Insumos básicos ✓ Manufatura ✓ Tecnologia da ✓ Saúde ✓
Informação
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Estados Unidos × Suíça × França × Estados Unidos × Japão ×
RANKING FINANCEIRO 32 RANKING FINANCEIRO 133 RANKING FINANCEIRO 74 RANKING FINANCEIRO 186 RANKING FINANCEIRO 85
RANKING SUSTAINALYTICS 415 RANKING SUSTAINALYTICS 254 RANKING SUSTAINALYTICS 479 RANKING SUSTAINALYTICS 38 RANKING SUSTAINALYTICS 529
RANKING CSRHUB 364 RANKING CSRHUB 55 RANKING CSRHUB 108 RANKING CSRHUB 30 RANKING CSRHUB 29
34 Richard
Fairbank 35 Heinz-Jürgen
Bertram 36 Michitaka
Sawada 37 Marillyn
Hewson 38 Douglas
Baker Jr.
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Capital One 1994 Symrise 2009 Kao 2012 Lockheed Martin 2013 Ecolab 2004
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Serviços financeiros ✓ Insumos básicos ✓ Bens de consumo ✓ Manufatura ✓ Insumos básicos ✓
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Estados Unidos ✓ Alemanha × Japão × Estados Unidos × Estados Unidos ×
RANKING FINANCEIRO 23 RANKING FINANCEIRO 138 RANKING FINANCEIRO 177 RANKING FINANCEIRO 97 RANKING FINANCEIRO 63
RANKING SUSTAINALYTICS 560 RANKING SUSTAINALYTICS 251 RANKING SUSTAINALYTICS 77 RANKING SUSTAINALYTICS 301 RANKING SUSTAINALYTICS 492
RANKING CSRHUB 293 RANKING CSRHUB 64 RANKING CSRHUB 60 RANKING CSRHUB 219 RANKING CSRHUB 188
Os CEOs: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 [ 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
SETOR
Tecnologia da
Informação
PAÍS
INSIDER
✓
MBA
SETOR
Serviços financeiros
PAÍS
INSIDER
✓
MBA
SETOR
Manufatura
PAÍS
INSIDER
✓
MBA
SETOR
Saúde
PAÍS
INSIDER
✓
MBA ano
passado
Espanha ✓ Estados Unidos ✓ Espanha ✓ Estados Unidos ✓
RANKING FINANCEIRO 132 RANKING FINANCEIRO 134 RANKING FINANCEIRO 162 RANKING FINANCEIRO 48
RANKING SUSTAINALYTICS 173 RANKING SUSTAINALYTICS 237 RANKING SUSTAINALYTICS 245 RANKING SUSTAINALYTICS 591
RANKING CSRHUB 220 RANKING CSRHUB 161 RANKING CSRHUB 45 RANKING CSRHUB 252
48 Jean-Pascal
Tricoire 49 Glenn
Chamandy 50 George Kwok
Lung Hongchoy 51 Olivier Filliol 52 Masahiko
Uotani
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Schneider Electric 2006 Gildan Activewear 2004 Link REIT 2010 Mettler Toledo 2008 Shiseido 2014
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Manufatura ✓ Bens de consumo ✓ Imobiliário ✓ Saúde ✓ Bens de consumo ×
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
França ✓ Canadá × Hong Kong ✓ Suíça ✓ Japão ✓
RANKING FINANCEIRO 211 RANKING FINANCEIRO 174 RANKING FINANCEIRO 80 RANKING FINANCEIRO 130 RANKING FINANCEIRO 104
RANKING SUSTAINALYTICS 60 RANKING SUSTAINALYTICS 182 RANKING SUSTAINALYTICS 439 RANKING SUSTAINALYTICS 149 RANKING SUSTAINALYTICS 330
RANKING CSRHUB 28 RANKING CSRHUB 84 RANKING CSRHUB 275 RANKING CSRHUB 350 RANKING CSRHUB 303
53 Frederick
Smith 54 Tadashi Yanai 55 Robert Iger 56 Michael Zahn 57 Michael
Lamach
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
FedEx 1971 Fast Varejoing 1984 Disney 2005 Deutsche Wohnen 2008 Ingersoll-Rand 2010
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Transporte ✓ Varejo ✓ Comunicação ✓ Imobiliário ✓ Manufatura ✓
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Estados Unidos × Japão × Estados Unidos × Alemanha × Estados Unidos ✓
RANKING FINANCEIRO 58 RANKING FINANCEIRO 7 RANKING FINANCEIRO 36 RANKING FINANCEIRO 75 RANKING FINANCEIRO 134
RANKING SUSTAINALYTICS 319 RANKING SUSTAINALYTICS 486 RANKING SUSTAINALYTICS 570 RANKING SUSTAINALYTICS 366 RANKING SUSTAINALYTICS 343
RANKING CSRHUB 549 RANKING CSRHUB 625 RANKING CSRHUB 429 RANKING CSRHUB 457 RANKING CSRHUB 207
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Serviços financeiros × Tecnologia da ✓ Tecnologia da ✓ Bens de consumo ✓ Tecnologia da ✓
Informação Informação Informação
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Noruega × Estados Unidos ✓ Holanda × Holanda × Estados Unidos ✓
RANKING FINANCEIRO 205 RANKING FINANCEIRO 123 RANKING FINANCEIRO 248 RANKING FINANCEIRO 201 RANKING FINANCEIRO 124
RANKING SUSTAINALYTICS 52 RANKING SUSTAINALYTICS 130 RANKING SUSTAINALYTICS 24 RANKING SUSTAINALYTICS 110 RANKING SUSTAINALYTICS 406
RANKING CSRHUB 171 RANKING CSRHUB 484 RANKING CSRHUB 34 RANKING CSRHUB 185 RANKING CSRHUB 265
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 ] 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
2
deixou o cargo em 11 de setembro de 2019 Novembro 2019
Os CEOs 86 são
ã
iNsidErs,
63 Ma Huateng 64 Carlos Tavares 65 Paolo Rocca
assim
como no
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Tencent 1998 Peugeot 2014 Tenaris 2002
ano passado
passado.
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
China × França × Argentina ×
RANKING FINANCEIRO 2 RANKING FINANCEIRO 250 RANKING FINANCEIRO 65
RANKING SUSTAINALYTICS 600 RANKING SUSTAINALYTICS 82 RANKING SUSTAINALYTICS 329
RANKING CSRHUB 644 RANKING CSRHUB 14 RANKING CSRHUB 647
66 Florentino
Pérez Rodríguez 67 David Simon 68 Dean Connor 69 Oliver Bäte 70 Jeffrey
Sprecher
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
ACS 1993 Simon Property 1995 Sun Life Financial 2011 Allianz 2015 Intercontinental 2000
Exchange
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Manufatura ✓ Imobiliário ✓ Serviços financeiros ✓ Serviços financeiros ✓ Serviços financeiros ✓
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Espanha × Estados Unidos ✓ Canadá × Alemanha ✓ Estados Unidos ✓
RANKING FINANCEIRO 53 RANKING FINANCEIRO 15 RANKING FINANCEIRO 195 RANKING FINANCEIRO 249 RANKING FINANCEIRO 27
RANKING SUSTAINALYTICS 626 RANKING SUSTAINALYTICS 606 RANKING SUSTAINALYTICS 188 RANKING SUSTAINALYTICS 72 RANKING SUSTAINALYTICS 619
RANKING CSRHUB 415 RANKING CSRHUB 620 RANKING CSRHUB 197 RANKING CSRHUB 68 RANKING CSRHUB 568
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Canadá × Japão × Reino Unido ✓ França × Estados Unidos ✓
RANKING FINANCEIRO 219 RANKING FINANCEIRO 113 RANKING FINANCEIRO 31 RANKING FINANCEIRO 89 RANKING FINANCEIRO 63
RANKING SUSTAINALYTICS 156 RANKING SUSTAINALYTICS 460 RANKING SUSTAINALYTICS 554 RANKING SUSTAINALYTICS 512 RANKING SUSTAINALYTICS 707
RANKING CSRHUB 136 RANKING CSRHUB 330 RANKING CSRHUB 621 RANKING CSRHUB 402 RANKING CSRHUB 332
76 Jean-Sébastien
Jacques 77 Pascal Soriot 78 Simon Wolfson 79 Raymond
McDaniel Jr. 80 Daniel Amos
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Rio Tinto 2016 AstraZeneca 2012 Next 2001 Moody’s 2005 Aflac 1990
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Insumos básicos ✓ Saúde × Varejo ✓ Serviços financeiros ✓ Serviços financeiros ✓
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Reino Unido × Reino Unido ✓ Reino Unido × Estados Unidos × Estados Unidos ×
RANKING FINANCEIRO 168 RANKING FINANCEIRO 202 RANKING FINANCEIRO 91 RANKING FINANCEIRO 90 RANKING FINANCEIRO 17
RANKING SUSTAINALYTICS 108 RANKING SUSTAINALYTICS 160 RANKING SUSTAINALYTICS 607 RANKING SUSTAINALYTICS 412 RANKING SUSTAINALYTICS 671
RANKING CSRHUB 467 RANKING CSRHUB 257 RANKING CSRHUB 333 RANKING CSRHUB 533 RANKING CSRHUB 618
Os CEOs: 60 61 62 [ 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 ] 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Estados Unidos × Estados Unidos ✓ Austrália × Reino Unido ✓ Canadá ×
RANKING FINANCEIRO 11 RANKING FINANCEIRO 126 RANKING FINANCEIRO 142 RANKING FINANCEIRO 283 RANKING FINANCEIRO 116
RANKING SUSTAINALYTICS 461 RANKING SUSTAINALYTICS 294 RANKING SUSTAINALYTICS 595 RANKING SUSTAINALYTICS 58 RANKING SUSTAINALYTICS 276
RANKING CSRHUB 858 RANKING CSRHUB 493 RANKING CSRHUB 122 RANKING CSRHUB 5 RANKING CSRHUB 574
85 T Paul
Desmarais Jr. 87 Alfred Kelly Jr. 88 Sheng Yue Gui 89 Piyush Gupta 90 Colin
Goldschmidt
EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO EMPRESA INÍCIO
Power Corporation 1996 Visa 2016 Geely Automotivo 2006 DBS Bank 2009 Sonic Healthcare 1993
of Canada
SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER SETOR INSIDER
Serviços financeiros ✓ Tecnologia da × Automotivo ✓ Serviços financeiros × Saúde ✓
Informação
PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA PAÍS MBA
Canadá ✓ Estados Unidos ✓ Hong Kong ✓ Cingapura ✓ Austrália ×
RANKING FINANCEIRO 116 RANKING FINANCEIRO 186 RANKING FINANCEIRO 56 RANKING FINANCEIRO 152 RANKING FINANCEIRO 100
RANKING SUSTAINALYTICS 276 RANKING SUSTAINALYTICS 291 RANKING SUSTAINALYTICS 686 RANKING SUSTAINALYTICS 290 RANKING SUSTAINALYTICS 521
RANKING CSRHUB 574 RANKING CSRHUB 246 RANKING CSRHUB 464 RANKING CSRHUB 414 RANKING CSRHUB 427
Os CEOs: 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 [ 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 ]
hbr reprint R1911B–P para pedidos, página 10
T
1
indica empate
vai sair do cargo em 1º de fevereiro de 2020
Harvard Business Review
Novembro 2019 31
Foco
James M. Citrin Claudius A. Robert J. Stark
Spencer Stuart Hildebrand Spencer Stuart
Spencer Stuart
o
s e X e C U t i VO s Q U e aparecem
na lista da Harvard Business
Review de CEOs com melhor
desempenho do mundo em 2019
apresentam notável longevida-
de na função: em média, o ho-
menageado é CEO há 15 anos, mais que
o dobro da média de 7,2 anos do S&P 500
em 2017. Todos criaram tremendo valor
durante a carreira — mas, como a maio-
ria dos CEOs, muitos passaram por altos
e baixos de curta duração no desempe-
nho. Para os conselhos de administração,
isso cria um dilema: como saber se o CEO
está passando por uma queda pontual
ou por um problema de longo prazo — e
o que fazer a respeito? Os números este-
lares desses CEOs podem levantar outra
questão: como o conselho sabe quando
é a hora de um líder de alto desempenho
deixar o cargo?
Existem poucos dados sobre o de-
sempenho dos CEOs ao longo do tempo;
CEOs, diretores e investidores geralmen-
te preenchem o vácuo de conhecimento
com histórias, suposições e regras práti-
cas. Por exemplo, quando perguntamos
lado, conduzido mais por expectati- de maneira proativa, conversas individu- stakeholders. Este é um período, disse
vas não atendidas do que por problemas ais para conseguir apoio. Devido a essas um CEO, em que “suas ações e a quanti-
significativos. Em alguns casos, um ações de construção de confiança, gran- dade de trabalho não se refletem ime-
desafio imprevisto atrai mais atenção de parte da boa vontade inicial persistiu, diatamente no desempenho e podem
negativa dos investidores do que mesmo quando o desempenho dimi- ser punidas pelo mercado no curto pra-
mereceria. Como disse um CEO: nuía. Os conselhos devem fazer pergun- zo”. A essa altura, o CEO deveria ter
“Em algum momento, nos primeiros tas críticas durante esse período, mas experiência suficiente para lidar com
12 a 18 meses, você encontrará uma ser- devem fazê-lo de forma construtiva e so- essa desconexão.
ra elétrica”. lidária. O diálogo ajudará a aproximar as Os CEOs que não se recuperam com-
Os CEOs devem reconhecer a fre- expectativas — positivas e negativas — pletamente da crise do segundo ano
quência de quedas no segundo ano e da realidade. podem sofrer crescente pressão do
gerir as expectativas de uma possível conselho de administração. Como nos
desaceleração. “Mesmo quando você disse um diretor: “É no terceiro ou quar-
pensa que se comunica demais, pro- ANOS 3 A 5 to ano que o conselho começa a fazer
vavelmente não está se comunicando
o suficiente”, disse um diretor. CEOs e
A recuperação perguntas realmente difíceis”. Alguns
CEOs que foram pressionados nesse pe-
conselhos administrativos podem trans- Se sobreviverem à queda do segundo ríodo nos disseram que gostariam de ter
formar esse período inicial de desempe- ano, a maioria dos CEOs entra em um passado mais tempo com os conselheiros
nho insuficiente em uma oportunidade período de ventos favoráveis. Suas ações fora do conselho de administração para,
para trabalhar em conjunto, refinar ainda nos primeiros dois anos começam a desde cedo, estreitar relacionamentos.
mais a direção estratégica e, o que é mais dar frutos. O conselho de administra- Muitos CEOs bem-sucedidos fizeram
importante, criar confiança e redefinir os ção reservou um assento na primeira fi- isso com frequência, procurando ati-
rumos sempre que necessário. Quando la para que o CEO lidasse com a crise; os vamente conselheiros individuais
reconhecem que estão nesse estágio, é investidores viram resultados positivos quando viajavam.
mais provável que os diretores mante- e sinalizaram apoio. “Você ganhou a con- No fim desta etapa, o CEO corre o
nham a calma, apoiem a direção acor- fiança de sua equipe e criou união para risco de desenvolver um ponto cego.
dada e não incentivem a gestão a agir enfrentar uma crise conjuntamente”, A confiança pode se transformar em
de modo impensado. disse um CEO. excesso de confiança, principalmente
No entanto, uma grande queda de Os CEOs nesta etapa trabalham se tiverem vários anos de alto desem-
desempenho que impeça o alinhamento arduamente para o futuro. Sua marca penho. Alguns ficam inquietos. Podem
entre CEO e conselho de administração já está em toda a empresa: a direção es- sentir falta das frequentes promoções
pode preparar o cenário para problemas tratégica está definida, a cultura orga- e mudanças de emprego que tiveram
futuros. Nossos dados mostram que os nizacional continua evoluindo e a dinâ- no caminho até o cargo — ou perceber
CEOs que sofrem uma queda acentuada mica positiva do conselho de administra- a pressão em sua vida e na família.
no segundo ano têm probabilidade signi- ção foi estabelecida. Para alguns CEOs, Outros passam a se concentrar em
ficativamente maior de serem dispensa- este é o momento ideal para buscar questões relacionadas ao legado e co-
dos nos anos posteriores. oportunidades de fusão e aquisição. meçam a pensar e falar sobre propósito.
Os CEOs de alto desempenho nos dis- É também quando testam ideias e Alguns questionam o longo tempo que
seram que ser totalmente transparen- plantam as sementes para novas inicia- grandes investimentos levarão para
te com o conselho de administração, a tivas, seja em pesquisa e desenvolvi- valer a pena e hesitam a dedicar muito
equipe de liderança e os investidores os mento, ciclos de produtos ou recursos tempo e esforço a uma aposta que tal-
ajudou a atravessar o segundo ano. Ob- para fazer a estratégia avançar — geral- vez só venha a ser lucrativa depois que
tiveram feedback valioso e procuraram, mente sem o conhecimento de outros eles se forem.
E
m 1º d e O U t U B r O d e 2018, quan-
do Lloyd Blankfein se preparava
para se aposentar como presidente
e CEO da Goldman Sachs, escreveu
uma carta pungente aos funcioná-
rios que transmitia sua ambivalência ao
renunciar. “Sempre foi difícil para mim
pensar em partir”, escreveu Blankfein,
que acabara de completar 64 anos.
“Quando as coisas não vão bem, você
não pode sair. E quando as coisas melho-
ram, você não quer sair. Hoje, não quero
me aposentar do Goldman Sachs, mas...
sinto que é o momento certo.”
Acertar esse timing é parte essencial do
trabalho do CEO — e é mais difícil do que
parece. Para líderes que passaram déca-
das trabalhando para chegar ao ápice da
carreira — com todo o poder, vantagens
e prestígio que acompanham a função —,
a aposentadoria pode ser uma perspecti-
va assustadora, quase existencial. Geral-
mente, sua autoestima está ligada ao
trabalho, e as questões com as quais se
Guia de
deparam são centrais para sua autoima-
gem: como posso permanecer vital e
relevante? As pessoas me respeitarão
mesmo sem o título? Onde devo morar
aposentadoria
agora que não estou mais vinculado à
sede? Como vou preencher meu tempo
livre? Sem uma empresa para liderar, co-
mo posso continuar fazendo a diferença
do CEO
no mundo?
Quando os CEOs trabalham de 70 a
80 horas por semana, é impossível con-
siderar essas questões com clareza ou
explorar o que pode ser possível ou grati-
saiba quando parar — e planeje o que virá a seguir. ficante após a aposentadoria. Desistir do
emprego é como cair de um penhasco.
Sem respostas, muitos CEOs optam por
permanecer mais tempo no cargo. No en-
Bill George tanto, ao fazer isso, colocam seu legado e
Professor na Harvard Business School sua empresa em perigo.
3
Se você é casado, converse com ja disponível para coisas mais importan-
seu cônjuge sobre a transição. Fa- tes e prioritárias. Esse novo estágio de
ça perguntas como: o que nos daria experimentação e de dizer “ainda não”
mais satisfação? Onde nos sentiríamos para oportunidades emergentes pode ser
realizados? Onde gostaríamos de morar desconfortável, mas conviver com esse
1
Finalize em grande estilo e saia no e passar o tempo? Que hobbies ainda não desconforto ajudará você a escolher sa-
auge. Muitos CEOs temem ser deixa- tivemos tempo de tentar? Existe uma biamente o próximo passo.
6
dos de lado assim que o cronograma lista abrangente de atividades — como Tome sua decisão e siga em frente.
de sucessão seja definido. Discordo. Você morar em outro país — que meu cargo Quando estiver pronto para assumir
está no comando até o último dia e de- de CEO nos impediu de experimentar? novas funções e atividades, seja flexí-
ve terminar seu mandato no ponto alto. Minha esposa, Penny, e eu conversamos vel sobre suas obrigações de tempo, saben-
Como diz o CEO da Ecolab, Doug Baker, com um terapeuta seis meses antes de do que esses compromissos não são para
“cruze a linha de chegada”. Permanecen- deixar a Medtronic para discutir essas sempre. Em seguida, mergulhe 100% para
do totalmente engajado, o CEO que está questões, e conseguimos abordar os di- aprender tudo o que puder e contribuir co-
de saída dá ao sucessor tempo para plane- ferentes estágios em que estávamos em mo se fosse ficar lá até o resto da vida.
jar sua própria agenda sem a pressão dos nossas carreiras.
4
negócios diários. Foi exatamente isso que Diga adeus e faça um corte seco.
John Noseworthy fez como CEO da Mayo Nos meses anteriores à sua partida, Pesando todas as opções
Clinic: com nove meses de antecedência, faça visitas pessoais para manter o Além de precisar de um processo para
avisou o conselho de administração para relacionamento com as pessoas mais im- avaliar as opções, muitos CEOs aposen-
que selecionasse e preparasse um suces- portantes, seus funcionários e clientes. tados querem falar especificamente so-
sor, enquanto continuava desenvolvendo Quando o seu tempo acabar, não fique bre os prós e contras das opções disponí-
os negócios médicos da Mayo e deixava as socializando com a diretoria. Mude seu veis. Aqui estão os mais comuns:
finanças em boa forma para sua aposen- escritório para um novo local — de prefe- Atuar em conselhos de administra-
tadoria, em 31 de dezembro de 2018. Du- rência longe da sede, mas definitivamen- ção. Atualmente, os CEOs na ativa são
rante esse período, seu sucessor, Gianrico te longe da ala executiva. Sugiro que restritos por seus próprios conselhos
Farrugia, desenvolvia uma agenda e orga- ex-CEOs voltem à empresa somente a participar em um único conselho ex-
nizava sua equipe principal. quando convidados pelo novo CEO. terno; mas, uma vez afastados, podem
2 5
Converse com um coach de car- Reserve de seis a 12 meses para fazer contribuições vitais para várias or-
reira ou um terapeuta com um explorar suas opções antes de as- ganizações. Por esse motivo, os CEOs re-
ano de antecedência. Ao deixar a sumir compromissos firmes. Um cém-aposentados são muito procurados
Medtronic, tive medo de me tornar irrele- tempo prolongado oferece aos líderes como conselheiros. A ex-CEO da DuPont,
vante, não ter uma plataforma de traba- uma tábula rasa, para que possam pensar Ellen Kullman, é um exemplo: participa
lho e não encontrar sentido na minha vida. claramente sobre o que segue. Depois que dos conselhos da Amgen, Carbon, United
Então, voltei a um terapeuta com quem saímos da Medtronic, Penny e eu aluga- Technologies e Goldman Sachs (como
tinha me consultado anos antes e conver- mos uma casa de campo em Provence minha colega), nos quais mostra seu ta-
sei sobre essas questões. Além de exami- e recebemos visitas de familiares e ami- lento para se aprofundar nos detalhes e
nar meus medos, a conversa me permitiu gos — algo que eu queria fazer antes, fazer perguntas importantes. Servir nos
imaginar como seria minha nova vida e mas não tinha tempo para ficar longe da conselhos permite que você permaneça
quais seriam minhas opções. Reconhe- empresa. Durante essa fase explorató- envolvido nas questões importantes que
cer que não queria assumir outro cargo ria, não assuma compromissos firmes. as empresas enfrentam e faça novos co-
em tempo integral me deu a liberdade de As primeiras oportunidades que surgem legas profissionais. Mas fique atento para
explorar muitas outras coisas que a vida podem não ser as melhores opções, mas o tempo que os conselhos podem exigir,
tem a oferecer. Eu ainda não tinha ideia alguns líderes as aceitam com medo de especialmente durante as crises, pois is-
de como me sentiria ou o que poderia fa- não conseguir preencher o tempo. Tal- so pode restringir suas outras atividades.
zer quando saísse, mas estava mais bem vez queiram manter um título e um car- Lecionar. Aprendi que lecionar pa-
preparado para lidar com o desconheci- tão de visita e informar aos colegas que ra candidatos a MBA e executivos pode
do. Depois de sair do emprego, passei dois ainda estão ativos. Tenha cuidado com ser gratificante e desafiador do ponto
Conheça seu público e Como as experiências Potencialize suas O futuro dos meios de Você sabe os impactos
mantenha suas de aprendizagem estratégias através pagamento é agora. da inovação dentro da
estratégias alinhadas impactam no resultado da inovação em Você está pronto? sua companhia?
da sua companhia?
para potencializar a Discuta a gestão do dados! Vamos juntos nos
experiência do cliente. DHO. tornar inovadores!
Estratégiasparatornara Vamos falar sobre Quais os principais Não remediar a saúde Varejo ágil: sua
experiêncianopós-venda como continuar corporativa pode ser operação está pronta
tãoagradávelque inovando com o seu de Recursos fatal. Vamos nos para inovar?
CSC? Humanos? encontrar para discutir
propagação da sua marca. este assunto?
Organize seus dados: O que líderes de crédito Vamos debater como Marketing e
faça isso e impulsione e cobrança estão ser mais estratégico Tecnologia: como
o seu negócio. fazendo para reduzir a sem deixar de lado o construir estratégias
burocracia e aumentar EBITDA. consistentes que
a produtividade. atenderão o negócio?
Fortaleça sua cultura Estratégias para Inovação industrial e O poder de Redução de custos,
e garanta o futuro da implementação e manufatura 4.0! transformar operações bem-estar dos
organização! manutenção dos CSCs e reduzir custos, você funcionários e inovação
que ainda estão nos está fazendo isso em de processos.
primeiros anos. sua empresa?
ONDE DISCUSSÕES
GANHAM SOLUÇÕES
DESCUBRA O NOVO MINDSET
DA LIDERANÇA MODERNA
PELA 1ª VEZ EM BELO HORIZONTE
Apoio
Artigos
“Estar aberto aos pontos de vista de alguém com quem não concordamos
não é tarefa fácil, mas quando enfrentamos essa situação com vontade de
entender nossas diferenças, conseguimos um resultado melhor.”
—DESVENDE O MISTÉRIO DA COL ABOR AÇÃO SUSTENTÁVEL—
Francesca Gino
Professora, Harvard
Business School
G ESTÃO D E
P ES S OAS
desvende o mistério
da colaboração
sustentável
O PROBLEMA
Na maioria das
organizações, os
esforços para promover
e manter a colaboração
não são suficientes.
A CAUSA
Os líderes que
tentam criar culturas
colaborativas tendem
a focar em incutir os
valores certos ou criar
o espaço certo. Eles
ignoram o fato de que
a colaboração requer
certas habilidades.
A SOLUÇÃO
Siga o exemplo da
Webasto, da Pixar e
de outras empresas.
Ensine as pessoas
a ouvir de fato uma
à outra, a abordar
as discussões com pergunte a qualquer líder se sua organização
valoriza a colaboração, e ouvirá um sonoro sim.
empatia, não com
opiniões, a se sentir à
vontade com feedbacks,
a liderar e seguir, a
falar com clareza e
evitar abstrações,
pergunte se as estratégias da empresa para
a ter interações
ganha-ganha. melhorar a colaboração foram bem-sucedidas, e
provavelmente receberá uma resposta diferente.
48 Harvard Business Review
Novembro 2019
G ESTÃO D E
P ES S OAS
1
rávamos”, revelou-me um executivo de uma grande empresa ENsiNE As PEssoAs A oUVir, NÃo A FALAr
farmacêutica. A maioria das dezenas de líderes que entrevis- O mundo empresarial premia todo aquele que se
tei sobre o assunto relatam sentimentos de frustração: tanta apresenta bem. Os funcionários pensam muito em
expectativa e esforço para tão pouco resultado. como impressionar favoravelmente — como enqua-
Nosso problema é que a ideia que os líderes têm de cola- drar seus argumentos nas discussões com os chefes, transmi-
boração é muito limitada: é um valor a cultivar, mas não uma tir suas ideias nas reuniões, persuadir ou coagir seus subordi-
habilidade a ensinar. As empresas tentaram incessantemente nados a fazer o que eles querem. (Muitos também investem
abordá-la por meio das mais variadas estratégias, como inau- pesado em coaches de expressão verbal, técnicos de mídia e
gurar escritórios abertos ou oficializá-la como meta corpora- outros especialistas.) Isso é compreensível, dada a nature-
tiva. Embora muitas dessas abordagens produzam avanços za competitiva dos ambientes de trabalho, mas tem custo.
Depois de assistir a uma aula “Pense como um líder”, introduzir regularmente”, revelou Jamie Woolf, gestor de li-
os funcionários relataram que suas interações com os cole- derança de desenvolvimento da Pixar e um de seus principais
gas melhoraram. Jeff Beatty, gestor do programa, refletiu: coaches. “Por isso, quando alguém tenta promover seu ponto
“Eu achava que liderar era passar por cima das pessoas que de vista, conscientemente ou não, nós intervimos para lhe
atravessassem seu caminho — que se tratava de agressivida- dar a oportunidade de aplicar a técnica corretamente e aos
de e firmeza. Depois de assistir às aulas, não consigo acredi- demais a oportunidade de aprender.”
tar que minha esposa me atura há 30 anos”. Com essa abordagem, as ideias recebem total atenção e
consideração. Soluções criativas são geradas, e os membros
da equipe sentem que foram realmente ouvidos.
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Fique atento ao que não é dito. Uma empresa de propa-
ENsiNE As PEssoAs A PrAticAr A EMPAtiA ganda e publicidade que estudei utiliza abordagem similar,
Pense na última vez que você se envolveu num con- mas também ensina os participantes a prestar atenção ao que
flito com um colega. Segundo minha pesquisa, é as pessoas não dizem. Se um membro da equipe de criação
provável que você tenha começado a sentir que ele apresenta uma ideia para criar uma campanha publicitária
foi indiferente ou não era uma pessoa muito brilhante. Ser de acordo com as necessidades do cliente, por exemplo, os
receptivo aos pontos de vista de alguém de quem discorda- colegas ouvintes têm a incumbência de tentar entender seu
mos não é fácil, mas quando abordamos a situação dispostos estado de espírito. Durante uma sessão que analisei, um
a entender nossas diferenças, o resultado é bem melhor. colega disse ao apresentador “eu percebi que sua voz estava
Em colaborações bem-sucedidas, cada um presume que um pouco hesitante, como se você estivesse em dúvida sobre
todos estão envolvidos, independentemente de background sua ideia. Cite alguns pontos fortes e fracos dessa ideia.”
ou títulos, são inteligentes, atenciosos e completamente em- Eu descobri que quando é mais importante nas equipes
penhados. Esse pensamento faz os participantes empenhar- transmitir empatia que compartilhar opiniões, todos se sen-
se em entender por que os outros têm pontos de vista diver- tem mais satisfeitos com as discussões. Mostrar empatia per-
gentes, o que permite que desenvolvam conversas construti- mite que as pessoas se sintam à vontade para perguntar qual
vas. O julgamento dá lugar à curiosidade, e as pessoas come- é o ponto de vista de quem está com a palavra. E a colabora-
çam a perceber que as perspectivas dos outros são tão valio- ção flui com suavidade.
sas quanto as suas. Duas abordagens podem ajudar aqui. Embora ouvir e mostrar empatia possibilite que os outros
Amplie o pensamento dos outros. Num exercício da tenham mais espaço na colaboração, é necessário coragem pa-
Pixar chamado Liderando de dentro para fora, alguns partici- ra enfrentar conversas difíceis e oferecer opiniões com fran-
pantes apresentam um desafio relevante para seus colabora- queza. As próximas três técnicas mostram como fazer isso.
dores num projeto. Em seguida, os colegas fazem perguntas,
mas são orientados a não utilizá-las para divulgar suas pró-
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prias ideias. Ao contrário, espera-se que ajudem o apresen-
tador a pensar no problema de forma diferente, sem julgar dEiXE As PEssoAs À VoNtAdE
as percepções ou abordagens do apresentador ou de outros PArA dAr E rEcEBEr FEEdBAcK
questionadores. Se um apresentador descreve o desafio de A boa colaboração envolve dar e receber bem o
fazer um membro da equipe falar com mais frequência em feedback — e transmitindo influência, não autori-
reuniões de brainstorming, por exemplo, o questionador per- dade. Os seguintes métodos podem ser úteis.
guntaria “como as atitudes dele mudaram?” ou “há outros Discuta abertamente a aversão ao feedback. Uma
contextos em que essa pessoa é mais loquaz?”. Se os questio- das aulas da Pixar ensina novos gestores não só a fornecer
nadores tentarem desvirtuar suas ideias ou opiniões, um feedback com mais frequência e eficiência como a melhor
coach lhes pedirá que reformulem suas perguntas. “Perce- absorvê-lo. Os coaches explicam primeiro que a aversão ao
bemos que, embora simples, essas técnicas são difíceis de feedback é comum. Como fornecedores de feedback, queremos
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“oferecer um plus” sejam bem conhecidas na Pixar, nem sem-
pre é fácil para os funcionários colocá-las em prática. Por isso, ENsiNE As PEssoAs A LidErAr E A sEgUir
os coaches participam das reuniões de brainstorming para rei- Na literatura e na prática da gestão costuma-se dar
terar a importância de boas abordagens e apontar os erros. Se muita atenção ao que torna o líder verdadeiramen-
um comentário ou questão não mostra “espírito colaborativo”, te eficiente. E pouca atenção é dispensada a como
o coach pede que ele seja reformulado. O coaching presencial segui-lo, embora isso seja uma habilidade importante. Em
entrevistas na American Express, aprendi que os melhores os outros, e as principais razões para tendermos para a mi-
colaboradores da empresa — os que são conhecidos por agre- crogestão: é difícil largar o controle, sentimo-nos responsá-
gar valor às interações e solucionar problemas agradando a veis pelo resultado e estamos cientes de que a tarefa precisa
todos — são adeptos tanto de liderar como de seguir, alter- ser feita “corretamente”. Por isso focamos nos resultados de
nando com leveza de ambos os lados conforme a necessida- curto prazo e não nas metas de longo prazo permitindo que
de. Ou seja, eles têm flexibilidade. outros de desenvolvam delegando tarefas. Preferimos que
Durante a campanha de 17 dias para encontrar e resgatar o serviço seja feito — mais rápido — a aceitar as razões para
os garotos de um time de futebol e o treinador presos na ca- delegar (permitindo que outros se sintam engajados ou cres-
verna Thai (Tailândia), que estava sendo inundada rapida- çam, e dando-nos mais tempo, e provavelmente aumentando
mente, em 2018, muitos acorreram ao local para ajudar, entre a produtividade no longo prazo). Os coaches comentam ca-
engenheiros hidráulicos, geólogos, mergulhadores equipes sos de delegações que deram errado — cuja principal lição é a
da SEAL, especialistas da Nasa, médicos e políticos. Somen- necessidade de confiar — e apresentam um gráfico de quatro
te por causa da flexibilidade esses colaboradores foram capa- quadrantes, o modelo “habilidade-vontade”, que explica
zes de contribuir da melhor forma possível e extrair o melhor como moldar uma delegação com as capacidades e motiva-
das pessoas à sua volta. Em dado momento, um engenheiro ções daqueles a quem estamos passando o controle.
inexperiente propôs um plano heterodoxo de utilizar tubos
longos na montanha acima da caverna para desviar parte da
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água da chuva que estava dificultando o mergulho. Em vez
de descartar a ideia, os engenheiros seniores cederam, e leva- FALE coM cLArEZA E EVitE ABstrAÇÕEs
ram o plano em consideração. Depois de testar o que a ideia Em qualquer colaboração há momentos em que
propunha, ela foi posta em prática, e a água parou de subir. há uma discussão aberta de ideias e momentos
Como a flexibilidade requer ceder o controle a outros, em que alguém, seja líder ou não, precisa inter-
muitos a consideram difícil. Alguns exercícios simples po- romper a confusão e articular claramente o caminho a seguir.
dem tornar as pessoas mais dispostas a flexibilizar: Pesquisas da psicologia mostram que quando nos comunica-
Melhore o autoconhecimento. Em algumas de minhas mos com os outros, quase sempre somos muito indiretos ou
aulas, peço aos alunos que se autoavaliem em relação aos co- abstratos. Nossas palavras teriam mais peso se fôssemos mais
legas em três quesitos: capacidade de tomar boas decisões, concretos e fornecêssemos imagens vívidas das metas. E nos-
capacidade de se relacionar bem com os outros, honestidade. sas afirmações seriam julgadas com mais honestidade.
Em seguida peço que calculem a média nos três itens. A mé- As aulas de comunicação tanto na Pixar como numa gran-
dia da maioria se situa acima de 50% e em geral no 70º ou 80º de companhia farmacêutica que estudei incluíam esse exer-
percentil, o que mostra aos alunos que sua autopercepção cício de interpretação de papéis: os participantes foram ins-
normalmente é inflada. Afinal, para a maioria dos responden- truídos a refletir sobre alguma coisa que precisassem dizer a
tes é impossível merecer classificações acima da média em um membro da equipe e depois perguntar a si mesmos “que
todos os quesitos desejáveis. Infelizmente, nossa autoper- estou tentando realizar?”. Eles dispunham de tempo para
cepção de otimismo exagerado comanda nossas decisões se praticar sua mensagem. Depois de entregá-la, a pessoa que
devemos permitir que outros assumam o controle. Por isso, desempenhava o papel de colega dizia a eles se, na verdade,
esse tipo de exercício ajuda no autoconhecimento. eles a tinham transmitido com clareza e propósito. E se o co-
Aprenda a delegar. Isso não é importante somente para lega não entendesse o motivo da conversa, o participante era
os líderes. É crítico também em colaborações de vários es- induzido a perguntar por que e então reformular a afirmação
pecialistas, como foi o resgate da caverna tailandesa, e em para ser mais clara e específica e incluir um propósito. Con-
projetos com equipes multifuncionais. Numa sessão de trei- sidere a afirmação “o projeto liderado por nossos colegas de
namento para ajudar novos gestores da Pixar a delegar, os marketing precisa de mais recursos e atenção para ser concluí-
participantes discutem por que é difícil passar a tocha para do no prazo”. A frase deve ser reformulada: “O projeto que
nossos colegas de marketing John e Ashley estão liderando exibidas aos participantes depois de terem a chance de estimar
precisa de mais US$ 5 mil e mais dois membros para ser con- quanto tempo passaram discutindo no vídeo.
cluído até o fim do mês. Acredito que dois de nós deveriam Equilibrar a conversa (para expressar suas preocupações
ajudar voluntariamente, uma vez que concluir dentro do pra- e necessidades) e fazer perguntas permitindo que os outros
zo é importante para manter um bom relacionamento com saibam seu grau de compreensão das necessidades deles pos-
nosso cliente”. sibilita imaginar soluções que criam valor. Pensando assim,
com o propósito do ganha/ganha, os colaboradores têm mais
condições de descobrir oportunidades nas diferenças.
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trEiNE As PEssoAs A tEr COmO as seis técnicas são mutuamente complementares,
iNtErAÇÕEs gANHA-gANHA mas interdependentes, elas são ideais para os funcionários
Costumo pedir aos alunos que, em duplas, pensem aprenderam a utilizar regularmente todas elas. É difícil ter in-
na melhor forma de dividir uma laranja. A cada terações em que ninguém sai perdendo se você passa a maior
um, sem o conhecimento do companheiro de dupla, é dado parte do tempo falando, e é difícil conhecer os interesses dos
um motivo para querer a fruta: um precisa fazer suco, o ou- outros se você não abordar as interações com empatia. Nem
tro precisa descascar a laranja para uma receita de muffin. Se as conversas serão produtivas se você somente ouvir e não
eles não conseguirem explorar os interesses mútuos, como a der suas opiniões — é necessário equilíbrio.
maioria das duplas faz, os parceiros podem acabar discutin- As técnicas criam dinâmicas positivas: os colegas com
do apenas a divisão da laranja: ela será cortada pela metade, quem elas são praticadas começam a se sentir mais respeita-
e cada um recebe um pedaço igual, ou um deles ficará com o dos e dispostos a respeitar. Minha pesquisa mostra que o res-
pedaço menor. Alguns até desistem quando não conseguem peito alimenta o entusiasmo, estimula a abertura para compar-
ficar com a laranja inteira. tilhar informações e aprender uns com os outros e motiva as
Somente poucos pares chegam a uma solução ideal: um pessoas a abraçar novas oportunidades de trabalhar juntas.
parceiro fica com a casca, o outro com o suco, e ambos saem Mas essa dinâmica precisa ser acionada por quem está no
satisfeitos. Como conseguir isso? Investigando as necessida- comando. Muitos líderes — até aqueles impregnados pelas
des de cada um. iluminadas teorias de gestão — não conseguem consistente-
Essa abordagem é muito importante nas interações em mente tratar os outros com respeito ou fazer o que é preciso
que todos saem ganhando. Nos projetos colaborativos para merecer o respeito dos outros.
bem-sucedidos que analisei, as pessoas eram sinceras sobre Os líderes frustrados pela falta de colaboração podem
seus interesses pessoais e acreditavam que poderiam con- começar a fazer a sim mesmos uma pergunta simples: que fi-
tribuir para resolver o problema. Essa transparência permite zeram hoje para encorajá-la? É somente assumindo regular-
que os participantes explorem a ideia que todos têm sobre o mente os próprios erros, ouvindo ativa e solidariamente as
que significa ganhar e acabem obtendo resultados favoráveis ideias das pessoas, e sendo respeitoso, mas direto quando
para todos. desafiar os pontos de vista e atitudes alheias, que é possível
Muitas organizações que estudei ensinam os líderes e os fun- promover colaborações duradouras. Treinando as pessoas a
cionários a encontrar soluções ganha-ganha por meio de exercí- aplicar as seis técnicas, os líderes podem fazer de equipes de
cios nos quais cada participante tem a informação que os outros trabalho criativas e produtivas um estilo de vida.
não têm — como é o caso de muitas colaborações na vida real HBR Reprint R1911c–P Para pedidos, página 10
— e é solicitado que tentem chegar ao melhor acordo possível
para todos. Depois, os instrutores sugerem técnicas que teriam FRANCESCA GINO é cientista comportamental na Harvard
ajudado as partes a descobrir os melhores interesses uns dos ou- Business School. Ela é autora dos livros Rebel talent: why it
tros — como fazer perguntas e ouvir atentamente — e promover pays to break the rules at work e In life and sidetracked: why our
acordos bem-sucedidos. Às vezes, as conversas são gravadas e decisions get derailed, and how we can stick to the plan.
o esquivo
consumidor
verde
Ele quer produtos sustentáveis,
mas não costuma comprá-los.
saiba como mudar isso.
AU TO R ES David J. Hardisty
Professor assistente na Sauder School of Business
Katherine White
Professora na Sauder
School of Business Rishad Habib
Candidato a doutorado na Sauder School of Business
I Lu sT R A d o R LLOYD MILLER
EM RESUMO
O DESAFIO
A maioria dos consumidores
vê com bons olhos os
produtos e serviços
ecologicamente corretos,
mas muitas vezes eles
não parecem dispostos a
pagar por eles. A ciência
comportamental pode
ajudar a fazer esta ponte.
A SOLUÇÃO
Considere cinco
abordagens: usar a
influência social, moldar
Aparentemente,
bons hábitos, alavancar o
efeito dominó, decidir se vai
ouvir o coração ou o cérebro
ou favorecer a experiência
em vez da posse do produto.
poucos consumidores que relatam atitudes positivas em relação entendimento informal dentro de um grupo social sobre o que
a produtos e serviços ecologicamente corretos compram os pro- constitui um comportamento aceitável. Inúmeros estudos
dutos que defendem. Em pesquisa recente, 65% disseram que mostraram que os seres humanos têm forte desejo de se
querem comprar marcas voltadas para propósitos que defen- adequar ao comportamento daqueles que os rodeiam. Para
dem a sustentabilidade, mas apenas 26% realmente o fazem. promover essa motivação, White e sua colega Bonnie Simpson
Estreitar essa “lacuna entre intenção e ação” é importante trabalharam com a cidade em um estudo de campo em larga
não apenas para atingir as metas de sustentabilidade corporativa, escala: mensagens eram deixadas na porta dos moradores:
mas também para o planeta. A Unilever estima que quase 70% de “Seus vizinhos estão fazendo gramaciclagem. Você também
sua pegada de gás de efeito estufa depende de quais produtos os pode fazer”; e “A maioria das pessoas está encontrando manei-
clientes escolhem e se os usam e descartam de forma sustentá- ras de reduzir o material que vai para o aterro — contribua com
vel — por exemplo, conservando água e energia na lavagem ou a gramaciclagem”. Em duas semanas, essa simples interven-
reciclando recipientes adequadamente depois de usar. ção resultou em quase o dobro de gramados residenciais.
Há vários anos estudamos formas de incentivar o con- Aproveitar o poder da influência social é uma das formas
sumo sustentável, realizando nossos próprios experimentos mais eficazes de estimular, também no consumo, hábitos
e revisando as pesquisas de marketing, economia e psicolo- pró-ambientais. Dizer a compradores online que outras
gia. A boa notícia é que os acadêmicos aprenderam muito pessoas estavam comprando produtos ecologicamente
sobre como alinhar os comportamentos dos consumidores corretos levou a 65% de aumento na aquisição de pelo menos
com suas preferências declaradas. Grande parte da pesquisa um item sustentável nas compras. Dizer aos clientes de um
focou as intervenções dos formuladores de políticas públicas buffet que a norma era não pegar muito de uma só vez (e que
— mas as descobertas podem ser aproveitadas por qualquer eles poderiam repetir) diminuía o desperdício de comida em
empresa que deseje estimular os consumidores a adotar 20,5%. Um dos principais indicadores da probabilidade de
atitudes e hábitos de compra sustentáveis. Sintetizando esses uma pessoa instalar um painel solar é seus vizinhos fazerem
insights, identificamos cinco ações que as empresas devem o mesmo. E talvez a descoberta mais surpreendente foi que
considerar: usar a influência social, formar bons hábitos, dizer a estudantes universitários que outros passageiros
alavancar o efeito dominó, decidir se vai ouvir o coração ou a estavam abandonando o carro em favor de meios de trans-
razão e privilegiar a experiência em vez da posse do produto. porte mais sustentáveis (como o ciclismo) os levaram a usar
transporte sustentável cinco vezes mais do que aqueles que
eram informados apenas das alternativas.
Use a influência social No entanto, por vezes, o tiro sai pela culatra. Se poucas
pessoas se envolvem no hábito sustentável, pode parecer que
Em 2010, a cidade de Calgary, em Alberta, no Canadá, teve ele não foi aprovado socialmente, desencorajando a adesão.
um problema. Ela lançou um programa chamado “Grama- Nestes casos, as empresas podem recrutar influenciadores
ciclagem”, que incentivava os moradores a deixar a grama para promover os elementos positivos do produto ou ação. Os
cortada se decompondo naturalmente sobre o gramado, em influenciadores são mais convincentes quando eles mesmos
vez de ensacá-la para ser levada a um aterro sanitário. Foi adotam o hábito. Um estudo descobriu que quando o influen-
criada uma campanha informativa sobre o programa que ciador relatou o motivo pelo qual instalou painéis solares
destacava seus benefícios: a gramaciclagem protegeria o residenciais, o número de pessoas que seguiram o exemplo
gramado, devolveria nutrientes valiosos ao solo e o ajudaria foi 63% maior do que quando ele não fez de fato a instalação.
a reter a umidade. Obter esses efeitos sustentáveis requeria As normas sociais também podem desestimular certos
menos trabalho individual. Mas as taxas iniciais de adoção segmentos de consumidores. Por exemplo, alguns homens
foram menores do que a cidade esperava. associam a sustentabilidade à feminilidade, o que os leva a evi-
Um de nós (White) aconselhou a prefeitura a tentar mudar tar opções sustentáveis. Mas se uma marca já está fortemente
o comportamento dos residentes usando “normas sociais” — o associada à masculinidade, esse efeito pode ser atenuado.
o World Wildlife Fund e organizações parceiras de voluntários Os lembretes podem ser mensagens de texto incitando
queriam sensibilizar as pessoas sobre a Hora do Planeta, evento as pessoas a se comportar do modo desejado, como andar
global que propõe apagar as luzes pela sustentabilidade, de bicicleta, fazer jogging ou ir de outra forma ecológica ao
lideraram competições amigáveis de economia de energia entre trabalho. Funcionam melhor quando são fáceis de entender
as cidades. O programa se espalhou por meio da difusão social: e recebidos no local onde o hábito deverá ser praticado e na
começou em Sydney, na Austrália, em 2007 e agora atinge 188 ocasião em que as pessoas estão motivadas a responder. Em
países, com 3,5 bilhões de menções em mídia social de janeiro um estudo, apenas colocar avisos perto de recipientes para
a março de 2018 e luzes desligadas em quase 18 mil pontos reciclagem aumentou a coleta em 54%.
históricos ou turísticos durante a Hora do Planeta de 2018. O feedback às vezes transmite às pessoas seu resultado
individual e às vezes compara seu desempenho com o de
outras pessoas. Contas de energia doméstica que mostram
Forme bons hábitos como o uso do consumidor se compara com o dos vizinhos
podem incentivar a economia de energia. Se o compor-
Seres humanos são criaturas de hábitos. Muitos deles, como tamento for repetitivo — dirigir um carro em condições
a maneira como nos deslocamos para o trabalho, o que com- variáveis de tráfego, por exemplo —, o feedback em tempo
pramos, o que comemos e como descartamos os produtos e real, como o que a Toyota Prius oferece aos motoristas sobre
as embalagens, fazem parte de nossas rotinas regulares. Fre- o consumo de combustível, poderá ser eficaz.
quentemente, a chave para disseminar hábitos sustentáveis Os incentivos podem assumir numerosas formas. No Reino
do consumidor é, primeiro, eliminar os ruins e, em seguida, Unido, a Coca-Cola fez uma parceria com a Merlin Entertain-
encorajar os bons. ments para oferecer “máquinas de venda reversa”, das quais
Hábitos são desencadeados por pistas encontradas em os consumidores, quando reciclam suas garrafas plásticas,
contextos familiares. Por exemplo, usar xícaras de café descar- recebem ingressos por metade do preço para os parques
táveis (hábito repetido estarrecedoras 500 bilhões de vezes ao temáticos. Os incentivos devem ser usados com cuidado,
ano em todo o mundo) pode ser uma resposta a certas pistas, porque, se forem removidos, o hábito desejado pode desa-
como a xícara padrão fornecida pelo barista e uma lixeira ilus- parecer. Outro possível problema é que eles podem minar o
trada com a foto de uma xícara, ambas comuns em cafeterias. desejo intrínseco dos consumidores de adquirir determinado
As empresas podem usar recursos de design para eliminar hábito. No estudo “Duas razões são melhores do que uma?”,
hábitos negativos e substituí-los com positivos. A abordagem publicado no Journal of Consumer Psychology, pesquisadores
mais simples e provavelmente a mais eficaz é tornar o hábito descobriram que combinar incentivos externos (“econo-
sustentável a opção default. Por exemplo, pesquisadores na mize dinheiro!”) com motivações intrínsecas (“salve o meio
Alemanha descobriram que quando a eletricidade verde foi ambiente!”) resultou em menor preferência por um produto
definida como a opção default em edifícios residenciais, 94% sustentável do que apenas o apelo intrínseco. Os autores
dos indivíduos ficaram com ela. Em outros casos, tornar default levantaram a hipótese de que isso ocorreu porque uma moti-
as opções verdes — como reutilizar toalhas ou receber extrato vação externa pode “expulsar” um desejo intrínseco.
bancário eletrônico em vez de impresso — aumentou a adesão Mesmo usando essas táticas, quase sempre é difícil elimi-
a elas. Nos restaurantes da Califórnia, as bebidas não vêm mais nar hábitos. Mas grandes mudanças na vida — como morar em
com canudo de plástico; os clientes devem solicitar explici- outro bairro, começar num novo emprego ou formar um novo
tamente por um. Outra estratégia é tornar a ação desejada grupo de amigos — podem criar uma exceção, porque essas
mais fácil — por exemplo, deixar os cestos de reciclagem mais mudanças tornam as pessoas mais propensas a avaliar cons-
próximos, solicitar uma classificação menos complexa dos cientemente suas rotinas e fazer experiências com elas. Um
recicláveis ou oferecer viagens gratuitas em transporte público. estudo examinou 800 domicílios, metade dos quais haviam se
Três técnicas sutis podem ajudar a moldar hábitos positivos: domiciliado recentemente. Metade dos participantes de cada
usar lembretes, fornecer feedback e oferecer incentivos. grupo (metade dos que haviam se mudado, metade dos já
Alavanque o efeito dominó a uma ação inicial simbólica como envolvimento em uma
causa geralmente pratica menos ações positivas no futuro.
Um dos benefícios de encorajar os consumidores a adquirir
hábitos sustentáveis é que isso pode ter efeitos positivos: as
pessoas gostam de ser consistentes; portanto, se os ado-
tarem, estarão aptas a fazer outras mudanças positivas no decida se vai ouvir
futuro. Depois que a IKEA lançou uma iniciativa de sustenta-
bilidade chamada Live Lagom (lagom significa “a quantidade o coração ou a razão
certa” em sueco), estudou profundamente a experiência A forma como as empresas se comunicam com os consu-
de sustentabilidade em um grupo central de clientes. A midores tem enorme influência na aquisição de hábitos
empresa descobriu que, embora as pessoas possam começar sustentáveis. Ao se prepararem para lançar ou promover
com uma única medida — como reduzir o desperdício de um produto ou campanha, os profissionais de marketing
alimentos da casa —, muitas vezes passam a atuar em outros geralmente têm de escolher entre alavancas emocionais e
domínios, como a conservação de energia. A IKEA também argumentos racionais. Ambos podem ser efetivos — mas só
observou um efeito bola de neve: as pessoas começavam com se certas condições forem atendidas.
pequenas ações e evoluíam para ações mais significativas. Apelo emocional. As pessoas são mais propensas a agir de
Por exemplo, a compra de lâmpadas LED pode levar ao uso determinada maneira quando isso gera sentimentos positivos.
de roupa mais quente para diminuir o termostato, trocar Muitas vezes, esse preceito central é negligenciado nas campa-
cortinas e persianas para diminuir a perda de calor, isolar por- nhas publicitárias de sustentabilidade, que tendem a enfatizar
tas e janelas, comprar aparelhos com eficiência energética, os avisos perturbadores. Pesquisas descobriram que a espe-
instalar termostato programável e assim por diante. rança e o orgulho são particularmente úteis para impulsionar
É importante lembrar que podem ocorrer também efeitos o consumo sustentável. A Bacardi e a Lonely Whale cultivam
negativos: uma ação sustentável pode levar alguém a agir de a esperança em sua colaboração para eliminar um bilhão de
forma menos sustentável, fenômeno denominado licencia- canudos de plástico e usam a hashtag #thefuturedoesntsuck
mento por pesquisadores. Isso se verifica quando o consu- [o futuro não será uma droga] para promover eventos e clamar
midor acha que uma ação ética inicial confere permissão por ações do consumidor. E quando as pessoas em um estudo
para agir de forma menos virtuosa no futuro. Por exemplo, eram elogiadas publicamente toda semana por seus esforços
as pessoas usam mais papel quando podem demonstrar de eficiência energética, gerando orgulho, economizavam
que estão reciclando e usam mais de um produto (como mais energia do que um grupo que recebia pequenas recom-
enxaguante bucal, limpador de vidro ou desinfetante para as pensas financeiras semanais (de até 5 euros).
mãos) quando ele é sustentável. A culpa é uma ferramenta emocional mais complicada.
As empresas podem tomar medidas para diminuir o risco Pesquisas de White e colegas sugerem que ela pode ser um
de efeitos negativos. Por exemplo, garantir que a primeira motivador eficaz, mas deve ser usada com cuidado. Em
ação sustentável seja particularmente trabalhosa, o que um experimento, quando a responsabilidade foi sutilmente
parece gerar comprometimento. Quando os consumidores destacada (os participantes foram convidados a escolher um
são solicitados a assumir compromissos menores, é melhor produto em ambiente público), os consumidores relataram
de hábitos eficazes podem ser igualmente eficazes. A Tide a opção de fácil acesso (como uma corrida de Uber ou Lyft)
incentiva os consumidores a usar o #CleanPledge (compro- em vez da mais sustentável, como caminhar, andar de bici-
misso pela limpeza) e lavar a roupa com água fria. Além do cleta ou usar transporte público. Assim, é importante avaliar
compromisso do consumidor, a campanha explica clara- com cuidado o impacto que o serviço oferecido terá nos
mente as consequências, como “mudar para água fria por um consumidores. A Lyft respondeu a essa preocupação compro-
ano economiza energia suficiente para carregar seu celular metendo-se a compensar suas operações globalmente,
por toda a vida”. Outra tática é dar aos consumidores algo “através do financiamento direto de iniciativas de mitigação
tangível para que eles mostrem seu apoio a uma marca ou de emissões, incluindo a redução de emissões no processo
causa e fornecer relatórios de resultado claros. Por exemplo, de fabricação automotiva, programas de energia renovável,
a 4ocean informa os consumidores que, para cada bracelete projetos florestais e captura de emissões de aterros sanitá-
comprado, um quilo de lixo será removido do oceano graças rios”, resultando em corridas neutras em carbono.
ao upcycling (reutilização de resíduos). Outras empresas conquistaram clientes propondo-se reciclar
o produto após o uso. Tanto a Eileen Fisher quanto a Patagonia
incentivam os clientes a comprar suas peças de vestuário de alta
A introdução da iA AU TO R
Matt
comprometendo as California at
Santa Barbara
técnicas tradicionais de I lU ST R A D O R
e o treinamento no local de
trabalho. É preciso aprender a
aliar o novo ao antigo.
O PROBLEMA
A corrida por máquinas
inteligentes e analytics
sofisticadas em muitas
dimensões do trabalho
diminui as oportunidades
para que os trainees
adquiram habilidades
através do local de
trabalho (TLT).
O RESULTADO
Na medicina, no
policiamento e em
outras áreas, as pessoas
encontram formas de
infringir regras para
adquirir o conhecimento
de que necessitam,
mantendo-se fora do
centro das atenções.
Esse shadow learning
(aprendizado de
sombra) é tolerado
pelos resultados que
produz, mas pode
ter custo pessoal e
empresarial.
A SOLUÇÃO
Para resolverem o
problema, as empre-
sas devem descobrir
e estudar cuidadosa-
mente o shadow learning;
adaptar práticas que
desenvolvam projetos
organizacionais,
tecnológicos e
operacionais que
aprimorem o TLT e
tornar as máquinas
inteligentes parte
da solução.
seis meses dePOis. Novamente, às 6h30 da manhã, Kristen robô, ele pode realizar todo o procedimento sozinho — e, na
leva outro paciente para a sala de cirurgia na cadeira de maior parte do tempo, é isso que ele faz. Ele sabe que Kristen
rodas, mas desta vez para a cirurgia robótica de próstata. precisa de treino, mas sabe também que ela seria mais lenta
O responsável lidera a instalação de um robô de mil quilos, e cometeria mais erros. Então, ela terá sorte se operar cerca
prendendo cada um dos quatro braços ao paciente. Ele de 15 minutos em uma cirurgia de quatro horas. E sabe que,
e Kristen assumem cada um sua posição em um console diante de qualquer deslize, ele tocará uma touch screen e
de controle a 4,5 metros de distância. Suas costas estão retomará o controle imediatamente, deixando-a de fora.
voltadas para o paciente e Kristen apenas observa enquanto A cirurgia pode ser um trabalho extremo, mas até
o responsável manipula remotamente os braços do robô, recentemente os cirurgiões em treinamento aprendiam sua
recolhendo e dissecando o tecido delicadamente. Usando o profissão da mesma forma que a maioria de nós aprendemos
1
anos anteriores. Os novatos são afastados da “fronteira do aprendi-
Hoje o TLT está sob ameaça. A introdução precipitada zado”. Treinar pessoas em qualquer tipo de trabalho
de analytics, IA e robótica sofisticadas em muitos aspectos pode gerar custos e diminuir a qualidade, pois os novatos
do trabalho está comprometendo essa abordagem eficaz avançam lentamente e cometem erros. À medida que
e consagrada pelo tempo. À medida que essas tecnologias introduzem máquinas inteligentes, as empresas geralmente
automatizam o trabalho, dezenas de milhares de pessoas controlam isso reduzindo a participação dos estagiários nas
perderão ou conseguirão emprego ano após ano, e milhões partes arriscadas e complexas do trabalho, como Kristen
terão de aprender novas habilidades e formas de trabalhar. descobriu. Assim, os trainees são afastados das dificuldades
No entanto, amplas evidências demonstram que a implan- que exigem o uso de todas as suas habilidades com ajuda
tação de máquinas inteligentes pelas empresas muitas vezes limitada quando cometem erros — condição essencial para
bloqueia esse caminho crítico de aprendizado: meus colegas aprender novas habilidades.
e eu descobrimos que isso afasta os trainees das oportuni- O mesmo fenômeno pode ser observado nos bancos de
dades de aprendizado e deixa os especialistas de fora da investimentos. Callen Anthony, da New York University, des-
ação, sobrecarregando a ambos com a exigência de dominar cobriu que os analistas juniores de uma empresa eram, cada
métodos antigos e novos simultaneamente. vez mais, separados dos sócios seniores quando estes inter-
Como, então, os funcionários aprenderão a trabalhar pretavam as avaliações de empresas baseadas em algoritmos
junto com essas máquinas? Os primeiros indícios vêm da em fusões e aquisições (F&As). Aos juniores cabia apenas
observação de trainees envolvidos em práticas que desafiam rascunhar relatórios sobre as empresas de interesse, obtidos
normas, realizadas longe dos holofotes e toleradas pelos de sistemas que coletavam dados financeiros da internet,
resultados que produzem. Eu chamo esse processo, que e encaminhá-los aos parceiros seniores para análise. Qual
ocorre de modo generalizado e informal, de shadow learning é a lógica implícita desta divisão de trabalho? Primeiro,
(aprendizado oculto). reduzir o risco de erros dos mais jovens ao executar tarefas
sofisticadas perto do cliente; segundo, maximizar a efici- buscavam o dinheiro e os engenheiros adicionais necessá-
ência dos seniores: quanto menos tempo precisassem para rios para aperfeiçoar o produto. A delegação permitia que
explicar o trabalho aos juniores, mais poderiam se concen- os gestores e engenheiros se concentrassem no desenvolvi-
trar em sua análise de nível superior. Isso proporcionou mento de negócios e na criação de código, mas os privava
ganhos de eficiência de curto prazo, mas afastou os analistas de oportunidades críticas de aprendizado: afastava-os da
juniores do trabalho desafiador e complexo, dificultando o contribuição direta e regular dos clientes — os trabalhadores
aprendizado de todo o processo de avaliação e diminuindo a e contratantes — sobre os problemas que vivenciavam e os
capacidade futura da empresa. recursos que queriam.
2 3
Experts estão sendo distanciados do trabalho. Às Espera-se que os trainees dominem métodos novos
vezes, as máquinas inteligentes atrapalham a relação e antigos. A cirurgia robótica compreende um con-
entre os trainees e o trabalho, mas outras vezes são junto radicalmente novo de técnicas e tecnologias para
implementadas de forma que impede os experts de reali- alcançar o mesmo fim da cirurgia tradicional. Prometendo
zar tarefas práticas importantes. Na cirurgia robótica, os maior precisão e ergonomia, ela foi adicionada ao currículo
cirurgiões não veem o corpo do paciente ou o robô durante e esperava-se que os residentes aprendessem tanto as
a maior parte do procedimento, por isso não podem avaliar abordagens robóticas quanto as abertas. Mas o currículo não
e gerenciar diretamente partes críticas dele. Por exemplo, incluiu tempo suficiente para aprender as duas, o que muitas
na cirurgia tradicional, o cirurgião está ciente do efeito de vezes levou a pior resultado: os residentes não dominaram
dispositivos e instrumentos no corpo do paciente e se ajusta; nem uma nem outra. Eu chamo esse problema de sobrecarga
mas na cirurgia robótica, o cirurgião não sabe se o braço do metodológica.
robô vai bater na cabeça do paciente ou se um instrumento Shreeharsh Kelkar, da University of California Berkeley,
robótico será trocado por uma escova, a não ser que alguém descobriu que algo semelhante aconteceu com muitos
lhe diga. Isso tem duas implicações no aprendizado: os professores que usavam uma nova plataforma de tecno-
cirurgiões não podem pôr em prática suas habilidades logia chamada edX para desenvolver cursos online abertos
para compreender o trabalho por conta própria e de forma e massivos (MOOCs). EdX forneceu-lhes um conjunto de
holística e precisam desenvolver novas habilidades para dar ferramentas de design de curso e orientação instrucional
sentido ao trabalho por meio dos outros. com base em análise algorítmica refinada da interação
Benjamin Shestakofsky, da University of Pennsylvania, dos alunos com a plataforma (cliques, postagens, pausas
descreveu um fenômeno semelhante em uma startup na reprodução de vídeos e assim por diante). Aqueles que
pré-IPO que usava aprendizado de máquina para selecionar queriam desenvolver e melhorar os cursos online preci-
candidatos a vagas de emprego e fornecer uma plataforma savam aprender uma série de novas habilidades — nave-
de negociação de termos de contrato entre trabalhadores gar na interface do usuário do edX, interpretar análises
e contratantes. No início, os algoritmos não fizeram boas sobre o comportamento do aluno, compor e gerenciar a
combinações, então os gestores em São Francisco contrata- equipe do projeto e muito mais —, mantendo afiadas as
ram pessoas nas Filipinas para fazer manualmente as com- habilidades da “velha escola” para dar aulas tradicionais.
binações. E quando os trabalhadores tinham dificuldades Lidar com essa tensão era difícil para todos, especialmente
com a plataforma — por exemplo, ao usá-la para fazer porque as abordagens estavam em constante mudança:
cotação de preços para as contratações ou para estruturar quase diariamente surgiam novas ferramentas, métricas
pagamentos —, os gestores de startups terceirizavam o e expectativas, e os instrutores precisavam avaliá-las e
suporte necessário para outro grupo distribuído de fun- dominá-las o mais rápido possível. As únicas pessoas que
cionários em Las Vegas. Em virtude dos recursos limitados, lidavam bem com os velhos e com os novos métodos eram
os gestores alocavam um grande número de pessoas para as que já tinham sofisticação técnica e recursos significati-
resolver esses problemas e assim ganhar tempo enquanto vos da empresa.
4
Considera-se que os métodos-padrão de aprendi- atribuições. Esse tempo perdido, a confiança diminuída, a
zado são eficazes. Décadas de pesquisa e tradição falta de comunicação e a entrada incorreta de dados — tudo
fazem com que os trainees de medicina sigam o método isso prejudicou o policiamento.
veja, faça, ensine, mas, como vimos, ele não se adapta bem
à cirurgia robótica. No entanto, a pressão para confiar em
métodos aprovados de treinamento é tão forte que rara-
mente ocorrem desvios: pesquisas de treinamento cirúr- respostas ao shadow learning
gico, rotinas-padrão, políticas empresariais e cirurgiões
seniores continuam enfatizando abordagens tradicionais diante dessas Barreiras, Os shadow learners (trainees de
de aprendizado, embora o método precise ser atualizado sombra) estão contornando ou quebrando as regras para
para a cirurgia robótica. obter a instrução e a experiência de que precisam. Isso não
Sarah Brayne, da University of Texas, encontrou um deveria surpreender. Há cerca de 100 anos, o sociólogo
descompasso similar entre os métodos de aprendizado e Robert Merton mostrou que os desvios ocorrem quando os
as necessidades de delegados e policiais de Los Angeles, meios legítimos para atingir um objetivo valorizado já não
que tentavam superar as atribuições geradas por um algo- são eficazes. Expertise — talvez a meta ocupacional máxima
ritmo com abordagens tradicionais de policiamento. Em- — não é exceção: dadas as barreiras que descrevi, devemos
bora a eficácia de tal “policiamento preditivo” não seja clara, esperar que as pessoas encontrem maneiras divergentes de
e sua ética seja controversa, dezenas de forças policiais aprender habilidades-chave. Suas abordagens costumam
estão se tornando profundamente dependentes dele. ser engenhosas e eficazes, mas podem acarretar prejuízos
O sistema PredPol da polícia de Los Angeles (LAPD) divide pessoais e para a empresa: os shadow learners podem ser
a cidade em quadrados de 152 metros, ou “caixas”, atribui punidos (por exemplo, perdendo status e oportunidades de
uma probabilidade de crime a cada um e direciona os prática) ou causar desperdício e até danos. Ainda assim, as
policiais para essas caixas. Brayne descobriu que nem pessoas assumem esses riscos reiteradamente, porque seus
sempre era óbvio para os policiais — ou para os delega- métodos de aprendizado funcionam bem onde os meios
dos — quando e como eles deveriam seguir as atribuições aprovados falham. É quase sempre uma má ideia copiar
determinadas pela IA. essas práticas divergentes de modo acrítico, mas as empre-
No policiamento, o modelo tradicional e respeitado para sas precisam aprender com elas.
adquirir novas técnicas é combinar um pouco de instrução Seguem as práticas de shadow learning que eu e os
formal com um monte de aprendizado tradicional nas demais observamos:
ruas. Assim, muitos delegados presumiam que os policiais Buscar o desafio. Lembre-se de que os trainees de cirur-
aprendiam como incorporar as previsões de crime durante gia robótica geralmente ficam pouco tempo em operação. Os
o trabalho. Essa dependência do TLT tradicional gerou con- shadow learners lidam com isso procurando oportunidades
fusão e contribuiu para a resistência ao uso do instrumento. de operar no limite de sua capacidade e com supervisão limi-
Os delegados não queriam dizer aos policiais o que fazer tada. Eles sabem que precisam se esforçar para aprender e
quando chegassem “à caixa”, porque queriam que confias- que, provavelmente, a maioria dos médicos não consentirá.
sem em seu conhecimento empírico e discernimento. Eles Em meu estudo, o subconjunto de residentes que se tor-
também não queriam irritar os policiais reduzindo aberta- naram experts encontrou formas de passar o tempo de que
mente sua autonomia como se parecessem microgestores. precisavam com os robôs. Uma estratégia era buscar cola-
Mas, confiando na abordagem tradicional do TLT, inad- boração com médicos responsáveis que não eram experts.
vertidamente sabotaram o aprendizado: muitos policiais Residentes de urologia — de longe, a especialidade de maior
nunca entenderam como usar o PredPol ou seus potenciais experiência com robôs — circulavam entre departamentos
benefícios, de modo que o rejeitaram completamente cujos responsáveis, menos proficientes em cirurgia robó-
— ainda assim, foram responsabilizados por seguir suas tica, permitiam que os residentes se beneficiassem de seu
1
pedagogia online. Continue estudando. O shadow learning evolui rapi-
Entre os usuários originais do edX — professores bem damente à medida que as tecnologias inteligentes se
financiados e apoiados por instituições de primeira linha tornam mais capazes. Novas formas surgirão ao longo
que haviam fornecido input inicial durante o desenvol- do tempo, oferecendo novas lições. Abordagens cautelo-
vimento da plataforma — ocorreu um tipo diferente de sas são fundamentais. Frequentemente, os shadow learners
shadow learning. Para obter o apoio e os recursos de que percebem que suas práticas estão fora do padrão e que
poderiam ser punidos por isso. (Imagine se um residente a ToolScape e a LectureScape, que permitem a anotação
cirúrgico dissesse que procurou médicos responsáveis de vídeos instrutivos por meio de crowdsourcing e for-
menos qualificados com os quais trabalhar.) E os gestores necem esclarecimentos e oportunidades de prática em
de nível médio geralmente fazem vista grossa diante dos temas procurados por antigos usuários. Ele chamou isso
resultados que essas práticas produzem — desde que o de learnersourcing. No lado do hardware, os sistemas de
shadow learning não seja reconhecido abertamente. Assim, realidade aumentada começam a trazer direto para o fluxo
os trainees e seus gestores podem não falar abertamente de trabalho instruções e anotações de experts. Os aplicativos
quando um observador, particularmente um gestor sênior, existentes usam tablets ou óculos inteligentes para sobrepor
declara que quer estudar o modo como os funcionários instruções sobre o trabalho em tempo real. Em breve devem
infringem as regras para desenvolver habilidades. Uma surgir sistemas inteligentes mais sofisticados. Tais siste-
boa solução é recorrer a uma terceira parte neutra que mas podem, por exemplo, sobrepor a gravação do melhor
garanta anonimato ao comparar práticas em diversos casos. soldador da fábrica ao campo visual de um soldador trainee
Meus informantes aprenderam a me conhecer e a confiar para mostrar como o trabalho é feito, registrar a tentativa do
em mim, e estavam cientes de que eu observava o trabalho trainee de fazer igual e, se necessário, colocar o trainee em
de vários grupos e de vários equipamentos, então se sentiam contato com o soldador. Nessa área, a crescente comunidade
confiantes de que sua identidade seria protegida. Isso se de engenheiros concentra-se principalmente no treinamento
provou essencial para que eles se abrissem. formal, mas a crise mais profunda está no aprendizado no
local de trabalho. Precisamos redirecionar nossos esforços
2
Adapte as práticas de shadow learning para proje- nesse sentido.
tar empresas, trabalho e tecnologia. Muitas vezes, a
forma como as empresas lidam com as máquinas inteli- POr milHares de anOs, os avanços na tecnologia impulsiona-
gentes faz com que o expert possa controlar mais o trabalho, ram a redefinição dos processos de trabalho, e os trainees
reduzindo a necessidade de trainees. Os sistemas cirúrgicos aprenderam com seus mentores as novas habilidades que
robóticos permitem que cirurgiões seniores operem com se faziam necessárias. Mas, como vimos, as máquinas
menos assistência, e eles assim o fazem. Os sistemas de inteligentes agora nos incentivam a distanciar trainees de
bancos de investimentos permitem que os sócios seniores mestres, e mestres do seu próprio trabalho, tudo em nome
excluam analistas juniores de avaliações complexas, e eles da produtividade. Muitas vezes, inadvertidamente, as
assim o fazem. Todos os stakeholders devem insistir em empresas priorizam a produtividade em vez do envolvi-
projetos organizacionais, tecnológicos e operacionais que mento humano, e, como resultado, o aprendizado no
melhorem a produtividade e o aprendizado no local de trabalho se torna mais difícil. Shadow learners, no entanto,
trabalho. Na LAPD, por exemplo, isso significaria ir além encontram formas arriscadas e transgressoras de aprender.
da mudança de incentivos para policiais de ronda, adotando Empresas que pretendem competir em um mundo repleto
esforços para reprojetar a interface de usuário do PredPol, de máquinas cada vez mais inteligentes devem ficar muito
criar novas funções para aproximar policiais e engenhei- atentas a esses “contraventores”. Suas ações fornecem
ros de software e estabelecer um repositório com cura- insights sobre como aperfeiçoar o trabalho no futuro,
doria policial de casos anotados de melhores práticas de quando experts, trainees e máquinas inteligentes trabalha-
uso do sistema. rem e aprenderem juntos.
3
Torne as máquinas inteligentes parte da solução. hbr reprint R1911E–P para pedidos, página 10
A IA pode ser construída com o objetivo de treinar
trainees para os desafios e experts para a mentoria Matt Beane é professor assistente de gestão de tecnologia na
e conectar esses dois grupos de forma inteligente. Por University of California at Santa Barbara e pesquisador associado
exemplo, quando Juho Kim fazia doutorado no MIT criou da Digital Economy, do MIT.
Fabio B. Josgrilberg e
Luciana Hashiba
I N OVAÇÃO
A jornada
da inovação
aberta
e cinco
mitos a
serem
superados
76 Harvard Business Review
Novembro 2019
Harvard Business Review
Novembro 2019 77
I N OVAÇÃO
C O M EÇ E AQ U I
m relatório divulgado neste ano de 2019, o Boston Consulting Group (BCG) revela
que as empresas tidas como extremamente inovadoras utilizam cada vez mais
inputs externos para o desenvolvimento de seus serviços e produtos. Segundo o
relatório, entre 2015 e 2018 a interação dessas empresas e incubadoras aumentou
6%; já com a área acadêmica o aumento foi de 21%; com outras empresas, de 18%.
tamos falando de grandes empresas inovadoras, como Alphabet, Amazon, Apple,
crosoft, Samsung, as cinco primeiras colocadas do ranking da pesquisa.
Embora o avanço da inovação aberta seja marcante no re- de inovação inseridos em um ecossistema desenvolvido pela
latório do BCG, vale notar que, no Brasil, o tema ainda mere- organização ou do qual ela faz parte. No entanto, essa jorna-
ce maior atenção. Uma análise recente publicada por Henry da não é simples nem rápida.
Chesbrough — que inicialmente desenvolveu o conceito de Um estudo de caso publicado em abril de 2019 sobre a
inovação aberta —, Marcel Bogers e Ana Burcharth avalia que Nasa desenvolvido por pesquisadores da própria agência
o ecossistema brasileiro está ficando para trás em relação ao espacial americana e da Harvard University identifica as
países desenvolvidos e busca apontar possíveis desafios a seguintes fases do processo: aprender, pilotar, escalar e
serem superados no país. A rigor, em nossa avaliação, falta sustentar. No caso do Center of Excellence (CoE), departa-
um mapeamento mais aprofundado e atualizado para melhor mento da Nasa que foi o objeto do estudo, o processo levou
clareza da maturidade do ecossistema brasileiro. sete anos para atingir a maturidade.
Se é fato o enorme potencial das estratégias de inovação Para ter uma ideia, nesses sete anos apenas a fase de
aberta, é também inegável que elas não são uma “tábua de aprendizado durou 18 meses! Graças ao estudo de caso e às
salvação” por si sós para as empresas ou para o país. Em meio lições aprendidas, os autores propõem recomendações para
a cases de sucesso conhecidos, há retrocessos, mitos e, com reduzir a primeira etapa para seis meses e para três anos
alguma frequência, confusão com estratégias de marketing o processo como um todo até a fase de sustentação.
que buscam apenas posicionar a organização como inovado- Nessa jornada de aprendizado e implantação de estraté-
ra no mercado. gias de inovação aberta, equívocos são recorrentes por falta
Novos conhecimentos podem vir da comunidade, consu- de compreensão aprofundada do tema. Trataremos dessa
midores, fornecedores, parceiros e mesmo da concorrência falta de clareza como mitos que, se não forem esclarecidos,
naquilo que for pré-competitivo. Isso se dá por meio de funis poderão sabotar a implementação nas organizações.
inovação aberta substitui mas também como — por meio de parcerias, investimento
em startups, crowdsourcing etc. —, é uma decisão estratégica
a inovação fechada e de alto nível.
Veja o caso recente da Toyota. Em abril de 2019, a empresa
A inovação aberta é uma estratégia dentre outras e não impli- liberou 24 mil patentes para o desenvolvimento de veículos
ca substituição de processos de inovação fechados, aqueles híbridos. Mais ainda, seus executivos decidiram por oferecer
em que a maior parte do investimento é feita pela própria em- suporte aos interessados em desenvolver a tecnologia. Con-
presa por meio de sua área de pesquisa e desenvolvimento tudo, a mesma estratégia não foi adotada por outras áreas da
(P&D). No modelo fechado, o bom resultado do investimento montadora japonesa.
anterior alimenta ciclos posteriores de inovação. A explicação dada pela empresa é a seguinte: “Recebe-
Um caso clássico de inovação fechada foi o desenvolvi- mos de companhias que reconhecem a necessidade de po-
mento do náilon pela DuPont. Tudo teve início com a con- pularizar tecnologias de veículos híbridos e elétricos um
tratação, em 1927, de Wallace Carothers, pesquisador da alto volume de solicitações referentes à eletrificação de
Harvard University. Em 1935, Carothers inventa o náilon, que sistemas de veículos. Nós acreditamos que agora é a hora
se torna onipresente nas mais diversas indústrias e passa a de cooperar”, disse Shigeki Terashi, membro do conselho
gerar lucros para a empresa ao longo da história. Durante os executivo e vice-presidente da Toyota Motor Corporation.
nove anos em que esteve na Dupont, Carothers registrou em Para ele, “se o número de veículos elétricos acelerar sig-
torno de 50 patentes. nificativamente nos próximos dez anos, eles se tornarão
Mas a capacidade de inovação fechada das empresas não o padrão, e esperamos exercer nosso papel apoiando
impede a adoção de uma estratégia de inovação aberta. A rigor, esse processo”.
elas se complementam. Um caso interessante é a Bosch, com Mas há um detalhe importante na estratégia da Toyota.
seus 410 mil colaboradores no mundo (dados de 2018). Des- As patentes estão liberadas até 2030. A explicação está, im-
tes, 68.700 trabalham diretamente com P&D. A empresa tem plicitamente, nas palavras de Terashi. Se a tecnologia da
140.793 patentes registradas e outras 190.330 submetidas. Ape- Toyota se tornar uma referência, sem dúvida ela terá um pa-
sar de sua capacidade interna de pesquisa, a gigante alemã optou pel fundamental na indústria de veículos híbridos e poderá
por uma estratégia de inovação aberta para a sua plataforma de alcançar uma fatia importante de mercado.
IoT (sigla em inglês para internet das coisas), desenvolvida em A estratégia não novidade. A Google, por exemplo, for-
open source e oferecida em modelo Platform-as-a-Service (PaaS). mou em novembro de 2007 a Open Handset Alliance, em
parceria com fabricantes de celulares que gostariam de
competir com a Apple — num mercado dominado pela
Mito #2 Microsoft e pela Symbiam, Nokia e iOS, da Apple. Mais que
Inovação aberta é ter uma incubadora da empresa, como faz o programa InovaBra com o Habitat.
ou aceleradora própria de startups > Investimento — investir em startups por meio de fun-
dos de corporate venture é uma maneira de se aproximar de
Sim, de fato, a capacidade de atrair startups para perto da em- tecnologias, produtos e serviços inovadores. Entre 2012 e
presa pode e deve ser estimulada no caso de ser esta a esco- 2017, esse tipo de investimento obteve um CAGR (compound
lha do caminho dentro da estratégia corporativa de inovação. annual growth rate) de 31%, chegando a € 76 bilhões ou 26%
No entanto, cabe avaliar se faz sentido mobilizar ativos per- do total de investimentos de venture capital no mundo.
manentemente para esse fim ou se melhor seria ter uma es-
tratégia bem elaborada de relação com startups. Ter sua própria incubadora ou aceleradora pode ser
Além das aceleradoras e incubadoras, outras estratégias interessante, mas há diversas maneiras de se envolver com o
de aproximação de startups incluem: ecossistema de startups. A rigor, a depender do tamanho e ca-
pacidade da empresa, uma estratégia que integre diferentes
> Spin-offs — podem nascer de ativos subutilizados pela métodos pode ser mais efetiva. Deve-se avaliar se é melhor
empresa que passam a ser desenvolvidos por uma startup. desenvolver uma rede própria ou fazer parte de ecossistemas
Esta pode nascer na própria organização ou em parceria já estabelecidos, como é o caso da Liga Ventures.
com atores externos. A estratégia responde à tendência de Seja qual for a estratégia adotada, um fator é fundamental
apoiar colaboradores internos com vontade de empreender, para promover a inovação aberta com startups: ter processos
mantendo-os por perto a fim de que contribuam para a orga- que garantam autonomia para que elas explorem seu poten-
nização, como é o caso da Oxigênio da Porto Seguro. cial criativo sem as travas da cultura interna.
> Eventos — desafios abertos para startups, podendo uti- A superAção dos mitos
lizar a técnica de pitch reverso — quando uma empresa apre- Para avançar em uma estratégia de inovação aberta é pre-
senta um desafio seu a ser resolvido —, como é feito no pro- ciso superar mitos internos sobre o tema. Adotar inputs
grama 100 Open Startups, além de conferências como o recém- externos para o desenvolvimento de novos produtos ou
realizado Innovation Summit, com a presença de praticamente serviços implica, fundamentalmente, cultura e processos
todos os atores do ecossistema de inovação brasileiro. organizacionais.
Toda gestão de mudança impactará pessoas e processos e,
> Serviço de suporte — serviços de suporte em áreas de por isso, gerará resistência. Isto não é uma possibilidade, é a
expertise da empresa, com o objetivo de desenvolver tecnolo- regra. A organização não muda, quem muda são as pessoas e
gias, serviços e produtos que possam ser utilizados e alavanca- o desejo de mudança vem apenas com o conhecimento para
dos pelas startups, mais comum na área jurídica (lawtechs), fi- superar eventuais medos. No planejamento de gestão de mu-
nanceira (fintechs), recursos humanos (HRtechs), entre outras. dança para adoção de uma estratégia de inovação aberta, ter
plena clareza sobre o que está mudando, onde e como é cru-
> Programas para startups — programas de cessão de tec- cial para garantir o apoio necessário dos colaboradores e,
nologia, serviços e outros ativos para uso por período deter- assim avançar com sucesso.
minado, bem como espaço para que as startups testem seus HBR Reprint R1911F–P Para pedidos, página 10
conceitos dentro da empresa — muitas vezes isso inclui até
mesmo tempo em laboratórios, como é o caso da Ambev, que Fabio b. Josgrilberg é docente e pesquisador da Cátedra Unesco
disponibiliza uma planta para testes de startups focadas em de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.
otimização de produtividade. luciana HasHiba é vice-coordenadora do Núcleo de Inovação da FGVin.
RICARDO
CEO
MARGO
GERENTE DE
OPERAÇÕES
CHARLIE
GERENTE DE
DESENVOLVIMENTO
EMILY
GERENTE DE PROGRAMAÇÃO
muito precipitada?
tocou. Era Margo Little, gerente de uma altura de mais de 4 metros,
operações da Ascendancy. machucou as costas, está nos pro-
— Você não esqueceu que eu cessando e pedindo £ 4 milhões.
estou em Cingapura, certo? E — Ele não assinou o termo de
Simon Greathead que aqui já é noite? — perguntou responsabilidade?
Ricardo, em tom de provocação. — Claro que sim. Nossos advo-
Os estudos de r i C a r d O rU i z n ãO conseguia Os dois não eram apenas cole- gados dizem que é uma alegação
caso ficcionais da
HBR apresentam dormir. Era sua terceira viagem a gas, mas velhos amigos e parceiros ridícula e que será descartada.
problemas
enfrentados Cingapura — na primeira vez, seu de escaladas. Mas está em todos os jornais. Ele
por líderes em
empresas reais e objetivo fora abrir a primeira filial — Eu não teria ligado se não afirma que nós não o alertamos do
oferece soluções de
especialistas. Este é asiática de sua rede de academias fosse sério. perigo de maneira adequada nem
baseado no estudo de escalada, Ascendancy; fazia Ricardo se recuperou do estado lhe demos orientações suficientes.
de caso “Circus Trix:
The Ups and Downs um ano que ele, fundador e CEO de confusão mental. Depois de dez anos, a Ascendancy
of International
Expansion” (case da empresa, retornara para a — Qual o problema? — pergun- tinha 35 academias de sucesso nos
n. W16832-PDF-
ENG), de Simon inauguração. Agora, estava lá para tou, com o coração acelerado: teria Estados Unidos, além de três em
Greathead, Case
Lawrence e ver como andavam os negócios. acontecido alguma coisa com sua outros países1.
Jonathan Richards,
disponível em
Porém, a viagem de 23 horas des- família? Havia uma crise na empresa? — Mas nosso procedimento é o
HBR.org. de Raleigh, Carolina do Norte, via — É a Ascendancy de Liverpool mesmo em todas as academias, e
Nos assegurar de
que entendemos os
mercados em que
Ricardo conversa com sua equipe. estamos entrando.
Liverpool exatamente porque uma nova academia lá tão cedo. Mas Charlie, mostrando que seu entu-
academias de escalada seriam encontrei dois ótimos lugares em siasmo não havia arrefecido.
5. Alguns estu- novidade, não é uma cidade satu- Amsterdã. Há uma enorme vanta- — Nós não trabalhamos desta
dos demonstra- rada de concorrentes, e consegui- gem em ser o precursor:5 assegurar forma — comentou Margo, indig-
ram que toda
ríamos inaugurar, e liderar, esta que as pessoas passarão a conhecer nada. — Cada academia precisa
empresa poderá
conseguir vanta-
moda assim como fizemos em a escalada por meio de nossas aulas recuperar 20% de seu investimen-
gem significativa nossas cidades americanas. e equipamentos. Só precisamos dar to inicial de capital dentro de um
se for o primeiro Quando a equipe executiva co- mais tempo para Liverpool. ano e cobrir seus custos opera-
grande player de meçou sua ofensiva internacional, — Também para Cardiff? — cionais em dois.6 — Ela apontou
seu setor ou em
os critérios para a seleção do local perguntou Margo, entrando na para a área de três andares de um
determinada lo-
calização — por
eram simples: a empresa procurou conversa. — Os números são cinza ondulado do outro lado da
meio da lideran- mercados cuja primeira ou segunda igualmente ruins. mesa diante da qual o grupo estava
ça tecnológica língua fosse o inglês, cuja popula- — Eles não estão ruins, apenas sentado. Apenas dois alpinistas se
ou da aquisição ção, cidade e arredores, ultrapas- não são tão bons quanto os que encontravam ali.
dos melhores
sasse 2 milhões de habitantes e con- estamos acostumados a ver — — Foi assim que fizemos no
recursos. Po-
rém, especia-
tasse no máximo com duas acade- respondeu Charlie. passado — respondeu Charlie. —
listas apontam mias de escalada; população de Ricardo franziu a testa. Dizer que Mas enfrentamos uma publicidade
que os pioneiros mais de 1 milhão e apenas uma aca- os números “não eram tão bons” di- negativa aqui. Quando se está
apresentam um demia; ou mais de 400 mil e nenhu- ficilmente agradaria os investidores. trabalhando em novos países, sur-
histórico instá-
ma academia.4 Com mais de 2 mi- — Com o crescimento que gem diferentes problemas. Talvez
vel e que, muitas
vezes, são aque-
lhões de habitantes em sua área estamos observando em Cingapura a gente precise ser mais flexível
les que chegam metropolitana e apenas dois peque- e com o sucesso das novas acade- com nossas atividades no exterior:
depois que con- nos centros de escalada, Liverpool mias em Providence e Nashville, alterar os objetivos e o modelo para
seguem obter se adequava a esses critérios. e talvez em Amsterdã, Manchester uma abordagem de portfólio.7
sucesso a
— Esta estratégia está dando e Dublin no ano que vem, pode- — Ou frear um pouco nossa ex-
longo prazo.
certo em Cingapura — prosseguiu mos compensar o início lento em pansão internacional, gastar mais
Charlie. — Não conseguiremos abrir Liverpool e em Cardiff — disse tempo para entender os mercados
em que estamos entrando — retru- nião. Margo, temos que pegar um Raleigh era um dos mais difíceis, e 6. Essa é uma
taxa mínima
cou Margo. — Talvez levar em conta voo. E Kian, vamos deixar você ele estava quase no topo.
de atrativida-
outros fatores além de idioma, popu- voltar ao trabalho. De repente ele ouviu um incen- de razoável por
lação e concorrentes, e começar bem A caminho do aeroporto Margo tivo vindo do andar de baixo. Era localização?
mais cedo a trabalhar na educação recebia várias ligações de gerentes dezembro, e o primeiro dia de férias
e divulgação mencionadas por regionais, enquanto Ricardo reme- de inverno de seus filhos. Sua espo- 7. Quais são os
Kian. Agora, esta é uma empresa de morava a recente discussão. Ele sa, Emily — que era também geren- pontos positivos
e negativos de
US$ 50 milhões. Por que mudaría- não conseguia se imaginar dizendo te de programação9 —, os trouxera
mudar o retorno
mos o modelo que nos trouxe até ao conselho que queria mudar as para uma tarde de escalada. sobre investi-
este ponto? É o plano de expansão práticas contábeis da empresa para — Bem a tempo — gritou ele, mento de luga-
agressivo que deveria ser repensado. permitir objetivos mais modestos conforme se segurava na última res específicos?
— E permitir que rivais como em uma única academia, nem agarra e batia no topo da parede.
Kilimanjaro e Triple Peaks nos ultra- sugerindo que a estratégia global — Você pode ficar com elas um 8. Até que pon-
to a Ascendancy
passem?8 Também eles estão olhan- que eles aprovaram havia um pouco? — perguntou Emily.
deve se preo-
do para a Europa — disse Charlie. ano precisava ser completamente — Claro — disse Ricardo sorrin- cupar com seus
— Eu entendo a urgência — reformulada. Nenhuma das opções do; seu entusiasmo pelo esporte concorrentes?
disse Margo. — Mas não acho era interessante. contagiara a família havia muito
que precisamos disso tão rápido tempo. — Quinze minutos aqui, 9. Sendo sua es-
quanto você está sugerindo. CRiAnÇAs nA PAREdE um banho rápido, e depois vou
posa gerente de
programação, e
Ricardo nunca se importara O que Ricardo mais adorava na para o meu compromisso. uma velha amiga
com o fato de sua equipe se envol- escalada era a atenção exigida pela Assim que as crianças estavam gerente de opera-
ver em discussões acaloradas, mas atividade, o que não dava margem a presas e escalando, Emily passou ções — ambas al-
ele viu que Kian começava a ficar nenhum outro pensamento. O dedo a falar de negócios. Ela havia tira- pinistas entusias-
tas —, Ricardo
desconfortável. do pé no apoio para os pés, a mão do o dia de folga, mas os desafios
conta com sufi-
— Tudo bem. Está clara a opi- na agarra, encontrar outra agarra, enfrentados pela empresa no ciente diversida-
nião de vocês dois. Charlie, vá esticar até se segurar na próxima. Reino Unido a estavam deixando de em sua equi-
em frente com sua próxima reu- Seu circuito da Ascendancy de preocupada também. pe executiva?
os EsPEciAListAs rEsPoNdEM
com esta rapidez?
Ricardo olhou para seu filho
de 7 anos, que já estava no alto da
parede. Mateo gostava de arriscar,
confiava na própria intuição e Quando você está tentando expandir
habitualmente escalava em tempo um negócio mundial voltado para aca-
recorde. Maya, 10 anos, era mais ANTHONY GEISLER é demias, como é o caso das marcas que
cautelosa. Ela escalava na metade CEO da Xponential minha empresa possui, não faz sentido
do ritmo de Mateo, mas nunca Fitness. cravar sua bandeira em vários países ao
escorregava ou caía. mesmo tempo em uma ou duas cidades
Tanto na escalada como nos em cada um deles. Deve-se escolher o
negócios, Ricardo sempre fora mercado geográfico que mais se adéqua
como Mateo. Mas começava a se
perguntar se, na atual circunstân-
A Ascendancy não a seu negócio e focar em sua conquista.
Se a Ascendancy em Cingapura é um
cia da Ascendancy, a estratégia de
Maya ainda fazia sentido.
precisa, necessaria- sucesso, Ricardo deve abrir mais acade-
mias lá — tantas quantas o mercado conse-
mente, diminuir o ritmo guir absorver. É um país cosmopolita e on-
SIMON GREATHEAD é professor — mas precisa, sim, de se fala inglês, e a empresa já resolveu os
típicos problemas bancários e tecnológicos
da Brigham Young University’s
Marriott School of Business. de foco. de abrir negócio em país estrangeiro.
FOCO
JULiA giLLArd
quando levadas a sério e tratadas as citações sexistas mais graves.
de maneira decente. Dessa forma, Mas não era uma estratégia
mesmo quando você acaba che- elaborada com um discurso bem
gando à conclusão de que devem delineado e trabalhado por nós
Gillard foi primeira-ministra da Austrália entre 2010 e 2013, a concordar em discordar, um laço durante vários dias. Foi algo que
única mulher a ocupar o posto. Atraída pela política quando ainda humano é criado. jorrou. Acho que surgiu de uma
era ativista estudantil, ela persistiu depois de sofrer derrotas profunda frustração. Depois de
em suas primeiras candidaturas até conquistar a liderança do Você sofreu golpes de seus eu ter calado perante todas as
Partido Trabalhista. Depois se tornou vice-primeira-ministra no adversários, da imprensa, do situações sexistas que eu mesma
governo de Kevin Rudd, antes de disputar com ele a eleição para seu próprio partido. Como lidou vivenciara, naquele momento
primeiro-ministro. Em 2012, Gillard ganhou fama mundial graças com isso? Trabalhando em cima fui acusada de sexismo. A raiva
do meu próprio senso de identi- impulsionou meu discurso.
a um discurso em que condenava publicamente a misoginia. Um
ano depois, Rudd a venceu na batalha pela liderança e ela deixou dade. Não podia me sentir bem ou
mal de acordo com as manchetes. De que forma você lidou com
o governo. Atualmente, Gillard dedica-se à defesa de causas que
Havia uma mulher que pegava os a repercussão? No início fiquei
incluem educação, igualdade de gênero e saúde mental.
jornais para mim na residência confusa e achei divertida a
Entrevista a Alison Beard oficial; depois que saí do governo proporção que aquilo tomou.
ela me disse que sempre tentava Depois, fiquei ressentida: estive
HBR: Como primeira-ministra, pedidos que chegam até mim, eu colocar no topo da pilha aquele por 15 anos no Parlamento e tudo
Mark Harrison/Camera Press/Redux
como você conseguia que as já teria trabalho para o dia inteiro; com a manchete mais agradável, se reduziu a esse único discurso.
coisas acontecessem? mas não estaria cumprindo a mas algumas vezes ficava a ponto Mas agora estou em paz. Se essa
GILLARD: A máquina do governo agenda. Por isso, é preciso ser de chorar por não conseguir de- é a única coisa que os estran-
é tão grande que eu literalmente implacavelmente clara a respeito terminar qual era a menos negati- geiros sabem acerca da política
costumava dizer a mim mesma dessa agenda e obrigar a máquina va. Mas aquilo não significava que australiana, e em geral é isso
“ou eu a administro, ou ela me a priorizá-la — nas tomadas de eu deixara de ser a Julia Gillard de mesmo, então é uma coisa muito
engole”. Se a única coisa que decisão, avaliações de gastos, im- sempre e me tornara um monstro. boa de saber.
eu fizesse fosse responder aos plementações, comunicações. Os Sabia que, em última análise, o hbr reprint R1911H–P
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