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1 Integrais de superfície

1.1 Parametrização de uma superfície regular


Seja −

r : D ⊆ R2 −→ S ⊂ R3 uma função vectorial de variável vectorial
definida num conjunto conexo D,


r : D ⊆ R2 −→ S ⊂ R3
(u, v) 7−→ −

r (u, v) = (r1 (u, v) , r2 (u, v) , r3 (u, v)) .

Designemos por S o contradomínio da função −



r ; trata-se de um subconjunto
3 3
de R . O subconjunto S ⊂ R diz-se uma porção de superfície regular se a
função sua ”geradora” −

r : D ⊆ R2 −→ R3 for diferenciável e verificar

∂−

r ∂−

r →

× 6= 0 .
∂u ∂v
Esta última condição, designada por condição de regularidade, também
se pode traduzir por
⎡ ⎤
∂r1 ∂r3 ∂r3
⎢ ∂u ∂u ∂u ⎥
⎢ ⎥
rank ⎢ ⎥ = 2,
⎣ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎦
∂v ∂v ∂v
em todos os pontos (u, v) do conjunto D, isto é, a matriz das derivadas parciais
de 1a ordem tem característica máxima. Esta condição, conjuntamente com a
diferenciabilidade da função −→
r , traduz a não existência na superfície de arestas
ou de pontos angulosos.
A função −→r : D ⊆ R2 −→ R3 diz-se uma parametrização da superfície S
sendo u e v os parâmetros. A parametrização − →
r pode ser escrita como

⎨ x = r1 (u, v)

−r (u, v) ≡ y = r2 (u, v) , para (u, v) ∈ D.

z = r3 (u, v)

As equações x = r1 (u, v), y = r2 (u, v) e z = r3 (u, v), para (u, v) ∈ D, diem-se


as equações paramétricas da superfície S.
Dado um ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) pertencente superfície S, temos a garantia de
existir um par (u0 , v0 ) ∈ D tal que

x0 = r1 (u0 , v0 ) , y0 = r2 (u0 , v0 ) e z0 = r3 (u0 , v0 ) .

Como tal, também é usual escrever a parametrização como




r : D ⊆ R2 −→ S ⊂ R3
(u, v) 7−→ −

r (u, v) = (r1 (u, v) , r2 (u, v) , r3 (u, v))
= (x (u, v) , y (u, v) , z (u, v))

1
ou seja, ⎧
⎨ x = x(u, v)


r (u, v) ≡ y = y(u, v) , para (u, v) ∈ D.

z = z(u, v)
Ao ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) está associado, de modo único, um vector do seguinte
modo:
−−→
OP0 = P0 − O = (x0 , y0 , z0 ) = −

r (u0 , v0 )
−−→
Este vector OP0 = (x0 , y0 , z0 ), também denotado por − → r , diz-se o vector de
posição do ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) .

Se uma superfície S é definida em coordenadas rectangulares por z = f (x, y),


torna-se evidente uma parametrização em que a escolha dos parâmetros recai
sobre as coordenadas rectangulares x e y,

⎨ x=x


r (x, y) ≡ y=y para (x, y) ∈ Dxy ,

z = f (x, y)
em que o subconjunto Dxy de R2 é a projecção de S sobre o xy−plano. Analoga-
mente, se y = g(x, z) tomamos a parametrização

⎨ x=x


r (x, z) ≡ y = g(x, z) para (x, z) ∈ Dxz

z=z
onde Dxz ⊆ R2 corresponde à projecção sobre o xy − plano e, se x = h(y, z)
consideramos

⎨ x = h(y, z)

−r (y, z) ≡ y=y para (y, z) ∈ Dyz ,

z=z
onde Dyz , ⊆ R2 corresponde à projecção sobre o yz − plano.
Exercise 1 Apresente uma parametrização da superfície S definida por x +
2y + 3z = 4.
Solution 2 Trata-se do plano de equação x + 2y + 3z = 4. Dado que x =
4 − 2y − 3z podemos considerar

⎨ x = 4 − 2u − 3v

−r (u, v) ≡ y=u , para (u, v) ∈ R2 ,

z=v
como uma parametrização da superfície S, onde x e y são os parâmetros. Tam-
bém podemos considerar como parametrizações de S as funções vectoriais

⎨ x=u


− 4 − u − 3v
r (u, v) ≡ y= , para (u, v) ∈ R2 ,

⎩ 2
z=v

2
(de parâmetros x e z) e

⎨ x=u



r (u, v) ≡ y=v , para (u, v) ∈ R2

⎩ z = 4 − u − 2v
3
onde x e y são os parâmetros. Outra parametrização surge naturalmente da
equação vectorial de um plano. Atendendo aos vectores directores do plano, os
quais podem ser facilmente obtidos a partir de três pontos do plano que não
sejam colineares, é possível obter a equação vectorial do plano. De facto, con-
sideremos os seguintes pontos do plano x + 2y + 3z = 4

A (−1, 1, 1) , B (3, −1, 1) e C (−3, 1, 2)

a que correspondem os vectores directores do plano



−→ −→
AB = B − A = (4, −2, 0) e AC = C − A = (−2, 0, 1) .

O plano x + 2y + 3z = 4 tem então por equação vectorial



−→ −→
(x, y, z) = A + uAB + v AC, onde u, v ∈ R,

ou seja

(x, y, z) = (−1, 1, 1) + u (4, −2, 0) + v (−2, 0, 1) , onde u, v ∈ R.

Torna-se então imediato obter as equações paramétricas,



⎨ x = −1 + 4u − 2v

−r (u, v) ≡ y = 1 − 2u , para (u, v) ∈ R2 .

z =1+v

Exercise 3 Apresente uma parametrização da superfície esférica de centro na


origem e de raio 4.

Solution 4 Trata-se da superfície S definida pela condição x2 + y 2 + z 2 = 16.


Com base no conhecimento das coordenadas esféricas é imediato considerar para
esta superfície a parametrização

⎨ x = 4 cos θ sin ϕ

−r (θ, ϕ) ≡ y = 4 sin θ sin ϕ , para θ ∈ [0, 2π), ϕ ∈ [0, π] .

z = 4 cos ϕ

Exercise 5 Considere a superfície S caracterizada em coordenadas rectangu-


lares por
x2 + y 2 + z 2 = 16 ∧ z ≥ 0.
Apresente duas parametrizações distintas desta superfície S.

3
Solution 6 Trata-se da ”metade superior” (hemisfério superior) da superfície
esférica de centro O (0, 0, 0) e raio 4. Podemos considerar para S a parametriza-
ção

⎨ x = 4 cos θ sin ϕ h πi

−r (θ, ϕ) ≡ y = 4 sin θ sin ϕ , para θ ∈ [0, 2π), ϕ ∈ 0, ,
⎩ 2
z = 4 cos ϕ

baseada em coordenadas esféricas, ou a parametrização



⎨ x=x

−r (x, y) ≡ y=py , para x ∈ [−3, 3] , y ∈ [−3, 3] ,

z = 16 − x2 − y 2

onde x e y são os parâmetros.

Exercise 7 Considere a superfície S caracterizada em coordenadas rectangu-


lares por
x2 + y 2 + z 2 = 16 ∧ y < 0.
Apresente duas parametrizações distintas desta superfície S.

Solution 8 Trata-se da ”metade lateral esquerda” da superfície esférica de cen-


tro O (0, 0, 0) e raio 4. Podemos considerar para S a parametrização

⎨ x = 4 cos θ sin ϕ

−r (θ, ϕ) ≡ y = 4 sin θ sin ϕ , para θ ∈ (π, 2π), ϕ ∈ (0, π) ,

z = 4 cos ϕ

baseada em coordenadas esféricas, ou a parametrização



⎨ x = x√

−r (x, z) ≡ y = − 16 − x2 − z 2 , para x ∈ (−3, 3) , y ∈ [−3, 0),

z=z

onde x e z são os parâmetros.

Considere a parametrização

⎨ x = r1 (u, v)

−r (u, v) ≡ y = r2 (u, v) , para (u, v) ∈ D,

z = r3 (u, v)

para uma dada superfície S. Por eliminação dos parâmetros u e v na parame-


trização −

r (u, v), obtemos a equação da superfície em coordenadas rectangulares
na forma implícita
ψ (x, y, z) = 0.
A partir desta última podemos obter, nalguns casos, uma das formas explícitas
z = f (x, y), y = g(x, z) ou x = h(y, z).

4
Example 9 Determine em coordenadas rectangulares a equação que define a
superfície S definida parametricamente por

⎨ x=u

−r (u, v) ≡ y=√v , para (u, v) ∈ D,

z = u2 + v 2
© ª
sendo D = (u, v) ∈ R2 | u2 + v 2 ≤ 1 .

Solution 10 Conforme se constacta por eliminação dos parâmetros u e v a


função −

r (u, v) parametriza o semi-cone de equação
p
z = x2 + y 2 , para x2 + y 2 ≤ 1

equivalente a
z 2 = x2 + y 2 ∧ 0 ≤ z ≤ 1.

Note que z = u2 + v 2 ≤ 1 é consequência de u2 + v 2 ≤ 1. O domínio D
corresponde à projecção Dxy da superfície cónica z 2 = x2 + y 2 ∧ 0 ≤ z ≤ 1 no
xy-plano.

Exercise 11 Determine em coordenadas rectangulares a equação que define a


superfície S definida parametricamente por

⎨ x = u cos v

−r (u, v) ≡ y = u sin v , para (u, v) ∈ D,

z=u
© ª
onde D = (u, v) ∈ R2 | 0 ≤ u ≤ 1 ∧ 0 ≤ v < 2π .

Solution 12 Temos
¡ ¢
x2 + y 2 = u2 cos2 v + u2 sin2 v = u2 cos2 v + sin2 v = u2 = z 2 ,

pelo que −
→r parametriza o cone de equação x2 + y 2 = z 2 . Dado que 0 ≤ u ≤ 1,
a superfície S é o cone definido por

x2 + y 2 = z 2 ∧ 0 ≤ z ≤ 1.

Exercise 13 Determine em coordenadas rectangulares a condição que define a


superfície S definida parametricamente por

⎨ x = u cos v


r (u, v) ≡ y = u sin v , para (u, v) ∈ D

z = u2
© ª
para D = (u, v) ∈ R2 | 0 ≤ u ≤ 1 ∧ 0 ≤ v < 2π .

5
Solution 14 Temos
¡ ¢
x2 + y 2 = u2 cos2 v + u2 sin2 v = u2 cos2 v + sin2 v = u2 = z,

pelo que −

r parametriza uma porção do parabolóide de equação z = x2 + y 2 .
Dado que 0 ≤ u ≤ 1, a superfície S é a porção de parabolóide definida por

z = x2 + y 2 ∧ z ≤ 1.

Note que S também pode ser parametrizada por



⎨ x=u

−r (u, v) ≡ y=v , para (u, v) ∈ D

z = u2 + v 2
© ª
onde D = (u, v) ∈ R2 | u2 + v 2 ≤ 1 , o círculo de centro (0, 0) e raio 1.

Remark 15 Considere a curva C parametrizada por



⎨ x = f (t)

−r (t) ≡ y=0 , para a ≤ t ≤ b.

z = g(t)

Suponha que esta curva efectua uma rotação de 2π radianos em torno do z−eixo.
Cada um dos seus pontos descreve uma circunferência. Obtem-se deste modo,
a partir da curva C, uma superfície de revolução S que pode ser parametrizada
por ⎧

− ⎨ x = f (t) cos v
R (t, v) ≡ y = f (t) sin v , para a ≤ t ≤ b, 0 ≤ v < 2π.

z = g(t)

1.2 Orientação de uma superfície regular


Designam-se por curvas (ou linhas) coordenadas da superfície S as curvas
sobre a superfície regular S que correspondem a valores constantes dos parâmet-
ros u ou v. Dado um ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) da superfície, obtido com os valores
(u0 , v0 ) dos parâmetros, as curvas coordenadas que passam por P0 são definidas
pelas parametrizações

→ r (u, v0 ) e →
r (u) = −
→ −
r (v) = −

r (u0 , v).

O vector µ → ¶
∂−
r
∂u P0
é tangente à curva coordenada parametrizada por →

r (u) = −

r (u, v0 ) e o vector
µ − ¶
∂→r
∂v P0

6
é tangente à curva coordenada parametrizada por − →
r (v) = −→
r (u0 , v). Dada a
condição de regularidade da superfície estes dois vectores não são colineares daí
que se possa considerar o plano por eles definido, a saber, de equação vectorial
µ − ¶ µ − ¶
∂→r ∂→r
(x, y, z) = P0 + α +β , para α, β ∈ R,
∂u P0 ∂v P0
que se designa por plano tangente à superfície regular S no ponto P0 . Esta
designação deve-se obviamente a ser um plano que tem por vectores diretores
os vectores tangentes às curvas coordenadas que passam por P0 .
Tomando o produto vectorial (ou externo)
⎡ →
− →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ µ ¶ µ ¶ µ ¶ ⎥
µ − → ¶ µ − → ¶ ⎢ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎥
−→ ∂r ∂r ⎢ ⎥
N0 = × ⎢
= det ⎢ ∂u P0 ∂u P0 ∂u P0 ⎥
∂u P0 ∂v P0 ⎥
⎢ µ ¶ µ ¶ µ ¶ ⎥
⎣ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎦
∂v P0 ∂v P0 ∂v P0
µ − ¶ µ − ¶
∂→r ∂→r
obtemos um vector que é perpendicular aos dois vectores e
∂u P0 ∂v P0
e, por isso, é perpendicular (ou normal) ao plano que tem estes dois vectores
como vectores directores, o plano tangente à superfície S no ponto P0 . Visto
que o plano tangente a uma superfície num dado ponto P0 é uma ”boa aproxi-
−→
mação” da superfície numa certa vizinhança desse P0 , o vector N0 é um vector
perpendicular à superfície S em P0 e diz-se o vector normal à superfície S.
−→
Os vectores unitários (de norma 1) definidos pelo versor de N0 são
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
∂−

r ∂−→
r
⎝⎠ ×⎝ ⎠
³ →´ ∂u P ∂v P
→ = vers −

n N0 =


N0
= ⎛ − ⎞
0
⎛ − ⎞
0

∂→ ∂→
0 −

N0 r r
⎝ ⎠ ×⎝ ⎠
∂u P0
∂v P0

e
⎛ ⎞ ⎛ ⎞
∂−

r ∂−→
r
⎝ ⎠ ×⎝ ⎠
³ →´ ∂u P ∂v P
→ = −vers −
−−
n N0 = −


N0
=− ⎛ − ⎞
0
⎛ − ⎞
0
.
∂→ ∂→
0 −

N0 r r
⎝ ⎠ ×⎝ ⎠
∂u P0
∂v P0

Estes vectores unitários têm obviamente sentidos opostos, embora ambos ten-
−→
ham a mesma direcção que o vector N0 , e dizem-se os vectores normais
unitários à superfície S no ponto P0 .
Uma superfície S diz-se orientável se em cada ponto P0 (x0 , y0 , z0 ) existe,
é único, é não-nulo e é contínuo o produto vectorial
µ − ¶ µ − ¶
∂→r ∂→r
× .
∂u P0 ∂v P0

7
Orientar uma superfície é escolher um dos vectores −
→ ou −−
n0
→ como vector
n0
normal unitário à superfície no ponto P0 .

Remark 16 Obviamente nem todas as superfícies são orientáveis. A banda de


Möbius é um exemplo clássico e pode ser construído muito facilmente a partir
de uma tira que sofre meia torção antes de unir as suas extremidades (isto é,
num rectângulo [ABABA] unir A com A e B com B).Em pontos muito próxi-
mos mas separados pela linha AB, os vectores normais unitários apontam para
sentidos opostos, o que não pode acontecer em superfícies orientáveis. Como
parametrização da banda de Möbius temos
⎧ u

⎪ x = (a + v sin ) cos u



− u2
r (u, v) = y = (a + v sin ) sin u , para u ∈ [0, 2π] , v ∈ [−h, h]

⎪ 2
⎩ z = v cos u

2
sendo 0 ≤ h ≤ a.

Exercise 17 Determine a expressão geral do vector normal e do vector normal


unitário à superfície S definida por x + 2y + 3z = 4, orientada para cima.

Solution 18 Dada a parametrização − →


r (u, v) = (4 − 2u − 3v, u, v), para (u, v) ∈
2
R , apresentada no Exercício 1, temos

∂−

r ∂−

r
= (−2, 1, 0) e = (−3, 0, 1) .
∂u ∂u
Como tal, a expressão geral do vector normal a S é
⎡ − → →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥ ⎡ −
→ ⎤
⎢ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎥ e1 −

e2 →

e3

− ∂−→
r ∂−→
r ⎢ ⎥
N = × = det ⎢ ∂u ∂u ∂u ⎥ = det ⎣ −2 1 0 ⎦
∂u ∂v ⎢ ⎥
⎣ ∂r ∂r3 ∂r3 ⎦ −3 0 1
1
∂v ∂v ∂v
= →

e1 − (−3−

e3 − 2−

e2 ) = −

e1 + 3−

e3 + 2−

e2 = (1, 2, 3) .

Dado que a superfície S é orientada para cima, consideramos este vector e não


o seu simétrico − N . A expressão geral do vector normal unitário a S é

∂−

r ∂−→
r
×


n = ° ∂u ∂v ° = (1, 2, 3) = √ (1, 2, 3) (1, 2, 3)
= √
° ∂−

r ∂ →

r ° k(1, 2, 3)k 2
1 +2 +32 2 14
° °
° ∂u × ∂v °
µ ¶
1 2 3
= √ ,√ ,√ .
14 14 14

8
Exercise 19 Determine a expressão geral do vector normal e do vector normal
unitários à superfície S definida por x2 + y 2 + z 2 = 9, orientada para fora.

Solution 20 Trata-se de uma superfície esférica de centro na origem e raio 3.


Atendendo às coordenadas esféricas, a superfície S pode ser parametrizada por

⎨ x = 3 cos θ sin ϕ


r (θ, ϕ) ≡ y = 3 sin θ sin ϕ , para θ ∈ [0, 2π), ϕ ∈ [0, π] .

z = 3 cos ϕ

Temos
∂−

r
= (−3 sin θ sin ϕ, 3 cos θ sin ϕ, 0)
∂θ
e
∂−

r
= (3 cos θ cos ϕ, 3 sin θ cos ϕ, −3 sin ϕ) .
∂ϕ
Como tal, a expressão geral do vector normal é
⎡ −
→ →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥

− ∂−
→r ∂−→r ⎢ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎥
⎢ ⎥
N = × = det ⎢ ∂θ ∂θ ∂θ ⎥
∂θ ∂ϕ ⎢ ⎥
⎣ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎦
∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
⎡ →
− →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥
= det ⎢ ⎣ −3 sin θ sin ϕ 3 cos θ sin ϕ 0 ⎥

3 cos θ cos ϕ 3 sin θ cos ϕ −3 sin ϕ

= (3 cos θ sin ϕ) (−3 sin ϕ) −→


e1 + (−3 sin θ sin ϕ) (3 sin θ cos ϕ) −

e3
− [(3 cos θ sin ϕ) (3 cos θ cos ϕ) e3 + (−3 sin θ sin ϕ) (−3 sin ϕ) −

− →
e2 ]

¡ ¢→ ¡ ¢→
= −9 cos θ sin2 ϕ −
e1 + −9 sin2 θ sin ϕ cos ϕ −
e3
¡ 2
¢−
→ ¡ 2
¢−

− 9 cos θ sin ϕ cos ϕ e3 − 9 sin θ sin ϕ e2

¡ ¢→ £ ¡ ¢¤ →
= −9 cos θ sin2 ϕ −
e1 − 9 sin ϕ cos ϕ sin2 θ + cos2 θ − e3
¡ 2
¢−

− 9 sin θ sin ϕ e2

¡ ¢→ ¡ ¢→
= −9 cos θ sin2 ϕ − e3 − 9 sin θ sin2 ϕ −
e1 − (9 sin ϕ cos ϕ) −
→ e2

¡ ¢
= −9 cos θ sin2 ϕ, −9 sin θ sin2 ϕ, −9 sin ϕ cos ϕ

Para que a superfície tenha orientação para fora há que considerar o vector nor-

− ¡ ¢
mal − N = 9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ , que "aponta para cima"

9
no hemisfério superior, onde ϕ ∈ [0, π/2[ e "para baixo" no hemisfério inferior,
onde ϕ ∈ ]π/2, π]. A expressão geral do vector normal unitário é então

− ¡ ¢

− N 9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ
n = ° °−→° ° = ° ¡ ¢°
° 9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ °
°N °
¡ ¢
9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ
= q¡ ¢2 ¡ ¢2 2
9 cos θ sin2 ϕ + 9 sin θ sin2 ϕ + (9 sin ϕ cos ϕ)
¡ ¢
9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ
= p
81 cos2 θ sin4 ϕ + 81 sin2 θ sin4 ϕ + 81 sin2 ϕ cos2 ϕ
¡ ¢
9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ
= q £ ¡ ¢ ¤
81 sin4 ϕ cos2 θ + sin2 θ + sin2 ϕ cos2 ϕ
¡ ¢
9 cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ
= p
9 sin4 ϕ + sin2 ϕ cos2 ϕ
¡ ¢
cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ
= q ¡ ¢
sin2 ϕ sin2 ϕ + cos2 ϕ
¡ ¢
cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ
= p .
sin2 ϕ
Dado que sin ϕ ≥ 0 (pois ϕ ∈ [0, π]) obtemos
¡ ¢

− cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ
n =
|sin ϕ|
¡ ¢
cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ
=
sin ϕ
µ ¶
cos θ sin2 ϕ sin θ sin2 ϕ sin ϕ cos ϕ
= , ,
sin ϕ sin ϕ sin ϕ

= (cos θ sin ϕ, sin θ sin ϕ, cos ϕ) .

Exercise 21 Determine a expressão geral do vector normal e do vector normal


unitários à superfície S definida por z = 9 − x2 − y 2 , orientada para dentro.

Solution 22 Trata-se do parabolóide de equação z = 9 − x2 − y 2 . Uma para-


metrização de S é

⎨ x(u, v) = u

−r (u, v) ≡ y(u, v) = v para (u, v) ∈ D,

z(u, v) = 9 − u2 − v 2

10
© ª
em que D = (u, v) ∈ R2 | u2 + v 2 = 9 (dado que a intersecção de z = 9−x2 −
y 2 com z = 0 é a circunferência de equação x2 + y 2 = 9). Assim, a expressão
geral do vector normal é
⎡ −
→ ⎤
e1 −

e2 −→
e3

− ∂−
→r ∂−→
r
N = × = (1, 0, −2u) × (0, 1, −2v) = det ⎣ 1 0 −2u ⎦
∂u ∂v 0 1 −2v

= →

e3 − (−2u−

e1 − 2v −

e2 ) = −

e3 + 2u−

e1 + 2v −

e2 = (2u, 2v, 1) .

Dado que se pretende a superfície S orientada para fora, há que considerar o




vector simétrico − N = (−2u, −2v, −1) que "aponta para baixo". A expressão
geral do vector normal unitário é



− N (−2u, −2v, −1) (2u, 2v, 1)
n =° →°
°− °=
q =p .
°N ° (−2u)2 + (−2v)2 + (−1)2 4 (u2 + v 2 ) + 1

Atendendo a que (u, v) ∈ D a expressão geral do vector normal unitário pode


ser simplificada para
µ ¶

− (2u, 2v, 1) (2u, 2v, 1) 2u 2v 1
n =p =√ = √ ,√ ,√ .
4 (u2 + v 2 ) + 1 4R2 + 1 4R2 + 1 4R2 + 1 4R2 + 1

1.3 Área de uma superfície regular


Seja S uma superfície regular ou seccionalmente regular parametrizada por


r (u, v) = (r1 (u, v) , r2 (u, v) , r3 (u, v)) para (u, v) ∈ D ⊂ R2 . Define-se a área
de superfície A de S como sendo o integral de superfície
ZZ ° ° ZZ ° − →°
R °−→° ° ∂→ − °
A = S dS = ° N ° dudv = ° r × ∂ r ° dudv .
° ∂u ∂v °
D D
°− °
°→°
Designa-se dS = ° N ° dudv por elemento de área (ou área elementar) rel-
ativo aos parâmetros u e v.

Exercise 23 Calcule a área da superfície S definida por z = x2 +y 2 com z ≤ 1.

Solution 24 A superfície S é uma porção do parabolóide de equação z = x2 +


y 2 . Uma parametrização de S é

⎨ x=u

−r (u, v) ≡ y=v , para (u, v) ∈ D

z = u2 + v 2
© ª
onde D = (u, v) ∈ R2 | u2 + v 2 ≤ 1 , o círculo de centro (0, 0) e raio 1. Temos

∂−

r ∂−

r
= (1, 0, 2u) e = (0, 1, 2v) .
∂u ∂v

11
Como tal, o vector normal é dado por
⎡ −→ −
→ −
→ ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥ ⎡ −
→ ⎤
⎢ ∂r3 ⎥ e1 −

e2 −

e3

− ∂−
→r ∂−

r ⎢ ∂r1 ∂r3 ⎥
N = × = det ⎢ ∂u ∂u ∂u ⎥ = det ⎣ 1 0 2u ⎦
∂u ∂v ⎢ ⎥
⎣ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎦ 0 1 2v
∂v ∂v ∂v
= →

e3 − (2v −

e2 + 2u−

e1 ) = −

e3 − 2v −

e2 − 2u−

e1 = (−2u, −2v, 1) .

A área de superfície pedida é


Z ZZ ° ° ZZ
°−
→°
A = dS = ° N ° dudv = k(−2u, −2v, 1)k dudv
S D D
ZZ q ZZ p
2 2 2
= (−2u) + (−2v) + 1 dudv = 4u2 + 4v 2 + 1dudv.
D D

Atendendo a que D é o círculo de centro na origem e raio 1, usamos coordenadas


polares (x = ρ cos θ e y = ρ sin θ, em que o Jacobiano é ρ) no cálculo do integral
duplo. Assim,
ZZ p
A = 4u2 + 4v 2 + 1dudv
D
Z 2π µZ 1 q ¶
= 4 (ρ cos θ)2 + 4 (ρ sin θ)2 + 1ρ dρ dθ
0 0
Z 2π µZ 1 q ¶
¡ 2
¢
= 2 2
4ρ cos θ + sin θ + 1ρ dρ dθ
0 0
Z 2π µZ 1 p ¶
= 2
4ρ + 1ρ dρ dθ
0 0
"¡ ¢3/2 #ρ=1
Z 2π µ Z 1 ¡ ¶ Z
1 2
¢1/2 1 2π 4ρ2 + 1
= 4ρ + 1 (8ρ) dρ dθ = dθ
0 8 0 8 0 3/2
ρ=0
Z ´ Z 2π
1 2π 2 ³ 3/2 ´ 1 2 ³√ 3
= 5 − 1 dθ = 5 −1 dθ
8 0 3 83 0
√ ¡ √ ¢
1 ³ √ ´
θ=2π 5 5−1 5 5−1 π
= 5 5 − 1 [θ]θ=0 = 2π = .
12 12 6

1.4 Fluxo de um campo de vectores




O fluxo de um campo de forças F (x, y, z) = (F1 (x, y, z) , F2 (x, y, z) , F3 (x, y, z))
através de uma superfície regular S é dado pelo integral de superfície
Z

− →

F (x, y, z) |−

n dS ,
S

12


em que −→
n é a expressão geral do vector normal à superfície e d S é o vector
elemento de área. Dada uma parametrização de S,

−r (u, v) = (r (u, v) , r (u, v) , r (u, v)) , para (u, v) ∈ D ⊂ R2 ,
1 2 3


o módulo de d S° é°igual ao elemento de área dS, tal como definido na secção
°−→°
anterior (dS = ° N ° dudv), e o seu versor é o do vector normal à superfície, ou

− °− °
°→°
seja, d S = ±−
→n dS. Como o elemento de área dS é igual a ° N ° dudv temos

− → ° °


− N N °−→° →
− r ∂−
∂−
→ →
r
d S = ±−

n dS = ± °
°−
→° ° dS = ± °
°−
→°° ° N ° dudv = ± N dudv = ± × dudv.
°N ° °N ° ∂u ∂v

Como tal, o integral de superfície corresponde ao integral duplo


ZZ ¯µ − ¶
R −→ −→ →
− →
− ¯
¯ ∂→
r ∂−

r
S
F |n dS = F (r1 (u, v) , r2 (u, v) , r3 (u, v)) ¯ ± × dudv
D ∂u ∂v

em que se tomam x = r1 (u, v), y = r2 (u, v) e z = r3 (u, v). A escolha de ±


depende da orientação da superfície S.
Exercise 25 Calcule o fluxo do campo de forças


F (x, y, z) = x−

e1 + y −

e2 + z −

e3
através da superfície S definida por z = 1 − x2 − y 2 ∧ z ≥ 0 orientada para fora.
Solution 26 Trata-se de uma porção do parabolóide de equação z = 1 − x2 − y 2
de vértice (0, 0, 1) situada acima do plano z = 0. Dado que z = 1 − x2 − y 2
podemos considerar para esta superfície a parametrização

⎨ x=u

− r (u, v) ≡ y=v , para u, v ∈ D,

z = 1 − u2 − v 2
© ª
onde x e y são os parâmetros. Temos D = (u, v) ∈ R2 | u2 + v 2 = 1 dado
que a intersecção de z = 1 − x2 − y 2 com z = 0 é a circunferência de equação
x2 + y 2 = 1. Temos
∂−
→r ∂−→r
= (1, 0, −2u) e = (0, 1, −2v) .
∂u ∂u
Como tal, a expressão geral do vector normal a S é dada por
⎡ − → →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥ ⎡ −→ ⎤

− →
− ⎢ ∂r ∂r ∂r ⎥ e1 −

e2 →

e3

− ∂r ∂r ⎢ 1 3 3 ⎥
N = × = det ⎢ ∂u ∂u ∂u ⎥ = det ⎣ 1 0 −2u ⎦
∂u ∂v ⎢ ⎥
⎣ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎦ 0 1 −2v
∂v ∂v ∂v
= →

e3 − (−2−→ − 2v −
ue1

e2 ) = −

e3 + 2u−

e1 + 2v −

e2 = (2u, 2v, 1) .

13


Dado que a superfície S é orientada para fora, devemos usar este vector N


e não o seu simétrico − N = (−2u, −2v, −1). O fluxo do campo de forças

− ¡ ¢
F (x, y, z) = xy, −x2 , x + z ao longo da superfície S é dado pelo integral de
superfície
Z Z
→ −
− → →
− −

F |n dS = (x, y, z) |−

n dS
S
ZSZ
¡ ¢
= u, v, 1 − u2 − v 2 |(2u, 2v, 1) dudv
Z ZD
¡ 2 ¢
= 2u + 2v 2 + 1 − u2 − v 2 dudv
Z ZD
¡ 2 ¢
= u + v 2 + 1 dudv.
D

Atendendo a que D é o círculo de centro na origem e raio 1, usamos coordenadas


polares (x = ρ cos θ e y = ρ sin θ, em que o Jacobiano é ρ) no cálculo do integral
duplo. Assim,
Z ZZ
→ −
− →
− ¡ 2 ¢
F |→n dS = u + v 2 + 1 dudv
S D
Z 2π µZ 1 ³ ´ ¶
2 2
= (ρ cos θ) + (ρ sin θ) + 1 ρ dρ dθ
0 0
Z 2π µZ 1 ¶
¡ 2¡ 2 ¢ ¢
= ρ cos θ + sin2 θ + 1 ρ dρ dθ
0 0
Z 2π µZ 1 ¶ Z 2π µZ 1 ¶
¡ 2 ¢ ¡ 3 ¢
= ρ + 1 ρ dρ dθ = ρ + ρ dρ dθ
0 0 0 0
Z 2π ∙ 4
¸
2 ρ=1 Z 2π µ ¶
ρ ρ 1 1
= + dθ = + dθ
0 4 2 ρ=0 0 4 2
Z 2π Z 2π
3 3 3 θ=2π 3 3π
= dθ = dθ = [θ]θ=0 = 2π = .
0 4 4 0 4 4 2

Exercise 27 Mostre que 36π é o valor do fluxo do campo de forças




F (x, y, z) = z −

e3

através da superfície esférica S definida por x2 + y 2 + z 2 = 9 orientada para


fora.

Solution 28 Atendendo às coordenadas esféricas, a superfície S pode ser para-


metrizada por

⎨ x = 3 cos θ sin ϕ

−r (θ, ϕ) ≡ y = 3 sin θ sin ϕ , para θ ∈ [0, 2π), ϕ ∈ [0, π] .

z = 3 cos ϕ

14
Temos
∂−

r
= (−3 sin θ sin ϕ, 3 cos θ sin ϕ, 0)
∂θ
e
∂−

r
= (3 cos θ cos ϕ, 3 sin θ cos ϕ, −3 sin ϕ) .
∂ϕ
Como tal, a expressão geral do vector normal é dada por
⎡ −
→ →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥

− ∂−
→r ∂−→r ⎢ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎥
⎢ ⎥
N = × = det ⎢ ∂θ ∂θ ∂θ ⎥
∂θ ∂ϕ ⎢ ⎥
⎣ ∂r1 ∂r3 ∂r3 ⎦
∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
⎡ →
− →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
⎢ ⎥
= det ⎢ ⎣ −3 sin θ sin ϕ 3 cos θ sin ϕ 0 ⎥

3 cos θ cos ϕ 3 sin θ cos ϕ −3 sin ϕ

= (3 cos θ sin ϕ) (−3 sin ϕ) −→


e1 + (−3 sin θ sin ϕ) (3 sin θ cos ϕ) −

e3
− [(3 cos θ sin ϕ) (3 cos θ cos ϕ) e3 + (−3 sin θ sin ϕ) (−3 sin ϕ) −

− →
e2 ]

¡ ¢→ ¡ ¢→
= −9 cos θ sin2 ϕ −
e1 + −9 sin2 θ sin ϕ cos ϕ −
e3
¡ 2
¢−
→ ¡ 2
¢−

− 9 cos θ sin ϕ cos ϕ e3 − 9 sin θ sin ϕ e2

¡ ¢→ £ ¡ ¢¤ →
= −9 cos θ sin2 ϕ −
e1 − 9 sin ϕ cos ϕ sin2 θ + cos2 θ − e3
¡ 2
¢−

− 9 sin θ sin ϕ e2

¡ ¢→ ¡ ¢→
= −9 cos θ sin2 ϕ − e3 − 9 sin θ sin2 ϕ −
e1 − (9 sin ϕ cos ϕ) −
→ e2

¡ ¢
= −9 cos θ sin2 ϕ, −9 sin θ sin2 ϕ, −9 sin ϕ cos ϕ

Para que a superfície tenha orientação para fora há que considerar o vector
normal

− ¡ ¢
− N = 9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ
¡ ¢
= 9 cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ ,

que "aponta para cima" no hemisfério superior, onde ϕ ∈ [0, π/2[ e "para
baixo" no hemisfério inferior, onde ϕ ∈ ]π/2, π]. O fluxo do campo de forças

15


F (x, y, z) = (0, 0, z) ao longo da superfície S é dado pelo integral de superfície
Z Z
→ −
− −
→ →

F |→
n dS = (0, 0, z) |−

n dS
S
ZSZ
¯ ¡ ¢
= (0, 0, 3 cos ϕ) ¯9 cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ dθdϕ
Z ZD ZZ
2
= 27 sin ϕ cos2 ϕ dθdϕ = −27 (− sin ϕ) (cos ϕ) dθdϕ
D D
Z 2π ∙ 3 ¸ϕ=π Z 2π Ã 3
!
cos ϕ (−1) 1
= −27 dθ = −27 − dθ
0 3 ϕ=0 0 3 3
Z 2π µ ¶ µ ¶ Z 2π Z 2π
2 2
= −27 − dθ = −27 − dθ = 18 dθ
0 3 3 0 0

= 18 [θ]θ=2π
θ=0 = 18 · 2π = 36π.

1.5 Teorema de Stokes


O vector rotacional de um campo vectorial


F (x, y, z) = (F1 (x, y, z) , F2 (x, y, z) , F3 (x, y, z))

é, por definição, dado por


−−−→ µ ¶

− ∂F3 ∂F2 ∂F1 ∂F3 ∂F2 ∂F1
rot F = − , − , − ∈ R3 .
∂x2 ∂x3 ∂x3 ∂x1 ∂x1 ∂x2

É um campo vectorial no espaço que caracteriza a rotação de um sólido e que, por


ser definido através de derivadas parciais, é um operador diferencial. Podemos
considerar o operador sobre funções
µ ¶

− ∂ ∂ ∂
∇= , , ...,
∂x1 ∂x2 ∂xn


( ∇ lê-se nabla), designado por operador de Hamilton, que permite obter um
simbolismo muito prático no cálculo do vector rotacional, a saber,
⎡ →
− −
→ −
→ ⎤
e1 e2 e3
−−−→
→ −
− → − → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot F = ∇ × F = det ⎣ ⎦.
∂x ∂y ∂z
F1 F2 F3

Consideremos o teorema seguinte que relaciona integrais de superfície com


integrais de linha através do campo de vectores rotacional.

Theorem 29 (teorema de Stokes da circulação ou do rotacional) Seja


C uma curva simples fechada seccionalmente regular e orientada no sentido

16
positivo. Seja S uma superfície regular e bilateral que tem a curva C como
fronteira (ou bordo) (que assenta sobre a curva C) orientada de tal modo que
em relação ao vector normal unitário − →
n tomado, o percurso da curva C seja
efectuado no sentido positivo (isto é, tome-se a chamada normal exterior). Seja


F (x, y, z) = (F1 (x, y, z) , F2 (x, y, z) , F3 (x, y, z)) um campo de forças de classe
C 1 (contínuo e com primeiras derivadas parciais contínuas numa vizinhança se
S) que esteja definido na superfície S. Então, tem lugar a chamada fórmula
de Stokes
R −−−→ → −
− → → H −
− → ¯¯−

S
rot F | n d S = C
F ¯dr ,

equivalente a
Z I
−−−−−−−−−−→ − → →

rot (F1 , F2 , F3 ) | n d S = F1 (x, y, z) dx + F2 (x, y, z) dy + F3 (x, y, z) dz.
S C

O Teorema de Stokes estabelece que o fluxo do campo de vectores rotacional




de um campo de forças F através de uma superfície S é igual ao trabalho de


F ao longo da curva C que delimita S. Este teorema é uma generalização do
Teorema de Green a superfícies (ver p. 117 do livro recomendado).
A exigência de que se tome a normal exterior −→
n significa que um observador
que "caminhe" sobre a curva C, orientado como − →n , tem a superfície S situada
à sua esquerda. Dito de outro modo, − →n deve ser tomado de tal modo que, para
um observador orientado como − →
n , a orientação da curva C é negativa (isto é,
de sentido contrário ao dos ponteiros do relógio). Se a superfície S é fechada
então os dois integrais presentes na fórmula de Stokes têm valor nulo.

Exercise 30 Considere a circunferência C¡ de equação¢ x2 + y 2 = 4 encimada


2 2
pela superfície S de equação z − 4 = − x + y e um campo de vectores

− ¡ ¢
F (x, y, z) = x2 y, yz, xz . Mostre que
I Z
¡ ¢ → − →
x2 ydx + yzdy + xzdz = −y, −z, −x2 |− n d S = −4π.
C S

Solution 31 A primeira igualdade baseia-se no Teorema de Stokes visto que


I I
2
¡ 2 ¢
x ydx + yzdy + xzdz = x y, yz, xz |(dx, dy, dz)
C
IC
¡ 2 ¢ →
= x y, yz, xz |d−r
C

17
e
⎡ →− →
− ⎤
e1 e2 − →
e3
−−−→

− − −
→ → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot F = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
2
x y yz xz
¡ 2 ¢
∂ (xz) −
→ ∂ x y − → ∂ (yz) −

= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
à ¡ ¢ !
∂ x2 y − → ∂ (yz) −→ ∂ (xz) −

− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x
¡ → ¢
= 0−

e1 + 0−
→ e3 − x2 −
e2 + 0−
→ e3 + y −

e1 + z −

e2

¡ ¢
= −x2 −→
e3 − y −

e1 − z −

e2 = −y, −z, −x2 .
H
Quanto à segunda igualdade, provemos que C x2 ydx + yzdy + xzdz = −4π.
Uma parametrização para a curva C é

⎨ x(t) = 2 cos t

−r (t) ≡ y(t) = 2 sin t para t ∈ [0, 2π[.

z(t) = 0

d−
→r
Como vector tangente temos = (−2 sin t, 2 cos t, 0). Assim, o integral pode
dt
ser escrito como
I
x2 ydx + yzdy + xzdz
C
Z 2π
= (2 cos t)2 2 sin t(−2 sin t)dt + 2 sin t.0.2 cos tdt + 2 cos t.0.0dt
0
Z 2π Z 2π
1 + cos (2t) 1 − cos (2t)
= −16 cos2 t sin2 tdt = −16 . dt
0 0 2 2
Z 2π Z 2π
1 + cos (4t)
= −4 (1 − cos2 (2t))dt = −4 (1 − )dt
0 0 2
∙ ¸t=2π
t 1
= −4 t − − sin(4t) = −4 (2π − π) = −4π.
2 8 t=0

Exercise 32 Transforme o integral de linha


Z
x2 yzdx + xy 2 dy + (x + z) dz
C

num integral duplo, sabendo que C é a circunferência de centro na origem e raio


R.

18
Solution 33 Consideremos a circunferência C sobre o xy-plano orientada pos-
itivamente. Considerando ainda uma superfície que assente sobre a curva C,
por exemplo o parabolóide de equação z = R2 − x2 − y 2 , podemos aplicar o
Teorema de Stokes. Temos então
I I
¡ 2 ¢
x2 yzdx + xy 2 dy + (x + z) dz = x yz, xy 2 , x + z |(dx, dy, dz)
C
IC
¡ 2 ¢ →
= x yz, xy 2 , x + z |d−r =
C
Z −−−−−−−−−−−−−−−→
¡ ¢ → −→
rot x2 yz, xy 2 , x + z |−
T . Stokes
= n dS
S
Z


= (0, x y − 1, y 2 − x2 z) |−
2 →
n dS ,
S

visto que
⎡ →
− →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
−−−¡−−2−−−−−− − − −−→¢ − −
→ → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot x yz, xy 2 , x + z = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
2 2
x yz xy x + z
¡ 2 ¢ ¡ ¢
∂ (x + z) −
→ ∂ x yz − → ∂ xy 2 − →
= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
à ¡ ¢ ¡ ¢ !
∂ x2 yz − → ∂ xy 2 − → ∂ (x + z) −

− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x
¡ ¢
= 0−
→ e2 + y 2 −
e1 + x2 y −
→ →
e3 − x2 z −

e3 + 0−

e1 + 1−

e2

= (0, x2 y − 1, y 2 − x2 z).

Uma parametrização do parabolóide z = R2 − x2 − y 2 é



⎨ x(u, v) = u


r (u, v) ≡ y(u, v) = v para (u, v) ∈ D,

z(u, v) = R2 − u2 − v 2
© ª
em que D = (u, v) ∈ R2 | u2 + v 2 = R2 (dado que a intersecção de z = R2 −
x2 − y 2 com z = 0 é a circunferência de equação x2 + y 2 = R2 ). Assim, o vector
normal é dado por
⎡ −
→ ⎤

− →
− e1 − →e2 −→
e3

− ∂r ∂r
N = × = (1, 0, −2u) × (0, 1, −2v) = det ⎣ 1 0 −2u ⎦
∂u ∂v
0 1 −2v

− →
− →
− →
− →
− →

= e − (−2u e − 2v e ) = e + 2u e + 2v e = (2u, 2v, 1) .
3 1 2 3 1 2

19
Podemos então escrever
I Z


x2 yzdx + xy 2 dy + (x + z) dz = (0, x2 y − 1, y 2 − x2 z) |−

n dS
ZCZ S

= (0, u v − 1, v − u (R − u − v 2 )) |(2u, 2v, 1) dudv


2 2 2 2 2
D
ZZ
= (0, u2 v − 1, v 2 − u2 (R2 − u2 − v 2 )) |(2u, 2v, 1) dudv
D
ZZ
¡ ¢
= ( u2 v − 1 2v + v 2 − u2 (R2 − u2 − v 2 )dudv.
D

Caso se pretendesse calcular o valor deste integral duplo seria favorável o uso
de coordenadas polares.
Exercise 34 Determine o trabalho efectuado pelo campo de vectores


F (x, y, z) = x2 −
→ e2 + y 2 x−
e1 + 4xy 3 −
→ →
e3
numa partícula que percorre o contorno do rectângulo situado no plano z = y
de vértices (0, 0, 0), (1, 0, 0), (1, 3, 3) e (0, 3, 3). Considere que o rectângulo é
percorrido no sentido positivo.
Solution 35 O trabalho pedido é dado por
I
¡ 2 ¢ →
W = x , 4xy 3 , y 2 |d−
r .
C

Atendendo ao Teorema de Stokes, podemos escrever


I Z −−−−−−−−−−−−→
¡ 2 ¢ → T . Stokes ¡ ¢ → −→
W = x , 4xy 3 , y 2 |d−
r = rot x2 , 4xy 3 , y 2 |−
n dS
C S

considerando como superfície S o rectângulo do enunciado. Visto que


⎡ −→ ⎤
e1 − →
e2 →

e3
−−−¡−−2−−−−− −−→¢ → −
− → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot x , 4xy 3 , y 2 = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
2 3 2
x 4xy y
¡ 2¢ ¡ 2¢ ¡ ¢
∂ y − → ∂ x − → ∂ 4xy 3 − →
= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
à ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ !
∂ x2 − → ∂ 4xy 3 − → ∂ y2 − →
− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x

= 2y −
→ e2 + 4y 3 −
e1 + 0−
→ →
e3 − (0−

e3 + 0−

e1 + 0−

e2 ) = (2y, 0, 4y 3 ),
temos
I Z −−−−−−−−−−−−→
¡ 2 ¢ → ¡ ¢ → −→
x , 4xy 3 , y 2 |d− rot x2 , 4xy 3 , y 2 |−
T . Stokes
W = r = n dS
ZC S


= (2y, 0, 4y 3 ) |−

n dS .
S

20
Uma parametrização de S é

⎨ x(u, v) = u


r (u, v) ≡ y(u, v) = v para (u, v) ∈ D

z(u, v) = v

em que D é o rectângulo no uv−plano de vértices (0, 0), (1, 0), (1, 3) e (0, 3). O
vector normal é então dado por
⎡ −
→ ⎤

− →
− e1 −

e2 − →
e3

− ∂r ∂r
N = × = (1, 0, 0) × (0, 1, 1) = det ⎣ 1 0 0 ⎦
∂u ∂v
0 1 1

− →

= e − e = (0, −1, 1) .
3 2

Temos então
Z ZZ

→ 3 →

W = (2y, 0, 4y ) | n d S = (2v, 0, 4v 3 ) |(0, −1, 1) dudv
S D
ZZ Z 1 µZ 3 ¶ Z 1
3 3
£ 4 ¤v=3
= 4v dudv = 4v dv du = v v=0 du
D 0 0 0
Z 1 Z 1
= 81 du = 81 du = 81 [u]u=1
u=0 = 81.
0 0

Nota: Caso a orientação da curva C fosse a contrária, para que o Teorema de




Stokes fosse válido, era necessário considerar o vector normal − N = (0, 1, −1).
O valor do trabalho seria obviamente simétrico: −81.

Exercise 36 Use uma superfície esférica para calcular o valor do integral de


linha I
xy 2 dx + xdy + zdz
C

em que C é a circunferência de equação x2 + y 2 = 9 ∧ z = 0, percorrida no


sentido negativo.

Solution 37 Podemos fazer uso do Teorema de Stokes considerando como su-


perfície S o hemisfério superior da superfície esférica de equação x2 +y 2 +z 2 = 9
visto que a sua intersecção com o plano z = 0 é a curva C. Temos então
I I
¡ 2 ¢
xy 2 dx + xdy + zdz = xy , x, z |dxdydz
C
IC Z −−−−−−−−−→
¡ 2 ¢ → T . Stokes ¡ ¢ → −→
= xy , x, z |d−r = rot xy 2 , x, z |−
n dS
ZC S
−−−−−−−−−→ − →

= (0, 0, 1 − 2xy) |→
n dS
S

21
visto que
⎡ →− →
− ⎤
e1 e2 − →
e3
−−−¡−−−2−−−→¢ → −
− → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot xy , x, z = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
xy 2 x z
¡ 2¢
∂ (z) −
→ ∂ xy − → ∂ (x) −

= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
à ¡ ¢ !
∂ xy 2 − → ∂ (x) −
→ ∂ (z) −

− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x

= 0−

e1 + 0−

e2 + 1−

e3 − (2xy −

e3 + 0−

e1 + 0−

e2 ) = (0, 0, 1 − 2xy).
Uma parametrização de S é


⎨ x(θ, ϕ) = 3 cos θ sin ϕ


r (θ, ϕ) ≡ y(θ, ϕ) = 3 sin θ sin ϕ para (θ, ϕ) ∈ D

z(θ, ϕ) = 3 cos ϕ
em que D é o rectângulo no θϕ−plano dado por [0, 2π[× [0, π/2] . Como vector
normal temos (consultar um exercício da secção anterior)
→ ∂−
− →
r ∂−
→r
N = × = (−9 cos θ sin2 ϕ, −9 sin θ sin2 ϕ, −9 sin ϕ cos ϕ).
∂θ ∂ϕ
Para que o vector normal seja exterior à superfície consideramos o vector


− N = (9 cos θ sin2 ϕ, 9 sin θ sin2 ϕ, 9 sin ϕ cos ϕ) = 9(cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ).
Portanto,
I Z
−−−−−−−−−→ − →

2
xy dx + xdy + zdz = (0, 0, 1 − 2xy) |→
n dS
ZCZ S
¯
= (0, 0, 1 − 2 · 9 sin θ cos θ sin2 ϕ) ¯9(cos θ sin2 ϕ, sin θ sin2 ϕ, sin ϕ cos ϕ) dθdϕ
D
Z π2 µZ 2π ¶
2
= (1 − 18 sin θ cos θ sin ϕ) (9 sin ϕ cos ϕ) dθ dϕ
0 0
Z π µZ 2π ¶
2
= 9 (sin ϕ cos ϕ − 18 sin θ cos θ sin3 ϕ cos ϕ)dθ dϕ
0 0
Z π ∙ ¸θ=2π
2 sin2 θ 3
= 9 θ sin ϕ cos ϕ − 18 sin ϕ cos ϕ dϕ
0 2 θ=0
Z π
2
Z π2
= 9 2π sin ϕ cos ϕ dϕ = 18π sin ϕ cos ϕ dϕ
0 0
∙ ¸ϕ= π2 µ ¶
sin2 ϕ 1
= 18π = 18π − 0 = 9π.
2 ϕ=0 2

22
Outra possibilidade seria parametrizar o hemisfério superior da superfície es-
férica x2 + y 2 + z 2 = 9 por

⎨ x(u, v) = u

−r (u, v) ≡ y(u, v) = √
v para (u, v) ∈ D
⎩ 2 2
z(u, v) = 9 − u − v

em que D é o círculo no uv−plano de equação x2 + y 2 = 9. Como vector normal


temos então
µ ¶ µ ¶

− ∂−→
r ∂−

r u v
N = × = 1, 0, − √ × 0, 1, − √
∂u ∂v 9 − u2 − v 2 9 − u2 − v 2
¯ − ¯
e −
¯ → →
e2 −→
e3 ¯
¯ 1 u ¯ µ ¶
¯ 1 0 −√ ¯ u v
= ¯¯ 2
9−u −v ¯ 2 ¯ = √ , √ , 1 .
¯ v ¯ 9 − u2 − v 2 9 − u2 − v 2
¯ 0 1 −√ ¯
9 − u2 − v 2
Portanto,
I
xy 2 dx + xdy + zdz
C
ZZ ¯µ ¶
¯ u v
= ¯
(0, 0, 1 − 2uv) ¯ √ ,√ , 1 dudv
9 − u2 − v 2 9 − u2 − v 2
Z ZD
= (1 − 2uv) dudv.
D

Aplicando coordenadas polares temos


I ZZ
2
xy dx + xdy + zdz = (1 − 2uv) dudv
C D
Z 2π µZ 3 ¶
= (1 − 2ρ cos θρ sin θ)ρ dρ dθ
0 0
Z 2π ∙ 2
¸ρ=3
ρ ρ4
= − cos θ sin θ dθ
0 2 2 ρ=0
Z 2π µ ¶
9 81
= − cos θ sin θ dθ
0 2 2
∙ ¸θ=2π
9 81 sin2 θ
= θ− = 9π.
2 2 2 θ=0

Exercise 38 Utilize o teorema de Stokes para calcular o valor do integral de


linha I
¡ 2 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
x − yz dx + y 2 − xz dy + z 2 − xy dz
C
sendo C a elipse de equação x = a cos θ, y = b sin θ existente no xy-plano.

23
Solution 39 Consideremos o campo vectorial

− ¡ ¢
F (x, y, z) = x2 − yz, y 2 − xz, z 2 − xy .
Temos
I
¡ 2 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
x − yz dx + y 2 − xz dy + z 2 − xy dz
IC Z −−−→
→ → −
− →
(x2 − yz, y 2 − xz, z 2 − xy) |d−
→ rot F |−
T . Stokes
= r = n dS
ZC S
−−−−→ − →

= (0, 0, 0) |→
n dS = 0
S
visto que
⎡ → − →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
−−−→

− − −
→ → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot F = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
2 2 2
x − yz y − xz z − xy
¡ 2 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
∂ z − xy − → ∂ x2 − yz − → ∂ y 2 − xz − →
= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
à ¡ ¢ ¡ 2 ¢ ¡ 2 ¢ !
∂ x2 − yz − → ∂ y − xz →
− ∂ z − xy →

− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x

= −x−

e1 − y −

e2 − z −

e3 − (−z −

e3 − x−

e1 − y −

e2 )

= (−x + x) −

e1 + (−y + y) −

e2 + (−z + z) −

e3 = (0, 0, 0).
Exercise 40 Verifique o teorema de Stokes para o campo de vectores


e2 + yz 2 −
e1 − xz −
F (x, y, z) = 3y −
→ → →
e3
sendo S a superfície de equação 2z = x2 +y 2 limitado pelo plano z = 2 orientada
para fora.
Solution 41 A superfície S corresponde a um paraboloíde que se desenvolve ao
longo do z-eixo com vértice (0, 0, 0). Para aplicar o teorema de Stokes consider-
emos a curva C de equação
x2 + y 2 = 4 ∧ z = 2
por ser esta a curva de intersecção do paraboloíde S com o plano z = 2. Temos
então que verificar a igualdade
I Z −−−→
→ −
− → → −
− →
F |d→r = rot F |−
n dS
C
IS Z −−−−−−−−−−−−→


⇔ (3y, −xz, yz 2 ) |d−

r = rot(3y, −xz, yz 2 ) |−

n dS
IC ZS


⇔ (3y, −xz, yz 2 ) |d−

r = (z 2 + x, 0, −z − 3) |− →
n dS
C S

24
visto que
⎡ →− →
− →
− ⎤
e1 e2 e3
−−−¡−−−−−−−−−→ ¢ − −
→ → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot 3y, −xz, yz 2 = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
2
3y −xz yz
¡ 2¢
∂ yz − → ∂ (3y) −→ ∂ (−xz) −→
= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
à ¡ 2¢ !
∂ (3y) −
→ ∂ (−xz) − → ∂ yz − →
− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x

= z2−

e1 + 0−

e2 − z −

e3 − (3−

e3 − x−

e1 + 0−

e2 )

¡ 2 ¢→
z +x − e1 + (−z − 3) −
= →
e3 = (z 2 + x, 0, −z − 3).
H
Calculemos em primeiro lugar o integral de linha C (3y, −xz, yz 2 ) |d−
→r . Uma
parametrização da curva C é

⎨ x(t) = 2 cos t

−r (t) ≡ y(t) = 2 sin t para t ∈ [0, 2π[

z(t) = 2

d−
→r
a que corresponde o vector tangente = (−2 sin t, 2 cos t, 0). Assim o integral
dt
pode ser escrito como
I
(3y, −xz, yz 2 ) |d−

r
C
Z 2π
= (6 sin t, −4 cos t, 8 sin t) |(−2 sin t, 2 cos t, 0)dt
0
Z 2π
= (−12 sin2 t − 8 cos2 t)dt
0
Z 2π Z 2π
2 2 1 − cos (2t) 1 + cos (2t)
= −4 (3 sin t + 2 cos t)dt = −4 3 +2 dt
0 0 2 2
Z 2π
= − (6(1 − cos (2t)) + 4(1 + cos (2t))) dt
0
Z 2π
= − (10 − 2 cos (2t)) dt = − [10t − sin (2t)]t=2π
t=0 = −20π
0

Quanto ao cálculo do integral de superfície, uma parametrização da superfície


S é ⎧
⎪ x(u, v) = u



r (u, v) ≡ y(u, v) = v para (u, v) ∈ D
⎪ 2 2
⎩ z(u, v) = u + v
2

25
sendo D o círculo de equação u2 + v 2 ≤ 4. Como vector normal temos
⎡ −
→ ⎤
e1 −

e2 −

e3
→ ∂−
− →
r ∂−→
r
N = × = (1, 0, 2u) × (0, 1, 2v) = det ⎣ 1 0 u ⎦ = (−u, −v, 1).
∂u ∂v
0 1 v
O integral pode ser então calculado como
Z


(z 2 + x, 0, −z − 3) |− →
n dS
S
Z Z õ 2 ¶2 !
u + v2 u2 + v 2
= + u, 0, − − 3 |(−u, −v, 1) dudv
D 2 2
ZZ Ã µ 2 ¶2 !
u + v2 u 2
+ v 2
= −u − u2 − − 3 dudv
D 2 2
Z 2π ÃZ 2 Ã µ 2 ¶2 ! !
r 2 2 r2
= − −r cos θ ´+ r cos θ + + 3 r dr dθ
0 0 2 2
Z 2π µZ 2 µ 6 ¶ ¶
r r3
= − cos θ + r3 cos2 θ + + 3r dr dθ
0 0 4 2
Z 2π ∙ 7 4 4
¸r=2
r r 2 r r2
= − cos θ + cos θ + +3 dθ
0 28 4 8 2 r=0
Z 2π ∙ ¸r=2
64
= − cos θ + 4 cos2 θ + 8 dθ
0 14 r=0
∙ ¸θ=2π
32
= − sin θ + 2θ + 2 sin (2θ) + 8θ
7 θ=0
= −4π − 16π = −20π.
Exercise 42 Verifique o teorema de Stokes para o campo de vectores


e1 + z −
F (x, y, z) = y −
→ →
e2 + x−

e3
sendo S a superfície de um tetraedro irregular de vértices A(0, 0, 1), B(0, 1, 0),
C(1, 0, 0) e O(0, 0, 0) ao qual se excluiu a face [BCO], orientado para fora.
Solution 43 A superfície S é seccionalmente regular e corresponde à união de
três superfícies regulares S1 , S2 e S3 que se encontram, respectivamente, sobre
os planos x + y + z = 1, x = 0,e y = 0. Para aplicar o teorema de Stokes
consideremos a curva fechada C que une o ponto O ao ponto C, o ponto C ao
ponto B e o ponto B ao ponto O.Temos então que verificar a igualdade
I Z −−−→
→ −
− → → −
− →
F |d→r = rot F |−n dS
C
IS Z
−−−−−−−→ − →

⇔ (y, z, x) |d−

r = rot(y, z, x) |→
n dS
IC ZS


⇔ (y, z, x) |d−

r = (−1, −1, −1) |− →
n dS
C S

26
visto que
⎡ →
− −
→ −
→ ⎤
e1 e2 e3
−−−−−−−→ → −
− → ⎢ ∂ ∂ ∂ ⎥
rot (y, z, x) = ∇ × F = det ⎣ ⎦
∂x ∂y ∂z
y z x
∂ (x) −
→ ∂ (y) −
→ ∂ (z) −

= e1 + e2 + e3
∂y ∂z ∂x
µ ¶
∂ (y) −
→ ∂ (z) −
→ ∂ (x) −

− e3 + e1 + e2
∂y ∂z ∂x

= 0− →
e1 + 0− →
e2 + 0−→
e3 − (1− →
e3 + 1−→
e1 + 1−→
e2 ) = (−1, −1, −1).
H
Calculemos em primeiro lugar o integral de linha C (y, z, x) |d− →
r . A curva C é
seccionalmente regular sendo união de 3 arcos regulares: OB, BC e CO. Uma
parametrização do arco OB é

⎨ x(t) = t

−r (t) ≡ y(t) = 0 para t ∈ [0, 1]

z(t) = 0
d−→r
a que corresponde o vector tangente = (1, 0, 0). Uma parametrização do
dt
arco BC é ⎧
⎨ x(t) = 1 − t


r (t) ≡ y(t) = t para t ∈ [0, 1]

z(t) = 0
d−
→ r
a que corresponde o vector tangente = (−1, 1, 0). Uma parametrização do
dt
arco CO é ⎧
⎨ x(t) = 0

−r (t) ≡ y(t) = −t para t ∈ [−1, 0]

z(t) = 0
d−→r
a que corresponde o vector tangente = (0, −1, 0). Assim, o integral pode ser
dt
escrito como
I Z Z


(y, z, x) |d r = →

(y, z, x) |d r + (y, z, x) |d−

r
C OB BC
Z
+ (y, z, x) |d−
→r
CO
Z 1 Z 1
= (0, 0, t) |(1, 0, 0)dt + (t, 0, 1 − t) |(−1, 1, 0)dt
0 0
Z 0
+ (−t, 0, 0) |(0, −1, 0)dt
−1
Z 1 Z 1 Z 0 Z 1 ∙ ¸t=1
t2 1
= 0 dt + −t dt + 0 dt = −t dt = − =− .
0 0 −1 0 2 t=0 2

27
Quanto ao cálculo do integral de superfície, há que considerar que S = S1 ∪ S2 ∪
S3 . Uma parametrização da superfície S1 é

⎨ x(u, v) = u


r (u, v) ≡ y(u, v) = v para (u, v) ∈ D

z(u, v) = 1 − u − v

sendo D o triângulo de vértices [OBC]. Como vector normal temos


⎡ −
→ ⎤

− →
− e1 −

e2 −

e3
→ ∂r
− ∂r
N = × = (1, 0, −1) × (0, 1, −1) = det ⎣ 1 0 −1 ⎦ = (1, 1, 1).
∂u ∂v 0 1 −1

Uma parametrização da superfície S2 é



⎨ x(u, v) = 0

−r (u, v) ≡ y(u, v) = u para (u, v) ∈ D

z(u, v) = v

sendo D0 o triângulo de vértices [AOC]. Como vector normal temos


⎡ −
→ →
− ⎤
e1 e2 −→
e3
→ ∂−
− →r ∂−
→r
N = × = (0, 1, 0) × (0, 0, 1) = det ⎣ 0 1 0 ⎦ = (1, 0, 0).
∂u ∂v 0 0 1


Vamos usar o vector normal − N = (−1, 0, 0). Uma parametrização da superfí-
cie S3 é ⎧
⎨ x(u, v) = u

−r (u, v) ≡ y(u, v) = 0 para (u, v) ∈ D

z(u, v) = v
sendo D00 o triângulo de vértices [ABO]. Como vector normal temos
⎡ −
→ ⎤
e1 −

e2 −

e3
→ ∂−
− →
r ∂−→
r
N = × = (1, 0, 0) × (0, 0, 1) = det ⎣ 1 0 0 ⎦ = (0, 1, 0).
∂u ∂v
0 0 1


Vamos usar o vector normal − N = (0, −1, 0). O integral pode ser então calcu-

28
lado como
Z


(−1, −1, −1) |−

n dS
ZS Z

− →

= (−1, −1, −1) |−→n dS + (−1, −1, −1) |− →
n dS
S1 S2
Z


+ (−1, −1, −1) |−
→n dS
S3
ZZ ZZ
= (−1, −1, −1) |(1, 1, 1) dudv + (−1, −1, −1) |(−1, 0, 0) dudv
D0
ZDZ
+ (−1, −1, −1) |(0, −1, 0) dudv
D00
ZZ ZZ ZZ
= −3 dudv + 1 dudv + 1 dudv
D D0 D 00
Z 1 µZ −u+1 ¶ Z 1 µZ −u+1 ¶ Z 1 µZ −u+1 ¶
= −3 dv du + dv du + dv du
0 0 0 0 0 0
Z 1 µZ −u+1 ¶ Z 1 Z 1
v=−u+1
= − dv du = − [v]v=0 du = − (−u + 1) du
0 0 0 0
∙ 2 ¸u=1 µ ¶
u 1 1
= − − +u =− − +1 =− .
2 u=0 2 2

1.6 Integral de superfície de um campo escalar


Seja S uma superfície regular parametrizada por

→r (u, v) = (r1 (u, v) , r2 (u, v) , r3 (u, v)) , para (u, v) ∈ D ⊂ R2 .
°− °
°→°
O elemento de área dS é dado por dS = ° N ° dudv que se traduz por

° − °
° ∂→
r ∂−

r °
°
dS = ° × ° dudv .
∂u ∂v °

Seja F um campo escalar no espaço, ou seja, F (x, y, z) ∈ R. Define-se o integral


de
R superfície do campo escalar F através da superfície S, que se denota por
S
F (x, y, z) dS, como sendo o integral duplo
ZZ ° − °
R −
→ ° ∂→
r ∂−


F (x, y, z) dS = °
F (r1 (u, v) , r2 (u, v) , r3 (u, v)) · ° × ° dudv .
S
D ∂u ∂v °

Se F (x, y, z) = 1 então este integral corresponde à área de superfície de S (ver


Secção 1.3).

29

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