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Manual do inssano

SEXTA-FEIRA, 31 DE DEZEMBRO DE 2010

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – OS


SISTEMAS
Os sistemas elaborados pela Dataprev, como todos
sabem, são praticamente perfeitos. É fato que nunca
funcionam todos ao mesmo tempo, nem durante o dia todo
e que toda versão nova é pior do que a anterior. Mas não se
trata aqui de tecer criticas ao sistema. O que cabe a nós,
servidores do INSS, fazer nos dias em que todos os
programas estão fora do ar e sem previsão de retorno?
Cabe a você, colega de labuta, entreter os segurados nessa
hora de desamparo e abandono.
Se você estiver habilitando um beneficio e, a meio
caminho, o sistema cair, não se desespere! Se o segurado
for mulher, pegue seu tricô (tenha sempre um par de
agulhas de reserva) e aproveite para ensinar ou aprender
um ponto novo. O tempo passa que é uma maravilha e
pode ser até que o sistema volte. Se o segurado for do sexo
masculino, nada melhor que fazer umas embaixadinhas
para recordar os velhos tempos. Mas, atenção, sem  chutes
para não correr o risco de atingir a senhorinha que faz
aulas de ponto de cruz na mesa ao lado. Uma alternativa
mais tranquila  e que atende a ambos os sexos, é o jogo de
gamão.
Passada a primeira hora sem sistema, o segurado
pode se aborrecer com o  passatempo inicial e fazer
menção de ir embora. Não permita que ele se vá pois
certamente irá reclamar pelo  135 do mau atendimento.
Então é hora de mudar de atividade. Podemos começar
com workshops de trabalhos manuais como pintura em
porcelana, para elas, e carpintaria,  para eles.
Ao meio dia, depois de quatro horas sem sistema e
muita atividade manual, é hora de servir um almoço. Mas
nada de feijoada! A comida deve ser leve e saudável,
lembre-se que muitos deles têm idade avançada. E você
também não poderá se dar ao luxo de uma soneca de
depois do almoço. Uma salada com frango grelhado é o
mais aconselhável.
Às duas e meia, depois da sesta, se o sistema ainda
não tiver voltado, é hora de se fazer um teatrinho
experimental com temas edificantes que levem o segurado
a compreender que não deve matar o médico perito nem
jogar os computadores da agência no chão.
Às dezesseis horas, depois de oito horas sem as
benções da Dataprev, para o encerramento do dia, nada
mais agradável que um baile da terceira idade. Apague as
luzes, coloque um Lupicinio Rodrigues na vitrola, e deixe
aflorar o romantismo dos aposentados.
O único problema de todo esse entretenimento é que
os segurados poderão retornar no dia seguinte para
repetir a atividade e encontrarem os sistemas todos em
funcionamento. E corre-se o risco de eles,
frustrados,  ligaram para o 135 e reclamarem de que foram
mal atendidos...

Postado por INSSano às Sexta-feira, Dezembro 31, 2010 4 comentários


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SÁBADO, 25 DE DEZEMBRO DE 2010

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O


NOME
É muito fácil reconhecer um segurado inconformado com a sua
situação previdenciária quando, a primeira coisa que faz, é perguntar
seu nome. Tremei! Cuidado como o que responde! Ele não faz isso para
criar intimidade ou demonstrar interesse por sua pessoa. Não! Assim
que você acabar de dizer seu nome, terá se transformado na
personificação da Previdência Social e sobre você cairão décadas de
frustração e revolta. E, a cada investida, ele irá repetir o seu nome, isso
com a séria intenção de levar a situação para o lado pessoal, porque
você é a Previdência palpável, que ele pode provocar, ofender e até
partir para a ignorância.
Portanto, para a sua tranqüilidade e a paz da Instituição, nunca
diga o seu nome verdadeiro. Seguem algumas alternativas para
neutralizar os ataques desferidos pelo cidadão-segurado.
1.                           nível de dificuldade – fácil: Finja que está muito rouco e,  quando for
falar o seu nome, arranque com um fiozinho de voz e termine num
violento acesso de tosse. Faça isso três vezes seguidas e certamente seu
opositor desistirá da peleja, nem que seja por medo de pegar gripe.
2.                           nível de dificuldade – médio: Diga um nome impronunciável, de
preferência russo. Pode ser até curto desde que seja de grande
complexidade para os ouvidos tupiniquins. Repita umas cinco vezes e,
se ele não entender, escreva. Em cirílico.
3.                           nível de dificuldade – médio: Crie um nome composto de difícil
assimilação como Valdicléa Rosileide. Vejamos a simulação de um caso
para avaliar o seu potencial de aproveitamento:  
- Pois bem Valdiléa...
- Não, não, é Valdicléa. Valdicléa Rosileide.
- Como eu  dizia, Valdicléa Rosilene...
- Errou de novo...Valdicléa Rosileide. É fácil, olhe só: Valdicléa de
Valdir, que é meu pai e de Rosicléa, que minha mãe. Rosileide , de
Rosilene , minha avó materna e......
- Deixa isso pra lá, anda logo, mocinha, que estou com pressa

Sucesso absoluto...

4.           nível de dificuldade – difícil: Escolher um nome que traga, digamos,


bons fluidos como Tranqüila Maria e Pacífico José. O intuito é que, de
tanto repetir o tal nome, o segurado acabe sugestionado por um espírito
de concórdia. Mas sempre há o risco de as coisas correrem pelo
contrário e ele, de tanto repetir o que não é, acabe ficando mais irritado
ainda e aumentando a carga de desaforos sobre você. Portanto essa
alternativa só é indicada para aqueles que possuem grande controle
emocional. E, neste caso, podem usar o próprio nome mesmo...

Postado por INSSano às Sábado, Dezembro 25, 2010 1 comentários


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TERÇA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2010

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A


PERÍCIA
A julgar pelos resultados da perícia médica conclui-se que ela
deveria ter muito maior reconhecimento do que na realidade tem.
Afinal de contas, mais do que todas as religiões juntas, é a que promove
mais curas milagrosas. Quantos cegos, imediatamente à uma perícia,
já  são capazes de atravessar a rua sozinho? Quantos deficientes
abandonam suas muletas para correr   atrás do ônibus?
Se fosse feito um levantamento junto à Previdência Social,
chegariamos à conclusão que metade da população brasileira tem
algum tipo de doença incapacitante; a outra metade,  não vê a hora de
ter uma.
Para grande parte dos segurados o auxilio doença é a ante-sala da
aposentadoria por invalidez. Uma vez de posse deste beneficio, eles  não
o querem largar de jeito nenhum. E o que deve fazer o perito médico
quando desconfiar da sinceridade do requerente? É necessário que ele
faça um exame mais aprofundado do paciente e promova sua cura já
mesmo em sua sala. Por exemplo, em se tratando daquela pessoa que
chega mancando, com a perna toda enfaixada, dizendo que está com
princípio de gangrena; nestes casos o perito deve lhe mostrar um
serrote e avisar-lhe que vai executar  uma amputação, uma vez que seu
caso é irremediável. Em 90% dos casos o infeliz vai sair correndo,
atestando cura imediata.
Se o requerente já perdeu a qualidade de segurado ou, por outra,
nunca chegou a possuí-la, já está na hora de tentar um Beneficio
Assistencial ao Deficiente. Uma pessoa que sempre esteve incapacitado
para o trabalho, devido, na maioria das vezes, à preguiça inata, alega
que não pode mais trabalhar. As justificativas são as mais variadas
possíveis, vai desde pressão alta à unha encravada. E o que deve fazer
você, caro colega, quando duvidar da autenticidade de suas lamúrias?
Leve-o para a sala de J.A. e proceda uma “justificativa administrativa”
nele. Mostre-lhe um porrete e o ameace. Se ele, muito sensatamente,
fugir, ficará comprovada sua má fé. Mas, por outro lado, se ele resistir,
moa-o de pancada, pois pode ser que ele se sujeite a qualquer coisa para
conseguir o que quer. Bata bastante de modo que, se antes não o fosse,
ao fim acabará por ser merecedor do beneficio.

Postado por INSSano às Terça-feira, Dezembro 21, 2010 3 comentários


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DOMINGO, 19 DE DEZEMBRO DE 2010

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O


ODOR
Colegas, a dica de hoje é para prepará-los para enfrentar, com
dignidade, as emanações provenientes dos segurados. O que fazer
quando você tiver que encarar um segurado que não toma banho desde
o dilúvio? Seria deseducado tapar o nariz, mais ainda não segurar uma
revolta estomacal. Para isso tenha sempre a seu alcance um
aromatizador de ambiente. Evidentemente, para evitar melindres, você
não deve, assim sem mais nem menos, esguichar o perfume na cara do
sujeito. Deixe cair algum documento no chão, do lado dele, e, quando
ele se abaixar para pegá-lo, aproveite o momento e, discretamente, dê
uma boa esguichada.
Quando se trata de bafo de dente podre, a situação é mais
complexa. Comece por lhe oferecer chicletes e pastilhas. Se houver
recusa por parte do segurado, não o force, nada de enfiar bala goela
abaixo; não é hora, ainda, de partir para a ignorância. Simplesmente
não pergunte mais nada. Não se inteire de endereço, de documentação,
livre-se dele o mais rápido possível. Agora, se além do bafo, o segurado
for daqueles questionadores, que não param de fazer perguntas e
duvidar de suas respostas, há um procedimento simples que tem a
dupla função de eliminar tanto o mau cheiro como a poluição auditiva a
que ele lhe vinha sujeitando: ofereça-lhe um cafezinho. Certifique-se de
ter, ao lado, um vidro de adoçante cheio de alguma
substância soporífica de ação imediata. Dê-lhe o café e o “adoçante”
para que ele se encarregue pessoalmente da dosagem livrando você
inteiramente do remorso das conseqüências.
E o que fazer quando o segurado lhe apresenta carteiras de
trabalho impregnadas de naftalina? Você lá é traça ou barata para
receber tal tratamento? Pegue as carteiras, lave com água e sabão,
enxágue e deixe secar ao sol. Não se preocupe se as anotações apagarem
todas, o segurado nunca conhece mesmo o conteúdo da própria CTPS.
Qualquer coisa você manda uma carta de exigência para que ele
confirme seus vínculos, ou indefira de uma vez que é para ele aprender
a não tratá-lo como um vil inseto.
Postado por INSSano às Domingo, Dezembro 19, 2010 0 comentários
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SÁBADO, 18 DE DEZEMBRO DE 2010

TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – O


ATRAVESSADOR
Já que a atual campanha educativa da Previdência é contra os
atravessadores de todas as espécies sejam eles advogados, contadores e
todos os demais tipos de catadores de papel que compõem a flora
parasito-previdenciária, você, caro servidor, não pode ficar de fora,
deve participar ativamente para eliminar essa excrescência.
Existem duas maneiras bastante eficazes de que você pode se
servir sem medo para fazer sua parte nesta operação uma vez que já
tenha atingido o nível de INSSanidade necessária para o cumprimento
desta tarefa.
Uma delas é pegar o atravessador no prosaico ato de atravessar
a rua; lá vem ele cruzando a via, lá vai você em seu carro, a cabeça ainda
processando o dia de trabalho e eis que vocêconfunde o freio com o
acelerador e, sem querer, o atropela. Se a rua estiver vazia e não tiver
ninguém olhando, você pode novamente se atrapalhar na direção e
tomar a marcha à ré pela primeira e outra vez passar por cima de sua
vítima, só para garantir o sucesso de sua empreitada.
Um modo bastante ousado mas de grande repercussão por ser
feito dentro das dependências da instituição, é o uso de uma espada.  Se
a chefia estranhar a presença de tão longo e pontiagudo objeto, diga que
está fazendo aulas de esgrima pois pretende participar das olimpíadas
de 2016. E, então, quando você chamar uma senha e vier ao seu
encontro um daqueles insuportáveis atravessadores, não hesite um
instante e, não digo à queima-roupa já não se trata aqui de arma de
fogo, talvez um termo mais exato seja à fura-blusa,  o atravesse de fora a
fora. Depois use e abuse de sua inssanidade para esclarecer o
acontecido na delegacia. Diga que teve uma súbita alucinação e
confundiu a vítima com picanha e a espada com um espeto de
churrasco. Ou saia gritando pela sala que é Napoleão. Não se preocupe
muito com o que vier a seguir, qualquer coisa vai ser melhor do que
voltar para trás do balcão de atendimento. E você estará recompensado
para sempre por ter contribuído com mais uma campanha da
Previdência Social.
Postado por INSSano às Sábado, Dezembro 18, 2010 3 comentários
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TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA EM APS – A


MATEMÁTICA
 Dizem que, antes de perder a paciência, deve-se contar, no
mínimo,  até dez . Muitas vezes, entretanto, dependendo do humor do
segurado, a contagem tende a se expandir ao infinito e você correrá o
risco de se desconcentrar e perder aquela aparente tranquilidade que
pretende transmitir ao atormentado interlocutor. O que fazer, então,
quando o segurado insiste que tem direitos que efetivamente não tem
ou aqueles que julgam ter maior conhecimento de legislação
previdenciária do que você? Ou aqueles que estão sempre prontos a lhe
ensinar o seu serviço ou os que vêm escoltados por familiares ou
advogados preparados para uma guerra em que você, sem
conhecimento prévio  e sem chance de defesa, é o único oponente?
Nessas horas, caro colega, é que você deverá abandonar  a aritmética e
enveredar para uma matemática mais avançada como, por exemplo, a
geometria.
Tente  começar por um problema elaborado mas de fácil solução
como cacular a hipotenusa de um triângulo retângulo. Ora, todos
sabemos que o quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados
dos catetos, não é, portanto, nada muito complicado, principalmente se
você ainda se recordar do que são hipotenusa e cateto.
Entretanto, para atingir esse estágio pós-aritmético, é
necessário uma certa concentração e um pouco de treino.  O seu
cérebro deve estar preparado para responder automaticamente a
estímulos ativados pelo interlocutor através de palavras recorrentes
tais como aposentadoria, beneficio, dinheiro e banco entre outras. E, ao
mesmo tempo em que se distrai com equações algébricas ou relembra o
valor de pi vai respondendo, com  pequenas frases, em sequência tal
que conduza suavemente ao encerramento da entrevista, como por
exemplo:
              Sei....
              Entendi...
              Vou verificar...
              Agora é só aguardar a correspondência em casa.

Para conferir seu grau de aprimoramento nesta técnica, faça, ao


fim de cada atendimento, as seguintes perguntas:
1.              Qual era mesmo o questionamento do segurado?
2.              Ele saiu satisfeito embora nada tenha sido resolvido?

Se você responder “não sei” à primeira pergunta e “sim” à


segunda, nunca o contrário, terá atingido o ponto de equilibrio entre a
paz de espírito e a excelência de atendimento, estará livre de todo stress
e qualquer remorso e pronto  para o próximo embate. Mas não se
esqueça de, antes, encontrar um novo tema para o envolvimento mental
como, quem sabe, a visualização da tábua de logaritmos.

Postado por INSSano às Sábado, Dezembro 18, 2010 9 comentários


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