Você está na página 1de 29

Abu Fobiya

1ª Edição
Curitiba, PR
Nerdbooks
2012
Copyright © Abu Fobiya

Editores
Deive Pazos Gerpe
Alexandre Ottoni

Ilustrações
© Harald Stricker

Revisão
Jair Barbosa

Letreiramento e balões
Fábio Yabu

Logo e diagramação dos extras


André Carvalho

Cores da Capa
Michel Borges

Colaboradores (Arte-Final)
Victor Estivador, Vilmar Rossi Júnior, Evandro Bertol, Michel Borges

Agradecimentos
Anderson Gaveta

FICHA CATALOGR ÁFICA

F651i Fobiya, Abu


Independência ou mortos / Abu Fobiya ; ilustração de Harald
Stricker. -- Curitiba : Nerdbooks, 2012.
160 p. : il.

ISBN 978-85-913277-2-0

1. Literatura brasileira. 2. Romance ilustrado. I. Stricker, Harald.


II. Título.

CDD 869.93

© Nerdbooks, 2012
Direitos reservados. Reprodução proibida.
www.jovemnerd.com.br
Para G.,
Que realmente sabe quem eu sou.

Abu Fobiya

À minha querida e compreensiva mãe,


que se horrorizou com
cada página desta HQ.

Harald Stricker
Europa, 1807

Na mais surpreendente sequência


de batalhas da História, Napoleão
Bonaparte ascendera de um simples
soldado a imperador da França.

Sua sede de poder excedeu as


fronteiras de seu país, levando-o
a conquistar praticamente todo o
continente, tendo subjugado, banido
ou decapitado todos os reis que se
colocaram em seu caminho.

Somente um país ainda não


se submetera aos desígnios
franceses: a Inglaterra. Pres-
sionado entre as duas nações,
estava P’tugal, governado pelo
príncipe regente, D. João VI,
que ainda precisava decidir de
que lado ficaria.

4
Caso cumprisse as ordens de Napoleão, a
Lisboa, 1808 Inglaterra não apenas romperia relações com
seu país, como também lhe declararia guerra.

GRRR...

RAAARR...

Para sufocar economicamente


o rival, Napoleão ordenou que
todos os países fechassem
seus portos aos produtos GRAAAR...
ingleses, colocando D. João VI
num grande dilema.

Caso as contrariasse, Lisboa cairia nas mãos do Entre as duas potências mais poderosas do mundo,
exército francês, derrubando junto seu trono e sua entre a família e o povo, o sábio príncipe regente
família. teve de tomar a mais dif ícil das decisões...

U K!
T CH
DEPRESSA!

GR-
RRR!!!

5
J A M !
FU

Não
corram
tanto, vão
pensar que
estamos a
fugir!
Mas, ô
pai...!

6
Lisboa é
D. João V I
nosso lar! Não
podemos fugir
assim!

D. Pedro

Pedro,
meu filho, um
dia tu apren-
derás...

João, és
mesmo um
Quando PARVALHÃO!
a força é
desigual, antes
fugir que
ficar mal! D. Miguel

C a r lota
Joaquina
Pensaste
mesmo que
podias enganar
o próprio
Napoleão!?

Disseste que
declararia guerra
aos ingleses e,
ao invés disso, te
aliaste a eles?!

Quanto Tempo
Vovó Maria I
tempo achavas suficiente,
está a (A Louc a)
que ele demoraria para fugirmos,
voltar!
a descobrir teu minha detestável
conchavo?! esposa
Carlota!

Agora
cala-te e...
Esqueci-
me de minhas
joias!

Mamãe...
não!

Pai...
espera!

7
Não
podemos fazer
nada por ela,
parvalhão! Se não
fugirmos agora,
não sobrevive...

Foge
com Pedro
e Miguel,
Carlota...

...eu
não saio
daqui sem a
minha mamãe- Papai!
zinha!

Adoraria
comer uns
pasteizinhos
de belém!

Rarr.. Gr-
?!? rrr...

C!
BON
MONST ROS!

Ousam
Por atacar a Família
acaso Real, depois de
perderam a todo o bem que
cabeça?! fizeram a
P’tugal?

ch a l aç a

8
C!
N
O
B
Não
permitirei
que nada se
acometa a
essa augusta
família!

Quem
Pois vejo que
és tu, ô Apenas tens teu valor,
pá? um servo “Chalaça”!
errante,
príncipe
regente! Por isso,
faço-te uma
oferta!
Francisco
Gomes da
Silva... ou
Chalaça,
ao vosso
dispor!

Lisboa
está
condenada!

Minha
...
mãe não está
conosco?
em condições
de correr! Se
carregá-la,
poderás ir...

T !
ZUP
pois
então,
pernas
pra que te
quero!

9
Aquele
não é o
príncipe
regente?

Com
a Família
Real?

O que
está a se
passar?

E a população, emocionada, se despedia de sua nobre


corte, prestes a sublimar um novo mundo, com o qual
Camões jamais sonhara.

Onde
diabos
está a
Família
Real?

Precisamos
partir de
pronto!


estão eles,
capitão!

C a pitão
C a nto e
C a stro

10
Um seleto número de corajosos
patrícios embarcou naquele dia,
cheios de sonhos e esperanças...
Esperai-
nos!
Estamos Esperai-
Ó da chegando! nos!
guarda! Aqui
d’el rei!

... rumo a uma nova aventura,


uma nova terra, um lugar
mágico como Pero Vaz
!
descrevera 300 anos antes!
BL A M

Mas,
pai...

Pedro, Até
quando fores lá, quem
rei, poderás manda sou
fazer o que eu! Vem!
quiseres!
!
BL A M
...
o povo
precisa de
nós!

não!

Aos 8 anos, parti com


minha família a bordo da
nau Príncipe Real...

11
Volta
aqui e Covarde!
luta por teu
povo!

Não
nos
abandonai!

Deletério!
Parvalhão!

Sevandija!

P‘tugal Em direção ao Novo Mundo,


está con- levando a glória e o saber
denado! p’tugueses às iletradas
terras da América do Sul!

Meu nome é Pedro de Alcântara


Francisco Antônio João Carlos
Xavier de Paula Miguel Rafael
Joaquim José Gonzaga Pascoal
Cipriano Seraf im de Bragança e
Bourbon... e esta é minha história.

12
Ao chegarem em Lisboa, os franceses
puderam ver nossas naus, escoltadas
pela inglaterra, partindo no horizonte.

merde!

O Mon
“imperrador” Dieu! Mon
vai nos bijou!
“matarr”!

E
agora, pai?
O que fare-
mos?

Será
Agora pois uma
vamos longa via-
descansar, gem...
Pedro!

Ainda que nossas


naus f izessem jus
às estrofes dos
Lusíadas...

...nada podia aplacar o Sem dúvida, quem mais sofreu com tudo
calor do sol, que fer via aquilo foi minha pobre avó, mesmo sem
nosso vinho, fermentava compreender o que se passava a sua volta.
nosso pão e assava
nossas magras galinhas
ainda vivas. João,
meu
querido
filho...

...
quero dar
uma volta pelos
jardins do caste-
lo, mas não os
encontro!

Levar-
te-ei mais
tarde, minha
querida mãe.
Agora venhas,
precisas
descansar...

13
Não
me pareces
estar muito
bem!

Acho Sinto-
que tens me um
razão, meu pouco
filho! enjoada!

Menos de uma semana depois de nossa partida, ratos, pulgas,


piolhos e varejeiras infestavam as cabines. O temor de que
trouxessem doenças como o tifo se espalhou tão rápido quanto
as sarnas, coçadas até a carne viva pela agonizante tripulação.

Err.. não,
obrigado!

Aceitas uma
cebola, príncipe
Pedro?

Meu pai ainda se martirizava com a


decisão de abandonar seu próprio povo,
mas encontrava nos braços de minha mãe
o lenitivo que só sua rainha conhecia...

Deus,
Parvalhão! por que não
Tua covardia a coloquei na ... sem os quais, jamais
nos condenou outra nau? teria sobrevivido à mais
à morte! àrdua das provações...

Príncipe ...mas
regente, queirei temos a burra
escusar-me... nas couves!

14
Minha avó, outrora rainha do glorioso Império P ’tuguês, acometida
há anos por uma misteriosa doença que levara sua sanidade. Mamãe...
o que Príncipe
houve?! regente, nas
últimas horas
a rainha piorou
dramaticamente,
sem qualquer
explicação!

Não
é tifo, não é
escorbuto
nem lepra.

Sem um diagnós-
tico adequado em Vovó?
terra firme, temo
que não lhe reste
muito tempo! Sinto
muito!

Eca!

Tudo Vais
o que po- Mamãe... ficar boa,
demos fazer mamãezinha!
é confortá-la Vais ficar
neste momento boa!
dif ícil.

15
Horas depois...
Vais Boa
levar essa sorte! Vais
água para a precisar!
rainha?

Que
cheiro
horrível! Sim,
por Humpf!
quê?

Majesta-
de, vim
trazer vossa
água...

Majestade?

Majestade?

16
Ao ver minha avó se agarrando com
tamanho vigor àquele resto de vida
moribunda, perguntei-me: por quê?

Por que insistia em viver quando


sua carne já desfalecia perante
os olhos de todos?

SOOOCOOOORROOOOO!
O que a prendia aqui, nesta Um dia, se a Divina
existência feita de um inf inito Providência me permitir,
e tedioso oceano? hei de saber a resposta.
Horas mais tarde...

Ô pá, o
que trazes
aí?
Nada
para teu
bico, ô
Chalaça!

vinho para
D. João!

Mas já Para
que não mim é uma
fazes nada neste honra servir à
navio, creio que Família Real!
podes levar tu
mesmo!

Lambe-
esporas!

Todo
Pai... mundo vai
é verdade morrer um dia, Sim,
que a vovó vai Miguel! Não é Pedro! Mas
morrer? verdade, pai e uns antes que
mãe? os outros...

18
Pedro,
Cala-te, vais para
Carlota! Não teu quarto! Aqui Parvalhão!
vês que todos é meu Esqueceste que
estamos a quarto! nos colocaste
sofrer?! num barco velho e
apertado?

Raios!
Um rei nem
sequer pode
lamentar por sua
pobre mãe em
paz!

Príncipe
regente!
Queirei escusar-
me, mas... temos
a burra nas
couves!

Vou
até a co-
zinha comer
algo e...

de
novo?!

19
Eu
Príncipe,
Faze não... eu
trago-te...
alguma coisa, não...
parvalhão!

Valha-
me Deus..
o que está
Socorro! a se passar
aqui?!

Precisa-
mos chamar o
médico...

Ur-
rhhg...

arreda
daqui!
arreda!

z z! P!
Tz zz TO M

P!
TO M

sai!
Aaaahh! sai!

20
Carlota,
repara o local
Tu da mordida!
és corajoso, Já começa a
jovem príncipe apodrecer!
Pedro!

Parece
tua mãe!

Vais
comer
palha,
mulher!

Obrigado!
Tu também...
Chalaça!
Mas eu
não estou a
escarnecer! Ah,
quer saber, para de
olhar e faz alguma
Mal sabia eu que aquele seria o início
coisa!
de uma lendária amizade.

De
Ô, Tu
jeito Pedro de
Chalaça! não vais sair
nenhum!
com aquela... Alcântara
Vai buscar o coisa lá fora! Francisco
médico, ligeiro! Antônio...
Ele deve estar na
cabine de minha
mãe.

Papai,
eu vou
junto!

Vamos,
Chalaça! Não te
Te mostro preocupes,
onde é! Carlota!

“Pedro sabe se cuidar!”

Tzzzzz
z z!

a r!
aa
Ra SOC
ORR
O!

Gr r r r
Po r!
pó?!

21
Perto dali...
Tem algo de
errado a bordo
do Príncipe O
Real! que foi,
ô pá?

Ei,
Manoel!

E desde
Estão quando isso é
todos a se errado? Nós é
comer! que não comemos
ninguém, ô pá!

És Príncipe,
intrépido não deves
para tua ver isso!
idade, jovem
príncipe!

Mas
eu quero
ver! Deixa-
me ver!

PELA
TORRE DO
TOMBO!
Obrigado,
Chalaça!

Essas
Pobre chagas... são
diabo... foi Teria
semelhantes às
devorado vivo! ele sido
do marinheiro
atacado
ferido!
pela mesma
O sangue besta?
ainda escorre
de seus mem-
bros...

22
AAHHN!

Será
possível
que...?

r a arr?

Ele
vive!
como?!

Vai Como é
espavorir Príncipe
possível?! Mesmo
tua avó, ô Pedro!
com o
cara de pescoço
aborto! rompido, ele
ainda se
move!

!
T omp

23
Quer
que eu
chute de
novo?!

MARINHEIRO?

Precisamos
ir atrás do
médico, jovem
senhor!

Lembra-
te que ainda
podemos salvar
o pobre...

AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!

Ai de mim!
Pobre de mim!
Guardas!
Guardas!

24
Rraarr!

Hhhh-
mfff!!

Socorro!

Eu não
quero morrer!
Sai de minha
frente, Carlota!
SAI!

Teu Volta
COVARDE! aqui e...

... meu pé!

NÃO!

25
Parvalhão!
Pedro!
Chalaça!
Ias me deixar
para morrer?!

Com
teu
Todos filho!?
passam
bem!?

lep!
Ch u

Pai,
Tu
mãe!
farias o
mesmo!

Como
imaginá-
vamos,
Chalaça!
É
contagioso!

Como Quando
assim, é buscávamos o
contagioso? médico, depara- ... que,
mo-nos com um sem a menor
O que cadáver... explicação,
queres tornou à vida, como
dizer? nosso amigo
da cadeira.

26
Mas Onde Vamos Ô
Não sair daqui e Chalaça?
isso é está o vimos mais
loucura! capitão descobrir o que
ninguém, está a se
Castro? E os pai!
guardas? passar!

Sim,
meu
amo?

Vai
na frente!
A partir de
agora, és nosso...
secretário da
defesa!

Sinto-
me honrado,
alteza!

Seriam
Parvalhão!
piratas?
Nunca devia ter
Precisamos avisar
vindo contigo!
aos outros
barcos!
Eles
são sempre
assim? Sempre!

Minha
Nossa
Senhora
de Santo
Tirso...

27
w w l!
a aaaaw
G r
Continua em mais de 130 páginas
sanguinolentas!

Compre a graphic novel, em


formato americano e capa dura com
EXCLUSIVIDADE na Nerdstore!

http://www.nerdstore.com.br

29

Você também pode gostar