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b1 CLASSIFICAÇÃO

Diante de inúmeras formas de classificação que há ser apresentado, merecem


destaque os que levam em consideração os critérios formais e os critérios
materiais. Assim, os tratados podem ser classificados:

1.1 Quanto à forma

De acordo com esse critério, os tratados podem ser classificados de duas


maneiras, quanto ao número de partes e com relação ao procedimento.

1.1.1 em relação ao número de partes, os tratados podem ser:

– bilaterais (duas partes);

– multilaterais (mais de duas partes).

1.1.2. em relação ao procedimento, classificam-se os tratados em:

– tratados simplificados (não necessitam de ratificação);

– tratados solenes (necessitam de ratificação).

1.2) Quanto à matéria

Por esse critério, os tratados podem ser de seis tipos:

1.2.1. tratados-contratos (os Estados têm objetivos desiguais, por exemplo, um


tratado comercial é um contrato);

1.2.2. tratado-normativo/lei (os pactuantes estabelecem regras gerais para


nortear o comportamento de todos, mas possuem objetivos iguais);

1.2.3. tratados de categorias especiais (têm conteúdo normativo, mas adquirem


importância específica, como é o caso das Convenções Internacionais de
Trabalho);

1.2.4. tratados institucionais (também de conteúdo normativo, criam


instituições, como o que criou a ONU (Organização das Nações Unidas);

1.2.5. tratados que criam organismos não dotados de personalidade jurídica


(como os que criam tribunais arbitrais, comissões mistas etc);
1.2.6. tratados que criam empresas (como aquele que criou a Binacional de
Itaipu, envolvendo Brasil e Paraguai).

2 DENOMINAÇÕES

As denominações dos tratados internacionais são:

2.1. Tratado. Trata-se da expressão genérica por natureza, eleita pela


Convenção de Viena de 1969, para indicar todo acordo internacional, bilateral
ou multilateral, de especial relevo político, qualquer que seja sua denominação
específica (art. 2°, § 1°, alínea a). O termo designa normalmente (mas não
exclusivamente) os ajustes solenes concluídos entre Estados e /ou
organizações internacionais, cujo objeto, finalidade, número e poderes das
partes têm maior importância.

2.2. Convenção. Essa expressão começou a ser empregada no sentido atual a


partir da proliferação dos congressos e conferências internacionais, nos quais
matérias da maior relevância para a sociedade internacional passaram a ser
frequentemente debatidas, gerando atos internacionais criadores de normas
gerais de Direito Internacional Público, demonstrativos da vontade uniforme
das partes em assuntos de interesse geral.

2.3. Pacto. Trata-se de terminologia utilizada no acordo constitutivo do Pacto


da SdN de 1919. Na atualidade, a expressão tem sido utilizada para restringir o
objeto político de um tratado, do qual é exemplo o Pacto de Aço, celebrado em
Berlim em 1939. Às vezes o termo é empregado como sinônimo de tratado, a
exemplo do Pacto de Renúncia à Guerra, de 1928, e do Pacto de Varsóvia, de
1955.

2.4. Acordo. Comumente emprega-se a expressão para designar tratados de


natureza econômica, financeira, comercial ou cultural, podendo, contudo,
dispor sobre segurança recíproca, projetos de desarmamento, questões sobre
fronteiras, arbitragem, questões de ordem política etc. Entende-se por acordo,
assim, os atos bilaterais ou multilaterais muitas vezes com reduzido número de
participantes e de relativa importância – cuja natureza pode ser política,
econômica, comercial, cultural ou científica.
2. 5. Acordo por troca de notas. Emprega-se a troca de notas diplomáticas
para assuntos de natureza geralmente administrativa, bem como para alterar
ou interpretar cláusulas de atos já concluídos. São acordos firmados em
momentos distintos e no nome de apenas uma das partes.

2.6. " Gentlemen's agreements", Trata-se de expressão designada para


expressar aqueles "acordos de cavalheiros” regulados por normas de conteúdo
moral e cujo respeito repousa sobre a honra. São concluídos entre chefes de
Estado ou de Governo estabelecendo uma linha política a ser adota da entre as
partes, estando condicionados, no tempo, à permanência de seus atores no
poder.

2.7. Carta. Comumente empregada para estabelecer os instrumentos


constitutivos de organizações internacionais, podendo também ser empregada
para tratados solenes que estabeleçam direitos e deveres para os Estados-
partes.

2.8. Protocolo. Além da sua utilização designativa dos resultados de uma


conferência diplomática ou de um acordo me nos formais que o tratado, o
termo protocolo também tem sido empregado para nomear acordos
subsidiários ou que mantêm ligação lógica com um tratado anterior.

2.9. Ato ou ata. Terminologia utilizada há alguns anos para designar a


resolução sobre assistência mútua e solidariedade americana, conhecida por
Ato de Chapultepec, firmado em 1945, na Conferência lnteramericana do
México. Também se emprega a terminologia quando se estabelecem regras
que incorporam o resultado de uma conferência ou de um acordo entre as
partes (ex: Ato Geral de Berlim, de 1885).

2.10. Declaração. É expressão utilizada para aqueles atos que estabelecem


certas regras ou princípios jurídicos, ou ainda para as normas de Direito
Internacional indicativas de uma posição política comum de interesse coletivo.

2.11. " Modus vivendi ". Utiliza-se na designação de acordos temporários ou


provisórios, normalmente de ordem econômica e de importância relativa. Essa
provisoriedade referida é o seu traço característico mais nítido. A Santa Sé já
se utilizou, por várias vezes, desse tipo de acordo internacional para resolver
pendências diplomáticas com certos Estados.

2.12. Arranjo. Empregado para os acordos concluídos provisoriamente ou


destituídos de caráter jurídico, a exemplo dos empreendidos junto ao Fundo
Monetário Internacional (chamados de stand -by arrangements ou "arranjos
stand-by" ), os quais, entretanto, não podem ser tecnicamente considerados
tratados, por faltar-lhes o animus contrahendi necessário à conclusão de um
acordo no sentido jurídico.

2.13. Concordata. Designação empregada nos acordos bilaterais de caráter


religioso firmados pela Santa Sé com Estados que têm cidadãos católicos,
versando, em geral, questões sobre a organização de cultos religiosos,
exercício da administração eclesiástica etc.

2.14. Reversais ou notas reversais. Empregam-se para a finalidade específica


de estabelecer concessões recíprocas entre Estados ou de declarar que a
concessão ou benefício especial que um Estado faz a outro, não derroga
direitos ou privilégios de cada um deles já anteriormente reconhecidos.

2.15. Ajuste ou acordo complementar. Expressões empregadas para designar


compromissos de importância relativa ou secundária, sem, contudo, perderem
a característica de tratados.

2.16. Convênio. Bastante utilizado na prática brasileira, designa normalmente


acordos de interesse político, embora também seja empregado para designar
ajustes de menor importância, bem como matérias culturais e de transporte.

2.17. Compromisso. Terminologia normalmente empregada na fixação de um


acordo (quase sempre bilateral) pelo qual dois ou mais Estados comprometem-
se a recorrer à arbitragem para resolver os litígios existentes entre eles, ou
quaisquer ou traslides que venham aparecer no futuro.

2.18. Estatuto. Geralmente empregado para os tratados que estabelecem


normas para os tribunais de jurisdição internacional (ex: Estatuto da CIJ, de
1920; Estatuto de Roma do TPI, de 1998 etc.)
2.19. Regulamento. Um tanto quanto rara, essa terminologia não apresenta
uma definição muito nítida. Foi a denominação utilizada, v.g., no Congresso de
Viena de 1815 para estabelecer a ordem de precedência no serviço
diplomático.

2.20. Código. A expressão não tem sido formalmente utilizada no cenário


internacional, sendo o único texto de que se tem notícia sob essa denominação
o Código Sanitário Pan-Americano de Havana, de 1924.

2.21. Constituição. É raríssimo o emprego do termo Constituição para designar


tratados internacionais, sendo um dos motivos óbvios para tanto a confusão
que se pode fazer com as Constituições estatais.

2.22. Contrato. Sua utilização tem sido evitada na prática internacional, por ser
um termo intimamente liga do ao Direito interno, apropriado para designar
aqueles acordos celebrados entre um sujeito do Direito Internacional Público e
uma entidade privada, em oposição a um tratado internacional de terem
idêntica força obrigatório, sejam eles chamados de tratados, de pactos, de
acordos, de convenções e tc.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de direito


internacional público/Valeria de Oliveira Mazzuoli --9. ed. rev., atual. ampla. --
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

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