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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA | GRUPO SER

INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - ICJ

CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

BIANCA DA FONSECA SILVA

BRENDA CAROLINE LIMA MIRANDA

EMMERSON MONTEIRO RIBEIRO

FRANCISCO ALMIR ALVES DUARTE JÚNIOR

GIOVANA DE JESUS CARDOSO MAGALHÃES

MARIA VICTÓRIA NASCIMENTO DA ROCHA

TRATADOS INTERNACIONAIS

BELÉM – PARÁ

2020.1
BIANCA DA FONSECA SILVA

BRENDA CAROLINE LIMA MIRANDA

EMMERSON MONTEIRO RIBEIRO

FRANCISCO ALMIR ALVES DUARTE JÚNIOR

GIOVANA DE JESUS CARDOSO MAGALHÃES

MARIA VICTÓRIA NASCIMENTO DA ROCHA

TRATADOS INTERNACIONAIS

Trabalho apresentado ao Instituto de


Ciências Jurídicas, da Universidade da
Amazônia (UNAMA), como requisito para
obtenção de nota na matéria de Direitos
Internacionais, ministrado pelo Prof. Dr.
Ricardo Dias.

BELÉM – PARÁ

2020.1
Tratados Internacionais

Durante a Guerra dos Trinta Anos, conflito, em princípio, iminentemente


religioso, o imperador Ferdinando III, no ano de 1648, assinou, juntamente com a
Suécia e a França, um documento que colocaria fim à guerra e selaria a paz entre os
países guerreadores, este registro ganhou o nome de Paz de Vestefália, mas também é
conhecido como o Tratado de Münster e Osnabruque.

Com o advento deste documento, surge o início do Direito Internacional,


trazendo consigo conceitos como: estado nacional e soberania estatal, hoje já
consolidados. A Paz de Vestfália teve grande importância, pois a partir dela, os países
mudaram seu posicionamento frente ao cenário internacional, deixando de ‘obedecer’ a
uma hierarquia internacional e não mais aceitando qualquer outro poder senão o seu
próprio. Além disso, os países europeus passaram a aplicar a ideia de que cada nação
seria um estado e que um não poderia intervir nas decisões do outro, consolidando
assim os conceitos de soberania e estado-nação.

A depender do doutrinador, existem diversas definições acerca do que é o


Direito Internacional, para Celso de Mello é “o conjunto de regras que determinam os
direitos e deveres dos respectivos Estados nas suas relações mutuas.” Para Bourquin, “o
Direito Internacional se reduz às relações dos Estados e é o produto das suas vontades”.
Já para Jean Touscouz, o Direito Internacional é “o conjunto de regras e de instituições
jurídicas que regem a sociedade internacional e que visam estabelecer a paz e a justiça e
promover o desenvolvimento”.

A maioria das normas legais internacionais está relacionada as atividades do


Estado nesse âmbito, seja para exigir obrigações ou dar direitos.

Ainda no século XIX, a doutrina entendeu que os únicos sujeitos a legitimados


ao exercício do direito internacional são os Estados, pois gozam de personalidade legal
internacional, e por conta disso possuem direitos e deveres internacionais além da
possibilidade de interposição de ações internacionais.

Na definição de Celso Albuquerque de Melo, o Estado, sujeito de Direito


Internacional, é aquele que reúne três elementos indispensáveis a sua formação:
população (composta de nacionais e estrangeiros), território (que não precisa ser
completamente definido, sendo que a ONU tem admitido estados com questões de
fronteira, a exemplo de Israel) e governo (deve ser efetivo e estável). Todavia, o Estado,
pessoa internacional plena, é aquele que possui soberania.

Porém, com o desenvolver da sociedade como um todo, surgiram novos


participantes da comunidade internacional, como: organizações intergovernamentais,
organizações não-governamentais, empresas transnacionais, grupos minoritários,
pessoas indígenas e até indivíduos. Algumas dessas organizações têm adquirido
personalidade legal internacional, ganhando com isso, alguns direitos, apesar desses
direitos serem outorgados pela manifestação de vontade entre os Estados.

Com o fortalecimento dessas organizações internacionais, houveram


modificações no cenário, surgindo normas legais elaboradas por elas e a elas aplicada.
Por conta disso, surgiram diversos ramos do Direito Internacional, inclusive com base
nos participantes, como: Direito das Organizações Internacionais, Direito Internacional
Humano, Direito Internacional do Estado, entre outros.

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS TRATADOS DE 1969 E


1986

A Convenção de Viena de 1986 é desdobramento da Convenção de Viena


sobre o Direito dos Tratados, de 1969, promulgada pelo Decreto nº 7030, de 14 de
dezembro de 2009, na medida em que adapta normas sobre a matéria às especificidades
das Organizações Internacionais, como sujeitos de Direito Internacional Público, em
suas relações com os Estados soberanos. Nesse sentido, muitos de seus dispositivos
guardam paralelismo com a de 1969.

A Convenção de Viena de 1969 foi promulgada respeitando as ressalvas


apresentadas pelo Congresso Nacional, quando de sua avaliação, aos artigos 25 e 66,
conforme o Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009. Na presente
Convenção, os artigos 25 e 66 dispõem sobre o mesmo assunto que os dispositivos aos
quais foram apresentadas reservas na Convenção de Viena de 1969.A ratificação pelo
Brasil desse importante instrumento do Direito Internacional constitui interesse de
política externa, na medida em que dará maior segurança jurídica à assinatura e
implementação de acordos entre o País e as Organizações Internacionais.
Com a ratificação, o crescimento da participação do Brasil nos foros
multilaterais, que se reflete no aumento do número de atos firmados com esses
organismos, será fortalecido do ponto de vista jurídico-institucional, consolidando,
ademais, a posição do País na codificação do Direito Internacional. A Convenção adota
como princípios o livre consentimento, a boa-fé e a norma de direito internacional pacta
sunt servanda. Determina, ademais, que um Estado não pode invocar sua lei interna para
justificar o descumprimento de um tratado de que seja parte.

Assim, a Convenção de Viena de 1969 sobre Direito dos Tratados pode ser
considerada como um divisor de águas no processo de elaboração dos tratados, já que
positivou normas costumeiras aceitas e eficazes, e buscou harmonizar os procedimentos
de elaboração, ratificação, denúncia e extinção desses atos jurídicos internacionais
(ALCOFORADO, 2010).

Entretanto, apesar da grande importância deste tratado no direito internacional,


foi apenas no dia 14 de dezembro de 2009 que o Presidente da República, através do
Decreto Nº 7.030, promulgou a Convenção de Viena de 1969 sobre Direito do Tratados,
o qual foi celebrado na cidade de Viena no dia 23 de maio de desse ano. O projeto para
sua promulgação transitava no Congresso Nacional desde 1992. O texto convencional
foi aprovado pelo Congresso Nacional através do Decreto Legislativo n° 496, de 17 de
julho de 2009. O deposito da ratificação ocorreu no dia 25 de setembro do mesmo ano
perante o Secretário Geral das Nações Unidas. Cabe frisar que a Convenção de Viena de
1969 encontra-se em vigor no plano internacional desde 27 de janeiro de 1980

Desta promulgação, que por muito tempo foi aguardado pela comunidade
jurídica brasileira, decorre três importantes efeitos: o tratado internacional é
efetivamente promulgado; seu texto é publicado oficialmente e sua executoriedade
passa a vincular e a obrigar no plano do direito interno (ALCOFORADO, 2010).

Neste sentido, este artigo tem como finalidade traçar a importância da


Convenção para o direito e as relações internacionais e mensurar possíveis implicações
ao ordenamento jurídico interno ocasionados pela sua promulgação, assim como
analisar as ressalvas feita pelo Congresso Nacional aos artigos 25 e 66 do tratado.

O direito internacional público, por muitos anos, foi essencialmente um direito


costumeiro. As regras eram de alcance geral e norteavam apenas uma restrita
comunidade de nações e quase nunca se encontravam em textos consolidados. Essas
regras costumeiras eram reconhecidas com maior explicitude e eram apontadas como
obrigatórias. Este caráter costumeiro do direito internacional demonstrava sua modéstia,
já que os tratados tinham uma posição subalterna em relação aos costumes (REZEK,
1984, p. 1).

Por esta razão, uma das prioridades, desde o início de seus trabalhos em 1949,
da Comissão de Direito Internacional (CDI) da Organização das Nações Unidas (ONU)
foi inserir o Direito dos Tratados dentro de seus temas prioritários para serem discutidos
no pós-guerra (MAZZUOLI, 2009, pg.146).

Assim, as primeiras sessões da CDI daquele período foram voltadas a codificar


de forma idônea a matéria relacionada ao Direito de Tratados. Durante dezesseis anos a
Comissão de Direito Internacional (CDI) das Nações Unidas trabalhou arduamente. Por
quatro relatores, foram produzidas treze minutas. A obra foi de alguma forma facilitada
pela base consuetudinária existente sobre o assunto, bem como pelos exercícios de
codificação que a antecederam, como por exemplo, o Projeto de Código de Direito
Internacional Público, de 1911, de autoria do notável Epitácio Pessoa; a Convenção de
Havana, de 1928; e a minuta produzida pela Universidade de Harvard, de 1935.
Percebe-se que todas essas iniciativas já indicavam a necessidade de se positivar o
direito dos tratados (REZEK, 1984, p. 16-17).

O texto final da CDI foi enviado para a Assembléia-Geral da Nações Unidas,


que requereu ao Secretário Geral da Organização a instalação de conferência visando
debatê-lo. Foram duas as sessões da Conferência convocadas para esse fim. Ambas se
realizaram — com destacado número de delegações representando mais de 110 países
— na capital austríaca, respectivamente em 1968 e 1969. A conclusão dos trabalhos da
Conferência resultou na adoção da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
em 23 de maio de 1969, com a ratificação de 32 países ao texto consolidado (REZEK,
1984, p.18).

Nesta mesma época, o Secretário-Geral da ONU, U Thant salientou a


importância desse momento histórico com as seguintes palavras: “a história certamente
demonstrará que essa Convenção é uma das mais significativas jamais adotadas no
campo do desenvolvimento progressivo e da codificação do direito internacional”. O
Brasil participou ativamente dos trabalhos da Conferência, tendo os Embaixadores
Gilberto Amado, em 1968, e Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva, em1969, chefiado
nossas delegações. Apesar de ter sido finalizada em 1969, a Convenção só entrou em
vigor no dia 27 de janeiro de 1980, data do depósito do trigésimo-quinto instrumento de
ratificação ou de adesão, requisito previsto no artigo 84 1. Atualmente, ela conta com
mais de cem Estados vinculados.

CLASSIFICAÇÃO

Diante de inúmeras formas de classificação que há ser apresentado, merecem


destaque os que levam em consideração os critérios formais e os critérios materiais.
Assim, os tratados podem ser classificados:

1.1 Quanto à forma

De acordo com esse critério, os tratados podem ser classificados de duas


maneiras, quanto ao número de partes e com relação ao procedimento.

1.1.1 em relação ao número de partes, os tratados podem ser:

– bilaterais (duas partes);

– multilaterais (mais de duas partes).

1.1.2. Em relação ao procedimento, classificam-se os tratados em:

– tratados simplificados (não necessitam de ratificação);

– tratados solenes (necessitam de ratificação).

1.2) Quanto à matéria

Por esse critério, os tratados podem ser de seis tipos:

1.2.1. Tratados-contratos (os Estados têm objetivos desiguais, por exemplo, um tratado
comercial é um contrato);

1.2.2. Tratado-normativo/lei (os pactuantes estabelecem regras gerais para nortear o


comportamento de todos, mas possuem objetivos iguais);

1.2.3. Tratados de categorias especiais (têm conteúdo normativo, mas adquirem


importância específica, como é o caso das Convenções Internacionais de Trabalho);
1.2.4. Tratados institucionais (também de conteúdo normativo, criam instituições, como
o que criou a ONU (Organização das Nações Unidas);

1.2.5. Tratados que criam organismos não dotados de personalidade jurídica (como os
que criam tribunais arbitrais, comissões mistas etc);

1.2.6. Tratados que criam empresas (como aquele que criou a Binacional de Itaipu,
envolvendo Brasil e Paraguai).

2 DENOMINAÇÕES

As denominações dos tratados internacionais são:

2.1. Tratado. Trata-se da expressão genérica por natureza, eleita pela Convenção de
Viena de1969, para indicar todo acordo internacional, bilateral ou multilateral,de
especial relevo político, qualquer que seja sua denominação específica (art. 2°, § 1°,
alínea a). O termo designa normalmente (mas não exclusivamente) os ajustes solenes
concluídos entre Estados e /ou organizações internacionais, cujo objeto, finalidade,
número e poderes das partes têm maior importância.

2.2. Convenção. Essa expressão começou a ser empregada no sentido atual a partir da
proliferação dos congressos e conferências internacionais, nos quais matérias da maior
relevância para a sociedade internacional passaram a ser frequentemente debatidas,
gerando atos internacionais criadores de normas gerais de Direito Internacional Público,
demonstrativos da vontade uniforme das partes em assuntos de interesse geral.

2.3. Pacto. Trata-se de terminologia utilizada no acordo constitutivo do Pacto da SdN


de1919. Na atualidade, a expressão tem sido utilizada para restringir o objeto político de
um tratado, do qual é exemplo o Pacto de Aço, celebrado em Berlim em 1939. Às vezes
o termo é empregado como sinônimo de tratado, a exemplo do Pacto de Renúncia à
Guerra, de 1928, e do Pacto de Varsóvia, de 1955.

2.4. Acordo. Comumente emprega-se a expressão para designar tratados de natureza


econômica, financeira, comercial ou cultural, podendo, contudo, dispor sobre segurança
recíproca, projetos de desarmamento, questões sobre fronteiras, arbitragem, questões de
ordem política e etc. Entende-se por acordo, assim, os atos bilaterais ou multilaterais
muitas vezes com reduzido número de participantes e de relativa importância – cuja
natureza pode ser política, econômica, comercial, cultural ou científica.
2. 5. Acordo por troca de notas. Emprega-se a troca de notas diplomáticas para assuntos
de natureza geralmente administrativa, bem como para alterar ou interpretar cláusulas
de atos já concluídos. São acordos firmados em momentos distintos e no nome de
apenas uma das partes.

2.6. "Gentlemen's agreements", Trata-se de expressão designada para expressar aqueles


"acordos de cavalheiros” regulados por normas de conteúdo moral e cujo respeito
repousa sobre a honra. São concluídos entre chefes de Estado ou de Governo
estabelecendo uma linha política a ser adota da entre as partes, estando condicionados,
no tempo, à permanência de seus atores no poder.

2.7. Carta. Comumente empregada para estabelecer os instrumentos constitutivos de


organizações internacionais, podendo também ser empregada para tratados solenes que
estabeleçam direitos e deveres para os Estados-partes.

2.8. Protocolo. Além da sua utilização designativa dos resultados de uma conferência
diplomática ou de um acordo menos formais que o tratado, o termo protocolo também
tem sido empregado para nomear acordos subsidiários ou que mantêm ligação lógica
com um tratado anterior.

2.9. Ato ou ata. Terminologia utilizada há alguns anos para designar a resolução sobre
assistência mútua e solidariedade americana, conhecida por Ato de Chapultepec,
firmado em 1945, na Conferência lnteramericana do México. Também se emprega a
terminologia quando se estabelecem regras que incorporam o resultado de uma
conferência ou de um acordo entre as partes (ex: Ato Geral de Berlim, de 1885).

2.10. Declaração. É expressão utilizada para aqueles atos que estabelecem certas regras
ou princípios jurídicos, ou ainda para as normas de Direito Internacional indicativas de
uma posição política comum de interesse coletivo.

2.11. “Modus vivendi". Utiliza-se na designação de acordos temporários ou provisórios,


normalmente de ordem econômica e de importância relativa. Essa provisoriedade
referida é o seu traço característico mais nítido. A Santa Sé já se utilizou, por várias
vezes, desse tipo de acordo internacional para resolver pendências diplomáticas com
certos Estados.

2.12. Arranjo. Empregado para os acordos concluídos provisoriamente ou destituídos de


caráter jurídico, a exemplo dos empreendidos junto ao Fundo Monetário Internacional
(chamados de stand –by arrangements ou "arranjosstand-by" ), os quais,entretanto, não
podem ser tecnicamente considerados tratados, por faltar-lhes o animus contrahendi
necessário à conclusão de um acordo no sentido jurídico.

2.13. Concordata. Designação empregada nos acordos bilaterais de caráter religioso


firmados pela Santa Sé com Estados que têm cidadãos católicos, versando, em geral,
questões sobre a organização de cultos religiosos, exercício da administração
eclesiástica etc.

2.14. Reversais ou notas reversais. Empregam-se para a finalidade específica de


estabelecer concessões recíprocas entre Estados ou de declarar que a concessão ou
benefício especial que um Estado faz a outro, não derroga direitos ou privilégios de
cada um deles já anteriormente reconhecidos.

2.15. Ajuste ou acordo complementar. Expressões empregadas para designar


compromissos de importância relativa ou secundária, sem, contudo, perderem a
característica de tratados.

2.16. Convênio. Bastante utilizado na prática brasileira, designa normalmente acordos


de interesse político, embora também seja empregado para designar ajustes de menor
importância, bem como matérias culturais e de transporte.

2.17. Compromisso. Terminologia normalmente empregada na fixação de um acordo


(quase sempre bilateral) pelo qual dois ou mais Estados comprometem-se a recorrer à
arbitragem para resolver os litígios existentes entre eles, ou quaisquer ou trás lides que
venham aparecer no futuro.

2.18. Estatuto. Geralmente empregado para os tratados que estabelecem normas para
os tribunais de jurisdição internacional (ex: Estatuto da CIJ, de 1920;Estatuto de Roma
do TPI, de 1998 etc.)

2.19. Regulamento. Um tanto quanto rara, essa terminologia não apresenta uma
definição muito nítida. Foi a denominação utilizada, v.g., no Congresso de Viena
de1815 para estabelecer a ordem de precedência no serviço diplomático.

2.20. Código. A expressão não tem sido formalmente utilizada no cenário internacional,
sendo o único texto de que se tem notícia sob essa denominação o Código Sanitário
Pan-Americano de Havana, de 1924.
2.21. Constituição. É raríssimo o emprego do termo Constituição para designar tratados
internacionais, sendo um dos motivos óbvios para tanto a confusão que se pode fazer
com as Constituições estatais.

2.22. Contrato. Sua utilização tem sido evitada na prática internacional, por ser um
termo intimamente ligado ao Direito interno, apropriado para designar aqueles acordos
celebrados entre um sujeito do Direito Internacional Público e uma entidade privada,
em oposição a um tratado internacional de terem idêntica força obrigatório,sejam eles
chamados de tratados, de pactos,de acordos,de convenções e etc.

FASES

Vamos tratar, neste tópico, a respeito das fases de celebração dos tratados, as
quais são rigorosamente levadas à cabo pelo Poder Executivo dos Estados,
desdobrando-se, em negociações preliminares, adoção do texto, autenticidade,
assinatura, ratificação e eventual adesão.

O ato de negociação é de competência do Poder Executivo, do Presidente da


República ou Ministro das Relações Exteriores, sé um ato cujo visa declarar a vontade
do Estado em participar de um tratado.

As negociações de um tratado ocorrem quando os representantes dos Estados


se reúnem em um determinado local e em uma data já estabelecida, objetivando
estudarem as possibilidades de encontrarem um consenso sobre um entendimento
relativo a instrumento internacional. (Mazzuoli, 2011)

As negociações internacionais de um tratado têm como traços característicos a


troca de manifestação de vontades, as propostas, contrapropostas, as concessões feitas
pelos Estados em detrimento de outros, sendo que às delegações das potências
estrangeiras possuem a faculdade de aceitar, rejeitar ou modifica-las, conforme mais
conveniente aos interesses do Estado representado. (Mazzuoli, 2011).

Portanto, o texto final de um tratado internacional é resultado do acordo de


vontades das partes presentes às negociações. Sendo que essas negociações têm o final
com a adoção do texto convencional, cujo está regulado no art. 90, §§ 1° e 2°, da
Convenção de Viena de 1969, conforme procedimento do qual os Estados, por meio de
seus órgãos, entendem que houve consenso sobre o texto negociado.
A adoção é um ato de vontade dos Estados que participam do tratado e que
aceitam o texto final como conveniente, entretanto não significa que os Estados já
anuíram o tratado para gerar efeito de norma jurídica os vinculando. No entanto, alguns
efeitos podem surgir, conforme estipula o art. 24, § 4°, da Convenção de Viena de 1969,
segundo o qual: "Aplicam-se desde o momento da adoção do texto de um tratado as
disposições relativas à autenticação do seu texto, à manifestação do consentimento dos
Estados em obrigarem-se pelo tratado, à maneira ou a data de sua entrada em vigor, às
reservas, às funções de depositário e aos outros assuntos que surjam necessariamente
antes da entrada em vigor do tratado. (Mazzuoli, 2011)

Em relação às regras adotadas para a adoção, estão descritas no art. 9°, §§ 1º e


2º, da Convenção de 1969, quais sejam:

a) ou tal adoção efetua-se pelo consentimento de todos os Estados que


participam da sua elaboração, ou;

b) quando a adoção tiver lugar em uma conferência internacional, efetua-se


pela maioria de dois terços dos Estados presentes e votantes, salvo se esses Estados,
pela mesma maioria, decidirem aplicar uma regra diversa.

A autenticação. É outro procedimento cujo ato pelo qual o texto do tratado


passa a ser considerado "autêntico e definitivo" nos termos do art. 10 da Convenção de
Viena de 1969. Frise-se que a autenticação transforma o texto adotado em autêntico e
definitivo; em nada significando que o próprio tratado já se faz obrigatório a partir de tal
ato. (Mazzuoli, 2011).

A assinatura é entendida como o sinal aposto por uma pessoa, grafado de


próprio punho, ao final de um documento ou título, a fim de dar autenticidade para tal
documento ou título foi elaborado com o seu conhecimento e que concorda com os
termos dos dispositivos que ali se contêm. No que tange à assinatura de tratados não há
diferença, a não ser pela qualidade do sujeito que a manifesta, posto que ali estão como
representante de um dado Estado soberano.(Mazzuoli, 2011)

A ratificação. Assinado o tratado pelos plenipotenciários será ele submetido à


apreciação e aprovação do Poder Legislativo, antes das formalidades derradeiras de sua
conclusão, dentre “as quais figura a chamada ratificação, que, é sempre levada a efeito
pelo Chefe do Poder Executivo, a quem compete a representação externa do Estado.
Cumpre, aqui, tão somente informar que, no Brasil, a formalidade do referendo
parlamentar é necessária antes da ratificação do tratado pelo poder competente (v.
detalhes na Seção m, infra, na qual será estudada esta fase interna do processo de
celebração de tratados, consistente no regerendum do Congresso Nacional)”. Depois de
assinado o tratado, o governo não está obrigado a submetê-lo à apreciação do
Parlamento, podendo deixar de prosseguir nas formalidades tendentes a fazer vigorar o
acordo. (Mazzuoli, 2011).

Mesmo que o Estado não tenha participado das negociações do tratado,


mesmo nesta situação, ele pode fazer parte do tratado por meio da fase chamada de
adesão, desde que as partes originárias do tratado tenham previsto essa possibilidade.

Portanto, a adesão se resume na manifestação unilateral da vontade do Estado


em que manifesta sua vontade de participar de um tratado que não tenha negociado nem
assinado, ou se tiver assinado, não tenha ratificado, de certo, vários são os motivos que
levam um Estado a aderir, como o interesse em participar de um ato internacional, perda
do prazo para sua ratificação. (Mazzuoli, 2011).

Por fim, como se vê, as fases são imprescindíveis para o devido ingresso dos
Estados nos tratados internacionais, cuja fases possuem critérios específicos de
validação.

Validação

Para celebrar um tratado é necessário que haja um acordo de modo formal,


quer dizer que os tratados precisam de um documento escrito. Com tudo os aspectos
formais não fazem com que tratado seja válido ou não, ele pode ser considerado válido
mesmo não seguindo os aspectos formais.

Os tratados só podem ser celebrados entre do DIP: entre Estados ou entre


Estados e Organizações Internacionais. Os tratados precisam ser assinados e ratificados,
no que implica no consentimento da aceitação e direitos e deveres das partes envolvidas.
Vale ressaltar que assinatura corresponde apenas à finalização da primeira etapa dos
tratados ou seja não gera efeitos jurídicos vinculantes logo de início.

No Brasil os tratados internacionais são disciplinado diretamente na


Constituição Federal, previsto o artigo 84, inciso III, compete privativamente ao
Presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais sujeitos a
referendo do Congresso Nacional. Complementando esse artigo o artigo 49, I que é de
competência exclusiva do Congresso Nacional de resolver definitivamente sobre os
tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional.

Das Nulidades do Tratado

No direito interno distingue-se os atos nulos ou anuláveis absolutos e atos


nulos ou anuláveis relativos. Os atos nulos ou anuláveis absolutos são aqueles violam a
ordem pública e os bons costumes, não podendo ser pronunciada pelo juiz, requerida
pela parte interessada ou por terceiros; Já os atos nulos e anuláveis relativos,
estabelecidos pela Lei em benefício de interesses particulares, somente podem ser
invocados pela parte interessada e são passíveis de convalidação.

Segundo a Convenção de Viena, pode se dar pelo irregular consentimento da


parte art. 46 e 47; art. 48, 1 por erro. Diante dos elementos para invoca erro de
consentimento, o erro essencial diga respeito à própria natureza do ato; Já o erro deve
ser de fato e não de direito. Os erros de direito não são invocáveis. A parte não pode
invocar vício de consentimento pela falta de domínio do Direito Internacional e muito
menos pelo Direito interno. Como exemplo, erros na elaboração de mapas para
delimitação de fronteira entre Estados;

A nulidade parcial ou integral de um tratado não elimina eventualmente a


responsabilidade internacional do Estado e a necessidade de reparação. O artigo 69, I. O
tratado é nulo ab initio e não a partir da data da invocação de nulidade. As partes devem
retroceder ao status quo ante, à situação anterior à celebração do tratado. Os atos
praticados de boa-fé antes da invocação da nulidade do tratado não serão afetados por
esta.

Sendo assim, a Convenção de Viena deixar claro sobre o tratado contrariar o


Jus Cogens é nulo. Já o artigo 71 da Convenção de Viena, por sua vez, regula as
consequências de qualquer ato praticado com base na disposição conflitante com o
iuscogens, devem as partes adaptar o tratado violador à norma iuscogens violada.
Tendo assim como consequência da nulidade a retroatividade, na qual implica
na condição de modificar o que já foi realizado. A ratione temporis indica a regra de
retroatividade, podendo ser atenuada pela nulidade ex nunc prevista no artigo 69,
parágrafo 2º da Convenção de Viena. Diferentemente da ratioanae personae na qual
demonstra que uma vez declarado nulo o tratado determinar por si só a extensão das
consequências da nulidade referentes aos atos realizados a partir do tratado inicial.

Já na dimensão ratione materiae indica que, se há um princípio em geral de


respeito a integridade do tratado, previsto no artigo 44 da convecção de Viena, as
cláusulas de um tratado podem separar-se porque são independentes umas das outras.

Assim, o parágrafo 4ª do artigo 44 da Convenção de Viena propõe a


divisibilidade facultativa das consequências da nulidade nos casos de dolo ou corrupção.
Resultando assim em vícios de consentimento decorrendo do erro e dolo, corrupção de
representante de Estado e diante desses vícios a consequência será a anulação da
cláusula viciada ou de todo o tratado.

PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA

O pacto de São José da Costa Rica foi um tratado solene realizado entre os
integrantes da Organização de Estados Americanos (OEA), com o objetivo de tratar
sobre conteúdos de direitos humanos, bem como sobre a criação do Sistema Comissão
Interamericana de Direitos Humanos/Corte Interamericana de Direitos Humanos, o qual
tem a finalidade de verificar os casos de violação dos direitos humanos nos países que
integram tal organização. Ademais, permitiu que os Estados partes elaborassem reservas
em relação a uma ou mais disposições especificas do Protocolo.

Esse tratado foi ratificada no Brasil na data de 25 de setembro de 1992 e após a


promulgação da emenda constitucional 45, o tratado passou a ser equiparado às normas
constitucionais.

REFERÊNCIAS
ALCOROFADO, Luis. Convenção de Viena Direito dos Tratados afeta Direito Interno.
Consultor Jurídico, 2010. Disponível em:<https://www.conjur.com.br/2010-jan-
27/artigo-promulgacao-direito-tratados-incide-diretamente-direito-interno>.
BRASIL. [Constituição 1998]. Atividade Legislativa. Disponível
em:<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_26.06.2019/art_49_.a
sp>.
____, Decreto – nº 7030, de 14 de Dezembro de 2009. Convenção de Viena sobre os
Direito dos Tratados. Planalto. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm>
FILHO, Petrúcio. A validade dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos no
Brasil. Conteúdo jurídico, 2010. Disponível
em:<https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/21719/a-validade-dos-
tratados-internacionais-de-direitos-humanos-no-brasil>.
FURTADO, Antônio. Tratados Internacionais. Nulidades e Extinção. Disponível
em: <http://blogdoprofantoniofurtado.blogspot.com/2011/11/tratados-internacionais-
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KADHIJA, Izabella. Direito Internacional Público – Direito dos tratados. JusBrasil,


2018. Disponível em:
<https://izabellaamorim.jusbrasil.com.br/artigos/401489322/direito-internacional-
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Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público/Valeria de
Oliveira Mazzuoli --9. ed. rev., atual. ampla. -- São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 3ª ed. São
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