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Atualmente, fala-se com freqüência em “exclusão”.

No entanto, o termo é
pouco compreendido e facilmente generalizado, ou seja, denomina-se de exclusão
qualquer expressão das questões sociais.
È assim, as expressões “exclusão, excluídos, voz dos excluídos”, sem a
preocupação de pensar realmente nestas questões com profundidade. Segundo a autora,
o termo exclusão não pode ser utilizado genericamente, e aponta vários argumentos para
sustentar sua afirmação, entre eles, é exatamente esta “heterogeneidade de usos”: usa-se
a denominação exclusão ou excluído para os problemas mais diversos, que vão desde a
falta de emprego aos jovens habitantes das periferias.
Há, portanto certa rotulação negativa quando se usa o termo
inadequadamente. Isso ocorre porque os problemas ou fissuras sociais não são
analisados na sua totalidade, e este é o outro ponto destacado pela autora para explicar o
uso indevido do termo exclusão, não há a preocupação em observar estes problemas e
relaciona-los às suas causas estruturais. O que deveria acontecer, pois as questões
sociais que hoje conhecemos são resultados de uma estrutura capitalista que coloca o
aspecto econômico em primeiro lugar, em detrimento do social. Essa estrutura gera
contradições, explorações, desigualdades que são comumente confundidas com
exclusão.
Para a autora, estas questões que se confundem com exclusão são na verdade
resultado da precarização das relações de trabalho. È o resultado de uma conjuntura,
pessoas são a todo o momento colocado para fora de seus trabalhos, ou submetem-se à
exploração típica do sistema, que fragilizou os direitos trabalhistas e as relações de
trabalho, gerando assim sérios problemas no âmbito social.
O erro gerado pela generalização do termo exclusão leva a outros erros
maiores. Por não serem especificados, estas fissuras sociais geradas pela conjuntura
capitalista, são tratadas com políticas sociais deficientes, que agem pontualmente, de
forma paliativa e que servem no entendimento da autora, criam um status negativo à
comunidade de destino dessas políticas, não contribuindo para que estas comunidades
elaborem estratégias de enfrentamento da conjuntura de exploração na qual vivem.
È necessário, portanto, uma analise profunda das verdadeiras razões que
geram a exclusão. Dessa forma, podemos compreendê-la como não como uma
expressão de uma ordem econômica mais como um desfecho de procedimentos oficiais,
ou seja, a exclusão como resultado de discriminações oficiais.
Assim, a exclusão é resultado de uma ordem de razões proclamadas. Por esse
motivo devemos ter o cuidado para não denominar de exclusão qualquer disfunção
social, não que estes não mereçam denuncia, reprovação, mas este cuidado de não
classifica-lo de exclusão é um critério para um melhor atendimento dos mesmos pelas
políticas sociais, evitando assim que estas políticas transformem-se em medidas de
discriminação positiva, como comumente ocorre.
Desse modo, verificamos a facilidade em confundir exclusão com problemas
sociais: tal confusão nasce é gerada pela existência de duas lógicas heterogêneas para a
classificação da exclusão: uma que procede de discriminações oficiais e outra que nasce
de desestabilização ou degradação das condições de trabalho ou da fragilização dos
suportes de sociabilidade.
A primeira lógica gera os legítimos casos de exclusão, pois são resultados de
uma discriminação oficial, levando as perseguições, humilhações e ate mesmo a atitudes
que pretendem a eliminação ou supressão daqueles que sofrem a exclusão. Um exemplo
foi o genocídio praticado contra judeus e as constantes perseguições ás minorias
historicamente excluídas.
A segunda via é resultado, como já frisamos, das determinações criadas pelo
sistema capitalista que cria necessidades para os indivíduos sem criar as condições para
que todos sejam capazes e satisfazer suas necessidades básicas, gerando
vulnerabilidades aos que dependem do trabalho para provisão das condições mínimas de
sobrevivência. Cada vez mais, o homem depende do trabalho e da empregabilidade. No
entanto, o trabalho e as proteções correlatas, tornam-se cada vez mais fragilizado, o que
aumenta a vulnerabilidade dos indivíduos.Desse modo, os resultados são desemprego,
aumento da mendicância, déficit na alimentação e saúde dos trabalhadores. Estes são
portanto fissuras sociais resultantes da vulnerabilidade que atinge o trabalho, o que gera
uma crise salarial e seus conseqüentes resultados já bem relacionados aqui.
Esta preocupação em especificar quais são os problemas sociais e as exclusões
contribuem ao apenas para o uso adequado da expressão exclusão, mas também para
que sejam desenvolvidas políticas de prevenção, que colaborem para superação dos
problemas sociais, intervindo de forma eficaz sobre os fatores que desregulam a
sociedade salarial e, consequentemente, produzem as mazelas sociais.
As discussões a cerca da exclusão devem privilegiar sua legítima definição,
para que a expressão deixe definitivamente definir todas as modalidades de miséria do
mundo.
O trabalho infantil em Juazeiro

Já definidas o que realmente se caracteriza como exclusão, partiremos


então para a definição não de exclusão social presente em nosso município, mas das
expressões das questões sociais facilmente identificadas em nossa cidade.
O trabalho infantil é um grave problema que afeta não só o município
de Juazeiro do Norte, mas todo o país. Este problema social demonstra com propriedade
as nossas afirmações anteriores, que atribuem ao modelo capitalista à origem das
fissuras sociais. È um sistema que valoriza incessantemente o aspecto econômico,
criando necessidades e um padrão de vida baseado no consumo. Este mesmo sistema
cria grandes contradições, cria as necessidades, mas não garante a todos o direito de
satisfazê-las. È nesse contexto de exploração e má distribuição da riqueza gerada que
foram gestadas as condições para o surgimento do trabalho infantil, que em nosso
município é um problema grave que tem crescido a cada dia.
As condições de exploração inauguradas pelo capitalismo, foram, portanto
indispensáveis para o surgimento do trabalho infantil. Ao longo dos anos, o que se
observa cada vez mais é o crescimento do numero de crianças que deixam a escola para
se dedicarem ao trabalho. Está aí uma das piores conseqüências do trabalho infantil, que
preocupa especialistas no assunto do mundo inteiro. Ao abandonar a escola em procura
de um trabalho, a criança está perdendo o direito que a lei lhe assegura que é o acesso à
educação. Numa sociedade em que as relações sociais são mediatizadas pelo dinheiro, a
busca prematura de uma fonte de renda não irá garantir, como pensa alguns, que aquele
indivíduo que se lançou tão cedo ao trabalho terá uma vida tranqüila,ao contrário,esta
sociedade que empurra as tão cedo as crianças para o trabalho, retira delas a
possibilidade de uma vida mais justa quando as impede de freqüentar a escola.
Estando fora da escola, os riscos enfrentados por estas crianças são
constantes. Em atividades realizadas na rua, o que é mais comum acontecer em nosso
país e em nossa cidade, as crianças se expõem a perigos como incentivo ao uso de
drogas, a prostituição e, ainda correm o risco de se tornarem vítima da violência urbana.
Este é, portanto um serio problema que as contradições e a exploração
próprias das sociedades de consumo podem gerar, no entanto, ele não pode ser
confundido com exclusão social como já frisou a autora. O que deve ser feito é a analise
detalhada das causas deste problema, para que se desenvolva uma política social que
gere resultados enérgicos e assim contribua para a retirada de nossas crianças do
trabalho precoce, levando-as para a escola.

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